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1 Introdugio As séries numéricas 11 Preltidio: O paradoxo de Aquiles e da tartaruga 1.2. Sucessdo das somas parciais 1.2.1 Caso das sucessées aritméticas 12.2 Caso das sucessdes geométricas 1.2.3 Caso das sucessdes telescdpicas 13 Nogio de série convergente 1.3.1 Um primeiro exemplo 1.3.2 Formalizagéo da nogéo de série convergente 13.3 Séries geométricas 14. Epflogo: o paradoxo de Aquiles ¢ da Tartaruga. Propriedades Gerais 2.1 Algebra das séries convergentes 2.2 Séries grossciramente divergentes 28. Séries resto Séries de termos positives 3.1, Primeiras propriedades 3.2 Critérios de Comparagdo para séries de termos positivos 3.3. Representagéo decimal de um ntimero real 3.4 O Critério de Cauchy 3.5. O Critério de d’Alembert Séries de termos com sinal variavel 4.1 Convergéncia absoluta 4.2. Séries alternadas 19 19 20 25, 26 28 29 29 30 1.1. Preltidio: O paradoxo de Aquiles e da tartaruga Um dos mais famosos paradoxos de Zenao - fldsofo grego da Antiguidade - & 0 problema de Aquiles ¢ da tartaruga, Aquiles, her6i da guerra de Tréia, vai fazer uma cor- rida com uma tartaruga cuja velocidade é 5 vezes infe- rior & sua: va = Sur E concedido um avango dy & tartaruga. No instante 0, ambos comegam a correr no mesmo sentido, Eis a posigao inicial: Aquiles Instante t = 0 (Ao: posigiio de Aquiles; To: posicao da tartatuga) Ao To ay A corrida inicia-se. Aquiles precisaré de um tempo de t) = 4 para atingir a posi¢io inicial Tp da tartaruga. Naturalmente, ao atingir esta posig&o, a tartaruga j4 se encontra mais adiante: durante esse lapso de tempo, percorreu a distancia dy = upty = dy SE. Tnstante tt = #& AL =To qh hoe de Aquiles demorara agora tz = 4 = t,t para atingir a nova posigio Tj da tartaruga. ‘Uma vex mais, apés esse desse lapso de tempo, a tartaruga j& se encontra mais A frente: teré ee (a) conseguido percorrer a distdncia ds = urt; nate A2=T; Tr Toa(ay B certo que a distancia que os separa vai sendo reduzida drasticamente...mas também € certo que este é um proceso infinito: sempre que Aquiles atingir a posigio prévia da tartaruga, esta jd se encontraré & frente, por muito pouco que seja. Apés repetigao deste processo n vezes, temos a seguinte situagao: (a) +H (a) +44 (ey Th Instante t a(a)" Zonao axgumentava agora que nao é possivel Aquiles alcancar a tartaruga. Teria de passar por este processo uma infinidade de vezes, percorrendo uma distancia igual & soma infinita de todas as distancias dy: Apotat = dy + dz + ds +++ + dioo + dior + +++ + droo00 + drea001 + ‘© que levaria um tempo total de trrotat = ta + te + ty +++ + too + for + +++ + troooa + f200001 + Estas duas quantidades, sendo iguais A soma de uma infinidade de parcelas todas elas estri- tamente positivas, so aparentemente infinitas. Com isto, Zendo pretendia demonstrar que todo ‘0 movimento é ilusio, pois no mundo real sabemos que Aquiles alcanga facilmente a tartaruga, ‘Tal seria, de um ponto de vista légico, impossivel Nos capftulos seguintes iremos introduzir as ferramentas matemsticas necessérias & resolugao deste paradoxo. 1.2 Sucessfo das somas parciais (Ou seja, o N-tsimo termo da sucesso das somas parciais é simplesmente a soma dos N primeiros termos da sucessio original. Por exemplo, tomando a sucessao de termo geral uy = 2, tem-se St are + 1 2 para todo NEN, 11 1 Syapt ptt Obter uma expresséo explicita para Sy é, em geral, impossivel. No entanto, tal pode ser conseguido nas seguintes situagdes j estudadas durante o Ensino Secundério: 1.2.1 Caso das sucessées aritméticas Seja (un)new @ sucesso aritmética de primeiro termo a ¢ razdo r, isto é para todo n € N, ty = a+ (n= Ir ‘Tem-se, para todo N € N, ve en ye MEU @ yy, 2a (N= Dr Sy=Nx BO oy, SE Por nio se tratar de um resultado importante no ambito do estudo das séries numéricas (que definiremos mais adiante), no se apresenta uma prova deste resultado, que pode ser encontrada ‘em qualquer bom mantial do 11° ano. 1.2.2 Caso das sucessdes geométricas Bem mais fundamental é o seguinte resultado, referente & sucesso das somas parciais de sucessdes geométricas Deixou-se de fora 0 caso r = 1, por no se tratar de um caso interessante: nessa situagdo Un =a para todo n pelo que Sy sm big te buy sated ta=Na Prova Por definigio, Sy = 1 +z +++ uy =a(L +r tr? $...r9-3), Assim, Sylar) = alt rbrt pet rX Ar) (Ltr tr? 2) (rr? rd eet rN) a(l —r). Dividindo esta igualdade por (1 — r) obtém-se o resultado pretendido, Podemos realizar o mesmo céleulo de uma forma um pouco mais formal, envolvendo as pro- priedades dos somatérios. Dessa forma nao precisamos de utilizar reticéncias (...), que podem por vezes causar alguma confusio: y Sw(l—r) Q-1) art = nal 1.2.3 Caso das sucessdes telescdpicas Nao existindo uma definigao precisa, diz-se tradicionalmente que uma sucessao (up)new & teleseépica (ou de Mengoli) se for conhecida explicitamente uma outra sucesso (a,)ncn tal que para todo n € N, Un = On — Ont. Por exemplo, as sucessdes de termo geral: ow =a = (tomar a, = 4), ) © vy =sin(n +1) ~sin(n) = (tomar a, = —sin(n)) ~ sin(n.)) ~ (~sin(r + 1)) Mengoli, 1626-1686 In(n)), oe =a (\/FRp) = Flan) — Fla(n +1) (tomar ay = siio sucessies telesedpicas. ‘Tal como acontece para as sucessdes aritméticas ou geométricas, 0 termo geral da sucessio das somas parciais associada a uma sucessao telesedpica pode ser obtido explicitamente: N en = ana) = Gey) lan = 03) + (a — 04) +--+ (aa — aya) + (ana — an) ans Sv = Por exemplo, 1 sv= 20 nat) L NF1 De maneira mais geral, aproveitando este tipo de simplificay s, & possivel determinar ex- plicitamente a sucesso das somas parciais de muitas outras sucessdes, como por exemplo as da forma Un = On — Ons (k inteiro fixo ) Nao se apresenta aqui um resultado geral (apesar de ser possfvel fazé-lo). De facto, é bem menos confuso deduzi-lo caso a caso, utilizando as propriedades dos somatérios, como no exemplo que se segue: Exemplo 1.2. 1 n+d 1 1.3 Nogio de série convergente 1.3.1 Um primeiro exemplo ‘Tomemos a sucessio geométrica de termo geral u, = (a= he v Mbt oat Sua Ving t ptt © que acontece a esta igualdade se tomarmos o limite N+ +00 Tem-se 1 l-gralh ae im Sy = lim Le lim Note Novtoe Novto0 Isto significa que, de certa forma, se “somarmos a infinidade de parcclas" 1 poor 1 toa gto ge + por > + + yo nao obtemos uma quantidade infinita como poderfamos ingenuamente pensar. Obtemos sim- plesmente o valor 1. Escrevemos Este resultado nao é assim tao espantoso... E verdade que estamos num certo sentido a somar ‘uma infinidade de parcelas estritamente positivas. Mas também é verdade que essas parcelas so cada vez mais pequenas. Alids, este resultado é muito féeil de pereeber intuitivamente: obtém- se uma boa ilustragio desta igualdade tomando um segmento de comprimento 1 e dividindo-o sucessivamente ao meio. 3H 1.3.2. Formalizagao da nogao de série convergente De mancira mais geral: Em rigor, 0 que se entende por “série” & 0 par ordenado de sucessies ((tmm)nex, (Sx).ven)- No entanto, neste curso, apenas usaremos esta palavra no sentido da Definicao 1.3.1. Exemplo 1.3.2 “De Como vimos, Sin ae LP 1 “Deo Nesta situagao, se N é tmpar se N é par ah att + {0° nl Logo, lim Sw no existe: [@WERe|DS (SI) eaivenpente) n(n +1) 2 (sucesso aritmética de primeiro termo 1 ¢ razio 1): Naturalmente, podemos também determinar a natureza ¢ a soma de uma série de tipo telescdpica aproveitando o facto de conhecermos explicitamente 0 termo geral da sucesso das somas parciais: 1 1 1, Exemplo 1.3.3 Vimos que awa 1 ~ Fp, pelo que Lap convergente, & te x= n(n +1) Eat Da mesma forma, atendendo ao Exemplo 1.2.3, x 1 1(,,1)_3 Lammey 283) -a 1.3.3 Séries geométricas ‘Gomo vimos, a expresso do termo geral da sucesso das somas parciais associada a uma sucesso goométrica pode ser determinada explicitamente. E por isso facil determinar a na- tureza de uma série geométrica, O resultado, absolutamente essencial, encontra-se sintetizado no seguinte teorema: Retirou-se 0 caso @ = 0, uma vez que nessa situagio a sucesso (in)nex & identicamente nula, pelo que Yu, é obviamente convergente, Prova © Se |r| <1, lim rX = 0: Nid converge e tem-se Por definigd0, 7 un © Ser=1, Sy = 7° a=Na——> & Wore | -s0 sea 1, Jima |r” $00. A sucesso das somas parciais, de termo geral Sy divergente, nao é convergente: yun 1.4. Epflogo: o paradoxo de Aquiles e da Tartaruga Retomemos a expresso obtida para o tempo que levaria Aquiles a alcangar a tartaruga: trotat = ty + ta + ts +--+ + too + tron +++ + troooa + tieoo01 + Sabemos agora dar um sentido a esta “soma infinita”: trata-se da soma da série St, easo esta seja convergente. Vimos que para todo n, rt ty = thx (z vA 10 ‘Trata-se de o termo geral da sucesso geométrica de primeizo termo a= (; e razao r= 2, Por exemplo, tomando a distancia inicial d; = 100m, vq = 10m-s"? e vp = 2m-s-l, obtém-se trutat = 12,55. uw 2.1 Algebra das séries convergentes Propriedade 2.1.1 - Linearidade do sinal de soma Sejam (tm)nen € (Un)nen duas sucessdes numéricas Se Doty € Som 840 convergentes, entéo fe © Dt + tp € convergente € J) ty + Up al * Para todo X€R, Y7(Aun) é convergente e )>( = Prova . Soup +S Son ca vez quese trata « Basta observar que para todo VN, J (un +0, aqui de uma soma finita, Assim, x tim Oe Notte Oo uma ver que Y> tn ¢ 5% sd convergentes. Logo, S>(tin + Un) & convergente ¢ tem-se a igualdade anunciada, «A prova é andloga, bastando observar que para todo N € N, }>(Atn) =A )2 un . Exemplo 2.1.2 Mostre que )> T 2arctan(n)—2arctan(n +1) é convergente e determine “Ye -Dl Como |r| = } <1, esta série & convergente ¢ or ) 6 a série geométrica de primeiro termo a = —} € razio r = ry 6 a 1 TT ¥ 12 * Darctan(n) — arctan(n + 1) é uma série telescdpica: x m Y arctan(n) — arctan(n +1) = aretan(1) ~ arctan(N + 1) Foun? arotan(l) ~ 5. ‘Trata-se pois de uma série convergente ¢ x aretan(n) — arctan(n + 1) = arctan(1) — 3 = mt Por linearidade do sinal de soma, a série em estudo é convergente ¢ x a + 2arctan(n) — arctan(n + 1) = sy ar + 2s arctan(n) ~ arctan(n-+ 1) ‘ I a 2 Bis um corolério desta propriedade que nos seré bastante itil de futuro: Prova ESTOMNERBEEPEI) polo pouto anterior também o é a série F>A(Cua) para qual quer valor \€ R, Tomando A= 3, ¥ jou - Sa Bo que dizer de da soma de uma série convergente e de uma divergente? E da soma de duas séries divergentes? 13 Prova # Se Sup é convergente & Sv, & divergente: ‘Vamos provar por reducao ao absurdo que 5 wn, onde tn = tin +Uq 6 uma série divergente. De facto, se J wn fosse convergente, yun = )>wn — tn = wn + (—1)up seria uma série convergente pela Propriedade 2.1.1, 0 que contradiz a hipétese. Logo Duy = Stim +n é obrigatoriamente divergente. © Seja (un)new @ sucesso constante igual a 1: para todo m, ti, = 1. ‘Tomando vy, = —1, Yum ¢ 5 Ym sao divergentes (as sucessdes das somas parciais tendem respectivamente para +00 ¢ —0o). No entanto, (un +vn) = 3 0 é uma série convergente. Tomando agora vy, = 1, Sun ¢ Sup sao divergentes mas desta feita T(um + vn) = 02 6 uma série divergente. Fica assim claro que somando duas séries divergentes tudo pode acontecer 2.2 Séries grosseiramente divergentes Vimos que 71 € uma série divergente, De facto, tomando tu, = 1 para todo n, x N Sy = Dun = O11 te +1 = N > $00, at Novice Na realidade, uma condigdo necesséria para que uma série seja convergente & que 0 seu termo geral tenda para 0: Observagao Uma implicagdo (A = B) ¢ a sua contra-reciproca (~ B =~ A) tém o mesmo valor légico. Assim, também se tem 4 Desta forma, se o limite da sucessdo (un)qn ndo for nulo (ou no existir), podemos afirmar de imediato que Yun € divergente. Diremos que esta série ¢ grosseiramente divergente. Prova do Teorema 2.2.1 [Séjal Sy Wha SGF6 CONVERBEHES) © (Sy)ven a sucessiio das somas parciais. Por definigo de série convergente, pln Sw =TER Observe-se que se tem wal N Sw Swat = So tn — 7 un = uw at” tel Assim, uy converge (N + +00). Da mesma forma, Y> vy converge se e 86 se > vy converge. A prova fica concluida observando que para todo N, > u, Definigio 2.3.4 Seja yun uma série convergente. A sucesso (Ry) wen de termo geral Ry= Yo wm nor diz-se a série resto de Sty De maneira evidente: Propriedade 2.3.5 Dada uma série convergente Stn, pg Prova De facto, pela Propriedade 2.3.1, para todo V CN je de Yo m= Sou Don wv ou seja Basta agora passar ao limite: lim | Rw 18 3 Séries de termos positivos A série > un diz-se de termos positivos se Wn EN, un > 0. presente capitulo ¢ dedicado ao estudo deste tipo de séries. 3.1 Primeiras propriedades Prova Tem-se, para todo N € N, MW Swir~ Sw = Dom Dum = uny 20 tft Sabemos da disciplina de Anélise Matematica 1 que uma sucessio crescente (Sy),yew admite apenas dois tipos de comportamento: # Se (Sy)vew nio é majorada, iylitn Sw = too. Nesta situagao, Sou 6 por definigao divergente. # Se (Sw),vew ¢ majorada, lim Sy=1, onde 1=sup{Sy: Ne N}eR Novteo Aqui, Yup é por definigéo convergente, Obtivemos pois o seguiinte resultado: 08"(n) Exemplo 3.1.3 Mostre que a série )> a E convergente, 19 ‘Trata-se de uma série de termos positives. Tem-se, para todo N € N, cos*(n) a < ‘onde se usow sequencialmente a definigao da sucesséo das somas parciais, 0 facto de se ter, para todo n € N, cos?(n) < 1, € a f6rmula da soma dos N primeiros termos da progressio geométrica de primeiro termo 4 e de razao Acabémos de mostrar que a stcessai c0s"(n Teorema 3.1.2 que )> ) oa (Sw)vex & majorada (por 1), Podemos pois coneluir pelo 6 convergente. . cos*( zm ae Infelizmente, ndo parece muito {écil caleular a soma > mt hecermos explicitamente o termo geral da sucesso das somas parciais (apenas conhecemos wma majoragao), Em muitos casos, teremos de nos contentar com o conhecimento da natureza das diferentes séries. | em parte por no con- 3.2 Critérios de Comparagio para séries de termos positivos Se pensarmos um pouco, constatamos que o facto de a série > zk ser convergente jogou um papel fundamental neste tiltimo exemple. Foi em particular o que nos permitiu escrever que para todo V € N, +e 1 1 as 80 aid 2 2 mS) (se se aliés que S) 5 Aproveitando esta ideia, podemos provar um resultado mais geral: Prova Sejam (Sy)vew ¢ (Siv).ven as sucessées das somas parciais associadas respectivamente a (un)nen © (Un)nen- 20 Supondo que S>v,, é convergente, tem-se por definigao que xin Sy=LeR. Como (Sw).ven € crescente, podemos afirmar que YEN, Sy Sager ay & convensente . De notar que esta téenica permite determinar a natureza desta série mas infelizmente nao fomece o valor da sua soma. No entanto, atendendo a que para todo n € N, arctan(n) nin = 1) tem-se, para todo N EN, arctan(n) pecan) fal a Passando ao limite N’-> +00, obtém-se a estimativa arctan(n) eT) <3Lq © 1° Critério de Comparagio merece ainda os seguintes importantes comentarios: 21 * Como vimos no capitulo anterior, a natureza de uma série nao é alterada se se modificar ‘um miimero finito de termos da sucessio. Por essa razao: Para aplicar 0 1° Critério de Comparagio nao é necessirio verificar a desigualdade Un S Un para todo n €N. Basta fazé-lo a partir de uma certa ordem. © Passando a contra-reciproca: Se se verificarem as hipéteses do 1° Critério de Comparagio 3.2.1 Moun diverge = — Sy diverge. Exemplo 3.2.3 Mostre que a série }~ 1, divergente. 4 ly 4 5 4 A série )> — 6 chamada de série harménica. Constatemos que se trata de uma série divergente: Utilizando a desigualdade log(1 +r) 0, tem-se para todo n € N, aye1 log (1 +=) <= «( * *) ah 1 1 Vimos que 7 log ( + 2) 6 divergente, pelo que a série harméniea J — 6 divergente, Bis um segundo Critério de Comparacio bastante itil: Teorema 3.2.4 - 2° Critério de Comparacgao Sejam (m)nex € (Un)nen duas sucessdes de termos positives, com v #0 a partir de uma certa ordem. Se u lim notto0 Uy Dene on possuem a mesma naturezd, ou seja, ou so ambas convergentes ou séo ambas divergentes. =1€]0; +00f entio 22 Prova lim lim, Zo = {significa que para todo 0 ¢ > 0 escolhido, existe uma ordem €N tal que yn >, Me i ow seja, para n > N, loecPclte Un Escolhendo ¢ = 4, ¢ tendo em conta que uy > 0, obtém-se L gen < tin < 2 # Da primeira desigualdade, pelo 1° Critério de Comparagao, deduy-se que se tin converge, DY fun converge, Como § #0, Y} uy converge, * Da mesma forma, deduz-se da segunda desigualdade que se J) vn converge, un converge. Exemplo 3.2.5 Determine a nalureza da série ) Observemos que 1 fim B= tim BEY tim 144 = 1 elo; tool note i nie on notheo’ Assim, pelo 2° Critério de Comparagio, )> 4 ey aay possuem a mesma natureza. Sabemos que a segunda é convergente, logo a primeira também o é . No caso de se ter lim “* = 0, as séries )7u, © ) > um mio téem necessariamente a mesma natureza. No entanto, é vélido 0 1 Para ilustrar este facto, pode por exemplo tomar-se ti, = — € Ua seguinte resultado: 23 Prova lim noteo Un 0 significa que para todo 0 > 0 escolhido, existe uma ordem N € N tal que Escolliendo por exemplo ¢ = 1 ¢ observando que as sucessies sao positivas, obtém-se que tn < te a partir de uma certa ordem. Pode-se ento concluir pelo 1° Critério de Comparagao. . Naturalmente, para que os Critérios de Comparagio possam ser utilizados eficazmente, é necessétio conhecer & partida a natureza de wn grande mimero de séries Nesse sentido, o teorema seguinte fornece a natureza das séries do tipo J) 4b ditas séries de Dirichlet: Prova Seja a < 1. Para todo n ¢ Ny n* 1. Utilisaremos aqui uma técnica dita de comparacéo com um integral. Para n> 2, comecemos por observar que para x € [n —1;n), aya Integrando esta desigualdade no intervalo [n—15n], vem Johann Dixichlet, 1805-1859 [x82 f 3-3 [fe ae 24 Somando agora estas desigualdades para n = 2,3,...,V, obtémse Por outro lado, Como 1-a <0, x Logo, vs & convergente. . 3.3. Representacao decimal de um niimero real No secundério, aprendemos que os ntimeros reais admitem uma representagdo em “dfzima finita/infinita (periédica ou no periodica)”. Mas o que é exactamente uma dizima infinita? Uma representagao que “inca termina“? Teré isto algum sentido? De facto, este assunto nunca foi muito bem explicado...A razo é simples: s6 agora, com 0 estudo das sézies, possuimos os instrumentos adequados para compreender este conceito. ‘Tomemos 0 exemplo do mimero = 0, (5) = 0, 55555. O sentido que devemos dar a esta notagao é o seguinte: = = 5.104 5.10°8 +5108 + = 5.10 (Ou seja, aquilo que est escondido por detras de uma representagao em dizima infinita é simplesmente a convergéncia de wma série: 25 Note-se que a série 6 convergente. Basta utilizar 0 primeiro critério de eomparagio: 0 < aql0™ < 9.10" © a série 09.10" & convergente (série geométrica de razdo ¥5). Vejamos agora um exemplo curioso. Tomemos 0 miimero = 0,(9) = 0,999. ‘Tem-se = 0,0) = 55910 ey gk °% (x) 9B =1 (Soma de uma série geométrica de primeiro termo a = ys e razdo r Acabdmos pois de mostrar que 0,(9): Da mesma forma, é fécil ver que 0,7(9) = 0,8, que 1,345 = 1,344(9), ..cte. Em particular Observagao Existem varios processos clementares que permitem verificar a igualdade 0, (9) = 1 # Seja x = 0, (9). Multiplicando esta ignaldade por 10, vem 102 = 9, (9). Desta forma, 102 ~ x = 9, (9) — 0, (9) = 9, de onde se deduz que 92 =9e x 1 + Ainda mais simples: multiplique por 3 a igualdade 5 = 0,333 3.4 O Critério de Cauchy Sabemos do capitulo anterior que a série geométrica T)r converge se ¢ 86 se |r| < 1. O Critério de Cauchy, também conhecido por Critério da Rai, diz. essencialmente que se o termo geral de uma sucessio de termos positives u, se comporta no infinito como r", entao a série Titty converge ou diverge consoante r < 1 our > 1, Note-se que de um ponto de vista intuitivo, ty 7" significa Eis pois 0 enunciado correcto deste Critério: 26 Prova Comecemos por supor que r < 1, Dizer que lim Yim = r significa que para todo « > 0 existe uma ordem N € N tal que Vn > Nyr—e< Yim 1" é uma série geométrica de razdo L € (0;1/, logo converge. Pelo 1° Critério de Comparagio, yu, Augustin-Louis Cauchy, 1789-1857 converge. Por outro lado, se r > 1 (ou r = +00), 6 imediato que a partir de uma certa ordem Tm > 1, ou seja, uy > 1" = 1. Logo, a sucesso (uuq)ncry no tende para 0: por definigao, Sy uy, 6 grosseiramente divergente. 1 Exemplo 3.4.2 Determine a natureza da série > ¢ n-1\" = Seja un (2) Tem-se Yin (1 + @) sow a1" Como e-! <1, pelo Critério de Cauchy, 7 2) converge. . Uma tiltima observacio: a 1 2, temos lim Ym 1 Por exemplo, tomando tty Le D2 ¢ divergente. Por outro lado, tomando 1), tense igualmente lim yi; = 1 mas i converge. 3.5 O Critério de d’Alembert Dada uma sucesso (tp)nen de termos positivos, sabemos que se i existe, entdo existe também lim (ty € lia, Yay = lim “4 nee note ay Este facto permite deduzir de maneira imediata o Critério dito de D'Alembert (ou Critério da Razio) 2 Exemplo 3.5.2 Determine a natureza da série J ww 2 w Seja tin =". Tem-se 7 (wea Unt — Gait _ (ntl)?nt 1\? i Ane (: Jase nt Como 0 < 1, pelo Critério de d’Alembert, > Fj con verge. . Jean D’Alembert, 1717-1783 28 4 Séries de termos com sinal variavel Até ao momento, os critérios estudados apenas se aplicam a séries de termos positivos. No presente capitulo estudaremos o caso de séries cujos termos nao possuem sinal constante. 4.1 Convergéncia absoluta Prova Seja (ua)nen una sucesso tal qu [55 SSS Seja wp = |uin| + tq. Como se tem, para todo x € R, In|, para todo n EN —lun| Stn S |eenl- Somando |un| a estas desigualdades, obtém-se O< wy < 2\un|. Assim, Jy wn & uma série de termos positivos. Como Y |un| é convergente, pelo 1° Critério de Comparacao, 35 wy converge. Logo, Lee = Dun YL lel a diferenga de duas séries convergentes, {logo JD un € convergente . . Gay +. 7 1 Ua Exemplo Determine a natureza da série }> A série & convergente, pelo que }) —5— converge jy me ‘Mais uma ver se chama a atengao para nao ler esta implicagéo ao contrério: possivel que Tyr, seja convergente mas que S> |un| seja divergente. Nesse caso diremos que perfeitamente 29 Caso Y|tin| seja convergente, diremos que |S}uq € absolitamente eouvergente.) Por exemplo, > LH 6 uma série absolutamente convergente. Na proxima secgio, veremos um exemplo de uma série simplesmente convergente. 4.2 Séries alternadas Definigao 4.2.1 A série Duy diz-se alternada se para todo n €N Andinsr £0, 0 que significa que dois termos consecutivos possuem sinais opostos. Nesta secedo forneceremos um critério muito interessante que permite concluir quanto A convergéncia de certas séries alternadas. Antes de o fazer, precisamos de provar o seguinte lema: Teorema 4.2.1 Sejam (ap)nen € (bu)ncn duas sucessdes tais que * Para todo n EN, an S bn; © (an)nen € crescente; © (bn)nen & decrescente; © lim a, noth by = 0. (as sucessdes (On)ncx € (bn)ncn dizem-se adjacentes.) Enldo as duas sucessées so convergentes ¢ tem-se lim an = lim ba Prova Como (an)ncn € crescente © (bn)new & decrescente, pelo primeiro ponto YREN, a1 Say < bp S br. Assim, (an)ncn € crescente e majorada (por by). Da mesma forma, (by)ncn & deerescente e minorada (por ai). Por um teorema estudado em Andlise Matematica 1, ambas as sucessdes so convergentes. A igualdade dos limites tira-se do tltimo ponto. 7 Estamos agora em condigdes de demonstrar o seguinte critério: 30 Prova Vamos supor que u; < 0. (A demonstragao 6 andloga se u1 > 0) Neste caso, os termos de ordem ‘npar sio positivos 0s de ordem par so negativos: para todo n € N, 1)" un Seja (Si)wen a sucessio das somas pariciais as- 4 sociada.A estratégia desta demonstragio passa por provar que a subsucessies (ay)wew = (Sav-1)ven € (on) wen = (Saw)ven S80 adjacentes. Gottfried Leibniz, 1646-1716 Para todo N €N: awl aN @ ay — by = Say—1 — Sax = Stn — On = aw wl” fel pelo que ay = Y 5 é divergente. Assim, yi! a 6 semi-convergente

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