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ssioer2022 10:02 Planejamentoe garantia de proridade absoluta& crianga e ao adolescente no orgamento publico- Centro de Apolo Opera Usamos armazenamento de cookies e estatisticas para melhor desempenho do site. Caso nao concorde, altere as configuragées do seu navegador. Entenda melhor (http://www, parana.pr.gov.briPagina/informacoes-sobre-Cookies). % Criangae Adolescente (https://crianca.mppr.mp.br!) Planejamento e garantia de prioridade absoluta a crianga e ao adolescente no orgamento ptiblico Condigde Indispensivel paras rotesde integral Murillo José Digiécomo Promotor de Justiga do MPPR ‘Ao procurar regulamentar e tornar mais claros e palpaveis os ditames da "Doutrina da Protegdo Integral a Crianga e ao Adolescente" que nossa Constituigéo Federal de 1988 incorporou em seu art.227, a Lei n® 8,069/90 - Estatuto da Crianga e do Adolescente, estabeleceu diversos mecanismos que, se corretamente interpretados e aplicados, sem a menor sombra de diivida tém reais condigdes de garantir a cidadania plena de todas as criangas e adolescentes brasileiras, deflagrando assim um processo de verdadeira transformagao social que iré impulsionar 0 desenvolvimento do Brasil num ritmo até entao nunca visto. corre que, pelas mais diversas raz6es, as regras ¢ instrumentos de transformago social contidas na Lei n® 8,069/90 ¢ na prépria Constituigéo Federal, na grande maioria dos casos, ainda tém sido sub-utlizadas pelos diversos integrantes daquilo que deveria se constituir num "Sistema de Garantias" dos direitos de criangas e adolescentes. Multas vezes nos esquecemos que a nova sistematica idealizada para o atendimento de criangas @ adolescentes, a0 contrario do que ocorria sob a égide do revogado "Codigo de Menores” de 1979 e leis anteriores que regulavam a matéria, encerra uma preocupacao eminentemente preventiva e voltada as questées coletivas, nao mais sendo admissivel que nos limitemas & andlise (e tentativa de solucdo, ndo raro sem dispor de qualquer estrutura para tanto) de casos de violagao de direitos individuals de criangas e adolescentes. ‘A Lei n° 8.069/90, em diversas de suas passagens, enfatiza a necessidade da elaboracdo ¢ implementagdo de politicas piablicas, a cargo do Poder Piblico, como forma de solucionar os problemas que afligem a populagao infanto-juvenil, tendo como foco central a familia, ndo por acaso relacionada no art.4°, caput estatutario @ pelo art.227, caput, da Constituigdo Federal, como a primeira das instituigSes conclamadas a defesa dos direitos de criangas e adolescentes. A protecdo a familia, por sinal, & expressamente prevista pelo art.226, caput e §8°, da Constituigdo Federal, devendo ser © foco central das agdes e servigos de assisténcia social, a teor do disposto nos arts.2°, incisos | e Il e 23, par. Unico, da Lei n® 8.742/93, a Lei Organica da Assisténcia Social De fato, inconcebivel falar em “protegdio integrara criangas e adolescentes sem falar em politicas piblicas voltadas & orientagao, apoio e promo¢ao sécio-familiar, que por sua vez irao demandar a utilizagado de recursos publicos em carater prioritario’o privilegiado. Assim é que a Lei n° 8.069/90 nao se contentou em reproduzir 0 enunciado do art.227, caput, da Constituigao Federal, que estabelece o dever do Estado (/atu sensu), em assegurar a criangas e adolescentes a mais absoluta prioridade de atengao, mas foi muito além, deixando bem claro, em seu art.4°, caput e par. nico, que essa garantia de prioridade (° prioridade absoluta) compreende, dentre outras, a "precedéncia de atendimento nos servigos publicos ou de relevancia plblica’, a "proferéncia na formulagéo e na execugso das politics socials pablicas”e, como verdadeiro corolério de tudo isto, a “destinacéo privlegiada de recursos piblices nas éreas relacionadas com a protegao @ infancia e & juventude*, 0 que obviamente importa na adequagéo dos orgamentos piiblicos a0 cumprimento de tal comand juridico- constitucional. Interessante ressaltar que tal orientagao é valida para os mais diversos setores e niveis de governo, que por forca do disposto no citado art.4®, caput e par. tinico, estatutario, bem como nos arts.87, incisos | ¢ Il © 259, par. tinico, também da Lei n° 8.069/90, devem priorizar e repita-se: em regime de prioridade absoluta a crianga e o adolescente em seus planos, projetos e agdes, Segundo o art.259, par. Unico, estatutério, aliés [nota 1], estados e municipios tém o dever de adaplar seus érgéos & programas aos principios e diretrizes estabelecidas na Lei n® 8.069/90, sendo que o no oferecimento ou a oferta irregular de servigos puiblicos © programas de atendimento previstos em seus arts.87, 90, 101, 112 © 129, além colocar em hitpserianca.mppemp.bripagine-309.him! 14 ssioer2022 10:02 Planejamentoe garantia de proridade absoluta& crianga e ao adolescente no orgamento publico- Centro de Apolo Opera situagdo de risco criancas e adolescentes (cf. art.98, inciso |, da Lei n® 8,069/90) e autorizar a propositura de demanda judicial no sentido de obrigar 0 ente publico a cumprir seu dever elementar de assim proceder (cf. arts.212 e 213, da Lei n° 8.069/90), pode acarretar a responsabilidade do agente piblico omisso, ex vi do disposto no art.5°, in fine e art.208 & Paar. Unico cic art.216, todos também da Lei n® 8.069/90. A.utilizagao da via judicial, no entanto, somente deve ocorrer em ultimo caso, pois tanto a Lei n® 8.069/90 quanto Diplomas Legais posteriores, como a Lei n° 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), Lei Complementar n° 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal), Lei n? 10.257/01 (Estatuto da Cidade), prevéem regras e principios a serem respeitados pelo administrador no trato da coisa publica, bem como mecanismos nao apenas de controle, mas de efetiva participago popular na prépria elaboragao do orcamento pubblico, que como dito, por imperative constitucional, deve priorizar a crianga e 0 adolescente nos mais diversos setores de governo. A participago popular na elaboragao e no continuo monitoramento da execugdo do orgamento piiblico, de modo a assegurar Sua perfeita adequacao aos ditames da lei e da Constituigao Federal, inclusive, 6 claro, no que diz respeito a ja mencionada garantia de absoluta prioridade a crianca e ao adolescente, é uma tarefa que pode ser exercida tanto pelo cidadao [nota 2], quanto por intermédio de organizagGes representativas da populagao atuando isoladamente [nota 3], porém deve, fundamentalmente, ser exercido por intermédio dos conselhos populares, como é o caso dos Conselhos de Direitos da Crianga © do Adolescente © da Assisténcia Social, estes tendo suas agdes legitimadas enquanto érgaos deliberativos de politicas publica nada menos que pela propria Constituicao Federal (cf. arts.227, §7° e 204, de nossa Carta Magna). No Ambit municipal, importante também destacar o papel reservado ao Conselho Tutelar, que além de ter a atribuicdo genérica de "zelar pelo cumprimento dos direitos da crianca e do adolescente" definidos na Lei n° 8,069/90 [nota 4}, por forga do art,136, inciso IX estatutério tem a verdadeira prerrogativa de "assessorar o Poder Executivo local na elaboracdo da proposta orcamentéria para planos e programas de atendimento dos direitos da crianca e do adolescente", na exata perspectiva de contribuir (e mesmo perseguir) a adequada estruturagae do municipio, ex vi do disposto nos arts.8, inciso Ie 259, par. tinico estatutarios, Com efeito, de acordo com a Lei Complementar n° 101/00 (notadamente em seus arts.48 © 49) e Lei n® 10.257/01 (em especial em seus arts.2°, inciso Il; 4°, inciso Ill, alinea ""; 43; 44 @ 45), 0 processo de elaboragao, discussdo e votagao das diversas propostas de lels orgamentarias (Plano Orgamentario Plurianual, Lei de Diretrizes Orcamentarias e Lel Orcamentaria anual), precisa contar com a participacao popular, seja pela via direta, através de audiéncias publicas, consultas populacao etc., seja por intermédio das entidades civis que representam seus mais diversos segmentos, notadamente através dos citados conselhos populares, onde a saciedade civil organizada tem vez e voz. A participagao e controle popular neste importante momento de afirmagao e materializagao do compromisso que toda administrago publica deve ter com a Area infanto-juvenil ndo pode jamais perder de vista que, na forma da Lei n° 8.069/90 (notadamente seus arts 4°, caput e par. tinico, alineas “c” e "d") e da Constituigao Federal (conforme enunciado de seu art.227, caput), a crianca e 0 adolescente sao credores da mais absoluta prioridade em todas as acdes de governo, a comegar pelas politicas sociais basicas (conforme art.87, inciso |, da Lei n° 8.069/90) e passando pelas politicas de assisténcia social, para aqueles que necessitem (conformé art.87, inciso I, da Lei n® 8.069/90 e art.23, par. Unico, da Lei n° 8.742/93 - Lei Organica da Assisténcia Social), sem perder de vista as politicas de protegao especial (como 6 0 caso, apenas a titulo de exemplo, da indispensavel criagao de programas especificos de tratamento para dependentes quimicos/usuarios de substancias entorpecentes, previsia nada menos que pelo art.227, §3°, inciso VIl da Constituigéo Federal, além de também contida no art.101, incisos Ve VI, da Lei n° 8.069/90 [nota 5). Para que isto ocorra, & fundamental que os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e de Assisténcia Social, em nivel nacional e estadual {nota 6], estejam em adequado funcionamento, cumprindo sua missao constitucional de elaborar politicas publicas para suas respectivas reas de atuagao (0 que no caso do Conselho da Crianga compreende os diversos setores de governo que, direta ou indiretamente, tém atuacdo na Area infanto-juvenil, como saiide, educagao, transporte etc.), que deverdo ser contempladas e nunca é demais repetir, em regime de absoluta prioridade nas diversas propostas e leis orgamentarias. Vale lembrar que um dos principais objetivos da criagao de tais Conselhos, enquanto érgaos deliberativos (investidos, na forma da lei ¢ da Constituigdo Federal de competéncia executiva tipica, ou soja, de efetivo poder de decisao nas areas onde atuam) e de composigao paritéria entre governo e sociedade, 6 dar vez e voz aos diversos segmentos representativos da sociedade, que 16m o direito e acima de tudo o dever de participar ativamente das decisdes de governo que, em iitima analise, iro a todos afetar, Para tanto, é fundamental que os referidos Conselhos promovam estudos e efetuem, em parceria com érgaos oficiais e privados (como 0 IBGE ¢ institutos piblicos de pesquisa, universidades etc.) 0 mais completo e confiavel levantamento de dados acerca das maiores demandas e deficiéncias estruturais existentes nas suas respectivas areas de atuago, estabelecendo metas e elaborando um planejamento para progressiva solugao dos problemas a seu cargo que, por dbvio, no comporta vinculacao politico-partidaria e deve sobreviver a eventual alterancia de mandatos entre os governantes. hitpserianca.mppemp.bripagine-309.him! 24 ssioer2022 10:02 Planejamentoe garantia de proridade absoluta& crianga e ao adolescente no orgamento publico- Centro de Apolo Opera Ocorre que em muitos Estados da Federacdo (nota 7), pelas mais diversas raz6es, os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e da Assisténcia Social, tanto em nivel estadual quanto municipal, nao tém realizado a contento seu papel constitucional, ficando relegados a um papel secunddrio no que diz respeito & elaboragdo das pollticas publicas que Ihes 40 afetas, muitas vezes tendo de administrar os parcos recursos orgamentarios que thes sao destinados na rubrica relativa aos Fundos Especiais para a Infancia e Adolescéncia e da Assisténcia Social que gerenciam. Essa verdadeira capitis diminutio néo raro auto-infigida pelos proprios Conselhos acima referidos, parte da premissa equivocada que sou poder de decisao estaria condicionado ao montante e prépria (e eventual) existéncia de recursos suficientes nos referidos Fundos Especials, se esquecendo que, na forma da Lel e, acima de tudo, da Constituico Federal, so aqueles verdadeiras instancias de governo, com amplos poderes decisorios, cujo limite de atuagao se encontra na prépria capacidade orgamentaria e financeira do ente federado respectivo [nota 8] E mais. Em se tratando do Conselho de Direitos da Crianga e do Adolescente, consoante alhures ventilado, sua atuagao deve ter por pressuposto 0 principio constitucional da absoluta prioridade a crianga e ao adolescente, que na forma da Lei n? 8.069/90 compreende as jé mencionadas “preferéncia na formulagao e na execugao das politicas sociais puiblicas" e na "destinagao privilegiada de recursos ptiblicos nas areas relacionadas com a protegao 4 infancia e @ juventude' (conforme art.4®, par. Unico, alineas "c" e "d, da Lei n° 8.069/90), Para que possam bem e fielmente desempenhar seus misteres legais e constitucionais, portanto, devem os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e da Assisténcia Social assumir a vanguarda das discussées relativas as mais diversas leis orgamentarias, a comecar pelo "Plano Oramentério Plurianual", que deve 0 quanto possivel se adequar a0, planejamento que, se espera, jé foi e/ou esta sendo elaborado por aqueles drgaos deliberativos, sendo necessario em qualquer hipétese, na forma da Lei e da Constituigao Federal, assegurar a mais absoluta prioridade para a implementagao, aprimoramento e/ou incremento de politicas publicas destinadas a atender o segmento infanto-juvenil. Assim sendo, reputa-se imprescindivel que os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e da Assisténcia Social de todos os Estados da Federagao participem, de forma aliva e efetiva, do processo de elaboracao das diversas propostas de leis orgamentarias, devendo para tanto apresentar ao érgao administrativo competente (Secretaria de Planejamento, Finangas ou equivalente [nota 9]) os planos de agao que ja tiverem no que diz respeito a implementagao de politicas, em nivel estadual e/ou municipal, para suas respectivas areas de atuagao e/ou tragar novos planos e metas, também a serem prioritariamente contempladas no orgamento publico, tendo sempre em vista a realidade social e financeira do respectivo ente federado. Assim procedendo, estarao os Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente e da Assisténcia Social assumindo seu legitimo papel de verdadeiras instancias deliberativas de politicas publicas nas suas respectivas areas de atuagao e de controle social, no que diz respeito a sua efetiva implementacao por parte do Executive local, sendo fundamental que naqueles impere a transparéncia e a representatividade popular, que nao pode estar circunscrita as entidades que, eventualmente, componham sua ala no governamental [nota 10}. © momento de agir é agora, pois do contrario a falta de planejamento e previsdo de recursos nas leis orgamentarias Podera ser no futuro invocada como dbice as agdes que se pretenda desenvolver e programas que se pretenda implementar nas areas citadas, em prejuizo direto a nossas criangas e adolescentes. ‘A prometida protegao integral a crianga e ao adolescente, que como vimos deve ser proporcionada no ambito de suas familias, obrigatoriamente passa pela adequacao dos orgamentos publicos, programas © agdes de governo 20 comando supremo da absoluta prioridade a area infanto-juveril Mecanismos judiciais © extrajudiciais para que esta promessa se tome uma realidade estéo & nossa disposigao © em profusdo. Necessério que todos nés, seja na condi¢do de agentes publicos, seja na condicao de cidadaos, os conhegamos, compreendamos bem e, acima de tudo, os coloquemos em pratica. E fagamos isto agora. Nossas criangas © adolescentes ndo mais podem esperar. Notas do text 1 Que por se encontrar no ato das “disposigdes finais e transitérias" do respective Diploma Legal, deveria ter sido integralmente cumprido por ocasiéo de sua vacatio legis (ou seja, dentro dos noventa dias seguintes @ sua promulgacéi). 2 Que contra os desmandos e desvios da administragao pode, em ultima andlise, se valer da ago popular constitucional, prevista no art.S°, inciso LXxill, de nossa Carta Magna e Lei n® 4,717/65, 3 Que por forga do disposto no art. 210, inciso Ill, da Lei n° 8.069/90 tem legitimidade para propositura de ages judiciais na defesa de interesses coletivos ou difusos afetos a criancas e adolescentes. 4 Conforme art, 131 estatutario, hitpserianca.mppemp.bripagine-309.him! 34 ssioer2022 10:02 Planejamentoe garantia de proridade absoluta& crianga e ao adolescente no orgamento publico- Centro de Apolo Opera 5 Programas estes que deverdo ser desenvolvidos e contemplados com recursos oriundos da area da satide, que como sabemos atualmente conta com percentual minimo determinado pela Constituigéo Federal. 6 Sem embargo de outros que porventura estejam a eles vinculados e/ou também tenham competéncia (diga-se poder- dover) deliberativa quanto as politica piblicas nas éreas em que atuam 7 A atuago dos Conselhos em nivel nacional também tem deixado muito a desejar. 8 Os Fundos Especiais geridos pelos Conselhos de Direitos, na verdade representam um plus orgamentario ¢ financeiro, servindo para facilitar 2 arrecadagao de recursos, por exemplo, por intermédio de multas administrativas (na forma dos arts, 245 usque 258 c/c arts. 194 usque 197 e 154, todos da Lei n° 8.069/90) e cominadas em sede de ages civis publicas (conforme disposto nos arts. 213 e 214, da Lei n® 8.69/90). 9 Que talvez ja faga parte de um ou de ambos os Conselhos, 10 As entidades que compée a ala nao goveramental de ambos os Conselhos devem ser conscientizadas de que exercem um mandato popular, sendo imprescindivel que participem dos Féruns de Direito da Crianga e do Adolescente (Forum-DCA) e mesmo que promovam, periodicamente, reunides com as demais entidades com atuagdo na area da crianga e do adolescente, delas colhendo subsidios para suas intervengdes e volos quando das sessoes deliberativas nas quais participarao. Sobre o autor: Murillo José Digiécomo & Promotor de Justiga do Ministério PUblico do Estado do Parand, integrante do Centro de Apolo Operacional das Promotorias da Crianga e do Adolescente (CAOPCA/MPPR). Fone: (41) 3250-4710. PABx: (41) 3250- 4000, E-mail: murilojd@mpprimp,br (mailto: murilojd@mpprmp.br) Matérias relacionadas: (link intemo) » Orgamento Prioridade Crianga (Temas Especiais) (https://crianca.mppr.mp.brimodules/conteudo/conteudo. php? conteudo=40) hitpserianca.mppemp.bripagine-309.him! a

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