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Oficina 5. 1495 SOS mcaCalllige Ieitura de pressio do ensaio dilatométrico 4rea lateral do amostrador ‘rea lateral da estaca rea da ponta do amostrador rea da ponta da estaca largura da fundagéo leitura de pressio do ensaio dilatométrico parmetro de poropressao intercepto coesivo Ieitura de pressio do ensaio dilatométrico fator de corregio decorrente da tensio efetiva de sobrecarga piezocone coeficiente de adensamento radial coeficiente de adensamento vertical aigmetro da palheta do vane dilatémetro de Marchetti densidade relativa espessura da camada compressivel miédulo de Young E para 25% da tensdo desviadora maxima energia efetivamente gasta para cravar 0 amostrador no solo médulo dilatométrico ‘médulo de Young nio drenado fator de corregéo da resisténcia de ponta fator de correcdo da resisténcia lateral forca dinamica de reagdo do solo a cravacéo do amostrador orca estatica de reacio do solo & cravagio do amostrador fator de seguranga atrito lateral do cone atrito lateral do cone corrigido ‘médulo cisalhante médulo cisalhante a pequenas deformacies (maximo) recalque de um elemento de fundacao altura da palheta do vane indice de compressao indice de material indice de plasticidade indice de rigidez (6/S,) condutividade hidréulica indice de tensio horizontal coeficiente de empuxo no repouso largura da fundagao limite de liquidez limite de plasticidade Lista de simbolos M Mos m, NA Ne N, Ne Nev Nena Words Norres Noes ocr ata Quy momento aplicado na palheta do vane rédilo oedométrico do dilatdmetro Coeficiente de vatiacio volumétrica solo normalinente adensado fator de capacidade de carga da parcela coesiva fator de capacidade de carga fator de capacidade do cone (com base ema) {ator de capacidade do cone (com base ema) fetor de capacidade de carga daparcela da sobrecarga resistncia & penetragSo do amostrador sr Nor cortigido para uma tensio de referéncia de 100 kPa (1 atm) Neer cotrigido para energiae nivel de tensées "Nor Corrigido para 60% da energia teGrica de queda live resistencia & penetragio estimada do ensaio SPT indice de pré-adensamento perimetro da estaca tensio efetiva média corresio daletura A do dilatSmetro correcio da leitura 8 do dilatsmetro corresio da letura C do dilatsmetro solo pré-adensado carga admissivel da estaca resisténcia de ponta do cone resisténcia lateral daestaca resistencia da ponta da estaca carga de ruptura da estaca resistencia de ponta do cone corrigida rao de cavidade razio de arto (a) covficiente de recalque Gitatometzosfrico sensitividede resisténcia ao csalhamento nfo drenada resisténcia ao cisalhamento nfo drenada amolgada tempo de dissipacio fator tempo poropressbes poropressio medida na ponteire Sales poropresslo medida na base do come poropresséo medida na luva do cone On tensio de pré-adensamento volume da cavidade O,, tensio vertical iniciel velocidade da onda de compressio o tensio vertical (coordenadas cilindricas) vvelocidade da onda cisalhante 7 tensio cisalhante trabalho para cravar o amostrador no solo. desvio de zero do manémetro do ensaio dilatométrico v i v w, a razio de perimetro « coeficiente de célculo de capacidade de carga lateral 8 coeficiente de célculo de capacidade de carga da ponta aA primeira leitura de calibracao do dilatémetro ap segunda leitura de calibragao do dilatémetro ‘EPG, _varlagdo de energia gravitacional do martelo e da haste EPG," energia potencial gravitacional do sistema Ap penetracio permanente do amostrador no solo & deformacao de cavidade 6 deformacao circunferencial «, deformacao radial torcio elistica da haste de aplicacao do torque o Angulo efetivo de atrito interno do solo v peso especifico aparente a nivel de deformagées cisalhantes perdas de energia decorrentes do golpe perdas de energia decorrentes das hastes perdas de energia do sistema Angulo de dilatancia pardmetro adimensional de estado critico em fungdo de C, eC, bu fator de correcio de Bjerrum v coeficiente de Poisson e recalque 5 massa especifica do solo o tensa0 ° tenséo efetiva Cum —_—‘tenso admissivel o resisténcia & compressao simples 6, tensdo horizontal °o, tensdo horizontal efetiva ° tenséo circunferencial °, tenséo radial ov tensio vertical ° tensio vertical efetiva Sumario 1 INvEsTicAGAo crorécnica 1.4 Custos e riscos. - 1.2 Programa de investigacéo.. 1.3 Projeto geot€cnic0 wn 2 SPT (STANDARD PENETRATION TES1)... 2.1 Equipamentos e procedimentos 2.2 Fatores determinantes na medida de SPT. 2.3 Gonceitos de energia no SPT. 24 Correcdes de medidas de N,. 25 Aplicagées dos resultados. 26 Métodos indiretos: parametros geotécnicos.. 2.7 Métodos diretos de projeto... 2.8 Consideragées finais... 3 ENSAlOs DE CONE (CPT) E PrEzoconz (CPTU) 3. Equipamentos e procedimentO8 uu. 3.2 Resultados de ensaios. : 3.3 Estimativa de parametros geotécnicos. 3.4 Projeto de fundacées. 3 Consideracées finais 1g 4 ENSAIO DE PALHETA.. 4.1 Equipamento e procedimentos 4.2 Resultados de ensaios. 4.3 Interpretagtio do ensaio. 44 Fatores de influéncia e corregées... 45 Historia de tensdes, 4.6 Exemplos brasileiros.. 4.7 Consideracées finais 5 ENSAIO PRESSIOMETRICO 5.1 Qualidade do ensaio.... 5.2 Teoria de expansao de cavidade ... 5.3 Interpretacdo dos ensaios..... 54 Consideragées finais 6 ENSAlO DILATOMETRICO 6.1 Procedimento e equipamento.. 6.2 Correcdo dos parametros de leitura.... 9 Ensalos de campo e suas apices & Engenharia de Fundagées 6.3 Fatores de influéncia 165 6.4 Parmetros intermediarios 166 6.5 Interpretacao dos resultados..... 167 6.6 Dilatémetro sismico (SDMT) 175 67 Consideragées finais 176 7 ESTUDO DE CASO8...eessetrn a 379 7.1 Obras em depésitos de argilas moles .... 180 72 Capacidade de carga de estacas 191 7.3 Consideracées finais. 196 Fatores de converséo. 10202 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. 203 InpIcr REmIsstvo. capitulo 4 INVESTIGAGAO GEOTECNICA A. informagéo solicitada nem sempre € a informacio A informagio necesséria nem sempre pode ser obtida. ‘A informagao obtida nem sempre é suficiente. A informagao suficiente nem sempre € economicamente vidvel (Foto: cortesia Got lvestgacio geotécni 1.1 Custos e riscos © ambiente fisico, descrito a partir das condigdes do subsolo, constitui-se em pré-requisito para projetos geotécnicos seguros e econdmicos. No Brasil, © custo envolvido na execugéo de sondagens de reconhecimento normalmente varia entre 0,2% e 0,5% do custo total de obras convencionais, podendo ser mais elevado ‘em obras especiais ou em condigées adversas de subsolo. As informagées geotéc- nicas assim obtidas so indispensaveis & previsdo dos custos fixos associados ao projeto e sua solucao. Quanto aos riscos, aspectos relacionados @ investigacao das caracteristicas do subsolo séo as causas mais frequentes de problemas de fundacées (Milititsky; Consoli; Schnaid, 2006). A experiéncia internacional faz referéncia frequente ao fato de que o conhecimento geotécnico e 0 controle de execugio sao mais importantes para satisfazer aos requisitos fundamentais de um projeto do que a precisao dos modelos de célculo e os coeficientes de seguranga adotados. Ensaios de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagées A pratica americana relatada pelo US Army Corps of Engineers (2001) sugere que: Investigagio geotécnica insuficiente interpretacéo inadequada de resultados contribuem para erros de projeto, atrasos no cronograma executivo, custos asso ciados a alteragées construtivas, necessidade de jazidas adicionais para materiais. de empréstimo, impactos ambientais, gastos em remediegio pés-construtiva, além de risco de colapso da estrutura e litigio subsequente. De forma anloga, a pratica inglesa estabelece que (Welt man; Head, 1983): Investimentos suficientes devem ser alocados para garantir um programa geotéc- nico extensivo, destinado a reduzir custos e minimizar riscos, restringindo a ossibilidade de confrontar o engenheiro com condigdes geotécnicas imprevistas que, frequentemente, resultam em atrasos no contrato, Esses atrasos podem resul- tar em custos elevados, muito superiores aos valores que deveriam ser alocados no programa de investigacéo. Reconhecida a importancia de caracterizar o subsolo e determinar suas caracte- risticas geolégicas, geotécnicas e geomorfolégicas, faz-se necessério estabelecer a abrangéncia do programa de investigacdo, contextualizando-se a aplicabilidade de cada técnica e os parametros de projeto passiveis de obtencao. 1.2 Programa de investigagao Aabrangéncia de uma campanha de investigacdo depende de fatores relacionados as caracteristicas do meio fisico, a complexidade da obra e aos riscos envolvidos, que, combinados, deverio determinar a estratégia adotada no projeto. Orienta- Ses apresentadas por Peck (1969), de categorizar os programas de investigacao em trés métodos, servem de orientagao preliminar: a] Método I: executar uma investigacao geotécnica limitada e adotar uma aborda- gem conservativa no projeto, com altos fatores de seguranga. | Método 11: executar uma investigacdo geotécnica limitada e projetar com reco- mendagies baseadas em pritica regional, ¢] Método Il: executar uma investigagao geotécnica detalhada, Esses conceitos foram incorporades a varias normas internacionais, inclusive no Cédigo Europeu (Eurocode 7, 1997), ao recomendar que a caracterizacéo geotécnica deve ser precedida de uma classificago preliminar da estrutura, dividida em trés categorias: a] Categoria I: estruturas simples e de pequeno porte, nas quais o projeto é basea- do em experiéncia e investigacéo geotécnica qualitativa. bj Categoria 11: estruturas convencionais que nao envolvem riscos excepcionais, em condigées geotécnicas normais e cargas dentro de padrées conhecidos. ¢] Categoria i: estruturas que nao pertencem as categorias Ie If, incluindo estru- turas de grande porte associadas a risco elevado, dificuldades geotécnicas excepcionais, cargas elevadas e eventos s{smicos, entre outros fatores. captulo 1 | Investigacéo geotécnica planejamento de uma campanha de investigagio geotécnica deve ser, portanto, concebido por engenheiro geotécnico experiente, que possa ponderar os custos e as caracterfsticas da obra com base nas complexidades geolégica e geotécnica do local de implantagio. No que se refere & complexidade da obra, consideram-se aspectos ‘como: tamanho, cargas, topografia, escavagées, rebaixamento do nivel freético, obras vizinhas, canalizagées etc. Aspectos geolégico-geotécnicos referem-se A génese do solo; geomorfologia; hidrogeologia; sismicidade; presenca de solo moles, colapsi- veis ou expansivos; ocorréncia de substincias agressivas, cavidades subterrdneas, entre outros fatores, Familiaridade com equipamentos, técnicas e procedimentos de ensaios so também requisitos indispensaveis ao engenheiro responsével pela concepgdo da campanha de investigagio, Independentemente da abordagem, projetos de geotécnicos de qualquer natureza so, em geral, executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem uma definicao satisfatdria da estratigrafia do subsolo e uma estimativa realista das propriedades de comportamento dos materiais envolvidos. Novos e modernos equi- pamentos de investigagio foram introduzidos nas tiltimas décadas, visando ampliar © uso de diferentes tecnologias a diferentes condicdes de subsolo. Alguns equipa- mentos consistem na simples cravacéo de um elemento no terreno, medindo-se sua penetragao, ao passo que outros sao dotados de sensores elétricos para medir gran- dezas como forca e poropresséo, conforme ilustrado na Fig. 1.1. Esta publicagao tem por objetivo descrever apenas as técnicas jé implantadas no Brasil e dispontveis para aplicagdes comerciais. Assim, abordam-se os ensaios SPT, cone, piezocone, pressiémetro, palheta e dilatémetro; discutem-se suas vantagens e limitacdes e apresentam-se as metodologias basicas de interpretacdo. Abordagens empfricas, analiticas e numéricas so utilizadas para interpretar os resultados de ensaios, visando & obtencao de informagées relacionadas ao comportamento tenséo- -deformacao-resisténcia do solo. Um resumo das técnicas de ensaios de campo e suas aplicacées, tais como adota- das na pritica internacional, é apresentado no Quadro 1.1. Referéncias sdo feitas a determinagio de varios parametros, entre os quais: Angulo de atrito interno do solo (p’), resistncia ao cisalhamento nao drenada (S,), médulo de variagéo volumé- trica (m,), médulo cisalhante (G), coeficiente de empuxo no repouso (K,) € razdo de pré-adensamento (OCR). A simples observacdo das informagdes contidas no quadro indica que a escolha do tipo de ensaio deve ser compativel com as caracteristicas do subsolo e as propriedades a serem medidas. Por exemplo, o SPT é particularmente adequado a prospeccao de solos granulares e a previsdo de valores do Angulo de atrito interno, mas nao é utilizado com sucesso na previsio da resisténcia ndo drenada de depésitos de argilas moles. Ensaios de palheta e piezocone devem ser adotados para essa finalidade. Ensaios pressiométricos, de placa e sismicos so as técnicas mais adequadas na determinacao do médulo de deformabilidade dos solos. Esses aspectos so de particular importéncia na concepcao de programas geotécnicos de investi- gagio necessérios & solucdo de problemas de fundagées, contengées e escavacées, entre outros. Note-se, ainda, que campanhas de retirada de amostras indeformadas para a realizagao de ensaios de laboratério, visando a determinacao de parametros 15 Ensaios de campo e suas apicagdes & Engenharia de Fundagdes Fic. 1.1 Ensaios de uso corrente na prtica brasileira QuADRo 1.1 Aplicabilidade © uso de ensaios in sity Parametros Grupo Equipamento rea Perfl ug S, 0, om, K 6 9, OCR o«€ Dinamicos =D Cine Chic aan ace niceee= Mecdnicos ie er eee ee ees Eletrcns (CPT) BoA - CB AB OC B Be B Piezocone(CPTU) AA Re wee ae ke ee Beem ssricos (SCPUSCPTU) A AR A B AB AB B AB AB B OB Diatmetro (OMT) a se Standard PenetatonTest SPT) A Bo - C C B - ~ - C - ¢ = ‘esistidade ieee a eae Prétura (PP) BB - ¢ BC Bc - Bcc C¢ Pressimeto | AUROpEHants (SBP) Be ARR RS BA BA Ae eae Ccone-pressiémetro (FDP) BB - ¢ B Cc c Cc Ac c C Paleta 1 ee SS ae Ensalo de placa c - - G 8 6 8 C C A GC B B Placa eco Cites ear Outs Permeabiidede ice St Aare reese ge TA a uptrahidrdica ae eS eS Sismicos eG ee A - B ‘Aplicablidade: A = alta; B = moderada; C= baba; ~= inexistente Definigo de parémetras: u = porpresséo inst; = &ngul de ato ofetvo; 8, = esistincia ao cisahamentondo denade;O, = densidade relat; m, = mddul de varia vluméticg , = cowicionte de consobdag, K, = coeficiente de empuxo no repous;G, = méduio csalhante a pequenas doformagbes; 0, = tense hariontal OCR = razdo de pré-adensamento; O-e = eacaotensdo- deforma. Fonte: Lune, Robertson e Powell (1887). capitulo | Investigagdo geotécnica =] 7 téncia e deformabilidade, podem ser adotados como procedimentos comple- as investigacdes de campo. ‘Huxograma apresentado na Fig. 1.2 foi elaborado com o objetivo de orientar iro quanto a selegao do tipo de ensaio e a identificacdo das abordagens is para a interpretagao de ensaios de campo. Dada a natureza predominan- investigativa da atividade geotécnica, alguns ensaios so realizados visando Aidentificacdo da estratigrafia do subsolo e dos materiais que compéem as camadas, Essas informagées podem orientar os profissionais envolvidos de planejamento urbano e ambiental, auxiliando na avaliagao de impactos iis decorrentes do crescimento das cidades e na implantacao de parques fais, entre outras aplicacées. Enssios in sity 1 Métodos o andise i 1 Métodos Métodos diretos indietos Interpretagao Interpretacao | empires ou ee semiempiica anaitica numérica "ARENAS ARGILAS Camara de Corelagdo calbracaoe | | comensaios contetuga de reteréncia Métodos Propriedades de cestatistcos compartamento $0.10), PLANEJAMENTO | pRoJeto Fi. 1.2 Interpretagio de Lfeen | ensaos de campo ‘outro lado, a anilise dos resultados com vistas a um projeto geotéc- sespecifico pode ser realizada segundo duas abordagens distintas: Métodos diretos: de natureza empfrica ou semiempirica, tém fundamentacao estatistica, a partir da qual as medidas de ensaio sao correlacionadas dire- tamente ao desempenho de obras geotécnicas. O SPT constitui-se no mais ‘onhecido exemplo brasileiro de uso de métodos diretos de previsao, aplicado tanto estimativa de recalques quanto a capacidade de carga de fundagées. ‘Métodos indiretos: 08 resultados de ensaios so aplicados & previsao de proprieda- des constitutivas de solos, possibilitando a adocao de conceitos e formulagdes Co ¢ Ensaios de campo e suas apicagdes & Engenharia de Fundagées classicas de Mecnica dos Solos como abordagem de projeto. Por exemplo, nos ensaios de palheta e pressiométricos, so assumidas algumas simplificacdes passiveis de interpretacao analitica; a cravacao de um cone em depésitos argi- losos pode ser interpretada por meio de abordagens numéricas (p. ex., Baligh, 1986; Houlsby; Teh, 1988). A escolha da abordagem (direta ou indireta) depende da técnica de ensaio utili- zada, do tipo de solo investigado, de normas e cédigos especificos, bem como de préticas regionais. Em geral, o uso de uma abordagem semiempfrica, em detrimento de um método racional de anélise, reflete a dificuldade em modelar as complexas condigdes de contorno decorrentes do processo de penetracao e carregamento do ensaio. Cabe ao engenheiro definir, para o atual estado do conhecimento, qual 0 procedimento de anélise mais apropriado. Nesta obra, recomenda-se apenas 0 uso de métodos consagrados, ou seja, métodos de consenso de especialistas brasileiros e internacionais, cujo detalhamento sera objeto de avaliagao nos préximos capitulos. 1.3 Projeto geotécnico Em decorréncia da diversidade de equipamentos e procedimentos disponiveis no mercado brasileiro, o estabelecimento de um plano racional de investigacio cons- titui-se na etapa critica de projeto. Conhecimento, experiéncia, normas e préticas regionais devem ser considerados durante o processo de “julgamento geotécnico” de selecdo dos critérios necessérios A solucao do problema. As recomendacoes quanto &s etapas que compdem um plano de investigacdo racional sao listadas a seguir. 1.3.1 Projeto conoeitual Alternativas e necessidades destinadas a produzir solugdes de engenharia vidveis técnica e economicamente sao atributos de um projeto conceitual. Constitui-se no primeiro passo do projeto, no qual se definem os principios envolvidos com base em pressupostos técnicos e legais Aescolha da solucdo adequada para a execucao de um projeto deve ser apoiada em informagées preliminares baseadas em: = levantamento de escritério para reconhecimento hidrogeol6gico e geotécnico da area; m sondagens geotécnicas esparsas para a caracterizacao do subsolo. Atomada de decisées, entre as alternativas possfveis, é realizada segundo critérios de maior eficincia, menor risco ou menor custo. Naturalmente, essas informagdes so preliminares e deverao ser refinadas, nas etapas de Projeto Basico e Executivo, por meio de programas de investigacéo complementares. 1.3.2 Projeto basico © projeto basico (ou anteprojeto) consiste em um conjunto de elementos neces- sérios e suficientes, com nivel de precisdo adequado, para caracterizar a obra ou capitulo 1 | Investigagao geotéenica elaborado com base nas indicacdes dos estudos técnicos preliminares, dos a assegurar a viabilidade técnica do empreendimento e seu adequa- lento ambiental, bem como possibilitar a avaliagio do custo da obra e o dos métodos e do prazo de execugio. Implica o desenvolvimento de técnica concebida na fase de projeto conceitual, de forma a fornecer uma global da obra e a identificar todos os seus elementos construtivos. srequisito fundamental, projeto basico deve caracterizar todas as unidades am o meio fisico e as propriedades do subsolo dessas unidades, compa- is, fundacdes submetidas a grandes carregamentos, existéncia de obras ides e escavacies, entre outras. el de abrangéncia do programa de investigacdo deve ser definido em fun teristicas da superestrutura e das condigdes do subsolo. Em estruturas is (Categorias 1 II do Eurocode 7), quando da ocorréncia de solos resis- estaveis, néo hé necessidade de estudos geotécnicos mais elaborados, mas informacées rotineiras de ensaios SPT ou CPT. Na ocorréncia de solos eis, de baixa resisténcia, a solucdo deve ser produzida com base em infor- diferentes técnicas de ensaio, visando caracterizar de forma adequada e tativa as caracteristicas do solo. do a NBR 1272/1992, o projeto executivo consiste na orientaco para anélise, @ € indicactio de métodos de execucao dos servicos relacionados & Mécani- Solos e obras de terra, incluindo desmonte e escavacio, rebaixamento do ico, aterros, estabilidade de taludes naturais, estruturas de contengdes e gens, drenagem superficial e profunda, e injegdes no terreno. Na engenha- fundagées, inclui a escolha do tipo de fundacao, cota de assentamento (caso aco rasa ou especial), comprimento dos elementos (caso de fundacéo da ou especial), taxas e cargas admissiveis pelo terreno para a fundacao. ide projeto executivo, a programacéo de sondagens deve satisfazer a exigén- simas que garantam o reconhecimento detalhado das condicdes do subsolo. "especificas devem ser observadas para projetos de diferentes naturezas. Por @ Norma Brasileira NBR 8036/1983 regulamenta as recomendacées quanto ero, localizagio ¢ profundidade de sondagens de simples reconhecimento. ‘consideracées sio reproduzidas neste livro, buscando assegurar a realizacao dios como procedimento minimo a ser adotado em projetos correntes. mero de sondagens e sua localizacao em planta dependem do tipo de estru- gS caracteristicas especificas do subsolo, devendo ser alocadas de forma a jica e economicamente o problema em estudo. As sondagens devem ser, mo, uma para cada 200 m? de drea da projecao do edificio em planta, até ide rea. Entre 1.200 m* e 2.400 m?, deve-se fazer uma sondagem para cada e excederem aos 1,200 m’. Acima de 2.400 m?, o niimero de sondagens deve 9 de acordo com a construgio, satisfazendo ao mimero minimo de: (a) duas ens para area de projecdo em planta do edificio até 200 me (b) trés para érea 19 20 Tap. 1 Fatores Monumental Permanente Temporéria Ensaios de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagées entre 200 m? e 400 m?. Em casos de estudos de viabilidade ou de escolha do local, 0 ntimero de sondagens deve ser fixado de forma que a distancia maxima entre elas seja de 100 m, com um minimo de trés sondagens. A profundidade atingida nas sondagens deve assegurar o reconhecimento das caracteristicas do solo solicitado pelos elementos de fundacées, fixando-se como critério a profundidade na qual o acréscimo de pressao no solo, em decorréncia das cargas aplicadas, seja menor que 10% da pressao geostética efetiva (para nogdes basi cas de distribuigdo de tensdes no solo, ver, p. ex., Poulos e Davis, 1974a; Barata, 1984), No caso de ocorréncia de rochas a pequena profundidade, é desejavel que alguns furos cheguem a tal profundidade. Portanto, nem sempre é recomendavel e economicamente viével determinar todas essas informacées ambientais em uma tinica etapa, mas subdividir a campa- nha de investigacdo em trés fases distintas: (a) investigagdo preliminar, que visa buscar elementos para a elaboracéo do projeto basico (ou anteprojeto) e orientar investigacdes complementares; (b) investigacdo complementar, que tem como objetivo determinar os parametros constitutivos necessérios ao dimensionamento da obra; © (©) investigacdo de verificagdo, para confirmar as premissas adotadas em projeto (fase normalmente executada durante a etapa construtiva e associada a uma campanha Ge instrumentagio) ‘A abrangéncia das informagées obtidas determina os fatores de seguranca adotados em projeto, estabelecidos com o objetivo de compatibilizar os métodos de dimensionamento com as incertezas decorrentes (a) das hipéteses simplificadoras adotadas nos cdlculos, (b) da estimativa das cargas permanentes e acidentais de projeto, e (c) da previsao de propriedades mecénicas de comportamento do solo. Um programa de investigactio bem concebido, que resulte na avaliacdo precisa dos parmetros constitutivos do solo, pode resultar na otimizagao da relacdo custo/ beneficio da obra. O impacto econémico pode ser avaliado a partir da proposictio de Wright (1968), que condiciona a magnitude do fator de seguranca ao tipo de obra (magnitude do carregamento e possibilidade de ocorréncia de cargas maximas) e a0 grau de exploragio do subsolo (Tab. 1.1). Como orientago, obras monumentais so aquelas em que a carga maxima ocorre com frequéncia (p. ex, silos, pontes ferro- vidrias, barragens), em que o colapso pode produzir dano ambiental severo (p. ex., reservat6rios de combustiveis, barragens), ou, ainda, aquelas que constituem servi- gos urbanos indispenséveis populacdo (p. ex. hospitais, estagdes de transporte piiblico, portos, aeroportos). Obras permanentes referem-se a estruturas convencio- nais, como edificagdes e obras de infraestrutura em geral. Abordagem semelhante proposta por Vésic (1975) classifica as obras por categorias em fungao do tipo de estrutura e recomenda a adocao de fatores de de soguranga conforme wright 106) S*B4UFANGa de acordo com o nivel de exploracio do isslgseaelniesagaegen swosolo (Tab. 1.2). A racionalidade dessas propos- tas consiste em reconhecer que, quanto mais extensivo o programa de investigacao, menores as incertezas de projeto e menor o fator de segu- ranga adotado. 35 28 23 23 19) WT. . . . capitio 1 | Investigagdo geotécnica Tas. 1.2 Fatores de seguranga conforme Vésic (1975) 25 Carga maxi de projet oo sc ances A [faqurenencoeeasiess | tyrmuacsscesrre | “ desatroses— coen80 jp | semaine ocoreccsionaimente; | Portes doves pbens as ae cansequcis sérias e ndustris i i ‘¢ _| Carga mama de projet ocrerarament_| Ecos de esr e resides 20 30 Essa mesma filosofia é observada nas normas brasileiras, cujas recomendacies devem ser adotadas em qualquer projeto geotécnico (NBR 6497/1983; NBR 8036/1983; ‘NBR 6484/2001; NBR 6122/2010). A Norma Brasileira de Fundagdes, ao discutir fatores de seguranca parciais, estabelece que o célculo da resisténcia caracteristica de esta- cas, por meio de métodos semiempiricos baseados em ensaios de campo, poder ser determinado pela expresso: Rep = Min (Rca Elan /& oo onde Ry @ a resisténcia caracteristica; (Realm € @ resisténcia caracteristica calculada com base em valores médios dos pardmetros; (R.a)nis € @ resisténcia caracteristica calculada com base em valores minimos dos parametros; e Ee 6 sio fatores de minoragdo da resisténcia (Tab. 1.3), cujos valores poderao ser multi- plicados por 0,9 no caso de execugdo de ensaios complementares a sondagem a percussio. Aplicados os fatores da Tab. 1.3, deverd ser empregado um fator de seguranca global de, no minimo, 1,4 para determinar a carga admissivel. ‘Tan. 1.3Valors dos fatores &, @ para determinagdo de valores caracteristoos das resisténcias calculadas por métodos semiempircos baseados em ensalos de campo gz 142 135 133 131 123 1a 125 & 142 127 1.28 120 115 133 wat ‘N= nero de pets de ensaos por reid representative do terreno Fonte: NBR 6122 ABNT, 2010, capitulo 2 SPT (STANDARD PENETRATION TEST) [Nem o equipamento nem os procedimentas de escavacdo ‘Joram: completamente padronizados a nivel internacio- ral no ensaio SPT. As diferencas existentes podem ser parcialmentejustfcadas pelo nivel de desenvolvimento € investimentos de cada pais. Porém, mais importante sii as adaptagées das ténicas de escavagio ts diferen- tes condigdes de subsolo. (ireland; Moretto; Vargas, 1970) Equipment de sondagem mecanizad (ortsle Boart Longyea) O Standard Penetration Test (SPT) é, reconhecidamente, a mais popular, rotinei- tae econémica ferramenta de investigacio geotécnica em praticamente todo 0 mundo. Ele serve como indicativo da densidade de solos granulares e é aplicado também na identificacdo da consisténcia de solos coesivos, e mesmo de rochas, brandas. Métodos rotineiros de projeto de fundacées diretas e profundas usam sistematicamente os resultados de SPT, especialmente no Brasil. © ensaio SPT constitui-se em uma medida de resisténcia dinamica conjugada a sondagem de simples reconhecimento. A perfuragéo é obtida por tradagem e sulacéo de Agua, utilizando-se um trépano de lavagem como ferramenta de esca- 24 Ensaios de campo e suas aplcagdes & Engenharia de Fundagies vacéo. Amostras representativas do solo so coletadas a cada metro de profundidade por meio de amostrador padrao com diametro externo de 50 mm. O procedimento de ensaio consiste na cravacao do amostrador no fundo de uma escavacao (revestida ou no), usando-se a queda de peso de 65 kg de uma altura de 750 mm (Figs. 2.1 a 2.3). O valor Ng; € 0 nlimero de golpes necessérios para fazer o amostrador penetrar 300 mm, apés uma cravagio inicial de 150 mm. As vantagens desse ensaio com relacdo aos demais sdo: simplicidade do equi- pamento, baixo custo e obtencao de um valor numérico de ensaio que pode ser relacionado por meio de propostas nao sofisticadas, mas diretas, com regras empi ricas de projeto. Apesar das criticas pertinentes que so continuamente feitas & diversidade de procedimentos utilizados para a execucéo do ensaio e & pouca racio- nalidade de alguns dos métodos de uso e interpretacio, esse é o proceso dominante ainda utilizado na pratica de Engenharia de Fundagées. 0 objetivo deste capitulo ¢ apresentar os aspectos relevantes & andlise do ensaio SPT e suas limitagées a luz dos conhecimentos recentes, com o objetivo de esclare- cer 08 usudrios com relacao aos cuidados no uso e na interpretacdo dos resultados, além de aumentar 0 conhecimento sobre técnicas modernas, considerando a pratica brasileira, incluindo conceitos de energia, 2.1 Equipamentos e procedimentos Anormalizagao do ensaio SPT foi introduzida em 1958 pela Americam Society for ‘Testing and Materials (ASTM), existindo atualmente diversas normas nacionais ¢ um padrao internacional adotado como referéncia: International Reference Test Proce- dure (IRTP/ISSMFE, 19880). 0 Brasil tem normalizagio especifica, a NBR 6484/2001, sendo habitual na América do Sul 0 uso da normalizacéo norte-americana ASTM 1D1586/1967. Entretanto, nao é incomum o uso regional de procedimentos nao padronizados e de equipamentos diferentes do padréo internacional. A seguir so apresentados os principais equipamentos procedimentos recomen- dados na execugio do ensaio SPT. 1.1 Equipamentos (Os equipamentos que compéem um sistema de sondagem SPT séo compostos basicamente por seis partes distintas: (a) amostrador; (b) hastes; (c) martelo; (d) torre ou tripé de sondagem; (e) cabeca de bater; (f) conjunto de perfuracao (Fig. 2.1). a] Amostrador © amostrador utilizado na execugéo da sondagem é constituido de trés partes distintas: cabeca, corpo e sapata (Fig. 2.2). A cabeca do amostrador possui uma valvula de esfera e um orificio de drenagem que permite a saida da égua de dentro das hastes e a consequente retencio da amostra de solo dentro do amostrador. Esse conjunto de valvula e dreno deve ser frequentemente inspecionado e limpo, para garantir seu perfeito funcionamento. 0 corpo do amostrador é formado por um tubo bipartido (Fig. 2.2), que permite a inspecio tatil e visual das amostras. O corpo eo bico devem ser periodicamente inspecionados e substituides sempre que for detectado algum desgaste ou empenamento. Bicos amostradores defeituo- capituio 2 sos alteram substancialmente o resultado, pois dificultam a penetragéo do solo no amostrador. A amostra coletada no corpo do amostrador deve ser acondicionada em recipiente hermético @ enviada ao laboratério para a classificacao da granulometria, cor, presenca de matéria orgini- ca e origem. Essa etapa de classificagéio deve ser efetuada por gedlogo ou engenheiro geotécnico. De acordo com a NBR 6484/2001, o amostrador possui dimensdes definidas, nao havendo tole- rancias previstas na prética brasileira. Contudo, chamam a atengéo as dificuldades de transposi- do de experiéncias no ambito do Mercosul, pois, no Uruguai, nao é usual a realizagao do SPT, ena Argentina, 0 padro local é utilizar 0 amostrador de “Moreto” (Moreto, 1963). Os paises que seguem a norma ASTM utilizam amostradores com um rebaixo interno, o que facilita a penetracéo do solo, influenciando os registros de cravagio. bj Hastes As hastes nada mais séo que tubos mecéni- cos providos de roscas em suas extremidades, permitindo a ligacdo entre elas por meio do uso de um elemento de conexo (luva ou nipel). De acordo com a NBR 6484/2001, as hastes devem possuir 3,23 kg por metro linear. A ASTM 1586/1999, por sua vez, permite o uso de hastes mais robustas, com massa por unida- de de comprimento de 5,96 kg/m até 11,8 kg/m (padrao “A” até “N", respectivamente). As hastes devem ser lineares ¢, ao apresentar desgastes nas roscas ou empenamento, ser substitufdas. Hastes empenadas podem trans- ferir parte da energia fornecida pelo golpe do martelo para a parede da perfuragio, o que vai exigir um maior nimero de golpes para a cravagéo do amostrador. ¢] Martelo 3 SPT (Standard Penetration Test) 25 Fic. 2.1 Equipamento de sondagem O martelo, constitufdo de ago, com massa de 65 kg (NBR 6484/2001) ou de 63,5 + 1 kg (ASTM D1586/1998), é 0 elemento que aplica o golpe sobre a composicao (cabeca de bater, haste, amostrador). Trata-se do elemento que apresenta maior diversidade de configuragées, tanto nacional como internacionalmente. A norma NBR 6484/2001 Ensaios de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagées define as dimensées e a geometria do martelo, assim como o uso de um coxim de madeira na sua parte inferior, no seu ponto de impacto sobre a cabeca de bater. @ Amosrador tga etecraso Compo 5 @ | rem Fic. 2.2 Amostrador pada “Raymond” Fonte: NBR 6484 (ABNT, 2007) As configuragdes adotadas na pratica de engenharia séo ilustradas na Fig. 23, havendo martelos sem controle de altura de queda (A, B, C, D, E) e com controle de altura de queda (F, G, H, I,J). Neste diltimo grupo, hé os sistemas de gatilho (F, G, H, I)e os martelos automiéticos ()). Os martelos de gatilho podem ser elevados manualmen- te ou por meio de guincho autopropelido. Os martelos automiéticos, além da altura de queda controlada, promovem a elevacéo da massa automaticamente, com o auxi- lio de motores hidréulicos, proporcionando melhor controle e reprodutibilidade de procedimento, 4d] Cabeca de bater Accabeca de bater é um elemento cilindrico de ago macigo que tem por finalidade promover a transferéncia da energia do golpe do martelo para a haste. De acordo com a NBR 6484/2001, ela é constitufda por tarugo de aco de 83 + 5 mm de diéme- tro, 90 +S mm de altura e massa nominal de 3,5 kga 4,5 kg. A ASTM nio especifica a massa ou os dados geométricos da cabeca de bater, porém exige o seu uso. ¢] Sistema de perfuragio Os equipamentos normalmente usados para a abertura do furo de sondagem séo os trados manuais, com destaque para aqueles de tipo helicoidal e tipo concha, além do trépano ou faca de lavagem. capituo 2 | SPT (Standard Penetration Test) s 4 ' 4 A arte ipo pn gua sin ao 8 rar azdo sin ao ¢ aro vazdo ro im D arto azo lo im E say ar rio 1 F area com gatino ro sin 6 area com gatino ro sim 4 area com gatino ro im 1 area com gatibo ro sim 3 mare autonaio lo im Fic. 2.3 Tipos de martelo No sistema mecanizado, a perfuragao é executada com a introdugao de um tubo com um helicoide na sua parte externa, denominado tubo hollow auger, o qual, além de facilitar a perfuracio, promove o revestimento do furo de sondagem, facilitando a operacdo em solos nao coesivos ou nao cimentados. 2.2.2 Procedimentos Quanto aos procedimentos de ensaio, destacam-se (a) a execucao do ensaio, (b) 0 procedimento de perfuracdo e (c) a forma de elevagio e liberaco do martelo. 27 ? Ensaios de campo e suas apicagdes & Engenharia de Fundagées a] Execugio do ensaio SPT ‘Com o amostrador devidamente posicionado no fundo da perfuracao, na profun- didade de ensaio, coloca-se cuidadosamente 0 martelo sobre a cabeca de bater (conectada & composicéo da haste) e mede-se a penetragdo da composicéo decorrente do peso proprio do martelo, Caso esse valor seja representativo, ele € registrado na folha de ensaio (p. ex., P/32~ peso para 32 cm de penetragio perma- nente}. Caso nao haja penetracdo, marcam-se sobre a haste trés segmentos de 15m cada um e inicia-se a cravacio, contando-se 0 niimero de golpes neces- sérios para a cravagéo de cada segmento (p. ex., 5/15, 7/15 e 9/15). Como nem. sempre é possivel obter um mimero exato de golpes para cada 15 cm de penetra- cao, recomenda-se anotar o valor efetivamente aplicado (p. ex., 5/14, 7/16 e 9/15). 0 niimero de golpes Nir; utilizado nos projetos de engenharia é a soma dos valores, correspondentes aos tiltimos 30 cm de penetracéo do amostrador. Adicionalmente, apresenta-se 0 mimero de golpes para a penetracéo dos 30 cm iniciais. Diferengas elevadas no mimero de golpes referentes aos primeiros e aos tilti- mos 30 cm poderdo indicar amolgamento do solo ou deficiéncia na limpeza do fundo do furo de sondagem. Hé, ainda, duas representagdes adicionais: quando o solo é mole ou muito resisten- te. No primeiro caso, pode-se, com um tinico golpe, penetrar além dos 15 cm iniciais, registrando-se o mimero de golpes com a penetragao correspondente (p. ex., 1/45 - 45 cm de penetragio para um golpe). Em solos muito resistentes, por sua vez, pode ser necessario um mimero superior a 30 golpes para a penetracao dos 15 cm. Nesse caso, registra-se o ntimero de golpes efetivamente executados com a respectiva penetragao (p. ex., 30/10 - 30 golpes para 10 cin de penetragfo). Limita-se o niimero de golpes para evitar danos as roscas e & linearidade das hastes b] Perfuracao Nao hé um procedimento tinico de perfuragéo. A depender das condicdes do subsolo e do sistema de perfuracao utilizado, procedimentos ¢ equipamentos distintos podem ser empregados. Perfuragdo manual acima no nivel freatico deve ser executada com trados helicoi- dais. Abaixo do nivel freético, prossegue-se com sistema de circulacao de 4gua, bombeada pelo interior das hastes até a extremidade inferior do furo, na cota onde se posiciona o trépano para a desintegracao do solo. No caso de equipa- mentos mecanizados, a perfuracao é realizada com tubo hollow auger, munido de conexées que permite a sua extensao & cota de ensaio (Fig. 2.4) Independentemente do procedimento, devem-se tomar cuidados especiais para evitar o amolgamento do solo na cota de ensaio e garantir a remogio do solo esca- vado no fundo da perfuracao. No caso de dificuldades para manter o furo aberto, deve-se proceder & perfuracao com o uso de tubo de revestimento ou algum tipo de estabilizante (lama bentonitica ou polimero) Quanto ao diametro da perfurago, a NBR 6484/2001 recomenda 73 cm (2%4"); a ASTM, porém, permite a adoco de diémetros superiores, captuio 2 | SPT (Standard Penetration Test) 29 ®) lntalagdo do rvestinento ® (Foto: cortesia Damasco Penna) @® conexso do tubo Fi. 2.4 Revestimento holow auger J Elevacdo e liberacao do martelo A elevaco do martelo pode ser realizada de forma manual ou mecanizada. No primeiro caso, 0 martelo é icado pelos operadores, auxiliados ou nao pelo uso do saritho. Nos sistemas mecanizados, por sua vez, 0 martelo é elevado por um guincho autopropelide 2.1.3 SPTT Aaassociagao do torque com a sondagem de simples reconhecimento é denomina- da SPT-T (Ranzini, 1988). 0 torque é aplicado na parte superior da composicao da haste, de modo a rotacionar o amostrador previamente cravado no terreno. Essa medida, obtida com 0 auxilio de um torquimetro, tem como objetivo principal fornecer um dado adicional a resisténcia a penetragao, Um esquema do ensaio é ilustrado na Fig. 25 sua interpretacio, definida pela Eq, 2.1, permite a determinagao do atrito ou adesao amostrador-solo. T 0 ae (2.1) (@O53-h-17,40) a onde F, = atrito lateral ou adesao (kg/em’}; T = torque Torquimetro kgfcm; e h = penetracio do amostrador no solo. Essa tador medida de atrito lateral (ou torque) pode ser util na determinagao das caracteristicas fisicas do perfil do subsolo. 2. rt 4 Apresentagao dos resultados we Os resultados sio apresentados em planilha padrao, na qual so descritas as caracteristicas do solo, 0 mimero de golpes necessérios para a penetracao do 1 amostrador a cada profundidade, a profundidade do nivel freético, a posicdo e a cota do furo. £ recomen- Fr. 2.5 Instalagé do torquimetro Ensaio de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagées dacio dos autores que os perfis venham acrescidos de fotos digitais das amostras coletadas no amostrador. Adicionalmente, recomenda-se retirar cerca de 10 g de solo para a determinagao do teor de umidade, sendo o restante utilizado para a determinagao da porcentagem de finos (passante na peneira #200: 0,075 mm de abertura). Em casos especiais, sugere-se também a determinagao da porcentagem de matéria organica, cloretos e sulfetos. Um exemplo de perfil tipico de sondagem 6 apresentado no Cap. 7. 2.2 Fatores determinantes na medida de SPT Existem diferentes técnicas de perfuracao, equipamento e procedimento deensaio nos diversos paises, em decorréncia de fatores locais e do grau de desenvolvi- mento tecnol6gico do setor. Isso resulta em desuniformidade de significincia dos resultados obtidos. As principais diferencas referem-se a fatores como método de perfuracio, fluido estabilizante, didmetro do furo, mecanismo de levantamento e liberacéo de queda do martelo, rigidez das hastes, geometria do amostrador ¢ método de cravagio, Além desses fatores, tem-se a influéncia marcante das caracteristicas e condigdes do solo nas medidas de SPT. Uma revisio completa sobre o atual estado do conhecimento pode ser encontrada em Skempton (1986), Clayton (1993) e Schnaid (2009), e consideracdes sobre a realidade sul-americana, em Milititsky e Schnaid (1995). Na pratica de engenharia, existe voz corrente sobre as questées relativas a “ensaios bem ou malfeitos’, empresas idéneas (fraudes), mé pratica e vicios executivos, entre outras. Os itens a seguir tratam somente dos aspectos que influenciam os resulta- dos de ensaios realizados segundo recomendacdes de normas e da boa pratica de engenharia, Serdo indicados os fatores que explicam por que, no mesmo local, duas sondagens realizadas segundo a técnica recomendada podem resultar em valores desiguais, considerando-se, por exemplo, a técnica de escavagao, o equipamento e 0 procedimento de ensaio empregados. Desses fatores, certamente os relacionados & técnica de escavacio so os mais importantes, com destaque para o método de estabilizacao: (a) perfuracdo revesti- da e néo preenchida totalmente com gua; (b) uso de bentonita; (c) revestimento cravado além do limite de cravagio; (d) ensaio executado dentro da regido revestida, Existem intimeras publicagdes com o registro quantitativo da variacdo de desem- penho do ensaio em decorréncia dos procedimentos utilizados, incluindo a técnica de escavagio (Sutherland, 1963; Begemann; De Leew, 1979; Skempton, 1986; Mallard, 11983), 0 que reforca a necessidade de utilizacao de procedimentos padronizados. ‘A questo da influéncia do equipamento relaciona-se com a energia transferida 20 amostrador no processo de cravacdo. O trabalho basico nesse tépico foi apresenta- do por Schmertmann e Palacios (1979), seguindo-se por extensa bibliografia (Serota; Lowther, 1973; Kovacs; Salamone, 1982, 1984; Seed et al., 1985; Skempton, 1986). A realidade brasileira pode ser aferida a partir do trabalho pioneiro de Belincanta (1998), Podem-se descrever os seguintes aspectos de equipamento como influenciadores nos resultados: (a) martelo - energia transferida pelos diferentes mecanismos de levanta- mento e liberacio para queda, massa do martelo e uso de cepo de madeira no martelo; capitulo 2 | SPT (Standard Penetration Test) 3 1 (0) hastes - peso e rigidez, comprimento, perda de energia nos acoplamentos; (c) amos- trador - integridade da sapata cortante, uso de valvula, uso de revestimento pléstico interno (prética americana). A tendéncia moderna recomenda a medida de energia para cada pratica, sendo a norma NBR 6484/2001 indicada para tal finalidade. ‘Além da influéncia do equipamento, devem-se reconhecer os efeitos da influéncia das condigdes do solo na resistncia penetracdo. Quando o amostrador é impelido para dentro do solo, sua penetracdo é resistida pelo atrito nas superficies externas € internas © na sua base. Gomo resultado, a massa de solo nas proximidades do amostrador é afetada por solicitacao decorrente da energia de choque do martelo, transmitida através das hastes. Gera-se um excesso de pressdes neutras, cuja dissi- aco é decorrente da permeabilidade do material testado. Como o comportamento dos solos depende da trajetéria de tenses e do nivel de deformagao a que so submetidos, teoricamente o ensaio de campo ideal deveria impor um caminho de tensdes e nivel de deformacoes uniforme em toda a massa envolvida no processo, complementado por condicéo perfeitamente nao drenada ou de total dissipaco da pressao neutra, Nem 0 SPT nem outros ensaios de campo satisfazem completamente essas condicdes. Na rotina, os engenheiros sempre prefe- rem utilizar os ensaios que efetivamente funcionem em quase todas as condicdes de subsolo e determinem indices (ou indicadores) ou informagdes que nao podem ser obtidos de forma mais econémica ou simples por outros processos. © Quadro 2.1 apresenta uma compilagéo de todos os fatores conhecidos que afetam a penetracéo em solos granulares e seus efeitos. Em solos coesivos, a resisténcia 4 penetracéo é, reconhecidamente, funcdo da tesisténcia no drenada (S,). Os fatores que controlam a resisténcia sdo a plasti- cidade, a sensibilidade e a fissuracéo da argila, motivo pelo qual existem relacdes diferentes entre S, ¢ N,», na literatura. Além desses aspectos, deve-se levar em conta QuApRo 2.1 Infiuéncia das propriedades de solos ernie na resisténcia a penetragao Reterincias “Terzagie Peck 1967) ise Hot (857), ee so ones care Cleo Bepanoualy (1872) z Aumenta do tamanto mésio aumentaa resistencia Schitae eMnzenback 6); DI 4084 Cayton & penetrao Dikran (1982; Skempon (1986) , Si nti in ir Ly, Wormidade eneagdo. i M ‘Sos fos densoslatame aumentam arsistinca; Terzahi Peck (1967); Bazaraa (1967); De Mato Sols fins mito fos podem lavtazer no ensaio (1971); Rodin tl. (187); Clayton e Okan (982) ‘Tamanho médio da particula Dv 4094 - Parte 2 olkove 1983} Cato, ‘Skempton (1988); Barton, Cooper ePaimer (18% amiokowsk tal. (1988) e /Aumento da idade do depésito aumenta a ressténcla Ensaios de campo e suas aplicagSes& Engenharia de Fundagies| que a resisténcia nao drenada nao é uma propriedade do solo, pois depende da traje- téria de tensdes e, consequentemente, do ensaio utilizado para a sua determinacao. Em rochas brandas, o SPT pode ser utilizado para a identificagao de propriedades de rochas brandas, influenciadas pela resisténcia da rocha intacta, porosidade da rocha, espagamento, abertura e preenchimento das fissuras, além dos fatores deriva- dos do método de ensaio, especialmente a presenga de agua no processo. 2.3 Conceitos de energia no SPT ‘Modernamente, uma parte importante da variabilidade observada nos resulta- dos de ensaios SPT pode ser compreendida e interpretada com base na energia fornecida pelo golpe do martelo sobre a composigéo de haste. Como um corpo em repouso ou em movimento possui determinada quantidade de energia, e essa energia permanece inalterada ao longo do tempo (conforme postulado pelo Princi- pio da Conservaciio de Energia, também conhecido como Principio de Hamilton; p. ex., Aoki e Cintra, 2000), quando um corpo sofre um deslocamento ou uma acelera- cdo em um dado intervalo de tempo, a energia total no inicio e no final do proceso deveré ser a mesma. Nesse balanco, é necessario considerar as forcas nao conser- vativas decorrentes de perdas por atritos, aquecimento, flexao de hastes etc. No acaso do SPT, esses principios podem ser aplicados a dois instantes bem defi- nidos: quando 0 martelo est posicionado a uma altura de 75 cm acima da cabeca de ater (t, = 0) ¢ 20 final do processo de cravagio do amostrador (t, ~ 0). Nesse inter- valo de tempo, a energia total deveré permanecer constante, conforme ilustrado na Fig. 2.6. No instante t,, 0 centro de massa do martelo esta posicionado a uma altura H,,. € 0 centro de massa da haste, a uma altura H,, em relago a um referencial fixo e externo ao sistema. No instante t,, por sua vez, o centro de massa do martelo est posicionado a uma altura H,,) € 0 centro de massa da haste, a uma altura Ha, em relacéio a0 mesmo referencial. A energia potencial gravitacional (EPG) pode ser deter- minada nos instantes t, e t, multiplicando-se a massa de cada um dos componentes do sistema pelas respectivas alturas. A variacdo ou diferenca de energia gravitacio- nal do martelo e da haste (AEPG,,,,) entre esses dois instantes é dada pela equacio: AEPGyon= (H+ B9)Mng + BOM @2) onde Ap é a penetracao permanente do amostrador no solo; g, a aceleragio da gravidade; M,,, a massa do martelo; e M,, a massa da haste. A diferenca de energie (Eq. 2.2) é consumida na cravagao do amostrador no solo, sem consideracao espe- cifica das perdas decorrentes de forcas nao conservativas inerentes ao proceso de cravagio. A partir da instrumentagéo por acelerémetros e células de carga, € possivel avaliar essas perdas, identificando-se as contribuigées da geometria do martelo, hastes, amostrador, sistema de elevacdo e liberacdo do martelo, atritos do cabo com a roldana, atritos da haste na parede do furo de sondagem etc. (p. ex., Skempton, 1986; Belincanta, 1998; Cavalcante, 2002; Odebrecht , 2003). Odebrecht (2003) e Odebrecht ceptulo 2 | SPT (Standard Penetration Test) 3 @ Fic. 2.6 Ensaio de penetracdo nos instantes Inca e final de cravacéo ‘etal. (2004) avaliaram essas perdas para o caso dos equipamentos padronizados pela norma brasileira de fundacdes NBR 6484/2001 e propuseram fatores de eficiéncia aplicados & Eq. 2.2. Resulta dessa anélise a energia potencial gravitacional do sistema (azpcés'¢™) mobilizada para efetivamente cravar o amostrador no S010 (Eynosaae AEPGRE',™ =Eamostrador = 93[ M(H + A9)Mig + no(M,g80)] i) onde os valores de n correspondem as perdas do sistema no que diz respeito a0 golpe (n, = 0,76), as hastes (n, = 1),e As perdas ao longo do sistema (7, = 1-0,0042 ). Por meio da Eq. 2.3, 6 possivel determinar o valor da forca de reacéo do amos- trador no solo (F,), pois a energia do amostrador é convertida em trabalho (W,), € trabalho é produto da forga pelo deslocamento. © deslocamento corresponde ao valor médio da penetracdo permanente do amostrador no solo decorrente de um golpe, ou seja, Ap = 30 cm / Neyr Assim: Enmostrador = Ws = Fa Ap G4) ‘awive be campo e sues anaes singed be unbahes Eamostrador f= Fame es) F, = {mh (0.75My9) + 037 (BOM) + sry (BOM, 9) nD 2.6) A forca dinamica calculada pela Eq, 2.6 pode ser empregada, em projeto, na previ- sdo de parametros de resisténcia do solo ou na estimativa da capacidade de carga de estacas, 2.4 Corregdes de medidas de Ney, Conhecidas as limitagées envolvidas no ensaic , € possivel, por meio da inter- veniéncia de fatores que influenciam os resultados e nao estdo relacionados as. caracteristicas do solo, avaliar criticamente as metodologias empregadas na apli- cacao de valores de Ny; em problemas geotécnicos. Para tanto, as abordagens modernas recomendam a corregio do valor medido de Nzyr levando-se em conta © efeito da energia de cravagio e do nivel de tensdes 2.441 Corregdes de energia Em primeiro lugar, deve-se considerar que, no proceso de cravagio, a energia nominal transferida & composicao de hastes (cabeca de bater), conforme demonstra- do anteriormente, no é a energia de queda livre teérica transmitida pelo martelo (p. ex. Schmertmann; Palacios, 1979; Seed et al., 1985; Skempton, 1986). A eficiéncia do golpe do martelo é funcao das perdas por atrito entre cabo e roldana, do sistema de elevacdo e liberacéo do martelo e da sua geometria. No Brasil, é comum o uso de sistemas manuais para a liberago de queda do martelo, cuja energia aplicada varia entre 70% e 80% da energia te6rica (Belincanta, 1998; Décourt, 1989; Cavalcante; Danziger; Danziger, 2004). Em comparaco, nos Estados Unidos e na Europa, o sistema € mecanizado e a energia liberada é de aproximadamente 60%. Atualmente, a prética internacional sugere normalizar ntimero de golpes com base no padrao interna- cional de Nig. Assim, previamente ao uso de uma correlagio internacional, deve-se majorar 0 valor de Ner em 15% a 30% quando medido em uma sondagem realizada segundo a pratica brasileira (Velloso; Lopes, 1996; Décourt, 1989; Schnaid, 2009). Embora a pratica brasileira seja pautada pelas recomendacées da norma NBR 6484/2001, que estabelece critérios rigidos para os procedimentos de perfuragio e ensaio, com a adogéo de um tinico tipo de amostrador, no meio técnico existem varia- Ges regionais de procedimentos de sondagem, a saber: (a) uso (ou auséncia) de coxim € cabeca de bater; (b) acionamento com corda de sisal ou cabo de aco, com e sem roldana; e (¢) variagéo do tipo de martelo utilizado. A influéncia de alguns desses fato- res relacionados @ pratica brasileira foi quantificada por Belincanta et al. (1984, 1994) © Cavalcante (2002). Resultados tipicos de medida de energia de cravacio para dife- rentes equipamentos sdo apresentados nas Tabs. 2.1 2.2. As medidas de eficiéncia de energia dindmica referem-se & primeira onda de compressao incidente, para uma composicao de 14 m de comprimento. Valores médios de eficiéncia na faixa entre 70% € 80% da energia teérica foram monitorados com frequéncia, reforcando a necessida- capitulo 2 | SPT (Standard Penetration Test) 3 a ‘Tan. 2.1 {nfluéncia do tipo de martelo, para composicao de 14 m de comprimento, martelo com coxim de madeira e cabecs de bater de 3,6 kg =e état efeéncia das onorgias_— ES | estado aa_| Acionamento manual ‘Acionamento com gato rmédia (%) | n*dados | desvio padrdo | média (%) | n*dados | desvio pada Si (8) 8) Martel clinica com pina guia, |_Veha 694 178 3.59 785 195 295 acionamento com corda Noval Te7 183) 3.58 a1 90 3.98 ‘Martel clinica com pina gua, | __ Vela 632 6 478 744 2 223 acionamento com cabo ée ago [Nova 739 a 3.43 832 26 282 usr cao vaca, Nova 665 50 374 m2 33 530 acionamento com corda Font: Beincanta (196). ‘Tap, 2.2 Influéncia do uso de coxim, para composicéo de 14 m de comprimento, martelo com pino guia e cabega de bater Média de ficiéneia das energias ‘Acionamento manual ‘Acionamento com gatiho ‘média(%) | 1° dados | desvio padraéo | média | n° dados 8) oo 728 1 362 5 5 = 710 104 3.56 = 5 = = = . Tet 2 454 Local Sin 667 at 273 755. 185 2.95) Fonte: Betncanta (1998). de de normalizacdo das medidas de Nop, previamente & aplicacdo dessa medida em correlagées de natureza empirica. As infor mages servem como avaliacéo preliminar €& estimativa de fatores intervenientes no indice de resisténcia & penetracéo. Medidas locais de energia devem tornar-se rotina na préxima década, aumentan- do o grau de confiabilidade do ensaio, melhorando a acurécia no uso de correlages baseadas em SPT e quantificando a influéncia de fatores determinantes para a inter- pretaco racional do ensaio, como, por exemplo, a influéncia do comprimento da composicéo. Sempre que os resultados de ensaio forem interpretados para a estimativa de parametros de comportamento do solo, sero fornecidas recomendagdes especificas acerca da necessidade de correcdo dos valores medidos de Ney. A correcao para um valor de penetracao de referéncia, normalizado com base no padrao internacional de No é realizada simplesmente por meio de uma relagdo linear entre a energia empre- gada e a energia de referéncia. Assim: ms Nopr Energia Aplicada bette) 0,60 Por exemplo, um ensaio realizado no Brasil segundo a norma brasileira, com acio- namento manual do martelo, fornecendo uma medida de energia de 66% da energia 2 © _Enssive de campo e suas aplizagdes& Engenharia de Fundages tedrica de queda livre, teria seu valor medido de penetracio de 20 golpes convertido em um valor de Neprgo 22, 04 Seja, Nerrao = (20°0,66) / 0,60 = 22. 2.4.2 Corregdes para o nivel de tenses A correcdo do valor medido de Nerr para considerar o efeito do nivel geostatico de tensées in situ é pratica recomendavel para ensaios em solos granulares. Essa correcao pode ser feita com base na densidade relativa das areias, por meio de correlagdes empiricas e por meio da aplicagdo de conceitos de energia. a] Densidade relativa Como a resisténcia & penetragio aumenta linearmente com a profundidade (e, portanto, com a tensio vertical efetiva, para uma dada densidade) e em funcao do quadrado da densidade relativa, para 0 constante (Meyerhof, 1957), Skempton (1986) sugeriu a seguinte correlacao: Nor =F ade 2) as) | onde D, é a densidade relativa; a e b so fatores dependentes do tipo do material; C, € 0 fator de correcio da resisténcia em funcéo da histéria de tensio; ¢ 0, € tensio vertical efetiva (em kPa). Em geral, o valor de 0, pode ser estimado com razodvel grau de preciso. 0 valor de C, é unitério para solos normalmente adensados (NA), e aumenta com a OCR, refle- tindo o aumento da tensao efetiva horizontal (0%) e, portanto, das tenses efetivas médias p’ = 1/3 (0; + 20%). Com base nessa abordagem, foram propostos os coeficien- tes de corregdo de Ney, representados graficamente na Fig. 2.7 e expressos segundo: es) onde C, representa a correcdo decorrente da tensio efetiva de sobrecarga (Liao; ‘Whitman, 1985; Jamiolkowski et al., 1985; Clayton, 1993). A racionalidade no uso de C, para converter o valor medido de Ne»; em um valor de referéncia N,, adotado para uma tensdo de sobrecarga de 100 kPa (1 atmosfera), considerando-se 0 solo NA, é demonstrada por meio do uso da Eq. 2.10: a cy = Nera -_PHarb) ptt ox) fn Tea) 210 ‘te. pifarb le (e os vifareto| [b* 100 | a] Correlagées empiricas Diversas correlacdes empiricas foram desenvolvidas com base nesse conceito, conforme reportado na Tab. 2.3 (Gibbs; Holtz, 1957; Marcusson; Bieganousky, 1977; Seed, 1979; Seed; Idriss; Arango, 1983; Skempton, 1986), sendo as propostas de Peck, Hanson e Thornburn (1974) e Skempton (1986) utilizadas como referéncia. capitulo2 | SPT (Standard Penetration Test) 3 ‘Tas. 2.3 Fatores de correcdo Cy ‘Skempton (1986) ‘Seed, lisse Arango (1983) , = 404-609» Arvias NA ‘Seed, rss e Arango (1983) caren (1028) = 60%-80% — Areias NA eck, Hanson Thornbur (1974) reas NA Liao e Writman (1985) Uno e witman (1985) Skempton (1986) S Arcas PA + OCR = 3 Clayton (1993), Gy ‘Areias PA» OCR = 10 TNA =normalmente adensada PA pré-adensada b] Conceito de energia Com base nas equacées de energia anteriormente apresentadas, é possivel deter- minar o valor de C,. Para tanto, a penetracao permanente Ap para o nivel de tensdes de 100 kPa é dividida por Ap para a profundidade de estudo. 30 Bp OPA) oro wap Ressalta-se que, na Eq. 2.11, 0 valor de C, é funcéo do nivel médio de tensio efetiva, da historia de tensdes, do angulo de atrito interno e das caracteristicas do equipamento de ensaio (martelo, haste e amostrador). Valores tipicos de C, para areias normalmente adensadas ¢ areias pré-adensadas sio apresentados na Fig. 27, para valores de 4’ que variam entre 25° e 45°, densidade relativa de 18 kN/m*, massa da haste por unidade de comprimento de 3,23 kg e coefi- cientes de eficiéncia anteriormente apresentados (Eq, 2.3). Para areias normalmente adensadas e niveis de tensdes superiores a 100 kPa, observa-se que os valores de C, determinados pela Eq. 2.11 sdo ligeiramente inferiores aos valores obtidos segundo as correlagées empiricas apresentadas na Tab. 2.3. Essa diferenga em relacdo & pratica internacional provavelmente decorre da diferenca de equipamentos (transferéncia de energia) e de consideracdes quanto ao valor da penetraco permanente do amostrador. oY) CO Ensaios de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagées ® Normaimente adensadas © Pré-adensadas Oy cy oe te pt ae [ eyzc00rroo-c3— Sd catalyses = 14014340) — >= 300/(200+0") | so = al © 10 Z ev 3 £ sol g 10 3 i i Is 4 fea a | oye 170170402 200 5 200 Hf Yo. o7regeanra3 ; =) Hi 250 300 S 1 a Dados decampo _—~Enselosdelaberatrio Dados de campo ‘Snide al, 008) @ N.-Areias finas ‘Marcusson e @ OC - Areia fina Ne © Neca gosses Lo Blegarousty (1977; hempton (i986) = OC -OOR=3 Gibbs e Holtz (1957) ‘4 0C-OCR=10 7 Valores de 0, para areas (A) nocmalmenteadensadas e (8) pré-adensadas Fonte: Schnaié etal. (2008) £ importante observar que os valores de Cy apresentam um crescimento muito acentuado para niveis de tensdes inferiores a 100 kPa e, por esse motivo, recomenda- -se uma abordagem conservadora de adocdo de um valor maximo de C, (= 1,5). ‘A influéncia do pré-adensamento no valor de C, é similar ao sugerido por Skemp- ton (1986) e é insensivel & magnitude de I, e ¢’ (Fig. 2.78). Para solos pré-adensados, 0 desconhecimento dos efeitos de correcdo do nivel de tensées acarreta a obtencio de valores de D, e 6’ superiores aos valores reais, conforme discutido por Milititsky e ‘Schnaid (1995) e apresentado na Fig. 2.8. Para ilustrar o efeito do nivel de tens6es na medida de penetragio, considere um depésito de areia normalmente adensada, com peso especifico Yau. de 18 KN/m*, nivel agua profundo e resistencia & penetracdo de 5 e 16 golpes nas profundidades de 2m. 20 m, respectivamente: a] Profundidade z = 2 me, portanto, 07, = 36 kN/m’. Para Neyygo™ 5; temM-Se (Neprs)so = Cy“ 5 = (1447 x 5) ~?. caw? SPT (Standard Penetration Test) 39 . ° 20 40 60 80 ° a a nr) Nore Nowe —+-Peck, Hanson e Thorburn (1974)-NA =-OGR=1 —-OCR=3 -*0CR=6 --OCR=10 Fic. 2.8 Infuéncia da historia de tensbes nos pardmetros de resisténcia de areias| Fonte: Milttsky e Schnaid (1995) bj Profundidade z = 20 m e, portanto, 0}, = 360 kN/m?, Para Noprgg = 16, tem-Se (Nepra)eg = Cy * 16 = (0,43 x 16) ~7, Portanto, o depésito de areia tem, aproximadamente, a mesma densidade relati- ‘va, apesar dos registros de Ngyy=5 m a2 mM € Neprgo = 16m a 20 m de profundidade. 2.5 Aplicagées dos resultados Oensaio de SPT tem sido utilizado para intimeras aplicagées: de amostragem para a identificacéio de ocorréncia dos diferentes horizontes, passando pela previsio da tensio admissivel de fundacdes diretas em solos granulares, até correlagoes ‘com outras propriedades geotécnicas. Em geral, as correlagdes de origem empiri- ca sdo obtidas em condicdes particulares e especificas, com a expressa limitagéo por parte dos autores, mas acabam sendo extrapoladas na prética, muitas vezes de forma néo apropriada. Além disso, resultados de ensaios SPT realizados em um mesmo local podem apresentar dispersao significativa. Um exemplo tfpico de ensaios SPT realizados na regio de Porto Alegre (RS) é apresentado na Fig. 29, em que o nimero de golpes Nyy; é plotado contra a profundidade. A variagio observa- da nos perfis é representativa da propria variabilidade das condigées do subsolo, "sendo necessério para cada projeto avaliar as implicagdes da adogio de perfis “minimos ou médios de resisténcia A primeira aplicagio atribufda ao SPT consiste na simples determinagio do perfil ‘subsolo e na identificacdo tétil-visual das diferentes camadas a partir do material ido no amostrador padréo. A classificacdo do material normalmente é obtida meio da combinagio da descrigéo do testemunho de sondagem com as medi- de resisténcia & penetragdo. O sistema de classificagio apresentado na Tab. 2.4, AO eases tem rast Profundidade (m) Media de 4 furos Fic. 2.9 Resultado tipico de ensaios SPT em um tnio local de projeto ost #82 SS SH amplamente utilizado no Brasil e recomendado Tap. 2.4 Classificagdo de solos segundo a pela NBR 7250/1982, 6 baseado em medidas de . INDE 72500 Seca resisténcia a penetracéo sem qualquer corre- SOY Paes eeaaR Gceraao | cao quanto &energia de cravario e ao nivel de | ee tenses. Proposta alternativa é apresentada Es norm por Clayton (1993) na Tab. 25 oe we aa A interpretagio de resultados para fins de aren030 compacta projetos geotécnicos pode ser obtida por meio [_ compacta de duas abordagens distintas (conforme discu- mito compacta tido no Cap. 1): muito moe a] métodos indiretos: os resultados do ensaio SPT ne mole so utilizados na previséo de pardmetros pn média constitutivos, representativos do comporta- fie mento do solo; = | métodos diretos: os resultados do ensaio SPT so aplicedos diretamente na previsio da capacidade de carga ou recalque de um elemento de fundacao, sem a necessidade de determinar pardmetros intermediérios. 2.6 Métodos indiretos: parametros geotécnicos © SPT é utilizado com frequéncia na pratica brasileira de engenharia para a obtengio de parametros constitutivos a serem adotados em projetos geotécnicos. Algumas indicagées de uso do SPT sao discutidas neste capitulo, e uma revisio mais extensiva pode ser encontrada em Stroud (1989) e Clayton (1993) para conhe- cimento do tema em profundidade. f sempre desejével comparar os valores de pardmetros estimados empiricamente por meio das medidas de Ng-rcom aqueles obtidos por meio de outros ensaios (de campo ou laboratério), bem como verificar capitulo2 | SPT (Standard Penetration Test) 41 sua compatibilidade na faixa de ocorréncia em condigées de subsolo similares. 2.6.1 Solos granulares Sabendo-se que 0 Ney, fornece uma medida de resisténcia, é prética comum estabelecer corre- lagdes entre 0 Nyy, € 2 densidade relativa (D) ou Angulo de atrito interno do solo (¢'). Algu- mas correlagdes usuais adotadas na pratica de engenharia so apresentadas a seguir. As proposicdes de Gibbs e Holtz (1957) e Skempton (1986) séo usadas na estimativa de D,, e no caso das proposicdes estabelecidas por De Mello (1971) e Bolton (1986), elas nao séo aplicadas diretamente ao valor de Noy, mas usadas para converter as estimativas de D,em Para a densidade relativa: a ae —a Gibbs e Holtz (1957) (2.12) 0,23-O9 +16 1/2 D (225) Skempton (1986) (2.13) 0,28 Oy +27 E para o Angulo de atrito: Tan.2.5 Classifcagdo de solos ¢ rochas segundo Clayton (1993) mato ofa ‘ota moda densa muito danse ‘mult mole mole firme tie mato Rij ura mato brandas brandas rmoderadamente ‘brandas ota Nyy = Valor dN, corgi para uma tendo de refrtcia de 10; N= vl Ny origi para 60% da energie veda ti; ‘Myla A Crd para energie ive eesti, (2,49-D,)tgé =0,712 De Mello (1971) Gas) @=334 {s[0,(20-1mtp)- a} Bolton (1986) (215) Nessas equacées, a’ e p’ so expressos em kN/m?; D,, em decimais; e Nev: = (Ner}eor ou seja, recomenda-se corrigir a medida de resisténcia & penetragao em fungao da energia de cravacio. © valor de $’ pode, ainda, ser estimado graficamente por meio da proposicao de Peck, Hanson e Thornburn (1974), que resulta, em geral, em estimativa conservado- a para projetos rotineiros (Fig. 210A). Mitchell, Guzikowski e Vilet (1978) mostram © efeito da pressio vertical efetiva na relagio ” x Nyx, conforme apresentado na Fig. 2.108. Antes do seu uso na obtenc&o do Angulo de atrito interno, o valor da pene- tragdo deve ser corrigido, em ambos os casos, levando-se em conta os efeitos da energia de cravacdo e da tensdo atuante Expressdes usualmente adotadas na estimativa do Angulo de atrito interno foram. propostas por Teixeira (1996) e Hatanaka e Uchida (1996): Op ~15°+(2E-Ngpy Teixeira (1996) @ Peck, Hanson e Thombur (1974) wate ito tela, Média Denea _Sonsa 140 130 120 110 Fatores da capacidade de carga, N, © Ny a 28 0 62 34 96 98 40 42 44 Angulo de atrito interno, @” © mtchet, cuzcowsk Viet (1978) wo so 40 Sao 20 10 oso 100 10 20025000 TTensto vertical efetva, {kPa} Fic. 2.10 Estimativa do &ngulo de atito interno com base em consaios SPT Ensaios de campo e suas aplicagdes & Engenharia de Fundagoes p ~20° + /15.4-Neorgo Hatanaka e Uchida (1996) (47) Alternativamente, 0 angulo de atrito interno dos solos arenosos pode ser determinado com: base no conceito de energia (Odebrecht, 2003; Schnaid, 2009; Schnaid et al., 2009). Nesse caso, a energia necesséria para cravar o amostrador no solo, combinada & teoria de capacidade de carga e expansio de cavidade, permite a determinagio do Angulo de atrito de um solo granular. Com base na teoria de capacidade de carga de estacas, é possivel determinar a forca ditima (F.) por meio da equagio: Fy = Ap(CNe + PNq +0,57@Ny) + Ai(yLK,tg6) 8) onde N,, N, € N, sdo fatores de capacidade de carga; A, 6 a drea da ponta do amostrador; A,, a area lateral do amostrador (= ndh,); d, 0 diametro do amostrador; h,, a penetracao média do amos- trador; L, a profundidade do ensaio; e 7, 0 peso especifico do solo. Em solos granulares, 0 termo +N. é considerado nulo, e 0 termo 0,5--y-d-N, pode ser desprezado por ser muito inferior ao termo que envolve 0 fator de capacidade de carga N,. Efeitos de arqueamento e viscosidade sio desprezados (isto é, a forga din&mica F, & consi derada igual a forca estética F), 0 coeficiente de pressao lateral K, & adotado como constante 0,8 (Broms, 1965) e 0 Angulo de atrito amostrador {aco-solo) & 20° (Aas, 1965). O fator de capacidade de cargaN, édeterminado a partir da expresso de cavidade (Vésic, 1972): G19) (2.20) G21) capitulo2 | SPT (Standard Penetration Test) onde G é 0 médulo cisalhante; 0%, a tensdo efetiva vertical na profundidade de ensaio; e K,, 0 coeficiente de empuxo em repouso, expresso em funcio da razdo de pré-adensamento (OCR): K,=(1-sengyocr®"* (2a) Para a determinagéo do angulo de atrito, pode-se, alternativamente, adotar o fator de capacidade de carga proposto por Berezantzev, Khristoforov e Golubkov (1961), em cuja abordagem o valor de 4’ ndo é dependente da rigidez da areia. O procedimento para determinar o valor de ' resulta nos seguintes passos: 1] Determinar o valor da penetracao permanente do amostrador Ap: recomenda- -se a utilizagdo do valor médio de Ap, ou seja, Ap = 30 cm/Nerr. 2] Com esse valor, calcular a forga dindmica Fy. 3] Estimar o valor da tensao efetiva na profundidade de ensaio e a razdo de pré- -adensamento com base em conhecimento geolégico e geotéenico prévio do sitio geolégico objeto do estudo. 4 Estimar o valor de a partir da Eq, 2.18, adotando os valores determinados nos passos 2€3. Essa metodologia resulta em um proceso iterativo, jé que ¢' é necessério para estimar 0 valor de N, (dado de entrada no célculo). 0 uso de planilhas eletrénicas permite uma estimativa répida e facil desse valor; contudo, a Fig. 2.11 apresenta esses resultados em grafico, permitindo a estimativa de ¢" diretamente do valor de (Noer,Jec- Eimportante destacar que essa figura é valida somente para equipamentos de sondagem cuja configuracao obedece as recomendacées da NBR 6484/2001, repre- sentadas pelos fatores de eficiéncia considerados pelos autores. Nesse caso, o valor de (Norr,) € igual a (Neyrs)en © pode ser obtido diretamente pela expresso NorCy. ‘Sehnaid et al. (2008) 0 écourt (1989), (Nerrso~ DBcourt (1989) (Nerrsho~ Hatanaka e Uchida (1986) (Noersdn= Schad et | 9 = 1810p al 43 Hatanaka e Uchida (1 50 60 70 25 27°29 91 83.35 97 99 41 43 45 47 49 527 oa ai 69 65 G7 30 41 aS Y e cAreia (SP e SP-SM) + Arcia SM = Acwia aterro (SP & SM) 3. 2.1.1 Determinacdo do angulo de arto Fonte: Schnaid et al. 2009), Ensaios de campo e suas aplicagbes & Engenharia de Fundagées| Na mesma figura, além dos valores compilados para diferentes valores de I,, apre- sentam-se também os dados calculados com base no fator de capacidade de carga proposto por Berezantzev, Khristoforov e Golubkov (1961) - linha em destaque na Fig 2.118 (Schnaid et al., 2009). Outras relacdes obtidas empiricamente com base no (Norzaleo $80 apresentadas e conduzem a valores de angulo de atrito na mesma faixa de ocorréncia: Hatanaka e Uchida (1996) e Décourt (1989) ‘Um exemplo ilustra a utilizacdo do procedimento descrito anteriormente, admi- tindo-se um solo com peso especifico Yau: = 18 kN/m’ e auséncia do nivel d’égua. Resultados de ensaios a duas profundidades resultam em: a] Profundidade z = 1,5 oj, = 27 KN/m? € Nger = 5. Cy =1,5 (limite superior recomendado) (Fig. 2.7) Nera =5* 15275 Da Fig. 2.11 ou da Eq, 2.18, obtém-se um valor de ¢” = 29°. | bj Profundidade z = 15 m - 0}, = 270 KN/m? e Ngpr = 20. ! 6, =05 Fig. 27) } Nepra = 20 0,5 = 10 Da Fig. 2.11 ou da Eq. 2.18, obtém-se um valor de ¢ = 31°. Com relagio a estimativa do médulo de elas- ticidade do solo, Stroud (1989) utilizou dados existentes na literatura para estabelecer uma | relacio entre E/Nerrao € 0 “grau de carregamento” /4ux (Fig. 2.12). Nessa figura, a resisténcia a pene- tracdo foi corrigida para 60% da energia, mas néo para o nivel de tensées, pois o autor argumenta que tanto N como E crescem com 0 aumento das tensdes efetivas médias de campo. Com base na Fig. 2.12, verifica-se que um fator de seguranga a ruptura de 3 na capacida- de de carga (@/qx = 1/3) estabelece um valor de j E/Nepngo= 1 (MPa). A andlise dos casos utilizados 6 | \ | por Stroud mostra que, na pratica, a maioria das E/Naryag (MIN/) . fundagées apresenta fator de seguranga superior . 2.3, resultando em valores de q/qux inferiores a 0,1 \ no grafico. A sugestio para essa condigéo é que, no caso dos solos normalmente adensados, a rela d _ do a ser adotada entre E/Ngrrgo cres¢a para 2 MPa, ~~. | e para areias pré-adensadas cresga para valores superiores a3, podendo chegar a 10. Ge 10Nerrso (IePa). £ relevante assinalar que, além dos motivos jé apresentados com relacdo aos fatores que influenciam o valor do ensaio e as caracteristicas dos materiais, especial mente nas rochas brandas, existe sempre a necessidade de extrapolagio dos valores de N, em geral interrompidos na faixa abaixo dos 100 golpes e extrapolados para atingir a penetracao de 300 mm definidora do padrao. Logo, o uso de SPT resultara em pouca acurdcia no valor estimado. Sem a devida comprovacio experimental local, a estimativa da compressibilidade 6 de validade discutivel, por motivos ja apresentados. Valores propostos por Leach € ‘Thompson (1979), resultantes da avaliagao do comportamento de estacas, ficam na capitulo2 | SPT (Standard Penetration Test) 140 ———————- 100 40 20 10 Cole e Stroud (1976) Resiaténcia & compressio simples, « (MN/n?) os S10 15 20 25 90 96 40 uver e Consoli oar ea = = Ruver @ Consoli (2006) - ajuste oz ‘4 Consolie Ruver (2005) 10 20 40 60 100 00 + Sandon (1991) joo 200 00 = — Limite superior, Sandton’ (1996) * — Limite inferior, Sancroni (1996) Fra. 2.17 Cotlagdes entre resisténia & compresséo simples Marg (StU, 1989) 2.16 Correagaoentte Ee Nyy APG SIO ESAS fata: B/N 0,9-1,2 (MPA). bras ahd Stroud (1989), incluindo mais casos reais, constatou a relacdo lrs40 = 0,5-2,0 (MPa), sendo acima de 1 para fatores de seguranca a ruptura maiores que 3. A realizagdo de provas de carga em placas é sempre uma prética recomendé- | para diminuir o grau de incerteza ou imprecisdo na determinacao do médulo em chas brandas. .7 Métodos diretos de projeto Originalmente, as aplicagdes de resultados de SPT foram diretas, ou seja, com recalques ou tensdo admissivel obtidos diretamente, sem a necessidade de deter- minar pardmetros intermediarios (p. ex., Terzaghi; Peck, 1967). Tal abordagem tem a desvantagem de nao permitir a avaliacao qualitativa dos resultados, sendo a confiabilidade funcao do ntimero de casos histéricos avaliados para o desenvol- vimento do método. Sua grande vantagem é a simplicidade no uso. © desenvolvimento dos métodos apresentados a seguir é anterior & pratica de \edir e corrigir os valores de Nz; levando em conta os efeitos da energia de crava- Zo. Nenhuma referéncia é feita, portanto, a eventual corregao de Nor: €M Noor. OS todos brasileiros de cdlculo de tensdes admissiveis e capacidade de carga refe- .-se a procedimentos de ensaio consagrados no Brasil e devem, em geral, estar ssociados a valores de energia na faixa entre Nerry. € Nerrao- ’ SD, Enssios de campo e sues apicanies & Engenharia de Fundagdes a 2.7.4 Tensies admissiveis ‘Uma abordagem utilizada na rotina de projetos de fundacdes envolve a estimativa das tensOes admissiveis do terreno, cuja equacao € representada por: Osim = K Noor (238) onde k depende do tipo de solo, da geometria do problema e da sensibilidade da estrutura a recalques, entre outros fatores. Essa prética deve ser vista com restrigdes, dado o caréter generalista e empirico adotado na estimativa de k. No ‘Tan, 2.8 Corlagbes entre Ni, €@tenso admissivel de solos granuares Prove! tnso admissvel (kM/m®) E Nec pa 75m som" L=30m Muito compacto > 50 3600 > 500 3460) Compacto 30-50 300-600 250-500 200-450 Med. Compacto 10-30 100-300 50-250 50-200 Pauco compacta 50 502100) 50 <50 Foto <8 estudiar “manor dimensio da undo Font: utitsky @ Sohnaid (1998), ‘Tap, 2.9 Correlagies entre N,,, € a tensa admissivel de solos coesivos De ey - rovvel tens admissive (kN/m?) i 3 L=075 mm" L=15m L=3,0m* H Dura >30) 500) 450 400 i Muto ria 15-80 280-500 zo0-s50 | __180-400 Fla 85 125-250 | __ 100-200 75450 Média +8 7525 50-100 2575 Mole 24 2545 <0 aaa i Muto mole 2 | ‘astudar “enor dens da fundagdo Método SPT-Esttistico de tens admisivel para sols residuas brasil Font: Miitsky e Schnaid (1095), tensGes admissiveis na forma de valores de referéncia para o nivel de anteprojeto. Na Tab. 2.8, apresentam-se valores da magnitude das tensdes admissiveis (Oyin) do solo em fungao de Nj-, para substratos granulares. Os dados representam valo- res minimos de tenstio admissivel e estio sujeitos a dispersées significativas. As tensdes admissiveis para solos coesivos so apresentadas na Tab. 29. Com base nas mesmas premissas descritas na secdo 2.5.3, Ruver e Consoli (2006) estabeleceram um método de estimativa de tensdo admissivel especifica para solos residuais, expressa em termos de valores médios e limites superior ¢ inferior para intervalo correspondente ao nivel de confiabilidade de 99%: | entanto, 6 preocupacao dos autores fornecer um indicative da magnitude das | captula 2 | SPT (Standard Penetration Test) 53 : 236) Gaim =9.54*Nsprgo (kN/m®) valores médios 54 Nepr go +6,41)NEpr 60 ~20,3Nepr.g0+167,3 (kN/m*)limite superior (237) 154-Nsprgo -6,41)NErr.c0 ~20,3Nspr.eo+167,3 (kN/m®) limite inferior 38) 2 Recalques em fundacbes diretas Entendidas as limitagdes do ensaio de SPT e a impossibilidade de prever com precistio valores de compressibilidade dos solos, énecessario considerar e tratar os “métodos de previséo de recalques utilizando o SPT como procedimento empirico. Para tanto, métodos estatisticos como os propostos por Shultze e Sherif (197: land, Broms e De Mello (1977) e Burland e Burbidge (1985) sto recomendados para iso do limite superior e do recalque médio de fundagées superficiais em dep6- ps arenosos. todo SPT-Estatistico de Schultze e Sherif (1973) Gom base em correlagées estatfsticas entre recalques e SPT, os referidos autores desenvolveram um método de estimativa de recalques (Fig. 2.18) que se utiliza dos seguintes elementos: comprimento, largura e profundidade da fundacio, e espes- ‘sura da camada granular. A combinacao dessas informacdes permite a obtencao {do coeficiente s, utilizado posteriormente na Eq. 2.39 para a obtengio do recalque pda area carregada: sP NEE [a+ (04+ DB)] on Fatores de recugdo para dyB <2 ye es 100 WY (1+ 00/8) Bs 205 N= SPT medio 15 [091 069 087 0.85 (= reclque (rm) 10 | 076 072 069 08s a a) 08 | 052 048 043 039 Largura B (rn) G, 2.18 Método de Schultze e Sherif (1973) 5 4 Ensalos de campo e suas apliagées & Engenharla de Fundagées onde p é 0 recalque (mm); s, 0 coeficiente de recalque (mm/kPa); P, a pressao de contato (kPa); N, 0 valor médio de SPT; D, a profundidade da fundagao (m); B, 2 largura da fundagdo (mn); L, o comprimento da fundagéo (m); e d,, a espessura da camada (m). Quando a espessura da camada considerada é menor que o dobro da largura da rea carregada, os autores sugerem a utilizacdo de fatores de reducao (Fig. 2.18). Método SPT-Estatistico de Burland, Broms e De Mello (1977) Burland, Broms ¢ De Mello (1977) apresentaram, em forma de gréfico, uma série consideravel de casos relatados na literatura, propondo limites de recalques supe riores (Hys,) para solos compactos e medianamente compactos, e uma sugestdo de limite superior para a condicGo fofa (Fig. 2.19). Os referidos autores propuseram, que, em projetos de rotina, essa figura poderia ser utilizada como indicacéo do recalque provével, pela adogio do valor relativo de metade do méximo. eee Limite superior - areas foes (tentative) = = ° Se Lite superic-arsias médias Recalque/Pressio aplicada (mv/KPa) oe Largura (m) @Fofa A Média Dense Fic, 2.19 Método de Burland, Broms e De Mello (1977) ‘Ao exprimir-se os limites superiores como fungio da largura da fundacéo Bt obtém-se as seguintes equacdes: Hye = 4 (032%) areias fofas e- Hoc = 4 (0,07 BY) —_areias medianamente compactas (2-<3) Hose =@ (0,035 B) —_areias compactas c Hprovivet = V2 Hnax Ga onde q expresso em kN/m*e H, em mm, capitulo 2 | SPT (Standard Penetration Test) 5 ddo de SPT-Estatistico de Burland e Burbidge (1985) Os autores compilaram registros de recalques em uma base de dados de mais de ‘cem casos de obra. O tratamento estatfstico dos resultados permitiu definir um ‘ecalque médio em areias normalmente adensadas: H=q’Bl, ‘onde H é 0 recalque (mm); q’, a pressao média efetiva na fundacéo (kN/m?}; B, a largura da fundagao (m); e 1,, 0 indice de compresséo 171%). ‘Na obtencio do indice de compressao (Fig. 2.20), essario, em dois casos particulares, corrigir a edida de Neer i] silte arenoso, abaixo do nivel d'ggua: Nevrcorgito = 15 + 0,5 (Nsprmesizo~ 15), para N > 15 (2.45) 4] cascalho ou cascalho e areia: Nevrcowigite = 1125 Nerrinetio (246) Pré-adensamento ou pré-carregamento da reduzem significativamente a magnitude recalques observados, ¢ para casos nos quais ‘tensio vertical efetiva maxima (o',,) ndo € exce- a BI ow) 2 ‘A Fig. 220 permite, ainda, determinar a ofundidade de influéncia abaixo do elemento de \dacao (Z,) para casos nos quais N»r6 constan- re ou aumenta com a profundidade. Para os casos, que Nop; reduz com a profundidade, deve-se ar Z, como o menor valor entre 2B ou a distan- A camada rigida “incompressivel” abaixo da indacao. Milititsky et al. (1982) apresentaram compa- rages entre os resultados de previsdes © recalques reais para 12 casos referidos na literatu- ra (Fig. 2.21). A dispersao de resultados é evidente; arazao entre recalques médios e recalques previs- ‘tos varia entre 0,3 e 2,0. A aplicacao de métodos classicos de previsio direta de recalques mostrou (44) =e )10 4 @ = Aoylap (mmn/kPa) \ | Bemmetros 5 a es E | Bo i 3 4 2 = — 1 10 100 nan Fic. 2.20 Método de Burland e Burbidge (1985) 56 a 25 um desempenho pouco satisfatdrio para os casos analisados, sendo aconselh4vel, portanto, 0 uso de métodos de célculo mais refinados, sempre que necessério. Em depésitos argilosos, os recalques imedia- tos de fundacdes superficiais geralmente s&o determinados a partir da aplicagdo dos conceitos basicos estabelecidos pela Teoria da Elasticida~ de, 0 sucesso desse método depende da previsio adequada do médulo de elasticidade nao drenado, sendo possivel utilizar correlacées entre E, e S, para uma avaliagdo preliminar, conforme descrito anteriormente. Para solos de baixa resisténcia, o SPT nfo é uma i técnica recomendével, devendo-se utilizar outros Recalquemedidos (um) ensaios na previsdo de S,, Recalques a longo prazo. so calculados a partir da aplicagao da Teoria do ‘Schultze Sherf(1973) mBurancet al. (1977) __Adensamento.e, para tanto, é necessario o conheci- Recalque estimado (mm) : mento de propriedades obtidas, preferencialmente, Fic, 2.21 Provisdo de recaiques por métodosestatistions ; ; Fonte: adapta de Milky eta (1982) em ensaios de laboratério com amostras indefor- madas ou em ensaios de piezocone (Cap. 3) No caso de solos residuais, existe a necessidade de avaliar as condicdes de drena- gem do carregamento; portanto, o engenheiro deve definir se os recalques resultantes da variaco de tensdes sero predominantemente drenados ou por adensamento. Nao ha formas expeditas para identificar a condicao a ser adotada como representa- tiva, que é funcdo da succao in situ, do grau de cimentacao, da estrutura e historia de tenses, entre outros fatores. Em solos estruturados nao saturados, a prética tem sido adotar métodos estatisti- cos desenvolvidos para depésitos sedimentares nao coesivos. Essa pratica ainda nao foi avaliada, pelo reduzidissimo nimero de casos histéricos conhecidos. Para solos saturados com matriz argilosa, a prética é variada, inclusive com o uso de ensaios de compressio confinada (adensamento) para a determinacéio de médulos. ‘Método SPT-Estatistico de Ruver e Consol! (2006) Os referidos autores apresentam método estatistico para previséo de recalques de sapatas em solos residuais, utilizando 0 mesmo banco de dados descrito no item 2.1-c, que resulta na expressio: 0,308-q-B ° O35 G48) Nser,s0 onde p € 0 recalque (mm); B, a dimensao da sapata (m); q, a tensao aplicada (KNV/m4}; € Nor Corresponde & média aritmética do mtimero de golpes do ensaio SPT a uma profundidade de 2B abaixo da cota de assentamento da fundacao, bem como ao valor corrigido do ntimero de golpes para uma energia de 60%. capitulo2 | SPT (Standard Penetration Test) Qs. 2.49 e 250 apresentam, respectivamente, os valores provaveis maximos € s de recalque para um nfvel de confiabilidade de 99%. recalque provavel maximo (mm) recalque provavel maximo (mm) H= \[lo9(Nser.0)|° -2[oa(Nser go) |+2,44 Previsdo de capacidade de carga a de ruptura de um elemento de fundagio pode ser determinada por meio ria cléssica de capacidade de suporte, ou seja, postulado um mecanismo de ura, calcula-se a pressio iltima com base nos parémetros de resisténcia ao jento do solo. Essa abordagem é amplamente utilizada para fundacdes is (p. ex., Terzaghi; Peck, 1967), em que o angulo de atrito interno do solo ionado aos coeficientes de capacidade de carga N., N, €N, (Fig. 210). ia de capacidade de suporte aplicada a fundacdes profundas nao é, porém, fa com frequéncia na prética brasileira, contrariamente & prética inglesa valor de N, é sensivel a 6, um erto relativamente pequeno na estimativa representaré um erro significativo na estimativa de N,. Somam-se a isso as ades na estimativa de ¢’, em razo dos efeitos de instalacdo da estaca. Como a a esse método, difundiu-se no Brasil a prética de relacionar diretamen- edidas de Nyy; com a capacidade de carga de estacas (p. ex., Aoki; Velloso, court; Quaresma, 1978). Tal prética, aliés, foi difundida internacionalmente 1989). experiéncia dos autores da presente obra, esses métodos sao ferramentas s para a Engenharia de Fundacées. f importante reconhecer que sua validade fada a prética construtiva regional e as condigdes especificas dos casos hist6- izados no seu estabelecimento. Dada a importancia desse procedimento na brasileira de fundagées, acrescenta-se a este capitulo, a seguir, o detalha- dos métodos de célculo, No Cap. 7, discute-se a validagdo dos métodos por um extenso mtimero de relato de casos. do estatistico de Aoki e Velloso (1975) € método foi originalmente concebido mediante correlacdes entre os resulta- dos ensaios de penetracGo estética (cone) e dindmica (SPT). A teoria para a tiva da capacidade de carga de estacas é fundamentada no ensaio de pene- aco estética; porém, por meio da utilizacdo do coeficiente K, torna-se possivel 0 direto dos resultados de ensaios SPT em tal abordagem (coeficiente K é 0 iente de converséo da resisténcia da ponta do cone para Nz). O coeficiente

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