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WY ae Cultunad do. Cie y= ARIOVALDO VULCANO (0 Grande Pesquisador da Magonaria) O GRAAL Informativo Cultural do Supremo Conselho do Brasil para o RAB ALAS Soberano Grande Comendador: NEY COELHO SOARES Diretor do Informativo: CARLOS ANTONIO PITOMBO. Impressao: Gréfica Santa Terezinha Fone: (061) 336-1447 Fax: (061) 336-3083 Tiragem: 5.000 exemplares Campo de Sao Cristovao, 114 - Rio de Janeiro - RJ SITE: home.opentink.com.brisupremo EMAIL: supremo@openlink.com.br FONES: (021) 580-4647 589-8971 - 589-8773 Conselho Editorial: JOAO FERREIRA DURAO RAIMUNDO RAMOS CLAUDIO R. BUONO FERREIRA. JOSE CASTELLANI ANTONIO CARLOS B. RAMOS JOSE RAMOS PENEDO BEJAMIM A.L. COSTAJUNIOR LUIS A. SANTOS BASTOS JOSE EDMILSON A. PEIXOTO (Jornalistas Responsaveis) ignites GRRL, Setembro - 1995 © HOMEM DO PROXIMO MILENIO... A preservagao da vida, teve através dos tempos, amplos significados para a espécie humana. Com a chegada do terceiro milénio, as instituigses, em todo mundo, se encontram em transigdo e experimentam o amargo estertor de uma fase que esta chegando ao fim. Estamos vivendo o momento da grande ruptura historica que se avizinha. E como se estivéssemos na Idade Média, numa fase: de repensar; de andlise, de estudos e de observacao. A construcao do homem moral 6 o Unico caminho capaz de oferecer soluces para as grandes tragédias que abalam a humanidade neste final de milénio. Nenhuma doutrina séria pensara em construir meio homem moral, ou um homem inteiro com meia mor nem seria a realizacdo de uma utopia, mas de uma impossibilidade definitiva. homem do terceiro milénio deveré ser capaz de cultivar virtudes inteiras, Unica maneira de acabar com os desequilibrios, que geram diferengas e determinam inseguranga e violéncia. a rigor, uma sociedade de homens integros nao precisaria de policia, nem de leis, nem de preocupagées patrimoniais; uma sociedade de seres moralmente diferentes ¢ imperfeitos é que disso tudo precisa. Avirtude é um valor positive que, por aquilo que demonstra a ciéncia moderna, ‘se encontra na base da estabilidade social: somente ela permite pensar em equilibrio duradouro, permanente; em justica, igualdade e fraternidade. A doutrina magénica procura promover, sob 0 império dos simbolos plenos de significados ¢ de significantes, o homem moral, 0 homem perfeito de virludes; aquele que pode, com a forca de sua inteligéncia e a coragem de seu empenho, destronar o homem mediocre do nosso século; nesta promocao reside a grande — jé nao diriamos esperanea, porque 6 mais que isto — certeza de construgao da sociedade iluminada pelo sol das virtudes inteiras. Ser contempordneo é 0 imenso desafio do nosso momento hist6rico. Viajamos da idade moderna para a transmoderna, idade da razao para a idade da consciéncia no mais amplo sentido. Nossa tarefa é a de inventar uma nova linguagem, um novo cédigo para 0 tempo-espaco do EU SOU. Carlos Antonio Petombo Grande petrol p na 2 - Ano 1 -n? 4 ADMINISTRACAO: MEMBROS EFETIVOS DO SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA © RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO 01 - Ney Coelho Soares* 02 - Joao Ferreira Durao* 03 - José Ramos Penedo* 04 - Raimundo Ramos* 05 - Benjamim de Araujo Lopes da Costa Junior* 06 - Arlindo de Jesus Rodrigues Pereira Alves” 07 - Claudio Roque Buono Ferreira 08 - José Castellani* 09 - Antonio Carlos Barbosa Ramos” 10- Laurentino Quintao Souza 11 - Manoel de Moura Barros 12 - Ary Azevedo de Moraes 13 - Nilson dos Reis Leitao 14 - Clemildes de Oliveira Sant'anna 15 - Moacyr José Gongalves 16 - Sylvio Claudio 17- Silvio Rubini 18 - Euler Souza Novaes 19 - Alvaro Francisco Canastra 20 - Olavo de Oliveira 21 - Fares de Moura Silveira 22 - José Lopes Castello Branco 28 - Nivaldo Combat 24-- Bruno De Bonis 25 - Takeo Siosaki 26 - Joao Luiz Torres Neto 27 - Femando Tullio Colacioppo Junior 28 - David Caparelli ‘os nomes seguidos de “constituem 0 Sacro Colégio. IGE: 1999 SACRO COLEGIO DO SUPREMO CONSELHO DO. BRASIL PARA O RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO Soberano Grande Comendador NEY COELHO SOARES Lugar-Tenente Comendador JOAO FERREIRA DURAO Grande Chanceler JOSE RAMOS PENEDO Grande Ministro de Estado RAIMUNDO RAMOS Grande Seeretirio de Administracao BENJAMIM DE ARAUJO LOPES DA COSTA JUNIOR Grande Secretario de Finangas ARLINDO JESUS RODRIGUES PEREIRA ALVES Grande Secretério de Relagdes Exteriores CLAUDIO ROQUE BUONO FERREIRA Grande Secretério de Cultura e Comunicagao JOSE CASTELLANI Grande Mestre de Ceriménias ANTONIO CARLOS BARBOSA RAMOS jina 3 - ANO 1- n° 4 O GRR 8 DELEGACIAS LITURGICAS DO SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA O RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO UF | DELEGAGIASLITURGICAS DELEGADOS AC | 05.1 - Acre Antonio de Souza Brito AL | 13.1 - Alagoas Porfirio Rodrigues Camara ‘AM | _03.1_- Amazonas Takeo Siosaki ‘AP | 07.2 - Amapa ‘Osmar Gongalves Castro BA | 15.1 - Bahia Abel Zacarias da Cunha CE | 09.1 - Ceara Oziel Da Costa Albuquerque DF | 24.1 - Distrito Federal Joao de Morais Silva Es | 17.1 - Espirito Santo Silvio Cola GO | 25.1 - Goids Joao Luiz Torres Neto MA | 07.1 - Maranhao José Ribamar M. Torres de Paula MG | 16.1 - Belo Horizonte Manoel de Moura Barros MG | 16.3 - Gov. Valadares Luiz Gonzaga Madalon MG | 16.4 - Manhuagii Luiz Franklin de Souza MG | 16.5 - Pouso Alegre Clemildes de Oliveira Sant'anna MG | 16.6 - Uberaba Sillas Scussel Ms | 27.1 - Campo Grande Cid Antunes da Costa Ms | 27.2 - Corumba ‘Osman Antunes da Costa MT | 26.1 - Mato Grosso Wilson Eustaquio Bregunoi PA _[ 04.1 - Para Raimundo Alves Pereira PB | 11.4 - Paraiba Haeckel Van Der Lindem PE | 12.1 - Pemambuco Paulino Dantas PI_[ 08.1 - Piaui Antonio de Aratjo Pessoa PR | 20.1 - Parana (S) Manoel Pedro de Aratjo Santos PR | 20.2 - Parana (N) Joao Batista Vieira RN | 10.1 - Rio G. do Norte José Miguel Fernandes Filho RO [06.1 -_Rondénia Raimundo Rodrigues Guimaraes RR | 01.1 - Roraima Alquelino de Souza Cunha RS | 221 - Porto Alegre Jorge Colombo Borges SC | 21.1 - Santa Catarina Sérgio Bopré SE | 141 - Sergipe Adilio Aboim César SP _| 19.1 - Sao Paulo Emilio Sanchez Dimitroff As Delegacias Litdirgicas 16m atribuigées especiais de representacao do Supremo Conselho do Brasil, com a finalidade de difundir os objetivos salutares da doutrina e do estudo também orientar e fiscalizar Orgdos e Corpos Filoséficos do Rito Escocés Antigo e Aceito. Setembro - 199 ALTERACAO NOS GRAUS FILOSOFICOS PARTIR DE 02 DE ABRIL DE 1999 Para as elevagées aos graus inicidticos ‘Serdo observados os seguintes itens: = Receber as intrugdes dos graus intermediarios anteriores. ~ Afrequéncia, no minimo, metade do numero de sessdes relativas a seu Grau e anteriores, no Corpo, a partir da data da ultima elevacao. - Ter 0 cartao de regularidade do Supremo Conselho do Brasil comprovando o pagamento da taxa de anuidade. - Para cada grau de iniciagéo 0 Supremo Conselho do Brasil expedird certificado e identificagao correspondente, néio podendo o obreiro ser elevado sem que esteja de posse dessa documentagao, relativa ao grau anterior. ~ Os can fatos deverao apresentar trabalhos idos até 30 dias antes da iniciagao. ~ Naini (cdo traje magénico completo. = Tero Intersticio minimo: INTERTISCIOS MiNIMOS : Dograu 3a0 4 - seis meses Dograu 4a0 7 - seis meses Dograu 7a0 9 - seis meses Dograu 92010 - seis meses Do grau 10a014 —- seis meses Do grau14a0 15 - nove meses Do grau15a016 - seis meses Do grau16 a0 17 - seis meses Do grau17a018 - seis meses Do grau 18.4019 —- novemeses Do grau 19.022 —- seis meses Do grau 22.029 —- seis meses Do grau 29.030 seis meses Do grau 30031 —- doze meses Do grau31a032 —- doze meses Do grau 322033 - vinteequatromeses. "Os Graus Intermediérios ou de Comunicagao: 5, 6, 8, 11, 12, 13, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 27 e 28; S30 concedidos pelas respectivas Oficinas, em sesso de instrugao obrigatéria realizada em Camara referente ao grau iniciético anterior". As novas alteragées Regulamentares. Os Graus 7, 16 e 17 passam a Graus inicidticos; visando ao obreiro mais estudo para atentar sobre os objetivos salutares da Doutrina do Rito Escocés Antigo e Aceito; mostrando um perpétuo renascer, queé a caracteristica inicidtica da Ordem, num renascer sempre com as virtudes e os valores ancestrais. Pagina 5 - ANO 1 - n° 4 TRABALHO GRAU 8 - INTENDENTE DOS EDIFICIOS OU MESTRE EM ISRAEL INSTRUCAO SOBRE O GRAU 8 Diza tradigao que a criagao do Grau de Mestre em Israel deveu-se a Salomao. Ele propés que seu Povo deveria se sobressair aos demais nas Ciéncias e nas Artes e devera Possuir por sua vez, grandes riquezas. 0 Colégio dos Intendentes dos Edificios foi criado por Salomao, para recompensar os cinco principais arquitetos, que sucederam a Hiram Abi e que terminaram os trabalhos da camara secreta. As cinco ordens de Arquitetura que eles deviam conhecer, correspondem aos cinco pontos de fidelidade. “Agir", "Interceder", "Rogar", "Amar" e "Socorrer os it isso escolheu para serem seus Conselheiros aqueles que dirigiriam este centro de ensino, ctiando 0 Titulo do Grau para honrar com ele os mais eficientes discfpulos. Os trabalhos deste Grau tem por fim 0 estudo das bases sobre as quais deve-se firmar 0 edificio da Associagéo Humana, e precisar 0 verdadeiro sentido das Palavras: propriedade e trabalho. Ensinando e propagando, para tanto, as exceléncias da fraternidade humana, O Intendente dos Edificios ou Mestre em Israel 6 encarregado da vigilancia dos Obreiros, construtores do Templo, da conservacao da obra feita e da manutenedo e prosperidade das Lojas. Avental: Branco orlado de roxo e bordado de verde. No centro uma estrela de 9 Pontas, debaixo de uma balanga. Sobre a abeta acha-se pintado um triangulo no qual esto inscritas as letras B-A-J sao as iniciais de Benchorin = filho nobre, Achar = conturbago, e Jakinai = plural de Jakin, ou forma alternativa O GRRL de Shekind, que se refere a presenga de DEUS, especialmente no Santo dos Santos. Jéia: Um triangulo de ouro, no qual esto gravadas sobre uma de suas faces as iniciais B- Adena outra face JI. O Inicio dos trabalhos dos intendentes dos edificios, é ao. amanhecer. Porque? Porque assim como a essa hora nasce 0 sol anunciando o reinado da luz, esta, simboliza a marcha da sociedade humana até 0 progresso. © término do trabalho dos intendentes dos edificios, ¢ ao anoitecer Por que? Para que cada um possa adquirir novas forgas com o descanso. Assim como Salomao se propés a criar este Grau com a finalidade de incentivar que o seu Povo fosse o mais adiantado nas Ciéncias e nas Artes, chegando assim a obter a riqueza, também ‘© magon deste Grau, deve, aspirar e contribuirna ‘educacao do povo e ao estabelecimento de uma legistagao moral do trabalho. Deverd compreender bem os conceitos de propriedade e de riqueza, Procuraré destruir a ignorancia, a hipocrisia e a ambigo para obter com isso 0 equilibrio entre a propriedade, o capital @ 0 trabalho. Eis ai os estudos sublimes a que devem ocupar-se os Intendentes dos Edificios. Esta é uma denominagao simbilica. O Edificio de que aqui se trata 6 a organizagao social. ‘Também deverao os magons deste grau combater o indiferentismo egoista, inimigo cruel do sentimento magénico e sejam quais forem as circunstancias, que 0 cercam jamais tratarao de ‘comparar seu destino com o dos demais tomando- se invulnerdveis a todo desalento e a todo desespero. Deverdo, ainda, ter sempre presente olema de — um por todos e todos por um — como um dever moral que se impée neste grau, consagrando-se com zelo e constaincia a todos os trabalhos que possam dar maior resplendor ao nosso Templo. fonge Laie Vescis Lanes Grande tnspetor Geral Pagina 6 - Ano I - n° 4 TRABALHO: A MORAL ATRAVES DOS POVOS Desde o dia em que Adao e Eva tentaram obter conhecimento do bem e do mal, provando 0 fruto proibido, viu-se aberto, 0 problema do conhecimento moral. E sabido que cada geragao 86 adquire experiéncia moral por si propria, pois a informagio pode ser transmitida de geracao.em gerago, mas a consciéncia e a moral que cada ser humano desenvolve, gera frutos e finalmente, morte com ele. A consciéncia humana comega a ser modelada momento que as criangas adquirem conhecimento do bem e do mal, e se desenvolve até elas adquirirem a nogao de responsabilidade. © resultado geral desse processo de aprendizado é 0 aparecimento do que se chama bom gosto. ‘A educagao 6 a aquisigao de bom gosto ou do julgamento em areas cada vez mais numerosas, € gera 0 interesse pela arte da vida, tanto biolégica como em comunidade. Onde nao existe causa comum, nao existe obriga¢do comum. “Dai aos homens paz universal © ahumanidade inevitavelmente se desintegrar E importante distinguir entre leis comuns, necessidades comuns e objetivos ou valores comuns. No Antigo testamento, no Livro do Levitico, 19 Leis Religiosas, Cerimoniais e Morais - O O G2Bh= Setembro - 1999 Senhor disse a Moisés; “..Que cada um de vés respeite a sua mde, 0 seu pai, e guarde os Meus sdbados. Eu sou 0 Senhor, vosso DEUS. Nao furtareis, néio mentireis nao usarels de embustes uns para com os outros. Nao jurareis falso, em Meu nome, porque profanareis o nome do vosso DEUS. Nao cometeras injustigas nos julgamentos. Nao odiaras 0 teu irmao no teu coragao. Nao desonres tua filha, prostituindo-a para que a terra néo se entregue a prostituicao endo seja invadida pela devassidao. Levanta- te perante uma cabega branca e honra a pessoa do anciéo.” Vé-se que desde os primérdios da humanidade ja havia os principios de Morel, Religido e Etica, que eram transmitidos pelos mais idosos a seus descendentes, estes principios mantiveram varios povos unidos, mesmo quando estiveram cativos e longe de sua Patria, Falaremos agora sobre obrigagao, direito e deveres. Aqui a moral torna-se formal mais definida. Um senso geral de direito ou de dever ou responsabilidade é de pouco valor. Quando todos so responsdveis ninguém o 6. Durante muito tempo, moralistas pregaram humanitarismo e durante o Iluminismo howe muitas sociedades religiosas que se infitularam “teofilantropicas”. Cultivar amor pela humanidade é sem diivida uma virtude civica. A fim de tornar a moral para a humanidade efetiva em ago, néo apenas em sentimento, precisamos ser capazes de reivindicar direitos e exigir atuagées que tenham significagéo pratica e que envolvam responsabilidades definidas por parte de pessoas ou grupos especificados. Pagina 7- ANO 1-n? 4 ‘A humanidade nao pode viver sé de moral, pois moral é afinal de contas um esforgo para criar ambiente ordeiro para outras artes interesses diversificados. Enquanto estiverem culturalmente isolados, os homens poderéo respeitar-se entre si formalmente & distancia, mas se conservarao estranhos. A menos que haja algum conhecimento pessoal e uma partiha efetiva de problemas e crengas , artes realizagées, 6 ocioso pensar na humanidade ‘como mais que uma sdbria unio de devedores, @ credores que se encontram em um escritério para tratar de negécios desagradaveis. Observa-se que 0 comportamento humano tem sua influéncia biolégica individual, mas a fase mais marcante e produtiva é a que ele adquire através do treinamento intelectual, da tradigdo e das condigées da época. E com grande expectativa e preocupagao que vemos. em todo 0 mundo, que o desenvolvimento da moral da humanidade néo acompanhou o seu progresso técnico e cientifico. Estudos e observagdes demonstram que os principios morais da humanidade tém- se mantido com pequenas alteragées através dos séculos. O que tem alterado constantemente s4o as formas como os povos interpretam e utiizam estes principios morais; neste século vimos que deu-se um valor exagerado ao desenvolvimento tecnolégico ao crescimento econémico, deixando de lado ‘ou negligenciando problemas como a exploragao aos recursos naturais com 0 minimo de agresséo & natureza e ao meio ambiente; preocupa-se com o lucro facil ea qualquer custo ‘sem melhorar a qualidade dos bens e servigos produzidos; no préprio servigo piiblico o sistema O G2 — Setembro - 1999 do mérito de hd muito foi substituido pelo apadrinhamento; @ até a atividade politica esta sendo criticada severamente pela soviedade, devido ao clientelismo, utilizado, de forma nunca vista em nosso pais; mas felizmente, ja se vé de forma isolada e até timida, pessoas de boa formagao moral, civica, religiosa e ética, se organizando para dar a nossa juventude instrumentos @ exemplos de que vale a pena ser honesto e trabalhador. E com a ajuda de todos os homens livres e de bons costumes, certamente faremos do préximo milénio o periodo em que os principios morais sobreponham ao lucro a qualquer custo, de determinados grupos ou pessoas. E para finalizar, citaremos um trecho de uma conferéncia proferida por Herbert W. ‘Schneider: “Amor e respeito so desenvolvimento posteriores. Preocupagées, deveres e cordialidades vém primeiro @ 0 primeiro cesses tr@s 6 a cordialidade. © amor comega em casa , mas a consciéncia nao deve ser to exclusiva. A moral é seriamente defeituosa enquanto no inclue ahumanidade, nao apenas em principio cientifico, mas também em comportamento efetivo.” fete de Morais Silva legac Lita do Distto Feder Pagina 8 - Ano 1 - n° TRABALHO: AAVERDADEIRA SABEDORIA Este mundo apresenta a imagem do mal Porque comemos 0 fruto da ciéncia do bem e do ‘mal @ passamos a nos preocupar pensando no bem ou no mal. Preocupamo-nos com a idéia do bem e do mal porque vemos as manifestagdes fenoménicas dos cinco sentidos e pensamos que sejam a Imagem Verdadeira. A isso se diz “Ser ludibriado pela sabedoria da serpente”. Foi a serpente que nos ensinou a comer o fruto da sabedoria dos cinco sentidos que reconhecem a matéria como algo existente. Nao devemos concluir que existe aquilo que reconhecemos através dos cinco sentidos. A Aqua limpida 6 quase invisivel. Enxergamos a agua porque ela esta turva e toda agua possui alguma impureza. De modo similar, a Imagem Verdadeira ‘nao é visivel aos cinco sentidos. O que vemos so sombras do nosso pensamento impuro e dizemos que este mundo tem impurezas, tem maldades. E, emitindo tal pensamento, damos origem a mais impurezas. Assim, uma impureza gera outra, sucessivamente. Dizemos com isso que o mundo fenoménico esta repleto de sofrimentos. O caminho para interceptar essas impurezas 6 conhecer a lei ‘da mente e procurar no suscitar mais impurezas mentais. Para isso, devemos, antes de tudo, desviar 0 olhar das impurezas fenoménicas serenar a mente, visualizando o mundo da Imagem Verdadeira semelhante a uma esfera cristalina. Lance os olhos da mente na diregao da Imagem Verdadeira. Veja 0 mundo da Imagem Verdadeira. Veja o homem da Imagem Verdadeira DEUS é so Bem. Este mundo criado por DEUS 6 86 Bem. E 0 filho de DEUS criado por Ele 6 também s6 bem. Nao sé eu sou o bem, mas todas as pessoas sdéo o bem. Mentalize isso constantemente. E veja em vocé e ao seu redor a imagem perfeita e harmoniosa da Criacdo de 0 GR Setembro - 199¢ DEUS. Ai se concretizaré o reino de DEUS. Este € 0 verdadeiro significado das palavras de Cristo “O reino de DEUS esta dentro de vés’. Apenas o bem existe verdadeiramente, e, se desejarmos estabelecer anossa vida sobre o pensamento do mal, sobre um projeto do mal, no final a nossa vida se desmoronara, porque estaremos construindo- a sobre uma base inexistente. Apenas o bem existe verdadeiramente e, portanto, a forga real que nos sustenta 6 sé o bem. Aquilo que nao é ‘sustentado pelo bem, acaba se desmoronando. O principio que nos faz prosperar 6 descobrir a Realidade, e, sendo essa Realidade o Bem absoluto, quando estabelecemos nossa vida sobre esse bem, no mundo fenoménico também ‘se manifesta 0 verdadeiro bem. Mesmo no século XX, a maior descoberta da humanidade é o fato de aquilo que existe na raiz de todas as coisas nao € algo material, mas pensamento. Com o desenvolvimento da Fisica, descobriu-se que a maléria nao passa de éter se agitando em torvelinho, 0 nada. Descobriu-se que a forca que movimenta o éter 6 uma energia inteligente sem forma. Descobriu-se, portanto, que essa energia inteligente nada mais 6 que o pensamento, que a Fonte que preenche o Universo é DEUS e que todos os corpos celestes, os minerais, vegetais © os seres vivos so concretizagdes dessa grandiosa energia inteligente de DEUS. Essa energia inteligente se alojou em ns e se tornou nossa Vida. Consequentemente, © nosso pensamento é uma parcela do pensamento de DEUS e esté interligado ao todo, sendo fato natural que o nosso pensamento tem 0 poder de criar tudo. Por isso, apesar de a Imagem Verdadeira deste mundo ser fundamental o bem absoluto, podemos criar provisoriamente o mal com o nosso pensamento e sofrermos Sto Afonso Grande peter Geral im ores —— GRAAL HOMENAGEM: SUPREMO CONSELHO DO BRASIL Delegacia Liturgica de Pernambuco MACONARIA FILOSOFICA ‘Sede Prpria~Rua imperial 2311 So Jose (CEP 50.000-000 Foote PE) Fone: (081) 728-7221 Setembro - 1999 Fol einstalada a CAmara Fllosofica dos Corpos Filossticos Litirgicos de Recife, estado de Pemambuco, situada na Rua Imperial n? 2311, So José, Recife (PE). No prédio onde funciona a DelegaciaLitirgica de Pemambuco, ‘ujo sala principal recebeu o nome do Sob... Gr.. Com-. Ney Coelho Soares 33° e trés salas do anexo ao prédio tomaram os nomes dos PPod...lir:. Fernando Linch de Mello Mendes Bezerra 33", Del. Lit-. de Honra; José de Ribamar Candido dos Santos Serejo 33°, ex-Del.. Lit. (in memorian); ¢ Paulino Dantas 33°, atual Del. Lit-., cuja homenagem foi prestada pelos Corpos Subordinados do Grande Recife. Grande Oriente do Estado do Pari Federado a0 Grande O1 Fundagao 02 de abril de 1979 Diploma wslllakd ( om. ce 1999 eC) _ com... jee, diel cc inchre ame AM cfc Trabeho, far ocngrandeccrtae _ bo Bam Catan DIPLOMA e MEDALHA DOS VINTES ANOS DA FUNDAGAO D0 GRANDE ORIENTE DO ESTADO DO PARA OFERECIDO AO SOBERANO GRANDE COMENDADOR CEL. NEY COELHO SOARES, PELO RECONHECIMENTO, PELO ENGRANDECIMENTO DA NOSSA SUBLIME ORDEM SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA 0 RITO ESCOCES ANTIGO EACEITO DELEGACIA LITURGICA DE PERNAMBUCO MACONARIA FILOSOFICA INTERIOR DA CAMARA FILOSOFICA DE PERNAMBUCO, jina 11 - ANO HOMENAGEM 40 ‘SOBERANO GRANDE (COMENDADOR, i NEY COELHO y} SOARES FEITAPELO EMINENTE, RAO MESTREDO ESTADODE ‘SAO PAULO: JOAO BAPTISTA MORAES DE OLIVEIRA, ‘outorgando-he amais ata ‘condecoragao do Gr: Or. de S40 Paulo, © Diploma de Honra a0 } Marito "GONCALVES LEDO" pelos relevantes servigos prestados a (Order, a0 Rito ea Patria 0 GRAAL sams HOMENAGEM AO SOBERANO GRANDE COMENDADOR, NEY COELHO SOARES, FEITA PELO EMINENTE GRAO MESTRE 100 ESTADO DE SAG PAULO, JOA GOMES RAMALHO... NO SUPREMO CONSE/HO DO BRASIL, COM A PRESENCA DO SACRO COLEGIO: NEY COELHO SOARES, JOAO FERREIRA DURAO, RAIMUNDO RAMOS, JOSE RAMOS PENEDO, BENIAVIM DE ARAUJO LOPES COSTA JUNIOR, CLAUDIO ROQUE BUONO FERREIRA, ANTOMO CARLOS BARBOSA FRANOS ¢ FERNANDO TULLIO COLACIOPPO JUNIOR. Naturexa Rica e Milerxiosa Na ECUMENA, buscamos sempre trés fatores: ESPACO, TEMPO E PRODUTIVIDADE, ‘ou seja, procuramos a maior produtividade no menor espaco e em tempo menor, para com isto abaixarmos 0 custo ¢ obter maior beneficio, quem consegue desvendar este mistério chega mais Pagina 13 - ANO 1 - n' perto de sua riqueza. O segundo mistério se prende ao uso da tecnologia, que muitos ainda ndo sabem como desvendé-lo, usando indiscriminadamente defensivos agricolas, causando, com isto, o desequilibrio ecolégico, destruindo defesas naturais e proporcionando 0 surgimento de pragas mutantes e mais resistentes, como vem acontecendo em diversas regides, veja-se pela mosca do chifre e outros tipos resistentes de larvas na pecudria, a mosquinha branca que esta deixando 0 agricultor apreensivo, com sua resistencia a todo tipo de agrotéxico e também hd tantos outros como 0 amarelinho que estd destruindo a produgio de citricos em todo o estado de Sao Paulo. Isto sem falar nas pombinhas do Vale do Paranapanema, ¢ a destruigdo da fauna e da flora aquatica, por {falta de matas ciliares, facilitando a invasao de rios e mananciais pelas enxurradas carregadas de produtos qutmicos e lixos téxicos, sem contar ainda com a pulverizagdo aérea que nada respeita. Oterceiro mistério € 0 desempenho que tem a sua origem no campo. A nossa area plantada estd estagnada desde 1990 e com 0 uso da tecnologia de ponta, caiu o volume de uso da méo-de- obra (colheitadeira para algodao, milho, arroz, café, cana, etc.) € a oferta de méo-de-obra que entra no mercado de trabalho e 50% maior que a baixada, este excedente provoca o éxodo rural, porém as cidades néo tém como absorvé-la, causando um grande inchago nos grandes centros, 0 recurso seria abrir mais dreas agricolas para equilibrar este fendmeno natural que, com 0 passar do tempo, se agravard incontestavelmente. Mas para que este mistério seja decifrado, necessdrio seria de uma politica agricola mais planejada, com recursos financeiros compativeis com o poder de liquidez da agricultura, e orientagdo para conservacdo do meio ambiente, Estamos apontando apenas trés mistérios da NATUREZA referentes & agricultura, que € realmente a tinica fonte produtora do Brasil, pois a indistria nada mais é do que transformadora de matérias primas, ¢ poluidora ambiental. Se ndo atentarmos para estes e outros mistérios que a natureza nos oferece a Ectimena vai se transformar em caos num futuro néio muito distante. efoto Batista Vieira oS to oo Pare 282 Pagina 14- Ano 1-n" 4 OGM Setembro - 1999 TRABALHO: TEMAS PARA ESTUDO DO III MILENIO A preocupacao com o futuro acompanha o ser humano desde os tempos mais remotos da nossa antigilidade. Em relagdo a este momento podemos discemir quatro preocupagdes fundamentals que afligem os homens mais esclarecidos e as Instituigdes. A primeira diz respeito ao equilibrio da biosfera. A sociedade industrial foi incrementando sua capacidade de interferéncia na natureza e, a Partir de um certo momento, o impacto do Homem sobre 0 meio ambiente tomou-se mais rapido e mais profundo que a capaciciade de recomposicao do equilibrio natural. As florestas renascem por conta propria, as aguas se clareiam por conta propria etc., mas tudo depende da velocidade da intensidade da agressao sobre a Natureza, ¢ 0 mundo contemporaneo exerce uma agressao sobre a Natureza absolutamente superior a capacidade de recomposicaio espontanea do equitibrio da biosfera. Portanto, ha absoluto consenso dos analistas a respeito da relacao entre a sociedade industrial ¢ a ecologia no sentido de que, se determinadas medidas extremamente importantes nao fore adotadas relativamente a curto prazo, 0 desequilibrio da biosfera provocaré degradagées de suprema gravidade, afetando significativamente e, talvez, até decisivamente a habitabilidade do planeta. A segunda preocupacao diz respeito ao processo de globalizacao econémica do mundo. A caracteristica atual do mundo 6 a emergéncia de um mercado mundial com uma atuagao ‘econémica planetaria. Ao mesmo tempo que isso ocorre, nado existe, entretanto, uma atuagao correlata do ponto de vista da institucionalizagao e da normalizagio desse processo. Uma analogi histérica ajudaré a compreender 0 problema da globalizagdo. A partir do século XIV a Europa Medieval comecou a encontrar conexées feitas por uma nova classe emergente, entre a capacidade produtiva de cada aldeia e de cada equeno setor com um mercado mais extenso, os paises europeus foram compelidos a submeter esse mercado mais amplo a uma norma regulatéria adequada, o que levou a se converter a estrutura medieval feudal dos Estados nacionais. Varias outras circunstancias contribuiram para o aparecimento do Estado nacional, mas certamente uma delas foi a necessidade de um ajuste entre a “transaldeacao” da economia ¢ a formagio de uma estrutura institucional regulatéria que correspondesse as dimensdes desse mercado. Presentemente, estamos saindo de uma espécie de neofeudalismo, que seria o feudalismo dos Estados-nagao, para uma economia mundializada, mas nao logramos ainda um sistema de regulacao internacional adequado a essa economia. Se nao o lograrmos, haverd certamente uma ruptura entre a globalizagao, de um lado, como processo factual, ¢ as crises decorrentes da inadequada institucionalizagao do proceso, por outro. A globalizacéio econdmica e tecnolégica tem como correlato uma terceira ruptura, cuja visibilidade é mais imediata do que as j mencionadas. Norte-Sul. No escapa mais a ninguém que a relacao Norte-Sul atingiu um grau de desequillbrio absolutamente intoleravel € que, independentemente de consideracbes éticas, esse desequilibrio esta gerando efeitos perniciosos para o conjunto da sociedade humana, que sao as migracées incontrolaveis, © terrorismo @ a emergéncia de novas formas de fanatismo religioso-politico como se observa no fundamentalismo islamico e em alguns outros fundamentalismos. E bastante claro, portanto, que, se nao se logra, dentro de um prazo razoavel, uma relacdo mais equilibrada entre o Norte eo Sul - 0 que tambem corresponde a uma relacdo mais institucionalizada entre a globalizacao da Pagina 15 - ANO 1 - n° 4 economia e as normas regulatorias da economia mundial, vamos ter uma ruptura muito grave. Finalmente, talvez a mais grave de todas, 6 perspectiva de uma ruptura no que se refere ao universo de valores. Estamos desenvolvendo uma civilizagao planetaria, marcada pelo descrédito das religides tradicionais, ainda que em parte substituidas por religides de cardter semimagico, mas que S40 religides que dizem respeito & emogao, nao a razo e que, portanto, ndo geram um correlato adequado entre a postura religiosa e a postura ética. Ocorre, assim, uma erosao dos valores éticos tradicionais, com a emergéncia de condutas crescentemente determinadas pelo consumismo e pela vontade de maximizar as oportunidades que este oferece. Este consumismo, entretanto, dé uma clara indicagao de no ser suficiente para sustentar um modelo civilizado de vida no mundo. Estamos nos deparando com a mais grave das possiveis rupturas, que 6 a que diz respeito ao mundo dos valores. Toma-se assim, absolutamente clara da restauragao de valores. transcedentes, nao necessariamente de uma religiosa, mas sim a emergéncia de um sistema 10 dotado de suficiente universalidade e interalidade, em relagao aos agentes atuantes, no mundo, para imprimir uma correlacao minima entre as condutas e valores transcendentes, Esté em jogo o isco de uma ruptura que conduziria 0 mundo ou a implantagéo de um novo Humanismo Social ou a um Neobarbarismo Tecnoligico. Indubitavelmente, a curto prazo, as tendéncias para o neobarbarismo tecnolégico sao claramente predominantes. ‘As questées que afligem a humanidade no se esgotam nestas quatro, as quais, sem diivida alguma sao da mais alta importéncia para todos. O GRR, - Setembro - 1 A PROCURA DO SER Um homem solitério caminhava por uma estrada, da qual ndo se via o comego e que nao tinha fim, Tudo estava calmo, nao havia ruido algum, tudo parecia parado no tempo. Em toda volta nada havia, nem passaros, nem flores, nada. Somente aquela estrada, e ele: um homem. No entanto, este homem nao sentia a solidao que 0 envolvia, porqué na verdade ele era dois: Um, 0 que 0 envolvia. Um corpo, membros, troneo, cérebro... outro, 0 que ele nao via... mas sential Era ‘como se dentro dele houvesse um outro eu, tao vivo ‘como aquele que ele via. Houvera um momento na solitiria caminhada, que um nao sabia do outro. Mas aos poucos, de maneira quase imperceptivel, foram se identificando, se compreendendo, se completando, se estimando, se ajudando e se tomando um 56. E foi esse homem, este “um s6” caminhiando solitério por aquela estrada, sem nada que, por ser “um 6", mas sendo dois, nao sucumbiu solid Comegou por dialogar consigo mesmo, fazendo perguntas e criando respostas. Usou a curiosidade procurou satisfazé-la. Procurou também valores ¢ os encontrou. Estabeleceu metas e aceitou desatios tomando-se vencedor. Criou em tomo de si tudo 0 {que a imaginacao ditava e quando se viu rodeado por todo um mundo vicejante, atuante e completo, tentou achar DEUS. Procurou-o em todos os lugares possiveis e imaginaveis. Procurou-o na luz, mas enoontrou somente 0 espaco. Sondou o universo, mas encontrou somente ouniverso. Procurou-o entao no amor, mas ainda af, encontrou somente 0 amor. Cansado de procurar DEUS, voltou-se para dentro de si mesmo, ¢ oh! surpresa, la, la no seu {ntimo, ld encontrou DEUS! Assua espera... Carles Antonio Pitombo ‘Grande inspetor Gol Pagina 16 - Ano 1 - n° 4. TRABALHO: ARENOVACAO DOS VALORES ANCESTRAIS “0 otho com que eu vejo Deus é 0 mesmo otho com que Deus me vé". Meister Eckhart Foi na Inglaterra e no principio do século XVIII que a Magonaria recebeu a Ultima reforma, abrindo novas perspectivas, as associacoes existentes, imprimindo-thes um sentido mais objetivo. Pierre Tellhard de Chardin, refletindo sobre a Hist6ria, diz que em todas as épocas o homem: sentiu-se vivendo um momento decisivo desta. ‘Sendo certo que o andar dos tempos, com a motificaco dos costumes, pode conduzir a novos modos de interpretacao da tradicao. De fato isto acontece. As mudancas constantes marcam perspectivas tnicas que provocam crises sempre renovadas, e que exigem ‘9 abandano das idéias vigentes, numa busca incessante de justificagao. A aparente cegueira de alguns e a resisténcia de outros pelas mudancas, devem ser entendidas como defesa, pois o medo do saber 6,na realidade, o medo de fazer. Conhecer implica responsabilidade, comissao e no omissao. Ver ou falar das mudangas, apenas, nao é suficiente. Pode-se dizer que de uma certa maneira, ‘std em jogo a liberdade humana, pois exige-se que tanto na sua capacidade individual como social ‘co homem faga um esforgo especifica. O bem nao sé afirma nem se impde por si proprio. Podera mesmo dizer-se contrario: o que resulta quando deixamos as coisas correr © seu curso é exatamente o que é falso e mau. Sao estas as possibilidades no ambito da existéncia moral e espiritual, tanto no individuo como na sociedade, e porisso as transformacoes aqui em causa deveriam constituir motivo de juslificada preocupacéo para todos que tenham um sentido de responsabilidade e de dever moral para com o homem. ‘Uma grande parte da preocupagao com aquilo que sucederd ao homem num mundo que se transforma nos seus fundamentos cada vez mais rapidamente, leva-nos a inspirar que se preserve algo dos valores do passado. Trata-se aqui da preservagao daquela heranga de que se nutre e no fim de que vive 0 homem, seja ele um cientista contempiativo ou homem de ago, ov mesmo macom. Que este tesouro nao caia no esquecimento, mas que pelo contrario seja de novo transmitido & conservado integro por geragées sucessivas. Esta é a preocupagao sentida a respeito da tradigao. Nas relagdes entre as geragdes se transmitem valores e conquistas feitas no decurso de uma geracéo, como no caso do investigador que comunica e ensina as suas proprias descobertas. Porém a isto nao se considera “transmitir’ no sentido rigoroso do conceito de tradicao. O proprio idioma opde- se a uma tal aplicagao dessa patavra pois “transmissao” € “tradigao” néo significam simplesmente entregar algo mas sim entregar algo que anteriormente nos foi entregue. Diz um provérbio hebraico que “ensinar” o que é antigo mais dificil que ensinar coisas novas, nao devendo aqui se relacionar 0 onceito de tradigao a idéia de algo estatico, inerte ou até estagnado. Na verdade a tradigao, como proceso vivo de transmissao, é por necessidade e por natureza um fendmeno extraordinariamente dinamico. E desse modo conclui-se que a genuina e veridica consciéncia dos valores da tradigdo nada tenha a ver com o conservantismo, O importante e decisive é que através de geragdes sucessivas sejam conservados acima e fora do tempo os valores e os contetidos. (Os valores da tradigao sao extensivos a toda realidade histérica e podem fazer parte de todos os campos da existéncia humana. Os Pagina 17 - ANO 1- n° 4 valores transmitidos podem constituir “instituigdes” como uma mera cangao, ou mesmo como os Ritos de Matriménio ou dos funerais. Podem constituir uma doutrina ou um depoimento sobre a realidade e 0 ser. Como porém se legitima a autoridade que se atribui a “sabedoria antiga"? Ou ainda: quem sao na verdade “os antigos"? Nos didlogos platénicos fala-se muitas vezes de “os antigos’, os Palaioi e Archaioi. Nunca se cita um nome. Os antigos permanecem sempre anénimos. Nao se faz aqui referéncia aos velhos ou idosos que adquiriram a sua sabedoria ao longo de uma extensa vida. Tem-se antes em mente aqueles que estéo mais perto das origens, os primeiros, os antigos. Eles constituem o primeiro elo duma cadeia e deles depende todo o subsequente. ‘A *sabedoria dos antigos” possui uma atualidade inesgotavel e pode mesmo dizer-se que os antigos ocupam na hierarquia da tradicao © mesmo lugar que no mundo da ciéncia corresponde aos homens que estudam os conhecimentos ¢ desenvolvimentos mais recentes. A legitimacao final e definitiva da sabedoria dos “antigos” e da “transmissao sagrada” que nela se incorpora, é constitufda, segundo Plato, pela “revelagao” e a “inspiragéo" no seu sentido mais restrito. Apenas eles podem passar ao homem a verdadeira obrigatoriedade da tradicao. Eles tém a capacidade de abarcar, numa nica visao, a plenitude castica do mundo. Esta capacidade encerra um poder de universidade to grande, que inclui todos os niveis de existéncia em todas as dimensdes. Aquilo que pode parecer estatico é apenas um ponto de referéncia na dinamica da vida. E dificil para nés observarmos a continua mudanga em nossa maneira de ser, ¢ aquilo que fomos ontem ja nzio somos mais hoje. OIGR AAT wro - 1999 Porém o que nos inquieta nao é a mudanga na vida de uma pessoa, mas a propria mudanga em si, a transformaco ou a mudanga que relutamos em aceitar. Pois existe um elemento vital, uma gema, um niicleo. A sua volta, agrupam-se estados passageitos intelectuais, sentimentais, instintivos, sociais, relacionados a costumes e preconceitos, que permanece fixo no centro de todas as mudangas. E 0 caminho que leva a esse nticleo, que conhecemos como a “Tradigao”. cultura chinesa ensina que esteja onde estiver a evolucdo terrestre, as situagdes por que passamos so em esséncia as mesmas. © poeta russo Iwanow defende a forga salutar da tradigéo a que ele chama a “recordacéo eterna’. Ele a elogia como sendo o sangue vivo da comunidade em espifito, ¢ ainda como “tinico poder que pode novamente unir as nossas origens com 0 Verbo que estava no principio de todas as coisas’ Enfim, quando na exaltagao falamos na tradicéo de Hiram Abit, estamos falando desta tradigdo sagrada e de seus mistérios. © homem em todas as épocas de sua histéria, serve-se de sinais e simbolos para desvendar a realidade da vida e pesquisar 0 sentido mais profundo de sua existéncia. Através destes sinais, ele busca decifrar estruturas especificas para determinadas jtuacées, identificando influéncias de forcas € movimentos césmicos agindo sobre nés. Buda, “O Grande lluminado” que viveu no séoulo Vil a.C., ensinava que toda a natureza sofre um proceso evolutivo de transformagdes, porisso “aida 6 uma ponte e ndo devemos construir casas sobre ela” Daj a necessidade periddica de mudanga, de se modificar as coisas e valores superficiais, mantendo 0 essencial intocado, sob pena de o todo perecer. Uma nova visdo reconeilia as diferentes fontes do saber, em um esforgo de convergéncia manifestado pelas cabecas privilegiadas deste Pagina 18 - Ano 1 -n" 4 final de século. Gradualmente, apés longa noite de conflitos, voltam a coincidir as bases do pensamento cientifico, religioso, artistico e filos6fico. Os excessos do racionalismo vinham sorrateiramente afastando o homem do autoconhecimento e causando divergéncias entre: a ortodoxia e 0 misticismo. Dai, um desencadear de enganos que coloca em risco a propria sobrevivéncia. Os grandes pensadores — misticos ou nao = desde a mais remota antiguidade nos esclarecem que 0 autoconhecimento 6 0 verdadeiro caminho para a libertacao. Os antigos mestres afirmavam em termos conceituais: cada homem 6 um microcosmo. que repercute o macrocosmo, Uma folhinha cai de uma arvore e, de alguma forma, © universo reage, exatamente como a dois mil anos Jesus anunciava aos discfpulos: “Nao ha sequer um grao de areia neste deserto que dele o Pai nao tenha conhecimento...” Admitir aquilo que 0 conhecimento arcano- arcaico tem de veraz e inteligivel torna-se sinal de mentalidade aberta e sensibilidade intelectual. As velhas e sempre novas artes do conhecimento cientifico, de um lado, eo novissimo_ conhecimento cientifico, do outro tendem cada vez mais a se confirmar e se completar mutuamente. Hoje, a vergonha consiste em deixar de perceber que 0 caduco abismo entre RAZAO e INTUIGAO esta sendo costurado por essa convergéncia. Em um ponto concordam todos os cientistas, 0 de que nada podera saber além do Big Bang. O universo precisa de um criador parece submetido a um grande plano evolutivo. Esid surgindo em nossa consciéncia um universo de tal magnitude e com uma ordem tao intrincada e elegante, que supera qualquer coisa imaginada por nossos antepassados. Grande parte desse universo pode ser compreendida e ‘explicada por leis simples da natureza, que podem, por sua beleza, serem atribuidas a uma RAZAO OC GRR Setembro - 1999 que sustente toda a natureza. A meta maior é a Ordem, com homens inteligentes vendo-se como parte maior de um Universo em continuo progresso. A Magonaria poderé implantar uma fratemidade ideal onde a pratica das virtudes e dos bons costumes seja 0

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