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(6002 ~ V's S¥LIV vuoLia o7nva vs ovstpa eOT oorarange sgnonLWOg Fd OSHND saNORINA}] OINOLNY | ovINv OaHIO J, VNIDTY ed. 1998; 2. 1994; 3. ed 1995; 4 ef, 1996; 5. 1997; 65.1998: 7 ed. 1999 8 ed 2000; 9. ed 2004; 10.28. 2007 re dare: Gey age Ty Sone Dados internacionais de Catalogagso na Plbicagso (CIP) (Csmara roslera do Livro, SP Bras 95.0858 epvawanaa Indice para catélogo sstematico 1. Linguagem juriien 940.1131 "TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ~£ profida a reprodusio onl ou pari de qualquer fons ou por qualquer meio A volagio dos deco de autor (aint 9680/98) &erme ‘Saeed pelo artigo 184 do Codigo ena epic lega na Biblioteca Nason conforme Decreto a 1.825, de 20 de dezembro de 1907. @ ua Coosa bias, £384 (Campos Elisos) (01203 904 Sto Paulo (SP) Tek (on 857514 (mI A one, minha esposa; aos filhos Maristela, Silvia ¢ ‘Sérgio; ao querido neto Heitor, 0 testemuiho de mew afeto, ‘os meus pais, Rubens Cinera Damiao [Nair Toledo Damido (in memoriam), ‘Meus agradecimentos pelo zelo por minha formagao. Ao meu amado filho, Marcela Alexaridre T: D. de Andrade Mar‘ins, o-carinho materno que inspira os meus dias. ‘Ao meu netinho Lucas, ‘acerteza de uma descendéncia abengoada. RP 0000000606680000820600700S 005 OONG se @ « e e e e@ e e e e e e e e e e es e e e oe e e e e e e e e e e e e ea SuMARIO Nota dos autores & 10: edipfo, 1% [Nota dos autores, 15 Parte 1 COMUNICAGAO JURIDICA, 19 1.1 Conceitos, 19 1.2. Elementos da comunicagio, 22 1.3 Funges da linguagem, 24 1.4 Lingua oral e lingua escrita, 25 15. Niveis de linguagem, 26 1.6 O ato comunicativo juridico, 28 1.7 Conceitos bésicos de lingiistica ¢ comunicagio juridica, 29 1.7.1 Quanto ao emissor, 30 1.7.2. Quanto ao receptor (destinatario de discurso), 32 1.7. Estrutura do discurso comunicativo, 35 18 Reervicins, 26, ~Introdugio & Comunicagio, 17 Parte It - Voeabulério Juridico, 29 2 VOCABULARIO, 41 2.1. Léxico e vocabulétio, 41 2.2 O sentido das palavras: denotacao econo 2.3 O sentido das palavras na linguagem jurii 2.4 Polissemia e homonimia, 47 2.4.1. Usos da linguagem juridica: algurvas dificuldades, $1 25. Sinonimia e paronimia, 52 2.5.1 Sinbnimos, 52 25.2 Parénimos, $4 2.5.3. Usos da linguagem juridica (sinonimia e paronimia), 5S 2.6 O verbo juridico: acepgoes e regimes, 55 2.7 Arcaismos, 62 2.8 Neologismos, 64 2.9 Estrangeirismos, 65 2.10 Latinismos, 67 2.11 Campos seménticos e campos léxicos, 69 2.12 Dificuldades do vocabulério na linguagem juridica, 70 2.13 Repertérlo vocabular juridico, 73, 2.14 Exercicios, 77 Parte II - A Estrutura Frisica na Linguagem Juridica, 79 3. FRASE, 81 3.1. Frase, oraglo, periodo, 81 3.11 Frase, 81 3.12 Oragio, 82 3.1.2 Periodo, 82 3.2 Eserutura da frase, 83 3.2.1 As combinagies da frase: coordenagio e subordinagio, 83 3.2.1.1 Coordenagio, 83 3.2.1.2 Subordinagao, 84 3.3. Relagies sintiticas na expressividade da frase, 84 3.3.1 Concordancia, 84 3.3.2 Regéncia, 86 3.33 Colocagio, 87 3.4 Aspectos estilisticos da estrutura oracional, 89 3.4.1 A frase completa simples, 90 3.4.2 0 fator psicolégico da estrutura filsica, 92 3.4.3 A ordem dos termos no perfodo simples, 93 3.4.4 A expressividade frisica na coordenacao, 95 3.4.5. A expressividade frisica na subordinagio, 96 35 Fei 3.6. Exercicios, 100 10 estilistica da frase e discurso juridico, 97 Parte IV ~ Enunciagio e Discurso Juridico, 103 4 CONSIDERAGOES GERAIS, 105 4.1. Enunciagio e diseurso, 105 4.2. Algumas definigoes, 107 421. Texto, 107 4.2.2 Contexto, 108 4.2.3 Intertexto, 109 4.23.1 Paréfrase, 111 4.2.3.2 Estilizagio, 113 4.2.3.3 Parédia, 116 4.2.3.4 Reeriagio polemica, 118 4. Tipos de texto, 119 4.8 Coesio ¢ coeréncia textual, 120 4.4.1 Coesio, 120 44.2. Coeréneia, 122 4.5 Principais elementos de coesio no discurso juridico, 129 4.6. Exercicios, 132 Parte V- 0 Pardgrafo e a Redagio Juridica, 135, 5 AREDAGAO, 137 5.1 Conceitos ¢ qualidades, 137 5.1.1 Unidade, 138 5.1.2 Coeréncia, 139 5.1.3 Enfase, 141 5.2. Bstrutura do parigrafo, 143 5.2.1 Tépico frasal, 144 5.2.2 Desenvolvimento, 144 5.2.3 Conclusio, 149 5.3 © encadeamento dos parigrafos, 150 DOOOHHHOHHOOHCOOHHHHHSOOHHOCOCEOCOS COOHHKH OOOOH RSOOOHOCOROLOCOROLOOSOD 5.4 Blaborasio do pardgrafo: requisitos e qualidades, 150 5.5. 0 parégrafo descritivo, 152 5.5.1 O pardgrafo descritivo na redagio juridica, 156 8.6 © parigrafo narrative, 157 5.6.1 O pardgrafo narrativo na redagio juridica, 160 5.7.0 parigrafo dissertativo, 161 5.7 Tipos de dissertagio, 163 5.7.1.1 Dissertagio expositiva, 163, 5.7.1.2 Dissertagio argumentativa, 164 5.7.2 Estrutura da dissertagio, 166 5.7.3 Raciocinio e argumentagio, 158 5.7.4 O pardgrafo dissertativo na redagSo juridiea, 171 5.8 Posturas do emissor na elaboracio do parigrafo, 172 5.8.1 Posturas filoséficas, 172 5.8.2 5.9 Exercicios, 178 Posturas psicolégicas, 173 Parte VI - Portugués ¢ Pratica Forense, 181 6 ‘TEORIA E PRATICA, 183, 6.1 Procuragio: conceitos e tipos, 184 6.1.1 Procuracio ad negotia, 186 6.1.2 Procuragio ad judicia, 191 6.1.3 Outras modalidades: caugdo de rato e apud acta, 192 6.1.4 O substabelecimento, 193 6.1.5 Estrurura da procuras 6.2. Requerimento: conceito e estruturas, 196 6.2.1 Estrutura do requerimento simples, 197 6.2.2 Estrutura do requerimento complexo, 199 6.3 Requerimento ¢ petigo inicial, 201 6.3.1 Petigio inicial: aspectos lingiiticos e estruturais, 202 6.4 A resposta do réu, 207 6.4.1 Aspectos linguisticos ¢ estruturais da contestagio, 207 6.4.2 Outros aspectos lingiisticos ¢ estruturais da Resposta do Réu, 210 6.5 A linguagem da sentenca, 211 ad judicia: comentarios linguitsticos, 19% 6.6 A linguagem nos recursos juridicos, 213, 6.7, Particularidades da linguagem em peas juridicas, 214 6.7.1 Mandado de seguranca, 214 67.2 Habeas corpus, 215 67.3 Alinguagem da denineia, 219 6.7.4 A linguagem das legagoes finals, 221 6.7.5 Alinguagem dos contratos, 222 6.8 Bxereicios, 224 Parte VI - Estilistica Juridica, 227 7 RECURSOS ESTILISTICOS NO DIREITO, 229 7.1 Comentétios preliminares, 229 7.2. Figuras de linguagem, 230 72.1 Figuras de palavras, 230 7.2.2 Figuras de construgio, 233, 72.2.1 Repetigao, 253 7.2.2.2 Omissio, 236 7.22.3 Transposicio, 237 7.2.2.4 Discordincia, 238 7.2.3. Figuras de pensamento, 238 7.3. O valor estilstico da pontuacio, 247 7.4 Aexpressio oral, 250 7.4.1 Oratéria forense, 250 7.4.1.1 0 plano de exposicao, 250 7.4.1.2 Recursos da expressio oral, 252 7.5. Bxercicios, 254 Parte VIII - Apéndice, 257 8 LEMBRETES GRAMATICAIS, 259 18.1. Casos priticos de concordancia nominal ~ nodelos de exercicios, 259 8.2 Algumas dificuldades gramaticais, 261 8.3. Observagies sobre a conjugacio de alguns verbos, 265 8.3.1. Verbos da primeira conjugagao, 265 8.3.1.1 Verbos em EAR (passear, larear, nomear, presentear), 265 aa as 86 8.3.1.2 Verbos em IAR (odiat, eemediar, incendias, ansiar & median), 265 8.2.1.9 Outror verbor, 266 8.3.2 Verbos da segunda conjugagao, 269 8.3.2.1 Conter, 269 8.3.2.2 Despender, 269 8.3.2.3 Prover 270 83.24 Requerer, 271 8.3.2.8 Soer, 271 8.3.26 Viger, 272 8.3.2 Verbos da terceira conjugacio, 272 8.3.3.1 Verbos em UIR, 272 83.3.2 Argiis, 272 8.3.3.3 Convie, 273 8.3.3.4 Fal, 273 8.3.3.5 Impedit, 274 8.3.36 Infringis, 274 8.3.3.7 Redimir, 274 8.3.3.8 Ressarcir, 275 8.3.3.9 Verbos abundantes, 275 Abreviaturas, 277 8.4.1 Principais abreviaturas, 278 8.4.2 Algumas siglas, 281 Brocardos juridicos e locugées latinas, 282 8.5.1 Brocardos juridicos, 282 8.5.2 Locugées latinas, 284 Prefixos sufixos latinos e gregos, 287 8.6.1 Prefixos latinos, 287 8.6.2 Prefixos gregos, 290 8.6.3 Sufixos latinos, 291 8.64 Sufixos gregos, 292 | Bibliografia, 293 Nota pos Autores A 108 EpigAo Mantida a mesma estrurura das edigées anteriores, foram realizadas algumas alteragoes para facilitagao metodolégica, com orientagées que auxiliam, também, facadémicos e prot jonas da érea juridica em particular, bem como no ensino de diferentes areas de Ciéncias Humanas e Sociais. Busea-se contribuir, ainda mais, para a efetvidade da linguagem ju idica recte, bbene et pulere, com retidio de idias, gramaticidade frésica e beleza da expresso comunieativa, atributos essenciais no DOOHHOHOOHLOSHOHOHOOHLEHOKESEEOCOCES Peeoeeoneecoscoecs Coverenesesooeoses 4 | A lings pos de uma comunidade lingtistica organizam um cédigo comunicativo proprio, formando, a0 lado da Iingua-padrao, am universo semiolSgico. Adeqtiado é, por isso, falar-se em Cursa de Portugués Juridico: hé imperativa necessidade de uma disciplina que estude o eddigo lingtistico da lingua portuguesa, aplicado a0 contexto juridico. Independentemente do ensino académico, porém, o presente livro destina-se 2 todos os estudiosos de lingiistica e, em particular, aos que militam na area do Direito e querem ampliar seu saber juridico. [Nao pretenderam os autores ~ ¢ sequer poderiam desejé-o ~ esgotar 0 assun- to, mas uscaram um registro abrangente dos dados suscetiveis de uma anélise sémica do diseurso juridico, Fica, também, 0 convite para que se nos oferegam criticas e sugestdes dest znadas a0 aperfeigoamento do presente livro. y Parte I ] INTRODUGAO A CoMUNICAGAO Cooeceecocseogee ComunicacAo JURIDICA jCEITOS J4 6 sabido e, mesmo, consabido que o ser humano sofre compulsio natural, inelutdvel necessidade de se agrupar em sociedade, razio por que é denominado fens sociale. Conscio de suas limitagoes, congrega-se em sociedade para perseguit fe coneretizar seus objetivos; assim, o ser humano é social natura Sua, em decor- réncia de sua natureza, Dai, a propenséo inata do homem em colocar o seu em comum com 0 proximo. ‘Tal colocar em comum & 0 comunicar-se, é a comunicasdo. Jo latim communica- re se associa & idéia de convivéncia, relagao de grupo, sociedade. O objetivo da comunieagio € 0 entendimento; como disse alguém, a historia & uma constante busca de entendimento, ‘Acomunicagio ultrapassa 0 plano histérico, vai além do temporal; por isso, assistiu raziio ao poeta latino Horécio dizer que ele nio morteria de todo © a melhor parte de seu ser subsistiria & morte Porque © homem é um ser essencialmente politico, a comunicacao sé pode ser uum ato politico, uma pritica social bésica, Nesta prética social & que se assentam, as raizes do Direito, conjunto de normas reguladoras da vida socal Aceito, enti, que o Direito desempenha papel politico, fungao social, pode se dizer que suas caracteristicas fundamentais so a generalidade (que no se confunde com neutralidade) e a alteridade (bitateralidade), 120 cam detunapt nin + mines Constitui-se a sociedade nio de eu + eus, mas, de ego + alter, ou, para se usar lum neologismo de Carlos Drummond de Andrade (apud Monteiro, 1991:36), de “eumanos", isto é, de eu + humanos. é-se a comunicagio pelo falar e s6 a0 homem reserva-se a determinagio de falar. Eugénio Coserit! observa que o homem é “um ser falante” ou, melhor & "0 ser falante”. Comunica-se o homem de forma verbal ou nao verbal; esta titima acontece de varias formas como: ‘+ Linguagem corporal Nacritca cinematogrifica é comum dizer que 0 corpo fala por Chares Chaplin «, constantemente, essalta-se a expressividade dos olhos de Bette Davis. No romance O processo Maurizius, Jakob Wasermann fala em olhos interroga= tives, olhar inquiridr, olhar sombrio e hostil ete. Sabe-se que os olhios mereceram especial atengio de Machado de Assis, pois the retratavam a natureza intima ~boa ou ma— das pessoas, Para ficar com apenas uma obra, encontram-se em Dom Casmurra, olhos darminhocos (Tio Cosme); olhos uriosos (Justina); othos refletidas (Escobar); olhos quentese intimatives (Sancha), olhos policiais (Escobar); olhos abliquos e de ressaca (Capit), Na debatida questo do aduleério de Capita, entre os argumentos, todos indicios, embora alguns veementes, hi o olhar de Capitu perto do esquife de Excobat Frente aos fatos trigicos da vida, desfivelam-se as mascaras ¢ frustram-se as lissimulagdes; €0 que acontece com Capit. Ela ita 0 defunto com olhos de vitiva ce revela, entao, que o homem dela, seu marido, de facto, era Escobar Avalie-se a forga do olhar nos versos de Menotti del Piechi “n peso da cobra eu cute. Quem souber ‘cure 6 venene que hd no olhar de ema mule!” As partidas de futebol tornaram-se mais atraentes com a linguagem gestual dos jogadores. 44 na antiga Roma, nos jogos circenses, o imperador, com o polegat Jevantado ou abaixado, prolatava as sentengas de vida ou de morte Cesare Lombroso, fundador da Antropologia Criminal, procurava identificar 0 lige > lide = conflito), eriando um nove centramento na relagao entre 0s interlocutores processuais: a polémica. No con‘ronto de porigoes, @linguagem tornase mais persuasiva por perseguir o convencimento do julgador que, por sua vez, resguarda'se da reforma de sua decisio, explicindo, na motivagio da sentenga, (0s mecanismos racionais pelos quals decide. © ato comunicatvo juridico nao se faz, pots, apenas como linguagem enquanto Iingua (conjunto de probabilidades linguisticas postas A disposigao do usttrio), mas também, e essencialmente, como diseurso, assim entendido @ pensamento organizado a luz das operacées do raciocinio, mutas vezes com estruturas pres” tabelecidas, e g., as pecas processuais. © ato comunicativo juridico nao é, porém, Lagica Formal, como pode supor ‘uma conclusio apressada, Exemplifique-se pelo silogismo non sequitur: Todo eximinoso ronda a loja a ser assala mies do crime. Pedro € criminoso erondou a loja X, que fol assltada Logo, Pedro assalcou a lola X. ‘Aaciio criminosa de Pedro ¢ tio-somente suposico apoiada em meros indicios ue no tém forga condenatéria, Embora o estatuto do pensamento juridico néo soja a Légiea Formal, no pode prescindir das regras do silogismo ldgico. As partes processuais organizam Stas opiniSes com representagio simbélica que possa ser aplicada ao mundo real, demonstrando a possibilidade de correspondéncia entre motivo e resultado. ‘A“tealidade” do raciocinio lgico ndo pode ser afirmada com certeza absoluta znem mesmo se presente estiver a rainha das provas: a confissio (confessio est regi- tna probationum), porque alguém pode ter 0 animus necandi (intengao de matar), ftirar contra o aivo pretendida e o resultado morte pade nso ser consequéncia direta de sua condura dolosa, exigindo-se prova argumentativa da existéncia do riexo causal agio/resultado, (© ato comunicativo juridica, conclui-se, exige a construcio de um diseurso ‘que possa convencer o julgador da veracidade do “real” que pretende provar. Em azo disso, a linguagem juridica vale-se dos prineipios da légica cléssica para organizacao do pensamento, (© mundo juridico prestigia 0 vocabulétio especialzado, para que 0 excesso de palavras phurissignificativas néo dificulre a representacio simbélica da lingua- gem. © discurso juridico constréi uma linguagem propria que, no dizer de Miguel Reale (1985, p.8), é uma linguagem cientifica 1.7 CONCEITOS BASICOS DE LINGUISTICA E COMUNICAGAO JURIDICA. Em remate, bom ¢ explicar © processo comunicativo juridico, tendo em vista cconceitos lingiisticos basicos. Veins: L ‘ temtson mentagem) veep) 4 4 [Ex siete 9 posmi le Cuca enema cheap seman ‘expressiio Sei pensamento] ‘st DOCOCOOOOOOOOOHEOHOCOREONEHOCOOOHOOE 1.7.1 Quanto ao emissor ‘Antes de possuir 0 pensamento, 0 emissor deve realizar relarées paradig ‘méticas, ou sea, associagao livre de idéias (idéia-puxa-idéia), inchuindo oposigaes, pois ninguém possui alguma coisa sem antes adquirila Diante de um assunto, o emissor deve pensar livremente, com idéias soltas. ‘Quanto maior for o vigor e a elasticidade dessa ginistica mental, mais idéias serio pensadas. Possuindo 0 pensamento, ainda que desorganizado, 0 emissor busca a ex pressio, por meio de rigoroso roteiro onomasiolégico (nome dado & atividade de codificacio da mensagem) compreendendo as seguintes perguntas: 8) Quem sou eu, emissor? Dependendo do papel social, a codificagio deve direcionar a mensagem e seleciona: 0 vocabuldrio, .g., a linguagem do Promotor de Justica & diferente da wtlizada pelo advogado de defesa, b) 0 que dizer? Estabelecer com concisio, precisio e objetividade as idéias a serem codificadas, é imprescindivel no discurso juridico. ©) Para quem? Nao perder de vista a figura do receptor é fundamental. Seria impertinente ao advogado explicar, pormenorizadamente, um conceito simplista de direito, em sua peticae dirigida a0 Juiz, como se the fosse possivel “ensinar 0 padre-nosso a0 vigério”. 4) Qual « finalidade? © emissor nunes pode perder de vista o objetivo co: ‘municativo, pois, dependendo de seu desiderato, ir escolher idéias € palavras para expressé-las, ©) Qual o meio? Quando 0 profissionsl de Direito peticiona, empregando 4 lingua escrita, deve cuidar esmeradamente da lingua-padrio, organi ‘zando com precisfo légica seu racio=inio, com postura diferente daquela utilizada perante um Tribunal do Jini, ocasio em que a linguagem afetiva hid de colorir e enfatizar a argumentagéo, Imagine-se que um estudante de Direito tenha que elaborar redagio sobre o menor abandonado, Em primeiro lugar, deverd pensar livremente sobre 0 assunto, cogitando sobre odas as idéias associativas. Depois, deverd retirar delas as idéias q ional de acordo com o roteito onomasiolégico, Assim, nao pode ignorar que, sendo estudante de Direito, deve ter preocupaciio, com enfoque juridico. Também, deve fixar a idéia central que pretende trabalhar,e. g., delingiiéncia {intanto:juveni ossam expressar seu plano reda. [As ldéias serio selecionadas de acordo com 0 interesse do receptor, & &, professor de Direito Penal. ‘A proposta temitica indica a finalidade textual,e. g., diseutir a antecipagio, uno, da maioridade penal. Deve, ainda, o redator empregar a lingua cults, indispensivel ao discurso eserito disserranive argumentative Diante desse roteiro, 0 emissor busca a exprestio, discurso si organizado, ‘Ao roteiro onomasiol6gico cumpre organizar as idéias, selecionandlo e estruta- rando aquelas adequadas ao seu pensamento. Este processo de escolha das idéias da forma de estruturé-las denomina-se relagdessineagmaticas. 0 vertical e posigo horizontal ‘Assim, o esquema comunicativo tem posi Veja-se: relagses poradigmaicas (ides les ~ plano vertical e aprofurdamento ideoligio) relagbessincagmdticas (Getestia e escola das ideas, de acordo com oteizo onomasiolégico que strao ‘estruturadassindviea eestiisticemente) Nas relagies sintagmticas, hi um plano I6gico de organizagao, de acordo com os atributos da linguagem: ‘* reste: na primeira etapa do roteiro enomasiolégico escolhem-se rea idéias légicas e adequadamente inter relacionadas & proposta temiética ‘= bene: em seguida, verificase_a construgio frésica que deve estar psa sintaticamente correta. ‘= pulchre: a frase deve ser revestida de recursos estilisticos que a tornam poniea mais atraente e persuasiva 1.7.2 Quanto ao receptor (destinatario do discurso) A diregio semasiolégica requer, também, wm roteiro para, da expressiio, che: gar-se 20 pensamento do emissor,julgi-lo e avalis-o. © receptor parte das relagies sintagméticas em diregio as relagées paradig. imaticas, em trplice dimensio, de acordo com as operagbes do raciocinio, 2) alter > outra (compreensio): & a primeira operagio do raciocinio, © emissor deve captar lteralmente a mensagem do emissor com andlise gra ‘matical do enunciado, ) ego > eu Cinterpretacio stricto sensu: a segunda operagio do racioci- © receptor, depois de recepeionada e compreendida a mensagem do emissor, eve julgé-la, com seu posicionamento ou como auxilio de julgamentos de outros emissores, ou, ainda, por meio das duas atividades. No mundo juridico, por muito tempo considerou-se que o receptor deveria ter alter (outro) como atividade sinica e exclusiva da diregio semasiolégica, cconforme o brocardo in claris cessat interpretatio. Sendo clara a mensagem, bastaria compreendé-la passando-se para outras ‘operagbes do raciocinio apenas se nebulloso ou incompleto,ligicae sintaticamente, for 0 pensamento do emissor. Prevalece hoje o entendimento hermenéuico de que a claridade & requisito cessencial do ato comunicativo do emissor, que no completa a atividade do re- ceptor, devendo este tltimo, depois de comprevnder, julgar e avaliar a mensagem do emissor ©) alter/ego > outro/eu (critica): & a operagio do raciocinio da critica. significa, como se diz vulgarmente, ser a critica encontrar defeitos na smensagem do emissor Criticar é avaliar a validade/eficécia da idéia no mundo conereto, ava- liando sua aplicabilidade e efeitos = dimensie pragmdtica da hermenéutica, Assim, ninguém interpreta, sem antes compreender. Pode haver a interpreta: ‘edo pura, mas ndo a eritica pura, pois citicar pressupée ter antes interpretado a mensagem, eistindo, porém,a interpretardo ertiea, na qual ar duas operagiee do raciocinio so realizadas concomitantemente, na forma, mas com anterioridade Interpretativa na formulagao do pensamento, Veja-se exemplo extraido do Cédigo Civil ce 2002: ‘Art. 156. Configura-se 0 estado de perigo quando alguém, premido da ne- cessidade de salvarse, ou a pessoa de sua familia, de grave dano.conhecido pela ura parte, assume obrigngao excessivamence oncrosa Pardgrafo nico, Tratando-se de pessoa juz decidied segundo as circunstancias.” Bo pertercente familia do declarante, 1. Compreensio © dispositive legal desereve o estado de perigo como necessidade incontro- livel de alguém salvar-se ou a pessoa de sua familia, de grave dano, assumindo obrigacao excessivamente onerosa, Essa necessidade, para o legislador deve ser conhecida pela outra parte. No pardgrafo tinico, a regra legiferante admite que a pessoa a ser salva nao. pertenca a familia do declarante, cabendo ao juiz.analisar essa validacle pela and lise das circunsténcias negociais. Observe.se que se extrairam do dispositive legal suas idéias, no sentido literal, ‘com neutralidade interpretativa, sem a opiniso ou julgamento do receptor, tarefa de compreender a mensagem. 2, Interpretagao Na interpretagio stricto sensu, 0 receptor ir posicion: legal, ou comenti-lo, valendo-se, inclusive, de outros autores. Veja-se exemplo dessa operagio do racioci se diante do texto Culda-se de nova modalidade de defeito de negécio juridico, com vicio da vontade, O estado de perigo avizinha-se, para muitos juristas, da estado de necessidade previsto na esfera criminal, mas com ele nao se confunde. No estado de necessidade, premida pelo desejo de salvar-se, a pessoa acaba por tirar de outrem a mesma possiblidade. £0 caso elissico do alpinista que corta, © equipamento de companheiro, por considerar que o peso dos dois provocara inevitivel avalanche. In casu, provada a necessidade extrema, nao ha deli. Na esfera civel, tem de existir um negécio entre duas out mais pessoas, mas contrato ajustado por premente necessidade de uma das partes de salvar-se, ou a pessoa de sua familia, de grave dano, sendo essa circunstancia conhecida da outra parte. Além disso, hé um elemento caracterizador imprescindivel: set excessivamente oneroso para a parte que se encontra em perigo, significando, ‘entio, dolo de aproveitamento de quem, conicuedur da sieuagad, dela quer obter fenriquecimento indevido, Para muitos juristas, antes do advento do Cédigo Civil de 2002, a situagio ppoderia ser, ainda, interpretada como um tipo sul generis de coagio, pois, nao POCOREOCOCOCER ODER HOODORDDOOOLOOROOS havendo conduta da outra parte para estabelecer situagio que obrigue alguém a realizar um negécio, € o préprio fato que propicia esse querer defeituoso, co- locando uma pessoa & mere? do aproveitamento negocial de outra, quase como Luma coagio fatica irresistivel. ‘A questio, portanto, é saber se o negécio invalidado, tendo em vista que © beneficiado nao colabora para o surgimento do estado de perigo, aproveitando-se dele, no entanto. Para muitos juristas, a anulagio ¢ instrumento punitive do dolo de aproveita- ‘mento, coibindo essa pritica. Para outros, porém, a mera anulagio do negécio é solucdo injusta, pois proporciona vantagem sem énus para quem se encontrava em estado de perigo, entendendo, assim, que mais justo é reduzir o valor obrigacional para limites adequados ao servigo prestado. Cothendo-se exemplos aqui ¢ acold, percebe-se que a interpretagao da intencio legiferante concentra-se nos paradigmas de promessa de recompensa excessiva ‘ou prestagio exorbitante para pagar servigo por estado de necessidade da con: E oportuno ilustrar a situagio com 0 «aso de um jovem que recebe noticia sobre o estado desesperador da mie, com perigo de morte iminente e, sem a dis ponibilidade de servico piiblico, ajusta com um particular contrato de locomos30 da mulher para cidade prdxima, com mais recursos médieos, por prego despro- porcional a praticado pelos motoristas do loal, pois 0 contratado vé na angistia do jover e no grave estado de satide da mulher a possibilidade de um negécio altamente vantajoso. 3. Critien Nesse passo, o intérprete deve questionar a aplicabilidade da norma na reali dade juridica, eecendo comentarios sobre o valor tutelado e a dimenslo pragmatica dda norma juridica. Veja-se exemplo: A solugio reclamada pela doutrina pars casos desse dolo de aproveitamento, ‘ou de quase coagio provocada pelo Fato juridico, é, para muitos, merecedora de elogios por superar a lacuna axiolégica da lei, prevendo a situagdo antes nao ‘conceituada em lei 'No entanto, expressiva parcela da doutrina questiona a anulabilidade do ne. _36cio, considerando ser a reducao do pregoa melhor solwio juridica, No entanto, talvez a discussio interpretstiva devesse avaliar, ainda, a extensio semantica da expressio salvar-se de grave Jano, tendo em vista a configuracdo contextual da realidade. Considerando que @ interpretacéo da norma, consoante o Gédigo Civil de 2002, nos artigos 112 e 422, deve observa o principio da boa-fe negocial ¢ a fun- social das relagdes contratuais, deve a doutrina a jursprudéncia atentarem para a necesséria ampliagio do sentido de salvar-e, ndo se limitando ao campo “Semantico que, esteitamente, norteia a norma, masa outras situagées que carecem de dispositiv legal especiti. Por isso, salvar-se pode ser entendido no apenas no sentido de assegurar a propria vida, ou de familiares ¢, ainda de texceiros, ou a integridade fisica dessas :mesmas pessoas, mas também pode alcancaro sentido de escapar de grave stuagio financeira, salvar-se da insolvencia. E 0 caso de quem, premido por graves dificuldades financeiras, precisando salvar-se das conseqiiéncias funestas que se mostrim inevitéveis, aliena um bem valioso por preco vil, pois a outra parte, conhecedora de sua situacdo financeira, {quer aproveitar-se do estado de perigo éconémico do outro. Em situagio asseme: Ihada, jd se em normatizado a usura praticada por inescrupulosos aproveitadores da dificuldade alheia, [Nao falcam juristas que refutam 0 alargamente da expresso salvar-se para o perigo econdmico, postulando que © valor econdmico ¢ caracterizador da lesio. No entanto, muitos desses juristas ampliam o campo semantico de salvar-se, ‘como iminéneia de softer dano fisico, para aceitarem, também, o dano moral esse modelo, facil é perceber que a ertica pode avancar nas interpretagies ji cristalizadas, argindo novas teses que, aceitas ou no, sa0 objetos de reflexdes, dando a doutrina e & jurisprudéncia a dindmica hermenéutica 1.7.3 Estrutura do discurso comunicativo Conforme foi visto, tanto na direso onomasioligiea quanto na semasiolégica cexistem relagées paradigmticas e sintagmticas. (© emissor realiza as relagdes paradigmaticas, em primeiro plano, €, a seguit, estabelece relagées sintagmisticas. © receptor, por sua vez, parte das relagies sintagmaticas para alcangar as relagies paradigmaticas do emissor. As relacées paradigméticas formam a estrutura de profundidade do texto (camada semantica que indica a intengio/extensao da idéia). As relagées sintagméticas formam a estrutura de superficie do texto (relagSes sintiticas que asseguram a eficdcia semintica, traduzindo exatamente a idéia que se pretende transmit) 1.8 EXERCICIOS 1, Cotejar os textos téenicos abaixo, considerando: 4) diferengas entre jargées: posturas do sociolingtista e do jurista diante do tema Linguagem e Comunicasao, 1) semethangas dos autores no emprego de normas da lingua culta: ealocagio pronominal ¢ uso da viegula, ‘Texto? A Linguagem do Legislador © a Linguagem do Jurista Paulo de Barros Carvalho Dentro de uma acepgio ampla do vocsbulo tegislador havemos de inser as man festagoessingulares © plurals emanadas do Poder Jdicirio, ao exarar suas sertencas € ‘scdvdtor, veleuls ierodutrior de normas indiwiduais © concretas no sistema do direito Posto, 0 termo abrign tambem, na sua amplitude semantica, os atos adminstrativos Expedidos pelos unciondrios do Poder Executivo e até praticados por partcules, a0 fealiearem as figuras tpificadas ha ordenagae juridica,Pois bem, a critica acima adscrita ose aplica, obviamente, s egrae produzidas por Grgios cos titres sejam pertadores Ade formagso tenieaespecializada, como €0 caso, por excelenca, dos membros do Poder Siudicirio. Se atinarmos, porém, 3 organieacso hierarquies das gras dentro dosistema, Fh imporeinetn de ie se revectem a normas gerais e abstratas. como fundanento de “aldade sineatica e semantiea das indiviguais e concretas, podemos certamenteconcluit lque-a mencionada heterogeneidade de nossos Parlamentor infu, sobremancia, na de Shrrumagio compostiva dos textoe do diceto post, Se, de um lado, cabe deplorar produco legislaiva tio desordenada, por outro sobres- sai, com enorme intensdade, a relevaneia do labor clentifico do jurist, que surge nesse Inomento como a unica pessoa credenciada a dervelar 0 conteido, senuido e alzance da rmacéria lepielada Mas, enquane & eto afirmar-se que o leisldor se exprime numa inguagem livre, natural, pontlhada, aque ll, de simbolos tecnicos, o mesmo nso se passa come dscurso ‘o ciencsen do Direito. Sua linguagem, sobre ser técnica, ¢ cientfiea, na medida em que Ss proposigoesdescritivas que emite vm carregadas dt harmonia dos sistemas pres dios pela logia cassia, com as unidades do conjunto arrumadas e escalonadas segundo “erterios que observa, estitamente, os prneipios da identidade, da nio-contradigao € ‘do meio exclu, que sho tres Imposigoes formais do pensamento no que coccerne 8s Proposgbes apotint (Curso de Direto Mibutdrio) rext02 A Sociolingiiistica © @ fendmeno da diversidade na lingua de um grupo ‘octal Dino Pret “A freaiéncia com que cercos fates se repetem nas classificagbes dos estudiosos pode evar nos conclusao de que 0 trabalho de levantamento das influenetas que pesam sobre tr varigoes de Knguagem dentro de uina determinada comunidade, seria relativamente Teil e preciso, A verdade, porém, € tra ‘Mesmo no interior de um grepo para alguns homogéneo, pode-se dizer que nao ha dois sujeltos que se exprimem exatamente da mesma maneirar é manifesto ao nivel do brio, ¢ igustimente noravel no plano da Fonologia. Assim, encontram-se pessoas que fazem a oposiqia e aberto/fechado em final, parisienses da mesma idade e da mesina categoria soci. Tor ss, Jespersen diz que a fala do individuo, considerado isoladamente dentro do ‘grupo, ndo.€ sempre a mesma, Seu tom na conversag30 e, com ele, a escolla de palavras {nuda segundo a eunada social em que se encontra no momento. A isto se acrescenite que 4 Tingusgem toma diferente colorido segundo o tema da conversagao: ha ur estilo para ade- Claragao de amor outro para a declaragio oficial, outro para a negativa ou reprumenda. evemios observar, em fungfo das teorias aqui expostas, que ha, apesar de tudo, uma rlatividade nessa tentativa de dentifieagao entre sndividuo e lingua. Nem sempre & possivel dizerse com preciso que um indwidyo de dererminada regiao, cultura, posigao Social, raga, Made, sexo ete, escoiheria estruturase formas que pudéssemos de antemso prever. Como também nem sempre é possivel esabelecer padrdes de linguagem indi fuel de acordo com uma variedade rmaito grande de situagoes que pudessem servir de (PRETI, 1987, p. 11.13) 2. Realize esquema de roteiro onomasiolégico, explicando, de forma objetiva, cada uma das fases, ‘Sugestdo: o emissor é estudante de Direito que participa de um debate sobre os ‘efeitos da globalizagao no conceito de vida familiar, sendo 0 publico formado, por estudantes de Direito, Jornalismo, Pedagogia e Psicologia. Nota: Por indicagio do professor, a situagao pode ser alterada ou acrescida por outras, 3. Escotha um artigo do Cédigo Civil (Direito de Familia ou dos artigos em estudo na diseiplina Direito Civil) ou do Estatuto da Crianca e do Adolescente e realize 2 tiplice dimensio semasiolégica. Nota: Devem ser escolhidos artigos de materia jé estudada, ou de assuntos que no requerem conceitos tedricos mais exigentes e que sejam acessiveis ‘08 Inieiantes do curso jar peccccrcccccccccevccnceneccccoeese

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