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Aristdteles A politica Digitalizado com CamScanner Tilo original: LA POLITIQUE. Copyright © Presses Universitaires de France, pao texto ‘eo.aprelh crftico em que se basen esta reduc Copyright © 1991, Lioraria Martins Fontes Lida, ‘Sto Pro, para a presente edi, 1 edigio 1991 3¢ edigio 2006 Tradusio ‘ROBERTO LEAL FERREIRA Feita a parti da versdo francesa de Marcel Prélot Acompanhamento editorial LLuzia Aparecida dos Santos Re Dinarte Zorzanell da Sita Produsio grifica Geraldo Alves Paginacio/Fotolitos ‘Studio 3 Desenvolvimento Editorial Dados Intemacionais de Catalogacio na Publicagio (CIP) (Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Arist6teles A ppolitica / Arist6teles; tradugéo Roberto Leal Ferreira. — 3 ed, ~ Sio Paulo : Martins Fontes, 2006. ~ (Clssicos) Titulo original: La politique. ISBN 85-336-2523.2 1. Filosofia grega 2. Politica I. Titulo. Il. Série. 06-5919 cDp-320 indices para catdlogo sistemético: 1. Ciencia politica 320 Todos 0s direitos desta edicio para a Iingua portuguesa reservados a Livraria Martins Fontes Editora Ltda. Rua Conselheiro Ramalho, 330 01325-000 Sao Paulo SP Brasil Tel. (11) 3241.3677 Fax (11) 3101.1042 e-mail: info@martinsfontes.com.br http://www.martinsfontes.com.br Digitalizado com CamScanner INTRODUCAO Da Origem do Estado O Estado e seu Governo Como sabemos, todo Estado € uma sociedade, a es- peranca de um bem, seu principio, assim como de toda associa¢ao, pois todas as agdes dos homens tém por fim aquilo que consideram um bem. Todas as sociedades, portanto, tém como meta alguma vantagem, e aquela que éa principal e contém em si todas as outras se prope a maior vantagem possivel. Chamamo-la Estado ou socie- dade politica. Enganam-se os que imaginam que o poder de um rei ou de um magistrado de Republica s6 se diferencie do de um pai de familia e de um senhor pelo namero maior de stiditos e que nao ha nenhuma diferenga especifica en- tre seus poderes. Segundo eles, se tem poucos stiditos € um senhor; se tem alguns a mais é um pai de familia; se tiver ainda mais € um rei ou um magistrado de Republi- ca. Como se nao houvesse diferenca entre uma grande fa- milia e um pequeno Estado, nem entre um rei e um ma- gistrado de Repablica. A distingao seria que um rei go- verna sozinho perpetuamente, enquanto um magistrado de Reptiblica comanda e obedece alternadamente, em Digitalizado com CamScanner virtude da Constituiglo. Tudo i880, porém, € erg, ‘mo veremos ao examinar esta matéria segundg g | % do que usamos em nossas outras obras', ‘Como nao podemos conhecer melhor as coi postas do que decompondo-as e analisando-as 34; mais simples elementos, comecemos por detalhar °° 0 Estado e por examinar a diferenca das partes, ¢, Stn remos saber se ha uma ordem conveniente para ty cada uma delas. de A Formagao da Cidade Nesta como em qualquer outra matéria, uma eyo Jente atitude consiste em remontar a origem. £ prea. inicialmente, reunir as pessoas que nO podem pas. ‘umas sem as outras, como 0 macho e a fémea para ape ragio. Esta maneira de se perpetuar nao € arbiters no pode, na espécie humana assim como entre os a5, mais e as plantas, efetuar-se sendo naturalmente, £ a motua conservaglo que a natureza deu a um 0 conan. do e impés a submissio ao outro. Pertence também a0 designio da natureza que oy. mande quem pode, por sua inteligéncia, tudo prover ¢ pelo contririo, que obedega quem ndo possa contiby para a prosperidade comum a no ser pelo trabalho de ‘seu corpo. Esta partilha é salutar para o senhor e para 9 escravo. ‘A condigao da mulher difere da do escravo. A natu- reza, com efeito, ndo age com parcim6nia, como os arte. ios de Delfos que forjam suas facas para Varios fins; ela destina cada coisa a um uso especial; cada instrumento sn - ito que #6 tem 0 seu uso € 0 melhor para ela, Somente ete Gg birbaros a mulher € 0 escravo estdo no mesmo nivel. ‘assim, e88€S povos no tém 0 atributo que importa natu- ralmente 2 superioridade e sua sociedade s6 & composta ide escravos dos dois sexos. Foi isso que fez com que 0 acreditasse que 0s gregos tinham, de direito, poder sobre os bar- baros, ‘como Se na natureza, bitbaros e escravos se confundissem. ‘A principal sociedade natural, que € a familia, for- ‘mov-se, portanto, da dupla reuniio do homem ¢ da mu- ther, do senhor e do escravo. O poeta Hesiodo tinha ra- zo 20 dizer que era preciso antes de tudo ‘A casa, e depois a mulber eo boi lavrador, ja que 0 boi desempenha o papel do escravo entre 0s po- ‘pres. Assim, a familia é a sociedade cotidiana formada pela natureza e composta de pessoas que comem, como iz Carondas, © mesmo pio e se esquentam, como diz Epiménides de Creta, com 0 mesmo fogo. ‘A sociedade que em seguida se formou de varias ca- sas chama-se aldeia e se assemelha perfeitamente a pri- meira sociedade natural, com a diferenca de nio ser de todos os momentos, nem de uma freqdentacdo to con- tinua, Ela contém as criangas € as criancinhas, todas ali- ‘mentadas com 0 mesmo leite. De qualquer modo, tata-se dde uma colénia tirada da primeira pela natureza. ‘Assim, as Cidades inicialmente foram, como ainda hoje o sto algumas nagées, submetidas ao governo real, formadas que eram de reunides de pessoas que ji viviam sob um monarca. Com efeito, toda familia, sendo gover nada pelo mais velho como que por um rei, continuava a viver sob a mesma autoridade, por causa da consan- giinidade. Este é pensamento de Homero, quando diz: Digitalizado com CamScanner a \, tara si mesma, A Cada um, senbor absoluto de seus filbos e tg mulheres, Distribui leis a todos... Isso ocorria porque nos primeiros tempos as fa, viviam dispersas. E ainda por esta ra230 que toy, homens que antigamente viveram ¢ ainda vivem sop, dizem que os deuses vivem da mesma maneira, atibye do-lhes 0 governo das sociedades humanas, ji que imaginam sob a forma do homem. % Homem, “Animal Civico” Asociedade que se formou da reunito de visas 4 deias constitui a Cidade, que tem a faculdade de Se Bis, sendo organizada nao apenas para gp servar a existéncia, mas também para buscar o bemestar Esta sociedade, portanto, também est4 nos designios 4, natureza, como todas as outras que S40 seus elementos Ora, a natureza de cada coisa é precisamente seu fin: Assim, quando um ser é perfeito, de qualquer espécie que ele seja — homem, cavalo, familia -, dizemos que ele es nna natureza. Além disso, a coisa que, pela mesma rari, ultrapassa as outras e se aproxima mais do objetivo pro. posto deve ser considerada a melhor. Bastar-se a si mes. ma é uma meta a que tende toda a produgio da nature. za e € também o mais perfeito estado. £, portanto, evi- dente que toda Cidade est4 na natureza e que 0 homem | énaturalmente feito para a sociedade politica. Aquele que, or sua natureza € nao por obra do caso, existise sem | nenhuma patria seria um individuo detestavel, muito ac- ‘ma ou muito abaixo do homem, segundo Homero: Intros, Um ser sem lar, sem familia ¢ sem les. Aquele que fosse assim por natureza s6 respiraria & juctra, nao sendo detido por nenhum freio e, como uma ave de rapina, estaria sempre pronto para cair sobre os outros. Assim, o homem € um animal civico, mais social do que as abelhas ¢ 0s outros animais que vive juntos. A natureza, que nada faz em vdo, concedeu apenas a ele 0 dom da palavra, que no devemos confundir com os sons da voz, Estes sio apenas a expressio de sensagdes agra diveis ou desagradiveis, de que 0s outros animais si0, como nés, capazes. A natureza deu-lhes um érgio li tadoa este tinico efeito; n6s, porém, temos a mais, senao «xo conhecimento desenvolvido, pelo menos o sent \ obscure do bem ¢ do mal, do titil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a manifestagio dos quais nos foi principalmente dado 0 6rgio da fala. Este comércio da palavra é o lago de toda sociedade doméstica ¢ civil. (© Estado, ou sociedade politica, é até mesmo o pri- meiro objeto a que se propés a natureza®. O todo existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésti- cas €0s individuos nado sio sendo as partes integrantes da Cidade, todas subordinadas ao corpo inteiro, todas dis- tintas por seus poderes € suas fungdes, e todas intiteis quando desarticuladas, semelhantes 3s mios e aos pés que, uma vez separados do corpo, s6 conservam © nome ea aparéncia, sem a realidade, como uma mao de pedra. © mesmo ocorre com os membros da Cidade: nenhum pode bastar-se a si mesmo. Aquele que nio precisa dos ‘outros homens, ou ndo pode resolver-se a ficar com eles, ‘ou é um deus, ou um bruto. Assim, a inclinagao natural leva os homens a este género de sociedade. Digitalizado com CamScanner is. | A Politica. O primeiro que a instituiu trouxe-lhe o maior dos bens, Mas, assim como 0 homem civilizado é 0 melhor de to. dos os animais, aquele que nao conhece nem justica nem, leis € 0 pior de todos. Nao ha nada, sobretudo, de mais intoleravel do que a injustica armada. Por si mesmas, as armas e a forca sao indiferentes ao bem e ao mal: é principio motor que qualifica seu uso. Servir-se delas sem nenhum direito e unicamente para saciar suas paixdes rapaces ou liibricas é atrocidade e perfidia. Seu uso s6 € | licito para a justiga. O discernimento e o respeito ao di- reito formam a base da vida social e os juizes sio seus primeiros 6rgdos. Digitalizado com CamScanner CAPITULO IX Das Diversas Formas de Governo A Constituicio integral diz: 1° de quem e de que espécie de pessoas um Estado deve ser composto; y 2° como deve ser governado para ser feliz e flores- “ cente. . “Este segundo ponto de vista leva-nos naturalmente ao exame destas quest6es: ha apenas uma forma de governo ou varias? Se houver varias, quantas e quais so? Quais sao as diferengas entre elas? Comecaremos pelas formas justas. Elas nos permiti- rao imediatamente conhecer os excessos que as tornam injustas. Os Critérios Distintivos: Numero e Justica O governo é 0 exercicio do poder supremo do Esta- do. Este poder s6 poderia estar ou nas maos de um s6, ou da minoria, ou da maioria das pessoas. Quando o mo- narca, a minoria ou a maioria nado buscam, uns ou outros, sendo a felicidade geral, 0 governo € necessariamente justo. Mas, se ele visa ao interesse particular do principe Digitalizado com CamScanner A Plitica, ou dos outs chefs, hum desu Comm a todos oy, se 0 or ge Chamamos m i i jonarauia ‘que visa a este interesse cout focracia, aquele em ecracia, que ele & a denominacao tomada ou do fag qt ante S0%S a que 0 governo & confiadg 6M apeae mais honestas, ou de que elas sg 0 bem do Estado e de seus mem iB que a mulkidao governa para ; ulti a me também € comum a todos on eee Todos estes termos si0 bem ee iS mens excelem em mérito, Contyar ios. . Contudo, & poe melee ert | encontrem muitos homens eminenes ns £8 gt mt | ros, sobretudo na espécie de valor os, tar exige. Ele 56 pode ser adquirido area fk Assi, parte principal det Estado conic ie le guerra e seus primeiros cidac ome Pr 0s 0.05 qe pane Estas trés formas podem degenerar a monary’ tirania, a aistocracia em oligarquia, a replica en ge! mocracia, A tirania ndo é, de fato, senio a mMonargis voltada para a utilidade do monarca; a oligarquia, pa) utilidade dos ricos; a democracia, para autlidae dspe bres. Nenhuma das trés se ocupa do interesse pics | Podemos dizer ainda, de um modo um pouco dire, que a tirania é 0 governo despésico exercido por ume mem sobre 0 Estado, que a oligarquia represent og. verno dos ricos e a democracia 0 dos pobres ou ds pes soas pouco favorecidas. sae oc demacra, iso. A mi due Nao € Promo acidenes, um 8 a e muitos pobres. A €s- . fe a opal rndo deve, portanto, im- eo se distinga pela riqueza € a demo- ee “asi, quer formem a minora OU 8 seis, 008 rcs que comandam, seré sempre a oli- pi. soos pobres, a democracia. Mais uma vez, um acis0 muito raro que haja poucos pobres € muitos i Ms todos podem ser livres. Ora, a administragio 107 Digitalizado com CamScanner T_T Plt. da coisa piblica é disputada PE lencia, - " A causa de tantas espécies de f das diversas partes de cada Estado, fa so compostos de familias; que nestg 9°" Ficos, outros pobres € OUITOS est80 mune ig que entre os pobres ¢ 0s ricos Un eden das armas, outros permanecem civis; que cra Phe | que formam 0 que chamamos de povo yn, un Fes, outros mercadores, outros ainda anesigs Bras, dores manuais; que entre os prdprios nobres ¢, diferenga pela riqueza © extensio do puting 4 Permite a alguns deles, entre outras coisas, cry © que nao é facil para os de fortuna mediocre, “"*%, A oligarquia, por exemplo, estabeleceu-se tempos mais remotos em todos os lugares que tinhan cavalaria a sua principal forca, como os eretriangs, ay Cilcides, os magnésios do Meandro e varios Outros py. Vos asiiticos. Montava-se a cavalo para combater os x, migos dos arredores. Além das diferencas de riqueza, hd também as que io criadas pelo nascimento, pelo mérito ou por qualquer ‘utra prerrogativa. Dissemos no capitulo precedente quan- tas classes necessdrias h4 em todo Estado. Em alguns Es- tados, todas sio admitidas ou admissiveis no governo; em | Outros, $6 algumas sdo aceitas. Donde se segue que | ‘arias espécies de Estados, tio diferentes entre si quanto o So suas panes integrantes. Com efeito, sua Constitu io € semiio a ordem dos poderes ou magistraturas que ‘elas se distibuem a todos, ou entdo segundo a espécie ceualdade comum admitida quer entre os pobres, quer 5 Meos, quer entre ambos, Portanto, deve haver 10g —bwero -mas de governo quantas ordens estabelecidas ct eas superiordades, em qualquer género que for eo rd estas diferengas entre as partes integrantes. set e A Monarquia natural para tratar da monarquia, que colo- Bom cs grandes governos. Devemos dizer, inicial- «amos "66 ha uma espécie de monarquia ou se ha varias. arn hhaja muitas e nem todas se parecam & algo mui- observar. ° (do da Lacedeménia, por exemplo, hi uma No fia das mais legimas, mas © poder dori no € monty, ano ser quando © monarca estiver fora de seus absorb em situagao de BUETT, pois entdo ele tem a Esadt de suprema sobre seu exército. Além disso, ele autora ior a superintendéncia do culto e das coisas {2 0 sa espécie de monarquia nao é, pois, senio seal étuo, com plenos poderes, sem porém um gener, de vida e de morte, a no ser em certo domi- ter 0 de® expedicdes militares, quando se esté comba- fe neon ‘era costume antigamente. £ 0 que se chama ‘go golpe de mao. Homero refere-sea ela. Segundo ele, ‘cide Peron, na Assembléia do povo, tolerava as pala- Agimenos respeitosas. Fora dali, de armas na mo, Tana o poder de morte sobre os soldados delingientes. dassim, Homero 0 faz dizer: “Aquele que eu vir perto dos barcos sombrios Furtar-se como covarde dos perigas e dos trabalbos De minha justa célera nada poderé salvd-lo, Sua vida estard em minbas mdos: ele esperard em viio 1 Digitalizado com CamScanner $$$ a rita. Escapar aos abutres com pica Os ces dispersardo seus restos mutiladas © comando militar inamovivel é, meiro tipo de monarquia, sendo umas herediys’ 2 tras eletivas. cane Encontramos exemplos de outra espécie quia junto a alguns barbaros. Os reis tém aj; ,, a. que se aproxima do despotismo, mas € legitimy Py ditdrio. Tendo os birbaros naturalmente a alma me vil do que os gregos € os asiéticos, eles suponas do que os europeus, sem murmiirios, que sejam 58 nados pelos senhores. £ por isso que e558 monary embora despoticas, ndo deixam de ser esta solid fundadas que so na lei e transmissiveis de pai para jy Pela mesma razio, sua guarda & real, € no tirinica, 65 reis so protegidos por cidadios armados, a0 que os déspotas recorrem a estrangeiros. Aqueles gover. nam de acordo com a lei siditos de boa vontade; estes pessoas que s6 obedecem contrafeitas. Aqueles sto pro, tegidos pelos cidadios; estes, contra os cidadios. Sao, por. tanto, dois tipos diferentes de monarquia. Outra espécie, usual entre os antigos gregos, é a que se chama Aisymnetia ou despotismo eletivo®. © poder concedido pelo povo era diferente do dos reis barbaros, ‘io por ser contra a lei, mas unicamente porque nio era nem ordindrio, nem transmissivel. Uns 0 conservavam por toda a vida, outros por um prazo fixado ou apenas para alguns negécios, como Pitaco, que os mitilenos elege- ‘am contra os banidos chefiados por Antiménides e pelo Pocta Alceu que, cheio de fel e de furor, o menciona em =e Poemas. Ele censura seus concidaddos por ‘ua miserivel patria sob a tirania de um a m. sm de baixa extragdo ¢ sem maior mérito do. 90° bajulador nas ‘Assembléias. Estes principados ee st go mesmo tempo despéico pela maneia Fo, a noridade € exercida € reais pela eleigdo € Jerr 1° +0 espontinea do povo. pelt Sana especie de monarquia real € a monarguia Aa erbicos, QUE, POF Sua constituigso, era VO~ os ereditria. OS primeiros monarcas foram 08 jut vo povo pelas artes que Ihe trouxeram, pela fetor® eravaram por ele, pelo cuidado que tiveram 227 ou pelo tett6rio que lhe consignaram. Acetos deeuny © ansmitiram por sucessio sua coroa a poste co uiam a superintendéncia da guerra ¢ dos 51° sidade, Pome no os da alcada dos sacerdotes; além disso, hicos ~ porque o poder se exercia despa forme 0 arbitrio dos principes. Mente Aterceira espécie de tirania, aquela que Oy, priamente o nome, em oposi¢4o A monarqy; ia py (© merece, € a do homem sem qualquer respoye Veg, Gu censura que comanda em SCU propre at te nio no de seus stiditos, outros seus semelhanee, %, ¢ ro melhores do que ele; dominio que, por iggy’. &, no que tange a eles, involuntirio, pois homeng nio podem suportar de boa vontade tal avikameya”® A Oligarqula ‘A oligarquia ocupa o segundo lugar entre os nos depravados*. £ bastante distinta da aristocracia, A primeira forma de oligarquia € aquela em que 3. magistraturas sio dadas as grandes riquezas. Excluemge (0 pobres, embora sejam maioria, mas quem quer que tena alcangado o grau de riqueza prescrito apto pag 0 cargos, Tal indice mantém-se até nos limites da mais simples mediocridade. Isto basta para ser admitido nos cargos. Como os participantes sio a maioria, € necessa. riamente a lei e no 0 capricho que domina. Eles sto tanto menos tentados a aspirar 4 monarquia quanto suas faculdades sio mais modestas ¢, nao possuindo nem 1- ‘queza suficiente para viverem desocupados, nem tampou- ‘co que sca preciso alimenti-los a custa do ptblico, eles Preferem sua propria dominagiio a da lei. us oro espécie ¢ aquela em que os proprictirios Ase ricos do que os da precedente. ao sino deros0s, querer também ter mais autor seado maT, escolhem como colegas gente de seu tipo. «use. PHF concedidos 208 mais ricos e nomeiam a si 05 Pose caso de vacincia, Se a escolha se fizesse 00 pg, seria aistocratica; 0 que a torna oligarquica cote ee faz noma classe determinada. Todavia, iio Ege © suficiente para governar sem leis, oo om leis a preferéncia que se arrogam. warez eeu némero diminuir © sua riqueza tiver novos eno, fomase um terceiro grau de oligarquia, no aunigprovetando 2 ascendéncia que adquiriram por ae nos fazem com que se ordene por uma nova let At seus flhos serio Seus SuCeSsOres. A quara € aquela em que ocorrem as mesmas col- «gs,mas dominam os magistrados € nao a lei. Tendo av- Se do ainda mais sua riqueza e seu crédito, a poten- vidos ogarcas aproxima-se da monarquia. Este vicio € Scpethante tanto a tirnia que se introduz nas monar- fuss quanto Ghima espécie de democracia, de que f tiemos, Chama-se dinastia ou, mais exatamente, pol sania esta espécie de oligarquia”. A Democracia Nio se deve, como costumavam fazer certas pessoas, definit simplesmente a democracia como 0 governo em que a maioria domina. Nas prOprias oligarquias e em qualquer outra parte, € sempre a maioria que se sobres- sai, Nem tampouco a oligarquia € o regime da minoria. 9 Digitalizado com CamScanner A Politica, Seja um povo composto de mil ¢ te, todo; dentre estas mil e trezentas eg as mil ricas que excluem do govern go so, embora livres e semelhantes a elas g Lae 4 peito; ninguém dirt que isso € uma aay bys ma forma, se os pobres, embora em my cig rem mais poderosos do que 0s rcos, no" i ine a isso de oligarquia, Nenhuma outa ce seria se 0s ros nao fossem acimitidgs tangy tanto, deve-se antes chamar democracig cate, homens livres governam, ¢ oligarquia g ° Edy." vernam. O acidente faz com que o niimer® Os git menor, sendo 0 comum que 0 maior nim<' Mag homens livres e © menor, 0 dos ricos, "Se 9" Se os poderes se distribuissem de = tatura, como acontece, segundo certos autores «Mag, ou de acordo com a beleza, haveriaoligargune By, beleza ea alta estatura no pertencem & maigg ey tas nfo sio diferencas suficientes, nem prorat Ms. racterizar estes Estados. Pag, Sendo a democracia, como a oligarqua, cy conterdiveros elementos, € preciso ter coma seh ndo ha democracia numa nagio onde poucos hy," livres comandam um maior ntimero de pessoas que 0 sto, como em Apolénia, no mar JOnio, eemTer, cae des em que, sem considerar a maioria, 0s cargos se cp, centravam nas mos de um pequeno ntimero de tay, tantes, mas todos nobres e de raizes muito antiga no jy. gar, Tampouco seria uma democracta se 0S rcos 5 fog sem superiores pelo ntimero, como ocortiaantganenie em Colofio, onde, antes da guerra dos lidios, a mane parte dos cidadios possuia grandes herancas, Em coaa- 120 tir »_—— omens quando os hi emocracia de wm det sio senhores do one a maiori ‘nando am io po or ligarquia quando Bovernat 0 ae embor inferiores em NOME is. pos de regimes. SADEIMOS 1 Lene sua natureza © ani ee cconhecet eee para coner er @ocado mais acima” €™ Ve 2 Ee dade nao € um ‘i a on on vf ‘as partes, como 0 d ml i le varis a a ‘compost es, come wo 085 ma re ciferentes especies Je aN oa Se napa tudo o que este animal 8 cesar sigs para receber e digerit © en além dos 6rB80S S eo ventre, mn Sn as al oe esgotado a enumera¢a0 oe ee yineto,DEDOE sini e de todas as diferengas ° vs meg odos os generos de bocas, de VEX (a2 especie GP ato da sensagao como do movimento?s 1s suas combinagoes Bossives, ora : Me ies animais, pois € impossivel qu‘ fe av diferengas de boca e de ore = i tomando todas estas combinagdes, have- Ins Pore pecies de animais quantas combinagbes de aoc. ‘(0 mesmo ocorre com os Estados ou aes politicas. ‘Como jé dissemos mais de uma vez, elas s’o com- "fe virios elementos. H4, com efeito, varias classes te pebeus ou de nobres. ‘apnea classe dos plebeus, ocupada em nos pro- osonar alimentos, € numerosa: compdem-na os agrt- cares a segunda, a dos artesdos, exerce os oficios de pri- sia necesidade ou de luxo ou de bem-estar que um 21 Digitalizado com CamScanner tn SS eae Estado nao pode dispensar, quer part viver, qu ter mais conforto; ‘ a terceira, a dos comerciantes, freqilenta as af expde, para comprar, revender ou exportar, as men’ dorias ou os trabalhos dos outros; = a quarta, dos bomens de mar, dos quais uns io py Teiros, outros comerciantes, outros fazem tra ‘ tros se dedicam a pesca. Uns e outros abundam em algung lugares, como os pescadores em Tarento e em Bizings ‘os marinheiros em Atenas, os negociantes na ilha ae Egina e em Quios, os barqueiros em Tenedos. Devers. juntar a eles os trabalbadores manuais todos 0s que ‘do sio abastados o suficiente para ficar sem fazer nada, 0s que nao nasceram de pai e mie livres e toda espécie de populaga semelhante. ‘As classes dos nobres, enumeradas a seguir, se devem ou a riqueza, ou ao nascimento, ou a0 mérito, ou 20 s2- ber, ou a alguma outra diferenga igualmente notivel; a quinta, a dos guerreiros, nio é menos necessiria que as outras, a menos que se queira capitular diante do Primeiro agressor, pois ndo € impossivel encontrar no interior de uma cidade um amontoado de covardes nas- cidos para a escravidio, Enquanto o Estado deve bastar- se a si mesmo, essas pessoas esto naturalmente na dependéncia de outrem?; uma sexta classe, a dos magistradas é necesséria caso sur Iitgios entre as cinco outras classes, para que haja alguém que os termine e faga justiga a quem é devido. Assim como entre as partes do animal se deve colo- car a alma numa posicio bem superior a0 corpo, deve- Se também, na organizagio de um Estado, colocar bem antes © bem acima das partes relativas as necessidades m toro _ 1.0 exércit, 0s tibunais e 0 Conselho, aU ae ee alma da vida civil, sobretudo 0 Conse- a intelecto, Se todas estas fur~ fue & como que 0 seu intelecto, Se tod i tho, Myo essenciais a0 Estado, ndo resta dvida de que io seja uma de suas partes integrantes; entre a classe € a dos ricas, que satistazem 3s Ne- sdades do Estado com suas riquezas; oad € composta de oficiais ministeriais e de fur cioniospblics. Como o Estado nto pode exis sem magistrados e precisa de homens capazes de realiza vine funcbes, precisa também de pessoas que executem suas ordens € estejam encarregadas do servi¢o, quet Pa sempre, quer alternadamente. De resto, para que esta wre da ordem piblica de que acabamos de falar, que © Frade entre a deliberagdo sobre-os negocios de Estado e o julgamento das contestagbes privadas, seja bem e dev- amente administrada, sfo necessérias personalidades vyersadas em direito e politica. Parece, ¢ esta €a opiniio de muitos, que varias des- «as faculdades s40 compativeis e € possivel, por exem- plo, ser a0 mesmo tempo soldado e lavrador ou artesio, ‘ea mesma pessoa pode igualmente ser conselheiro do xado, senador e juz. Nao faltam pessoas que presumem tanto de si mesmas que acreditam ser capazes de varias magistraturas, Mas € impossivel que as mesmas pessoas scjam pobrese ricas. Os pobres e os ricos parecem, por- tanto, formar a principal divisio das classes do Estado. ‘nds, como de ordindrio uns contam um ntimero bem pequeno € outros um niinero bem maior, € claro que ‘slo partes contririas entre si. Assim, pela preponderin- Ga de cada um deles que distinguimos os regimes entre democracia e oligarquia. 123 Digitalizado com CamScanner i A Politica, Mostremos agora como a aS - i 7 Weracia propria em varias espécies. Nos Se diy 38 distin ey forme todas as classes do povo pariipe tn, ov apenasalgumas, com excluso das dare Arene A primeira espécie € aquela em que gg) distbuem segundo as posses até ceria megs P 9s 4, modo que sio admitidos todos aqueles que 4, este ponto, com excerio dos que fcam ‘hg, 3 que se arruinaram. Quando os lavradores ¢ ou tes soas de fortuna mediocre sio admitidos, 0 gover® P&S a 70 py segue de acordo com lei; por um lado, trabalhangy tm de que viver, mas por outro nao tém condi imanecer sem fazer nada; de modo que, uma ver ae Gonsttuio, 6 se rsinem para negicis uments ean? pensiveis.O acesso € aberto a todos, asim que ad Fam a renda prescrita pelas leis. Se alguém fosse exclitie, seria a oligarquia; de resto, se no se tem nenhuma ren’ 4a, € quase impossivel ter o lazer suficiente para se da coisa pablica. Esa admissibilidade de todos os pro. prietérios é a primeira espécie de democracia. A segunda espécie reconhece-se pelo direito de voto nas eleigbes que se realizam na Assembléia; todos sig admitidos, se seu nascimento for digno, mas somente sig clegiveis os que tém meios de viver sem trabalhar. As leis io respeitadas nesta democracia porque 05 cargos s6 Proporcionam honra, ¢ nao lucro. ‘A terceira espécie & a que admite no governo todos 05 que sio livres, mas, nao oferecendo fienhum atrativo 4 cupidea, nio sofre a concorténcia perigosa de um ni- mero excessivo de pretendentes, de modo que a lei é necessariamente respeitada A quarta é aquela que se introduziu em tiltimo lugar ‘has Cidides que se tornaram maiores e mais opulentas Py ter ____— gm nos primers tempos. Ela exibe a jgualdade goat 4th, a le colo 08 pobres no mesmo nivel jut I ende que uns ndo tenham mais direi- ae os HO8 © que 0S OUTS, mas que a condigio des- at govern “1 semelhante. Pois se a alma da demo- 107, dqueles liberdade, sen “age, como pensam alguns, na fi se fac oe geste respeito, devem ter a mesma part (1000s oe principalmente nos grandes cargos: € os bens ON superior em ndmero € o que agrada ommo © PONE tal Estado deve necessariamente Set PO- pluie todos sio indistintamente admitidos no go- polit Mas Ser que se sobressai e, sendo os pobres a5- vero. 68 ‘podem deixar o trabalho e permanecer Oci~ sitter etendo em casa a preocupagio com seus 108 Ho egocios. £, pelo contririo, um obsticulo para propane re nao assstem 2s Assembléias nem se preo- s Te © papel de juiz. Resulta dai que o Estado cai cups gro da mulid0 indigente € se vé subtraido 20 10 co cs leis. Os demagogos calcam-nas com os pés impitm predominar os decretos. Tal gentalha & desco- «ara mas democracias que a lei governa. Os melhores ‘Modis tém ali o primeio lugar. Mas onde as leis no ‘Gm forca pululam os demagogos. O povo torna-se tirano. ‘Tau-se de um ser composto de virias cabegas; elas do- mina no cada uma separadamente, mas todas juntas. No se sabe se & desta multid2o ou do governo alterna- do e singular de varios de que fala Homero quando diz que ‘nio é bom ter varios senhores". De qualquer modo, 64 poxo, tendo sacudido 0 jugo da lei, quer govenar s6 € se torna déspota, Seu governo nao difere em nada da ti- tania. Os bajuladores si0 honrados, 0s homens de bem sujeitados. O mesmo arbitrio reina nos decretos do povo eenas ordens dos tiranos. Trata-se dos mesmos costumes. 125 Digitalizado com CamScanner APolftica O que fazem os bajuladores de corte junto a estes, fazem os demagogos junto ao povo. Gozam do mesmo crédito, Sugerem-lhe o desprezo pelas leis, reduzem tudo a sua vontade, s6 respeitam os seus decretos, e depois de té. lo tornado senhor de tudo, tendo suas opinides e suas vontades entre as maos, tornam-se seus senhores, por sua vez, pelo habito que se contraiu de obedecer-lhes, Nao se limitam aos assuntos gerais, atacam os magistrados em pessoa, atribuem ao povo o direito de julgé-los e, como este se presta de bom grado a sua instigacio, termi- nam por dissolver tudo e tudo subverter. Nao é sem raz4o que se censura tal governo e, de pre- feréncia, o chamam democracia ao invés de Republica; pois onde: as leis nao tém forga ndo pode haver Repi- blica, j4 que este regime nao € sendo uma maneira de ser do Estado em que as leis regulam todas as coisas em geral e os magistrados decidem sobre os casos particula- res. Se, no entanto, pretendermos que a democracia seja uma das formas de governo, entdo nao se dever4 nem mesmo dar este nome a esse caos em que tudo é gover- nado pelos decretos do dia, ndo sendo entdo nem uni- versal nem perpétua nenhuma medida. 126 Digitalizado com CamScanner

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