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[LISMO NA HISTORIA |. Fascism 2. Populi 1931261 cpp320,533 indices para eatélogo 1. Fascismo = CRB-R9427 DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA FEDERICO FINCHELSTEIN 50 Capitulo 2 O que é 0 Populismo na Historia? forma autoritéria de democracia que surgit -do_fascismo_no_pds-guerra. populistas em pa ‘dos Unidos, mas em um conte? de o fascismo ter abandonado 0 paleo mu ra vez, um regime. Isso representou * eeisive na hist6ria, como o surgimento dos regimes de vo Antes das suas primeiras formas de regime, 0 fas- am simples movimento de protesto e no um meio angar 0 poder. Depois de chegar a0 poder pela primeira seiemo tornou-se um paradigma politico verdadel- mente sua perspetiva. O fascismo passou a serum. caminho, as um estilo politico para a 0po- ido, a revolugao de DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA © QUE £0 POPULISMO NA HISTORIA? \s nos afastamos do que o populismo representa distintivamente 1oria da politica. preensivelmente, os historiadores tém resistido redugdo da ‘a uma vitrine de curiosidades que os teéricos podem escolher aeordo com as suas necessidades. Essa abordagem redutora repre- ma forma radical de contextualizagao que ¢ mais antiquaria do gafica. Enquanto 0s antiquatios sao colecionadores de reli- » passado, os historiadores profissionais analisam ¢ interpretam os passados relativos as suas variagdes e sua continuagao no pre- Se alguns tedricos apresentam essa perspetiva antiga e antiquaria ‘outros realgam a longa histéria do termo “populismo” sem suficientemente os diferentes contextos da sua historia e teoria . Como salienta Pierre Rosanvallon de forma convincente, 0 populistas, como os de Juan Perén na Argentina e Getilio Vargas Brasil, nao foram verdadeiras revolugSes, mas sintomas revoluciot rios da criagdo de um novo paradigma politico para governar a nag no inicio da Guerra Fria. ‘Antes do fascismo, 0 populismo também tinha sido um esti politico autoritério para movimentos de oposigio. Depois do cismo, 0 campo politico ficou livre e © populismo tornou-se 0 pleto. Tornou-se um paradigma politico autoritario definitive — i 6 uma maneira influente de dominar 0 Estado na auséncia de po res fascistas. Como 0 fascismo, o populismo nfo era um su neo de outra politica. Os populistas nao eram simples me do povo, mas interventores por direito..Como os regimes fas antes deles, os fegimes populistas atuavam ¢ decidiam em noi povo, mas através de meios democriticos. Em outras palavris; populismo nao foi um mero paréntesis na historia. Mais do que forma democriitica de fascismo, o populismo era um novo fendm politico para uma nova era na hist6ria. © populismo moderno su no contexto da Guerra Fria, e inicialmente foi uma resposta de representagdo politica que criara primeiro.o_fascismo contribuira para a exting&o do mesmo. Por essa razao, as explicay do populismo ¢ da sua politica devem ser situadas nos cont hist6rieos do populismo. Enquanto o objetivo do fascismo ¢ a ditadura, procurando ita separagio de poderes ¢ o Estado de Direito, 0 pop: ‘menos na histéria contemporénea, quase nunca destruitt ad cia, No entanto, os populistas enfraqueceram em série 0 Estadd Direito e a separagao dos poderes sem os abolir completamente, 08 fascistas, as eleigdes nfo tinham qualquer importancia, may populistas consideravam-nas significativas. verdade que a cracia populista era nacionalista e menos cosmopolita ria do que outras formas democriticas. No entanto, uma vez que populistas aumentavam a participagao eleitoral, © populisme ser visto como um reforgo da democracia. A complexidade hist 10 0s sicofantas da antiga Grécia, o jornalista radical da Revolu- «1, Jean-Paul Marat, e 0s “populistas” russos ¢ americanos XIX.' Mas Rosanvallon, como muitos outros teéricos, nio :ntemente a hist6ria autoritéria do populismo modemo no m sintoma de uma tendéncia geral na teoria politica do para exeluir o fascismo da narrativa. anto, 0 fascismo ¢ o totalitarismo constituem partes fun- smo; ¢ as formas como 0 popu sido e continua a ser usado nao se restringem as suas origens. nportante reconhecer esses primeiros movimentos popu- avaliar as suas ramificagdes e repercussdes subsequentes suas varias fases hist6ricas: as primeiras tendéncias tica russa e americana do século XIX, as formag&es de diteita (e.g,, 0 boulangismo na Franga, o movimento Viena e as ligas patridticas sul-americanas), ¢ os prece- as do periodo entreguerras na América Latina (e.g., México, o yrigoyenismo na Argentina ¢ o primeiro As fases p6s-1945 do que pode ser designado , que surgiram depois do primeiro populismo € dos pré-populismos de direita que antecederam a Grande Guerra, s as seguintes: -1) © populismo cléssico. O peronismo argentino esta na primei 2) O populismo neoliberal. Carlos Menem na Argentina (1989-99) 3) Opop' 4) 0 populismo neoclissico de | DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA inha, mas esse termo abrange também a segunda fase do guismo no Brasil (1951-54), o gaitanismo na Colémbia (finais d anos 1940), e 0 periodo de José Maria Velasco Ibarra no Equai (anos 1930 aos anos 1970), além das experiéncias populistas pés-guerra em paises como a Venezuela, Peru ¢ Bol ilvio Berlusconi na Itélia (1994-95, 2001-6, 2008-11). ismo neoclassico de esquerda. Os governos dos Kirehn na Argentina (2003-15), Hugo Chavez. (1999-2013) e Nicol Maduro (2013-) na Venezuela, Rafeel Correa no Equa (2007-17) e Evo Morales na Bolivia (2006-), bem como 0} partidos populistas neoclissicos de esquerda na Europa, como Podemos na Espanha e 0 Syriza na Grécia. ta_e extrema-direita. Di extrema-direita peronista dos anos 1970 a prevaléncia dos al movimentos ¢ lideres de direita que esto geralmente na oj gio europeia mas podem também estar no poder em paises: 9s Estados Unidos, as Filipinas e a Guatemala, ou em coli no poder como as da Austria, Itilia e Finlandia. Essas formas populismo neoclassico também incluem os regimes de Ree Tayyip Erdogan na Turquia e Viktor Orban na Hungria, Ent as formas de populismo neoclissico de direita ¢ extrema-dire na oposigdo temos 0 UKIP na Inglaterra, a Frente Nacional Franga, a extrema-direita na Grécia e os movimentos liderad pela xen6foba Pauline Hanson na Australia e Avigdor Liebe em Israel, entre muitos outros. 0 QUE E 0 POPULISMO NA HISTORIA? smo. O que é notavel no caso da Argentina é nao s6 que se tornou ro regime populista na historia depois de Perén ter sido eleito 1946, mas também que 0 seu modelo de populismo se transformou variantes. Isto é, 0 peronismo, criado em iberal-democritico do pés-guerra liderado pelos icanos, representa a primeira forma de govemo do populismo © exemplifica todas as diferentes fases do populismo — desde ismo autoritirio dos primeiros governos de Perén (1946-55) a ha esquerdista Montoneros e a0 neofascista Triplo A nos anos 1970, ao neoliberalismo de Carlos Menem dos anos 1990 e 20 ismo neoclassico dos governos Kirchner no novo século. A necessidade de situar o populismo no seu contexto moderno ¢ ista como um mal politico sem um ponto de origem especifico. +o fenémeno populista as suas hist6rias mundiais obriga-nos a ar 0s estere6tipos negativos do populismo como conceito e voltar aos contextos do seu surgimento. O que pretendo salientar aqui cessidade de devolver a histiria, e a historiografia, aos debates sobre o populism. smo apresentava uma série de pos experiéncias extremamente difere! esquerdo e direito do espectro politico. No-entanto, ¢ para esse péndulo ideolégico juntava sempre varias caracteris- po} que oscilavam entre ma ligagflo a uma democracia antiliberal, eleitoral e autorité- jeita, na prética, a ditadura extrema de reli ansformagGes que esses suicessos transitérios 0 momentos revolucionérios na fundagiio ou DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA (© QUE £0 POPULISMO NA HISTORIA? 6) Um fraco entendimento do Estado de Direito ¢ da s dos poderes \ 7) Um nacionalismo radical \ 8) Uma ideia do lider como a personificagio do povo. | 9) Uma identificagaio do movimento e dos lideres com 0 como um todo 10) A afirmagaio da antips po 11) O ato de falar em nome do povo e contra as elites dirigent 12) A autoapresentagio da sua defesa da verdadeira democra ‘oposigtio a formas imagindrias ou reais de ditadura e 1 (@ Uniaio Europeia, o Estado paralelo ou profundo, o imps litismo, a globalizagao, os golpes militares, etc.) acdora do povo como uma entidade ismo se é i | As suas maiorias eleitorais ciao cola 14) Um profundo antagonismo ¢ até averstio ao jor independente 15) Uma aversdo ao pluralismo e a tolerancia politica 16) Ainsisténcia na cultura populare até, em muitos casos, nom do entretenimento como representagdes de tradigies nacio .ceu como uma reformulagio dindmica de casos populistas ante- into fora como dentro da Europa e dos Estados Unidos. A maio- ‘cos concorda que 0s populistas europeus esto unidos no de subyerter as premissas transnacionais da Unio Europeia. esse novo populismo representa um regresso nagdo, uma 1 da democracia e 0 ressurgimento de antigas, e suposta- lrapassadas, tradigdes continentais xenéfobas, Na verdade, desapareceram mas tinham sido apenas ignoradas ¢ repri- s memérias de um continente que, depois de 1945, se resta- ‘om base na rejeigdo antifascista dessas ideias. Ocorréncias tes nos Estados Unidos evidenciam-se no ataque do Tea Party igbes (nomeadamente, a paralisagiio do governo de 2013) ¢ em laques populistas recentes a tradigSes mais dialogantes, mas no ressurgimento de uma atitude nativista, e as vezes racista, aos hispnicos, mugulmanos e outras minorias, exemplifi- lo no sucesso de Donald Trump, 0 candidato republicano ia em 2015-16. .os observadores latino-americanos, 0 regresso.do popu= sntro revela as dimensdes mundiais de uma experiéncia p associada & historia latino-americana. A representagio icana da tradigdo populista na politica nfo é apenas um Desde o general Juan Domingo Pern ao falecido coman- xivez, o populismo tem definido com frequéncia a poli- Mas a forga de projetes politicos populistas europeus € Inglaterra, Franga, Holanda, Alemanha, Austria, Itdlia, los de Trump e em outros lugares) » os Latino-americanos a reconsiderar também as aparen- \des historicas das suas historias em um sentido global ica, que na pritica significa su ica dos costumes © Populismo Mundial no Presente 0 populismo regressou com forga a Europa e aos Estados Un Para uma andlise dessas questées, ver ‘Chavez. and Back: Populism Reconsider org. Mario Sznaider, Luis Roniger ¢ Jatino-americano ¢ um modelo para a Europa ¢ os historia reflete 0 pathos do tumultuoso pre- soer, “Is Fascism Returning, DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA expansiio global.’ Os populistas em todo © mundo invocam o nome do povo para destacar uma forma de lideranga altamente hierrquica, para minimizar a importineia do didlogo politico e para resolver uma aparente crise de representagaio, atacando cada vez mais 0s pesos ¢ contrapesos institucionai: entre © povo ¢ o lider, baseando-se em um modelo de poder ser descrito da melhor forma como re sua forte tendéncia para deificar suas causas e lideres). Por fim, 08 populistas associam maiorias eleitorais temporais ao povo da nagio como um todo. O populismo reforga a bipolarizagio social e p So deixados menos espagos para a expressiio das minorias politicas, eitos politicos dessas iltimas nao sfo eliminados, mas sua le} midade democritica ¢ diminuida. O populismo, em suma, é uma forma. autoritiria de democracia Enguanto as atuais experiéncias latino-americanas com o populismo de um aumento moderado de 0s com tendéncias autoritérias, a Europa © 08 Estados Unidos esto assistindo a presenga opressiva de uma dire populista que exibe as segundas mas descura os, primeiros..Nesse.seti tido, a Europa e os Estados Unidos estiio. mais préximos do_passacla essa hi sobretudo a América Latina, ¢ especialmente com o mod como 0 populismo foi inicialmente gerado nessa regifio do mundo con uma forma de regime eleitoral pds-fascista Proponho um enquadramento histérico preliminar para comp! ender desconcertante vaivém do populismo entre movimen regimes de esquerda e direita e através dos oceanos. Depois de 0 QUE £0 POPULISMO NA HISTORIA? istoricamente minha abordagem do populismo como uma reformu- \e40 do fascismo, critico brevemente as teorias funcionalistas, regio- izadoras e transcendentais do populismo. Fomego também uma enealogia transatlantica das suas reformulagdes contextuais, desde 0 ss-fascismo ao neoliberalismo, e desde as formas esquerdistas neo- as latino-americanas as nacionalistas de direita tio comuns na uropa e nos Estados Unidos. Em suma, estou participando de um did- 120 interdisciplinar mais alargado. Essa tarefa muito ambiciosa no ode ser, evidentemente, realizada em um iinico livro, No entanto, aere- que a minha abordagem pode ajudar a reduzir algumas divergén- entre a histéria e a teoria que tém sido ocasionadas pela auséncia de storindores desses debates tedricos ¢ pela semelhante auséncia olvimento dos tedricos com a historiografia.® ‘As Origens do Populismo Moderno como Pés-Fascismo Como 0 populismo modemo é uma reformulagao do fascismo no 10 das democracias do_pés-guerra, distingo-o dos primeiros smos, em que a democracia era severamente limitada. Por exem- m muitas vezes com a eseravatura ¢ mais tarde com a supressio do diteito de voto e outras formas de exploragao que, sobretudo 1945, se tornaram cada vez mais contriias a ideias moder- cracia, Assim, como um fendmeno europeu e americano jores que considero importantes excegbes na Zanatta, Raanan Rein, Alberto Spektorowski le para o grupo nacional. Esse primeiro na da representagao demo- izarquicos? Qual é a sua relagao mais recentes? Berlin afirma que © popu- jsmo e outras formas de totalitarismo, pei endo em conta que a esséncia do populismo 0 ‘a historia do fascismo est significa com a histéria do populismo. Na verdade, @ ‘com o seu outro dialético, 0 Contra-liuminismo que em momentos diferentes a contestou populism podia existir em sociedad Hassler tese damodernizagao é historicam, imente porque © populismo nunca deixou de ¢ “ts rocessos de consolidagao. democritica. Rea aiid iis além dos pontas conhecidos da modernizagao dng tldntico e em outros lugares. iia Isaiah Berlin Guerra Mundial, e a0 contrério dos pri- anos ¢ russos, Varios movimen- pré-populistas de direita (na Austria com Karl Luegers general Georges Boulanger; na Argentina, Brasil € « ligas patridticas nacionalistas, entre outros) foram meios “Ver o texto clissico de Isaiah Berl 1960p. 13-28. Ver tab Bs The P f x le Power of Idea sent Ps, 2312.38 Ske» alin Nenu Toot of Reon: 4 Hoy ofthe Pp sata mury Russia, Nova York, Knoy jcavam formas Michael Kazin, The Populi pf, 1966. Para os Estados Unid f *opuist Persuasion, Ithaca, N° om s de pré-populismo de direita se ¢ Ritchie Saat, “A Compare of ‘New ns é ‘het Aatcoedsdmancie at ioame os tiveram origens pré-Po} saiah Berlin, “To Define Populism”, Go. PITS Vereen ee PRs, Goverment and Opposition f The Ani-enlighennent Tradition, trad. David Meisel, New Press, 2009; Sandra MeGee Deutsch, Las Derechas. The 1890-1939, Stanford, CA, Stanford ismes dans le monde: Une histoire mbém tentavam restringir a democracl 1e do povo, os pré-populistas.eram. xendfobos e racis- 'sextremas de nacionalismo.’ Embora nem todas convertessem em fascism ists. Assim, em contextos DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA transatlanticos como a Alemanha ¢ a Itélia, ou o Chile, Argentina ¢ Brasil, 0 pré-populismo foi reformulado radicalmente como fascismo transnacional, sobretudo depois das devastagdes priticas e simbélicas da Primeira Guerra Mun A.crise de representagio do periodo entre as guerras mundiais itarisino em muitos paises europeus. Em suma, conduziu © 8 sua substituigo por formas totalitér fascistas de ditadura, Embora essas formas de pré-populismo terminas- sem muitas vezes com a destruigo de formas limitadas de demoeracia, foi s6 depois da queda do fascismo que o populismo ressurgiu como ‘uma forma vertical e geralmente intolerante de democracia. Essas expe rigncias em ideologia pi que surgiu como regime fora da Europa, Dessa forma, a andlise hist6= rica mostra que essas experiéneias populistas latino-americanas moder- nas complicam a ideia de que o populismo foi uma simples patologia da democracia. Desde o peronismo aos casos boliviano, brasileiro e vene= zuelano, 08 populismos latino-americanos constituem desafios signifi- cativos as dimensGes mais negativas da definigao do populismo como anti ismo. O seu alargamento dos direitos sociais também pode ser visto como um reforgo duradouro da democracia, © Surgimento do Populismo Moderno na América Latina Depois da queda dos fascismos europeus em 1945, um regime populista moderno surgiu pela primeira vez na América Latina. O pero= nismo nao foi s6 0 primeiro regime populista modemo na teve também ramificagdes espetaculares a0 longo da sua hist6ria, Essas | ramificagdes comegaram com o seu notavel surgimento como uma reformulagio do fascismo no contexto da Guerra Fria — ou seja, uma (© QUE £0 POPULISMO NA HISTORIA? nos anos 1990; e finalmente com o populismo de esquerda dos Kirchner (2003-15). Ao longo da sua histéria, uma faceta importante da ideo- ia populista do peronismo tem sido a sua recusa em produzir uma io programética clara. O peronismo (como movimento, como ‘como uma forma ideolégica de fazer e entender ilidade de estar em um estado de reformulagao icos abandonam 0 jogo poli- ura constantemente maiorias absolutas, exige fidelidade total a for- de lideranga autoritirias e, por fim, mas ndo menos importante, iam uma ditadura cujo lider negaria a les de aleangar o poder. Foi assim no caso de Mussol na Alemanha; e dos lideres fascistas na Argentina, China e mi ‘08 lugares. Todos eles participaram da experiéncia do fascismo nsnacional. Mas depois de 1945, o oficial do exército argentino Juan em uma busea contextual de legitimidade, inverteu os termos 0 e, com isso, criou a primeira forma de populismo modemno. trério do fascismo, 0 peronismo aceitou a democracia eleitoral. ider pragmatico de uma ditadura que desde 1943 governara ‘itico de boa-fé. O peronismo destruiu ou mesmo provocou a ‘Ao da ditadura militar, que teve Pern como seu lider efetivo mo surgiu no contexto do declinio das tradigdes liberais \ nas nos anos entre as guerras mundiais. Depois do autoritérias do periodo, cou nesses paises, na Argentina, a junta mi pro- ‘cessos eleitorais democriticos ¢ deixou de ser uma ditadura. A ditadura de 1943 representou um ataque frontal e total ao secularismo argentino. O golpe de estado de 194 sino catélico (tornando-o obrigat6rio nas escolas p versidades nacionais ¢ proibiu legalmente 0s partidos pol 0 eseri- tor antissemita e ministro da Educagio da ditadura, Gustavo Martinez Zuviria (Hugo Wast), 0 programa tinha como objetivos “cri pais”, diminuir a imigrago, aumentar a taxa de natalidade nacional & cerradicar doutrinas seculares."! Mas mais importante do ponto de vista do peronismo foi o fato de depois de 1945 0 presidente Péron, democraticamente, ter mantido e, em alguns casos, aprofundado, refor- ‘mas sociais (e.g., melhorando as condigdes de trabalho, implementando Ieis laborais, concedendo mais direitos aos trabalhadores rurais urba= nos, finaniando integralmente o sistema piblico de pensbes de reforma, ‘aumentando significativamente 0 poder dos sindicatos, limitando as condigdes nas quais os trabalhadores podiam ser despedidos, promul- gando feriados e férias pagas) aplicadas durante o seu mandato como mministro do Trabalho da ditadura militar.” Perén manteve também uma politica ativa de imigragio racista que diseriminava imigrantes judeus & incentivavaa imigragao branca e cat6licaa partir da Itélia eda Espanha." Em termos politicos e ideolégicos, o golpe de estado de 1943 anunciow 0 poder dos militares, inspirado por uma ideologia nacionalista, neutra 31 Sobre Wast, ver David Rock, Authoritarian Argentina: The Nationalist Movement is History and lts Impact, Berkeley, University of California Press, p. 137; Loris ny el mito de la nacién catdlica: Iglesia y Bjére 0 QUE £ 0 POPULISMO NA HISTORIA? (isto &, pré-nazi e pré-alema em um contexto hemisférico antinazi), autoritaria, anti-imperialista e clérico-fascista. A hist6ria da ditadura militar é em grande parte a odisseia de Perén para se apropriar dos seus comandos e reformulé-la como um governo democratico eleito. Essas alteragdes foram realizadas no contexto do que os estudiosos dlescrevem como uma “revolugéo dentro de uma revolugao”, em que liderados por Perén usaram golpe para reenquadrar bases institucionais do pais em termos populistas.* Entre 1943 € foi constantemente reformulada para se adaptar 4s .sdes de diferentes interventores “peronistas” sociais € ‘cos, desde os fascistas dentro e fora das forgas armadas aos sin- icatos esquerdistas e a classe operdria em geral. A bipolarizagao era elemento fundamental da nova ordem peronista. Como explica © ‘prado historiador Raanan Rein, 0 peronismo dividiu a sociedade ina em duas facges totalmente oposta: ‘ara os membros da se operiria, 0 peronismo representou uma verdadeira melhoria das condigdes de vida.” O peronismo também lhes proporeionou uma ‘0 de participagao e orgulho. Em contrapartida, para a maioria dos ros das classes médias ¢ altas,e para a maioria dos intelectuais 10s, “A década peronista foi uma experiéneia traumatica”. Afas- os do mundo oficial da pol les ficaram chocados ao perceber 1am perdido no s6 0 controle dos processos pol também o seu entendimento desses processos peronismo argentino foi a primeira tentativa de “democratizat™ iberais do fascismo para o contexto da Guerra Fria. 1 Stanford, CA, Stanford University Press, Torre, “Interpretando (una vez 28, n2 112, 1989, pp. 525- ‘Murmis e Juan Carlos Por- es, Siglo Veintiuno spiragaio nacional para as ‘beral latino-americana, mas, embora | nunea cortaram completamente ntar as limitagdes desses mode- dos opositores come saat dopetidesi conservador do que aos seus congé! igualitarismo. Em geral, esses novos regi C © protopopulismo radical per- populistas democraticos contestavam as ideias liberais de sto dos direitos politicos, mas apenas para os homens "Mas essas ndo foram as primeiras tena dle um sistema que combinava a Tideranga caris latino-americana. Existiram precedentes «9 forte e o reforgo do papel do exército na ae como 0 cardenismo no Méxi r ‘40 social com esporidicos mas elevados de a reed ie ¢ 1928-30) ea sta na Patagonia, Buenos Aires ¢ outros lugares: « 5). Outro importante precedente protopopulismo apresentou um sistema autortério ¢m stiveram um papel importante em determinados contextos ido em termos de competigao intrapartidéria. Ao mesmo iportantes segmentos da sobretudo peruano liderado por Vietor Rail Haya de la 1920, Todas essas experiéneias fo contextos nacionais, regionais e mundiais antes ¢ dur Guerra Mundial, Esses regimes ¢ movimentos protopopuilist muito diferentes dos movimentos pré-populistas de direita mais ti 9 ¢ da estrutura corporativa do Estad dos casos europeus, americanos e latino-americanos ce no Brasil de Vargas, mas este situava-se cla Guerra, Enquanto 05 movimentos pré-populistas con tico, eriando uma ditadura corporat sneompletas de populismo sem qualquer forma de : L545, 0 cardenismo e o varguismo consideravam-se ‘de populismo surgiram tardiamente no México nos pri ‘ime de partido Gnico. © exemplo mais importante € Andris 1. Ver Carlos Illades, “La izquierda populista mexicana”, Nexos, wumexos.com.mx?p-294834"in5. Lépez Obrador também populismo que opunha sintomaticamente © populisme mexicano como as Gnicas duas opg6es disponivets na politica as Krauze, “Lope Obrador, el mesias tropeal”, Letras Libres, ar senciaram, ¢ as vezes produzi Tanto 0 cardenismo quanto o pri a0 fascismo-mundial e reprimiram k -direita,No Brasil, a primeira fase varguista que destruitrefitivamente a democracia formal el ‘No México, 0 periodo cardenista levou a in: de partido nico, a um poder executivo forte mas 4 minimizagao pritica da democracia eleitoral. Os regimes pr movimentos no México e no Bra dentes para o futuro populista, incluindo novas formas de nacionalisi econdmico ¢ a consequente integragao das classes trabalhadoras ul O movimento APRA (Alianga Popular Revolucionéria Americ foi muito ativo nao sé nd Peru mas também, em menor grau, em out regides da América Latina como um partido urbano e uma alianga trabalhadores, estudantes e intelectuais de classe média — uma col go que o seu lider descreveu como “a unitio do brago e do cérebto O elo de ligagao entre eles foi progressivamente a lideranga mitiva d Haya de la Torre. Durante esses anos, Haya de la Torre propos frente anticomunista e antifascista para a “defesa nacional” latino: meticana e a “afirmagdo da soberania” contr 108 onipotentes" Fundamental para esse modelo era que, como afirmou Haya, “Nao exis tem massas ou povos bons ou maus, existem bons ou maus lideres!” Ider peruano apresentava a APRA, e a sua propria © meio de vencer os inimigos internos e externos. A APRA tornous! um partido propriamente dito no inicio da década de 1930, alter: frequentemente entre processos democriticos em tempos democrat a insurreigdo armada em tempos ditatoriais. Nesses primeiros ano} ‘como explica Carlos de la Torre, € possivel constatar o “moralisn 148 Apartirde 1931 e, 6 surgimento da Guerra claro que o aprismo era uma organizagaio protopopulista latino-americanista. No pos- © 0 liberalismo sob a ido como o “Jefe Mi mos (o cardenismo, o primeiro varguismo, 0 yrigoyenismo iram precedentes importantes e claros ‘0s populismos modernos, em especial o peronismo, que surgiram de 1945. As histérias dos protopopulismos no México, Argentina, Peru | ‘mostram que eles foram profundamente influentes e, depois 5, em paises como a Argentina, combinados com legados m: iamente pré-populistas e fascistas. Isso nao significa que 0 fas- no foi tao influente no resto da América Latina como na Argen- 1, @ hist6ria do liberalismo no mais Idnga do que em outros lugares onde 0 fascismo surgiu ism in Latin America, ‘of Alabama Press, 1999, pp. steve Stein, “The Paths to Populism in Peru” ichael L, Conniff, 2." ed., Tuscaloosa, Univers 5: Carlos de la Torre, Popul ity of Wisconsin Press, 149 DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA como regime (e.g., Alemanha, Itélia e Espanha), mostra que o mes ico da maioria dos casos latino-americanos de pop mesmo em lugares como a Colémbia, que conheceu os resultados violentos, as regras liberais do jogo politico estavam demasiado zadas para serem completamente eliminadas. A Argentina foi um forma mais legitima de governo no Ocidente, os fascistas no primeiro e sobretudo na Argentina, regressaram as bases -populistas de direita do fascismo, reenquadrando-as organic para o contexto do pés-guerra. Como um produto ditatorial da cracia modema, 0 fascismo baseava-se nas experiéncias anterio reagdes pré-popi it € 0 boulangismo na Franga no século XIX ao antissemitismo e cristo de Karl Lueger em Viena do fim do século,"? Mas de chegar ao poder, na Itilia em 1922 e em 1933 na Alemanha, 0 ft * Comentirios d& Issiah Berlin.pa conferéncia To Define Pop School of Economics, maio’de 1967, Isaiah Berlin Vi la comentou: “Fora da 14 de outubro de 2014, htp//berlin,wolfox.ac.k ido particularmenteGomund As comunicagdes da conferén " sense! © Emest Gi \ Populism and the O.QUE £ 0 POPULISMO NA H DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA m muitas teorias do populismo, os casos latino-americanos, aie ‘os representam_ 0 sintomatico Outro, Sobretudo para | essas abordagens estereotipadas empregam um jareto. de dade sobre o cariter liberal europeu. que mostra como tambem ‘cam tendéncias populistas na hist6ria da Europa desde muito cedo, (0 essas teorias, 0 populismo esta de certo modo situado fora da ‘porque funciona periodicamente como umm corretivo de tendén- berais, moralistas, totalitérias ou antidemocraticas na democra~ ‘A América Latina, especialmente, ¢ considerada parte da equagio — | sta, mas permanece no contexto da aN populismo fora do projeto democratico, Rosanvallon conelui: in ee ae deserevendo a trajetéria do populismo como preambulo de outa coisa. A complexidade do populismo € conti ‘com sua indeterminagao como uma que divide sosiade em dois grupos moralmente opostos (0 po z ‘ipos regionais. Para eles, o populismo é menos vante do que outros conceitos ou ideologias. Ao identificar o popull cou ini eyvonet henna imastiedetarisdeenniat am Essen restora propria versio do populismo ieteninenolsa aa histéria conceitual prépria. Em contraparth aus ae sas aque exploram a tajetdria do conceito mas afin ee entemente adquiriu importancia na Europa, ofere um exame superficial de interpretagdes © casos nio-cuo para situar a experiéncia populista europeia em relagao a outras."” oucas relagdes fora do continente tirando nas analogias ou exemplos. Por exemplo, um académico influente lectual piblico como Rosanvallon, que destaca as dimensbes europeias modemas do fendmeno, no aborda de forma sign portantes contribuigdes latino-americanas na trajetoria do | ‘mo eomo coneeito ¢ modelo de regime para o desenvolvimento ica democritica e antiliberal depois de 1945. a que sejam referidas ps ee ania sua reduzida morfolos poplis pers yado a outros conceitos ou familias ideolégicas, que nor i estudiosos do populismo destacam as tendé » totalitirias do fendmeno. Um dos teéricos m: smo, Carlos de la Torre, argumenta: “O desrespeito popu pluralismo explica-se pela sua concepedo do povo como um vontade e consciéncia unitérias e dos rivais como inimigos 58 Mas De la Torre também lembra que “Apesar das sirias de penetrar na esfera privada para criar novos Oxford University Press, 2017, pp. 5-6; lence of Populist: Threat and Corrective for Democracy”, Den 10 Hes tol ‘io veem 0s cidadios como um conjunto com fo entanto, 4.2014, p. 463), ‘novos age totalmente a esfera piiblica e a sociedade dos populistas nfo. se baseava na uniformidade de- opin tada em grandes comicios ¢ eleigdes com apenas uum pr) es lade baseava-se em ganhar el igdes que émais proveitows a sua relagdo incerta com a democratizagao liberal”. O_popiil uma dupla legitimidade baseada em eleigdes mas. tambéi € fora de” instituigdes e processos eleitorai cléssico alargou o sufrégio. Os populistas rad Populista como o de Evo Morales na Bolivia mostra como o po) pode reforgar a participagdo politica ao mesmo tempo em que niza membros da oposigio.’ Na Bolivia, e sobretudo para a do povo indigena do pais, que tinha vivido durante muitas dé ‘uma mistura de racismo, autoritarismo e ne. Extraordinary in Latin Avi ies 21, n?2, 2016, p. 131 “Ver Carlos de ta Torre, “The Contested Meanings of Populist Revolutions in America”, in Transformations of Pops Recent Tendoncit Bridget Maria Chesterton, Gary. May York Norman, Londres, Bloomsbury, 20 16, p. 332. * De la Torre explica: | anteriormente um centro do poder dos brancos. A inclusto cultural e simbélica dos povos indigenas é acompanhada de €conceitos populistas dos rivais como inimigos, O espectr autoritrio mani= festa-se em pequenas comunidades e a nivel nacional, Por exemplo, depois 166 na resposta antidemocritica as ten- rnoctacia e que geralmente revela uma redita os momentos ambivalentes em que o populismo mas também reforgou a participacao democratica, desde peronismo € 0 gaitanismo colombiano, até os primeiros popu- ‘ericanos do fim do século XIX. Miller insiste: “O populismo rt as ces pss 205 ma i lnc merge afi “na roa COM in vt Ta Quin (eave de oral a ls). vans iver quan peru no poos lear its os seein amir, Esa vis rtderoerca des oposires go camsin os deus eis don do preset ene (Cotsed Mening p. 338) fovimientos Sociales y Participacién Politiea en sidad! Democrética em América Latina, org. \sidoro si”, Dissent, 23 de setembro de essa em 1d de outro de 2014, wwalisenimagazin oyblog geting pals I Tage, Ppuilom, Biking, Opes Univesity Pes 2000 Pal sm and the Pathologie of Representative Polis, n Deora we, ong. Yves Meny e Ywes Suel, Oxford, Palgrave, 2002 cae os bodes del iereismo: dfereeta populism, in, enanipocin 2 ed Aumentad, Buenos Aires, Ged, 2014. 167 de tes do outro lado do Atlantic, e nao pode ajudar 0s tebricos a complicar as teorias do pop -las na natureza ambivalente e complexa do populismo n O populismo surgiu como uma forma autoritéria que apesar rejeitava a ditadura, As teorias do populismo, por conseguinte,.\leven tratar das suas dimensdes participativas ¢ exclusivistas em relagilo diferentes provessos historicos, em que clas so geralmente nadas. Assim, depois de 1943, 0 populismo foi mais perigoso par ditadura do que para a democracia. Especialmente na América Latin depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o populismo comb aumento da participago politica popular com importantes ca ticas antidemocraticas. Esse conflito no seio do populismo associa 9 histéria aos nossos esforgos de conceitualizagto. O contexto consti sempre tum obsticulo a alta teoria. Os binarios apresentados em te0! genéricas do populismo nunca ajudam a formular uma teoria democrética atenta a histéria, O desafio para a historia ¢ a tearia é a sua oposigao mitua. Contra a insisténcia genérica em opor a.exp cia hist6rica a definigdes trans-historicas, proponho situar o populis historicamente em termos da sua relagdo genealégica, contextual em tas vezes anttética com o fascismo. Uma vez que a ordem ibe ‘mocratica europeia e mundial do pés-guerra se baseou em prinelpi antifascistas, ¢ importante salientar as origens fascistas e pos-fasel da atual contestagio populista. ‘Alguns observadores atuais temem que 0 populismo possi 1 ‘mente transfomar-se em fascismo e, se isso acontecer, uma abort historiogréfica teoricamente infletida mostraria que, embora ‘muil ‘¢ Andrew Arato propuseram um conceit storicamente que historiadores do popu- m considerar quando analisam o fenémeno. Passando das leragdes tedricas para a historiografia, Yento mostrar como .gdes surgiram historicamente, sobretudo depois da reformula- enquadramento histérico do populi stesso a Europa e a América do Norte atualizou as antigas tradiedes se antidemocréticas dessas regides. O populismo no é uma sim- ites e burocracias, mas antes uma cl Os popuilistas entendem historicamente a sua eriti como uma radicalizagao da democracia através da devolugao do ao povo. O que essa radicalizagao poderé implicar varia de acordo )s posicionames esquerda ou a direita. © surgimento de reagSes as de esquerda a desigualdade social indica geralmente que a qua- idosa da conjungtio de democracia. e medidas de austeridade nao ¢ irrelevante na chamada periferia europeia, sobretudo ‘es como a Grécia e a Espanha. Essas reagSes nao podem ser con- icamente populista, movimentos populistas de esquerda como 0 Podemos misturam a critica & desigualdade de rendimentos com ite versus povo” € 0 nacionalismo, associd-los genericamente smo de direita seria incorreto* smiradas/4501/una-actaracion-con-re- Para a histéria conceitual do totalitarismo, ver Enzo Travers0, Eudeba, 2001; ¢ Simona Fort, “The National Populist \ dios pelos partidos tradicior divisto entre esquerda e dir esquerda do espectro politico. Na verdade, nalmente reservados & esquerda nao-populista. O contribuiu com sua reflexiva que encontrou na obra do tedrico pi Laclau e nos exemplos dos populismos de esque ‘América Latina, © Podemos, formado em 201 mas econdmicos neoclissicos. O grupo intelectuais laclausianos profundamente interes ‘Um dos seus riar 6 bindrio de um popt na América Latina, defendendo que um pop' sivel na Europa. Os lideres do Podemos ex} nhola através de outro importante binirio, o da casta. Eles identificavam claramente seus see segunda. © axioma populista do povo contra a uta “hegeménica”. Pablo Iglesias, 0 lider c ‘A mudanga, em outras palavras, $6 ovo, O povo e a patria eram intrinsecamente bons, yas de um logro. fam os criticos de esquerda na época, o Podemos em teoria que “0 povo € 0 tinico que precisa decidir” ia existente era cercada pelos “poderes econdmi- Mas, na pratica, 0 partido estava afastando-se cada compromisso com a tomada de decisdes coletiva ou favor da delegagao das decisdes politicas aos lide- Iglesias, mas também Inigo Errején ¢ Juan Carlos ava do 3, 2011, pp. 105, 108, less Jaén “Un debate con el populism 10293; Pablo Igle- DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA (0 QUE £0 POPULISMO Na HISTORIA? pluralista e nai homogeneizante do coletivo popular, Syriza ac: poder, combinou tipicamente motivos ideoligicos de esquerda e de por enveredar por um caminho populista mais clissico. Uma vez a0 mesmo tempo em que afirmava ser a tinica opeao do povo poder, formou uma coligagdo com um parceiro minoritério, 0 peq. tra © neoliberalismo. Bastaite* idiossincrisico, o kirchnerismo partido xenéfobo de direita, ANEL. Por fim, o Syriza aquiesceu tam ormulou distintamente a clissica terceira via peronista, alargando-a as exigéncias de austeridade da Unidio Europeia e desviou-se forgo! sta e do liberglismo. A Europa também exibe mente para o centro. Na pratica, deixou de eriticar as medidas de au i ridade impostas 4 Grécia pela troika europeia ¢ passou a geri-las. Cot outros movimentos pop rem 0 poder, o Syriza tomou-se menos pluralista ¢ ho ica Giorgos Katsambekis, o Syriza tornou-se “muito mais vertical e centrado no lider, minimizando seus apelos aos movimentos so que se mobilizaram ento contra o governo Syriza-ANEL:; reduzindo democracia ¢ polifonia internas; e adotando um discurso técnico ms pragmitico centrado na execugao do novo programa de austeridtade ‘uma “forma [supostamente] mais justa’.** Quando assume o pode ismo adota geralmente uma nova forma de transformismo, con do uma nova elite, aumentando ao mesmo tempo © set aj Popular ea bipolarzagao social ¢ afastando novamente os cidadios ificativa em decisbes politicas. Como constatow An propostas de direita e de esquerda, Com a sua amalgama de direita ierda, 0 Movimento Cinco Estrelas tem confrontado os partidos smo na Europa e nos Estados Unidos ou que a América Latina se carac- smo de esquerda ou, além disso, populismo nao existe no resto do mundo, seria problematico. nntipopulista de uma esquerda n8o-populista supostamente mais uma esquerda latino-americana predominantemente.popu- imples e historicamente incorreta. O mesmo se poderé dizer da populista igualmente estereotipada de que a Europa precisa latino-americanizagao” de esquerda.*! As experiéneias histé- tas, mas as vezes semelhantes de paises como a Argentina, Bolivia, Venezuel: . Grécia, Espanha, Franga, uurquia, Africa do Sul (com Jacob Zuma) e a Tailandia wimento Thaksin) contradizem esses esteredtipos que atra- ‘tlantico ¢ o resto do mundo, opa no se situa automaticamente a di penas ii esquerda. Por exemplo, nos anos 1990 0 populismo lati- \ reivindicagdes populares em politica vertical, impedindo uma poli mais emancipatéria.” Nesse contexto, 0s populistas europeus de esquerda aprosi vam-se dos movimentos latino-americanos transformadores como kirchnerismo peronista, que governou a Argentina entre 2003 ¢ 201 O kitchnerismo propés inicialmente estratégias horizontais como objetivo superar a politica do peronismo, mas, uma ver fim Ver Giorgos Katsambeki Trajectory from Minoritarian Opposition to Para 0 Movimento Cinco le: Idee, storia e strategie DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA os Estados Unidos produziram indiscutivelmente forgas mun populismo xen6fobo, desde a Frente Nacional na Franga e o popul holandés de Geert Wilders ao Tea Party ¢ ao presidente Trump. Es modo dominante de direita manifesta-se nfo s6 em partidos popull tas de direita tradicionais, mas também em formas mais conservadol que adotam entusiasticamente elementos importantes do programa intolerdncia populista anti-imigrante e nacionalista por raz0es pra ticas ou ideolégicas. Na época da tomada de posse de Trump em 201) ‘Theresa May na Inglaterra e Mauricio Macri na Argentina represen ‘vam esse conservadorismo mimético, uma espécie de populismo light: __ 0 populismo revela muitas vezes “a fronteira porosa” entre adi | moderada ¢ a extrema- ita. A direita europeia, na sua.traj | fascismo para. o pés-fascismo, interiorizou a democracia ao. hoje a contestar nos termos da mesma. Mas essa contestagao, de reforcar a democracia, a confina a conotagdes étnicas ¢ nacional tas. Apenas alguns habitantes da nago sao aceitéveis como cidai Como alega Nadia Urbinati, uma das prineipais te6ricas do populis isso “desfigura” a democracia e pode por em perigo o seu futuro. UI i ressalta que embora 0 populismo seja uma forma democritica ‘governo, as suas preocupagdes republicanas tendem geralmente a tituir preocupagdes mais propriamente democriticas.* st6rica e te6rica do pop iso contextual da democracia sen: mais vasto onde 0 populismo interage com outras ideias de democr que também limitam as suas possibilidades historicas. Nesse sent © populismo pode ser interpretado como querendo afastar ico, em vez. de ser ou querer tornar-se um movi Aabordagem de Urbinati |-nos a repensar pressupost mo, formas nilo po as de deci (© QUE £0 POPULISMO Na HISTORIA? 10 as dos tecnocratas, “especialistas” e outras autoridades nao poli- .) € formas plebiscitérias de democracia. Ela explica que “O popu- 0 € a commupeao mais devastadora da democracia porque subverte Imente instituigdes representativas (os chamados processos elei- ismo partidério) e transforma o poder negativ« izagzio da democracia que conduz a determinadas des- ‘Ses, eu salientaria 0 modo como o populismo moderno nasceu deformagao do fascismo pela Guerra Fria. 0 modelo fascista indo lideres de todos os quadrantes periodo entre as duas guerras mundiais.* Mas depois de populismo latino-americano propés reformular a democracia de a thais vertical, aprofundando e limitando simultaneamente a is da Europa, Estados Unidos e América Latina. Os populismos e norte-americanos esto atualmente mais proximos da xeno- Democracy Disfigured: Opinion, Press, 2014, p. 27). 0 6 uma exeegio evidente a esse pada DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA © QUE £ 0 POPULISMO NA RIA? Explicar 0 Populismo e o Antipopulismo supremo da democratizagao. Laclau ¢ a sua escola concentram-se sgetalmente na esquerda populista, que ele tende a encarar como a ver- ‘Voltando questo do populismo e da teoria, nem todos os tedri adeira forma do populismo.® Para esses estudiosos, 0 popilismo'é unr excluem as dimensdes transatlanticas e mundiais do popul iento estruturante de apelos sistémicos a igualdade e contra o domi- mesmo nesse caso a definigao do populismo produz muitas vezes ou seja, 0 populismo conduz. 4 emancipagaio politica. Para Yannis ses idealizadas do mesmo, como a manifestagdo mais pura da de de Emesto Laclau, a visto provincial europeia do populismo ¢ rada, Laclau, is vezes tende a ultrapassar todas as fronteiras s aristoi — como o seu ponto nodal, como um agente politico nais e histéricas. No fundo, ele apresenta 0 populismo como pol legiado, como uma base legit . Para Laclau, 0 populismo é uma forma de poder as reivindicagdes igualitérias ado na necessidade de dividir a sociedade através de reivindie Stavrakakis mostra que a tendéncia bastante problemética para sociais antagénicas. Essas reivindicagdes nao articuladas seguem “légica da equivaléncia” com o fim de mo, Para Laclau, a “rutura populista” estabelece uma frontei ‘uma profunda bipolarizagio da sociedade; isto é, a divisao da 1ua vez, Jacques Ranciére afirma que as deniincias rituais do dade em dois campos: “o poder e os desfavorecidos”, 10 fazem parte de uma tentativa elitista de as reivindicagdes feitas por agentes populates so depois en por lideres que as defendem em nome do povo ¢ contra 0s pi iadora € alavanca simb¢ revelando muitas vezes pressupostos claros sobre o carter inimizar a impor ritica popular. Insistindo em uma versio u gica politica”.* Essa explicagdo percetiva, mas também ti dental e as vezes circular, posiciona-se geralmente fora da hil Recentemente, os tedricos criticos Andrew Arato ¢ Nadia Ul s com o ddio & democracia. Ranciére opde a vida em uma tém situado a abordagem de Laclau na esfera da teologia po! status quo, que minimiza a importancia da participagao define o populismo e as desfiguragdes democraticas que ele tuagdo que ele associa a “Estados de direito oligar- Em suma, eles destacam as dimensdes antidemoer: 1¢ 0 poder da oligarquia é limitado pelo reconhecimento tagaio de Laclau.? 3 Estas criticas silo relevantes, sobretudo porque Laclau é 0 de uma escola de pensamento que entende 0 populismo como a tions 21, n° 4, 2014, Qw est-ce qu'un peuple?, org, orzes Didi-Huberman, Sad 1, On Populi 6, 224. Ver the Mirror DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA © QUE £ 0 POPULISMO Na HISTORIA? is a uma forma democratizadora de populismo; uma ‘pe 65 duplo da soberania popular e das liberdade: izagaio 90s democriiticos limitados, 0 termo “populismo” é usado para es tentativas neoliberais de governar sem o povo. Ranciére reconhe 08 partidos de extrema-direita so consequéncia e reagao a0 “com oligarquico” de tecnocratas e especialistas, mas hi popillistas. Ele ressalta 0 modo como o populi dir respostas democ Dvo! sideradas em conjunto, essas importantes criticas do antipopu- » pdem em questo pressupostos normativos sobre a democracia suas tendéneias tecnocriticas, e mostram como 0 governo dos ticas. No entanto, as respostas ismo, sobretudo o populismo latino-americano, que junta centes usos do populismo pela esquerda (sobretudo nos Estados .. onde antes do surgimento do trumpismo 0 populismo si xeralmente apenas mostrar-se preocupado ou satisfazer rei 's populares) aos seus varios significados historicos do outro Ailntico ¢ em outros lugares. Assim, as reagdes democriiticas dade so mais ou menos automaticamente identificadas com so € a pratica populista. (0 0 autores que aderem ao modelo da democracia liberal m geralmente o populismo como uma patologia, os est izam com a ideia da democracia radical costumam entender mo como uma forga saudavel, por vezes até emancipadora, ‘a representacdo politica. E possivel resolver essa divergén- 10 para fins analiticos-e-normativos, Comaroff afirma que 0 lismo € sempre usado mais como uma forma de “marcar a diferen que denotar conteiidos, e 0 seu significado [es nado com o ponto de vista a partir do qual é usadi um conceito a se ter em conta em um vasto espectro de debate pill no nosso mundo atual. Isso talvez seja mais evidente em contextos -coloniais e pés-totalitarios, onde a meméria da repressao coletiva tinua viva: na América Latina, Russia e Zimbabwe, por exemplo. também, possivelmente, na I na Holanda de Wilder: também paises como do Sule os Estados Unidos entre aqueles onde é necessirio consi © populismo como um modelo existente que contesta 0 neolil “O populismo de alguma forma é uma condigaio necesséirin de todos movimentos que contestam o sistema, passados e presentes, pr tas ou conservadores.... [e] por si s6 nunea ¢ sufici mobilizagdes continuas e politicamente construt Balibar argumenta: “Eu nfo rejei que me lembro da sua longa e ambivaler politica dentro e fora da Europa, ¢ q le medida de suposig6es e preconceitos normativos sobre como oeracia deveria funcionar. Consequentemente, o impacto do Our European Ineapac 1-balibar/our-european-ineapacity; ferece uma visao \ quisa empirica” como capaz. 9 populismo e neutralizar posigdes de icas na pesquisa. O resultado € uma adas finas cheias de pequenos conjuntos.de \s sobre © funcionamento de partidos politicos e outras unidades » vimos no capitulo anterior sobre as teorias do fascismo, todas as, xzeneralistas substituem a interpretagao historiea a favor da defi- A definigo tem como objetivo encerrar o debate sobre o assunto, endo assim um novo consenso que supera perspectivas ante- es € permite a pesquisadores supostamente mais neutros v te pode, segundo ele, confirmado por “pesquisas empiricas” como as realizadas por Mi Essa ideia do populismo como uma patologia do ser € necessai trans-historica. Rovira argumenta: “A pesquisa empirica mostra q) maioria dos individuos tem atitudes populistas que se encontram um estado de laténcia, Esto adormecidas e sto ativadas quando en tam determinadas situagdes contextuais. Ou seja, a maioria de nbs um “pequeno Hugo Chavez” dentro de nés, mas ele esté em um hi oculto e, por conseguinte, no define nossas preferéncias pol populistas. Por exemplo, quando confrontados com fenémenos ‘0s que contrariam a sua teoria, esses estudiosos simplesmente im essas histérias inconvenientes. Consequentemente, assim » 0 Holocausto no tem merecido o seu devido e desafiante lugar ia do fascismo transnacional, o surgimento inconveniente do smo, que certamente merece um lugar importante na histria do mo, tem sido simplesmente exeluido da érea dos estudos popu- .. Cas Mudde, por exemplo, nfo inelui na sua definigao do popu- “ Gristébal Rovira Kaltwasser, “The Ambivalence of Populism: Threat and C¢ Democratization 19, n° 2, 2012, p. 185. indviduos nen ‘tas que se encuentran en un estado de latencia, vale decir, estén dork ¥ solo son activadas frente a certs stuaciones contextuales. En ors palais todos tenemos un ‘pequeti Hugo Chéver’a interior nuestro, peo ét se ence un lugar ceultoy, pr lo tanto, no define nuestra prefrenias politica." Ver ri Rovira Kaltwasser,“Explicando el populismo”, Agenda Pilica, 30 de mai de 20 hip/egendapublicaes/explicando-e-populismo. Ver mibém Agnes Akerman, Moddee Andre Zaslove, “How Populist rete People? Mensring Poplist Ati in Votes", Comparative Politica! Studies 47, n2 9, 2014, Sobre © populism e Patologia, ver Cas Mudde, “Populist Radical Right Part bal Rovira Kaltwasser sugere que os dados empiricos podiam ser usados jun- te com a “definigio minimalista” do populismo de Cas Mudde, que ele consi ima ideologia distinta que concebe a sociedade como separada em dois campos ite corrupta” (“The Ambivalence of Populism: ‘an Populism: Some Conceptual and ‘0 seu “Explicando el populismo”, Bloomsbury, 2016, fe Lessons”, Consiel 180 © QUE £ 0 POPULISMO NA HISTORIA? DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA Sricas sfo silenciadas pela ismo, 0 racismo ¢ a xenofobia, porque estes so formas de nati jem a ser confundidos. As disting&es € por conseguinte colidem com a sua definigao mi Mudde, 0 caso de Trump era muito diferente da dis peia porque, na sua opiniaio, Trump “destacava a imigragao ilegal”™ iio atacava “a posigtio dos EUA como um pais de imigragao mul tural”. Além disso, embora Mudde constatasse que Trump tem ei problema mugulmano” pelo menos desde 2011, ele € muito m: rado nas suas opinides sobre o Isla e os mugulmanos do que ‘como Marine Le Pen e, certamente, Geert Wilders. A versio pi coria, O ideal do investigador imparcial que usa definigdes para anali Jados, substitui a necessidade de considerar o politico a partir de perspetiva teérica eritica. O que o historiador Dominick LaCapra itivi esté muito bem fornece andlises pioneiras do populismo, mas o seu diagndstico 1 tem de ser distinguido do seu prognéstico. O populismo para um modelo normativo para ser adotado, sobretudo na América Ele contrasta o parlamentarismo, o debate aberto e a pluralidade es com o principio da dupla personificagaio (pelo povo e pelo necessidade de liderangas verticais no contexto de relagdes 10s". Os exemplos contemporineos de lideres populistas, ricanos convertidos em mitos, sobretudo em paises como a ina, sustentam a argumentagao de Laclau. Suas pouco citada e reconhecida de pensadores » Sorel e o simpatizante fascista Carl Schmitt de A Crise da Demo- Parlamentar?! \ propensto de Laclau para um modelo normative do populismo Zio sé a concentrar-se muito mais na América Latina do que .gas tedricos, mas também a adotar a idealizagio normativa Os aeadémicos latino-americanos.ndo-achamestranho. que conceitual de Laclau seja o intelectual italo-argentino vismo e xenofobia. E, evidentemente, Trump, por fim, ¢ no dmb sta da sua candidatura, logicamente, afirmou vengiio Nacional do Partido Republicano que ele e1 A insisténeia nas definigdes genéricas mini gens democriticas do populismo na historia. Como uma do fascismo para tempos democriticos, © po lireita, tem sempre a pos: ‘mostraram recentemente alguns populistas europeus ¢ a Quando homogen: radical de direita liberta-se das suas facetas mais tirias. Na histéria, © populismo de esquerda e de geralmente antagénicos, mas, na abordagem po: nig com 0 conservadorismo americano do © populismo estava “sust ly Press, 2004, p. 156, of Parliamentary Democracy, Cambridge, MA, MIT fer Arato, cexemplo da recupe- tem fermos da construgao a Sovie (0 QUE £ 0 POPULISMO NA HISTORIA? DO FASCISMO AO POPULISMO NA HISTORIA Gino Germani, pois foi precisamente ele quem estabeleceu desde ci a ligagdo entre fascismo ¢ a experiéneia populista latino-americ do peronismo. Gino Germani foi um intelectual antifascista italiano que atraves © Atlantico para fugir do fascismo ¢ ajudou também a corrigir uma pi ito. Mas também tinha tendéncia a ignorar a atuagiio de intervento- es da classe operéria que apoiaram 0 peronismo e as muitas tentativas regime populista, e do proprio Perén, de desenvolver as dimensdes iclassistas do seu movimento. Em geral, Germani circunscreveu a sua teoria a forma moderna de MO que o peronismo representava. No entanto, gragas as suas 's obras comparativas, juntamente com as do historiador argen- ) Tulio Halperin Donghi, os estudos do populismo comegaram a pereeber 0 cardter revoluciondrio do populismo peronista ¢ a sua com- relagao genealégica com o fascismo. Como lembra Halperin a revolugio peronista foi confirmada por processos eleitorais, origem a um novo regime de “democracia plebiscitéria”, Para peronismo elevou o principio do partido dirigente a categoria de nacional.”® Como citou também em um famoso artigo de lagdio entre o fascismo e 0 peronismo era ambigua, mas isso ia motivo para evitar andlises histéricas e comparativas.”* | ignorado ou citado apenas em uma simples nota de rodapé nas inte tages europeias e norte-americanas do populismo. Sua obra deve reavaliada pelos que se interessam pela histéria e teoria do populismo. O interesse de Germani pela relagao entre o peronismo e o fas foi incutido pela sua propria experiéneia pessoal.” Esse socislogo crianga quando o fascismo chegou ao poder e adolescente quando estabelecido o Estado totalitario na sua Italia natal: “Na tha juventude conheci o clima ideolégico global que envolvia a vida « idiana do cidado comum e, de uma forma mais poderosa, as gera mais jovens. Mais tarde, na Argentina, para onde fui como refi politico, conheci outro tipo de autoritarismo.””* Essa referéneia ao ‘meno peronista como outra forma de governo autoritério ex; comparagio entre a Argentina ea Itilia. Germani constatou que, dé em relagao ao processo histérico italiano. Apesar das not: cias na estrutura social e histéria politica, os dois paises tinham Ihangas que deram origem a duas formas diferentes de autorit Para ele, o peronismo (como o populismo em geral) istas fascistas argentinos atribuiram ao termo antes de 1945. 's ofereceram uma resposta totalitéria a crise que a modemidade a percepgao piiblica das leis, da economia ¢ da legitimidade Os dois regimes eram claramente antiliberais, anticomunis- istas, mas tratavam seus inimigos de formas muito dife- nbos mobilizavam as populagdies das etipulas para as rrendo a propaganda e varias agdes, promovendo a politica ‘ncendo as maiorias de que o lider as representava, ¢ 7 Essa critica nfo se aplica a muitos estudiosos tas mais sugestivas, gostaria de mer “Clarifying a Contested Conee Medio sigio res, Prometeo, 8, 1958,

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