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Lido 3 DIREITO E MORAL uwanio: 1. Caracteristicas da moral ~ 2. Diferencas entre direito © moral st Tadd nema 21 Fada; 2.2 Fonte nto de econhe- Cimento; 2.3 Tipos de sanges; 2.4 Contetido; 2.5 Conhecimento por parte dos destinatétios 3. A influncia da moral no direito ~ 4. A influéncia do Gireito na moral ~ 5. Possiveis relaces entre dircito e moral. 1. Caracteristicas da moral Qual a relagio entre diteito ¢ moral? A resposta depende da nossa visio sobre a definigao e a funcao do direito, nao existindo uma unica solucao certa Para formar e fundamentar essa opiniao, ¢ imprescindivel conhecer o que € a ‘moral, para em seguida analisar suas relagdes com o diteito ‘A moral (do latim mores = modos de comportamento, costumes) define-se como 0 conjunto de conviecoes de uma pessoa, de um grupo ou da sociedade inteira sobre o bem e 0 mal.' Sobre a origem das conviccdes morais ha varias opinides, Dependendo da visio de cada autor, a moral decorre da vontade de Deus, da nécessidade do convivio social, da reflexio humana sobre 0 justo ou ‘mesmo da propaganda dos poderosos, ‘Todos concordam que a moral € composta por regras de conduta que cum- prem diuas fungdes, Em primeiro lugar, orientam 0 comportamento dos indi- Fidos na vida cotidiana: todos devem fazer o bem ¢ evitar a pritica do mal. Em segundo lugar, servem como criterio de avaliagdo da conduta humana. A sociedade as utiliza para julgar a conduta dos individuos, que € aprovada ou reprovada segundo sua corresponcléncia com os imperativos morais. Exemplo: existindo na sociedade a convie¢ao moral de que os filhos adul- tos dever sustentar os pais incapazes de trabalhar, essa convic¢ao constitui wma “moral” “ segundo termo provem T. No vocabulario comum, a *moral” € sindnimo da “ética". O segs do grego antigo ethos e significa modo de comportamento, costume. Alguns autores Giferencim a eia, que indica o dever de obediencia a normassocalmenis posts ética social, ética profissional), da moral, como dever de obedi¢ncia a mandamentos (ética social, ética profissional), da moral, como Corn ee tores consideram ‘@iésica piretroe MORAL | 55 regra de comportamento: “Quem for adulto ¢ filho de pais incapazes de traba- Ihar, deve sustenta-los’. Dita regra deve ser respeitada por todas as pessoas que ‘se encontram nessa situacdo; a sociedade avaliara o comportamento de cada um de forma positiva ou negativa dependendo do cumprimento dessa regra social. Isso indica que a moral funciona como um dever ser em relacdo a atuagio das pessoas. Fazer 0 mal viola a ordem e acarreta sangdes de variadas formas (penitencia para os cristios; remorsos de consciéncia; desprezo; ruptura de re- Tacaes socials; exclusao do grupo etc.) Comparando a definicao da moral com a definigdo do direito constatamos ‘importantes semelhancas. Em ambos 0s casos, estamos em presenca de regras de conduta, que exprimem um dever ser e, em caso de descumprimento, levam imposicao de sancaes, Muitos doutrinadores consideram que ha uma forte relacdo entre 0 conteu- do direito e os imperativos morais. Para analisar a questo devemos, tal como -mos estudando a definicao do direito, adotar uma postura neutra, Nao inte- saber se o direito deve ou nao deve contrariar a moral. Interessa analisar 0 ue realmente acontece nas sociedades modernas. Hoje coexistem muitos sistemas de regras morais. Esta pluralidade deve- 0 fato de serem as sociedacles modernas individualistas. O importante € a le do individuo, que possui um amplo espaco para desenvolver seu pro- de vida, A pessoa pode, por exemplo, dedicar-se a estudos de fisica nuclear fcios fisicos ou passar seus dias assistindo televisio ¢ tomando cerve} ser religioso ou ateu; ter posicées politicas progressistas ou conservadoras, F 05 socialmente fracos ou ser arrogante explorador. Os vinculos entre y membros das sociedades modernas baseiam-se na combinagao de interesses es diferentes, no respeito € na tolerancia reciproca. Se as regras de comportamento moral dependem da consciencia de cada havendo uma pluralidade de sistemas morais € impossivel que o direito ja em conformidade com todos. Por essa azo, 0 direito moderno limita-se ‘regulamentar o convivio social, possibilitando a coexisténcia de pessoas com, talidades, valores e projetos de vida diferentes.” DA identidade entre a moral ¢ o direito caracteriza as sociedades holisticas, em que todos os aspectos da vida sio regulamentados pelo poder politico, restringida a0 ‘maximo a liberdade do individuo. Todos devem adotar os mesmos padroes de com- portamento e a vontade do grupo prevalece sobre aquela do individuo. Em tals so- iedades temos uma *solidariedade mecanica” ,como dizi o soci6logo francés Emile Durkheim. No presente, encontramos resquicios de sociedades holisticas. A Consti- | tigi do Egito de 2012 atribui ao Estado o dever de preservar a ética, a moralidade | publica, assim como os valores patricticos ¢ religiosos (art. 1. ~ htip//niviensaleh, ee re OO ee ere Serie Le eee 56 | MANUAL DEINTRODUCAO AO FSTUDO Do DIREITO 2. Diferencas entre direito e moral nas sociedades modernas Partindo da premissa da irredutivel pluralidade dos sistemas morais, pode- mos elaborar uma tipologia das principais diferencas entre as regras juridicas € as regras morais nas sociedades modernas, indicando cinco elementos de dife- renga 2.1 Finalidade As regras morais objetivam o aperfeigoamento do individuo; as regras juri- dicas apenas facilitam 0 convivio social, procurando prevenir e solucionar con- flitos. Por tal razao, as normas morais regulam principalmente a conduta interna da pessoa, ¢ 0 direito interessa-se pelo comportamento externo € nao pelos mo- tivos da acto humana ou pelo pensamento. 0 direito nao proibe pensamentos “imorais” nem se interessa por que 0 in- dividuo decide respeitar a regra Juridica. Quem nao mata por amor ao proximo respeita a legalidade exatamente como aquele que se abstém do homicidio por medo da pena, O direito quer proteger os membros da sociedade e nao deseja moralizar 0 comportamento humano. Sem a exteriorizacdo de uma conduta, ‘mesmo a pior das intencdes permanece irrelevante (Sousa, 2012, p. 75-76). ‘Alem disso, o direito desinteressa-se pelos atos do individuo que nao criam problemas aos demais ou a ordem puiblica. Essa limitagao se expressa no art. 19 da Constituicao da Argentina, de 1994: “As acdes privadas das pessoas que nio ‘ofendem de maneira alguma a ordem ou a moral publica nem prejudicam os demais sao reservadas a Deus e isentas da autoridade dos magistrados”.? direito reprova e sanciona comportamentos que causam problemas so- ciais, porque contrariam as regras da convivencia (a “moral publica") ov afetam diretamente os direitos dos demais e os interesses da coletividade, Exemplo: a pornografia € considerada por muitos moralmente reprovavel. Mas 0 diteito so probe ¢ pune a pornografia quando considera que sua pratica causa problemas 0 convivio social, por exemplo, porque humilha as mulheres ou pode ser pre- judicial aos adolescentes. Uma problematica semelhante refere-se a legislagao sobre drogas ilicitas. © direito moderno nao proibe certas drogas porque quer preservar a satide, a ‘considerado livre, podendo seguir suas convicgdes sobre a moralidade, Esse tipo de ‘organizacao individualista € chamado “solidariedade organica” por Durkheim (ct. Sabadell, 2010, p. 46-50). Para uma comparacio entre as sociedades holisticas ¢ individualistas ef. Dumont, 1991 3, “Las acciones privadas de los hombres que de ningun modo ofendan al orden y a la moral publica, ni perjudiquen a un tercero, estan solo reservadas a Dios, y exentas cle pireioe MoraL | 57 moral ¢ a lucidez do individuo que as consome. O legislador nao se interessa (nem deveria se interessar) pela “moralizacao” do individuo que consome dro- as; deve cuidar tao somente dos bens coletivos, nesse caso, da satide publi- a. Diante dessa situacdo, muitos criticam a penalizacao do usuario de drogas, eonsiderando que isso nao gera perigo para nenhum bem coletivo e a pena é injustificada® Fonte e critério de reconhecimento Fonte da moral sao as conviccdes dos membros da sociedade ou 0s man- jentos de uma autoridade (religiao, razao). Critério de reconhecimento de mandamento como moralmente imposto ¢ a sua aceitagao por um grupo de as. A moral pode ser autonoma out hetersnoma.’ E auténoma nos casos ein © individuo obedece a mandamentos decorrentes da propria consciencia . a0 contrério, uma moral heterdnoma, quando o individuo considera moralmente vinculantes as regras estabelecidas por uma autoridade. Nos esos, porém, a morals possu vaidade s¢ 0 indviduo reconhecé-l como ne. -_Exemplo: muitas pessoas consideram o adultério como ato imoral; outros direito do individuo. Essa disparidade repercute na caracterizagdo moral ato. So pode qualificar a conduta do aduiltero como imoral quem considera itério como moralmente reprovavel. Isso significa que a avaliagao moral € iva, Dependendo de quem opina, a mesma conduta pode ser vista como ‘ou imoral. O contrario acontece no caso do dircito, Sua vinica fonte € o Estado e por lo a avaliagao de uma conduta como “legal” ou “ilegal” € objetiva, Em ou- palavras, as normas juridicas identificam-se por meio do critério de valida- formal (criacéo em conformidade com as normas de competéncia normativa wo 6, 3.2.8). Assim, a avaliacdo do adultério como legalmente permitido ou ibido € objetiva, dependendo do direito em vigor e nao da opiniao de cada | Mesmo quem rejeita 05 regulamentos juridicos com argumentos polti- ‘ou morais reconhece objetivamente seu contewido. 4, Greil © Greif, 2000. Em 1986, a Suprema Corte da Argentina decarou inconsttuck 8 pemlzato do pete de droga has en spac rvados pra conto pessoal {que este fato nao viola nem a ordem nem a moral publica. Considerou-se que a penaliza- ‘go contrarava o art 19 da Consttuigto da Argentina (Malammv-Goti, 2000, p. 244). _Serautonomo significa estabelecer a propria le, serindependente dos demais (0 termo das palavras gregas autos = mesmo ¢ nomos = lei); 0 contrdrio da autonomia € 58} anuat De arRoDUcto 40 EsTUDO Do DIREITO DiREMOE MORAL | 59 2.3 Tipos de sancées Assancoes morais sto difusas ¢ informais. Nao podem ser aplicadas median- “ ee te coercao. A moral pressupde a vontade da pessoa de agir de determinado modo. Be Gier Eu, porém, Seria contriio a finalidade da moral constranger uma pessoa a respeita-la Fe tsto impura no coracao ja adulterou com As sangoes juridicas sao, a0 contriio, fixas, formais ¢, se for necessario, aplicam-se por meto de coacao fisica. O Estado pode obrigar as pessoas a respei - assim, que mais intense, cendend tar determinadas ordens e agir dentro de certos limites, independentemente de i cao e os pensamentos das pessoas. sua vontade ou opinido. vomade ow opini ‘casos de contradigao entre as normas juridi- 2 sangrento ditador (tiranicidio!) pode ser am ato % mas, 4o mesmo tempo, pode ser um As regras morais diferenciam-se das juridicas. Ha regras morais que nao se ionario gue tem cinco filhos ¢ emolheraeet encontram no direito € normas juridicas sobre temas que sto moralmente indi. , juridicamente permitido, ferentes, Além disso, nao sao raros os casos de contradi¢ao entre mandamentos morais e regras juridicas. Essa disparidade de contetido decorre da diferenca de finalidade entre ambos os sistemas ie ; A em exatamente os mandamentos morais, © objetivo do direito ¢ a preservacao da ordem de convivencia e da es- cl TECeM Uma oFientagae geral a0s individuos, ©. tratura do poder. Nesse intuito organiza determinados procedimentos (prazos, ‘0. Qual professor de direito pode afirma reparticio de competéncias, modo de escolha das autoridades, mecanismos de ti emtao, que a pops fiscalizacao etc.) € garante 0 respeito aos direitos ¢ o cumprimento dos deveres toifiuin eee ee de cada um por intermedio de sancdes. da social, estabelecendo © objetivo da moral ¢ indicar as condutas adequadas, sendo um sistema de mplen rearas de organizacio e regulamentando 6 mada dk alcance bem limitado, ja que muitos tépicos de organizacao do vida sociat sio moralmente irrelevantes. A moral 56 estabelece princfpios gerais sobre temas. ma clara diferenca na relagdo dp or importantes, Juridico com seus destinatérios. Indica Exempla: € moraimente necessario respeitar a integridade fisica dos de- ‘mais; a moral nao indica, porém, qual é a pena adequada em caso de esi cor- Poral, nem qual tribunal deve pronuncia-la, ov qual deva ser o ptocedimento Para tanto, Temos aqui uma diferenca na extensao dos regulamentos: a moral so fixa principios; o direito insiste nos detalhes organizativos. Por outro lado, a moral objetiva orientar a vida “interna” do individuo, sendo muito mais exigente do que o direito, que 56 fiscaliza o comportamento externo, Dessa forma, a moral apresema um graw muito mator de intensidade, abrangendo todos os aspectos da conduta individual, inclusive os pensamentos € desejos. Isso € bem expresso por um brocardo do Digesto: “Nem tudo aguilo que é legalmente permitido satisfaz as exigencias da integridade moral” ® entre duas esferas normativas que, apesar das diferengas, eae semethantes estrucura, Comparar o direito com a motal no urna operacdo semelhante Quadro sinético 3: Diferengas entre direito e moral 6 “Non omne quod licet honestum est". Opinido do jurisconsulto Paulo. Digesto de Jus- Uiniano, 50.17.144, preambulo. Fonte: , 60 | sasvar pe nerkopucao Ao e100 DiRETO RU ER EUS RICO RP 5 Sarebes lois em orn ca Fema eo " Contetido Restrito; rigoroso -—Amplo: menos exigente at SA a a 3. Ainfluéncia da moral no direito Os legisladores e, sobretudo, os detentores do poder constituinte originario sao formalmente livres para estabelecer as normas que considerarem adequadas para determinada sociedade. Entretanto, na pratica, essa liberdade € muito limi- tada, constatando-se multipla influéneia do direito pela moral (assim como pela politica Ligao 4) Em primeiro lugar, o legislador compartilha convicgoes, valores e ideais difundidos na sociedade e os exprime por meio de suas normas. Se a maioria dos membros da sociedade condenar, por exemplo, 0 aborto ou a agiotagem, © legislador dificilmente permitir tas atividades. Em outras palavras, o mais provavel ¢ que o legislador adote e exprima os valores morais da sociedade ou que, pelo menos, tente satisfazer as expectativas da maioria da populagao, par- ticularmente nos regimes da democracia representativa, em que a eleicao dos politicos depende da confianca popular. : Por isso ¢ equivocado afrmar, como muitos fazem, que durante nacional. -socialismo ou o regime racista do apartheid o direito se afastou da moral.” 0 direito seguia exatamente aquilo que 0 grupo socialmente dominante conside- rava correto. Hoje podemos dizer que o racismo e a agressividade perante povos € grupos minoritarios € moralmente execravel. Mas a nossa crenca nao muda nada no fato que, no passado, tais opiniées predominavam e que ainda hoje ha pessoas e partidos que as seguem. Em segundo lugar, o legislador estabelece normas para que estas sejam ‘cumpridas, Uma norma juridica que contraria fortemente a moral social tem poucas chances de ser aplicada, nao podendo legitimar-se. Por tal razao, 05 le- gisladores evitam elaborar normas que contrariam a moral, pois sabem que isso ‘ciara sérios conllitos, diminuindo a eficacia e a legitimidade do direito. Exemplo: um legislador muito rigido, que considera imoral tomar bebida alcodlica ou assistir a televisao, dificilmente criard leis nesse sentido, sabendo {que haverd fortes reacdes € as leis ndo serdo cumpridas por se chocarem com a opinio da grande maioria da populacao. 7. Por exemplo, Sousa, 2012, p. 78. pirerroEMoRAL | 61 Nesse sentido, podemos dizer que existe um nuicleo comum de regras mo- rais e juridicas. Aquilo que corresponde a moral sera muito provavelmente po- sitivado como direito. A constatacao dessa influéncia nao invalida o fato de existirem, na mesma Sociedade, muitos sistemas morais, espectficos de determinados grupos. Basta pensar nas grandes diferencas de mentalidade e de comportamento entre os moradores das grandes cidades e do interior, ou, entio, nas diferengas entre teligiosos ¢ ateus, ou entre pessoas de opinides politicas diferentes, Com efeito, a sociologia analisa as diferencas entre os sistemas morais pro- indo distinguir, no ambito da mesma sociedade, as diferentes subculturas, rias dos grupos sociais, que fundamentam diferentes visoes sobre o moral. jente correto (Sabadell, 2010, p. 182-184). Para entender a relatividade da moral podemos pensar no homicidio. Per- intando se existem valores morais absolutos a maioria responder esponta- mente que ha pelo menos um valor universal: v respelto a vida humana rlamente ninguém quer que um ser humano morra, ainda mais de forma lenta. Assim, por exemplo, um representante atual do direito natural (L1 5, 3) considera como “regra moral absoluta (...) a proibigéo do homici Analisando com maior profundidade 0 tema, percebemos que a maioria pessoas aceita que alguém possa ser morto por certos motivos. Muitos estdo favor da pena de morte, sendo esta praticada e considerada constitucional varios paises, entre outros nos EUA e na China. Mesmo no Brasil, a pena morte € constitucionalmente admitida em caso de guerra declarada (art, 5.°, LVIL, a, da Constituigao Federal). Por outro lado, dezenas de Estados proibem de morte como cruel e desumana. Organizagdes como a Amnesty Interna- realizam incansiveis campanhas para a sua completa abolicéo. Podemos encontrar outras situagdes nas quais o fato de “matar alguém” in- ncionalmente ¢ considerado aceitavel pela maioria da populacio. Em caso de ra, a preservacao da integridade territorial e do interesse nacional ¢ consi- da mais valiosa que a vida humana. Essa justificativa é, por sua vez, vigoro- rente combatida pelos grupos pacifistas que condenam moralmente qualquer armada. Percebemos, assim, que nao existem regras morais absolutas, do “matar alguém ¢ proibido”. Sempre sao feitas distingdes, dependendo dos tivos do homicidio. Certamente, todos reprovam o homicidio nao justifica- 8 Finnis, 1996, p. 148; cf. Gewirth, 1984, p, 108.109, 9. Cf. 0 material informativo em:

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