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artigos clentificos Reviste do MPC-PR FINANCIAL PSYCHOLOGY, TAX EDUCATION, AND PARTICIPATORY DEMOCRACY: THE WAYS (OR THE WAY) TO AN EFFECTIVE CITIZENSHIP THROUGH A “FISCAL PEDAGOGY” PSICOLOGIA FINANCEIRA, EDUCAGAO TRIBUTARIA E DEMOCRACIA PARTICIPATIVA: OS CAMINHOS (OU O CAMINHO) PARA UMA EFETIVA. CIDADANIA POR MEIO DE UMA “PEDAGOGIA FISCAL” Isaac Rodrigues Cunha Doutorando (2020) pelo Programa de Pés-Graduagao em Direita da Universidade Federal do Ceard PPGDI ‘em Direto (2017) pelo mesmo PPGDIUFC, com Area de Concentrago em Order) Juridica Constcucional. Bacharel em Direto (2014) também pela Universidade Federal do Cears. £ BTSs" Uoverstao unto ao Curso de Graduagzo em Det do Cento Unverstayo Maur de Nassau - UNINASSAU - Unidade Parangabe (Fortaleza/CB), Assessor Juridico no Ministério PUblico do Estado do Ceard - MPCE junto 8 1* Promotoria de ustica de Maranguape/CE e Membro Comissdo de EducaGéo Juridica da Ordem dos Advogados do Brasil -Seccional do Cear8 - Ci E-mail isaac rodrigues.cunho@gmai Recebido/Recelved: 15.11.2021/ November 15, 2021 Aprovado/Approvedt 29.09.2022/ September 25°, 2022 RESUMO Os desdobramentos psicopedagégicos da relagdo Fisco-contribuinte so fundamentals para a compreensio e solugo do problema da oposigo social aos tributos, a qual se acaba, geralmente, transfigurando em uma oposigé ao proprio Estado e & Politica. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva relacionar os contornos atuais da democracia, quando se vislumbra uma cidadania participativa, com 0 que se poderia compreender como uma “pedagogia financeira’, entendendo-se esta como ciéncia e instrumento de conscientizagao das cantribuintes acerca da dindmica fiscal. Analisam- se, nesse sentido, as experiéncias em educacdo fiscal no Brasil, especialmente no &mbito dos municipios. Dessa feita, a pesquisa adotou como técnica metodaldgica de abordagem a exploratéria, classificando-se, outrossim, como bibliogréfica e documental quanto as fontes utilizadas, sendo também pura, quanto & utiizaglo dos resultados Como conclusées, chegou-se 2 de que deve o ideal democratico-participativo se imiscuir, também, nas finangas pUblicas, sob pena de que 0s cidadtios deixem de tomar parte das decisées mais relevantes do Estado. Nesse mesmo sentido, os municipios, por conta de suas dimensGes mais diminutas e sua proximidade populagao, na busca do assim chamado “interesse local’, despontam como espaco precipuo a concrecao de ia fiscal, a educagdo tributaria, fiscal ou financeira consistem e disciplina uma cida ou ciéncia auténoma, mais ligada & Pedagogia e & Psicologia do que ao Diretto, podendo resumir a uma mera tentativa de tornar 0 Ultimo mais “didatico". se Palavras-chave: Psicologia Financeira. Educagao Tributéria. Pedagogia Fiscal. ABSTRACT The psycho-pedagogical aspects of the State/taxpayer relationship are fundamental for understanding and solving the problem of social opposition to taxes, which usually ends up transfiguring into opposition to the State and Politics themselves. In this sense, the present Revista do MPC-PR work aims to relate the current contours of democracy, when participatory citizenship is envisaged, with what could be understood as a “financial pedagogy’, understanding this as a science and instrument of awareness of taxpayers abaut the fiscal dynamics. In this sense, the Brazilian experiences in fiscal education are analyzed, especially in the context of municipalities. Therefore, the research adopted an exploratory approach, bibliographic and documental sources, being classified as pure about the use of the results. As conclusions, it was reached that the democratic:participatory ideal should also interfere in public finances, under penalty of citizens failing to take part in the most relevant decisions of the State. In the same sense, the municipalities, due to their smaller dimensions and their proximity to the population, in the search for the so-called “local interest’, emerge as a key space for the concretion of fiscal citizenship; for that, tax education must consist of an autonomous discipline or science, more linked to Pedagogy and Psychology than to Low, and cannot be reduced to a simple aitempt to make the Law more “didactic” Keywords: Financial Psychology. Tax Education. Tax Pedagogy. SUMARIO 1 INTRODUCAO; 2 A SUPERACAO DE UMA OPOSIGAO POPULAR AQ FISCO POR MEIO DE UMA “PEDAGOGIA" QUE LEVE EM CONTA TANTO OS TRIBUTOS QUANTO AS. FINANGAS PUBLICAS; 3 EXPERIENCIAS DE FISCALIDADE PARTICIPATIVA E EDUCAGAO FISCAL NOS MUNICIPIOS; 4 CONSIDERAGOES FINAIS; BIBLIOGRAFIA. 1. INTRODUGAO A relagao financeiro-tributaria veio-se imprimindo um contorno moral e social bem mais ressaltado do que (ndo) era na perspectiva obrigacional cléssica, O contribuinte no apenas ‘paga porque deve", mas, sim, especialmente, porque de tal atividade é pautada por principios que superam o patrimonialismo de uma postura meramente defensiva do cidadao em face dos tributos. A guisa de exemplo, o principio da solidariedade, até insculpido no nosso texto constitucional (art. 3°, ), que a assevera como objetivo fundamental da RepUblica Federativa do Brasil, que esta também canstitucionalmente programada a erradicar a pobreza. Fala-se em um dever fundamental de pagar tributos, em justica fiscal, em moral tributéria etc. Fato € que, desde que o Estado social, aqui ndo sendo necessario um resgate histérico para qualifici-lo, abandona a postura absenteista do Estado liberal, pasando a promover direitos por meio de politicas publicas, 0 custeio de tals direitos, isto 6, as financas publicas ganharam maior relevancia. Na atualidade, superando tal dicotomia entre Estado Liberal e Estado Social, ha que se considera ’o custo” de todos os direitos, ndo apenas daqueles socialmente pautados, com o que fizeram Cass Sustein e Stephen Holmes! Iss0 porque, segundo os autores, todos os direitos as serem reconhecidos, respeitados e/ou garantidos pelo Estado, independentemente do tipo, ardem, 7 SINSTENY Gas HOLMES, Steohen. The cost of rghs why Ivey depends on aves Nov York WME Notan& Comey, 1999. artigos cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR “geragdo" ou dimensdo a que pertencam, requerem um dispéndio de recursos estatals, ou seja, possuem um custo econdmico. Nas palavras dos autores, “individuos gozar de direitos, de forma legal em oposica a um sentido moral, somente se os males que sofrem sejam adequada e previsivelmente corrigidos por seu governo’, dai a expresso “onde ha um direito, hd um remédio", no importando 0 “tipo” de direito, Nessa senda, Cass Sustein e Stephen Holmes apontam ser inadequada, entio, a distingdo entre direitos negativos, que cobram uma postura absenteista do Estado (liberdades individuais), e direitos positives, que requerem uma atuag3o do ente politico (direitos sociais). Defendem os autores que “todos [os direitos] legalmente forgados so necessariamente direitos pasitivas" Assim, todos os direitos, até mesmo aqueles decorrentes apenas da abstencio estatal, como a prépria liberdade, possuem um custo; os direitos so custos pliblicos, como ressalta José Casalta Nabais, "LJ porque nao sao dadiva divina nem frutos da natureza, porque nao S40 autorrealizavels nem podem ser realisticamente protegidos num estado falido ou incapacitado", ¢ por tal raz4o "implicam a cooperacao social e a responsabilidade individual”? Para Nabais, “a melhor abordagem para os direitos seja vé-los coma liberdades privadas com custos piblicos’, uma vez que “todos os direitos tém custos comunitarios, ou seja, custos financeiros ptiblicos’. Nesse sentido, nfo so custosos apenas os direitos sacials, positivos, prestacionais etc, aos quais historicamente se atribuem tais custos, também possuindo custo puiblico os direitos cléssicos, as liberdades individuais, ‘em relagio 08 quais, por via de regra, tais custos tendem a ficar na sombra ou mesmo no esquecimento’* Num exemplo cléssico, como paderia o Estado garantir a liberdade de ir e vir sem ter de gastar com estradas, pavimentago etc,? © mesmo em relacgo a propriedade privada, que néo seria garantida sem que se gastasse com uma infraestrutura policial e jurisdicional Obviamente, assim como os lirios ndo nascem das leis, também n3o déo em drvores 05 direitos, na temperada metéfora de Flavio Galdino.* Nesse sentido, ao passo que 0 ordenamento juridico, os direitos neste elencados, tem vislumbrada sua dependéncia de um financiamento puiblico, a atividade do cidadéo, enquanto contribuinte e, potencialmente, fiscal dos gastos, ganha relevancia inédita. Ademais, 0 problema do custo dos direitos aponta para a necessidade de um maior zelo no trata das finangas publicas, quando se contrapée obrigagio do Estado de promover direitos justamente a escassez de recursos. A decisdo do governante ha de ser mais sensivel a tal questo; a atengao do cidadao ha de redobrar-se nesses casos No mesmo sentido, vislumbram-se as ideias de “ética", “moralidade” ou “moral tributérias’, na esteira do pensamento de Klaus Tipke, para quem ha mesmo o mencionado dever fundamental de pagar tributos, como elemento essencial do TS ae esata fe acto dos diets fundometas: os deveres 05 cstos dos dretos. 2010 Osponvelem: Como bem expe, “o orgamento puiblico é pega fundamental no aprimoramento do Estado’, razio pela qual ‘a sociedade ndo pode mais se limitar a repassar 0s recursos para o Fisco, ela objetiva muito mais: requer © controle dos gastos efetuados com o dinheiro puiblico” Para a autora, é necessaria, mais do que nunca, uma sociedade, mais “atenta e zelosa pelo gasto do dinheiro puiblico’, que desperte, finalmente, do sono dogmatico que a tem impedido de agir nesse sentido - 0 que provavelmente deu causa, além dos fatores externos da economia global, ao caos, financeiro em que o Brasil se encontra.'* Para Denise Lucena Cavalcante, um dos principais problemas da governanca concerne justamente aos (des)gastos pUiblicos, cujo controle, por parte da populago, adequaria a arrecadacio tributéria - tio veementemente criticada - & realiza¢ao dos direitos sociais ¢ politicas publicas cabidos ao Estado. E assevera, certeiramente, que “9 orgamento puiblico deve ser um importante instrumento de controle, pois € nele que se estabelecem as prioridades de governo e, principalmente, por ser aprovado pelo Poder Legislativo, garante certo controle sobre o que se pretende gastar’.” A resisténcia & tributagio, nesse sentido, daria lugar ao controle dos gastos a serem feitos com aquela mesma tributagdo Esse controle, ademais de despontar como solugdo ao problema da resisténcia fiscal’, consiste, em verdade, em uma garantia da prépria democracia, uma vez que, “se nao houver um controle social’, seja Ié como for feito”, “tanto o Poder Executive FS POUT UESTEES op ot p59. racigbo ive a Iated.p Tes uaaueiolve 15 CAIALOATE Denes Lucena. Dos tuto para a fangs pblcas: ample do foro Nomar: Resta do Prog & oad ev Preto do UG Fortin «25 208 p 6778. Dopo em ounces eben Leet ast os o demestete lh mmo em 122021 6 aa 1B Uma vez que regia 0 Fszo, deve 2 crenge 20 cdadio de que est serdo bem representa (ro taxation wihout (agrasantaton pode falar 2m ra tata de arte as pates caso = pavtcua’ pode se falar emncevocracls feral cUadere fecal facaldace paicostie 3 Por meade corsutes por meio de referendes pebstitos por meio de aucieias publics ete Revista do MPC-PR quanto 0 Poder Legislative poderdo considerar meramente os aspectos politicos dos gastos ptiblicos’# em detrimento da verdadeira finalidade das finangas do Estado, como a histéria mostrou. A lacuna deixada pela vontade popular, por conta da representatividade infiel, 6 preenchida por decisdes, de um lado, meramente técnicas, tecnocratas, ou por decisées eleitoreiras, "politicas", no outro extremo. Nesse sentido, Raquel Cavalcanti Ramos Machado aduz que essa questo é de todo relevante para 0 Direito Tributério, em sua dialética com a Teoria do Estado contemporanea, ‘na medida em que, é provavel que uma maior racionalidade no uso do dinheiro piblico leve @ uma carga tributaria ao mesmo tempo menos severa € mais justa’. Menos severa porque, segundo a autora, “grande problema enirentado pela maquina administrativa no Brasil ndo se relaciona & falta do dinheiro para realizar os fins do Estado, mas, sobretudo, ao mau uso do dinheiro, a ineficiéncia e descaminhos"* Aponta ainda Raquel Machado que a gerantia de que "recursos sejam redirecionados para fins adequados certamente pode trazer uma redugo da carga, ou, no minimo, um aumento de legitimidade"* Com esta legitimidade recabrada, certamente, a resisténcia fiscal daria lugar a0 exercicio da cidadania. Para tanto, porém, como destaca a professora, é necessario que o contribuinte compreenda o "prego dessa cidadania fiscal, com todas as letras. Compreenda de que forma se da a dinamica tributaria, de mado que “a didlogo seja o mais claro possivel’. Ora, como poderia ou quereria participar um cidadao de uma pauta politica que ele ignora completamente? Ocorreria, certamente, que sua vontade fosse guiada pela retérica, pelo clamor, no propriamente por uma “consciéncia fiscal’ Com efeito, é ai que desponta o que Sainz de Bujanda denominou ‘educacao tributaria’ ou, mais abrangentemente, de “educagio fiscal", como caminho para um efetivo aprimoramento da relagdo entre 0 Fisco e os contribuintes e, consequentemente, entre Estado e cidadios, pautando no apenas os tributos, mas também as finangas pliblicas.* Isso porque o autor entendia @ educacao tributaria como reclame de uma andlise cientifica do comportamento do contribuinte, diante da insuficiéncia das abordagens econémicas e mesmo psicolégicas: necesséria uma abordagem pedagogica. Para Bujanda, o que se pretende averiguar é “quando se pode dizer que © contribuinte esta educado, a que pressupée que esta em posse de um conceito de educagio tributaria’™, entendida como uma abordagem pedagégica dos tributos. Para o financista, se tem sido o tributo objeto de estudo da Economia, do Direito e das Financas Publicas, da Sociologia, também pode (e deve) ser no ambito da ciéncia pedagdgica. Assim, o ideal concreto em que se baseia esse processo educativo ha de ser, justamente, a eleigo de qual seria 0 “repertério de ages’ que integraiam 0 MACHADO, Raquel Cavan Fames. Algumas questoes rlacionades 8 rbusgso ne Estado contemporaneo:arecadacgo € act stares Savtcrace #cenucange nap vearset ous.) ansht /acbabo Gec\NO0 “ugage aren Te eBoa. Tananes (Coord). redo iseutri, menage Hugo de Brito Machado, Sto Paulo: Quarter Lat, 2011, 162 22 pd, loc 1 Teerse/zeauconantneutons ash Fanutes oe Deveena ce Deramne ae La invereces tense oN 289, 9.23 tadxz0 lve cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR comportamento de um “contribuinte educado", as ages “valiosas e desejéveis’, nos termos de Bujanda, no apenas diante do que se pede ou determina ao contribuinte, mas tambéma atitudes as quais “derivem do tipo de cultura vigente em nosso tempo e, mais concretamente, dos principios gerais inspiradores do ordenamento juridico’ = Desta sorte, tais ages reuniriam, sobretudo, as condutas de cumprir perfeitamente com as obrigagées tributarias e de fiscalizar a atuagéio estatal no Ambito tributério, interessante, porém, é a reflexdo que faz Rejane Teresinha Scholz acerca do assunto, quando muitos mesmo desdenham uma ideia de educagdo tributéria brasileira, Para a autora, “falar em educagio tributéria, diante de um contexto social to complexo como o brasileiro, inclusive no que se refere 4 educagdo em geral, pode parecer, num primeiro momento, dispensavel ou um tanto utépico’# A propria autora, no entanto, ressalva que essa percep¢aio esmaece ao se verificar que a propria educacao deve considerar 0 desenvolvimento integral dos individuos, comportando, portanto, “facetas ilimitadas’, n&io havendo impedimento, pelo contrario, para que as questdes fiscais sejam também consideradas no processo educativo. Nesse sentido, Sainz de Bujanda ja aduzia que a problematica da educacdo tributaria haveria de plasmar, sem duvida, a problematica da educago em geral, uma vez que, “se 0 que fazemos é qualificar de tributaria a educagao, é dbvio que toda a problematica substantiva e basica serd a da educagdo, considerada em geral’” No dizer do autor, seria mesmo “supérfiuo’ ou mesmo redundante afirmar que a educagao tributaria est inserida no marco mais amplo do problema educativo, ou que “a educagao tributaria 6, pura e simplesmente, a educacao, mas referida a este setor da realidade politico-social que chamados vida tributaria’ Desta sorte, 0 propésito especifico ou abjeto de andlise da Educacao Tributaria hd de ser, justamente, 0 de “inventariar 0s problemas que a educago suscita quando se desenvolve no ambito tributéria’” O autor defendia existir um "entroncamento” entre a educacao tributaria e o conceito geral de educacao, sendo necessario possuir 0 Ultimo para compreender corretamente o primeiro, sobretudo para poder “julgar” a conduta do contribuinte#* Fala-se, ento, numa ‘pedagogia tributaria’, “pedagogia financeira’ ou “pedagogia fiscal’, causando certamente espanto em quem jé estranharia ouvir falar em “psicologia fiscal’. A expresso tanto é valida que Bujanda a concebia ndo como uma mera técnica de se ensinarem os artigos, paragrafos, incisos e alineas da 25 BUANDA op op 28, vadugio lve 25 SCHOLZ Reane Teresnna Opmnena a informasbo ne crete tba. Diceetayde Mectr2do. Pata Univers catoice Go Parana. Cero oe Gencis Juices © Socals Mesredo em Dre ECondmco € SoCal Curtba PUCPR 2005, p 2425 Dsoonte ae : etase/ite argue’ Te anos | sTiao2 4 ne Reoscencna ad Aces ee juror 27 BYANDA Fernand Antonie Sane de. Hove y derecho. Etudes de Derecha Fhancieo, Madd Facutad de Oerecro de Derecho de La Unniersdad comeluerse de Mad", 1983, 6 66 DS SLjA\DA Sernenan aptano cez 2 Taos Ge 2 asuceoentrovtaria Aoyst ao ants ae Dove 20 gence 22 ati. 99.24 1967, Magri: FOUM 1957, 8.14 29 BYANDA 0p ot, 1963 9.86, tadge0 re 30 BUANDA op or, 1957s, 2524 recurso ive 31_Ereslmenteseercontar rite sur earargera,tules em ptolegiafnonoe ‘evensxtooge: chalopecucorrbua feanepschooge Revista do MPC-PR legislaco tributéria aos contribuintes®, mas, sim, como um ramo da educaggo em geral. Afirmava 0 autor que "a pedagogia tributdria no € sendo um ramo da ciéncia educativa geral", que se nutre, portanto, ‘de todo 0 corpo de doutrina que é proprio da Pedagogia e s6 persegue isolar, no conjunta de ideais e de métados educativos, aqueles que so especificos do tipo de perfeigao que se deseja quando a hamem é contemplado como sujeito passive da tributagdio">> Ora, como poderia, realmente, querer um jurista formar ou educar um cidadéo? Tem ele toda a expertise necesséria, sen duvida, para orientar o homem cornum pelo melhor caminho nas veredas do Direito, no seria prudente que se Ihe atribuisse a tarefa de “educar’ ou “formar” - e nao simplesmente infarmar - esse mesmo contribuinte. De forma efetiva, a pedagogia tributdria poderia ser um capitulo da Economia financeira, nem do Direito financeira, nem da Sociologia ou da Psicologia financeiras. O “efucador fiscal’ deveria possuir conhecimentos amplos nestas matérias para exercer com éxito essa ago intencional de aperfeigoamento em que consiste, como se vit, a educagso, Assim como no poderia tal figura atuar como representante dos contribuintes diante da Administragao Tributaria ou da Jurisdigéo, também nao se pode aceitar que a ideia de Educagio Fiscal seja compreendida sem as preocupacées que a educacdo em geral e a Pedagogia Ihe impéem. A parte que cabe a0 Direito Tributdrio e Financeiro, 4 Economia, 8 Sociologia das Financas e demais ciéncias afins, na concrecao de politicas educacionais-fiscais, seria a de fornecer elementos sobre os quais esses processos educativos deveriam se basear, especialmente. Deve estar atenta a Educacao Tributéria & complexidade da legislacdo tributéria, reclamando uma simplificaggo ou, no minimo, por hora, uma aclaramento de seus termos, expresses, siglas, até que as consiga compreender o ‘menos versado cidadio"*, sendo tal a contribuigao que pode (e deve) dar-lhe o Direito Tributario. Deve-se salientar, igualmente, a necessidade ou mesmo a fundamentalidade da tributagéo, como meio precipio de custeio do Estado ¢, acima de tudo, de custeio dos direitos, dos mais basicos aos mais complexos. Deve-se também, sem duivida, levar em conta 0 cenario de crise econémica e financeira em que se encontra o pais, a qual mal pode acompanhar o contribuinte, diante da parcialidade das opinides a que tem acesso, pelos meios de comunicacao em massa. Esses elementos, trazidos do Direito, da Economia e da Sociologia, nas disciplinas suas que se dedicam as financas publicas, vo munir a Educagao Fiscal das informacdes necessarias para que possa, segundo um processo pedagégico, tornar os cidaddos conscientes de seu papel civico enquanto contribuintes. A “informagio fiscal’ constitui um dos métodos mals eficazes e idéneos nesse processo educative, “dado que com ela podem eliminar-se o diminuir-se certas SDSS nnces Sretsnicee tas comune nos suaue raparstance pave conauone puises que muscam artgue a acengtee ourindris ov excerosjursprudencas; que ulaam mapas mera, esque; ale tecricas, que sever simplesrente para que OS ‘onexrsardos ass miem o masimo deinformsgs0 posshe ~ ae" meds nes "EoreresCertames a que se subrTetem - oma Coder cercontunsce com uma dala se-eoucaras rose ou, no cena ce retente cers. ca com acucneserinutee 33 BUANDA op.ot, 1963p. 100-107 tradugo live 38 PONTMESTRES oo ce cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR presungGes atinentes ao gasto plblico que so suscetiveis de exercer um efelto nocivo sobre 0 comportamento do contribuinte"* Em outras palavras, a informagéo dos contribuintes resolveria, a um s6 tempo, a problemdtica dos cidados que ignoram o fenémeno tributério ou resistem & tributac3o por desconhecerem suas peculiaridades, notadamente no que concerne 4 (tre)destinag3o destes recursos. Dai porque a educagao fiscal tem tudo que ver com um outro principio de tamanha relevncia para o Direito Tributario num Estado de Direito democratico: o principio da informacao.** Em Espanha, com vistas garantia desta informaggo, as reformas tributérias octridas nas décadas de 1920, 1950 e 1960 estatuiram procedimentos administrativos de consulta tributaria eo dever da Administragao Fiscal, em todas as suas instancias, de informar ao puiblico sobre seus fins, sua competéncia e funcionamenta de seus drggos € servigos distintos, sobretudo pelo que chama o autor de “oficinas de informacao" Outros instrumentos seriam publicagées ilustrativas sobre a tramitagao dos processos, diagramas de procedimento, organogramas, indicagdes bésicas de localizacéio, hordrio de funcionamento etc. Essas informacdes, por mais simples que parecam ser, provocam, quando nao fornecidas perfeitamente, inegével distanciamento dos cidadaos. Nesse sentido, 0 contribuinte, por conta da educagio tributaria, estara menos predisposto a resistir 8 tributacdo, uma vez consciente de sua relevancia e dos fundamentos que ensejam a cobranca, e, por outro lado, estaré mais atento aos momentos em que @ administragao publica venha a agir com arbitrariedade.” Para Hugo de Brito Machado, “o contribuinte sé estard bem educado se, além de cumprir 0s proprios deveres, estiver disposto a velar para que os érgaos administrativos cumpram também os seus, atacando, com os remédios juridicos pertinentes, qualquer comportamento arbitrério do fisco"* Ademais, alm de contribuir para uma diminuigo resisténcia, 0 contribuinte “bem-educado" se ocuparé também dos momentas de depois que a relago tributaria se esgota, au seja, fiscalizanda também as financas, os gastos ptiblicos, os orgamentos - a necessaria “ampliag3o do foco” a que se jd referia Cavalcante.” No Ambito internacional, de relatério elaborado pela Organizago para a Cooperagao e Desenvolvimento Econémico e pela Fundacao Internacional e Ibero- americana de Administrado e Politicas PUblicas, percebe-se que mesmo nacdes menos desenvolvidas econémica e politicamente j4 se tém sensibilizado em relagdo & educagio fiscal como politica publica necesséria, legitimadora, O relatério indica diversos programas de pedagogla tributéria, utilizando das mals diversas metodologias, em paises como Africa do Sul, Bangladesh, Butéo, Burundi, Chile, Colémbia, Coréia do Sul, Costa Rica, El Salvador, Estdnia, Guatemala, Jamaica, Libano, Malésia, Mauriténia, Marracos, México, Mogambique, Nigéria, Peru, Quénia, Ruanda, BE__BOPRDA Op Gt 196700. 157 radon B Gales 37 BYANDA on ot. 1963. 33 MACHADO, Hugo de Arca. Os dates farmers do coreburce ea ftd00e do jursdlgo.Tese (Doutorado) Universidade Federal de Pernerouco.Recte: UFBE, 2008, p. 208. Dsponwel em: hts repastanouipe tentsveamnandel (23455789/c003, ‘quinS668 LpdPseausnce=aisSlousd> Acesso em 21 fe 2021 39. CAVALCANTE 0p ct, 2006. Revista do MPC-PR Senegal, Singapura, Turquia, Uruguai e Zambia, além do proprio Brasil, com seu PNEF € programas estaduais e municipal? Outro relatéria, elaborado por Barja Diaz Rivillas e Antonio Henrique Lindemberg Baltazar, indica que a educagio fiscal tem evolufdo bastante na América Latina, despontando como principal instrumento de contorno ao que chamam de “tox noncompliance’, que poderia ser muito bem traduzido como resisténcia fiscal". Os autores apresentam um dado de que apenas 44% dos latino-americanos considera que as politicas puiblicas melhoram suas vidas, julgando 0 restante (muitas das vezes por ignoréncia) as politicas pUblicas como prejudiciais, desnecessérias ou insuficientes.* Rivllas e Baltazar igualmente asseveram que as falhas no cumprimento das obrigacdes fiscais esto também intimamente ligadas o enfraquecimento dos valores democraticos, simultaneamente pela falta de honestidade dos governantes (lack of honesty) e pela falta de consciéncia dos governados (lack of awareness).* Nesse sentido, a ideia educagio tributaria, como jé experimentada no Brasil ¢ no mundo, quando pensada e posta em pratica sob o manta do ideal de demacracia patticipativa, hd de levar, sim, ao que se tern consagrado chamar de cidadania fiscal, de democracia fiscal ou de “fscalidade participativa’, na esteira da pensamento de Boaventura de Sousa Santos. Em tal concep¢ao, para 0 autor, deve ser possivel, acima de um certo patamar de financiamenta de servigos do Estado, que “os contribuintes possam vincular parte dos impostos que pagam ao financiamento de certos servicos’, como para o custeio da satide, da educaco, dos transportes puiblicos, “ou & proibigo de serem utlizados para 0 financiamento de certos servigos (por exemplo, compras de material de guerra, participacao em acces bélicas, energia nuclear)’ E essa ideia ja vem sendo implantada nas legislagdes, sobretudo municipais, brasileiras. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, com uma ideia de “tributo participative’, na qual a democracia 6 reconhecida como dialética “insuperavel e inafastavel’, a fiscalidade participativa foi concebida no 1° Relatorio da Comisséo Permanente de Reviséo e Simplificagdo da Legislag3o Tributaria do Municipio, criada pelo Decreto Municipal n. 11.943/2005, como “um processo em que 0 contribuinte ndo atua apenas simbolicamente, por meio da representago parlamentar, mas em que a informagio, a comunicago, a renovagdo do consentimento ao tributo esto em permanente processo’* Idealiza-se uma “reaproximacdo entre a administragio 3D OREINZAGAO PARA A COOPERAGAO E DESENVOLVINENTO ECONOMICO: FUNDAGRO INTERNACIONAL &IEERO-AVERICANA (DE ADLANISTRAGAO E POLITICAS PUBLICAS.Bulong or culwe comglarce ara cnzersh & Eoba source bagk on txpaer EdUCAUON. Pace O50 fublenng 2015 Denon em 1 complance anscezevtns sususcuuusisvans 01 foew 20 202) 1 Oe autos trrtem vi gam ae exorescies to a ‘mutspcidage de esoecies que contem oresistence fecal 22” BIMLLAS Bor ivan n 015 4867. Cavon enna pa sna lone em zoju. 2021 Soa bs 44 SANTOS Boavertura de Souza. Portygat ensio cot Coimbra EBs Areting, 2011, p. 104-105 445. COMISSAO PERMANENTE DE REVISAO E SMPURCAG (0 TRUTARA D0 MUNC. 1" Rlatoro da Comssso Permanerte de Revs20 e Simpifcacao da Legissr20 Teeutara ao Prefata da Selo Honzorta, Resta imemacoral ae Diet Mousa, assncaceo Basler de Drato Tebusaro, 4 jul/der 2005 Se Horzorte: Del Rey, 2005, p. 406. Disponte! (carcinente) em cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR {tributéria] e os contribuintes’, a qual deve pautar-se na confianga e na boa fé e sofrer, periodicamente, revises, de modo a aperfelgoar-se cada vez mais, O mesmo Relatério jé advertia, aquela época, que a quebra dessa confianga entre cidadios @ Estado e a descrenca nas instituigées publicas, no valores, na propria autoridade, inclusive a fiscal, tao caracteristicas da atualidade, vém-se acentuando no pais, ‘recrudescidas que so, continuamente, as noticias de malversaco do dinheiro pliblico e na mesma propor¢ao em que se registra 0 aumento na arrecadacdo de impostos, desmentindo-se as promessas governamentais de sua redugio".* No Brasil de hoje, que passa por uma crise econémica, financeira, institucional ou mesma moral sem precedentes, essa preocupacao é ainda maior. Certo 6, por outro lado, que j4 so reconhecidas pelo ordenamento juridico brasileiro, esferas em que uma “cidadania fiscal-participativa’ poderia (ou mesmo deveria) ocorrer efetivamente, como € 0 caso dos famosos *Conselhos de Contribuintes’, ligados & Administraggo Publica Tributéria, No ambito federal, tais conselhos esto legalmente previstos desde h4 muito tempo, criados ja em 1924, pelo Decreto n, 16.580, de 4 de setembro daquele ano, que ento regulamentava © Imposto de Renda. Nos termos dos arts. 16 @ seguintes daquela norma, os conselhos seriam compostos por representantes da sociedade, notadamente das categorias econémicas e profissionais, tendo competéncia para julgar os recursos administrativos iniciados pelos contribuintes junto as Delegacias da Receita Federal Tais esferas foram absorvidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ~ CARF, criado no final do ano de 2008, por Medida Proviséria (MP n. 449) do ento Presidente da Republica, Luis Indcio “Lula” da Silva, concentrando numa sé estrutura os trés conselhos anteriores, os quais, respectivamente, julgavam recursos em matéria de Imposto de Renda (Primeiro Conselho}, recursos envolvendo os demais impostos e contribuigées federais (Segundo Conselha) e recursos em matéria aduaneira (Terceiro Conselno). A MP n. 449 foi convertida em Lei em 2009, qual a Lei n, 11.941, de 27 de maio daquele. A semelhanga da previsdo federal, os Estados e 0 Distrito Federal igualmente possuem érgaos paritarios com representantes de fora da maquina estatal competentes para a julgar recursos envolvendo a tributaggo de sua comperéncia Nao sendo necessério entrar no mérito das limitagées, falhas ou mesmo dos escdndalos envolvendo tais conselhos, notadamente o CARF, é de clareza solar que uma Idela de participag&o social na polttica tributéria ndo se val efetivar por meio de um conselho que “apenas” julgue recursos administrativos, mesmo que paritério e contendo representantes da sociedade. A atuacio destes espagos é fundamental, sem duividas, porém é insuficiente - tanto para os préprios fins quanto para um fim maior de "democracia fiscal’ “iscalidade participativa’. Tals ideias ou ideais reclamam Revista do MPC-PR espagos mais propositivos, participativos, e que cuidem da politica tributéria em momentos anteriores & instituig30 dos tributos (endo apenas no momento de conflito, em fases recursais etc). Experiéncias internacionais, coma a do Canselho de Impostos (Conseil dimpéts) francés, que dera lugar a0 Conselno de Coletas Obrigatérias (Conseil des Prélévernents Obligatoires), ligado & Cour de Compts francesa, similar ao Tribunal de Contas da Unio brasileiro, inspiram no sentido de que a politica fiscal pode, sim, ¢ até deve ser revisitada, ndo apenas para ter 0 consentimento & tributacao reavivado na sociedade, mas também para que seus efeitos econdmicos e sociais (além dos efeitos politicos) sejam também analisados. Tanto é que o referido Conseil esta “encarregado de apreciar a evolucao @ o impacto econémico, social e orgamentario das imposigées fiscais juntas, assim como de formular recomendagGes sobre toda questo relativa a estas imposigdes’” Fato é que a tradigo francesa de considerar uma perspectiva democrética para a5 questdes fiscais é nada recente. Nas leituras que orientaram o presente trabalho, topourse com obra datada de nada menos que de 1886 - quando o Brasil ainda era império -, qual a obra Les solutions démocratiques de la question des impéts, reunindo conferéncias do Senador Léon Say. Aquela época, 0 autor jé denotava preocupagdo com @ equidade necessaria no equilibrio na instituigao de tributos diretamente vinculados 20 patriménio dos contribuintes ou vinculados a0 consumo (a antiga distingo entre tributos "pessoais" e “reais"), reconhecendo também a problematica da tibutacao indireta.* Para Léon Say, a democracia avanga 20 mesmo tempo que “preconiza o reestabelecimento dos impostos diretos sobre o rendimenta e sobre o capital, proscreve impostos indiretos, e 0 faz a partir do ponto de vista da justica’. sso porque 08 tributos indiretos Ihe parecem injustos, “ndio somente porque no distribuer equitativamente os encargos, mas porque nao permite apreciar-se exatamente 2 incidéncia dos tributos’.* Tais preocupacdes, que atravessaram os séculos, fazem-se refletir ainda nas politicas de participagao cidada francesas, como a dos conselhos fiscais ligados as Cortes de Contas. No Brasil, iniciativas como a experimentada em Belo Horizonte deveriam mesmo ocorrer em ambito federal, conforme estabeleca o art. 52, inciso XV, da CF de 1988, como prerrogativa do Senado Federal a de “avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributério Nacional, em sua estrutura e seus componentes, ¢ o desempenho das administragées tributérias da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios’. Nesse sentido, foi aprovada a ResolucSo n. 1 de 2013 daquela Casa do Congresso, adequando seu Regimento Interno a tal competéncia IL 2005 TENDANT A CREER UN CONSEL ES PRELEVEMENTS OBLIGATOIRES Pars JORF n. 93 27 ar. 2005, p. 6973, rene n. 2 wadutHe lire. Donte v= AcessO er 18 Ul 202 443 SAY Laon Lessounans darocronque dela questonafsimpot conferences fates 2 [Ecce ds Scences Poleques Tome Premier. Pare: Guilaumn et Ce. 1885, 23 9,.80,0 38 F_ RANGE LOT N20 20 cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR (arts. 99-A e de 393-A a 393-F), Todavia, até o presente momento, pouco se teve de feedback dos representantes de toda a Federacdo, mesmo passados varios anos da reforma constitucional que incluiu tal competéncia (Emenda Constitucional n. 42 de 2003). Fato € que mais esse “absenteismo” dos representantes brasileiros, que claramente descumprem com um mandamento constitucional (e regimental, desde 2013), $6 reflete as dificuldades de concrecdo de uma democracia fiscal brasileira “de cima para baixo’, isto é, que irradie de Brasilia para todo 0 territério nacional. Além de sequer possuir uma cultura democratica consolidada - nem poderia, apés séculos como colénia, um longo periado de monarquia e uma Republica que ora foi governada por oligarcas, ora 0 fol por ditadores -, a extensdo geografica do pais e a centralizago de muitos tributos no ambito da Unigo despontam como empecilhos. Posto isto, questiona-se m que 4mbito administrative, levando-se em conta um pais com dimensées continentais como 0 Brasil, haveria maior probabilidade de que realmente ocorra uma relagdio mais democratica entre o contribuinte (cidadaos) € © Fisco (Estado). Inegavelmente, 6 nos municipios que a ideia de democracia fiscal tem maiores chances de serem efetivadas, como se percebeu do exempla trazido de Belo Horizonte-MG. Nesse sentido, dedica-se agora, ainda que com poucas linhas, e caminhando para uma conclusio, a desenhar 0 municipio como espaco mais propicio para as politicas de educacao fiscal e, consequentemente, para a consagracao de uma verdadeira cidadania fiscal 3. EXPERIENCIAS DE FISCALIDADE PARTICIPATIVA E EDUCACAO FISCAL NOS MUNICIPIOS Consoante visto até aqui, a democracia é elemento essencial, inicio, meio e fim do Estado de Direito democrético, regime segundo o qual se constitui a RepUblica Federativa do Brasil, inclusive elegendo a cidadania como principio fundamental (art. 1°, I, da CF/1988). Assim deve ser em todo 0 Estado brasileiro, ndo importando a esfera administrativa nem a disciplina juridica de que se ocupe. Nesse sentido, em que pese consistir, a um s6 tempo, em direito fundamental (dos contribuintes) e diretriz (do Fisco), 0 principio democrético ainda dista bastante da fiscalidade brasileira. Conforme jé salientado, ademais de refletir a imaturidade democratica do Brasil, tal problematica se da especialmente por conta das dimensdes continentais do pais, uma vez que a participagao politica da populagio na tomada das decisées politicas ~ nas quais se incluem as decisGes fiscais - é sempre tida como dificultosa ou custosa, no sentido temporal e no econémico. Nesse sentido, como relata José Renato Gaziero Cella, “se 0 exercicio da democracia direta, mesmo em paises de dimensdes geogrdficas e populacionais reduzidas, encontra sérios ébices" e, em Estados muito grandes, os instrumentos So CELLA jose rato Gacor.Representagio police democrats eetneselegslago eletoral rae GALINDO, F2/nando (org) Damoeracia eletroniea 2's 11 Zarsgors Pensas Ur erstar4s de 755028 Jr, MEZZEROBA, Cries Op 227 Revista do MPC-PR da democracia semidireta se tornam muito caros, a alternativa mais plausivel é, sem diwvida, iniciar-se uma “virada democratica’ na dindmica fiscal no &mbito dos municipios, Cam efeito, a Constituicdo Federal de 1988 inaugurou no pafs uma forma federativa de Estado com fortalecimento da descentralizacao e da democracia®, em que se conferira maior autonomia ao municipio, pela primeira vez no ordenamento pétrio com 2 condigo de ente federativa auténomo, de componente da Federagio (art. 1°, caput, e art. 18, caput, da CF/1988) De outra banda, para Jodo Baptista Herkenhoff, é 0 municipio a base da vida politica, onde a cidadania mesmo comeca, uma vez gue “antes de ser um cidadio brasileiro consciente [..J a pessoa tem de ser um municipe consciente"* Isso se deve porque os representantes municipais, ie. Prefeitas e vereadores, possuem, a0 menos em tese, “um contacto direto e diuturno com o povo, bem mais que governadores e deputados estaduais e bem mais ainda que os titulares de funcées pUblicas no plano federal’, Desta sorte, 0 povo acaba por poder exercer pressdo direta sobre o poder pUblico municipal, diante de tal proximidade. A excecdo das capitais dos Estados e de Brasilia, a sociedade mal tem um vislumbre das esferas administrativas estaduais e federais, a ndo ser pontualmente. Nesse sentido, no dizer de Maria Lirida Mendonga e Marcus Holanda, ademais de corresponder, no cantexto democratico em que se insere o Brasil, & ‘base da organizacao politica e social, havendo uma relagao proxima entre o administrado e o ente federado, criando maiores possibilidades de acertos nas politicas piiblicas’s, ¢ © municipio responsavel pelo planejamento de acdes as quais devem possibilitar um pleno desenvolvimento local, como 0 desenvolvimento humano e econémico, pautas que em muito se comunicam com a politica fiscal. Diante de tamanha relevancia, no se poderia conceber qualquer outro regime que nao o democratico-participativo para a gestdio da coisa piblica municipal, sobretudo por que o prépria canstituinte elegera 0 municipio como “ponto fundamental na afirmacao da democracia"s* Fato é que a propria histéria do municipio e da cidade, valendo sempre lembrar a distingo doutrinaria entre tais conceitos, mostra-os como verdadeiros “ber¢os’ da democracia, Foi na cidade-Estado grega de Atenas que surgiu a prdpria ideia de democracia. |4 0 mynicipivm romano surgira como unidade polttico-administrativa ao final da Republica de Roma, criada com o fito se manter uma dominagio pacifica das cidades conquistadas & forca, concedendo-se a tals localidades certa autonomia para a elaboragdes de corpos normativos préprios e para a elei¢do de representantes. Ocorreu que, ademais sucumbirem tanto 0 ideal democratico da cidade grega como © da autonomia municipal romana, respectivamente, nos subsequentes periodos FI NELOFLHO, Urbano Vislino de. Bete Muniopal em Moviment. Bela Horzrte: Del ej, 1999, 42. 52 _HERRENHOr, to Sapte apud FODAGUES Franco Lucan Lima JUCA Rober Leva Cos. Muni: pag pubico (css) sers scoveetcacan sn cerssersce pectepan a "once Ravana ao Pogieme se Doe orssuapto a Drate sare vannars De Bucs p eke Deane am nn vu casnttore ten semaarrife) sc) Just trashpuar sets Acereoam 8) 53. MENDONGA Mare Linda alow de Araujo © HOLANDA Marcus Mauricus. A Adminstracao Pblice Municel como Fomentadora 5 Detaniaumnints cos a cconamce Sepucneg vo a 74 2016 Pananeaele uso 208 9 208 Diesenve am eons 1 Inga Aceese er 7 ju 2021 58 MENDONGA HOLANDA, o9 of cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR de tirania e Império, a relevancia policia das cidades e dos municipios caiu bastante durante a Idade Média, por conta de uma “ruralizagio” provocada pelo modo de producao feudal Incursées histéricas @ parte, sabe-se ser fundamental a participag3o da sociedade sobretudo nas decisGes que Ihe venham a atingir mais diretamente, mais imediatamente, consistindo sua atuacéo em legitimo exercicio do direito (fundamental) de participacao politica. Desta sorte, a Administragzo Municipal nao se pode fundar em razdes alheias 4 vontade da populagao a ser atingida por suas decisdes. Na determinagéo do famoso “interesse local’, a norma ou politica publica municipal no se pode basear apenas nos pareceres técnicos, nos especialistas, consistindo tal postura em arrematada ofensa a qualquer ideia contemporanea de demacracia. Em verdade, trata-se de reprovavel tecnocracia, regime entre os tantos que se encontram diametralmente opostos & democracia, como posturas “antitéticas" Por outro lado, conforme aduz José Afonso da Silva (2010), uma vez constituida de subsistemas politico-administrativos, econémicos, familiares e mesmo simbélicos com que se identificam e de que dependem os cidadéos, a municipalidade corresponde ao aparato estatal que Ihe é mais préximo: é 0 Estado que o povo “va” Deve, por isto, a Administracdo Municipal (re)vestir-se de contetido obrigatoriamente democratico, de participacao politica, de audiéncia da populagio, mediante os ja consagrados instrumentos da democracia semidireta e iniciativas que viabilizem uma democracia participativa‘* Foi por essa razdo que © Constituinte conferiu 05 municipios maior autonomia, de um lado para a estabilizacdo sécio-politica e institucional do préprio Estado, e de outro, justamente, suscitando “a participagao popular na elaboragdo de suas prioridades" Com efeito, € nesse contexto que se avulta, como elemento essencial, 0 conceito legal de “gestia democratica’. © desenvolvimento metropolitano enseja uma nova disciplina juridica da municipalidade ~ a qual s6 seria absorvida principalmente pelo ordenamento patrio por meio de uma nova disposigao constitucional. Eros Roberto Grau antecipava que “o intenso crescimento urbano determina, como fato caracteristico do século XX, 0 aparecimento dos centros metropolitanos’, como proceso de crescimento pelo qual “em toro de determinados nticleos urbanos outras se vao agregando, integrando-se a ponto de comporem nova realidade urbana’ Ali, ainda nos anos 1970, defendia 0 autor, 0 qual comecava a vislumbrar as assim chamadas “regiées metropolitanas’, que certo equiliorio municipal deve ser preservado ‘na medida em que as funcdes primordiais da sua comunidade estejam ordenadamente dispostas sobre seus limites’, no sentido que essa “infra-estrutura existente possibilitard, dentro de um razodvel grau, a integragéio da comunidade co bracisre 6.04. re, «sual Sd Paulo: Malnros 2010. Pav, Tar do Etodo 5. £6 rev 2am $80 Palo Maheros 2004, 5) SONTENETD Jose ip a2 sogerauolsp sey = ncosnne ators noinene Coos ns constugso se damnccrane carinpetie 02 rmuriciio de Foraeza- uma andise dos nes de 1990 22004. Forslezs:Uriversidade de Forties, 2008. 58 GRA, Eros Roberto goes mevopaltons regime unde. | £8, $80 Palo Bushey, 137 Revista do MPC-PR dentro do espago municipal’° Essa integrago a que se referia o autor haveria de se consagrar, justamente, na dialética entre o pungente “interesse local” e a nascente ideia de “gesto democratica’, que despontava como ideal de participagao no ambito municipal. Fato é que a CF/1988 se dedicara exaustivamente a organizacdo estatal (Titulo I) de modo a construir um Estado de Direito democratico, dai porque esse ideal também se refletiria na disciplina constitucional da municipalidade Nesse sentido, a gest4o democratica e a participacao popular foram, destart expressamente previstas como mandamentos constitucionais sobre a administracdo municipal, consoante o art. 29, Xil, da Constituigdo Federal de 1988. Ao versar sobre a Politica Urbana, a CF, pelo disposto em seu art. 182, confere ao Poder PUiblico municipal a incumbéncia de ‘ordenar o pleno desenvolvimento das fungBes sociais da cidade e garantir 0 bem-estar de seus habitantes’. Assim, no mesmo espirito que influenciara a Constituinte, foi editada a Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, qual 0 Estatuto da Cidade, quando se passa a tratar de um verdadeiro “direito & cidade”, como direito fundamental de fei¢éo urbanistica a uma cidade socialmente desenvolvida, sustentével e democratica.®? No dizer de Nelson Saule Jinior, nos termos do art. 2°, inciso Il, do referido Estatuto, “6 estabelecida a diretriz da gesto democratica por meio da participago da populagdo e de associagdes representativas dos varios segmentos da comunidade na formulago, execugo e acompanhamento de planos, programas e projetos [."* Com efeito, 0 mesmo diploma dedica capitulo especifico para o trato da gestdo democrética da cidade, qual 0 Capitulo IV. Assim, a gest4o democratica da cidade refratéria do principio da soberania popular, inscrito no Pardgrafo Unico do art. 1° da CF/1988, no mbito local, sendo “obrigatéria e significativa a participagio da populagao e de associagdes representativas dos varios segmentos da comunidade, de mado a garantir o controle direto de suas atividades eo pleno exercicio da cidadania" Diante disso, 2 municipalidade representa o espaco mais propicio para o desenvolvimento de politicas publicas de educacao fiscal, ndo apenas com vistas a superar 0 problema da resisténcla fiscal, mas a fim de que se torne mesmo possivel a consagragao de uma cidadania fiscal. Ocorre que, mesmo nao sendo recentes os programas brasileiros nesse sentido, a maloria deles é coordenada pelas fazendas da Unio, dos Estados e do Distrito Federal, como relata Debora Maia. Segundo Maia, “os programas de educacio fiscal, ao contrario do que se possa imaginar, ja existem hd pelo menos quarenta e cinco anos, principalmente com 0 desenvolvimento de projetos para jovens e criancas’, datando de 1969 um 3 wtase 50. SAULEJUNIOR Nelson (xg) Deco urbonnco as uteces das polices uroenes Porto Alegre, RS SerZO Antonio Fabris 2007, 51 EALLEGNOR aa cep 55 62_ MALU, Caros Alberts Dabus, MALLE, Adrans Caldas do Rego Frias Debus. Comentinos oo extouto do cidade len 10257, de 1042 ho de 2001 Sto Paulo, SP les 2001.9 134 62 uk tears Gare ce fensser ceraeTvingan ast #aagsnna fest ume fers vgesse os sverenatese Jo = olerenanes asracn) (Saduagzoem irate Forlezs CE 2015 scone em Acess0 en. 7. 2021 ee Revista do MPC-PR Tais obras dedicam-se a, justamente, tentar passar da forma mais didatica possivel - sobretudo pelo ptiblico a que se destinam - informagées que tendem a ser demasiado complexas até mesmo para 0s adultos. No Portal da SEFIN, podia ser encontrado (hoje ndo mais disponivel), jgualmente, um jogo para computador, de nome Educagdo Fiscal e Cidadania, disponivel para download gratuito. © arquivo (compactado no tipo “zip”) nao é muito grande, de cerca 90Mb (noventa megabytes), podendo ser “baixado” ¢ instalado em qualquer computador, sem grandes exigéncias de hardware, porém apresentando alguns travamentos. Até 6 (seis) criancas podem ser jogadores de uma mesma partida, No game, os participantes percorrem um tabuleiro de 150 (cento e cinquenta) casas, onde cada uma destas corresponde a uma situaglo em cidadania fiscal Avanga quem possui posturas positivas, como o pagamento de tributos, a negociacdo de débitos, pagamento de parcelas acertadas etc. Retrocede, por outro lado, quem & inadimplente, quem nao cumpre com obrigagdes acessérias e, ainda, quem tem condutas “anticidadas", eg. jogar lio no ch4o ou destruir um patrimdnio puiblico municipal. Os graficos so razoaveis, sobretudo para uma gerago de criancas bastante exigente neste quesito, sendo equilibradamente coloridas e desenhados, resultado do trabalho computaco gréfica da empresa contratada pela prefeitura, Entende-se, porém, que a jogo peca por utilizar de expressées demasiado complexas e carregadas da negatividade burocrética das obrigagées acessorias, como “boleto", “‘quitasao”, “nota fiscal’, ‘revisdo cadastral’, “Certiddo de Divida Ative", "Nada Consta’ etc. Aparecem também explicagées ndo muito didéticas do que seriam 0 IPTU, 0 ITB! e 0 ISSQN. Esse problema, de uma nomenclatura complexa até &s pessoas adultas, torna a proposta de “educagio" (fiscal) totalmente impraticével Outro ponto criticdvel é que o jogo insiste, ainda que néo muito incisivamente, no maniqueismo entre "pagador’ e “inadimplente’, entre os comandos “vocé pagou, avance casas” e “vocé no pagou, volte tantas casas”. Pecam por esse minimalismo tais programas, ao insistirem em presungGes ou imagens jd to enraizadas no senso comum, que s6 conturbam ou perturbam o imaginarlo do cidado ante o Fisco. Percebeu-se, nesse sentido, que, 8 mesma maneira como os acertos do PNEF (nacional) inspira os acertos das Prefeituras, igual ocorre com os equivacos: ha alguns anos a Receita Federal deu ao seu programa de pedagogia fiscal nada menos que 0 nome de 0 Ledazinha*, nfo adiantando o sufixo diminutive para retirar a imagem (negativa) da arrecadag4o de seu principal tributo, o Imposto de Renda. A Receita disponibiliza na internet uma interface bem elaborada para a educacao fiscal infantil, rica de contetido, com informagdes sobre a atividade fiscal do Estado, videos pedagdgicos, jogos, fabulas € outras histérias no assunto. Peca, no entanto, a0 colocar um ledo(zinho) como guia do menino “Mateus", personagem principal das cientificos artigos clentificos Reviste do MPC-PR historinhas. Como bem salientara Denise Lucena Cavalcante, o sistema tributdrio deve mudar, por inicio, nesses pequenos detalhes, extinguindo-se essa simbologia do fisca como “predador’ dos contribuintes A autora, no entanto, em capitulo da obra 15 anos do Programa de Educacéia Fiscal do estado do Cearé, ressalta os avancos conquistados a nivel federal e estadual (Ceara), sobretudo por ampliarem seus objetivos e perspectivas, passando também a focarem “no culdado da sociedade em relacao a0 papel econdmico e social dos tributos, englobando esclarecimentos formais sobre a aplicagdo dos recursos’. Frise-se que, em Fortaleza, antes do inicio do PEF, ainda em 2008, viu-se iniciativa bastante louvavel nesse sentido, qual a do curso Controle Social das Contas Puiblicas, organizado pelo Tribunal de Contas dos Municipios do Estado do Ceard, cam apoio da Fundagdo Demécrito Rocha. Outras iniciativas nesse sentido vieram em 2011 e, mais recentemente, em 2015, com 0 curso TCE - Controle Cidadao. Tais iniciativas, a despeito de realmente representarem avangos na problematica da (falta de) democracia no ambito dos municipios, confrantam realidade ainda muito longe da perfeigdo. O certo € que, diante do que ja se tem de apanhado cientifico e empirico, de que uma sociedade mais (cons)ciente de suas finangas tende a reputar menos autocratica sua tributaco e, por tabela, sua Administraco, ainda séo demasiado necessérias politicas pliblicas que reconhecam a psicologia das finangas e a pedagogia fiscal como instrumentos democraticos que so. E mais tais politicas publicas, semelhanga do que foi exemplificado da Receita Federal ¢ da Secretaria de Financas de Fortaleza/CE, com a utilizacdo de jogos virtual, devem realmente explorar a gama de novas tecnologias da informagao e comunicacao hoje disponivets. Nesse sentido, fato é que, do Relatorio organizado pela OECD e FIIAP, percebem- se varias iniciativas mundo afora que aplicam on-line, no mundo virtual, justamente, as ideias de democracia participativa e a educacdo fiscal, como caminhos entrelagados que so, rumo a uma fiscalidade participativa. Os programas de educagao fiscal do Chile e da Est6nia, por exemplo, déo-se pela rede mundial de computadores; na Costa Rica € no Uruguai, utilizam-se jogos de computador.” £ 0 caminho, sem divida, que, felizmente, jd vem o Brasil trilhando, considerando-se os programas de Educagao Fiscal da Unido, dos Estados, do DF e das capitais, TATE Dense lucene Orerses senminutonsls so sents tinutine cratleha Morar gevets op regs oe PexGraduagaa em Oreto de LAC Farteca v 25 n 2, 2008, 9 23-38 Dspontel em scessa em 28 set 2022. Encoriva-se na Comss80 de Fnangas eTrbutarzo Gesde 73. ASL Pro oe Cara 70 oe 2003 Coneana Puen 702008 Daze! er elon caach eg _seblatiedada/materas/materiatS3306> Acess0 er 28 set 7022. Arquvada, dele tendo side promlgada ae Completa Feder hivi8 ged de feverero ce 2005 que tainy de Gve-see matavee eapoca/nerte acerca Go weurague dat vores om di (cecuperaees efaencas) Da SRS proeta ce Le Complamantar PLP 285/200 Dsponial en nosy comer leg alarancetaelegtianaion497S> ‘Acesso em. 28 set 2022 Aperssdo 3 efetco PLP 194/200, 75 BSL Prog de Lei Comperentar PLP 382007. Ospontel em: mus ‘Acasa ev: 28 set 2022 Apansado a9 efando PLP 198/2001, 76 SRASL Projo de lei - PL 25572011, Dsponiel em cht /awacararalegtr/erapciccesehl fchadecramiacacideropcscao=525272% Acesso em 28 set 2022 Aglardando Porecer do elo" ns Comiss0 de Consttugs0 & usta 8 de Cdsdons (cj0) desde oa519, Dy SGuES seas see os senso “+268, 20)) (Compamarnar) Deporte an Aeeszo er 28 set. 2022. Ponte para pavte ra Com seo de Conestucie,urtga = Ceadaria Coes 0220. ‘esse Revista do MPC-PR iniciou, contando com avangos, merece ainda devida atencdo para que possa persistr. No Ambito dos municipios, pelas razées apresentadas, e levando-se em conta 0 que jd ver sendo experimentado, essa fiscalidade participativa se mostra como caminho no apenas necessario, como também viavel, ou mesma incontornével Nao se cré, obviamente, que @ consagragao de uma democracia fiscal no 2mbito dos municipios va dar conta da problematica geral da tributacdo brasileira, d’o problema da resisténcia’, que diminua ou, a0 menos, amenize a imagem cavernosa que ainda possui o Fisco - especialmente porque em nada podem dispor os municipios além de suas competéncias constitucionais. Acredita-se, porém, que, quando “educados’ as contribuintes (cidados), passardo eles a compreender bem mais e melhor a dinamica tributaria, cientes de seus direitos e cumpridores de suas obrigages; passardo a fiscalizar a atuagio do Estado na rea fiscal; e passarso a dedicar-se mais a vida politica - ainda que apenas virtualmente, porque € apenas como pode a maioria dos cidadtios -, sobretudo acompanhando as contas municipais € seus representantes mais proximos (Prefeitos e vereadores), se atentos est30 ou no ao gue se entenda por “interesse local’ BIBLIOGRAFIA BALEEIRO, Allomar. Uma introdugdo & ce ia. das finangos. v1. Ro de Janeiro: Forense, 1873. BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado, 5. ed. rev. € amp, S80 Paulo: Malhelros, 2004. SOTELHO, Paula de Abreu Machado Dera. Sonego¢to fiscal e identidode consttucional, Belo Horizonte: Del Rey, 2008. BUFFON, Marciano: MATOS, Mateus Bassani de. Trburogto no Brasil do século Jon. 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