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JOAO MELQUIADES FERREIRA Proprietarias: Filhae de José Bernardo da Silva Historia de José Colatino e o Carranca do Piaui Joéo Melquiades Ferreira Frropiglizéas: Fikes do José Bernardo ta Silva com 0 Canranca do Piaul Vamos ouvir a historia de um rapaz valentéio que andava de casa em casa & procura de questio era José Colatiao que tinha esta inclinagio © capitéo Deodato morava 0G Quixadéd era um bomem muito rico dizia para notar que sua familia era a mais branca do Cearé O capitéo tinha uma filha mas se ouvie dizer, que notva para Chiquinha era dificil aparecer parece gue ele tinha a filha para vender Quando escolhey muitos noives pela sorte ou destino, apareceu um rapaz wocinho quase um menino entio casou-se Chiquinha com o José Colatino (2) José era um rapaz que nao tinba comportamento antes de ser valentio justou logo um casamento contava 16 anos quase ainda em crescimento Chiquinha era boa mulher tratava bem do marido porem Jose Colatino empregou 0 seu sentido arrotando valentia tornou-se um rapaz perdido Um dia 28 Colatino chegou a inclinagao disse: Chiquioha, eu agora sou homem de posicéo quem chegar & minha porta é com o chapéu na mao Chiquinha disse: José repata primeiramente olha que no Ceard tem muita gente valente vamos fazer nossos queijos néo queira ser insolente -Chiquinha, eu tenho coragem flado nume oracfo quando boto-a no pascoco fico logo valentdo voeé vai ver esse povo eomo me toma a ben¢gaéo (3) Chiquinha pés-se a chorar com muita pena dizia: José, eu tenho desgosto desta tua valentia que 6 vem me dar trabalho, casei porque nfo sabia Uma noite Colatiao na festa do Quixadé perdeu o dinheiro no jogo pois nfo sabia jogar fez o primeico barulho deu comeco @ seu azar José apagou a luz rasgou cartas do baralho virou mesa, quebrou louga fazendo grande esbandalho quis dar no dono da casa para mostrar seu trabelho Ent&o o dono da casa nafu alisava menino disse: cabra malcriado eu guero dar-lhe um ensino) deu uma surra de pau no tal José Colatino O capitio Deodato Hcou muito conspirado porgue seu genro Zezinho se achava desfeiteado mat disseram que o rapaz ele mesmo foi culpado (4) Depois José Colatino fol dar em um inspetor porque nfo tinha ceroado a& casa do jogador levou a segunds surra para nfo ser agreasor Colatino estava na feira e queria dar num soldado ainda abanou os queixos de um sub-delegado leveu a terceira surra ficou muito maltratado O capitio Deodato estava muito desgostoso dizia! este meu genro inda briga de telmogso quer brigar ser ter idade néo pode com criminoso Depois foi visto José na beira duma estrada emboscando um inspetor armads de uma espingarda- 14 levou 68 quarta surra 6a arma lhe foi tomada José chegou em casa falando muito zangado disse: Chiquinba, eu agora s6 nfo matei um safado perque me tomou 8 arma mas pegou-me descuidade (5) Chiquinha disse: José tu vais te acomodar tu és ainda crianga nfo sabes 0 que 6 brigar ou tu endireitas a vida ou morres de apanhar —Chiguinke, eu vou agora sairno mundo a brigar eu quando’vejo um barbado minha vontade 6 o matar s6 com sessenta processos é€ quando eu posso voltar Seguiu José Colatino nas feilras onde passava queria mostra coragem a todo mundo ingultava no barulho de fim de feira sempre José apanhava Onde José via teima queria ser muito mau gritayva; o que 6 isto aqui? eu ja meto o bacalhau eu'agui nio vejo: homem; com pouco estava no pau José voltou com dois anos das fronteiras do estado com noventa e nove surras que © povo tinha the dado © capitio Deodato de tudo estava informado (6) O ecapitio Deodato arrojou-se nessa hora dizendo: senhor Colatino aqui o senhor nfo more se sume da minha vista desde j& pode ir embora Por sua causa minha familie esté muito injuriada e vocé levando surra sem nenhvma eer vingada nio me ssrve ter um genro feito armazem de pancada Colatine disse: Chiquinha o Quixadd nio tem vantagem: vocé fique com seu pal que eu vou uma viegem até encontrar um homem que aguente a minha coragem Nesta terra nfo tem homem que eu me ccupe ea brigar vou cacar um valentio que faga eu me zangar Chiquinha, de Plaui inda mando lhe buscar Logo montou a cavalo cheio de animagie despediu-se de Chiquinha depois de apertar-lhe a mao segaiu para o Piaui castigar um valentéo {7} Nesse tempo no Piaut na cidade de Ueira havia um valentdo que velo duma fronteira vivia dando de pela em todo mundo da ribeira Todo mundo tinha medo da cara do valentio pois a vassoura da barba presa pelo cinturéo quando ele assanhava a barba atropelava o sertao Dizia que estava em guerra andava de perna Manca e carregava um punhal do tamanho duma alevanca © pevo 86 Ihe chamava o comandante Carranca Os bigodes dele tinham as pontas téo estiradas que por detraz das orelhas ele dava nés de lagadas quando ele ia dar num as barbasestavem assanhadas As mogas dessa cidade ed ajustavam casamento no dia que o Carrancsa desee o seu consentimento governava as casas alhelas com crime e atrevimente (8) Toda casa de negocio 86 comprava ou vendia se o Carranca quisesse isso mesmo consentia que cs caixelros vendessem em cada semana um dia Asalm 6 povo vivia sujeito a esse agssagcino apanhavam do Carranca homem, mulher e menino quando ninguem esperava chegou José Celatino . Enteou Jové Colatirio fedendo a chitre queimado nfo achando venda aberta perguntou edmirado por qual motivo a cidade tinba o comércio teshado Saiu-lIhe uma mulher que lhe deu explicachio dizendo: fale mais baixo aqui tem um valentio que mata s6 com a vista é a fera do sert&io - A riqaeza dos fazendeiroa daqui ele tem tomado obrigou os homene ricos Ihe trabelbar alugado as mogas nao casam mais QO povo vive assombrado (9) —Se o aenhor quer escapar corra va se esc onder pois 66 bsrba ¢» homem faz todo mundo tremer carrega as mogas.que quer e quem falar tem que morrer Colatino disse: dona oude mora esate danado q’e quero dar-Ihe uma surra porque estou destinado arrancar o cavanhaque dum criminoso barbado O pessoal abriu as portas fazendo reunigo Colatino deu dois tiros insultando o valentéo com pouco vioha o Carrancea rugindo como lefio Assanhou barba © bigode e gritou com a cara fela: canalha, sem minha ordem na rua pinguem passela quem mandou abrir as portas leva uma surra de pela Colatino pulou na trente- disse: esté bébado, assassino barbado, cara de sola ladrdo, perverso e mofino 6 prepare pra morrer nas mos de Zé Colatino. (10) Eu venho do Ceard nunca temi a ninguem quando eu nego um criminose é€ o dia que passo bem tenho 99 nas costas estou doido pra inteira cem Colatino j4 estuva acostumado apanhar se Carranca puxasse as armas ele ia se ajvelhar mas o Carranca esmoreceu que néo podia falar Com poueco Zé Colatino gritava mais animado: me tragam {ésforo e gas o Carranea esté pegado pois eu quero tocar fogo mas barbas deste danadol O cavanhaque do Carranca José enrolonu na mio euspiu na cara do bruto deu-lhe mais um empurréo o Carranca tremia tanto que as armas cairam no chico © Carranca arrependeu-se de se meter no cangaco sentiu o facdo nas barbas eom violento talhago viu que de seu cavanhaque dosé tirou um pedago (11) Carranca nunca ouviu falar em tanta vantagem José comnoventa e nove se era morte ou pabulagem assombrou-ss com os gritos. pensando que era coragem Abriu da perna ® correr saiu coberto de poeira Colatinu atirou-lhe deu-lhe mais uma carreira o Carranca ganhou a mata que ia quebranodo madeira Ficou José Colatino como chete respeitado entregou as terras todas gue o Carranca tinha tomado e mandou prender Carranca que morreu sentenciado Apés José Colatino muito ricu e respeitada esereveu para Chiquinha que viesse a seu chamado e ne cidade de Ueira foram viver descansado ~FIM— Lagrimas Fingidas Uma mulher se julgando bem caseda aborreceu o amor do seu marido arranjou um amante mais querido para 0 consolo da vida debochada Estava em boea do povo tio falada o marido de desgosto adoeceu de maltrato, conforme, faleceu ela fez que sentia de malvada Fez balbirdia chorou com tal lamento para oO povo pensar que ela sentia aumentou muito mals o fingimento Quando o corpo baixou a campa fria ela esprimia os olhos com talento mas um pingo de ldgrima nao cala JOAO MELCHIADES GS SELOS DE HOJE EM DIA Caro leitor, terminei agora mudo de assunto vuu falar sobre os selos quero levar em conjunto neste tempo sem criterio exigem no cemiterio selo até para defunto Hoje em dia quem morrer antes de ser sepultado bA de ir a prefeitura ao cartério do estado vai a higiene reté-lo tira o figado 6 bota o sélo pra poder ser enterrado Pra se dar &gua a galioha tem que se selar 0 caco todo velho tabaquista sela a caixa do tabaco néo tem que procurar melo para enfiar um esteto sela oO pau e o buraco Na feira se sela o queijo sela a faca de cortar eela a banca e sela odono sela quem vier comprar chora o pobre fazendeiro se nfo selar o vaqueiro néo poderA campear (14) Pra vender raiz de pau se sela a raiz primeiro ‘e obrigado selar quem quiser ser garrafeiro ou catimb6 ou feitico quatro selos por capricho na testa de feiticeiro Cego pra pedir esmola primeiro sela o guia sela tambem a sacola sela a vata ea bacia diz o fiscal: isto 6 péta aguenta esta chupéta que o sélo 6 garantla. O dono da padaria tem que selar o padeiro 86 se pode namorar selando o alcoviteiro ninguem pode revogar a noiva 86 casaré aendo selada primeiro Sela o jogador as cartas os irm&os selam aa irmas botiqueiro os remédios selam 0s cagadores os caes os cachaceiros as garrafas os pascadores as tarrafas 6 08 filhos selam as mies (15) Moca que gosta de uso sela a manga do casaco ocupa um selo na perna um na testa ou no suvaco pra quem ver se agradar e nfo podendo selar reter-se 6 ndo da cavaco Nas erlavdes do terrairo tem que selar os galos e padeiro sela o forno ea arreeiros os cavalos 0 professor os meninos o vigario sela os sinos 2 sacristiio sela os badalos Eu vi uma pobre velha que estava a se lastimar disse: msu velho morreu eu queria me casar mas agora o coletor como carrasco malfeitor exigindo eu me selar Eu hei de suportar tudo nesta terra desgragada a delicia se acabou au gozel-a descansada nos belos tempos ja idos possui sete maridos @ nunca ful carimbada (16) O casa] pra dormir junto preciss sela a cama o tocador selara arménica o dancador seJa a dama sela por saflsfacio a cozinheira sela o fogdo e 0 patréo sela 2 ama O barbeiro em sua leoja tem que selar a navalha sela a mesa e cadelra tesoura, pente e toslha © coletor por enrasco sela sebdo, sela frasco, se nfo selar nfio trabalha © praciano tambem precisa de ser selado © falador sela a lingua o agricultor o rogaco quem raspa barba e bigode sem selar ja nfo pode andar que ser4 privado FIM —Juazetro, 02/01/78 Literatura de Cordel José Bernardo da Silva Lida. Grande variedade de folhetos e oracgées. R. Sta. Luzia, 263-Juazeiro do Norte-Ce AGENTES: | EDSON PINTO DA SILVA Mercado S. Joaé—Compartimento N. 7 Recife = Pernambuco ANTONIO ALVES DA SILVA Rua Clodoaldo de Freitas, 707 Terezina Piaui JOAO SEVERO DA SILVA Travessa Dr. Carvalho, 72 — Bayeux R. Silva Jardim, 836 — Jo&io Pessoa-Pb E Rua Sétiro Dias, 1457 Alecrim — Natal — RN. JOSE FLOR Café S&io Miguel, dentro do Mercado Central—Box 13 — Fortaleza — Ceara SEVERINO JOSE’ DOS SANTOS Rua Eng. Paulo Lopes, 695 Lote 4, final de Onibus, 745 Cascadura Bangu — Rio de Janeiro — RJ ARTHUR PEREIRA DE SALLES Av. Santana do Ipanema, 315 Bairro Cruz das Almas — Maceié — Al.

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