You are on page 1of 4
A TRANSFORMACAO DO DESEJO EM Espinosa. Marcos Ferrema pe Pavia’ I Hi um problema crucial na filosofia de Espinosa e que, em geral, os comentadores da teoria espinosana das paixdes niio tém deisado passar em branco: 6 0 problema da passagem (sravsitie) das alegrias passivas & Alegria ativa, isto é, a Beatitude, Liberdade ou Felicidade, Sua filosofia suscita tal problema porque, nela, as alegtias sio algo positivo, tanto moral quanto metafisicamente, Sendo as alegtias positivas, impde-se a pergunta quanto ao que levaria alguém a abandonar suas alegrias passivas, advindas das paixdes, em prol das alegrias ativas, nascidas da razio, e conseqiientemente, segunclo Espinosa, em prol da “verdadeira felicidade”, Por que aquele que se encontia no pleno gozo das alegrias passivas seria levado a desejar a “verdadeiza liberdade"? Todo cuidado sexé pouco, no tratamento dessa questio, para nfo cairmos em interpretacées intelectualistas, Se tudo se resolve a partir da obtenco de um conhecimento adequado de si, das coisas e da Natureza, conhecimento que é ele mesmo 0 amor intelectual da Natureza, 0 problema no entanto é como alcancamos esse nivel afetivo e intelectual de liberdade. Cremos, porém, que 0 problema da irarseia 4 Beatitude sé se resolve através de uma profunda transformacio do préprio desea I Delenze, em Spinoga et le probleme de Vexpression, nos oferece uma interpretagio para 0 problema da passagem que nos permite escapar as ameacas de uma visio intelectualista. E isto porque Deleuze, no capitulo sobre as nogdes comuns, enfatiza o papel das alegrias passivas na formacio das nocées comuns, Deleuze nos oferece um Doutorando em flosofia pela Factutnane 2& Frosorta, Lerras & Citcias Huatanas ba USP e membro do Gauro pe Esrunos Espaxosanas, “discurso misto” (para usar uma expressio da Chantal Jaquet)?em que, de um lado, a afetividade passional nio esté separada da 1azao, ¢, de outro lado, a piépria sevela-se como afeto. No entanto, nés veremos que Deleuze nao resolve plenamente 0 problema da passagem. Nés, aqui, queremos apenas mostiar o ponto em que a interpretacao de Deleuze falha em resolver satisfatoriamente o problema da passagem e, em seguida, oferecer uma possivel solugio, colocando-a em debate entre nés, para ver se ela é plansivel e se sustenta, Til Segundo Delenze, as paixdes alegres, nio nascendo da razio, convém todavia com ela. E esse 0 motivo que torna as alegrias passivas decisivas na formacio das nogdes comuns (que sio idéias adequadas). Elas sio, portanto, decisivas na passagem a autonomia, a alegeia ativa’. Nas paisdes n6s no temos adequadamente nem a idéia de nosso corpo, nem a idia dos corpos exteriores, mas apenas a idéia do efeito dos corpos exteriores sobre 0 nosso. “Mas precisamente, diz Deleuze, a pastir desse effito, nés podemos formar uma idéia do que ha de conmam a um corpo exterior e a0 nosso”*, Por qué? E porque ina alegria, mesmo passiva, realiza-se wm bom encontro entie 0s corpos; 0s corpos que se encontram se compen (a tuisteza é decomposisio entue coxpos). Mas s6 as coisas qne tém algo em comum se compdem. Basta pensar xa resposta 4 seguinte pergunta: considerando apenas uum ato de mera e simples contemplacio, o que nos afetatia mais, uma barra de ferto parada num Ingar gnalquer ou wma formiga caminbando com um pedaco de folha para o sen abrigo? E qual dos dois tem mais propriedades comuns com 0 nosso corpo? Ou ent: 2 CE Jaquet, C. Liunté sn corp set de libri, Paxis: Quadige/ PUB, 2004, cap. V. 2 DELEUZE, Gilles. Spinoga et k probleme de Pesprecsion. Paris: Les Editions de Minuit, 1968, p. 252. “hid, p. 259. Revista Camatue - Fiosoria pr Srisoza - Vouune 1 - Nowero 1 - Juno 2007 31 PAULA, Mancos FERnnina DE. A TRANSFORMAGIO DO DESEO EM ESPINOSA. P. 51-34 quando somos mais afetados de alegtia, no contato com um set humano ou ao toque de uma peda? As alegtias passivas, portanto, ainda que nfo sejam idéias- afetos adequadas, favorecema formacio de uma nocio A formagio dessa rio comnn & ji, em si, 0 momento do exercicio da racionalidade tal como a entende Espinosa. Mais do que isso, esse é 0 momento fem que nds passamos posse formal da nossa poténcia de agir. E que, nessa atividade, 2 mente expetimenta sum aumenta da sua poténcia de Format idéias adequadas: esse aumento de poténcia, demonstra Espinosa na Evica III, é propria alegria e, portanto,a mente, a0 formar anogio comnm, expetimenta ima alegria. Mas a mente no pode deixar de perceber sua propria produtividade interna, jf que ela é ideia de seu compo e idéia da idéia de seu corpo, portanto ela é consciéncia de si no momento mesmo em qne é idéia. A mente, assim, se percebe como cansa dessa alegria, que é 0 sentimento que deriva da nocio comum: ela entao se ama, torna- se afeto de alegria ela mesma. Nesse momento, temos a posse formal da nossa poténcia de agi®, passamos & autonomia, & uma alegria ativa, porque dessa alegria somos agora causa adequada, isto 6, 0 que se passa em nés pode ser conhecido apenas por nossa prépria natuceza, por nossa propria capacidade de pensar ‘Mas o problema, a questio-chave, é como chegamos a formar as nocées comns. Deleuze no desereve a causa das nogées comnns, mas apenas a ccasiée que favoxece sua formacio, Pasa ele, o efeito das alegrias passivas é um “principio indutor”, responsivel pela formacio de idéias adequadas. No entanto, esta “indugio” depende, por sua vez, de nma causa ecasionab Em que sentido nés tomamos “induzi”? Teata- se de um tipo de causa ocasional. A idéia adequada se explica formalmente por nossa poténcia de * De fat, sabemos que em Espinosa a “Alegria éa passagem do homem de uma menor a uma maior perfeigio” (Erica IIL, Def. dos Afetos 2), ¢ perfeicao & realidade (Erica TT, def. 2); portanto, a alegria é um sentimento que exprime uma maior eapacidade de evistr, ie. ser e agit. (A ediclo latina dos textos de Espinosa consultada aqui é a de Gebar Carl, Heidelberg: Carl Winters Univeritatsbuchhandlung, 1972, seferida aqui pela letra G, seguida do nimero do tomo, neste «caso, Ie da pigina; a traducio em portugués consultada, € dda qual ticamos a citagio acima, éa que est sendo sealizada atualmente pelo Grupo de Estudos Espinosanos). © DELEUZE, op. cit, p. 253, 1 Ibid, ibid, compreender on de agi. Ora, tudo 0 que se explica por nossa poténcia de agir depende apenas de nossa esséncia, portanto é “ inato reenvia a uma espécie de ocasionalismo. O inato € ativo; mas precisamente ele s6 pode tornar-se atual se ele encontra uma ocasito favorivel nas afeccdes qqne vem de fora, afeccdes passivas®, Seo aumento das alegrias passivas é apenas a causa ccasiona da passagem A aco, sso significa que tal aumento nao leva nececcariamente’ acao, a idéia adequada. Deleuze afirma que “Uma soma de paisdes nio faz tuna aco”, porque 86 as alegrias passivas no bastam para alcancé-la. Uma alegria passiva leva & outra, e esta a ontra, e assim indefinidamente, nossa poténcia aumentando indefinidamente sem que, todavia, nés no tenhamos aqnela “posse formal” da poténcia de agit. Aqui est4 0 ponto da interpretagio deleuziana, sobre o qual nés apontamos uma insnficiéncia na explicagio da passagem 4 agio, 4 idéia adequada, A iia de causa ocasional nto nos oferece ainda a causa prosima da passagem adequacio das nocées comans. nato”. Mas ja em Descartes 0 Iv Deleuze est certo, as alegrias passivas sio decisivas na formacio das nogées comuns. Considerando s6 0 capitulo XVII do Spinogiin, sta anilise sobre este tema é genial. Mas se dessas alegrias no nascem necessariamente tais nogdes, é preciso encontrar a causa da passagem & racionalidade espinosana. Contudo, hi ainda uma outra questo, no que concerne ao problema da passagem 4 alegria ativa, ‘A passagem as nocdes comuns é a passagem apenas a0 segundo género de conhecimento. © que leva ao terceiro género, & ciéncia intuitiva, isto é, a0 amor intelectual da Natureza? E. a resposta a esta pergunta, acteditamos, que nos permitird compreender, talvez, uum pouco melhor © movimento que leva 4 formacio das nodes comuns. Nio basta dizer que os bons encontros G@legrias) favorecem a formacdo das nogdes comuns, E preciso perguntar por que, afinal, somos levados, impulsionados a formé-las. Se a razio, quando estamos nas nogdes comuns, simplesmente surgisse em nés a partir da experiéncia das alegrias passivas, isso nao explicaria 0 cariter afetivo da razio apontado por Deleuze. Realmente, o que faria dela um afeto mais Ibid, p. 261 + Ibid, p. 253. 32 Revista Camatue - Fiosoria pr Srnsoza - Vouuns 1 - Nowero 1 - Juno 2007 PALILA, MARcos FERREIRA DE. A TRINSFORMACIO DO DESEJO EM ESPINOSA. . 51-54 forte do que os outros, a ponto de sentitmos a esperiéncia da posse formal da alegtia que ela encersa? Sea alegria passiva favorece a raziio, é porque, na tealizagio do conatus, isto 6, do nosso esforco de conservacio no ser, somos levados ~ porque estamos sempre em relagio com outros corpos mais fortes que podem nos decompor (tuisteza) — a buscas, presetvar © anmentar as alegrias (que sejam passivas). E esse esforgo, num movimento estratégico de procura, conservacio e aumento das alegrias, que vai determinar a mente a formar nogdes conmuns, porque é através desse movimento que a experiéncia mostra a melhor maneita de obté-las, de conquisté-las. Mais do que isso: nds veremos que esse movimento do dovatns nasce da experiéncia positiva da aleguiae da experiéneia negativa de um problema que ela encerra ‘Alegsias passivas slo as alegrias nascidas da nossa relacio afetiva com bens exteriotes e pereciveis sobre os quais nfo podemos ter controle. Sio alegrias que temos num instante e podemos perder no momento seguinte. Por isso mesmo elas podem proporcionar os momentos de queda, as vétias caidas na tristeza. No conjunto da experiéncia de algném que vive tais quedas, muitas vezes dolorosas, essas vitias caidas na tristeza podem, contudo, constitnir jstamente a oportunidade e o momento para decidlir- se por um outro modo de vida. E verdade que as tzistezas advindas das alegrias passivas sio diminnicées da poténcia de agir e pensar, podendo wit a constituir obsticulos intransponiveis, isto é, podendo nos colocar tum estado tal de tristeza que sequer consegnimos, apenas por nés mesmos, 1eexguemo-nos (caso extremo da melancolia). Mas enquanto houver forcas, isto é, enquanto 0 conatus for dotado de algum gran de poténcia, ele ser determinado a buscar o melhor. Nao em todos, mas, em alguns casos, o melbor serd a idéia ou a imaginacio de um outro modo de vida. Mas, em meio a tristezas, de onde, porém, podemos tirar forcas para pensar ou imaginar uma outra maneita de viver? Como é possivel que 0 meditante do inicio do TIE, sentindo-se como um doente que prevé a morte cexta se no buscar 0 xemédio adequado, decide-se pela instituicio de um navo moda de vida em que a alegsia seja “eterna” e “infinita”? A préptia experiéncia das alegrias passivas, acompanhada daexpetiéncia das tristezas advindas da perda dos bens incertos, jd constitui por si sé a oportunidade para 2 ova decisto, porque ela mostsa que o amal modo de vida, se de um lado se xealiza como aumento da poténcia de agir ¢ pensar, de outro lado se realiza como diminuigio dessa poténcia; ¢ é essa oscilacio entre alegtias ¢ tristezas que pode se mostrar insuportivel aquele que vive no “inferno” das paixdes alegres, na incessante conquista e perda dos bens incertos da Fortuna. Aquele que passa por tal experiéncia poder decidit-se, entio, por sair do “inferno”, isto é, por fundar um novo modo de vida. ‘Mas nio é 6, nem sobretido, a experiéncia negativa das tristezas 0 que, neste caso, vai impulsionar © “experimentador” a tomar a nova decisio: é antes de tudo a experiéncia positiva do contetido qualitative da propria alegria passiva. Certamente a tristeza, a queda, oferece 0 momento e a ocasifio para a nova decisio, porque, afinal, se 2 alegria passiva nao tivesse sido, por acidente, causa de tristeza, permanecer-se-ia na passividade alegre, nio haveria motivos para desejar contro modo de vida. Entretanto, é precisamente em meio As tristezas que o corpo nio poder esquecer as alegrias que viven, esforcando-se por relembré-las para escapar tristeza e anmentar sta poténcia™®. Dai que é em meio As tristezas que ele sente ser possivel € necessétio reconqnistar as alegrias perdlidas. Mas como © corpo também nio pode dissociar a idéia das alegrias vividas da idéia dos efeitos (as tristezas) que as acompanha", no pode decidir por reconquistar as mesmas alegtias, Em suma, nio pode decidir pelo mesmo modo de vida. Ha que se buscar ontso. Aesperiéncia mostra, portanto, que, dean mado _geral alegtias passivas sao instiveis e sio freqiientemente '© Eri TIL, prop. 13: “Quando a mente imagina coisas que diminnem ou consteangem a poténcia de agir do corpo, esforca-se, o quanto pode, por recordar as coisas que exchuem aeesistncia delas” (Cim Mens eaimeginatur, que Corporis agend potentians minuat, vel cabreens,conatur, quantim potest, rerum recordar, quae borum existentiams seclident. CE G Th, p. 150). 4 Disso nossa expesiéncia aetiva dé visios exemplos, como quando no podemos dissociar a idéia da alegria proporcionada, na noite antetior, pelo jantar com os amigos no cestaucante, da idéia de mal-estas, no dia seguinte, devido ao excesso na alimentagao. Uma coisa se sucedeu & outra © niio conseguimos deisar de fazer a associagio entre uma e contra, ainda que a experiéncia nfo nos permita estabelecer uma telacio necessitia entre uma ¢ outra coisa, E um associzcionismo por sucessio temporal que a mente sealiza e quea faz pereeber, embora confisamente, que ha alguma relacéo entre um evento e outro, Quando a mente realiza esta atividade, pode-se ter uma experiéncia afetiva que une 0 dois eventos de tal forma que eles parecem formar wm 36. Daf em diante tal aegria sera computada entre as alegrias gue no nos sio boas Revista Camatue - Fiosoria pr Srisoza - Vouune 1 - Nowero 1 - Juno 2007 33 PAULA, Mancos FERnnina DE. A TRANSFORMAGIO DO DESEO EM ESPINOSA. P. 51-34 acompanhadas de tristeza. Mas é a experiéncia dessas alegtias que vai levar 4 busca pelo melhor. O que quer que seja esse outro modo de vida melhor, ele no poder envolver tristeza e nfo poder ser marcado pela instabilidade. Eis por que o meditante do prélogo do TIE perguatari se existe algo que, wma vez encontrado, nos di “para sempre o gozo de uma alegria continua e suprema”. Nao importa tanto se sabemos ou niio 0 que é on sero novo modo de vida. O mais importante € a propria pergunta, porque ela novo modo de vida. Mas, de fato, o que nmdou? Mudou © dime, porque o desejo foi reorientado: nio se deseja ais este ou aquele bem incerto, este on aquele prazer futuante; quer-se agora uma verdadeita alegria. Ocorte, entio, uma verdadeira transformacio do desejo, Essa transformacio significa uma emda, uma reforma ow, antes, como diz Chavi, uma cura do animo. A transformacio significa uma re-dlisposicio do fnimo, uma nova tomada de posicio diante da ordem comum da existéncia, em que aquele que vive a experiéncia das alegtias passivas e suas conseqiiéncias se pergunta por um novo modo de vida, um modo em que o inimo no é mais dirigido pelo exterior, pelos movimentos inconstantes dos bens pereciveis e incertos da fortuna, mas antes, pelo contuitio, ditige-se a um bem fixo, eterno, infinito e capaz de ser comunicado (a ele mesmo € aos outros). Essa mudanca de Animo, essa nova tomada de posicio, se dé, como vimos, quando, por causa da experiéncia das alegrias passivas e seus efeitos, nos perguntamos pela possibilidade de obtencio de uma verdadeira felicidade, uma alegria duradowra. Ora, essa pergunta, se profiunda, sincera € urgente, modifica o 4nimo, porqne ela, por si mesma, jé 6 0 inicio de sna emenda on cura, uma vez que tem como efeito afastar-nos daqueles bens pereciveis € incertos, pois o que se busca agora é um verdadeiro bem — fixo, eterno, infinite. Nés vemos, aisso tudo, o papel decisivo das alegrias passivas na trajetéria daqueles que, como © préprio Espinosa, partem em busca de uma verdadeira alegria. A experiéncia das alegrias passivas nos ensina que as alegrias que goz4vamos nio tinham as propriedades do “eterno” ¢ do “infinito”. Mas tudo comeca com elas. Elas sto decisivas, porque, por seus efeitos, nos mostram que é preciso, contudo, buscar algo melhor, isto é, instituir um novo modo de vida, seordenando a expetiéncia, transformando © desejo. Essa transformacio do desejo, essa primeira emenda do intelecto, é ela que, tendo nascido da revela o inicio do experiéncia das alegrias passivas, vai-nos levar 4 passagem 4 razto (nocdes comuns) e A ciéneia intuitiva. De fato, ela mesma jé é um primeiro nivel de liberdade e de exercicio de uma ciéncia intuitiva, porque reorienta © conatus na direcio do etemo. E ela que vai dar todo © contetido afetivo da razio, que vai qualificé-la, que vai mos mostri-la como afeto mais forte e contrdtio, no $6 aos afetos tristes, mas também aos afetos da passividade alegre que podem ser causas de tristeza, E nesse movimento maior da esperiéncia afetiva que podemos compreender por que alguns sio levados a fugir da passividade alegre, passar pela formaclo qualitativa das nocées comuns (razio afetiva) e, enfim, alcangar © gozo das verdadeizas alegrias. aM 5 Revista Camatue - Fiosoria pr Srnsoza - Vouuns 1 - Nowero 1 - Juno 2007

You might also like