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J) ACAO DISCIPLINAR ACAO DISCIPLINAR ‘SOMULA DE UM ACORDAO DE UM CONSELHO DISCIPLINAR QUE APLICOU A PENA DE CENSURA REGISTADA ‘A.UM ENGENHEIRO POR TER PREJUDICADO A REPUTACAO PROFISSIONAL DE UM COLEGA E POR QUEBRA DE LEALDADE PARA COM A EMPRESA QUE 0 CONTRATARA. (COISC) analisou uma partcipacao apresentada, em abil de 2011, por ‘um Engenheiro Mecénico, com mais de 35 ‘anos de exerccio profissional, autor de um projeto de AVAC (doravante designad par- tijpant), contra um Engenheiro Eletrotéc- nico, com cerca de 5 anos de exercicio pro fissional, Perto Qualfcado no &mbito do Sistema de Certficagdo Energétca (SCE), a quem competia veriicar a conformidade do projetocom o Regulamento de Sistemas Energéticos de Climatizagio em Edifcios (RSECE), aprovado pelo Decreto-Lei n2 79/2006, de & de abi (doravante designa- do particpado). 0 partcipante imputou a0 partcipado comportamentos suscetiveis de integrar infracBes dscplinares, porquanto 0 ConsethoDiscplnar da Regio Centro 16 INGENIUM suo acosto 20'2 este tinha feito consideragSes pouco abo- natérias a seu respeito enquante técnico. [No desenvolvimento do processo disciplinar, © CDISC veriicou que 0 partcipado havia também quebrado 2 lealdade que era de- vida & empresa que o contratara Contratado por um gabinete de arquitetos, com quem colaborava ha mais de 20 anos, participante tinha elaborado um projeta de AAVAC referente a uma obra de um pavilhio. Posteriormente, aquele gabinete contratou também o participado para verificar acon- formidade da obra com o RSECE, 0 que in- cluia aelaboragio do respetivo Document de Conformidade do Projeto de AVAC com ORSECE, Oparticipado props a introdugio de varias alteragdes a0 projeto de AVAC, algumas das cuais tverem aconcordincedo participate, que, por sso, oalterou Posteriormente, 0 partcipado exigls nova- mente alteragdes ao projeto para, na sua opinido, este dar cumprimento no 36 20 RRSECE, mas também &s normas interna- donalmente acetes e as orentagées da ADENEe das normas que constam da che- hist de verifcagio fornecida por esta en- tidade Oppartcipanteentendeu no alterar de novo ‘oprojeta,poraue algumas das exigncias do pesto extravasavar 0 &mbito d projete de AAC eporqueeste, no seu entender estava conforme com as normas legals em vigor. © partcipado, no ambito também da sua autonomia técnica, entendia dever declarar 2 sua néo conformidade. O projetista, também no Ambite da sua au- tonamia téenica, entendeu que 9 projetonao padecia das ilegalidades ou dos eras que (0 Perito Qualfcade lhe apontava, pelo que, no era obrigado a alteréo. ‘A autonomia técnica do partcipante e do partcipado tém a mesma dignidade e no podem ser postas em causa, Nao existe uma osi¢do subalterna do pro- jetista em relagdo ao Perito Qualficado: de~ ‘sempenham apenas fungées diferentes e, no &mbito de cada uma delas, t8m intra autonomia técnica para aluar, Se era legitimo ao participante recusar-se aalterar o projeto por entender que as al- traces exigidas pelo Perito Qualificade no tinham base legal ou extravasavamn 0 “mibito de um projeto de AVAC, era também legtimo a0 partcipade conclu pela no conformidade regulamentar do projeto © emit a Declaragdo nesse sentido, que vei, lids, posteriormente, a remeter demorese, COparticipade, i$ apés ter erviada um e-mail ‘empresa com um conjunto de exigdncias para poder efetuaro trabalho para que fora contratado, contactou diretamente o arqui- teto sécio gerante da mesma. Nessa con- versa telefénica o participado teceu consi- deragées que desvalorizavam o trabalho efetuado pelo partcipante ern termos que ‘o.arquitete considerou injustices, ten denda & qualidade do trabalho habitualmente desenvolvido pelo partcioante -usou ainda os “engenheiras mais velhos, {que no so perites qualiicades, de serom uns frustrado No entender do CDISC, as consideragdes técnicas que particigante & participado f- zeram eram inteiramente legimas, mas ‘as consideracées tecidas pelo participa- do desvalorizando o trabalho do particpan- te foram além de uma legtima discussdo técnica atingiram a reputagéo profissional deste, nomeadamente perante a empresa {ue os contratara,e 56 ndo tiveram maior repercussao porque 0 arquiteto conhecia bem a qualidade do seu trabalho, mercé de uma colaborago de ha mais de 20 anos. Entendeu ainda o CDISC que o partcipado manifestou desrespeite pelos colegas mais, velhos que ndo so, como ele, peritos qua- iicados, o que ndo salvaguardava devida- mente a dignidade da classe. Para tentar resolver o diferendo entre os dois técnices, aquele arquiteto solicitou ao Participado um resumo das desconformi- ddades que constatara no projeta de AVAC e ficou convieto de que ele o ira fazer. ‘pds aquela conversa, 0 partcipado, 8 re- velia da entidade que o contratara,resolveu lexpor a situago junto do Dona da Obra (C3- mara Municipal), anexando um “Parecer Técnico sobre o projetode AVAC’, armande que omesme “nde cumpre a legislacéo em vigor, nomeadamente 0 Decreto-Lei n° 79/2008 (RSECE), pelo que no é possivel ‘emir uma Declarago de Conformidade Regulamentar Esta atitude do partcipado gerou grandes desconfiancas ne Doane da Obra riando 20 gabinete de arqutetos grandes dificuldades paradesfazer a md impressao causadapela carta e pelo Parecer do participado Esta conduta do particizado foi também considerada grave peo COISC, pela quebra de ealdade que representou para com quem ocontratara Opartcizadojustficou esta sua atitude como sendo este o procedimento habitual na CER- TIEL, Diregies Regionais do Ministério da Economia e ANPC, o que néo era verdade. que visava apenas salvaguardar 0 inte- resse plilico da obra em causa, Mas, na entender do CDISC, com tas just- ficagbes, oparticipado estava apenas amas- carar as suas reais motwacBes. Como resultava das suas palavras, ele es- tava.era ressentdo pelo facta de o sécio ge~ rente da empresa valorizar mais as opinides sSenicas do partcipante do que as suas, sendo ele até Perito Qualiicado, o que néo era 0 caso do participante: e também por no conseguir que oprojetista‘acatasse” as suas exigfncias de alteracto, Emborao sécio gerente da empresa tvesse solicitado ao participado um resumo das ‘apontadas desconformidades do projeto de AVAC com o RSECE, o partcipado, atento 0 teor de um e-mail, entendeu que ndo havia ‘mais didlogo possivel estando as posiqses técricas de cada um extremadas. AA sociedade de arquitetos viu-se obrigada ‘a contratar outro Perito Qualficado en SCE, que em cerca de dez dias elaborou a Decla- raga de Conformidade Regulamentar, sem exigir qualquer alterago a0 projeto de AVAC da autoria do participate, cand 0 assunto dessa forma resolvido. ‘Aquela empresa invocou que o participado abandonou sem justifeago os trabalhos. 1! ACAO DISCIPLINAR Ora, no tendo adotado aposigéo que aern- presa esperava que ele tamasse, nem a tal seria obrigado, pois quando se contrata um Perito ualicado essa contrataco no pode ter subjacente que a sua avaliagoiré con- cluir necessariamente pela conformidade do projeto, porque isso poria em causa a ‘autonemia do técnica, contrariamente 20 que @ empresa invacou, no se pode con- cluir, porque néo se provou, que partici- pado tenha abandonado sem justificago 0s trabalhos para que fora contratado; aids, 0 participado emitive erviou 4 empresaaDe- claragdo de Nao Conformidade Regulamen- tar, cumprindo, neste aspeto, a sua funcio, ro havendo que o censurar por isso O que o participado nao devia ter feito era ter entregado a Declaracio de Nao Confor- rmidade Regulamentar, emitida no ambito do contrato celebrad com a sociedade de arquitetos a terceios, a revelia daquele so- cledade, ainda que este terceiro seja 0 Do- rnoda Obra, por se tratar de uma quebra de lealdade para com a entidade que o contra- tara, inaceitével e que atenta contra a dig nidade cam que deve ser exercida a pro- fiss2o, Endo devia também ter desvalorizado o trabalho profssional do particpante, Com a sua conduta, opartcipado prejudicou a reputacio profissional de um colega eps cemcausa oprestigio da profissdo que exerce, roa desempenhando com a lealdade de- vida 2o seu cliente e de forma irepreensivel que the & exigivl nos termos estatutéros. Decisio (0 Conselho Disciplinar condenou o Enge- ‘heir participado na pena de Censura Re- sgistada, porter violado, culpasamente, os

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