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) Volume 1 - Livro-Texto Teste de Reabilitagdo das Afasias — Rio de Janeiro Terceira Edicao Digitalizado com CamScanner PREFACIO Elaborar um teste de afasia sempre foi um desejo muito an- tigo. Quando voltei ao Brasil em 1978, depois de terminar meus estudos de graduagio na Universidade de-Montreal, no Canada, ji vinha apaixonada pela afasia e cheia de dese- jos de dedicar-me, sobretudo, & reabilitagdo, Esbarrei na pri- meira dificuldade: a testagem. Trazia, no entanto, na baga- gem, © Protocolo de Avaliagiio de Afasia da Universidade de Montreal (Centre de Rééducation du Langage et de Re. cherche Neuropsychologique de L'Hétel-Dieu, Librairie des Presses de L "Université de Montréal). Traduzi este teste apenas para utilizé-lo com meus pacientes ¢ assim ele aca- bou sendo empregado por muitos e muitos anos. Mas, 20 longo de todo este tempo, minha traducio foi sofrendo mo- dificagdes e adaptagées, sempre de acordo com as observa- des feitas a partir das necessidades de recolher mais dados para a reabilitagio. Foram tantas as modificagdes que em 1989 ja tinha outro teste c nfio mais 0 Protocolo de Montreal. Seguiu-se, no meu histérico de vida, a amizade com uma colega fonoaudidloga de pereepoao ripida e de uma excelente elaboracdio linguistica, mas sem nenhuma pritica com afasia. Nesta época, ambas passivamos por transfor- magées intemas e foi dai que nasceu o perioda de trabalho intenso em cima dos itens do teste, com a intengiio de publi- caclo, Mas nossas trajetrias modificaram-se, Maria Lucia Moura seguiu outros caminhos e eu continuei a pesquisar, ja nesta época contando com a colaboragio de algumas alunas no esbogo do teste interrompido, A Universidade Esticio de Si, onde sou professora, buscando aprimorar a qualidade dos scus docentes, fez con- vénio com a Universidad def Museo Social Argentino, em Buenos Aires, para realizar 0 curso de Doutorado no Brasil. Foi um tempo gostoso de “volta ds aulas” ¢ de estudos teéri- cos intensivos, com os excelentes professores da Argentina. Foi quando estudei a matéria “Metodologia da Pesquisa’ v Digitalizado com CamScanner Teste de Reabilitagdo das Afasias~ Rio de Janeiro, Terceira Edigiio Copyright © 2014 by Livraria e Fditora Revinter Luda ISBN 978-85-372-05341 Todas os direitos reservados, E expressamente proibida a reprodugio lest lveo, no seu todo ow em parte, por quaisquer meios, sem o consentimento, por escrito, cla Fditora Contato com a aut regina jakuboviez@infolink.com.br Esta obra é composta por dois volumes e um CD: Livro-Texto Hustragdes CD para Anotagies dos Resultados. CIP-BRASIL. CATALOGAGAO-NA-PUBLICAGAO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, AJ a9 wa Jakuboviez, Regina Teste de reabilitagao das afasias, v. 1/ Regina Jakubovicz. -[3. ed. - Rio de Janeiro ; Revinter, 2014, i Inclui indice Acompanhado de CO ISBN 978-85.372.0538-1 1. Cérebra - Doengas - Pacientes - Cuidados e tratamento. 2. Afisicos - Cuidado e tratamento. |. Titulo. 13-07875 ‘COD: 616.8552 COU: 6168 A responsabilidade civil ¢ criminal, perante terceiros e perante a Editora Revinter, sobre o contetido total desta obra, incluindo as ilustragoes autorizagGes/eréditos earrespondentes, é do(s) autortes) da mesma, Livraria ¢ Editora REVINTER Ltda. Rua do Matoso, 170—Tijuca 20270-131 ~ Rio de Janeiro — RJ Tels (21) 2863-9700 — Fax: (21) 2563-9701 livraria(@ revinter.com.br — www.tevinter.com br Digitalizado com CamScanner Baa PAV ee CORR ETI Digitalizado com CamScanner CAPITULO 1 CAPITULO 2 CAPITULO 3 CAPITULO 4 CAPITULO 5 SUMARIO PRINCIPIOS EORICOS PONTUAGAO DO TESTE DE REABILITACAO .......... 7 PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO FICHA TECNICA . Compreensio/Expre ‘do da Linguagem Oral Compreensto da Linguagem Ordl oc cece ee seseireveeenee 3D Compreensio, Retengo e Membr... cccccceceeeeeeeeees 2 Raciocinio e Meméria ... Expressiio da Linguagem Oral . 49 Organizacéo da Linguagem Oral . Transposicdes Linguisticas . ar 58 Automarisinos da Escrita .occcccccveeeeseeeeeeeseeeeees 74 Linguagem Escrita Associative ..0...0cc cece eee ects Compreensdo da Linguagem Escrita. . (Compreensdo ¢ Ractocinio da Linguagem Eserita ......0.06 82 Expressdio da Linguagem EScrita os cceceees Organizagdo da Linguagem Escrita . INSTRUGOES PARA APLICAR O TESTE. Termos Abreviados para a Andlise das Resultados na Observacito .. 89 90 as DD. Sintese dos Resultados BIBLIOGRAFIA [INDICE REMI Digitalizado com CamScanner vi TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS que nasceu a idvia de dar confiabilidade ao teste de afasia, até entio denominado por mim de “teste casciro™, Quando terminei meus estudos tedricos do curso de Doutorado, nha uma hipétese em mente para realizar a tes usar a reabilitagio como tinico objetive ¢ ignorar outros pa- rimetros da patologia como o tipo de afasia, a etiologia, 0 grau de severidade ¢ o tempo decorrido depois da lesio? eu-me fundamental, mas logo sur- € possivel pon- Esta pergunta. par giu outra que vinha de encontro a primeira: tuar-se um teste de afasia usando como cri ticas especificas da patalogia sendo avaliada? Para respondera estas perguntas eu teria um longo cami- nho a percorrer, Sabia que seria uma estrada tortuosa, cheia de atathos e obsticulos. Mas, como jai disse anteriormente, sou uma apaixonada pela afasia © sua reabilitagdo; alm do mais, gosto dos desafios, aprecio tudo aquilo que ultrapassa 0 est belecido, Fazer um teste de afasia voltado unicamente para reabilitagdo seria dar um salto no desconhecido, ultrapassar 0 convencional. Nenhum autor ainda tinha tido tal objetivo. Pensci nos meus pacientes afisicos ¢ em suas necessidads Pensei, também, nas minhas alunas, quase sempre desorienta- das, sem saber exatamente por onde comegar o trabalho de re- estruturar a linguagem. Estes dois pensamentos foram sufici- entes para que eu desse o “passo inicial”, Comecei a fazer a pesquisa da tese denominada: Teste de Reabilitagiio das Afa- sias, mas que, depois de terminada a tese, tomou outro nome. Se existe o Teste de Boston, o de Minnesota, o de Barcelona, porque no, entio, « do Rio de Janeiro? Muitos agradccimentos se fazem necessérios ¢ cu 0s co- loco aqui com o coragiio cheio de amor. O primeiro vai para a colega e amiga guerreira da alavanea inicial: Maria Lucia Moura. A seguir, vem a fonoaudidloga que desenhou as fi- guras c ajudou na testagem: Katia Santana, Seguem-se, nos agradecimentos, cs fonoaudiélogos que colaboraram testan- do os pacientes afasicos: Erica Brandio Couto, profe essora, do Instituto Izabela Hendrix, em Belo Horizonte; Vania Re- gina Lima Vieira em Vitéria; Cristiane Assis Castro Alves, Béria, Andréia ¢ Luiz no Rio de Janeiro. Enormes agradeci- mentos As InstituisSes que me abriram as portas e colocaram seus pacientes 4 minha disposigiio para a testagem: Instituto Oscar Clark, na pessoa admirdvel da Fonoaudidloga Sheila Cruz; e 0 Hospital Siio Francisco, por intermédio da inean- sivel fonoaudisloga Edil Mazzuco, Digitalizado com CamScanner PREFACIO vii A Universidade Esticio de S pelo apoio financeiro recebido, s fazer a pesquisa e realizar a tese. Ao meu querido filho André Luis Jakuboviez fica o agradecimento das milhares de folhas em xerox. Quero agradecer, também, ao pessoal que me deu orien- tagdo cm varias areas: Dr. Enrique E. Tormach, meu orien- tador de tese de quem recebi magistrais orientagées cientifi- cas; Dr. Jakobo Feldmam, pela inspiragio ¢ modelo de tra- balho; Dra. Vanda Aragio, da Universidade Esticio de Si, pelas orientagdes técnicas; Dr. Fernando Viana, pelas exce= lentes orientagdes estatisticas clogiadas pela banca exami- nadora; a0 meu sobrinho Paulo Floriano Issler ¢ a Sonia Alencastro Guimaries, pelas infindiveis, mas tio titeis, au- las de informiitica. Por fim, mas no com menos importincia, vo meus agra- decimentos a0 amado companheiro Paulo Alencastro Gui- maries, que deu o incentivo na hora do desdnimo e que teve a sabedoria da paciéncia durante a redagio da tese. Aos meus pacientes ¢ a todas as pessoas que colaboraram, © meu mui- to obrigads. Nesta Terceira Edigo, houve a necessidade de uma atua- lizagdo de alguns itens do teste, Algumas figuras foram modemizadas, 0 que foi pos vel com recursos. da evolugao da informitica. O bloco de anotagies dos resultados foi simplificado, para maior praticidade na sua utilizagio © marca Ele passou a ser tim CD, o que tornou possivel testar varios pa- cientes e imprimir, se for necessirio. Regina Jakubovicz Digitalizado com CamScanner TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS Expresséo da linguagem escrita Organizagéo da linguagem escrita + Nomeagio escrita, © Evocagio escrita. © Organizagio sintatica escrita. # Criagio de frases eseritas, © Sintese escrita. Nao houve em nenhum momento a preocupagio em ar- mar um teste para classificar as as. Com as modemas aparelhagens hoje d disposigao da medicina é possivel ter-se conhecimento da area cerebral Lesada com muito mais pre » que qualquer teste, por mais sofisticado que ele seja. Além do mais, sabe-se pela experiéneia clinica que a ineon- sisténcia das respostas afisicas, a nipida evolugio dos sinto- mas linguisticos nos quadros de classificagdo das afasias ¢ a propria recuperagio espontanea dificultam em muito as ten- tativas de enquadraro paciente nos intimeros quadros classi ficatérios propostos, Alguns autores ocuparam-se do assunto recuperagio da afasia, mas nenhum deles chegou a conclusdes definitivas. Na bibhografia as opinides sobre a recuperagao divergem bastante. Head (1926) acredita que sempre existirio pacien- ‘tes com 0 mesmo tipo de afasia que irio melhorar antes de ‘outros sem nenhuma explicagio plausivel, isenson (1949) ¢ Wepman (1951) chamam a atengio do fator idade e ajus- tamento psicolégico como variaveis importantes. Schuell (1954) prefere no falar em progndstico até que fatores fisi- oldgicos estejam estabilizados. Brain (1961) afirma que pelo fato de tanto os sintomas permanentes como os trinsi- torios poderem ser severos no inicio da afasia a tarefa de distinguir um quadro do outro toma-se bastante dificil. Wepman, J. 1953) acredita que trés fontes esto disponi- vis para determinar 0 conceito de recuperagaio na afasi Primeiro lugar o paciente com stia personalidade, seu pote cial intelectual, comportamento em terapia ¢ na vida. Em se- gundo lugar, o terapeuta, com seu treinamento ¢ background. Em terceiro luger, 0 processo terapéutico escolhido como modelo de trabalho. Existem pesquisas indicando que a lesio cerebral produz mudangas na personalidade do sujeito © que tomaria, no final das contas, todos os pacientes afasicos mui- to parecidas. Outras pesquisas, como a de French T. (1952), indicem que o que muda na afasia é 0 comportamento do pa- ciente ficando a sua personalidade a mesma. Se Digitalizado com CamScanner TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS. Uso/ 2 COMUNICAGAO Dificuldade em usar as proposigies ¢ declaragies. Dificul- dade em elaborar a linguagem para comunicar as ideias, as necessidades, os sentimentos, os conhecimentos, as sensa- ges, etc. Dificuldade em lidar com 0 assunto a ser comuni- cado. Reiine todos os tipos de afasia: de expresso oral e escri- ta e de compreensio oral ¢ escrita. Realmente 0 modelo teérico triplice descrito por Muma € a definigio das afasias encaixam-se comodamente € foi por isso que, a0 claborar 0 Teste de Reabilitacio, houve muito cuidado em obter-se 0 maximo de informagdies da se~ guinte combinacdo: a performance do individuo afisico com a sua Tinguagem (0 uso), a sua maneira especifica de li- dar com as regras da lingua (a forma) ¢ a compreensio que 0 individuo tem da linguagem (o contetido). Uma pergunta é necessaria entio: como ¢ a lingua afisica? Resposta; ela é reduzida e simplificada ao m (estilo telegrifico), ou entio ela é desviada fonémica, se- mntica e morfologicamente da linguagem normal. Como & a compreensao? Ela é feita com alguma ou muita dificulda- de, necessitando de pistas, repetigdes, apoios e ordens bem curtas ¢ objetivas para ser melhor recebida. O uso da lingus gem é feito entio no sentido de comunicar 0 maximo com o minimo, apelando para gestos, contextos, pistas visuais, au- tomatismos, etc. Com essa filosofia em mente, procurou-se claborar um teste que nia fosse muito dificil, nem muito longo, nem muito complicado. Com uma linguagem reduzi- , da ¢ simplificada, como é a do afisico, mio faz sentido ela- borar-se itens complexos ¢ longos do tipo para “derrubar” a pessoa testada. Um teste para esta populagio nao deveria ser como uma prova escolar que mede os conhecimentos, nem coma certos testes rigidos que quantificam os individuos em niimeros. Nio se trata de “saber ou no saber” usar a lingua- gem com tempo marcado... Seria melhor colocar a questio de forma diferente, ou seja, usar ou nao usar a linguagem com propriedade, Foi a partir deste ponto de vista que nas ccu uma questio fundamental: ¢ sc as tarefas do teste forem facilitadas? Sera que, com auxilios da pessoa que testa, 0 afasico conseguiria responder melhor? Tudo indicava que sim, ja que na pritica clinica o artificio de dar facilitagdes & amplamente utilizado com sucesso, Foi com esse pensa- mento em mente que se partiu para a elaboragiio dos itens do Teste de Reabilitagio. Digitalizado com CamScanner PRINCIPIOS TEORICOS 3 De acordo com 0 processo linguistica, cognitiv municativo envolvida, as dreas avalindas foram di em subteste ou blocos: Compreensao/ * Linguagem coloquial, automitica e associativa. Expressdo da linguagem oral Compreenséo © Designagio de palavras por campos associatives. da linguagem © Designagio de frases simples ¢ complexas. oral * Interpretacao de conceitos sintiticos/espaciais. Compreenséo/ * Escolha de proposic&es visuais e orai Retencao/ + Compreensio de opgées sintaticas e espaciais. Meméria © Compreensio de uma histéria com apoio visual. Raciocinio/ * Compreensao de historia absurda. Meméria + Compreensiio de ordens, Expresséo da * Produgio de anténimos. linguagem oral * DenominagZo de imagens, de agdes, de partes do corpo, de ntimeros. Evocagéo * Evocagio de classes e de categori Organizagéo * Definigio de palavras, da linguagem * Organizacio da sintaxe. 7 oral * Criagdo de frases. ¢ Descricio de imagens. Transposigées + Repetigio, leitura, copia, ditado ¢ soleiragio, linguisticas Automatismos + Assinatura, numeragio, alfabeto, completar frases da escrita escritas, Compreenséo * Identificacio de letras, palavras, frases, conceitos ¢ da linguagem niimeros. escrita Compreensée/ © Compreenstio de questiondirio escrito de texto lido Raciocinio com de ordens escritas, a linguagem escrita Digitalizado com CamScanner Capitulo 1 CONTEUDO/ COGNIGAO FORMA/ LINGUISTICA PRINCIPIOS TEORICOS O propésito de uma avaliagiio é, ou deveria ser, descrever as caracteristicas da linguayem e determinar as maneiras mais eficientes da interven ara quem vai reedu- car, € preciso que a avaliag: \s habilidades ¢ os disturbios presentes, mas que também verifique de que ma- neira se pode suprir com as habilidades preservadas os dis- hirbios apresentados. Avaliar ¢ identificar os problemas, mas também determinar ao mesmo tempo 0 que facilita a re- solugdo de tais problemas. A afasia poderia ser simplesmente definida como um distirbio da Tinguagem adquirida em consequéncia de uma lesio nas dre: s cerebrais responsiveis pelo comando motor da fala ou pela compreensiio das palavras fitladas. Vejamos © que acontece se colocarmos a afasia num tripé com os componentes da linguagem interligados segundo © modelo de comunicagio de Muma (1978), Veja Fig, 1-1. COMUNICACAO (uso) COGNIGAO uncuistica {(CONTEUDO) (FORMA) Fig. 1-1 Dificuldade em transformar, julgar, estocar, reter ¢ decodifi- car as informagies linguisticas, Dificuldade em compreender o simbolo das palavras. Sio as afasias de recepgiio ou de com- preensio, de Wemicke, afasias sensoriais ou afasias Mluentes. Dificuldade em usar as regras da lingua nas bases: fonéticas, fonoldgicas, semfinticas, sintiticas ¢ morfoldgicas. Dificul- dade em organizar as regras convencionais da lingua. Sio as as de expressio ou motoras, dé Broca ou distluentes 1 Digitalizado com CamScanner PONTUACAO DO TESTE DE REABILITACAO 9 ma de linguagem. O tempo que leva determinado paciente a mover-se de um nivel a outro na habilidade de autocorri- gir-se pode ser um indicador do progndstico do caso.” E preciso, no entanto, ressaltar que os distirbios no sistema de autocorreg’o devem ser vistos com cautela. Em um extremo estdo os pacientes que ndo conseguem reconhecer seus erros endo podem corrigi-los ¢ no outro extremo esto aqueles que podem fazer isso e corrigem-se espontancamente. A impossi- bilidade indica mau progndstico, a possibilidade indica recu- peraciio. A autocorresio, neste ultimo caso, em esséncia, aproxima-s¢ ao comportamento das pessoas normais ou sem lesdo, ja que clas sdo capazes de rejeitar seus erros na produ- Gao da linguagem e imediatamente corrigi-los. As autocor- regdes no foram encontradas em todos os pacientes afiisi- cos testados, mas foram observadas em pessoas nao afiisicas ‘ou sem lesio, Se as autocorregi dicam diferengas individuais ¢ se servem para dar ao clinica indicios de uma boa ou ma recupe- ragio dependendo da frequéncia com que for usada, no se pode, nem se deve, dar © mesmo tratamento ner a mesma pontuacio num teste onde se visa essencialmente a reeduca- 30, Pelas razdes expostas acima, as autocorregdes receberam uma énfase especial no Teste de Reabilitagdo Rio de Janeiro, sendo pontuadas logo depois dos acertos. ‘Outro fator que nunca foi considerado na pontuagdio dos testes de afasia foi respeitarna correciio dos resultados a fina- lidade principal do item testado. Por exemplo, quando se faz aprova de repetic¢ao poder haver perturbacdes em 3 nivei 1. O paciente no reconhece © som como correspon- dente & palavra, nesse caso ele pode captar apenas fragmentos do modelo. 2. Ha fracasso do paciente a nivel articulatério, apesar da habilidade em demonstrar que conhece o signifi- cado das palavras ou das frase: 3. Ha uma dissociacio seletiva entre o estimulo afe- rente ¢ 0 sistema eferente da linguagem, nesse caso © paciente apresenta uma enorme dificudade em re- petir o que escutou. Conforme 0 caso, na prova de repeticio, é possivel rece- ber como resposta uma estereotipia, um jargio, uma parafa- sia, ou haver auséncia de resposta. Na maioria dos testes 0 pa- Digitalizado com CamScanner TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS. O paciente escreveu: “Terminada as férias muita gente gosta de variar para lontanha Pode-se verificar que durante foi trocado por termina- da, quea palavra viajar foi teocada por variar, que na palavra montanha houve uma troca de fonemas (M/L) e que 0 artigo JAS/ foi omitido. O que se observa é que nao aconteceram er ros distanciados. demasiadamente da realidade linguistica. Nesse caso é como se o pedreiro estivesse fazendo a tarefa do. engenheiro ¢ ndo um pintor, que nada entende de constru fazendo a tarefa do engenheiro. Por que esta conclusio? Por- que os erros foram oriundos de uma mi selecio ou ma diseri- minagdo de uma area cerebral, possivelmente, nio muito dis- tante da especializagdo funcional. Por que raciocinar dessa maneira? Porque assim que o paciente acabou de ler o que ha- via escrito, ele proprio riscou a palavra lontanha e a corrigiu para MONTANHA, perguntou-me em seguida se eu havia ditado: Terminada as férias ou durante as férias e se era uma questiio de viajar ou de variar. Esse fator mudou a maneira de conduzira pontuacio da testagem. A observagio de que hou- ve uma autocorre¢io imediata e sem nenhuma intervengio de fora levou-me & conclusiio que as corregdes internas fazem parte do processo da linguagem desestruturada. A autocorre- cio indica um nivel de funcionamento cerebral ainda em fase de acomodagiio ou em vias de se normalizar. Wepman (1958) chamou a atengao das. autocorre correlacionando-as com as interpretacdes psicoldgicas feitas no teste Rorschach. Baker no livro Diagnosis of Organic Adult (1956) falando sobre este assun- em dar uma resposta, no lugar de reco- nhecer que a resposta é inadequada, combinada com uma inabilidade em voltar atris ¢ procurar outra resposta ou ain- da tentar melhorar a resposta dada, indica dano de severo a moderado, possivelmente por causa de sentimentos de infe- tioridade ou a presenga de um déficit intelectual...” Sem querer comparar os disturbios afasicos com as interpreta- ges psicoldgicas e suas causas, o fato de existir essa “impo- téncia”, na maior parte dos pacientes com lesdo cerebral, deve ser reconhecido, estudado e levado em consideragio. Wepman comenta ainda: “a habilidade em reconhecer 0 erro ¢ se autocorrigir é um indicador da extensio do proble- Digitalizado com CamScanner Capitulo 2 PONTUACAO DO TESTE DE REABILITACAO Tudo indica nao ser possivel, pelo menos até o momento, sa- ber exatamente como o cérebro lesado lida coma linguagem, mas podemos deduzir alguns fatos a partir da analise dos er- ros feitos por pessoas com afasia. Os desvios fonémicos (substituigao de fonemas em palavras), os desvios verbais (a substitui¢do de palavras que se parecem no conceito ou no som), as perifrases (frases que substituam um nome) indicam que ha o conhecimento da palavra a dizer ou a escrever, mas, como a area especifica do cérebro que deveria fazer essa ta- refa no esta mais apta a isso, regides no especializadas vem socorré-la, Ainda que mal comparando, é como se 0 pedreiro da obra fosse fazer a tarefa do engenheiro. Ele pode até ter “alguma nogio de construcio”, mas nio conseguiré fazer corretamente e nem com margem total de seguranga... Ao se testar alguns pacientes da amostragem piloto sica, verificou-se que, sem utilizar certos métodos de facil tagdo para conseguir melhores respostas, muitos pacientes testados no apresentariam o seu rendimento maximo. Fi- cou entiio decidido que este artificio seria usado na pontua- gio. E preciso no esquecer que estamos lidapdo com indi- viduos que usaram a linguagem durante toda a sua vida e que a perderam depois de adquirida. Para ilustrar tal fato po- demos fazer a seguinte analogia: assim como as cinzas pre- cisam ser revolvidas para entrar de novo em combustio, os residuos linguisticos terdo de ser ativados para entrar nova- mente em atividade. O uso da facilitagdo funcionaria nesse caso como um ativador da linguagem “adormecida”, perdi- da em algum lugar do cérebr Certa vez, na fase experimental do teste, um paciente fez as seguintes trocas: foi ditado: — Durante as férias muita gente gosta de viajar para as montanhas. Digitalizado com CamScanner PRINCIPIOS TEORICOS 5 Wepman é de opiniiio que os pacientes afisicos tendem a estabilizar-se em um plateate, quando chegam proximo a resolugdo de seus problemas linguisticos, Ele fala em trés conceitos inter-relacionados: estimulagio, facilitagao ¢ mo- tivagdo. A estimulagio significa qualquer tipo de estimulo vindo do ambiente que faga o individuo reagir. A terapia serd entio organizada em cima das necessidades ¢ motiv: gdes do paciente. A estimulagio é fornecida no momento em que o organismo € capaz de responder o que facilitaria a integragio neural, Wepman comenta: “Se a estimulagao for feita no tempo devido, se ela coincidir com o estado de prontidao fisioldgica do organismo, se a modalidade da lin- guagem usada for apropriada ¢ s¢ esses fatores forem de en- contro com as necessidades linguisticas do paciente... “st cess in therapy is more likely ta follow" (tudo indica que ha- vera sucesso na terapia).” Como facilitagiio Wepman fala de material estimulativo que consiga atingir a area de maior necessidade do paciente naquele exato momento. O autor refere-se a “aquele exato momento” como tempo em que o sistema nervoso é capaz de utilizar o material de reeducagio para facilitar a integra- 40 cortical que leve a uma melhor performance linguistica. Entiio, quando se visa atingir as necessidades linguisticas do paciente num especifico momento, isto s6 seri conseguido se houver integracdo ou ligagdo entre a testagem inicial e os objetivos da terapia que virdo a seguir, ou seja: um teste que consiga ligar a avaliacao e as finalidades da reeducagio no momento exato que precede a estimulagio. Digitalizado com CamScanner 14 TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS com pessoas sem lesdo cerebral. Se os dados indi- cassem que sim, ¢ eles indicavam isso, seria dada continuidade & pesquisa em pessoas com lesio cere- bral ¢ sintomas linguisticos do tipo afisicos. 6. Em seguida, foram testados 50 individuos com se- quelas na linguagem do tipo afasia ¢ que tinham sido encaminhadas aos servigos de fonoaudiologia para reabilitacio. Foi feita a colocagiio dos resultados na planilha jé programada para levantar as dados. Esses 50 casos foram testadas nos consultérios particulares nos hospitais publicos em proporgiies aproximadas. 1. Verificagdo das estatisticas para saber se 0 Teste & vilido, confidvel e fiel quando se tem como prin pal finalidade encontrar os melhores caminhos ou vias da reabilitagdo. A testagem nas pessoas sem leso levou em média $0 a 60 minutos, com algumas excecbes de pessoas mais lentas para responder ou escrever. Em resumo, a populagio normal ficou assim dividida quanto ao nivel de escolaridade: 12 ca- sos com nivel primario, 20 casos com nivel secundairio, 8 ca- sos com nivel superior. A faixa etéria ficou distribuida de acordo com 0 quadro abaixo: NP casos Faixas etdrias 2easos 19. 28 anos 11 casos, 31a 39 anos T casos 40 a 49 anos 11 casos 50a 59 anos 4 casos 60 a 67 anos 5 casos 72 a 80 anos Como ja foi dito, a populagio afisica foi selecionada tendo apenas como critério 0 encaminhamento aos servigos de fonoaudiologia por algum profissional médico para fazer reabilitagio dos problemas de comunicago em disturbios ocasionados por danos cerebrais que compreendem: aciden- tes vasculares cerebrais em geral (de obstrugdo ou ruptura), traumatismos cranianos, tumores, abscessos, etc... Os casos de processos degenerativos como as deméncias ¢ os casos Digitalizado com CamScanner Capitulo 3 Coma finalidade de realizar a pesquisa para sabec.a po: lidade ou ndo de se t PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO ibi- tar as afasias, visando principalmente a reabilitago, seguiu-se uma determinada metodologia na ordem cronoldgica descrita a seguir: 1 5. Testagem de 10 pessoas sem lesio cerebral escolhi- das de acordo com as exigéncias de um questionario preparado sobre os habitos ¢ o estado de satide do individuo. A escolha foi aleatéria quanto ao sexo, nivel social e cultural, mas ndo quanto a faixa etiria, que deveria se situar entre 30 e 70 anos, Levantamento dos dados dessa populagiio usando as instrugées de um estatistico que preparou uma pla- nilha para colocagdo dos resultados num computa- dor (programa lotus 123). Nesta planilha, foram co- locadas as formulas necessrias para levantar dados estatisticos sobre: a média, o desvio padrio e a va- riancia. A medida que se ia testando, os edlculos ja eram feitos ¢ fornecidos. Fazer uma anilise desses resultados e de acordo com eles introduzir as modificacdes riecessirias. Fi- guras, ordens, perguntas ¢ itens considerado: ou inapropriados, ou seja, todos os itens que se de: viaram muito da média ou que tiveram uma varidn- cia muito grande foram eliminados ou modificados. Testagem de 40 pessoas sem lesio cerebral com os mesmos critérios do item | ¢ em seguida levanta- mento das estatisticas da mesma maneira do item 2. Nio se fez mais modificagdes no teste a partir desta etapa, Anilise dos dados para saber se 0 teste poderia ser considerado confidvel e valida para ser utilizado 13 Digitalizado com CamScanner PONTUACAO DO TESTE DE REABILITAGCAO u rada mas em seguida corrigida sem intervengio do examina- dor. Chegou-se a conclusdio que o caso que necessita de faci- litagdio para dar a resposta representa numa escala de afasia mais severidade do que a pessoa que faz sua prépria autocor- reco. Todas essas consideragdes feitas resultaram na seguin- te escala de pontuagio, demonstrada no Quadro 2-1, que foi considerada just Quadro 2-1 Tipos de resposta C AUT FAC EL SR Pontos recebidos 3B 2 S05 0 C= certo; AUT = autocorresao; FAC = faciltagao; E = errado; SR= sem resposta. ‘A mareacdo dos resultados em cima de proporgdes foi escolhida por ser ripida e facil, dando de imediato uma vi- sio dos rendimentos da pessoa testada naquilo que cla aca- bou de fazer. No final de cada item aparece uma soma que ¢ © total das tarefias pedidas ¢ executadas ¢ como ja foi dito ‘ames esse total marca os acertos ¢ nao os erros. A contagem dos pontos baseada em proporgdes teve também a finalida- de de colocar em evidéncia o quanto um distirbio esta des- viado num ponto X por cento (%) de um determinado com- portamento linguistico, que no caso € 0 da populagio nor- mal testada, ou seja, sem lesdo cerebral. Isto quer dizer que, num item de 6 tarefas valendo 3 pontos cada acerto, a pes- soa avaliada ficara numa proporgio que poderd variar em: 18/18% (nenhum erro), 9/18% (a metade dos erros) ou 0/18 % (erro em todas os itens). . Digitalizado com CamScanner 10 TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS ciente é penalizado quando apresenta tais resultados, como se houvesse apenas um disturbio no proceso de repetit. Mas na realidade sabemos que na afasia ¢ 0 estimulo que clicia uma Tesposta que por sua vez di subsidios para inferirmos o esta do do processo central (0 que se busca na testagem), Nesse caso, quando se coloca em confronto o que esti sendo pes- quisado num determinado item especifico € 0 que se esti ecbendo como resposta, isto é, possibilidade ou niio de reali- zara tarefa, por distdrbios no input, por dificuldades no out- putou por uma dissociacao seletiva entre 0 input co output, a anilise final fica diferente e a pontuagiio também tera de ser diferente. fato de ter sido levado em consideragdo entre a mar cago certolerrado as necessidades de facilitagao para con- seguir a linguagem, as autocorregdes ¢ as finalidades princi- pais de cada item do teste sugeriu que se fizesse a contagem dos pontos em cima dos acertos ¢ no dos erros. Se durante todo o tempo do teste visa-se o individuo ¢ a sua mancira de funcionar na linguagem, deve-se também ter em mente aquilo que 0 sujeito consegue fazer e nio o que ele nio fi E um teste pois que classifica os melhores resultados em tios itens ¢ subitens. Esta disposi¢io trouxe algumas vanta- gen: * Ammar com mais eficiéncia as estratégias da reeduca- do de acordo com a melhor pontuagio. © Saber de imediato o que facilita ou nio o rendimento do paciente em cada area testada. «Saber quais os residuos linguisticos ainda funcionais. + Saber pela proporcdo a pior ¢ a melhor drea de atua- * Facilitar para o terapeuta a maneira de redigir um re- latério sobre 0 caso. A pontuagdo do teste obedeceu ao critério de que na afa- a auséncia de resposta, ou a impossibilidade desta, pode ser considerada um caso muito mais severo do que a pessoa que da uma resposta errada (do tipo parafasia, neologismo, Jargio ou mesmo uma estereotipia). Por esse motivo foi pon- tuado com 0 (zero) a auséncia de resposta. A resposta errada que viria logo a seguir recebeu uma pontuagao de 0,5 (me ponto). A partir dai teriamos duas possibilidades: a resposta obtida pela facilitagao dada pelo examinador e a resposta er- si Digitalizado com CamScanner 18 TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS O arksicos ® C1 normais 16 | | 14 | 12 210 fe — = ° 4 MEDIAS 25 20 15 10 LINGUAGEM LINGUAGEM LINGUAGEM COLOQUIAL AUTOMATICA ASSOCIATIVA Grifico 3-1, Comparative das médias entre: afdsicos e normais. Oo zéisicas | . | Cicada in COMPREENSAO COMPREENSAO COMPREENSAO COMPREENSAO DE PALAVRAS DE FRASES DEFRASES DE CONCEITOS SIMPLES ‘COMPLEXAS ESPACIAIS! SINTAXICOS Gréfico 3-2. Comparativo das médias entre afiisicos e normais. Digitalizado com CamScanner PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO, 7 outra com desvios linguisticos evidentes e precisando de re- abilitagZio em dreas especificas da guagem. Os Grificos 3-1 a 3-14 representam esses resultados, comparando 0 de- sempenho em cada iter do teste da populacio normal ou sem lesdio ¢ a populagio afitsica, Quadro 3-2 Nensdo | Total do Média Dp. Variboeia, teste teste | Normais | Afasicos | Normais | Afésicos| Normais | Afasicos Unguagem ° coloquial 7 autornstica 45 45 32.2 0 W9 0,0% 36,9% associativa Compreensao da finguagem oral Compreens3o da . linquagem oral 2 2 56,8 oO W1 0,0% 19,5% Compreensio/ memoria/ 87 86,7 60,2 O7 17,9 0.8% 29,7% radocicio. Expressio da linguagem oral Expressio da eegodsy [05 | 15 | 6z1 | o2 | 297 | 02% | 442% Oraanizagioda | 4g 43 | 240 | 0 152 | 00% | 63.2% linguagem oral Transposices Repeticso sa] $4 | 342 | 0 | 150 | 00% | 43.9% Leitura ws | 7 | «9 | 296 | 00%] 540% Cépia 51 50,8 34.6 05 15.4 1,0% 44,5% Soletragao 2 21 79 0,2 62 11% 788% Ditado: 36 36 14.2 QO WS 0.0% 814% Linguagem escrita ‘Autornatismo Autor a fou as | o 71 | 00% | 84.5% Compreens3o da Gomer wos | 1046 | 672 | a7 | 320 | o7% | 47.6% Expressdo da linguagem escrita Expressie da. 2 a2 | 106 | 00 | 149 | 00% | 140.8% excita Organizacio da , linguagem escrita 24 24 44 o 79 0,0% 180,79 Digitalizado com CamScanner 16 TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS ri sem saber se esti havendo muitos ou poucos er- ros. O fato do paciente no saber com exatidio o seu desempenho no teste mantém 0 individuo em estado de motivacdo para continuar em vez de desistir. 4. Avaliar depois a linguagem oral, comegando pelos an- ténimos e terminando com a organizagio da lingua- gem oral, considerada a mais dificil das provas orais. 5. Agrupar a testagem das transposigées no meio do teste e comesar pela repeticdo considerada uma pro- va facil entre os itens orais. Pelas ja conhecidas difi- culdades com a escrita entre os afisicos resolveu-se agrupar tais provas no final dos itens de transposi 6. Deixar para o final a avaliagiio da linguagem escrita, comecando pelos automnatismos escritos e terminan- do no mais dificil que é a organizagao da linguagem oral. A distribuigdo da populagao afisica (incluindo a piloto) teve as caracteristicas descritas no Quadro 3-1. Quadro 3-4 Garacteristica Quantidade —_Percentagem Homens 7 58.7% Mulheres 19 413% Nivel primario 15, 30.4% Nivel secundario 5 32,6% Nivel superior 15 32,6% Analfabetos 2 43% Total 46 100% A validade do teste pode ser comprovada comparan- do-se 0s resultados obtidos entre a populagio normal e sem lesio cerebral e a populagio afisica ou com lestio cerebral, uma comprovadamente sem problemas de linguagem e sem necessidade de reabilitagio © a outra comprovadamente com problemas na linguagem ¢ necessitando de reeducagio destes problemas. No Quadro 3-2 faz-se uma comparagio da média, 0 desvio padrio e o coeficiente de variancia entre as duas po- pulagdes: os afisicos e os normais; uma nitidamente sem des’ linguisticos e nao necessitando de reabilitagao e a Digitalizado com CamScanner PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO 15 psiquicos como as esquizofrenias, neuroses, psicoses, ete. foram excluidos da seleciio para testagem. O teste foi aplicado de acordo com as necessidades de trabalho do local, que poderiam ser algumas das alternativas lista seguir, para avaliar 0 + Avaliar o paciente para comegar um programa de re- abilitagao, , * Retestar para planejar um novo programa de reabili- taco, Avaliar para saber se ja ha condigdes de dar alta, * Avaliar o paciente para saber dos progressos feitos ao longo do trabalho de reabilitagio. + Avaliar para saber se ji hi condigdes de receber a es- timulagdo em alguma area linguistica especifica. + Avaliara fim de obter dados para redigir um relatério a9 médico que encaminhou o paciente. « Avaliar para informar a uma instituig’o de seguro ou 4 familia ou ainda ao local de trabalho o estado atual de comunicagio do paciente detalhando as reas da linguagem perdidas e quais as preservadas. * Avaliar para informar a outro profissional que tam- bém atua no caso (fisioterapeuta, musicoterapeuta, terapeuta ocupacional, ete.) a performance do pac ente com a linguagem; ® Avaliar para encaminhar 0 paciente a outro fonoau- diélogo que ini encarregar-se do caso dai em diante, + Avaliar para pesquisar a performance atual do paci- ente com alguma avaliagio anterior. Apés a testagem da populaciio piloto a equipe que apli- cou 0 pré-teste chegou a seguinte conclusio quanto a ordem de apresentagdo dos itens do teste: 1. Ter de inicio uma visio geral da compreensio e da expresso da linguagem oral comegando com a pro- va: linguagem coloquial. 2. Usar em seguida tarefas ficeis para conseguir a moti- yagio do paciente utilizando para isso os itens: lin- guagem automitica e associative 3. Testar logo apés a compreensio da linguagem oral, respeitando sempre o principio “do mais facil a0 mais dificil.” Até este ponto da testagem o paciente pouco teri. de expressar-se oralmente, o que o deixa- Digitalizado com CamScanner 22 TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS 6) — 5} 4 Q CarAsicos BS - 2 CINORMaIS 3 i 1 ° —|.,. _— — [ : SOLETRACAO SOLETRACAO SOLETRAGAO CAPACIDADE DE AUDIOVISUAL AUDIOGRAFICA AUDIOVISO- ORGANIZAGAO MOTORA = METAFORICA Gréfico 3-9. Comparativo das médias entre afisicos e normais. 12. ] | | | at | 2 2 66 3 a (CINorMals 4 : | o DITADO DE DITADO DE DITADO DE LETRAS PALAVRAS. FRASES/TEXTO GrSfico 3-10. Comparative das médias entre afisicos e normais. Digitalizado com CamScanner PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO 21 By r — 6 | | ol | Tid} od | emee 10. , CiAFAsicos Be) I || | | | | (Cinormais 6! - UL on a4 | I EL i | ‘1 L ott, ij} i. LEITURA DE vem er LEITURA DE LEITURA DE LEITURA DE LETRAS —SILABAS_-- ROTULOSPALAVRAS = FRASES/ TEXTO Gritico 3-7. Comparative das médias entre afasicos & normais. | | CaarAsicos Ji - | | fy} |} rma lly ttt it COPIADE COPIADE COPIADE COPIADE COPIADE LETRAS PALAVRAS FRASES MEMORIA NUMEROS: Grafico 3-8. Comparativo das médias entre afisicos © norm Digitalizado com CamScanner 20 MEDIAS. MEDIAS TESTE DE REABILITACAO DAS AFASIAS | (larAsicos) ‘rome DEFINIGAO ORGANIZAGAO GRIAGAG DE DESCRIGAO DE DEPALAVRAS DASINTAXE — FRASES. IMAGENS. Grafico 3-5. Comparative das médias entre afisicas e normais. | Clarasicos | | | roma 6. -—- REPETIGAO REPETICAO —REPETIGAO-—REPETIGAO DEPALAVRAS DEPALAVRAS DEFRASES DE FRASES ‘SIMPLES COMPLEXAS ‘SIMPLES COMPLEXAS: Grfico 3-6, Comparativo das médias entre afisicos e normais. Digitalizado com CamScanner PESQUISA DO TESTE DE REABILITACAO 19 AFASICOS (] NORMAIS 3 2 2 2 8 wa 2 2, 8 abe ow 2 $F 88 88 oof 8,5 82 88 82 zag

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