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Capit GENETICA DA INTERACAO PATOGENO-HOSPEDEIRO Luis E. A. Camargo 6.1 INTRODUCAO, O conhecimento de que a resisténcia a patégenos é uma caracteristica hereditéria de mais de 100 anos. Foi R.H. Biffen, em 1905, quem primeiro relatou 0 modo de «a da resisténcia a Puccinia striiformis, causadora da ferrugem amatela em trigo. O verificou que a progénie F,, resultante do cruzamento entre uma linhagem resistente suscetivel, segregava na propor¢ao de 3 plantas resistentes para uma suscetivel, ente como previsto pela primeira lei de Mendel que explica casos de caracteristicas adas por apenas um gene dominante. Anos mais tarde, HH. Flor publicou uma série de artigos a partir de 1942 onde isou a segregacao da resisténcia em linho ao fungo Melampsora lini. Diferente de Biffen, entanto, Flor foi além e, além de estudar o hospedeiro, estudou também o patégeno, do a conclusao que uma parte da variagao observada em resisténcia entre plantas uma espécie vegetal se deve a variagOes no patégeno. Outra parte, como discutido no itulo 7 - Ambiente e Doenca -, se deve a condicdes ambientais. Os trabalhos de Flor resumidos em uma teoria, discutida em mais detalhes adiante, conhecida como ‘ia Gene-a-Gene. Com isto em mente, nota-se que 0 conceito de triangulo da doenga visto no itulo 3 — Conceito de doenca, sintomatologia e diagnose -, é, na verdade, mais iplexo. Lé, viu-se que a doenga resulta da interacdo entre hospedeiro, pat6geno e jiente. Na verdade, levando em conta que tanto patégenos como hospedeiros variam ficamente, entao a doenca resulta da interagao entre genotipos do hospedeiro com: \tipos do patégeno, tudo isto controlado por variagdes ambientais. Uma implicagao ica disto surge de pronto: quando se avalia a resistencia, ¢ necessdrio conhecer o nivel distribuicdo da variabilidade genética do pat6geno. Parece simples dito desta maneira, que muitas vezes nao est disponivel, é 0 que garante o sucesso Jhoramento. Basta tomar como exemplo a epidemia de este conhecimento, fracasso de um programa de me plantas ~ 0 desconhecimento das bases genéticas da ~ Importancia das doengas de lade do fi ie foi determinante para o desastre. acidade do fungo em causar doenga 6.2 RESISTENCIA DE PLANTAS A PATOGENOS si é hospedei 6.2.1 Resisténcia de ndo-hospedeiro e de he ; Quando analisa-se a ocorréncia da resisténcia genética em plantas, a ee o importante de que, na natureza, doenga é a excegio ¢ nao a nara Expl ee grande ntimero de fitopatégenos existentes na natureza, apenas pequent 9 ; tt ——$——$—$—— ne Je causat doenga em uma dada espécie vegetal. De fato, consid, apaz de ca & Copper (2004) que aponta para a existéncia de 1.000, aa ie ftoparasitas (virus exclusdos) e, por exemplo, olhando-se © capita dee eins pit nana referente a doencas do feijociro, nota-se que deste ga, segundo volume deste maori eae cultura a ponto de causar aaneeats Me mimero de parasites Pe canto disto € que as plantas possuer resisténia 3 a a s). 2 ee facies microrganismos. Em fitopatologia, este termo é woe Como imunidade 9, vinda imunidade inata ¢ os mecanismos que garantem esta condi¢ao sdo denominaiy, cde mecanismos de resistencia de ndo-hospedeiro. Mecanismos de resistencia de nao-hospedeiro sao conservados do ponto de visa evolutivo ¢ incluem mecanismos estruturais, como espessura da cuticula e controle dy movimento dos est6matos, que podem servir como barreiras fisicas aos microorganismos, mecanismos bioguimicos, como a producao de compostos téxicos aos microorganismos, como as saponinas ¢ compostos fendlicos. O capitulo 35 — Fisiologia do parasitismo: como as plantas se defendem — trata em maior profundidade dos varios mecanismos de defesa das plantas. Se por um lado imunidade é a regra, como explicar o fato de que plantas ficam doentes? Obviamente, um pequeno numero de microrganismos desenvolveu mecanismos de contra-ataque, que permitem “quebrar” a resisténcia de nao-hospedeiro e assim s¢ tornaram fitopat6genos. A vantagem em se tornar um fitopatégeno esté no fato de, do Ponto de vista nutricional, a planta representar um oasis para microorganismos, onde ‘Se encontram nutrientes (sais minerais, agticares e aminoacidos) e um abrigo contra 05 Migores da natureza (variagdes em temperatura e umidade, por exemplo) e também contr’ ‘outros microrganismos. Assim, do ponto de vista adaptativo, desenvolver mecanismes ‘Sue possibilitam ocupar este nicho é extremamente vantajoso. , foe dito, a transformagao evolutiva de um microorganismo em um patéget? ‘xige o desenvolvimento de mecanismos capazes de “quebrar” a resisténcia de 4” hospedeiro, Assim, i MANUAL DE. FIToPA’ fracio é ¢ se a estimativa de Holub eo ks se por um lado as plantas Possuem varios mecanismos de resistén“ igual os agora fitopatdgenos possuem varios mecanismos de ataque, desctit® como os patégenos atacam as plantas >° no Capitulo 34 - Fisiologia do parasitismo; Cuticula € estomato, por exemplo, gue as degradam (cutinases) ou gi estomatos, deixando-. P spécies fuin, E lotrytis cinerea. O tinico relato da pela bacteria no estomane ecient eteobriurse que esta toxina, quando se" gral ‘umero de bactérias que, a partir dat, cc net Petmitindo a entrada de ums » Colonizam a Planta, "4 aoe Generics INTERAGAO PATOGENO-HosPEDEIRO No caso de compostos téxicos como as saponinas, alguns patdgenos produzem enzimas que 0s degradam, detoxificando o nicho vegetal ocupado pelo microorganismo, possbilitando a colonizagao do tecido. Saponinas sio compostos produzidos em grande quantidade por varias espécies vegetais (o nome da familia botanica Sapindaceae deriva do fato de suas espécies produzirem seiva que contém saponinas) que protegem a planta primariamente contra herbivoros, j4 que possuem gosto nente cr amargo. No entanto, saponinas também sao toxicas para alguns fungos, como Gaeumannomyces graminis, que infecta gramineas. Este fungo ataca as raizes do trigo (a doenga se chama mal-do-p. ataca aveia, pois trigo nao produz uma saponina denominada avenacina, Mas esta nao é uma verdade que se aplica a todos os indi é,), mas nao mas a aveia sim. iduos da espécie, pois existem variantes de G. graminis que sao capazes de atacar tanto o trigo como a aveia, sendo denominados de G. graminis var, avenae, Eles diferem dos individuos que s6 atacam trigo (G. graminis var. tritici), pois produzem a avenacinase, uma enzima capaz de modificar a estrutura molecular da avenacina produzida nas raizes da aveia, tornando-a menos. toxica. Em suma, uma vez. que uma espécie de microrganismo consegue vencer as barreiras deresisténcia da planta nao-hospedeira, ela se torna um patégeno de determinada espécie vegetal, que, por sua vez, agora é denominada de hospedeira. Portanto, o conceito de patogeno e de hospedeiro se aplica em nfvel de espécie, mas isto nao quer dizer que um dado patogeno ataque somente uma espécie hospedeira ou, ao contrario, que uma hospedeira sé seja suscetivel a um patégeno. O fungo causal da ferrugem do eucalipto Puccinia psidii ataca nao apenas Eucalyptus grandis, mas também outras espécies de eucalipto e até mesmo outros géneros de mirtaceas, como a jabuticabeira (Myrciaria) e 0 jambeiro (Syzygium). P. psidii pode ser considerado um patégeno polifago, pois parasita muitas espécies vegetai Porém, inoculando-se varias plantas de E. grandis com P. psidii nota-se que existe variacao entre plantas com relacdo ao grau de infec¢ao pelo fungo. HA plantas onde os sintomas €stéo completamente ausentes, em outras notam-se ainda pequenas pontuagdes de tecido ‘orto (necrose) ou lesoes pequenas circundadas por um halo amarelecido (clorético), mas onde o patégeno nao se reproduz bem (evidenciado na baixa quantidade de esporos Que o fungo forma na lesao) e, finalmente ha plantas severamente atacadas com lesoes maiores, com grande quantidade de esporos amarelados (dai o nome ferrugem) que, POs certo tempo, acabam matando o tecido e deformando a folha e Famos tenros. Estas Plantas tém seu desenvolvimento comprometido e acabam sendo suprimidas pelas plantas Vinhas devido & competigao por luz. Conclui-se, portanto, que plantas sida nas hospedeira variam quanto aos seus niveis de resisténcia, também chamada de resis ‘chospedeiro, 6.2.2 Resistencia de hospedeiro: qualitaiva ou quantitativa Quando cruza-se uma planta resistente com uma suscetivel e ceuiouiteataa de individuos da progénie resultante do cruzamentos eee nota plantas com “tribuicao: discreta ou continua (Figura 6.1), No primeio ae nenhum sintoma ou Us intermediarios de resisténcia, isto é, ou elas Dir aay essai “Pens lesdes necréticas e pequenas, ou elas mostram sinto! 121 MANUAL DE FIToPATOLOGIA —_—_—— ado “tudo ou nada’, ondea planta sem sintomas € chamada de reg, 1 otivel Devido ao seucarater discret ede facil reconhecimes st tipo de resisténcia € chamado de resistencia qualitativa. Jé no segundo caso, not Tt distribuicao continua de graus de resistencia entre as plantas da progénie, indo ase stiveis. £ a chamada resisténcia quanti Plant altamente resistentes até altamente susc para diferenciar uma planta da outra em termos de sua resisténcia ao patégeno ¢ quantificar os sintomas que cada uma apresenta. Neste espectro, serao encontradas. altamente resistentes, medianamente resistentes e pouco resistentes, ou sis fica claro que as defines do que € uma planta resistente ou suscetivel sio pa si; pois representam um espectro de respostas dentro de uma mesma escala. aan ftopatologistadefinirum grau de resistencia que sea ttl, ou seja,capaz de rent a dedoeng no campo em un aie satsfatrio, Anda no caso deste tipo de ee distinguir uma planta resistente de uma suscetivel na pratica fica clara a ne aay medir o grau de sintomas apresentados por elas. A quantifica¢ao de sintom: a co or sua vez, nao ¢ trivial, existindo até uma especializacao da fitopatologi i a patometria (ver Capitulo 33 - Fenologia, patometria e quantificagao de fi ie conhecida como acom sintomas, de Frequéncia NN 12 945678 9101 Figura 6.1 - Distrib Classes de niveis de Resisténcia 1 ~ Distribuicao fenoti sociada: i Diode as: 8, respectivamente, pica descontinua (A) e continua (B), geralmente com resisté: sisténclas monogénica e poligénica. qualitativa i Esta é uma das pone iativa Perguntas que @ representam sis iferentes? patigeno-hospece is ate vem dominando o cenér ae ceiderea POsta parece ser nao; estes A PH, seni da a q 10s de resistencia sao expres a x GENETICA DA INTERAGAO PATOGENO-HosPEDEIRO de percep sao, pois se a planta perceber o Patégeno, resultado serd a auséncia de doenga, Por outro lado, se entaoa infeccao tera sucesso e 0 patégeno ira colonizar Em outras palavras, 0 reconhecimento ou ocorte ou senga de sintomas ou nao, @ infecg4o nao se completard e 0 a planta nao perceber o patogeno, a planta, resultando em sintomas. nao ocorre e isto é traduzido na pre : a0, 0 que € a caracteristica da resisténcia qualitativa. Estes genes de reconhecimento so bem estudados e so denominados de genes “R”. Se por outro lado 0 patégeno conseguir driblar o sistema de reconhecimento conferido pelo gene R da planta (ou ainda infectar uma planta sem gene R), entao ele eSusdgiiel se estabelecer e colonizar a planta em maior ou menor grau, 0 que caracteriza a resistencia quantitativa. Neste caso, a diferenga em niveis de resisténcia quantitativa entre plantas que nao possuem genes R efetivos seria devida a diferencas nas constituicdes alélicas dos varios genes envolvidos na resposta da planta ao Patégeno, cujos efeitos somados se craduziriam em maior ou menor quantidade de doenca. 7 i Boxe 6.1 - MAMPs e MIMPs: Como as plantas percebem os patogenos? 1s um dos t6picos mais interessantes no estudo das interagdes entre plantas e patégenos diz respeito aos mecanismos pelos quais as plantas percebem o ataque de um patégeno através dos genes R. Existem dois mecanismos bem conhecidos (Figura planta reconhece uma molécula do patégeno (ou um “padrao molecular microbiano”, também chamado de MAMP, do termo inglés “microbe associated molecular pattern”), como por exemplo uma toxina usada para atacar a planta, através de receptores moleculares especificos para esta toxina ou ainda a planta reconhece a alteragao em uma de suas moléculas que ocorre em fungio do ataque do patégeno. O primeiro modelo é semelhante a um modelo chave-fechadura, onde a molécula do patégeno (chave) se encaixa no receptor da planta (fechadura) ¢, havendo o encaixe, o sistema de defesa da planta é acionado. A interagao entre a protefna avr-Pi-ta do fungo Magnaporthe grisea eo gene de resistencia qualitativa Pi- ta de arroz se comporta desta maneira, Curiosamente, este modelo também ocorre em mamiferos ¢ em insetos, havendo semelhangas na estrutura e funcionamento dos receptores. Um exemplo do segundo modelo seria o reconhecimento, por parte 2 planta, de oligomeros de pectina liberados pela degradacao da parede celular em funcao do ataque de bactérias pectoliticas como Pectobacterium earotovordie Por exemplo. Este mecanismo seria igual a um sistema de vigilancia interna (por isto denominado modelo “guarda”), onde o estado da planta € monitorado por genes R por meio de alguns sinais bioquimicos gerados ou alterados quando o pat6geno i éreconhecido nao é um MAMP e sim tenta se estabelecer na planta. Como aqui 0 que r deka tvolecilen uma molécula do proprio hospedeiro, esta ¢ denominada de um pa « ir (lar pattern”. induzido por mierébios ou MIMP, do inglés “microbe-induced molecular Pa f 173, R.R. Nelson Vale mencionar que a ideia deste modelo nao é Bas BO a ae pete artiscado 0 palpite que genes que controlam resin Oe etapas “tapas iniciais da infecgao, ao passo que 08 de resistencia quantitativa lavia 123, MANUAL DE FITOPATOLOG]A, ————e posteriores de colonizagio ¢ reprodugio do patégeno (Nelson, 1973). Fica claro que um gene que atua na fase de reconhecimento exerce um efeito marcante no fen6tipo, 0 reconhecimento ou ocorre ou nao ocorre ¢ isto é traduzido na Presenca de sintomas oy nao (resisténcia qualitativa). Ja um gene situado em uma etapa posterior na ramificada vig metabslica de defesa apresentaria um efeito mais discreto, pois, neste caso, resisténcia seria 0 resultado dos efeitos coletivos de varios genes pertencentes a esta via. Figura 6.2 - Modelo de interacées planta-microrganismo. Mecanismos passivos, pré-existentes, atuam como barreiras constitutivas contra alguns ndo-patgenos. No caso de patogenos avirulentos e alguns nio-pat6genos, o hospedeiro reconhece 0 microrganismo, o que re- sulta na ativacao do sistema de defesa. Patogenos virulentos conseguem passar desperce- bidos por estes mecanismos ¢ infectam a planta. No entanto, mesmo neste caso o sistema de defesa também é ativado, porém em menor intensidade ¢ velocidade. c at ve Figura 6.3 - Modelo “chave-fechadura” Jar microbiano produzido por um pati um gene R. O reconhecimento, receptor da hospedeira, resulta na ativagao do sistema de defesa da planta ¢ o resultado é uma reacdo incompativel D ' que ilustra 0 reconhecimento de um padrao molecu- ‘geno avirulento que é reconhecido pelo produto de Tepresentado na figura A pelo encaixe do MAMP e de seu |, ou de resisténcia. Nos outros casos, o reconhecimento nao ocorre nao produz o MAMP ea planta néo possui (B) ou possui o gene R (Ch ou. patogeno produz o MAMP, mas a planta néo possui o gene R correspondente (D). Seja porque o patogeno 124 —_ R P GENETICA DA INTERAGKO PATOGENO-HosPEDEIRO 6.2.3 Visao integrada da resisténcia Tomando em conjunto 0 que foi discutido até agora, sobre 0 sistema de defesa da planta como o de um sistema cujas porém sobrepostas (Holub e Cooper, 2004; Figura 6,2 entra em contacto com uma planta e tenta infecté-la, ele encontra uma primeira barreira, generalista, que corresponde aos mecanismos de resistencia de ndo-hospedeiro, Patogenos conseguem vencer esta barreira e ai podem encontrar uma segunda barreira de aa jue éativada quando a planta reconhece 0 patégeno, Neste caso, o Patégeno nao ae colonizar a planta ¢ o resultado € a resistencia qualitativa. Caso esta segunda barreira a for ativada, seja porque a planta nao apresenta o gene R de reconhecimento, seja porque © patogeno consegue “driblé-lo” (como discutido adiante), entao comeca o proceso doenga. Porém, mesmo neste caso, também hé a ativagao de genes de defesa, embora mais tardiamente ¢ em menor intensidade, e 0 resultado pode ser mais ou menos doenca, dependendo da constituicao genética do hospedeiro. Pode-se formar uma visao Tespostas sdo estratificadas, ). Quando um microrganismo 6.3 RESISTENCIA SISTEMICA ADQUIRIDA E RESISTENCIA SISTEMICA INDUZIDA Na metade do século passado, varios pesquisadores se dedicaram ao estudo de um fenomeno muito curioso. Ross (1961), por exemplo, inoculou folhas da porgio baixa de plantas de tabaco com 0 virus do mosaico do tabaco (TMY) ¢ notou lesées locais tipicas causadas pelo virus, como era de se esperar. No entanto, ao inocular uma segunda vez a mesma planta, s6 que em sua por¢ao mais alta, percebeu que as lesdes foram bem menores que as produzidas na primeira inoculacao. Os resultados sugeriam que a primeira inoculacao tinha induzido um mecanismo de resisténcia na planta com reflexos na segunda inoculacao. Além disto, este mecanismo deveria ser sistémico, por ter se manifestado em um local da planta diferente daquele inicialmente inoculado. O fenédmeno passou entio a ser chamado de resisténcia sistemica adquirida, também conhecida pela abreviacao SAR, do inglés systemic acquired resistance. Estudos posteriores mostraram que, além do cardter sistemico, a SAR tem um efeito duradouro, podendo persistir por semanas ou mesmo até o final da vida da planta. Além disto, seu efeito € inespecifico, ou seja, a inoculacdo com um patdgeno pode proteger nao somente contra ele mesmo, mas também contra outros patégenos. Hoje, sabe-se que a SAR pode ser induzida por vérios estimulos €nao s6 apenas por patégenos. Parece ser uma resposta generalizada da planta a qualquer agente de estresse, até mesmo a um agente de natureza abidtica, . A indugao da SAR é mediada por uma de duas vias hormonais das plantas: a via do {ido salicilico (Boxe 6.2 ) ou a via do Acido jasmOnico e etileno (Figura 6.4). Quando a Via do acido jasménico é acionada, o fendmeno recebe a nome de reelaténcia\ sistémica induzida (para mais detalhes ver 0 Capitulo 35—Fisiologia do parasitismo: como. pias Se defendem dos patogenos). A ativagao de uma ou outra via depende do. corn in ate ©a relacdo entre a natureza do agente indutor ea via induzida ainda é motivo de estu ce Grosso modo, a primeira via ¢ induzida por agentes biotrOficos, ao passo qu a segunda © induzida por agentes necrotr6ficos ou que causam danos celulares intensos, como ° i tigadores. No entanto, esta é uma grosseira caso dos danos causados por insetos mastig: 125, MANUAL DE! FITOPATOLOG1\) —————$———<—<$=<— crm generalizagio, uma vez que bactérias que vivem associadas ao sistema radicular das plan (rizobactérias) e que ndo causam necrose de tecidos induzem a via as icido jasmomieg) etileno e nao a do dcido salictlico, Estas vias, por sua ver, ativam uma série de genes que g, uma maneira ou outra esto envolvidos com as respostas de resisténcia. Varias delas £8 comuns is respostas que ocorrem em gendtipos com resisténcia qualitativa ou quantitatiya Neste caso, portanto, a SAR, originalmente vista como um mecanismo independente de resisténcia, hoje € vista mais como uma resposta integrada da resisténcia de plantas 4 patégenos, seja esta qualitativa ou quantitativa. Em outras palavras, a SAR corresponde aum olhar diferente da manifestacao da resisténcia, que leva em considera¢ao o tempo (apés a inoculagao) e 0 espago (em relacao ao local da inoculagao) da resposta da planta, Boxe 6.2 - Acido salicilico em plantas? ‘océ provavelmente conhece o Acido salicilico quando vai a farmdcia comprar a Wis (que é 4cido acetilsalicilico, uma forma mais estvel) e pode ter ficado surpreso ao saber que este composto ¢ produzido por plantas. De fato, a origem deste farmaco baseia-se no conhecimento antigo do uso da casca da drvore Salix (salguei- To) para o tratamento de dores e febres. Hipécrates, considerado o pai da medicina € que viveu na Grécia por volta de 400 A.C. j prescrevia a casca desta érvore como medicamento, mas foi somente em 1897, na Alemanha, que o dcido acetilsalicili- 0 foi desenvolvido para uso terapéutico. Hoje a ideia de que “uma aspirina resolve qualquer problema’ se deve ao amplo uso desta droga para o combate nao apenas de dores e febres, mas também para combater riscos de doencas cardiovasculares, i 9 Imetoe Patogenos necratrficos Figura fa ~ Resisténcia sistémica adquirida mediada pelas vias hor- monals do Acido salicilico ou do acido jas ménico/etileno. A ativacao destas vias depende do tipo de estresse. wea 126 SSS é Bs : GENETICA DA INTERAGAO PATOGENO-HOSPEDEIRO Por todas estas caracteristicas (sistemicidade, SAR desperta muito interesse no que diz respeito ao achar uma forma de ativar a SAR que nao envolva ir ébvios), de modo a deixar a planta em “estado de alert durabilidade e inespecificidade) a controle de doencas, A ideia é a de nocular um patégeno (por motivos ta’, com um nivel alto de resisténcia antes de um ataque. Estudos mais aprofundados levados a efeito nas duas tiltimas décadas contribufram sobremaneira para o desenvolvimento desta ideia. Surgiu dai uma nova classe de produtos quimicos que jé conta com produtos comerciais. Entre estes temos ‘os de natureza inorganica como os fosfitos ¢ fosfatos, os organico-sintéticos, como o 4cido beta aminobutirico (BABA), BTH (benzothiadiazole ou acibenzolar S-metil) e 0 probenazole (benzisothiazole), e os de origem natural, como quitina, quitosana, harpina (proteina produzida pela bactéria fitopatogénica Erwinia amylovora). O grande apelo deste género de produtos é que eles nao sao téxicos ao ambiente, por atuarem diretamente na planta e nao na microbiota. 6.4 TOLERANCIA DE PLANTAS A PATOGENOS Plantas suscetiveis apresentam niveis mais elevados de sintomas que as resistentes. Em adic¢ao a isto, também apresentam redugdo em produtividade em fungao do nivel de ataque do patégeno, como mostra a Figura 6.5, que relaciona niveis de sintomas em plantas individuais no eixo das abcissas (x) com as respectivas redugées em producdo no eixo das ordenadas (y). Nota-se uma clara relacao entre niveis de sintomas e produtividade: quanto maior os niveis de sintomas, maiores as redugées. No entanto, na figura notam-se plantas que fogem a este comportamento, ilustradas pelas plantas 1 e 2, pois embora apresentem niveis elevados de doenga, nao sustentam niveis elevados de reducdo em producdo. Diz-se que estas plantas sdo tolerantes em rela¢ao as outras que sustentam niveis semelhantes de sintomas, como por exemplo, as plantas 10, 15, 16, etc. Assim, tolerancia é definida como a capacidade inerente ou adquirida de uma planta em suportar a doenga sem consequéncias significativas em sua producao. Note que uma planta tolerante ndo é resistente, pois nao possui a habilidade de prevenir 0 estabelecimento e restringir a colonizagao do patégeno. Na aparéncia, uma planta tolerante nao se distingue de uma suscetivel. Para fazer a distingao, é necessdrio comparar Suas producoes. ‘ A natureza fisiolgica da tolerancia nao é bem conhecida, mas sabe-se, no entanto, que em varios casos esté sob controle genético. Os mecanismos de tolerancia esto associados a peculiaridades fisiolégicas nao diretamente ligadas as respostas ao ataque de Pat6geno, ao contrario dos mecanismos de resisténcia. Assim, uma planta pode tolerar 0 @taque de um patégeno foliar por compensar a perda de area fotossintetizante oul uma melhor capacidade de reenfolha derivada de ee ee mais vigoroso. O mesmo mecani io se aplica a doenga de raizes. : De iciea ai seme como mecanismo de controle de ee bn! a ee limitacio de nao afetar a reprodugao do patégeno, permitindo o aumento do in i di i 1s locais onde variedades tolerantes campo. Assim, para patogenos de facil disseminagao, o io. cjuelpedovenasbennttita $0 cultivadas tornam-se verdadeiros reservatorios de in6culo, que P i destes. Para regides ou cultivos vizinhos e comprometer a sanidade 127 128 MANUAL DE FITOPATOLOGA, == on 022 19 010 of +0} Redugao na Produgao (%) Of 02 08 04 05 00 07 08 09 19 1A 12 18 Severidade da Doenga Figura 6.5 - Representacdo hipotética da reducdo da produgio causada por uma doenca em diferentes variedades de uma cultura. Variedades que mostram pequena Teducao na producéo, mesmo sob elevada severidade de doenca séo denominados tolerantes. Por outro lado, aqueles com elevada reducao na producao mesmo sob bbaixa severidade de doenga séo denominados sensiveis, Para detalhes ver texto. 6.5 ESCAPE Segundo 0 conceito do tridngulo da doenga, para que a doenga se desenvolva é necesséria a coincidéncia de um hospedeiro suscetivel com um patdgeno virulento, A suscetibilidade e a patogenicidade so governadas tanto pelo potencial genético das partes como pelas suas condicoes fisiolégicas, moduladas pelo ambiente. Assim, a coincidéncia de condicées criticas tanto ao hospedeiro como ao Patégeno € o fator que governa a magnitude da doenca. Algumas variedades vegetais apresentam caracteristicas fisiolégicas ue resultam em um descompasso nesta coincidéncia e conseguem, desta maneira, reduzit © impacto da doenca. E como se a planta “escapasse” do Patégeno, dai o termo escape. Algumas variedades precoces de trigo, por exemplo, sustentam menor quantidade de ferrugem em dreas onde a doenca ocorre tardiamente no ciclo da cultura. 6.6 PATOGENICIDADE DE MICRORGANISMOS A PLANTAS Na visio integrada da resistencia a Patogenos podem “driblar” conhecidas duas maneiras pel ‘presentada anteriormente, foi dito que os s mecanismos de resistencia de hospedeiro, Hoje S40 1 a8 quais isto pode acontecer: o patégeno se “disfarga” para Suet sex -reconhecido pela planta ou cle “sabota” seu sistema de defesa. No Boxe 6 telatou-se que plantas reconhecem padroes moleculares microbianos (MAMPs) ¢ 4¥¢ sste reconhecimento é o evento chave que ativa o sistema de defesa (exemplos de MAMPs estdo descritos no Boxe 6,3). Desta forma, uma primeire estratégia, a do “disfarce’, sti alterar este padrao, {importante eslarecerqus estas esraléiasdestaque nos ndridea pclae mas sim que so preexistentes na natureza, ‘ criadas através da mutagao, e posterior selecionadas como resultado de uma pressio de elegao exer ite pelo: ee ddohospedeto-E muito importante entender estes mecanismos de Co-evolucao patégeno x hospedeiro, pois SS OENETICN DN INTERAGAO PATOGENO-HosPEDEIRO conhecimento tem implicagoes diretas na prati nica variedade possuidora de um tinico gene R. Esta condigao de homogeneidade genética gera uma grande pressio de selecao na populagdo do patogeno, que por sua vez resulta no gumento da frequéncia de individuos que ou no sio reconhecidos pelo gene R ou conseguem aboté-los; como resultado, tem-se o temivel fendmeno da “quebra da resistencia” Ein alguns patossistemas, como no caso das ferrugens dos cereais, a quebra da resisténcia é quase uma consante ¢ para mitgar seus efeitos énecessério o emprego de algumasestratéyas ce manejo genstico, como discutido no Capttulo 15 - Controle genético, Boxe 6.3 - Padrées moleculares microbianos e moléculas efetoras 4 lomo exemplos de padrdes moleculares reconhecidos por genes R ha, no caso de bactérias, a flagelina, os lipopolissacarideos (lipoglicanos) e o fator de elon- gagao Tu. Flagelina € uma proteina helicoidal indispensavel para a montagem do fiagelo bacteriano. Jé os lipoglicanos sao grandes moléculas que fazem parte da es- trutura da membrana celular externa presente em bactérias Gram-negativas. Por fim, 0 fator de elongacao Tu é uma molécula envolvida no proceso de traducao de proteinas pelo ribossomo. No caso de fungos, exemplos de padrées moleculares si0 a quitina e os heptaglucosideos, que so componentes da parede celular. Ja moléculas efetoras sao direcionadas para alterar a atividade ou expresso de genes do hospedeiro que desempenham papel central no sistema de defesa, promo- vendo assim o desenvolvimento do patégeno. Muitos efetores so produtos dos genes avr, discutidos no t6pico a seguir. No caso de bactérias, a maior parte do conhecimen- to destas moléculas ainda se restringe As bactérias Gram-negativas. Como exemplo, hé os efetores de Pseudomonas syringae codificados pelos genes avrRpntl e avrB que interagem com o gene RIN4 de Arabidopsis, que por sua vez ¢ responsdvel pela ativa- sao do sistema de defesa da planta. J4 em fungos, existem pelo menos dois tipos de efetores: aqueles que bloqueiam a secrecao de moléculas antimicrobianas produzidas pelo hospedeiro, como as enzimas glucanase ¢ quitinase voltadas para a degradacio da parede celular fingica, ou ainda aqueles que ndo suprimem a secregio, mas desati- vam estas moléculas apés sua produgio. Como exemplos deste tipo, cita-se o produto do gene avr4 de Cladosporium fulvum, que inibe a producio de quitinase em tomate e também de uma extensa familia de inibidores de proteases em Phytophthora infestans ue inibem a aco de enzimas que degradam proteinas no apoplasto da planta. Uma ver vencidas as barreiras iniciais impostas pelo hospedeiro, ee es Poderd dar inicio ao processo de colonizagao. Para tal, lana mao de varios ee escritos em detalhes no Capitulo 34 - Fisiologia do parasitismo: ee ire e Es “cam as plantas, A colonizagdo poderé se dar em maior ou bya ea sara “™ patégeno mais ou menos agressivo e respectivamente em um us ee Mais Tesistente), dependendo da interagao entre estes Paes is aA aaeaeeetS “ta. A resposta final dependera em muito da reonistinuisao a Baa ereea ‘mo do hospedeiro nos varios genes que participam desta in 129 MANUAL DE FITOPATOLOGIA a 6.7 A TEORIA GENE-A-GENE DE FLOR E A INTERACAO, PLANTA X PATOGENO A Teoria Gene a Gene de Flor, mencionada no inicio do capitulo, foi Propostg metade do século passado e, por muito tempo, foi de grande importancia na fitopatolog: pois serviu de base para a elaboragaio de modelos teéricos que propunham interpretar en nivel molecular as interag6es entre patégenos e seus hospedeiros. Por isto, até hoje a teorig € ponto de partida aos que se iniciam nesta drea. Em uma extensa série de experimentos iniciados em 1942 com o patossistem, linho-Melampsora lini, Flor postulou a existéncia de uma relac4o um-a-um entre gene, de ataque e de defesa, respectivamente no patégeno € no hospedeiro. Para chegar a estg conclusao, Flor partiu de um procedimento experimental simples, se bem que trabalhoso, Primeiro, 0 autor levou em conta que isolados de Melampsora lini, um fungo pertencente a0 grupo das ferrugens, variam com relagao a capacidade de causar doenga em variedades de linho a ponto de um isolado causar doenca em uma variedade, mas nao em outra, Quando isto acontece, diz-se que os isolados pertencem a racas distintas (Boxe 6.4), Boxe 6.4 - Estadios de variacdo em fitopatégenos: terminologia termo raca definido no texto é usado para designar variantes de uma espécie fitopatogenica (bactérias, fungos e nematéides) que causam doenga em uma variedade de uma espécie de hospedeiro, mas nao em outra. Em virologia, o termo equivalente é “estirpe”. Em qualquer caso, os termos se referem a especificidade em nivel intra-especifico. Por exemplo, a raca 1 de Podosphaera xanthii, agente causal de oidio do meloeiro, é virulenta nas variedades Hale’s Best Jumbo e Védrantais mas avirulenta em Edisto47 e PMR4S. A especificidade, no entanto, pode se dar também em nivel inter-especifico e, neste caso, usam-se os termos forma specialis (abreviatura: f sp. plural: formae speciales) para fungos ou patovar (abreviatura: Pv.) para bactérias. Como exemplo, tem-se Blumeria graminis, um fungo biotréfi- ©o que causa ofdio em diversas espécies gramineas, Dentro da espécie, nota-se um alto grau de especializagao em relagao a espécie hospedeira (nivel inter-especifico)» cxistindo formas especiais que sao patogénicas somente em trigo, aveia, cevada ou centeio. Assim, estas formas, muito embora nao apresentem diferencas morfolé- Bicas entre si (ou se existem sao minimas) so agrupadas, respectivamente em B. Sraminis . sp. tritici, B. graminis f sp, avenae, B, graminis£ sp. hordei ¢ B, graminis Paes sora bactérias seria Pseudomonas syringae pv. pisi ea Secrets y 's2e Pv syringae, patogenica a feijociro ¢ ameixeite on sraminis como de P. syringae vai além, ¢ inclui também eens. n Fass. Assim, por exemplo,individuos de B graminisf, sp rit ainda apresentam especializacdo com relacao as vari i i variedade fectam, com Preendendo miiltiplas racas, An Ha entdo realizou cruzamentos entre ragas do Patégeno e entre variedades d¢ tre analisou a seg a i il . ee '8r¢ga¢do dos tipos de reagdes conforme ilustrado nas Tabelas 6.1 € ease am iy A ETICA DA INTERAGAO PATOGENO-HosPEDEIRO ¢as22.¢24 apresentam reagdes diferenciais nas variedades Bombs a primeira raga causa doenga em Bombay (diz-se que é virulent, coo OHO GUE em Ottawa (diz-se que ¢ avirulenta em Ottawa), ¢ vice-versa se nn vombay) mas ndo cem individuos resultantes do cruzamento entre estas aoe Pabeaca ain ea propor¢ao entre isolados virulentos e avirulentos ficou ici rae coe aquela esperada no caso da segregacio de um tinico gene conformers nnn a wee del. Conclui-se, portanto, que a diferenga entre as racas quanto Avinnee nite ee” Hart 5 ‘irulencia em Bombay écontrolada por um tinico gene. De igual forma, outra centena de isolad r y cruzamento foi inoculada em Ottawa, com resultados semelhantes (Tabela 6.1), Een ae fe da Flor partiu para a andlise genética da resisténcia em Bombay e Ottawa, Plantas des a variedades foram cruzadas e a progénie F2 (resultante do auto-cruzamento do hibrido) foi inoculada tanto com a raca 22 como com a 24. No primeiro caso, foram encontrados 153 plantas resistentes e 41 suscetiveis, uma Propor¢ao nao estatisticamente diferente de 3:1,O mesmo ocorreu para a raga 24, para a qual 142 individuos mostraram-se resistentes ¢ 52 suscetiveis (Tabela 6.2). Conclui-se, portanto, que a resisténcia de Bombay e Ottawa as ragas 22 e 24, respectivamente, € controlada por um tinico gene. Neste exemplo, Flor se deparou com um caso de heranca monogénica, mas em outros cruzamentos, o nimero de genes envolvidos foi diferente. Nao obstante, em todos os casos o nimero de genes de resistencia da variedade a uma dada raga correspondeu ao mesmo mimero de genes de viruléncia na raga em questao. Destas observagGes resultou o enunciado original de sua Teoria, segundo a qual, cada gene de resistencia no hospedeiro encontra um gene complemen- tar no patégeno que lhe confere capacidade em causar doenca. Tabela 6.1 - ReacOes de viruléncia (+) e de aviruléncia (-) das racas 22 e 24 de M. linie frequéncias observadas e esperadas (1:3) de individuos F2 virulentos e avirulentos nas variedades Ottawa e Bombay.(Extraido de Flor, 1946) Frequéncia de individuos F2 Variedade Raga observada esperada 2 24 virulentos avirulentos__ vir-avir Ottawa th: - 32 101 33:100 105 33:100 Bombay ° + 28 i ‘bil dades Ottawa 6 téncia (R) e de suscetibilidade (S) das variedade CBee eae peonras esperadas (3:1) de india F2 resistentes e suscetivels as Fae 22e24deM. lini(extraido de Flor, 1947) “Frequéncia de individuos F2 asi observada esperada Gentes Suscetiveis _res:suscet ‘Ottawa Beary ice 53 al 145,5:48,5 2 g f 142 $2 145,5:48,5 4 R ilagao de uma explicagao A teora foi proposta na metade do século passado ae ¢ dos seus hospedeiros 4as bases moleculares das interagoes entre os Benes MANUAL DE FITOPATOLOGIA =o. = ee teve que aguardar varios anos. Hoje, sabe-se que os genes descritos por Flor correspon aos genes envolvidos na fase de reconhecimento do patdgeno, discutidos no Boxe genes do hospedeiro de Flor correspondem aos genes R e 0s do patogeno a0 genes ae codificam os padroes moleculares microbianos, coletivamente denominados de Benes de aviruléncia, ou avr (Boxe 6.5). 6.1.05 Embora amplamente divulgada, a teoria ndo se aplica a todos 0s casos. Hoje, sabese que a Teoria de Flor geralmente se aplica a casos de resisténcia monogénica, controlada por genes R, contra patégenos biotréficos, mas mesmo nestes casos, existem excegdes como ¢ o caso da resisténcia de Arabidopsis thaliana a Pseudomonas syringae. O gene de resisténgg RPMI, por exemplo, interage com dois genes diferentes da bactéria, denominados avrB ¢ avrRpml. Embora nao seja universal, a teoria fornece um modelo, que pode ser validado na Pratica. As tentativas de sua validagao tém gerado importantes informacoes sobrea genética das interagoes planta-patégeno. A teoria serviu de molde, por exemplo, para os modelos de interacao receptor-ligante e guarda, com reflexos no desenvolvimento de métodos de controle de doengas através da resisténcia genética, como é discutido no Capitulo 15 - Controle genético. Boxe 6.5 - Genes de aviruléncia em um patégeno? ie ‘ma pergunta frequente relativa a Teoria de Flor se refere ao termo de “gene ey: aviruléncia”. Afinal, qual a vantagem para um Patégeno em apresentar um gene de aviruléncia quando o correto seria apresentar genes de viruléncia? E sim- plesmente uma questéo de ponto de vista que pode gerar duvidas. Os genes do Pat6geno que interagem com os do hospedeiro sao, na verdade, de viruléncia (veja Boxe 6.3), mas somente quando na auséncia do gene R correspondente, Quando na Presenca do gene R, ao contrario, so reconhecidos Por este eo resultado é sua inca- Pacidade de causar doenga, ou aviruléncia, Esta tiltima situagao & a que foi utilizada para a denominacao desta classe de genes. 6.8 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Bent, A. & Mackey, D. Elictors, effectors, and R genes: the new paradigm and a lifetime supply of questions: Annual Review of Phytopathology 45: 17.1-17.38, 2007 Bitte) P. & Robatzek, §. Microbe-associated molecular patterns (MAMPS) probe plant immunity, Curreat Opinion in Plant Biology 10: 335-341, 2007, Flos, HH. Genetics of pathogenicity in Melampsora lini. Journal of Agricultural Research 73: 335-357, 1946 Flor, H.H. Inheritance of reaction to rust in flax. Journal of Agricultural Research 74:241-262, 1947. Holub, E.B. & Cooper, A. 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