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(* opjerivos: . + Entender aimportancia dahistriaeo rocessode produrao do conhecimento histrico + Compreender a distinc entre istora ememéria ‘Analgarardacdo entreter- po, historia ememéria, CPPALAVRAS.CHAVE, “Historia + Fontes historicas + Sujetos historicos = Meriotl Tempo Alunas@ rofessoras da Sscole ‘Teenie vada Cortera io Inneite, 1922. Por meio da ists pose perceber que a eseola contrus sando Um lugar de instruct. No entant,o processo de ensno ern ‘ madifesnda 20 longo co tempo, © Uma ciéncia em construgao. Por que aprender historia? Para que serve o conhecimento histori- co? Para responder a essas perguntas, podemos recorrer a uma com- paracdo. Muitas vezes, pessoas que passam por acidentes e traumas graves desenvolvem amnésia, ou seja, perdem total ou parcialmente ‘a meméria. Ao perder suas lembrancas, essas pessoas se esquecem do passado e de sua historia, o que ocasiona problemas de identidade e obscurece sua perspectiva de futuro. Assim como 0 doente de amnésia, se ndo tivéssemos historia, n30 teriamos referéncias para nos orientar na vida, pois nossas experién Clas so a base de nossas escolhas. O conhecimento histérico torna possivel compreender methor o mundo em que vivemos enosso lugar nnesse mundo, ou seja, nossa identidade Uma das principais funcdes da historia é relembrar aquilo que po- deria ser esquecido, transmitindo o conhecimento sobre o pasado as novas geracbes. Para sso, deve-se evitarjulgar o passado com valores do presente, erro conhecido como anacronismo, A historia € uma disciplina cujos limites estao em constante redefinigao, pois seu objeto de estudo, as sociedades humanas no tempo, esta em constante transformac’o, Conforme as sociedades mudam, modificam-se também as interrogagées que as pessoas fazem sobre 0 passado. SS Historia e identidade nacional Em 1838, poucos anos depois de o Brasi ter-se tomado independente de Portugal, fo fundado na Cidade do Rio do Janciroe Instituto Histérico e Geo grafico Brasileiro (IHGB), Sua misséa era consolidar 3 uniaade nacional, pro- dduzindo trabathos sobre 2 geografia, a meméria fea histéria do Brasil. No ‘mesmo ano, foi fundad 0 Colégio Pedro i, uma insti- tuigdo de ensino destinada 3 forage doz citer da corte do Rio dejaneiro que dave destaque 20 ensino de historia. ‘Documentagao da Univers dade Federal do Reconcavo da Bah, em Cachoea BA), 2018, Multa Sus vestigis documentos, ‘tefatos ete] em loco Spropiadoe. Dessa mane, roves gerardes poder ter bseeeso ae fntes storeos€ Peseusir o pasado. A historia e o historiador @ origem e desenvolvimento da historia | historla é a alsciptina que estuda a vida humana em sociedade a0 longo do tempo. 0 objetivo do historiador é compreender aces, desejos, pensamentos, sentimentos e criagdes culturais em diversas sociedades e em uifererites epucds, [A palavra “histdria" tem origem no termo istorie. Em um dialeto do gre- ‘90 antigo, chamado jénico, esse termo significava “investigacao” e estava ‘elacionado a outras duas palavras: 0 substantivo istor(*testemunno") € 0 verbo istorein (“informar-se"). Esse foi o sentido usado pelo viajante grego Herédoto (seculo V a.C.), que escreveu uma histéria sobre as querras dos ‘gregos contra os persas com base em testemunhos dos acontecimentos. Para Herédoto, o objetivo da historia era produzir um discurso ou relato verdadeiro dos fatos, separando-os dos mitos, das fabulas e das lendas. At&0 advento do mundo modero, surgiram muitas outras maneiras de entender ahistoria. Noséculo XVI, contudo, foram formulados métodos para orientar a andlise das fontes historicas,distinguindo os documentos falsos dos verdadeiros. Por meio do contato direto com as fontes e do desenvol vvimento do método critico, os historiadores procuravam compreender toda a diversidade de instituicdes, criacdes culturais, habitos de pensamento, 1usos e costumes entre 0s povos. Novos rumos da historia ‘Mesmo depois da formulacao de métodos para estudé-la, historia ainda cera considerada um gSnero literdrio, ou seja, importava mais a elegancia do escrite do que @ objetividade do conhecimente. Iso mudouno século XIX, quando a hist6ria passou a ser considerada uma ciéncia e tornou-se uma disciplina académica, ensinada em escolas e universidades. Desde Cont, os cstudiosos de histéria pazzaram a zc preocupar em proservar © patriménio documental e material sobre 0 passado, principalmente o das hnagdes. Para conservar e divulgar a memoria nacional foram fundadas instituigécs como museus, excolas, arquiver, institutes histérices © 2220 ciagdes arqueolégicas. No século XX, 0 conhecimento histérico avancou muito. Os historiadores ‘nao se restringiam mais & narragao dos acontecimentos que pontuavam ‘a meméria da nago (guerras, batalhas, tratados, revolucées ete.), como faziam no século XIX. Outras areas de pesquisa e outros métodos e abor- ayer furati Ueserivulvides, mouificando a relaydes erie presente, passado e futuro e transformando omodo como o conhecimento histérico ‘era produzido. Como parte desse movimento de mudanca, novos campos Ue eolude se desenvulve ain, Lonny, pur exEinple, a lidk das atitudes diante da morte, da loucura, da relacao entre o ser humano e ‘ clima, das mulheres, da leitura, entre muitos outros. Além disso, alguns vestigios que nao eram considerados fontes historicas passaram a ser tratados como tal. js da infacia, GAs fontes da historia Todos 05 vestigios deixados pelas geracdes pas- saaas s20 fontes que podem ser analisadas pelos historiadores para produzir conhecimentohistérico. Esses vestigios podem ser registros escritos, mo- numentos, fotografias, pinturas, instrumentos de trabalho, joias e vestimentas, entre muitos outros objetos feltos pelo ser humano, que server de base paraa construgso do conhecimentoistérico. Nosé- culo XX, quando ahistéria tornou-se uma disciplina académica e 0 oficio do historiador uma profissio reconhecids, apenas os decumentes cecritos cram considerados fontes histéricas, especialmente os registro oficials produzidos pelos Estados, como tratados diplomsticor, narrativas do batalhas, do- cumentos administrativos No século XX, a concepcio de fonte histérica se ampliou consideravelmente. Vestigios arqueo- logicos, masicas, mitos,[endas, objetos de eUItURa ‘Material, relatos orais, obras literdrias, imagens, pogae de teatro filme, entre outroe, pazsaram 3 ser considerados fontes para o conhecimento do passado. Todas as produgées humanas tornaram- “ea ralevantee para a investigacan histériea esa transformacao foi um dos fatores que possibilitaram aampliagao do territorio do historiador e a abertura dle novos campos de pesquisa Xipe Totc (Hous da feta, escultuaasteca séculos AVL Museu dae Cutturs, Blea, sigs, Vestigios ‘queolalcos como esse permitem o estuto sobre 05 costumes, a relgiosdade eo desanvelvmenta tecnico featistico de una sociedad, G Quem faz a historia As transformacoes na sociedade sao ocasio- adas pelos sujeitos nistoricos, que podem ser tanto individuos quanto grupos de individuos. 0 ‘rau de importancia das transformacées sociais varia conforme a repercussao dos acontecimentos para a sociedade e o valor que a cultura dominan- te atribui a esses acontecimentos. Até meados uu seculu XIX, suimetite us yratiues persurayets, ‘como imperadores, reis, generais e papas, eram considerados sujeitos da histéria, e as mudancas histériees eram atribuides # seus feitos Essa visdo da histéria foi se modificando a par- tirdo final do século XIX, quando outros sujeitos Comyatant a aparecer no discursy Uo histor aur as mulheres, os operarios, os pobres, os povos colonizados ete. Tal mudanga resultou de um proceso histérico. Desde © momento em que ‘come¢aram a se revoltar contra a domina¢ao, os ‘grupos humanos oprimidos na sociedade passa- ram a construir uma meméria e 9 exigir um lugar na historia. A interpretagao do passado Aquele que escreve a histéria deve procurar um significado e uma explicacio plausiveis para ‘os fatos histéricos. Assim, para o historiador, 0 passado pode ser comparado a um texto a ser decifrado, e varios métodos podem ser usados para esse fim. 0 historiador deve explicar os con textos e processos os quais 0s fatos se inserem. Para isso, ele utiliza conceitos, teorias e métodos ce pesquisa O historiador, entretanto, é um ser humano de seu tempo. Assim, ele sempre fala de determinada perspectiva, que expressa o seu lugar na sociedade, ‘sua formagao académica, enfim, sua visdo de mun- 4o. A presenca da Subetividade do historiador na produgio do conhecimento histérico nio significa que esse conhecimento seja menos objetivo. Pelo Ccontrério, justamente porque cada historiador nar- +a historia de um ponto de vista particular, temos uma multiplicidade de perspectivas, que enrique- ‘cem 0 conhecimento sobre o passado. Além disso, ‘© nistoriador nao pode inventar os fatos, mas sim Construir a sua narrativa com base em documentos, que legitimam o seu trabalho, Culture materia conjunt de objets produrdos eutlizados por uma socldace, como wtensilos, armas, mebilrio ee ‘Subjetividade: ealizadepsiuts, emecionatecogntiva deca individu, caracterizada por crencas,valoes ¢santimentos or meio dos quai ele interage cam o mun, a 3 i a iia gin i Dt ai (G Novas abordagens da historia ‘Aoampliar 0 campo de observacao, os historiadores do século XX nao mais ‘se uitaram a aca0 dos personager' considerados grandes sujeitosnustoricos, ‘mas procuraram dar sentido & experiéncia cotidiana das pessoas comuns, mostrando que, por exemplo, o mais humilde soldado do exército de Napolea0 cera um sujeito historico tanto quanto o proprio Napoleao e seus generais, © historiador voltou seu olhar para o pensamento, os costumes e o modo de vida das pessoas comuns. Foi assim que se desenvolveram importantes Uinhas de pesquisa, como a da histéria orale a dahistéria dasmentalidades. Gratia dos nomes dos povos indigenas wos tivros desta cole- 20, os nomes dos povos indigenas do Grasi foram escritos de acordo com a Conveneéo para a arafia ds nomestribais,aprovs- dana 1*Reunido Brasileira do Antropologis, om 2953: + com inicial maiascula, quando usados como substantivos, sendo ‘opctonal quanco usa dos como adjetivos: sem flexao de niémero ou aénero Arealidade é socialmente construida e varia de acordo com as experién- cias dos sujeitos historicos. Em outras palavras, nao existe uma realidade Universal. £ mals facit perceber as diferencas intercutturats quando obser- vamos sociedades diferentes da nossa. Por exemplo: os ines, entre outras particularidades, costumam surpreender os ocidentais pela capacidade de Uistinguir Uiferentes Lunolidades Ue Liew, Lor preduninente nayues paisagens geladas do extremo norte do planeta. J4 0s Bororo, indigenas bra~ sileiros bastante estudados pelos antropélogos, celebram tradicionalmente rituals funerérios que chegam a durar meses até 0 enterro definitive dos (05505 do individuo morto, Podemos dizer, entao, que a visio de mundo de determinada época ou lugar expressa crencas, valores e experiéncias dos ujeitos histéricos que vivem ou viveram naqule contexte. tamas regites préximas 90 Polo Arico da América (Alasca,Cana- ° Inuites: pow esquimsque hab 4) ia enon» ihn Historia oral e historia das mentalidades ‘Ahist6ria orl € uma abordagem histérica por meio da {qual se busca registrar a meméria de pessoas grupos sociais que nao aparecem tradicionalmente nos regis- ‘0s esctos, dando vor a mulheres, criangas, analfa- betos,idosos, operatis etc historia oral comecou a ser estudada 00 final da década de 1940 nos Estados Unidos e 20s poucos foi incorporada por outros pa ses, como Inglaterra (1960) ¢ Brasil (1970), e sempre ‘steve envolvida com as questoes da meméria humana individual ou coletiva, (Df objetor de estudo da hietéria das mentalidades 230 (0 comportamentos, a5 crencas, 0s valores € 05 senti~ ‘mento que caracterizam determinada sociedade numa paca espectica. As mentalidades estao associadas as atividades do inconsciente e aos elementos cultura € cdo pensamento que farm parte do cotidiano som que © individuos percebam. A mentaidade é considerada ‘uma estrutura de longa duragao e, partanto, muda ‘mais lentamente do que os acontecimentos politicos € socials. Um bom exemplo de estrutura de longa dura {G30 S80 as crencas relgiosas, como o catolicismo no Brasil, implantado no processo de colonizac30 ainda influente. Qutro exempla sia os usase costumes ce um ‘povo, como o consumo de arraze feo, tipica das bra sileiros, ea pratica do tachi chuan,tpica dos chineses. frojeta do Museu da Pessoa ‘Memoria dos Erato {oto de 2007, 0 muses ‘2 dedicaa documentar uunairs historia or G0 valor da memoria Nao existe sociedade sem meméria. Seja por ‘meio de mitos, lendasou relatos orais, sefa por meio de documentos escritos, imagens ou monumentos, cada sociedade preserva 0 passado de alguma ma- neira, Essa memoria, que é constituida dos vestigios

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