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LINGUAS, Ri - DOL: 10,5935/1981-4755.2 Wrereas - — eISSN: 1981-4755 10031 A Hora e a Vez das Linguagens na BNCC: Literatura, Quo Vadis? The Time and the Time of Languages in the BNCC: Literature, Quo Vadis? Juscelino Francisco do Nasecimento* * Universidade Federal do Piaui, UFPI, Teresina - PI -CEP: 64049-550, email: juscelinosampa@hotmail.com Cristiane Feitosa Pinheiro** ** Universidade Federal do Piaui, UFPI, Teresina - PL -CEP: 64049-550, ‘e-mail: cristianeufpi@gmail.com Resumo: Neste artigo, objetivamos, de forma geral, analisar o espaco da Literatura no contexto da BNCC, no Ensino Médio. Para isso, foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza aplicada, exploratoria quanto aos abjetivos e, quanto aos procedimentos, bibliogtifica e documental (PRODANOV; FREITAS, 2013; FONSECA, 2002; GIL, 2018). Para a fundamental teérica utilizamos, entre outros, Silva (2007), Eco (2011) e Todorov (2009, assim como a BNCC (2018), a Constituigo Federal (1988) e a Lei de Diretrizes ¢ Bases da Edueag2o Nacional (1996). Conforme a nossa anélise, compreendemos que, embora seja possivel estidar a Literatura como uma subérea dentro das Linguagens, isso nao é o suficiente, tendo em vista que apenas uma competéncia de Lingua Portuguesa nfo consegue, a nosso ver, abarcar a abrangéncia ¢ as especificadas que ela tem na Educacao Basica, Palavras-chave: Literatura. Linguagens na BNCC. Educacdo Basica. Abstract: In this article, we aim, in general, to analyze the space of Literature in the context of BNCC, in High School. For this, a qualitative approach research ‘was cartied out, of an applied nature, exploratory regarding the objectives and, regarding the procedures, bibliographic and documentary (PRODANOV; FREITAS, 2013; FONSECA, 2002; GIL, 2018). For the theoretical foundation, we used, among others, Silva (2007), Eco (2011) and Todorov (2009, as well as the BNCC (2018), the Federal Constitution (1988) and the Law of Directives and Bases of National Education (1996). ), According to our analysis, we understand that, although itis possible to study Literature as a subarea within Languages, this, is not enough, considering that only a Portuguese Language competence cannot, in our view, encompass the scope and specified that she has in Basic Education. ‘Keywords: Literature. Languages at the BNCC. Basic education. 1 INTRODUCAO Neste artigo, apresentam-se algumas reflexdes acerca da Base Nacional Comum Curricular (BNC), especialmente no que diz respeito a Literatura como parte da area Volume 23 Numero $$ LINGUAS, 0, 4 A y DOF: 10.5935/1981 Peres . de Linguagens e suas teenologias, a qual inclui, também, Lingua Portuguesa, Arte, eISSN: 1981-4755 }755.20220031 Educagio Fisica e Lingua Inglesa. © enfoque dado a Literatura esti relacionado ao fato de se entender que ela devesse ter aparecido como componente separado da Lingua Portuguesa e no como parte dela, Para tanto, buscou-se responder questio-problema: qual o espago da Literatura na BNCC? A partir desse questionamento, foram estabelecidos os objetivos a serem atingidos na discussdo, a saber: de forma geral, analisar o espago da Literatura no contexto da BNCC, no Ensino Médio; de forma especifica, apresentar as competéncias especificas de linguagens, analisar 0 espago da Literatura no seio das competéncias especificas da Lingua Portuguesa para 0 Ensino Médio e discutir sobre 0 campo artistico-literério na BNCC. Optou-se pelo uso da BNCC como texto de anslise para se entender como, a partir da trama textual normatizada foi capaz de dar & Literatura papel secundario no campo das Linguagens, uma vez que essa se tornou mero apéndice do componente Lingua Portuguesa Esta proposta se justifica pela necessidade de trabalhos que versem sobre a Base, que a analisem e tegam consideragdes relativas aquilo que ela nos traz, considerando 0 seu caréter normativo e nacional, © que nao abarea todas as realidades edueacionais do territério brasileiro. Apresentam-se, nestas paginas, alguns apontamentos acerca dos documentos oficiais que regem a educagio brasileira, a metodologia empreendida e as consideragdes a que se chegou, cientes de que, por se tratar de algo muito recente, outros pesquisadores poderio propor alternativas diferentes, inclusive contrérias as nossas, mas igualmente bem-vindas, Para embasar este trabalho, baseia-se, entre outros, em Silva (2007) e Eco (2011) e Todorov (2009, assim como na prépria BNCC (2018), na Constituigao Federal (1988) ena Lei de Diretrizes e Bases da Educag’io Nacional (1996), Entende-se que produzir um texto de qualquer natureza requer, antes de tudo, 0 conhecimento necessirio acerca daquilo sobre 0 que se deseja escrever. A Base Nacional Comum Curricular, apesar de ja ter sido aprovada e publicada, ainda nao nos é conhecida, com profundidade, razio pela qual € necessirio Ila, estudé-la e compreendé-la Volume 23 Numero $$ 7 LINGUAS, Wy, 4 fi eISSN: 1981-4755 » M Ww. DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS A construgio de conhecimentos se dé a partir da selegio do problema de pesquisa (FLICK, 2013, p. 86). A esse mesmo respeito, Kleina e Rodrigues (2014, p. 11) apontam que “toda pesquisa cientifica inicia-se com um questionamento, com uma pergunta, Assim, a Ciéneia caracteriza-se pela busca de respostas ou solugdes para as demandas da sociedade”. Nese sentido, com vistas 4 construgdo deste artigo, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza aplicada, exploratéria quanto aos objetivos e, quanto aos procedimentos, bibliogrifica e documental (PRODANO’ FREITAS, 2013; FONSECA, 2002; GIL, 2018). Inicialmente, fizemos a pesquisa bibliogrifica, compreendida por Prodanov e Freitas (2013) como aquela que & [J elaborada a partir de material jé publicado, constituido principalmente de: livros, revistas, publicagdes em periddicos e artigos, cientificos, jomnais, boletins, monografias, dissertagdes, teses, material cartogrifico, internet, com 0 objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material jé escrito sobre 0 assunto da pesquisa, Em seguida, ainda conforme os mesmos autores, que se baseiam em Gil (2008), realizamos uma pesquisa documental, a qual nio deve ser confundida com a bibliognifica, j4 que essa faz uso daquilo que j4 produzido por diferentes autores, ao asso que aquela “[...] baseia-se em materiais que nao receberam ainda um tratamento analitico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Fonseca (2002) corrobora a definico de pesquisa bibliografica apontada por Prodanov e Freitas (2013), mas acrescenta, quanto 4 documental, que ela se vale de fontes variadas, também sem tratamento analitico, a exemplo de documentos oficiais, ‘como 0 que usamos para eserever este artigo. 2. A EDUCAGAO BASICA NAS PAGINAS DOS DOCUMENTOS LEGAIS. Conforme preconizam a Constituigao Federal, em seu Art. 205, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educacdo Nacional (1996), em seu Art, 2°, a educagdo é um direito de todos, e dever da familia e do Estado. Nesse cendrio, pensar a educagio para todo o pais, de modo que ela se dé de forma igualitiria, tanto em relagao as condigdes de acesso ¢ permanéneia, quanto aos Volume 23 Numero $$ 98 LINGUAS, Wy, 4 A eISSN: 1981-47: » M Ww. DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS contetidos curriculares a serem trabalhados ao longo do ano Ietivo, ndo é uma tarefa facil, considerando as iniimeras especificidades que ha em cada lugar, a formagio dos professores, a qualidade das escolas, dentre outros aspectos que devem ser levados em consideragio. Consoante o texto introdutério da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2018, ela se trata de [.-] um documento de cariter normative que define conjunto orginico © progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas © modalidades da Educagao Basica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceimia 0 Plano Nacional de Educagao (PNE). (BRASIL, 2018, p. 7, arifos noss0s). Como vemos acima, a Base tem um carter normativo, que tem, em si, um aspecto positive, tendo em vista que se propde, no sentido de normatizar, uma uniformidade, mesmo que nao seja possivel, em virtude das caracteristicas proprias de cada lugar, como ja mencionado nesta segao. Por essa raziio, a BNCC passa, agora, depois da sua aprovacio enquanto documento nacional, para a criagio dos curriculos por parte dos Estados e Municipios, os quais devem fazer as devidas adequagdes, com vistas a atender as demandas locais. Para além disso, a BNCC fixou dez competéncias gerais a serem atingidas no proceso formador, ao longo da Educagio Basica. As competéncias sao entendidas como “direitos de aprendizagem ¢ desenvolvimento” (BRASIL, 2018, p.8). Ao centrar 0 foco da BY (CC em competéneias promovidas a direitos, 0 eixo central da educagio escolar assumiu nova configuragao, tornando obrigatorio o repensar as politicas educacionais e, ao mesmo tempo, virou o péndulo das matrizes curriculares nao mais para a busca de uma formagio conteudistica. Necessirio, porém, entender como foi conceituada competéncia, para, assim, buscar-se mapear 0 que ela espera para © novo tipo de formagao na Educacdo Basica e como se pode olhar os estudos literirios, nos espagos escolares, a partir de entio. Na BNCC, competéncia € definida como a mobilizacto de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (préticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercicio da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2018, p. 8). Volume 23 Numero $$ " 4 A » eISSN: 1981-47: W, DOL: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS. se, pois, que o conceito de competéneia abraga um cabedal amplo de ideias a serem postas em pritica no processo formativo de criangas e adolescentes que vai de conhecimentos e habilidades a atitudes e valores voltados para a solucdo de problemas, o exercicio da cidadania e preparo para o trabalho. Esse cabedal amplo de ideias &, por si s6, problemitico, uma vez que, a0 se projetar para a Educagio Basica e, nisso se tem como horizonte os espagos escolares, coloca-se, nas escolas, uma missio educativa integral para além de sua propria competéncia, 3 ABRINDO AS CORTINAS POETICAS DA LITERATURA. A priori, & necessirio tecer algumas consideragdes, em linhas gerais, sobre a Literatura para, a partir disso, poder-se identificar na BNCC a sua presenga e, assim, analisar 0 seu estatuto no documento ¢ como ela passou a ser tratada a partir dele, no Ensino Médio. Inserida em um campo proprio, a Literatura possui uma historia, conceito e objeto que a distingue das demais areas do conhecimento, A sua historia é milenar e a busca por uma posigdo conceitual que a abrace também tem atravessado épocas. Para Silva (2007, p. 14), [© conceito de literatura é relativamente moderno € constituiu-se, apés mais de dois milénios de produeao literéria, em fangao de um determinado citcunstancialismo histérico-cultural; a literatura no consiste apenas numa heranca, num conjunto cerrado e estatico de textos inserito no passado, mas apresenta-se antes como um ininterrupto processo histérico de produgdo de novos textos ~ processo este que implica necessariamente a existéncia de especificos ‘mecanismos semiticos nao alienfveis da esfera da historicidade e que se objectiva num conjunto aberto de textos, 08 quais no so podem. representar, no momento histérico do seu aparecimento, uma novidade @ uma ruptura imprevisiveis em relacdo aos textos ja conhecidos, mas podem ainda provocar modificagdes profundas nos textos até entdo produzidos, na medida em que propiciam, ou determinam, novas leituras desses mesmos textos. Trata-se, pois, de um campo do conhecimento dinimico e que possui autonomia tal que o impede de ocupar posigiio secundétia tanto na BNCC quanto nos curriculos escolares. Volume 23 Numero $$ 100 LINGUAS, Wy, 4 A eISSN: 1981-47: » M Ww. DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS Ser um “ininterupto proceso historico de produgdo de novos textos” que podem, inclusive, “provocar modificagdes profundas nos textos até ento produzidos” confere a Literatura starus diferenciado entre a gama de géneros textuais. A Literatura possui, conforme linha de anilise de Silva (2007, p. 30) duas ordens de objetos que nao podem ser vistos isoladamente, a saber, deve ser entendida ‘como sistema semidtico ¢ como conjunto de obras/textos literarios: [.-]. Por um lado, é necessério considerar a literatura como sistema semidtico de significagao e de comunicagéo; por outro, a literatura como conjunto o soma de todas as obras ot textos literarios. Ora, a0 falar-se de literariedade, tem-se quase sempre a literatura como Conjunto de textos literdrios e nao a literatura como sistema semistico. Como se v8, 0 campo literdrio nao é simples e nmuito menos suporta ser tratado como uma caixa fechada, Espera-se do leitor, pesquisador e docente esforgo no sentido de dizer o texto, reveld-lo em suas particularidades. Em anilise sobre o tema das fungdes da Literatura, Eco (2011, p. 9) enquadra a tradigdo literaria entre os chamados poderes imateriais, uma vez que: Estamos circundados de poderes imateriais que nio se limitam Aqueles que chamamos de valores espirituais, como uma doutrina religiosa. [J]. E entre esses poderes, arrolarei também aquele da tradigao literaria, ou seja, do complexo de textos que a humanidade produziu e produz nio para fins préticos [...], mas antes graria sui, por amor de si mesma —e que se leem por deleite, elevacdo espiritual, ampliacdo dos priprios conhecimentos, talvez por puro passatempo, sem que rninguém nos obrigue a fazé-lo (com excecdo das obrigagdes escolares), Entendida como poder imaterial, a Literatura assume posigio diferenciada em relagio a toda gama de géneros textuais que com ela formam a produgao da linguagem de um povo. As fungdes da Literatura ultrapassam a mera editoragao de obras e sta circulago despretensiosa, elas atingem a nossa vida individual e social, Individualmente, da ao leitor a possibilidade de conhecer 0 canon literério de seu pais ¢ de outras nagdes e, assim, formar-se culturalmente. Socialmente, ela forma um rol de leitores capazes de mudarem a realidade cultural de seu povo. Para Eco (2011, p.10), * lingua como patriménio coletivo” ¢ prossegue afirmando que “a lingua vai para onde literatura mantém em exereicio, antes de tudo, a quer, mas é sensivel As sugestdes da literatura”. Esse exercicio promovido pela literatura Volume 23 Numero $$ 101 LINGUAS, Wy, 4 A eISSN: 1981-47: » M Ww. DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS esta relacionado ao proprio fazer literdrio que, ao produzir textos, registra a lingua de uma naglo e a divulga ininterruptamente, protegendo-a como patriménio cultural e fortalecendo a identidade do povo. Dissertando sobre o sentido do texto literirie, Todorov (2009, p. 32) afirma que: LJ. E preciso também que nos questionemos sobre a finalidade liltima das obras que julgamos dignas de serem estudadas. Em regra geral, o leitor no profissional hoje quanto ontem, 1é essas obras no para melhor dominar um método de ensino, tampouco para retirar informagdes sobre as sociedades a partir das quais foram criadas, mas para nelas encontrar um sentido que Ihe permita compreender melhor © homem e o mundo, para nelas descobrir uma beleza que enriqueca sua existéncia; ao faz8-lo, ele compreende melhor a si mesmo. [...] © pensamento em tomo da Literatura expresso por Todorov (2009) associa-se ao de Eco (2011), uma vez que se trata da proposta de ver a Literatura como o campo possivel do leitor ter acesso a textos literdrios diversos que possam, de alguma forma, impactar a sua existéncia ¢ oportunizé-lo a dar sentido 4 propria vida e a0 mundo no qual esta inserido. Vé-se, assim, que a Literatura tem uma missfo para além do seu processo de elaboragao que a coloca no plano de Belo; ela tem 0 que Eco (2011) ¢ Todorov (2009) afirmam em seus eseritos: Poder. Nao se trata de um mero poder, mas aquele capaz de tocar a alma do leitor e provocar efeitos diversos. Segundo Todorov (2009, p. 76), A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mao quando estamos profundamente deprimidos, nos tomar ainda mais proximos dos outros seres humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor mundo e nos ajudar a viver. Nao que ela seja, ames de tudo, uma técnica de cuidados para com a alma; porém, revelacdo do mundo, ela pode também, em seu percurso, nos transformar a cada um de nés, a partir de dentro. [..}. Esse o ponto central a que se pretendia chegar nessa abordagem em torno da Literatura: revelar a sua face capaz de tocar 0 leitor. Aspecto que dificilmente sera atingido pela fruigio de outros textos. Essa soma de informagdes sobre o campo literirio constitui uma espécie de maquete do conhecimento em torno de sua importncia na formago do leitor, seja ele vineulado a escolas ou no. Olhar para a Literatura como espago de cultura e de Volume 23 Numero $$ 102 LINGUAS, ft «rs i> eres eISSN: 1981-47, DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 transformagao do homem individual e coletivamente falando é dar a ela estatuto Giferenciado do que se pode atribuir aos demais géneros discursivos. Diante do exposto, passa-se & andlise do suposto espago ocupado pela Literatura na BNCC, 4 ENTRE LINGUAGENS, ONDE ESTAS, OH, LITERATURA? Focando na parte da BNCC voltada para o campo das competéncias especificas de linguagens para Ensino Médio, foram geradas sete grandes competéneias a serem atingidas pelos aprendizes escolares no curso de sua formagio, as quais esto apresentadas no quadro abaixo: Quadro 1 —Competéncias especificas de linguagens para 0 Ensino Médio ‘Compreender_o fincionamento das diferentes linguagens e praticas culturais (artisticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos nna recepeio © producdo de discursos nos diferentes campos de atuacdo social e nas diversas midias, para ampliar as formas de participacio social, o entendimento e as possibilidades de explicagao e interpretagao critica da realidade e para contimuar aprendendo. ‘Compreender 0s processos identitarios, conflitos e relagdes de poder que permeiam as priticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posicdes, e atuar socialmente com base em prineipios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando 0 autoconhecimento, a empatia, o diflogo, a resolugdio de conflitos © a cooperagtio, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. Utilizar diferentes linguagens (artisticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia € colaboracdo, protagonismo e autoria na vida pessoal ¢ coletiva, de forma critica, criativa, ética e solidaria, defendendo pontos de vista que respeitem outro e promovam 0s Direitos Humanos, a conscigneia socioambiental e 0 consumo responsivel, em Ambito local, regional e global. ‘Compreender as linguas como fendmeno (geo)politico, histérico, cultural, social, varidvel, heterogéneo e sensivel aos contextos de uso, reconhecendo suas vatiedades e vivenciando-as como formas de expressbes identitérias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfientamento de preconceitos de qualquer natureza ‘Compreender 0s processos de producto e negociagio de sentidos nas praticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressdo de valores e identidades, em uma perspectiva democritica e de respeito a diversidade. ‘Apreciar esteticamente as mais diversas produgdes artisticas e cultural considerando suas caracteristicas locais, regionais ¢ globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artisticas para dar significado e (re)construir produgdes autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira critica e eriativa, com respeito & diversidade de Volume 23 Numero $$ 103 LINGUAS, ft «rs Wrereas > eISSN: 1981-47: DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 saberes, identidades e culturas. 7 Mobilizar priticas de linguagem no wniverso digital, considerando as dimensdes técnicas, criticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as, formas de produzir sentidos, de engajar-se em priticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciéncia, culmra, trabalho, informagao e vida pessoal e coletiva. Fonte: Brasil (2018, p. 490) se que se trata de competéncias a serem atingidas em uma grande rea — Linguagens ~ que abraga quatro componentes curriculares, a saber, Lingua Portuguesa, Arte, Educagio Fisica e Lingua Inglesa, excluindo, por omissio, a Lingua Espanhola ea Literatura, uma vez que essa foi aglutinada no componente curricular Lingua Portuguesa, contemplada meramente como objeto de conhecimento, organizado em unidade tematica, nos livros didaticos. Para se tentar entender a localizagio do texto literirio, no contexto da BNCC. & preciso, antes, discutir sobre o que foi pensado para © componente curricular Lingua Portuguesa, Segundo a BNCC, Ao componente Lingua Portguesa cabe, entio, proporcionar aos estudantes experiéncias que contribuam para a ampliacdo dos letramentos, de forma a possibilitar a participagio significativa © critica nas diversas priticas sociais permeadas/constituidas pela oralidade, pela eserita e por outras linguagens. (BRASIL, 2018, p. 67- 68) © alvo do componente curricular seré o letramento nas miiltiplas linguagens, nelas incluidos os textos literdrios. Haveria espaco efetivo para a fruigio do texto literirio diante da variedade de géneros textuais que o componente Lingua Portuguesa passou a abragar ou ele se tornou um mero apéndice ao lado de outros tantos tipos de textos? Esse questionamento é importante, uma vez que 0 estudo fragmentado do texto literario, que por si s6 constitui um problema, tornou-se ainda mais recorrente com 0 advento da BNCC, tornando o texto literirio ainda menos acessivel ao leitor, podendo tensionar e inviabilizar a efetivacao das competéncias especificas nao apenas do componente no qual a Literatura esta inserida, mas especialmente de toda a area da Linguagem Para efeitos didaticos, adota-se o conceito de texto literdrio segundo a visio de Reis (1999, p. 169), para quem: Volume 23 Numero $$ 104 LINGUAS, ft «rs Wrereas aid eISSN: 1981-47. DOI: 10.5935/1981-4755.20220031 [..] 0 texto literdrio configura um universo de natureza ficcional, com dimensio e indice de particularizacdo muito varidveis; a0 mesmo tempo, ele evidencia uma consideravel coeréncia, tanto do ponto de vista semintico como do ponto de vista téenico-compositivo; 0 texto literirio deve ser entendido também como entidade pluristratificada, ou seja, constituida por diversos niveis de expresso; por ultimo, considerat-se-A ainda que o texto literério compreende uma dimensto virtualmente intertextual, na medida em que & possivel relaciond-lo com outros textos que com ele dialogam e nele se projectam. Ao se deparar com © conceito citado, pode-se perceber que o trabalo com 0 texto literério requer espago maior de atencao no campo formativo dos aprendizes da Edueagao Basica do que aquele ventilado pela BNC. A natureza ficcional, a entidade pluristratificada e a dimensio intertextual que informam o texto literdrio pressupdem espago proprio de trato nos documentos oficiais reguladores da Educagao Basica e no como mero apéndice dentro do componente Lingua Portuguesa As priticas de leitura foram, pois, na BNCC, adotadas em um sentido macro, como se pode extrair da seguinte afirmacao: Leinura no contexto da BNC é tomada em um sentido mais amplo, dlizendo respeito no somente ao texto escrito, mas também a imagens estiticas (foto, pintura, desenho, esquema, grifico, diagrama) ou em movimento (filmes, videos etc.) e a0 som (mtisica), que acompanha e cossignifica em muitos génetos digitais. (BRASIL. 2018, p. 72) A abordagem Jara do sentido de Jeitura é salutar para os estudos em Lingua Portuguesa, em virtude do repertério de géneros textuais que gravita em sua dindmica, ‘mas inapropriada para o enfoque a ser dado ao texto literirio, por isso, a necessidade de a Literatura, entendida como o espago de projegio de textos artistieamente elaborados, ter aparecido na Base como componente curricular auténomo, mas nao aconteceu, demandando revisio posterior no texto. Apesar de se saber que a organizagao curricular é que apontara caminhos em que a literatura aparecerd e como ser explorada em sala de aula e fora dela, no minimiza a auséncia do trato particularizado dessa, no campo da grande area das Linguagens. © campo literario possui suas nuances préprias ¢ fronteiras definidas, embora fluidas, em alguns casos especificos. No dizer de Reis (1999, p. 23), Volume 23 Numero $$ LINGUAS, 0 qhS eISSN: 1981-4755 W, DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS. A ponderagao da literatura como dominio proprio, relaciona-se assim no 36 com a especificidade da linguagem literéria, mas também, antes disso, com a possibilidade de valorizarmos a componente institucional do fenémeno literario. Perceber a Literatura como instituigo requer entendé-la como dotada de trés grandes dimensdes, como pondera Reis (1999), a saber: a dimensio sociocultural, a dimensao histérica e a dimensio estética. A instituicio Literatura, além das dimensdes informadas, é mareada por estabilidade ¢ notoriedade pitblica. Essa percepeao, por si s6, dotaria a Literatura como o quinto componente curricular da area das Linguagens. 3 EM BUSCA DO QUINTO COMPONENTE PERDIDO ENTRE AS COMPETENCIAS ESPECIFICAS DE LINGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO MEDIO ABNCC elenca dez competéncias especificas de Lingua Portuguesa apenas para © Ensino Fundamental, mas no para o Ensino Médio. Destacamos, no quadro abaixo, aquelas que melhor se aplicam a um possivel alcance da Literatura, tanto em nivel quanto em outro. Quadro 2 - Competéncias especificas de Lingua Portuguesa para o Ensino Fundamental A Reconhecer o texto como lugar de manifestagao e negociagio de sentidos, valores © ideologias. B Selecionar fextos e livros para Ieitura integral, de acordo com objetives, inferesses © projetos pessoais (estudo, formacto pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho efe.). c Envolver-se em praticas de leitura literdria que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para frui¢do, valorizando a literatura ¢ outras manifestagdes artistico- culturais como formas de acesso as dimensdes liidicas, de imagindrio < encantamento, reconhecendo o potencial transformador 2 humanizador da experiencia com a literatura. Fonte: BNCC (3018, p87) Das trés competéncias que poderiam encaminhar o aluno a uma educagao literéria, apenas a “c”, equivalente & nona, na lista da BNCC, efetivamente faz referéncia Literatura, destacando a necessidade de uma formagio que promova 0 envolvimento do aluno em priticas de leitura literiria. As outras selecionadas tanto podem se aplicar ao texto literirio quanto a qualquer outra modalidade textual, indistintamente. Volume 23 Numero $$ 106 LINGUAS, Wy, 4 A eISSN: 1981-47: » M Ww. DOK: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS Esse reeorte na competéncia voltada para a formagao do leitor literario informa o camino escolhido pela BNCC: prometer 0 acesso 4 Literatura, mas subtrair dessa area do conhecimento protagonismo no campo das Linguagens, dificultando o cumprimento da promessa, em virtude da diversidade de textos que o componente Lingua Portuguesa precisa promover para a formagao do leitor, tanto no Ensino Fundamental quando no Médio. Devemrse destacar as priticas de linguagem, objetos de conhecimento e habilidades, na area da Lingua Portuguesa, no Ensino Médio para se entender melhor 0 (que ja foi aqui afirmado, A propria BNCC afirma o que acontecerd, em tese, no componente Lingua Portuguesa em relaglo aos géneros textuais. A area deverd abracar um elenco de textos de varios campos do conhecimento, dentre eles, 0 campo literiio. ‘Nao se nega a urgéncia de avesso a todos os géueros textuais, o que se questiona, nesse espago de anilise, é o texto literdrio fazer parte do mesmo projeto de acesso que os demais textos ¢ nao ser a Literatura um componente especifico de estudos, constituindo, assim, o quinto componente curricular da érea das Linguagens. Ao nonmatizar sobre a formacio literéria, a BNCC aponta as habilidades gerais a serem desenvolvidas nos alunos nas séries finais do Ensino Fundamental, as quais podem ser, igualmente, trabalhadas no Ensino Médio: Para tanto, as habilidades, no que tange & formacao literdria, envolvem conhecimentos de géneros narrativos e posticos que podem ser desenvolvidos em fungdio dessa apreciagtio e que dizem respeito, no caso da narrativa literdria, a seus elementos (espaco, tempo, personagens); as escolhas que constituem o estilo nos textos, na configuracdo do tempo e do espaco e na construcdo dos personagens; aos diferentes modos de se contar uma histéria (em primeira ou terceira pessoa, por meio de um narrador personagem, com pleno ou parcial dominio dos acontecimentos); a polifonia propria das harrativas, que oferecem niveis de complexidade a serem explorados em cada ano da escolaridade: ao folego dos textos. No caso da poesia, destacam-se, inicialmente, os efeitos de sentido produzidos por recursos de diferentes namurezas, para depois se alcancar a dimensto imagética, constituida de processos metaféricos ¢ metonimicos muito presentes na linguagem postica, (BRASIL, 2018, p. 138) ‘Nessa normatizagio especifica encontra-se um fio para se localizar a presenga da Literatura na BNCC. A partir das habilidades esperadas é que ela entra em cena, dé-se a revelar, numa espécie de fiat lux sobre a formagao do leitor literério. Volume 23 Numero $$ 107 LINGUAS, 0, 4 A y DOE: 10.5935/1981. Peres . As principais habilidades em relagio & formagio literéria envolvem os seguintes eISSN: 1981-4755 }755.20220031 objetos de conhecimentos: Quadro 3 — Objetos de conhecimento na formaao literiria: 0 campo artistico literério ‘GSneros narrativos e posticos ‘Modos narrativos Polifonia Efeitos de sentido Dimensio imagética Condigies de produgio e recepedo dos textos ‘Apreciagao e réplica Relagao entre textos Recursos linguisticos e semidticos que operam nos textos pertencentes 40s, géneros literatios Oralizagao Produgdo de textos orais Reconstrucdo da textualidade Fonte: Elaborada a partir de Brasil (2018) fal ca) ft fo] > re De posse desses objetos de conhecimento, o aluno desenvolvera habilidades que © tornario leitores literarios. Assim, podemos falar com detalhes das praticas de linguagem, no campo attistico-literario. 6 O CAMPO ARTISTICO-LITERARIO NA BNCC: EIS A LITERATURA! A Literatura tem seu objeto proprio, a obra literiria, fruto da elaboragao refinada de um autor e que sofre, ao longo dos anos, diversas operagdes interpretativas de andlise. campo literario ¢ amplo e fronteirigo, Abraca uma diversidade expressiva de textos literdrios que se enquadram em formas ¢ espécies variadas. Faz fronteira com alguns géneros discursivos e com eles mantém relagGes de intertextualidade Na BNCC, grosso modo, fala-se em campo artistico-literario, colocando-se no mesmo sistema tanto o texto literrio quanto outros tipos de criagdes culturais. Nesse sentido, merece leitura 0 seguinte postulado: LJ. © que esti em jogo neste campo & possibilitar as criancas, adolescentes ¢ jovens dos Anos Finais do Ensino Fundamental 0 contato com as manifestagdes artisticas e produgdes culturais em geral, © com a arte literaria em especial, oferecer as condigdes para ‘Volume 23 Numero 55 108 LINGUAS, 0 qhS eISSN: 1981-4755 W, DOL: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS. que eles possam compreendé-las e frui-les de maneira significativa e, gradativamente, critica. Trata-se, assim, de ampliar e diversificar as priticas relativas leitura, A compreensio, & fruicho e ao compartilhamento das_—manifestagdes__—_attistico-literérias, representativas da diversidade cultural, linguistica e semistica, por meio: = da compreenstio das finalidades, das priticas e dos interesses que movem a esfera artistica e a esfera literdria, bem como das linguagens e midias que dao forma e sustentacao as suas manifestacdes: ~ da experimentacao da arte da literatura como expedientes que permitem (re)conhecer diferentes maneiras de ser, pensar, (re)agir, sentir e, pelo confronto com o que é diverso, desenvolver uma atitude de valorizacdo e de respeito pela diversidade: - do desenvolvimento de habilidades que garantam a compreensio, a apreciaco, a producao € © compartilhamento de textos dos diversos géneros, em diferentes midis, que circulam nas esferas literiria e artistica, [...]. (BRASIL, 2018, p.156 ) Assim, sto postas lado a lado as manifestagdes artisticas/produgdes culturais em geral e a Literatura, Dessa maneira, a Literatura divide espago com as outras manifestagdes culturais fruto do engenho criador de um determinado autor. ‘A pretenstio formadora que se espera disso é que deve ser questionada, Alargou-se tanto o campo de atuacio da Lingua Portuguesa que essa passou a suportar um leque incontavel de géneros textuais e, dificilmente, atingird as metas a ela estabelecidas. A meta, como se vé, é a ampliagao e diversificagao das priticas de leitura, Analisando a pretensio da BNC, a ideia ¢ boa, mas quando se abre o leque da diversidade de géneros textuais a serem contemplados, percebe-se logo que havera certa dificuldade ndo em relagio a ampliagao do acesso, pois o livro diditico de Lingua Portuguesa os contempla parcialmente, mas especialmente 4 compreensao, fruigao € compartilhamento das modalidades textuais, especialmente de textos literiios Um estudo detalhado do livro diditico de Lingua Portuguesa do Ensino Médio poder desenhar de forma pritica como a pretensio de atingir 0 campo artistico-literario esté sendo feita e qual o lugar da Literatura tanto no livro didético quanto nos paradidaticos, assim como é preciso fazer um mapeamento e andlise das habilidades voltadas para o campo attistico-literitio, 7 DO CAMINHO TRILHADO NA BUSCA DO LUGAR DA LITERATURA NA BNCC: CONSIDERAGOES Volume 23 Numero $$ 109 LINGUAS, 0 4 A » eISSN: 1981-4755 W, DOL: 10.5935/1981-4755.20220031 LETRAS. Apresentou-se, neste artigo, uma série de provocagies quando ao espago que a Literatura tem na BNC, de forma a refletir-se sobre a necessidade de ela ter mais visibilidade, dada a sua importancia na area de Linguagens, a fim de que nao seja apresentada como um campo menor dentro da Lingua Portuguesa, Assim, mostraram-se conceitos basilares da Literatura, a pouca evidéncia que ela tem na Base, especificamente nas Competéncias especificas de linguagens para 0 Ensino Médio, 0 que se leva a evidenciar a necessidade de os estudos literdrios figurarem como um quinto componente das Linguagens ¢ nio como uma parte da Lingua Portuguesa. Compreende-se que, malgrado seja possivel estudé-la como subérea, isso ndo é 0 suficiente, uma vez que uma tinica competéncia de Lingua Portuguesa, especifica para a Literatura, ndo da conta de toda a abrangéncia ¢ das especificadas que ela tem na Edueagdo Bisica. Por fim, considera-se que, como nao € mais possivel haver alteragdes no documento ja aprovado, os estados € municipios, durante o processo de elaboragao dos curriculos, devem atentar para todas as necessidades, de modo que as estruturas curriculares nfo fiquem aquém daquilo que é necessirio para a construgio do conhecimento em todas as areas do saber, inclusive na Literatura, REFERENCIAS BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 2018 BRASIL. Coustituigio (1988). Constituigio da Republica Federal do Brasil. Brasilia, DF: Senado Federal, 1988. RASIL. Ministério da Educagio. Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educagao Nacional. Brasilia: MEC, 1996. ECO, U. Sobre a literatura. Tradugio de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro:Best Bolso, 2011 FONSECA, J. J. $. Metodologia da pesquisa cientifiea. Fortaleza: UEC, 2002. GIL, A. C. Métodos e téenicas de pesquisa social. 6. ed. Sao Paulo: Atlas, 2008. KLEINA, C.; RODRIGUES, K. S, B. 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