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ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente Usamos armazenamento de cookies e estatisticas para melhor desempenho do site. Caso nao concorde, altere as configuragées do seu navegador. Entenda melhor (http:/www. parana.pr.gov.briPagina/Informacoes-sobre-Cookies). % Criangae Adolescente \ (https://crianca.mppr.mp.br!) Politica de Atendimento estabelecida no ECA Politica de Atendimento & crianga e ao adolescente estabelecida no Estatuto da Crianga e do Adolescente: participagao popular, descentralizagao, trabalho em rede de servigos RESUMO © artigo apresentado parte do referencial tedrico a ser disponibilizado para Conselheiros de Direitos e Conselheiros Tutelares do Estado do Parand, denominado “Material de apoio para a formacao continuada aos conselheiros tutelares © dos direitos da crianca e do adolescente’, parte integrante do processo de formagao continuada para Conselheiros Tutelares e de Direitos, realizado pela Secretaria Estadual da Crianga e da Juventude do Estado do Parana. Propde-se a abordar aspectos relativos ao titulo e sua relagao com os Conselhos de Direito se Conselhos tutelares, por sua finalidade didatica, além de apresentar questées estruturantes de reflexdes @ casos extraldos de materiais didéticos e apresentados para facilitar a coletivizagao da discussao. 4. INTRODUGAO © presente artigo faz parte do referencial teérico a ser disponibilizado para Conselheiros de Direltos ¢ Conselheiros Tutelares do Estado do Parand, denominado “Material de apoio para a formagao continuada aos conselheiros tutelares & dos direitos da crianga e do adolescente’, parte integrante do processo de formagao continuada para conselheiros tutelares ¢ de direitos, realizado pela Secretaria Estadual da Crianga e da Juventude do Estado do Parana. Inscrito sob 0 titulo "Politica de Atendimento crianga e ao adolescente estabelecida no Estatuto da Crianga e do Adolescente: participagao popular, descentralizacéo, trabalho em rede de servicos", este artigo compoe o Curso 1 - Inicial para Conselheiro Tutelar, cujo tema “Os marcos regulatérios da Protegao Integral 4 Infancia, a Juventude @ o ECA", juntamente com demais contetidos "Convengdo Internacional de 1989" e "Constituigo Federal de 1988"; "Principios que fundamentam o Estatuto da Crianga e do Adolescente: protagao integral, direitos fundamentais, crianga como sujeito de direitos" e “Direitos Fundamentais estabelecidos no Estatuto da Crianga e do Adolescente’, © trabalho visa a proposicao de uma nova metodologia no processo de formago de conselheiros de direitos conselheiros tutelares, prevendo contetidos significativos, linguagem adequada e a disponibilizagao de outras fontes de pesquisa para os participantes que compe segmento importante na garantia dos direitos da populacao infanto- adolescente na esfera Estadual Neste artigo busca-se compreender aspectos relacionados Politica de Atendimento a crianga e ao adolescente estabelecida no Estaluto da Crianga e do Adolescente (ECA), Lei 8069/90, especialmente nos aspectos relatives & participagao popular, descentralizagao, trabalho em rede de servigos e de que forma a compreensao destes aspectos pelos conselheiros pode trazer reais contribuicées para as intervencées praticas destes agentes na garantia dos direitos humanos e de cidadania das criangas e adolescentes paranaenses. Para sua confecgao foram realizadas anélise e interpretagao de leis e textos de referéncia, além de apresentar questées ara reflexao e casos subsididrios para apreciagao e discussao dos conselheiros. 2. ASPECTOS CONCEITUAIS ACERCA DA POLITICA DE ATENDIMENTO A CRIANGA E AO ADOLESCENTE ESTABELECIDA NO ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE Para que possamos compreender 0 que estabelece o Estatuto da Crianga e do Adolescente- Lei 8069/90 acerca da Polltica de atendimento a crianga e ao adolescente de maneira a realmente garantir a plena efetivagao dos direitos infanto- juvenis, compreendendo a necessaria implicacao dos aspectos -participagao popular, descentralizagao e trabalho om rede de servigos, 6 necessario compreendermos que a politica de atendimento exige a intervengao de diversos érgaos e hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ane. ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente autoridades, que possuem atribuigSes especificas e diferenciadas a desempenhar, mas tém igual responsabilidade na identificagao e construgao de solugses dos problemas existentes, tanto no plano individual quanto coletivo do atendimento ao segmento infanto- adolescente. Estamos, portanto, indicando a existéncia de um “sentido” de co-responsabilidade entre todos os atores que compéem essa politica,o que, por sua vez, exige uma mudanca de mentalidade e de conduta por parte de cada um dos integrantes do chamado “Sistema de Garantias dos Direitos Infanto-Juvenis”, aos quais ndo mais se permite continuar a pensar e agit como institucional e culturalmente estabelecia 0 revogado “Cédigo de Menores’ de 1927, como infelizmente continua ‘ocorrendo em boa parte dos municipios brasileiros. Vocé sabe o que significa “Sistema de Garantia de Direitos"? E um conjunto articulado de pessoas e inslituigdes que atuam para efetivar os direitos infanto-juvenis, dentre 08 quais podemos citar: Conselho Municipal dos Direitos da Crianga e do Adolescente (com os gestores responsaveis pelas politicas ptiblicas de educagao, satide, assisténcia social, cultura, esporte, lazer etc.), Conselho Tutelar, Juiz da Infancia e da Juventude, Promotor da Infancia e da Juventude, professores e diretores de escolas, responsdveis pelas entidades nao governamentais de atendimento a criangas, adolescentes e familias etc Observe que a concepgo progressista de “Sistema de Garantias" no permite que apenas um érgéo, instituigao ou pessoa detenha a “autoridade suprema” na solugo de problemas ou nas decis6es referentes a crianga e ao adolescente , como estabelecia 0 "Cédigo de Menores” ( para o qual o “Juiz de Menores” tinha nitida ascendéncia em relagao aos demais atores). Atualmente pelo nosso ordenamento juridico, nao ha como estabelecer se ha maior ou menor importncia de uma instituigo sob a outra, mas sim que todas fazem parte de um Sistema incompleto, e que precisam umas das outras para cumprir a finalidade maior de sua existéncia: a promogdo e protegdo de criangas e adolescentes. A existéncia de cada uma é complementar a existéncia das outras e o papel de cada um de seus integrantes igualmente importante Para que a “protecao integral’ de todas as criangas e adolescentes, prometida jé pelo art. 1°, da Lei n° 8.069/90, Com a atual orientagao emanada pelo ordenamento jurdico, na sistematica atual, nao mais 6 admissivel aguardar que a violagao de direitos da crianga e do adolescente tenham sido efetivados para que - somente entdo - 0 “Sistema” passe a agit A Lei n° 8.069/0 destinou um titulo especifico prevencéo (Livro |, Titulo Il, arts. 70 a 85), veja o que estabelece o texto da lei no artigo 70: “Art. 70. E dever de todos prevenir a ocorréncia de ameaga ou violagéo dos direitos da crianga e do adolescente” lei 8069/90 Esta protego integral também se dé através da implementagao de politicas puiblicas com enfoque prioritério na crianga e no adolescente (cf. arts. 4°, par. Unico, alinea "c’ cle 87, incisos | ¢ Il), conforme artigos abaixo indicados Art. 4 E dever da familia, da comunidade, da sociedade em geral © do poder ptblico assegurar, com absolita prioridade, a efetivagao dos direitos referenies a Vida, a saiide, & alimentagdo, & educagdo, ao esporte, ao lazer, & profissionalizagao, a cultura, dignidade, ao respeito, a liberdade e convivéncia familiar e comunitaria. Paragrafo tinico, A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber protegao e socorro em quaisquer circunstancias; ») precedéncia de atendimento nos servigos piiblicos ou de relevancia publica; c) preferéncia na formulacao e na execugao das politicas sociais puiblicas; 4) destinagao privilegiada de recursos pablicos nas areas relacionadas com a protegdo a infancia e a juventude. E artigo 87 do Estaluto da Crianga e do Adolescente: At. 87. Sao linhas de agao da politica de atendimento 1 - politicas socials basicas; II politicas e programas de assisténcia social, em carater supletivo, para aqueles que deles necessitem; IIl- servigos especiais de prevencdo e atendimento médico e psicossocial as vitimas de negligéncia, maus-tratos, exploragao, abuso, crueldade e opressao; IV- servigo de identificagao e localizacdo de pais, responsavel, criangas e adolescentes desaparecidos; \V - protegao juridico-social por entidades de defesa dos direitos da crianga e do adolescente. VI - politicas © programas destinados a prevenir ou abreviar 0 periodo de afastamento do convivio familiar ¢ a garantir o efetivo exercicio do direito & convivéncia familiar de criangas e adolescentes; (Incluido pela Lei n° 12.010, de 2009) Vil - campanhas de estimulo ao acolhimento sob forma de guarda de criangas e adolescentes afastados do convivio familiar © & adogdo, especificamente inter-racial, de criangas maiores ou de adolescentes, com necessidades especificas de salide ou com deficiéncias e de grupos de irmaos. (Incluido pela Lei n? 12.010, de 2009) Também 6 importante refletirmos acerca da mudanga de foco na atuagdo dos diversos integrantes do “Sistema de Garantias". Atualmente observamos a preocupacao do legislador estatutério com a solucao dos problemas com atuagao no apenas no ambito individual de cada crianga e adolescente, mas também na solugao de questdes que se observam no plano da coletividade da infancia. hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ane ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente E no plano coletivo onde fica clara a necessidade de implementagao de politicas puiblicas voltadas a prevengao e a0 atendimento de casos de ameaca ou violagdo de direitos, Para que isso fique garantido de maneira permanente, parlicipativa e criteriosa, foram criados mecanismos juridico ¢ politicos que garantem a permanente participagao popular no controle social daquilo que se esta fazendo na area da infancia brasileira. Por intermédio dos Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente (cf. art. 88, da Lei n® 8,069/90) observa-se que a existéncia e funcionamento adequado dos Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares, além de condicdo legal, representa que se busca , no plano das relagdes politicas, a participagao da populacdo na construgao de um verdadeiro “Estado Democratico de Direito” Art. 88. Sao diretrizes da politica de atendimento: | - municipalizacao do atendimento: Il - criagao de conseihos municipais, estaduais e nacional dos direitos da crianga e do adolescente, érgdos deliberativos e controladores das agdes em todos os niveis, assegurada a participagao popular paritaria por meio de organizagées representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; Ill criagdo e manutengao de programas especificos, observada a descentralizagao politico-administrativa; IV - manutengao de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da crianga @ do adolescente; \V - integracao operacional de érg4os do Judiciario, Ministério Pablico, Defensoria, Seguranga Publica ¢ Assisténcia Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilizagao do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; VI -integragao operacional de éraaos do Judiciério, Ministério Pablico, Defensoria, Conselho Tutelar ¢ encarregados da execugdo das politicas sociais basicas ¢ de assisténcia social, para efeito de agilizacao do atendimento de criangas e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rapida reintegragao a familia de origem ou, se tal solucao se mostrar comprovadamente invidvel, sua colocagao em familia substitula, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redagéo dada pela Lei n? 12.010, de 2009) Vil - mobilizagao da opiniao publica para a indispensével participacao dos diversos segmentos da sociedade. (Incluido pela Lei n? 12.010, de 2009) Este proceso de construgao de participagao popular na Area da infancia e adolescéncia no pode ser realizado sem a colaboragao dos Conselhos Tutelares (cf. art. 136, inciso IX, da Lei n° 8.069/90): Art. 136. Sao atribuigdes do Conselho Tutelar: IX = assessorar o Poder Executive local na elaboragao da proposta orgamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos da crianga e do adolescente; Desse modo, se nao podemos mais aceitar uma atuagao individual, autoritéria ou solitéria de apenas um érgao ou pessoa, na construgae de politicas de garantias de direitos humanos de criangas e adolescentes, de autro, também nao é cabivel a concepgao de mera “transferéncia de responsabilidad" e do atendimento "segmentado", permitindo que as criancas, adolescentes e suas familias sejam atendidas “no balcdo" dos diferentes érgaos © continuamente encaminhadas de um lado para outro, sem a efetiva oscuta, atendimentos e intervenges qualificados, fazendo com que a crianga ou adolescente passe de um érga0, programa ou servigo para o outro, cada qual realizando um trabalho isolado,superficial,quando nao preconceituoso com a infancia pobre e excluida. Isso pode ser observado quando o atendimento é realizado por pessoas e instiruig6es que néo dispéem da qualificagaio profissional adequada ou condigées de prestar um atendimento humanizado e acolhedor, que se preocupam em prestar um atendimento meramente “formal", sem qualquer compromisso com a condigao humana dos sujeitos “destinatarios” ou “usuarios”. A precarizagao dessa intervengao, muitas vezes revela a faléncia de um sistema histérico de distribuigao de renda perverso que criminaliza a pobreza ¢ culpabilza a vitimal A professora da PUC do Rio de Janeiro e Pesquisadora da area da infancia, Irene Rizzni nos ajuda a compreender melhor essa questao:... "o Brasil 6 considerado um dos quatro paises mais desiguais do mundo. O quadro das desigualdades transparece quando consideramos que mais da metade dessas criangas, adolescentes e jovens estava abaixo da linha de pobreza no ano de 2006." Da mesma forma as pesquisadoras Paula Correia de Miranda -Psicéloga, aluna do curso de Especializagao em Psicologia Juridica da UERJ e a professora e doutora Maria Helena Zamora-Vice-Coordenadora do LIPIS. Doutora em Psicologia Clinica; Professora Depto, de Psicologia da PUC-Rio e do Curso de Especializagao om Psicologia Juridica da UERJ. Coimbra (2001) lembra que no inicio do século XX, época de acirramento das politicas de civiizagao do espaco urbano, os pobres representavam um ‘perigo social’ que deveria ser combatido por todos. Data desse periodo a preocupacao com a infancia pobre que comporia no futuro as ‘classes perigosas' sendo, portanto, alvo de politicas de controle, e em breve estariam nos internatos para os ‘menores’. Hoje, século XXI, com a politica de desinstitucionalizagao de criangas e adolescentes, as familias pobres ainda sao vistas como incapazes de cuidarem de seus filhos © como aquelas que os submetem a condigao de negligéncia de direitos basicos. hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ana ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente E importante entender as adversidades enfrentadas pelas familias de espagos populares, percebendo que ndo depende apenas de ‘ensinéd-las’ sobre como garantir os direitos © proteger seus filnos. No Brasil houve, por exemplo, uma reducdo da renda média domicliar per capita, princjpalmente nas regiées metropolitanas. Na regido metropolitana do Rio de Janeiro diminuiu cerca de 3,6% entre 1995 e 2004, considerada um das maiores se ‘comparada as outras regides do pais. (IETS, 2006). Diante de limitages reais, essas familias criam légicas de funcionamento diferenciadas, dificels de serem ‘compreendidas se olhadas a partir de esteredtipos ou valores da ldgica da classe média. Em uma mesma favela, também podemos perceber muitas diferengas no funcionamento de uma familia e na composigdo de suas residéncias. Uma andlise sobre familias de espacos populares aponta para uma diversidade de arranjos. Concordamos, portanto, com a premissa de que é inadmissivel estabelecer qualquer intervencdo junto a uma crianga ou adolescente de forma dissociada do atendimento de suas familias, desqualificando ou prescindindo a importancia do papel da familia no processo de cuidar e educar e na efetivagao dos demais direitos infanto-juvenis, 3. © QUE E PARTICIPAGAO POPULAR E COMO OS CONSELHOS DE DIREITOS E TUTELARES FAZEM PARTE DISTO. A fim de esclarecermos de maneira simples 0 que o que é participago popular e como os conselhos de direitos e tutelares fazem parte disto é importante buscarmos explicagdes conceituais acerca do assunto. Conforme ensina Weverson Viegas, 2002 A participagao popular 6 um importante instrument para 0 aprofundamento da democracia que, a partir da descentralizagao, faz com que haja maior dindmica na participagao, principalmente no Ambito local. Como o Estado Brasileiro 6 caracterizado por ser um Estado Democratico de Direito, € imprescindivel que haja a efetiva participacao popular para que se dé legitimidade as suas normas. Nessa ordem de idéias, pensamos como Carlos Ayres Brito que diz que “a participagao popular ndo quebra o monopélio estatal da produgao do Direito, mas obriga o Estado a elaborar o direito de forma emparceirada com os Particulares (individual ou coletivamente). E é justamente esse modo emparceirado de trabalhar o fendmeno juridico, no plano de sua criago, que se pode entender a locugao ‘Estado Democratico’ (figurante no preambulo da Carta de Outubro) como sinénimo perfeito de ‘Estado Participativo’ E notério o reconhecimento de que o Estatuto da Crianga e do Adolescente é um instrumento de importante transformacao na construgdo de uma nova concepgao de crianga e adolescente © de gestdo das politicas voltadas para a infancia © adolescéncia. A concepso histérica de "menor" abandonado e delingliente 6 questionada e este passa a condigao de crianga e o adolescente, considerados sujeitos de direitos - visto que vivem em um Estado Democratico de Direitos -, em condicdo peculiar de desenvolvimento - pois se encontram em reconhecido especial processo de desenvolvimento fisico, mental, moral, espiritual e social -na condigéio de gozarem de prioridade absoluta, Da mesma forma, o Estatuto também propde mudangas no modelo gestiondrio das decisées acerca da politica voltada para esse segmento populacional, Quando falamos em mudanga de gestéo o ECA estabelece dois principios basicos para a politica de atendimento & Infancia e & adolescéncia: a descentralizacao politico-administrativa @ a participagao da populagdo por meio de suas representagées organizativas. Importante destacar que a participacdo da populagao na formulagao e fiscalizacdo das politicas sociais, esta prevista e garantida tanto a Constituigao Federal de 1988, quanto no Estatuto da Crianga e do Adolescente, ambos abrem espago & 20 mesmo impéem a implantac&o de conselhos gestores de politicas publicas, o que no caso da crianga e do adolescente corresponde aos Conselhos de Direitos da Crianga e do Adolescente, os quais devem organizar-se nos niveis municipal, estadual e federal, garantindo a articulacao de politicas em todos os niveis, conforme estabelece artigo 86 do ECA “Art. 86, A politica de atendimento dos direitos da crianca e do adolescente far-se-4 através de um conjunto articulado de aces governamentals e ndo-governamentals, da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios.” Estes conselhos so a esséncia da construgao de um “novo modo de fazer" a politica no Brasil, pois se caracterizam por serem érgaos publicos, paritérios, deliberativos e que controlam as agées, formulam politicas, e realizam o controle social, coordenam fiscalizam 0 desempenho de programas e agGes realizadas por instituigbes govemamentais ¢ nac- governamentais que compdem a rede de servicos e atengao a crianga © ao adolescente, atentando aos principios de eficiéncia eficacia de funcionamento Desse modo, a medida que 0 papel dos conselhos é formular as politicas de atendimento a crianca e ao adolescente na sua area de abrangéncia, estende-se como obrigagao decorrente, a elaboracao do Plano de Atendimento 4 Crianga ¢ a0 Adolescente. Esse plano deve ser construldo de maneira parlicipativa, segunda diagnéstico municipal, estadual ou federal hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ana ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente que oriente as questées referentes a necessaria protegao de criangas e adolescentes. Ao ser elaborado deve o Plano de Atendimento considerar todas as politicas que compoem o Sistema de Garantias apregoado pelo ECA, ou seja, devem constar no plano, as Politicas Sociais Basicas (destinadas 4 todas as criangas e adolescentes como educacao, saide, esporte e lazer, profissionalizagao e protegao no trabalho, etc), as Politicas de Assisténcia Social (considerando a Protegao Social Basica e as Politicas de Protegao Especial (que envolve as criangas e adolescentes em situagao de risco pessoal e social) @ as Politicas de Garantias. Esse Plano de Atendimento nao pode ser construldo sem a participago popular, incluindo representantes de diferentes segmentos sociais e principalmente do conselho tutelar. Embora essa seja a orientacao juridica e politica emanada pelos instrumentos legais, muitos Conselhos de Direitos ainda encontram grandes desafios para formularem, de fato, polilicas socials universais e especiais, © que se verifica ¢ que, em grande medida, as conquistas presentes na legislagéo nao foram incorporadas verdadeiramente por representantes estatais e s4o desconhecidos e inexigidos pela propria sociedade, uma vez que tem havido um constante desmonte das politicas sociais, principalmente daquelas que so necessérias & universalizagao dos direitos civis, politicos e sociais. Importante entéo reafirmar que além de competéncia técnica os membros do CMDCA e o CT devem redimensionar 0 chamado Compromisso politico coma construgao de um novo modelo de sociedade, mais humano, democratico & igualitario, pois como ensina Murillo Digiécomo, 2009: © Conselho Municipal dos Direitos da Crianga ¢ do Adolescente - CMDCA 6 uma expresso da chamada ‘democracia participativa’, prevista no art. 1°, par. Unico e art. 204, II, da Constituigéio Federal, através da qual a sociedade civil organizada é chamada a debater com © govern os problemas existentes na érea da infancia e da juventude e para estes encontrar solugées efetivas © duradouras. O CMDCA é, desta forma, o érgo piiblico que detém, no municipio, a competéncia © a legiimidade para deliberar acerca das politcas publicas a serem implementadas pelo Poder Puiblico local em prol da populagao infanto-juvenil, incumbindo-Ihe ainda fiscalizagao da correta e adequada execugéo dessas mesmas politcas (arts. 227, §7° cle 204, da CF @ art. 88, inciso Il, do ECA). E também encarregado, como dito acima, da articulagao da “rede de protegao @ crianga e ao adolescente" que o municipio deve possuir, bem como da condugéo, a cada 03 (tr8s) anos, do proceso de escolha dos membros do Conselho Tutelar (art. 139, do ECA), e da gestao do Fundo Especial para a Infancia e a Adolescéncia - FIA (cf. art. 88, inciso IV, do ECA) © CMDCA integra a estrutura administrativa do municipio e exerce uma parcela da Soberania Estatal. Vale lembrar que 0 governo faz parte o CMDCA, através dos érgdios gestores das politicas piblicas, que em conjunto com a sociedade, apés amplo debate (do qual deverdo também participar o Conselho Tutelar, o Ministério Publico, o Poder Judiciario, as entidades © organizagoes representativas da sociedade, além de profissionais e técnicos especialmente convidados), decidiro acerca das agdes, servigos e programas de atendimento a criangas, adolescentes e suas respectivas familias a serem implementados. As decisées do CMDCA, portanto, so resultantes do debate entre governo e sociedade e, uma vez formalizadas e publicadas, vinculam a administracao iiblica, a qual incumbe seu cumprimento, em regime de prioridade absoluta (tal qual previsto no art. 4°, caput e par. nico, do ECA e art. 227, caput, da CF), com todas as conseqiiéncias dai advindas, inclusive o aporte dos recursos orgamentarios que para tanto se fizerem necessarios. A forma da lei 8069/90, ECA, estabelece de maneira objetiva como deve ser garantida da paridade na constituigéo do CMDCA, podendo cada Lei Municipal estabelecer condigdes de funcionamento desde que nao firam tal preceito, conforme orienta também o Ministério publico do Parana no Manual de Orientagao aos Prefeitos 2009: Na forma da Lei n® 8,069/90 e da Constituigao Federal, o CMDCA é composto por igual numero de representantes do governo e da sociedade civil organizada, de acordo com 0 que dispuser a Lei Municipal que cria 0 érgao (cada lei municipal iré definir a quantidade de membros do CMDCA, devendo apenas respeitar a paridade entre governo € sociedade, tal qual previsto no art. 88, inciso II, do ECA), que se retinem periodicamente (no minimo, uma vez por més) para discutir os problemas, as prioridades e as deficiéncias na estrutura de atendimento a crianga @ a0 adolescente no municipio e, a partir dai, deliberar sobre quais as melhores formas de solucioné-los. Cabe ao CMDCA definir as agdes ¢ as estratégias de atuagao do Executivo municipal, por intermédio dos érgaos encarregados da execucao das politicas puiblicas (satide, educagao, assisténcia social, cultura, esporte, lazer etc,), que para tanto poderéo contar com 0 auxflio de entidades no governamentais (a atuagdo destas é suplementar, sendo a responsabilidade primeira pela execugdo das politicas e programas de atendimento do Poder Piblico),sempre de forma articulada e integrada, como acima mencionado (art. 86, do ECA). Como 0 CMDCA tomara decisées que terdo reflexo no orgamento publico municipal, & também fundamental que participem das reunides do érgao (ainda que nao o integrem em carater oficial) os responsdveis pelos setores de planejamento finangas do municipio. No mais, cabe & administragao fornecer o suporte administrativo necessario ao adequado funcionamento do CMDCA, o que inciui um local proprio para a realizagao das reunides (que devem ser abertas a populacéo), a divulgagao das pautas a serem debatidas, a publicagao de suas deliberagées © Resolugées etc. hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil sna ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente Logo apés a posse e a nomeagao de seu secretariado, o Prefeito devera nomear os representantes do governo junto a0 CMDCA, de modo que 0 érgao possa também comegar a agir desde logo, om respeit, inclusive, a0 principio da prioridade absoluta a crianga e ao adolescente e seus desdobramentos previstos nos arts. 4°, par. Unico @ 259, par. tinico, do ECA. Os representantes do governo junto ao CMDCA devem ser, preferencialmente, os proprios Secretérios e Chefes de Departamentos municipais direta ou indiretamente ligados a area da crianga e do adolescente (educagao, saiide,assisténcia social, cultura, esporte, lazer etc.), pois serdo eles, a rigor, os destinatarios das deliberagdes do érgo. Ao nomear os representantes do governo junto ao CMDCA, 0 Prefeito hes estara delegando o poder de decisao quanto as politicas publicas a serem implementadas pelo municipio no que diz respeito a area da crianga e do adolescente. O mandato dos representantes do governo junto ao CMDCA 6 vinculado ao mandato do Prefeito, sem prejuizo da possibilidade de substituigao dos agentes nomeados, quando houver alteragao no Secretariado municipal. Os representantes da sociedade civil organizada guardam completa autonomia em relagdo ao Prefeito, ndo podendo ser por este nomeado. Os representantes da sociedade sdo eleitos em assembléia popular, de acordo com © que dispuser a legistacdo municipal especifica ¢ exercem um mandato determinado, que deve ser independente do mandato do Prefeito, A idéia basica da criacdo do CMDCA, aliés, 6 desvincular as politicas piblicas instituldas nna drea da infancia e da juventude da figura do Prefeito ou do partido politico ao qual este pertenca, de modo a evitar sua solugao de continuidade quando da alternancia do poder que é da esséncia do regime democratico no qual vivemos. Cabe, portanto, aos representantes da sociedade junto ao CMDCA, assegurar a continuidade das politicas, servigos publicos e programas de atendimento a criancas, adolescentes e suas respectivas familias em execugo no municipio. Nao com menor importancia na participagao popular encontra-se Conselho Tutelar , que ¢ definido pelo art. 131, do ECA, como “érgao permanente @ autnomo, nao jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da crianga e do adolescente...". E formado por representantes eleitos pelo povo. Os 05 (cinco) membros do Conselho Tutelar e seus suplentes sao escolhidos pela comunidade local (preferencialmente pelo voto universal dos cidadaos), para um mandato de 03 (trés) anos, por intermédio de um processo democratico conduzido pelo CMDCA e fiscalizado pelo Ministério Publico (arts. 132 © 139, do ECA), Nao podem ser nomeados pelo Executivo @ nem ter seus mandatos abreviados ou prorrogados. Sao encarregado de aplicar medidas de protegao a criangas © adolescentes que se encontram com sous direitos ameagados ou violados, na forma do disposto nos arts. 98 e 105, do ECA, zelando para que familia, sociedade e o Poder Publico cumpram seus deveres.é reconhecido como érgao publico municipal especializado na defesa dos direitos infanto- adolescentes, cuja existéncia e adequado funcionamento sao essenciais ao mencionado “Sistema de Garantias dos Direitos da Crianga e do Adolescente” idealizado pelo ECA, © funcionamento adequado e qualificado do Consetho tutelar deve estar garantido por recursos orgamentarios suficientes Previstos no orgamento do municipio. Na forma do art. 134, par. Unico, do ECA, “constaré da Lei Orgamentaria Municipal previsdo dos recursos necessérios ao funcionamento do Conselho Tutelar”. Por meio de resolugdo do CMDCA, quando da elaborago da proposta orcamentéria anual o municipio deveré prever os recursos necessarios & manutengdo e a0 funcionamento adequado e ininterrupto do Conselho Tutelar, o que inclui, além dos salérios dos 05 conselheiros e seus eventuais suplentes, a manutengdo de recursos humanos, da sua sede e veiculo préprio ou de utilizagao privativa, telefone, computador e material de expediente em quantidade suficiente as necessidades do 6rgao. (© que se pode esperar da atuagao de um Conselheiro Tutelar? Quais so suas atribuigdes como representante popular? Sao varias e complexas as atribuigdes, @ esto nao exaustivamente previstas nos arts. 95, 131, 136, 191 e 194, do ECA Sao todas relacionadas a defesa dos direitos de criangas e adolescentes e a fiscalizagdo dos érgaos publicos e entidades encarregados da execugao dos programas de atendimento que integram a "Rede de Atendimento ou de Protegao”. Dentre elas se encontra a de prestar assessoria ao Poder Executivo na elaboragao da proposta orgamentaria, de modo a fazer com que esta contemple os recursos necessarios @ implementagéo e/ou manutencdo de planos e programas de atendimento & populagdo infanto-juvenil e suas respectivas familias (art. 136, inciso IX, do ECA) Conforme destaca Ministério Publico do Estado do Parana, no Manual de Orientagao aos Prefeitos 2008: Mais do que qualquer outro érgao, 0 Conselho Tutelar tem a exata nogdo de quais as maiores demandas & deficiéncias estruturais que o municipio presenta em sua “Rede de Protegao" acima referida, tendo assim plenas condigées de apontar quais programas e servicos devem ser criados, ampliados e/ou readequados & realidade do municipio. Como tais programas e servicos devem ser vinculados aos drgdos encarregados da execugdo das politicas publicas, sendo assim custeados (em carder prioritério, como visto acima), com recursos provenientes do ‘orcamento publico, nada mais adequado que o Conselho Tutelar participe de sua elaboracao e discussao, inclusive especialmente junto ao CMDCA, bem como na Camara Municipal hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ena ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente ‘Ademais, trata-se de atribuicao expressa, inerente a atuagaio elementar do Conselho Tutelar na defesa dos direitos infanto-juvenis. © Conselho Tutelar, como dito acima, é um érgdo municipal especializado na defesa dos direitos infantojuvenis, dotado de autoridade e de poderes-deveres equiparados aos do Juiz da Infancia e da Juventude, cuja atuaco, nos casos de sua responsabilidade, substitui (cf. art. 262, do ECA). Embora o Conselho Tutelar atenda promova o encaminhamento de criangas, adolescentes e suas respectivas familias aos. servigos © programas em execugao no municipio, ndo se trata, ele proprio, de um “programa de atendimento”. De nada adianta criar 0 Conselho Tutelar sem doté-lo de uma “retaguarda” de programas e servigos capazes de tomar efetivas e eficazes as medidas aplicadas pelo érgao a criangas, adolescentes e suas respectivas familias. ‘Apenas com a articulacao da "Rede de Atendimento e Protegao” e com a continua fiscalizago de seu adequado funcionamento (tarefa que por sinal incumbe néo apenas a0 CMDCA, mas também ao Conselho Tutelar e aos demais integrantes do "Sistema de Garantias dos Direitos da Crianga e do Adolescente” ja referido), ¢ que serd possivel proporcionar a todas as criangas e adolescentes do municipio a protecdo integral que Ihes é devida. ‘A incansavel busca do adequado funcionamento dos Conselhos Municipais dos Dirsitos da Crianga e do Adolescente @ do Conselho Tutelar tarefa que incumbe a coletividade brasileira, especialmente aqueles que militam na defesa de direitos humanos. Toda a sociedade, entretanto, deve ser sensibiizada mobilizada a participar desse processo e exigit sua efetividade, Em especial por intermédio de organizacoes representativas ¢ necessario ocupar este importante espaco de democracia participativa e, num legltimo exercicio de cidadania, dar a sua parcela de contribuicao para o real diagnéstico e © eficiente e eficaz enfrentamento dos problemas que afligem a populagao infanto-adolescente e suas familias (e, em titima andlise, a toda sociedade), através da mencionadas polttcas. 4. QUESTOES PARA REFLEXAO ‘As questées abaixo indicadas podem ser respondidas individual ou coletivamente, preferencialmente coletivizadas suas respostas ¢ reflexes com os pares e com o Sistema de Garantia de Direitos e com a “Rede de atendiment Podemos refletir a partir das questées tratadas no texto e no "Manual de Orientagao aos gestores municipais - Municipio que respeita a crianga’ do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiga da Crianga e do Adolescente/ Ministério Publico do Parand e nos perguntar: 1. O Estatuto da Crianga e do Adolescente nos desafia: somos capazes de reconsiderar velhos habitos e praticas, reconstruir nossos cotidianos, reavaliar nossa visdo de mundo e transformar nossas praticas? 2. Por que o Estatuto da Crianga e do Adolescente mexeu tanto com valores, praticas, conceitos que ja estavam arraigados e causa ainda polémica e reflexes? 3. Por que se fala tanto em um novo paradigma para as questdes referentes a infancia e A adolescéncia? Que paradigmas sao estes? 4, Que mudangas se fazem fundamentais neste quadro, onde se fala tanto em direitos de criangas e adolescentes e articipacao popular? 5. Serao os Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares érgaos genuinamente representativos da participago popular na politica da infncia? 6. Qual a importancia da implantagao de pollticas publicas pelo municipio? 7. O que é a "Rede de Protegao a Crianga © ao Adolescente"? Como esta organizada om nosso municipio? Quais ages, programas e servigos devem integrar uma “Rede de Protecdo” minimamente estruturada? ‘8. Onde serao obtidos os recursos necessérios para implementagao e/ou custeio de tal politica? 9. A quem incumbe a articulagao da “Rede de Protegao”, em Ambito municipal? Onde sero obtidos os recursos necessarios para estruturacao,articulagao e manutengao da referida “Rede de Protegao"? 10. © que é e qual a fungdo do Conselho Municipal dos Direitos da Crianga e do Adolescente - CMDCA? 11. Todos tém clareza de suas fungées no Sistema de garantia de direitos? E sabem com clareza as fungdes dos ‘outros érgéios? O que podemos fazer para construir esse entendimento? 42. Qual a relacdo do CMDCA com a Prefeitura? Como estamos efetivamente estabelecendo essa relagao? Que podemos mudar? O que devemos Mudar? hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil 7a ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente 13. E se 0 CMDCA nao delibera no sentido da implementagao de politicas piblicas em pro! da infancia e da juventude? E se houver recusa, por parte do Prefeito ou dos gestores puiblicos, na execugao da politica deliberada pelo CMDCA para a drea da infancia e da juventude? 14, Conselho Tutelar esta devidamente organizado e funcionando com todos os recursos necessérios? Quem é 0 responsdvel pela manutengdo do Conselho Tutelar? 45. Conselho Tutelar nao 6 um programa de atendimento? Entao nao basta criar e manter o Conselho Tutelar para garantir 0 adequado atendimento a populagdo infanto-juvenil do municipio? 16. Se o atendimento de criangas e adolescentes em situacao de risco deve ser realizado pelo Conselho Tutelar, qual © papel da Justiga da Infancia © da Juventude? Apresentamos abaixo trés situagGes faticas vividas por oriangas e adolescentes e apresentadas nos Cadernos “Causos do ECA" da Fundagao telefénica e que podem orienté-los em discussdes sobre a “Politica de Atendimento a crianga ¢ ao adolescente estabelecida no Estatuto da Crianga ¢ do Adolescente: participagao popular, descentralizagao, trabalho em rede de servicos” Perguntem-se: 1. Como se deu a atticulagao do Trabalho em Rede? Aconteceu ou nao? Poderia ser diferente? 2. Qual a participagéio do CMDCA e do CT nesses casos? Quais suas competéncias? E 0 Sistema de Garantia de Direitos? 3. Existem realidades semelhantes em nosso municipio? Como temos agido? Como podemos agit? Caso1 Em minha comunidade, surgiu um projeto sem fins lucrativos denominado Projeto Cultural Canarinhos, que tem como objetivo principal trabalhar a prevengao das drogas e violéncias afins, através do esporte, da miisica e do teatro, utilizando-se da educagao como alicerce basico para a conquista da cidadania. Passei a frequentar com muito empenho 0 esporte (futebol), tendo a oportunidade de fazer amigos. Ingressei também no teatro e assumi a coordenacao musical do grupo. Uma exigéncia era fella dentro do projeto: a de que todos os participantes apresentassem mensalmente a folha de frequéncia da escola, juntamente com as notas obtidas nas avaliacdes,devidamente assinada pelos pais ou responsaveis. Observel que todos os colegas seguiam corretamente as normas exigidas, porém havia tr6s meninos que sempre ficavam de lado, sem treinamento e sem a participacao que tanto desejavam, Procurel a diregao do projeto e ful informado de que eles, os colegas, ndo haviam apresentado nenhum documento de identificagao, e aguardavam o comparecimento dos responsaveis para resolver aquele impasse. (© tempo passava e aquela situag&o comegou a me incomodar. Foi ai que resolvi procurar pela familia dos trés meninos, que assim como eu tinham o direito de fazer parte do projeto e desfrutar tudo de bom que ele oferecia Descobri entéo que nenhum deles possufa Certidéo de Nascimento, bem como nunca haviam frequentado uma escola, por falta do referido documento, o que feria seus direitos elencados no ECA. A mae dos mesmos também fora negligenciada na infancia e nao possula o registro, repassando aos filhos a mesma situagao. Disse-me ainda aquela senhora que os filhos haviam nascido em casa com a ajuda de parteira, pois nao poderia ir para a maternidade por falta de documentos. Senti necessidade de ajudar aquela mae e seus filhos, Foi entdo que me dirigi até a Vara da Infancia e Juventude da cidade onde residem e, lé chegando, foi solicitado o documento da mae para poder regularizar a situagdo dos filhos, {Causos do ECA: Muitas histérias, um s6 enredo: O Estatuto da Crianga e do Adolescente no cotidiano/desenhos Beth Kok. - Sao Paulo: Fundagao Telefénica, 2010 140 p ISBN 978-85-60195-09-1 1. Direito das criangas - Brasil 2. Direitos dos adolescentes - Brasil 3. Direit0os humanos de criangas e adolescentes no Brasil - Estudo de casos 4 Estatuto da Crianga e do Adolescente - ECA - Legislagdo - Brasil |. Fundagao Telefonica. Il. Kok, Beth. Pagina 28). Caso? Era uma vez, duas lindas criangas que moravam em um casebre num bairro pobre da cidade de Curitiba junto com seus pals. Marcela, de olhos expressivos, pretos e amendoados linha 6 anos e seu itmao Bruno, apenas 2. Na verdade, Marcela era filha s6 da mae, seu pai biolégico havia morrido na priso, porém era cuidada pelo padrasto, hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ana ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente que assumiu sua paternidade e a amava de todo 0 coragao. ‘Acasa que habitavam parecia aquela da musica “Era uma casa muito engragada, ndo tinha teto, no tinha nada, mas, de engraada nao tinha nada. Era suja, sem luz, sem descarga no banheiro. Todos dormiam e passavam a maior parte do tempo em que estavam em casa amontoados em um mesmo quarto, No quintal morava Bilu, cozinho faceiro, que em meio a um esgoto a céu aberto defendia a casa e seus moradores de qualquer visitante indesejado. ‘A mae de Marcela e Bruno, de 23 anos, fazia uso de drogas desde os 12, ou seja, onze anos de uso. Usava droga “pesada’, crack, o que ndo permiliu a ela a construgdo de um repertério adequado como mae, esposa ou cidada Rompeu com toda a familia, exceto com sua avd. Nao se alfabetizou, contraiu HIV, se afastou do mundo e o mundo a afastou. Negligenciou tanto as criangas, que 0 proprio marido se viu na obrigagao de denuncié-la ao Conselho Tutelar, e 0 que era para ser uma adverténcia, um susto, acabou se transformando em um longo periodo de afastamento dos filhos de casa. Mas nossa linda princesa Marcela nao se deixou abater. Tendo como Unicas armas sua inteligéncia e seu poder de sedugao, tornou-se protagonista de um lindo conto de transformagao e amor. Em consonancia com 0 artigo 19 do ECA, que preconiza o direito de toda crianga ou adolescente ser criado € educado no seio de sua familia e, excepcionalmente, em familia substituta, assegurada a convivéncia familiar € comunitaria em ambiente livre da presenga de pessoas dependentes de substancias entorpecentes, Marcela @ Bruno, apés uma répida passagem por um abrigo, foram acolhidos por uma familia por um periodo de sete meses. © cabelo de Marcela havia sido raspado no abrigo por causa dos piolhos que havia trazido de casa, seus dentes estavam cariados e sua saiide bastante fragilizada. No inicio sé tinha as mesmas falas, que reproduziam 0 repertério da mae: “minha mae usa drogas; eu via ela fumar pelo buraco da fechadura do banheiro; o Bruno s6 toma leite frio porque sou eu que dou mama pra ele e minha mae nao deixa eu mexer no fogao; meu pai as vezes bebe; minha mae levou um tiro quando eu estava na barriga dela’, e assim por diante, ‘A familia que os acolheu, paciente e amorosa, levou-os ao médico, ao dentista, a igreja. Levou-os para passeios, para a praia. Bruno parou de usar fraldas e passou a usar chupeta s6 para dormir, Sua fala, que era ininteligivel, passou a ser compreendida. Socializaram-se na comunidade e cresceram, assim como o cabelo de Marcela.Enquanto isso, os pais das criancas travavam suas batalhas pessoais. Ela na luta contra o uso de drogas, ele na corrida contra o tempo para a reorganizacao da casa para ter os filhos de volta. Ela engravida, sua mae more, seu humor se altera pela abstinéncia, Ele sensivel se comove a toda hora ¢ chora de saudades, de impoténcia. O Programa Familia Acolhedora.que acompanha e monitora a situacdo, leva e traz as criangas semanalmente para que nao se rompa o vinculo que, apesar da gravidade da situacdo, é tdo forte e bonito entre todos. As familias inseridas no Programa nao esto sozinhas, compartilhando com a Rede de Protegao Social do municipio o dever de garantir os direitos fundamentais de nossas criangas e adolescentes, como preconiza o artigo 4° do ECA: “E dever da familia, da comunidade, da sociedade em geral e do poder puiblico assegurar, com absoluta prioridade, a efelivacéo dos direitos a vida, a sade, a alimentacdo, & educacdo, ao esporte, ao lazer, a profissionalizacao,a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivéncia familiar e comunitaria’. Dessa forma, o casal 6 apoiado pela rede socioassistencial com atendimentos no Centro de Referéncia de Assisténcia Social (CRAS), na Unidade de Saude, e tratamento no Centro de Atengao Psicossocial (CAPS) para a drogadigao da mae. E nao podemos nos esquecer da jovem bisavé das criangas, que durante todo o processo se disponibilizou e se desdobrou para apoiar a familia ¢ ajudé-los no seu processo de empoderamento, E assim foi. Casa construida, bebé novo, mae e pai abstémios reaprendendo o namoro, a cumplicidade, criangas de volta, transformadas, transformando. A cabega de todos cheia de planos: alfabetizago, emprego, casamento (a bisavé com um vizinho da neta). Drogas, jura a mae, nunca mais! E a nossa pequena princesinha, no dia do seu retomno definitivo para casa, cantarolava assim: “A minha mae bebia, ‘meu pai bebia também, ai eu e meu irmao fomos pro orfanato. As mulheres foram buscar a gente ¢ levaram pra casa da tia. A gente ficou morando Id. Agora a gente ta voltando pra casa. A minha mae me adora, a minha mae me adora, me adora! {Causos do ECA: Muitas histérias, um s6 enredo: O Estatuto da Crianga e do Adolescente no cotidiano/desenhos Beth Kok. - S40 Paulo: Fundacao Telefonica, 2010 140 p ISBN 978-85-60195-09-1 1. Direito das criancas - Brasil 2 Direitos dos adolescentes - Brasil 3. Direit0os humanos de criangas e adolescentes no Brasil - Esludo de casos 4 Estatuto da Crianga e do Adolescente - ECA - Legislagao - Brasil I. Fundagao Telefénica. Il. Kok, Beth. Pagina 43) aso3 Trabalhel como educadora em uma creche mantida por uma associagdo situada numa pequena cidade. All todos tinham um medo: de falar. hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ona ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente Isso me fazia imaginar outra realidade, para qualquer que fosse o lugar do mundo: que todos pensassem, ou melhor, agissem em defesa dos direitos violados. Entao, se coisa assim fosse possivel, nao teria como contar-lhes este causo. Lecionava no periodo da tarde @ no periodo da manha fazia servicos de secretaria.£ ali em meio a papéis, com a assistente social, o diretor e gente que entrava @ saia, vi,por varias vezes, um direito fundamental sendo negado: 0 direito do atendimento & crianga na creche. Aproveitando-se da falta de conhecimento e da condigao de pobreza da maioria dos pais, era facil dizer-Ihes: “Nao hd vagas'”. Isso me incomodava, pois o que estava em jogo era o sentimento de justiga ofendido. ‘A minha indignagao me fazia avaliar quem eram aquelas familias que ficavam sem vagas,quais eram os seus sonhos e perspectivas de futuro. Constatei, assim, que muitas delas,se ndo fosse por alguns programas sociais, ficariam com a prépria condigao humana comprometida. Percebi que tinham pouca - ou nenhuma - perspectiva para 0 futuro. Simplesmente recebiam respostas, legais ou ilegais, sem questionar. Dia e noite pensava nas criangas que tinham sous direitos negados. A frase “Nao ha vagas!” soava, para mim, como “Este lugar no te pertence, enquanto gente". Era um ‘Se viral’, legal e cruel. Cada dia que passa, menos queremos mexer com a nossa miséria social e pessoal. Fazia-se necessaria a revisao de toda ideologia que sustentava a atitude dos professores, dos diretores, dos assistentes sociais e das familias. Tudo isso ocorria ha anos e se concretizava na frase “as coisas sempre foram assim por aqui” Queria fazer alguma coisa. Fiquei no quero @ nao quero durante dois anos, imobilismo que foi fluindo num movimento timido no pensamento, até que um dia consegui vislumbrar um horizonte, Percebi que existiam outros mundos possiveis. Aaassistente social tinha muitos servigos, e eu propus que ela fizesse as visitas, enquanto eu atenderia os pais para dizer "Nao hé vagas!” e depois colocar os nomes na lista de espera. Comecei a minha batalha e lancei a semente: quando alendia os pais que ali procuravam vagas para as criangas, dizia: "Néo ha vagas, mas a vaga é um direto de seu ho, independentemente de vocé estar trabalhando ou nao” E liao que determina o ECA no artigo 54: E dever do Estado assegurar a crianga e a0 adolescents [..] atencimento em creche e pré escola as criangas de 0 a 6 anos de idade”. A seguir, com o enderego do Conselho Tutelar nas mos, orientava muitos pais sobre como deveriam fazer para ter esse direto garantido. E,ainda, nao satisfeita com algumas aitudes de conformismo de alguns conselheiros, resalvi anotar o enderego do Ministerio Pblico e indicd-lo a0s pais. Em pouco tempo chegau do Juizado da Infancia e Juventude a ordem para dar vaga aquelas criangas. E, apesar da creche nao comportar a demanda, confesso que foi um dia de felicidade. A minha vontade era a de lutar contra a auséncia de direito onde esse grita em siléncio, Fui repreendida por estar indicando os caminhos que os pais deveriam seguir para ter uma vaga, porém me soava mais forte que quando nada fazemos estamos sendo covardes. A vaga é um direito pilblico subjetivo da crianga, ninguém pode negé-la. A creche passou de 70 para 180 criangas, mas havia outro problema: falta de funcionarios e de estrutura fisica. Este problema eu e alguns professores e conselheiros tutelares fizemos questao de solucionar: com uma dentincia atrés da outra para o Ministério Publico,reivindicando aos politicos locais e instigando as outras pessoas a fazerem 0 mesmo, Consegui pais que me apoiassem nas reuniées escolares. Houve dias em que o diretor ficava dentro da sala para ver 0 que eu iria dizer durante as reuniées. Com os pais discutia alguns temas por meio de curtas ou dinamicas descobri que as reunides escolares sao a ocasido para se aprender cidadania, Em novembro de 2007 fui despedida, porém, no fui a Unica. Chegou ao prefeito a ordem para resolver os problemas da creche, houve muitas investigagdes de irregularidades na Associagao e nao houve outra saida, sendo ‘municipalizar, Todos os funcionérios foram demitidos em dezembro de 2007 em virtude da municipalizagdo.Com esse fato, houve concurso para professor, no qual eu passei em primeiro lugar! O prefeito construiu em outra escola espagos para atender & demanda reprimida da creche. Hoje nao existem listas de espera nas creches da cidade. Continuo como professora no mesmo lugar; IA nao se nega mais vagas e as criangas podem ser atendidas dignamente. Ver o ECA sendo cumprido, nao 6 no que se refere as vagas, mas também A qualidade do atendimento a crianga, me fez acreditar que apesar dos tempos sempre dificeis é possivel caminhar. E que sao com as pequenas atitudes, uma aqui, outra ali, que podemos alcangar o que nos parecia inalcangavel. hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil sone ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente Percebi que a justiga e 0 direito nao florescem numa cidade ou pais pelo simples fato de as autoridades judiciais e policiais estarem prontas para fazer o trabalho que Ines cabe; cada um de nés tem de dar a sua contribuigao para que isso possa ocorrer. E preciso langar a semente.O educador tem papel central na educagao, tanto dentro da sala de aula quanto fora dela, devendo ter atitude diante das realidades injustas que presencia. Foi o que me propus a fazer, contra 0 meu medo de falar e contra as injustigas que vi © ECA 6 um instrumento de trabalho da escola e da sociedade, que garante direitos fundamentais a crianga e a adolescente, e vislumbra meios para alcangé-los. Contudo, senti que a batalha estava ganha, mas nao a guerra. Ainda ha muito que fazer contra a ignorancia, a opressao, a miséria moral e politica que pretendem nos corromper cotidianamente, (Causos do ECA: Muitas histérias, um s6 enredo: O Estatuto da Crianga e do Adolescente no cotidiano/desenhos Beth Kok. - SdoPaulo: Fundagdo Telefonica, 2010 140 pISBN 978-85-60195-09-11. Direito das criangas - Brasil 2 Direitos dos adolescentes - Brasil 3. Direit0os humanos de criangas e adolescentes no Brasil -Estudo de casos 4. Estatuto da Crianga e do Adolescente - ECA -Legislagao - Brasil |. Fundagao Telefonica. II. Kok, Beth.) 5. INDICAGAO DE MATERIAL DE APOIO Como referéncia para ampliagéo de acesso a recursos didaticos e textos que podem ser utilizados de maneira complementar sugere-se os sites abaixo Causos do ECA http://www promenino.org.br/CausosdoECA tabid/56/Default. aspx (http://www. promenino..org.br/CausosdoECA/tabid/56/Default.aspx) Centro de Apoio Operacional das promotorias da Crianga e do Adolescente do Ministério publico do Parané+ Doutrina, https://erianca. mppr.mp.br/ (https://crianca.mppr.mp.br!) Protecdo, satide @ educagao de criangas. http: www fundabring.org.briportal/default.aspx (http:/www.fundabring.org. br/portal/default.aspx) Artigos para download (politicas para infancia abordagem nacional e internacional) http:/www.clespi.org bricgi/cgilua.exelsysistart htm?sid=12 (http://www.ciespi.org.bricgl/cgilua.exe/sysistart htm?sid=12) Manual de Perguntas e Respostas para criagdo e estruturagdo dos: CONSELHOS MUNICIPAIS DOS DIREITOS DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE CONSELHOS TUTELARES FUNDOS MUNICIPAIS htlp:/www.dhnet.org.bridireitos/sos/c_a/manual_cedica htm (hitp://www.dhnel.org. bridireitos/sos/c_almanual_cedica.htm) 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Estatuto da crianga e do adolescente, Lei n? 8,069/90 http://www planalto. gov. briccivil_03/Leis/L8069.htm (http:/Avww.planalto.gov.briccivil_O3/Leis/L8069.htm) Publicado em: Direitos Humanos e Questdo Social na América Latina. Silene de Moraes Freire (org). Rio de Janeiro: Gramma, 2009. Populagao Infantil e Juvenil Di 10s Humanos, Pobreza e Desigualdades Irene Rizzini http:www.ciespi.org.brimedialartigo_pop_infantil_direitos_humanos_2009.paf (http://www.ciespi.org.brimedia/artigo_pop_infantil_direitos_humanos_2009.pdf) LABORE Laboratério de Estudos Contemporéneos POLEMICA Revista Eletronica Universidade do Estado do Rio de Janeiro R Sao Francisco Xavier, n° 524 - 2° andar, sala 60 - Maracand - Rio de Janeiro - RJ CEP 24.590-013 Tels: (0xx21) 2587-7960) 2587-7961 e-mail: laboreuerj@yahoo.com.br__(mailto:laboreuerj@yahoo.com.br) 33 DIREITOS. FUNDAMENTAIS DE CRIANCAS E ADOLESCENTES EM FAVELAS CARIOCAS: PROBLEMATIZANDO A PRODUCAO DA NEGLIGENCIA PAULA CORREIA DE MIRANDA Psicdloga, aluna do curso de Especializagao em Psicologia Juridica da UERJ PROFA. DRA. MARIA HELENA ZAMORA Vice-Coordenadora do LIPIS. Doutora em Psicologia Clinica; Professora Depto. de Psicologia da PUC-Rio e do Curso de Especializagao em Psicologia Juridica da UERJ. 1s da CI © Sistema de Garantias de Dir Digiécomo Promotor de Justiga no Estado do Parana https://erianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=390 (https://crianca.mppr.mp.brimodules/conteudo/conteudo. php?conteudo=390) nga @ do Adolescente @ o desafio do trabalho em “Rede” Murillo José hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil ne ssi0e2022 10:08, "A -Centto de Apolo Operacional das Promotors da Crianga e do Adolescente Cartitha para Prefeitos. Imagens extraidas e convertidas da verso eletrénica do livro “Conselho Municipal dos Direitos da Crianga e do Adolescente ¢ Conselho Tutelar: orientagées para criagao © funcionamento”, publicado pelo CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Crianga e do Adolescente, Brasilia - 2007. A ilustracdo "Sistemas de Garantias de Direitos da Crianga e do Adolescente” é cépia de desenho livre do Dr. Murillo José Digiacomo. https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopcalcartilha_prefeitos_eleitos_v2,pdf (https://crianca.mppr.mp. br/arquivos/File/publi/caopca/cartilha_prefeitos_eleitos_v2 pdf) Causos do ECA: Muitas histérias, um sé enredo: O Estatuto da Crianga e do Adolescente no cotidiano/desenhos Beth Kok. - S40 Paulo: Fundagao Telefonica, 2010 140 p ISBN 978-85-60195-09-1 1. Direito das criangas - Brasil 2. Direitos dos adolescentes - Brasil 3. Direit0os humanos de criangas e adolescentes no Brasil -Estudo de casos 4. Estatuto da Crianga e do Adolescente - ECA -Legislagao - Brasil Fundacao Telefonica. Il. Kok, Beth. Pagina 28 htto:/www,promenino.org.br/Portals/0/CAUSOS%206%20Portal. pdf (http://www promenino.org.br/Portals/0/CAUSOS %206%20Portal.pdf) Angela Mendonca Curitiba, maio de 2011 Sobre a autora: Angela Christianne Lunedo de Mendonga 6 Pedagoga, Bacharel em Dirsito, Especialista em Planejamento © ‘Administragéo Publica pela UFPR e cursando Especializagao em Estado Democratico de Direito pela FEMPAR Fundagao Escola do ministério Publico do Parana. Assessora técnica do CAOPCA MPPR - Centro de Apoio Operacional as Promotorias da Crianga e do Adolescente do Ministério Publico do Parana. Fone: (41) 3250-4722 E-mail: aclmendonca@mppr.mp.br (mailto:aclmendonca@mppr.mp.br) (links internos) » Causos do ECA (hitps:!/crianca. mppr.mp. brimodules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1217) » Conselho Tutelar (htlps://erianca. mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=231) » Politica Socioeducativa (https://crianca.mppr.mp.brimodules/conteudo/conteudo. php ?conteud hitpsesianea mppemp.bripaging-1216 hil rane

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