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0 QUE E CUL Estudantes participa defers ce clencias em TURA? Como vacé viu na unidade anterior, as necessidades humanas so criadas pe la cultura, Os individuas aprendem os valores e as padrées de campartament: por meio da socializaco e foram svas identidades 20 se relacionar com os ou tras, Nesta unidade, a nocao de cultura serd aprofundada, A antropolagia, a sociolagia, as artes e a filosofia cantribuem para a preensao dos diversos significados da cultura e da sua influéncia na socializa ‘cdo dos individuas. Observe a imagem. Muitas escolas castumam arganizar festivais culturais ou feiras de ciéncias. Nesses eventos, geralmente, ha comidas, produgdes arlisticas le até mesma exposicées com inventos cientificas desenvolvidos na instituiggo. 1. Vocé jé participou de algum evento como o retratada abaixo? Discuta com os colegas e troque informacées sobre as caracteristicas desses eventos, 2. Considerando 0 que vocé viveu ou 0 que percebe na imagem ¢ no texto, € possivel extrair uma defini¢ao sobre o que é cultura? Qual? 3. H& quem diga que determinada pessoa é culta por ter uma trajetéria de estudas formais maiar que a média. Vace jé ouviu essa afirmag30? Como tessa valoriza¢aa do saber formal se relaciona com a feira de ciéncias retrax tada na imagem? CULTURA E SOCIEDADE Quando vocé ouve falar em cultura, que ideias vém a sua mente? Geralmente, a cultura é associada a elemen- {0s tradicionais de um povo tlendas, festas e costumes), aexpressées artisticas (artes visuais. danga, teatro emi sica) ou, ainda, aus meios de comunicagao (@ internet, a lelevisao e 0 radio). D ermo cultura também é empregado cotidianamen- te como sindnime de erusicsio. Essa percepe: temente criticada pelas Ciéncias Sociais, jd que induz a uma hierarquizagao das expresses culturais que desva- loriza as culturas populares, Para as Ciencias Socials, a cultura é inttinseca a existéncia humana, visto que as crengas eas costumes de cada sociedade so constante- mente vivenciadas e reelaboradas pelas pessoas, Leia. a seguir. algurmas consideragées do antropéloga Roque Laraia (1932- ) sobre o conceito de cultura No final do século XVIII © no principio do soguinte, 0 ‘termo germénico Kulturera utilizaco para simbolizar todos 0 aspectos ospirituais do uma comunidacde, enquanto @ palavra francesa Civilization referia-se princinalmente as Tealizagées materias de um pavo, Ambos as tormos forars sintetizados por Edward Tyla (1892-1917) no vorabuloin- «glés Culture, que "tomado em sou amplo sentido etnogré- fico este todo complexe que inciui conhecimentos, cren- a8, atte, moral, lels, costumes ou qualquer outta ‘apacidade ou habitos adquiridos peloomem como mon= bro de uma sociodade". Com esta dtinigéo Tylor abrangia ‘om uma s6 palavra todas as possibiidades do oalizago ‘humana além ce marcas frtemente ocaréter de aprencl- zado da cultura em oposigao a ideia de aquisicdo inata, ‘ransmitida por mecanismos biolégicos. Losey, Rogue de Bates Cure: um concetaantroneogien. Teed ide lane Jorge Zana 2001.28 A canceita de cultura fai criado camo rico para as Ciéncias Humanas no contexto de sua con- solidacao como saber cientifico. Um aspecto histéricoim- portante é que. na esteira da Revolugao Industrial, no século XIX, a malar parte das reflexdes sob enfatizau a sentida de civilization em detrimenta do sen- tido de kultur, 0 que levau a pradugéo material ao centro das discusses e fez com que a cultura fosse colocada como par oposto da natureza Com base nessa perspectiva, ¢ modela cultural euro peu foi construida cama um ideal de civilizagaa e se tor- nou pardmetro de andlise de outras culturas, considera- das inferiares segunda esse padrao. Posteriormente, essa visio foi desconstruida a partirde outras interpreta- Ges sobre cultura, que serdo Habalhadas neste capitul. Além disso, o canceita de cultura também cantribuiu para delimitar os fend menos antes atribufdos ao campo das Cléncias Naturais. Passaram, assim, a sercansidera- das as dualidades entre os fenémenos construiclos so- cialmente e os bialagicos. Por meio dos estudos e das ‘teorias elaboradas palas Ciénclas Humanas, fai possivel nolar que alé atividades fisiol6gicas como comer, dorm e andar sao resultado de canvengées e habitas produz- dos culluralmente, Embora os fatores biolégicas incidam sobre essas canvencdes e esses habitas e passam fun- damentar a légica de composigao das regras de um gru- po, essasnormas so uma producao cultural Gantrapélago francés Marcel Mauss (1872-1950), a0 estudar os modos pelos qua's os individuos uflizam seus carpos, em seu livia As técnicas do corpo, de 1934, cans- ‘tatau que essas técnicas so transmitidas pela vadigao.e variam nda apenas de uma sociedade para a outra, mas ‘também de acorda com 0 géners ea idade. Ele cbservou ma série de aspectos ligados ao uso do corpo em dife- rentes contextas, como as téenicas de parta e as modas im subsidia ted- dle carregar os bebés, 0s rituals de iniclacdio dos javens € de passagem para a vida adulta, os modos de dormir, co- mer e beber. as técnicas ligadas ao movimento (danca, corrida, salto, escalada, descida, nado, etc), entre outros, Margaret Mead ‘Aantropéloga estadunidense Margaret Mead (1901- ~1978) se destacou por suas pesquisas inavadoras em relacdo as diferentes e variadas conexées entre sexo e ‘temperamento. Ela estudou sociedades nas quais a di jo de tarefas entre homens e mulheres erambastan- te diversas do que se convencionou em sociedades i dustriais ocidentais. A partirde seus estudos, foi possivel refletircomo os papéis de género sao sacialmente cons- sruidos e variam de cultura para cultura, 11. De que forma a pesquisa de Mead contribuiu para o conceito de cultura? 22. Como a cultura pade influenciar no comportamento ddas pessoas? Margaret Mead reaizando seus estudes. Foto de 1935. Comunicasao e troca de saberes A linguagem & um im- portante mecanismo de afirmagao cultural, jé que transmite uma visio de mundo. Os inuites, povo tradicional que vive no tico, possuem mais de vi te palavras para designar acarbranca, por exemple. Além disso, aa desen~ volverlinguasetransmitir aprendizados aos seus descendentes, os indivi- duos potencializam esse aprendizado. valendo-se ddo que outros ja fizeram no passado. Desse mado, evita-se depender apenas dda observacao imediata e dos préprios exnerimen- tas, acumulando saberes e desenvolvendo-os. 1. Em sua opinifo, como a lingua representa a Visio de mundo dos invites? 2. Coma linguagem con= tribui para o exercicio da alteridade? 3. Em sua opiniso, quala sportancia da preser- vvagio da lingua para a afirmagao cultural de lum povo? Urnasfunerdtias maraiaara fexpostas ne Museu de Forte {do Presepio, em Belém AL AAs cerdmicas representam a ‘reso cultural das maraioars sobre a merle Fata de 2013, Cultura e alteridade De acarde com a antrapéloga estadunidense Ruth Benedict (1887-1948), em seu livro O crisdnteme e a espada, de 1946, a cultura é uma lente por meio da qual o ser humano enxerga o mundo. De acorda com essa perspectiva, a cultura € uma representacio da realidade, ¢ os simbalos e a signiticacao tém papel es- truturante tanto na formacao quanto na compreensao dessa realidade, ‘Aa criar tegras, fcnicas e saberes para organizar a vida em sociedade, os se- res hurmanos produzem cultura. Esse pattiménia cultural acumulada exerce in- fluéncia nos habit cama eles interpreta o munda, ‘Alinguager, por exemplo, ulliza simbolos cujos significadas sao compartilha- dos sacialmente e a partir da qual criam. 5 de mundo. Voce ja refletiu sobre as motivas de algumas palavras serem femininas e autras mascu- linas? Ou por que algumas palavras sé existem na lingua portuguesa? Ou, ainda, por que algumas palavras comuns no gassado nao sia mais utlizadas atualmen- te? Ea partirda lingua que as elementos do mundo sao nameados, a que reflete uma visao cultural sobre eles. Assim, a cultura esva diretamente relacianad: 8s praticas e 0s saberes produzidos em diferentes contextos socials histéri- cas. A partrda ideia de cultura coma viséio de mundo, foi criado 0 canceita de al- teridade, definido como colocar-se no lugar do auto. 0 exercicio de se colocar no lugar da outro conferiu a possibilidade de ir além das limitagdes do contexto cul tural imediato, abrindo-se para as caminhos da diferenca, do desconhecido @ outta. Para a antropologia, o conceit de alteridade se tornou uma pratica meto- doldgica central, transformando-se em um mecanismo para acolher as diferengas e analisar aspectos tanto de outras culturas quanta da nassa prépria cultura esse macio, a cultura deve ser compreendida ce acarda cam os significados alr- buidos pelos rd 105 comportamentos dos individuos e condiciona a forma 2 representa as maltiplas interagées saciais jos membros em relacda ans campartamentos, as crencas, aos conhecimentas e acs costumes. Também é impartante levar ern consideragao que esses elementos estao em constante criagso e ressignificagao.E possivel, por exem- plo, que determinada cultura entre em cantata cam naves elementas © se aproprie deles, o que gera mudancas soca’. Pense nos habitos e costumes de nossa sociedade. Que aspectos se mantiv ram e quais se modificaram aollango des anos? Quais impactos grandes eventos podem causar nesses costumes? A pandemia de covid-19 (causada pelo corona virus SARS-CoV-2), par exemplo, conduziu mudangas nos habitas relacionados & higiene e ao cuidado com a sauide. ‘0 modo como os individuos interpretam 0 mundo, portanto, depende dos con- textos cultural e histérico nos quais estao insetidos, cujos valores. cédigas @ cos- tumes modulam as sentidas que eles atribuem a: éprias exper AS ESCOLAS DE PENSAMENTO DA ANTROPOLOGIA Como viste anteriormente,a cultura é um canceita que assume miltiplos significados. Nas Ciéncias Humanas, esse conceito abarca diversas possib lidades de definicao, que deram origem 2 escolas anlropoldgicas fambém dis- fintas, As ideias sobre cultura esta inseridas em contex- tos histéricos e adquiriram miliplos significadas de acor- do cam a desenvalvimenta das teorias antropalégicas e socialagicas. Veja, a seguir. algumas caracteristicas das pprincipais escalas de pensamenta da antrapalagiae suas, definigdes para o conceito de cultura, Oevolucionismo Essa escola de pensamento antropalégico foi criada por estudioses considerados fundadores da antropolagie, coma estadunidense Lewis Henry Morgan (1818-1882), co inglés Edward Burnett Tylor (1832-1917) e c escocés James Frazer (1854-1942) Para 0 evalucionismo, existe apenas um caminho de desenvolvimento para todas as soriedades humanas: po- rém, esse desenvolvimente orarre de forma desigual, De acordo com essa perspectiva, a cultura europeia repre- senta 0 auge de evolugao cultural. que seria acvilizagao. ‘Assim, 0s outros povas eram considerados “primitives” e inferiores, mas atingiriam 9 mesma patamar de desen- volvimenta eurapeu canforme evaluissem. A ideia de de- senvalvimenta linear das culturas foiuilizada coma urna das justificativas para o colonialismo na século XIX. 0 funcionalismo De acorda com essa corrente de pensamento, a so- ciedade torna-se estavel e préspera quando as institut oes saciais sao responsaveis por determinadas fun- es. 0 funcianalisma ficou bastante canhecido par meia dos trabalhos do polonés Branislaw Malinowski (LE84. 1942). Esse autor revolucianau 2 forma de coleta de dados, propando o trabalho de campo, metadolagia que envalve a coleta diteta de dados em meio & populacao estudade, A maioria dos pesquisadores anteriores @ Malinowski Tomava como base para suas anélises relatos de viajan- tes e de terceiras sobre determinada cultura, a que era conhecido como antropologia de gabinete. Malinowski evidenciou o salto de qualidade nos estudos a0 expari- ‘mentar um contato prolangada e direta com os povos que pesquisava. Tratava-se de observar ‘de dentro” uma cul ura para compreender 0 ponto de vista da populacao lo- cal exercitando, assim. a alteridade. Malinowski também se destacou por priorizar 0 entendimento das culluras como uma lotalidade, em vez de estudar as diferentes culturas de mado fragmentado e segmentado. Oestruturalismo Na antropolagia, o estruturalisma tem o objetive de compreender as estruturas de um sistema cultural. Nessa perspectiva, a cultura é analisada como um conjunto de elementos que estabelecam interagdes entre si, Essasin- terages nda sao arbitrarias: se um elermento cultural se madifica, os elementos restantes também se modifica. Para essa escola, os elementas fundamentais que com- Sem uma estrutura 580.05 mesmos para tadas as socie- dades, por isso nao havia razdes para classificar as dife- rentes culturas entre superiores e inferiores. 0 francés Claude Lévi-Strauss (1908-2009) aplicou 0 pensamento estruturalista para o estudo de grupos indigenas do Brasil, visando identificar esiruturas de formulagao de pensamento tnicas para todo espirito humano. Lévi-Strauss ficou conhecido por seus escritos sobrec pensamento mitico eo parentesco. Ele mostrou que os miros nao existem sazinhos, mas estao envoltos em uma rede de significados. Com essas reflexdes, 0 autor evidenciou sua nace de cultura come algo de- pendente do sistema simbélica, partilhado e estrutura- do por determinadas lagicas, que ajudam a compreen- der o funcionamenta social e sua representacao cultural ‘anvropslogo estruralisa Lévi-Strauss se valeu de seu rabalho de campo com povosincigenas braslos para elaborar sua ‘eor'a Na fot, ele realiza estucos na Amazonia, em 1936. O estrutural-funcionalismo: inglés Radcliffe Brown (1881-1955) foi o principal expoente da escola estrutural-funcicnalista.caracterizada pela combinagao, comma seu nome indica, de aspectos da antropologia estrutural e da antropolagia funcionalista Uma das suas principais caracteristicas é 0 foco na an: se das sociedades em um dada mamentaenoestuda da logica interna do sistema de cada sociedade. Assim, bus- cou compreender como as sociedades funcionam por meio da integragao das estruturas que colabaram para a con- tinuidade do sistema social, sendo a cultura um elemento que possibilta esse continuidade. » A misséo. Direcso: Roland Joffé. EUA/Reino Unido, 4986 (125 min). No século XVill,ummercador de escravas indigenas rorna- 'se padre por conta da culea que softe apés assassinar 0 préprio irmao, Em sequida juntase a outro padre das misses jesutticas ao sul da Amética do Sul. Al, eles ée~ fendem as indigenas das in teresses colaniais ‘Imagem do Novo Mundo, xilograwura {acuarelada de Johann Froschaver. «1505 publieada em Mundus Novus de ‘Américo Vespici. América era habirada por uma enoime aiversidade de povos. com diferentes culfuras, roncos Iiguisicose saberes. Mas 0s europeus retrataram esses povosindistintamente ETNOCENTRISMO E DOMINACAO Etnia é uma palavra de raiz grega, ethnos, utilizada para designar grupos que compartilham a cultura, os costumes e/ou a arigem. 0 conceito de etnocentrismo deriva dessa palavra e foi criado para designar uma visao de mundo em que uma cultura ou um grupo étnico se considera superior aos demais e oma seus valores como medida para compreender as demais culturas. Historicamente, foram construldas ideias etnacéntricas, coma a existéncia de culturas “inferiores” e“superiores”. Mas como essas ideias se constituiram ao lon- go do tempo? A que interesses e pracessos elas serviram? Para responder a es- sas questaes, alguns aspectos da relacao entre etnocentrismo e dominagao, so- bretuo na periade colonial, seréa examinados a seguir. Vis6es etnocéntricas da mundo jé estavam presentes em antigas saciedades, como a grega, a romana, a chinesa e a judaica, que escravizavam outros povos, considerados “barbaros" au ‘inferiores’. Essa perspectiva explica, por exempla, © dominio de chineses sabre careanos, turcos e persas. Qu, ainda, 0 fato de os es- trangeiras nao serem considerados cidadaos na democracia grega. Entreos séculos XVe XIX. a empreitada colonial eurogeiana América e, depois, na Africa ena Asia baseou-se em uma postura etnocéntrica. A progressiva cons- tituigao de Estados nacionais centralizadas, aliada a necessidade de expansao econémica © a busta por riquezas, fez com que as eurapeus estabelecessem © dominio sobre pavos daqueles trés continentes, Os pioneiras foram os portugueses e os espanhdis, que empreenderam as Grandes Navega¢Ges. No final do século XV. em outubra de 1492, Cristévao Co- lomea chegou a América Central, em uma expedigaa financiada pela coroa espa hola. Alguns anos depois, em abril de 1500, uma esquadtra lusitana comandada por Pedra Alvares Cabral aportou no litaral da territria que, mais tarde, foi cha- mado Brasil, naugura-se uma Divisso Internacional do Trabalho (DIT), em que as coldnias geravam riquezas para as metrdpoles europeias. Os primeiros contatos entre nativas e invasores foram marcados pelo estranhamento e pela curiosida- de. Aas poucos. as europeus foram construindo uma imagem negativa das popu- lagGes autéctones, apresentando-as como selvagens ou nao humanas. Para os colonizadores de continente americana, os nativos nao eram afeitos 205 valores da “civilizacaa" cris acidental. Parisso faram escravizados, tendo de trabalhar na extracao de elementos natura's, na mineracdo e na agricultura, ou ‘se tormaram objeto de doutrina¢ao religiosa,principalmente dos jesuitas. Na Amé- rica portuguesa, contuda,a maior carga do trabalho compulsério fo! realizada por africanos escravizados, que foram trazidas & América ainda no século XVI Dominacao cultural e violéncia 0s colonizadores europeus utlizaram o pressuposta, de que eram superiares para impor seu mado de vida 20s povos classificados por eles coma primitivos, Esse olhar eurocéntrica fo! utilizado para justificar a exploragso co- ‘onial, a exprapriagda das terras, a escravizacao e a reti- radia da autonomia na arganizacae social dos povos co- lonizados. A desqualificagao dos povos origindrios promovida pelo etnacentrismo europeu estava a servica dda geracao de riquezas, Com isso. espanhiis, portugue- ses e, mais tarde, ingleses, holandeses e franceses, diz ‘maram muitas povos indigenas na América. provocanda co desaparecimento de muitos grupos e culturas. Ourante as conquistas europeias e a exploragao co- ‘onial, o etnacentrismo esteve associado ao euracentris- mo, ou seja, a prevaléncia dos propésitos e das visies de mundo das europeus em detrimento das perspecti- vas elaboradas por outras culturas. eurocentrisma também esteve presente no século XIX. como empreen- dimento do neocalonialismo na Africa e na Asia, e se perpetuow ne século XX, por meia do desenvalvimenta de novas formas de subjugagao econémica empreend- das pelas ex-metrépales, que mantiveram a dominacaa sobre suas antigas colénias. Expropriadas por séculos de seus recursos naturals fe marcadas pelos ataques a suas culturas, as ex-calé- nias entraram na jogo do livre mercado em condigdes bastante adversas e reproduzem até hoje o papel de ex: portadoras de bens primérios s custas de uma profun- da precarizacae do trabalho e da vida. Idiomas e resgate cultural A valorizagao cultural das populagdes marginalizadas envolve o resgate das linguas perdidas ou repreendidas. Na Nova Zelindia, uma poltica publica implementouaen~ sino de linguas aborigenes nas escolas. Leia a seguir Antes proibida, lingua maori tem renascimento na Nova Zelandia (© maori esta tenclo um renascimenta om toda a Nova Zelandia. As pessoas indigenas cada vez, mais adotam sua lingua, ojeitando goragses do stigma e vergonha associa os a sou uso. F os neczolandeses braneas buscam ajuda na lingua e na cultura maori para compreender sua propria ientidade cultural sia 6 a nova Nova Zelindia’, disse Ella Henty, uma pprotessora de estucdas maori na Universidade de Tecnologia ide Auckland, "Nao uma bolha na paisagei cultural, 2 0 que a Nova Zeléndia osté go tomando: wm lugar realmente integrado’ ‘At6 2013, apenas 3.7% dos neozelandesesfalavamn a lingua fluontomente, muitos proviam cqe ela so extinguiria om bro- ‘ve, Mas analistas dizem que o status do maori esta mudando, A partir do final do século XIX, hauve a intensificagao do nacionelismo, da xenafobia ¢ da discriminagao na Europa, Um exemplo desse processo fai a marte am mas- sade judeus, eslavos, ciganos e afrodescendentes pro- vocadsa pelos gavernes nazifascistas na Segunda Guer- ra Mundial, No entanto, ao longo da histéria, houve genocidias relacionadas a autras povas, como o de ar- ménios pelos turcos, em 1905, e o massacre em Ruan- da, com @ morte de milhares de integrantes das etnias tutsie batwa pelos hutus, na década de 1990, Ainda hoje, ha préticas de etnacentrismo e damina- cdo cultural baseadas na ideia de que as saciedades So acidentais S80 “inferiores" ou “atrasadas' por alguns setores sociais. Um exemplo de chaque cultural cam ba- ses etnocéntricas foi a proibigdo do uso de um tipo de vvéu islémico na Franga, em 2018. Simbolo de fé para a maioria das mulheres que seguem a religi3o islamica, o.uso do niga foi proibido em locais publicos eas mu- Iheres que o vestian passaram a ser sujeitas & multa. Alguns estudiosos acham que, por meio dessa proibi- 580, 0 Estado francés exerce um controle coercitivo so- bre as mulheres islamicas semelhante aos mecanismos de dominagao cultural empreendidas em outros peria- dos histéricos, Embora o etnacentrismo ainda tenha um lugarne contexte mundial atual, le fo! refutado cienti- ficamente no século XX. historiador Eric Hobsbawm (2917-2012), por exemplo, criticava veementemente a premissa de uma sucessao hierarquica e imutavel de estagios da historia da civilizacao, como se ela fosse um proceso linear de acumulagao de conquistas. ‘© um conhecimento basica da gua passou a signicar mo- derided cultural em um pe sontinualutando com suas ralzes colonia ¢ indigenas. Hoje o governo da Nova Zelndia, que diz desejar que mais {de 20% da populagao fae maon basico até 2014, prometeu ofe- recor aulas do idioma em todas as escolas do pals até 2025, apesar da flta cle professores que falam a ingua ‘A rovttalizagao do maori também fa2 parte de um 1e- nasclmento mais amplo das culturas indigonas no plano global. |.) Anes pris ingua mac tem renasciment na Nova Zeina Foba de 5 Poul, 19.208. Deponivel em hips wie “omtimurdo2018/08/antes-sra ay nqua-manr-en renascimentosnasnavigelanda.shimPaigin-fola, ‘Acesso am 10 jun 2020. 14 Como solucao encontrada pelo governo neozelandés promove oresgate cultural maori? Vocé conhece inicia~ tivas semelhantes? 2. Por que o resgate das culturas nativas é importante? Discuta com os colegas.

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