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Poder Judiciario Conuh. Neconal te Sessa RESOLUGAO N2305, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2019. Estabelece os pardimetros para 0 uso das redes sociais pelos membros do Poder Judiciario. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIGA, no uso de suas atribuigdes legais e regimentais; CONSIDERANDO que compete a0 CNJ zelar pela autonomia e independéneia do Poder Judiciario, pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura e pela observaneia do art. 37 da Constituigao Federal, notadamente os prineipios da impessoalidade e da moralidade, podendo, para tanto, expedir atos regulamentares, nos termos do art. 103-B, § 4°, da Constituigao Federal; CONSIDERANDO que ¢ dever do Estado assegurar que os magistrados possam "decidir todos os casos que Ihes sejam submetidos com imparcialidade, baseando- se nos fatos e em conformidade com a lei, sem quaisquer restrig6es e sem quaisquer outras influéncias, aliciamentos, presses, ameagas ou intromissdes indevidas, sejam diretas ou indiretas, de qualquer setor ou por qualquer motivo" (Resolugo n° 40/32, de 29 de novembro de 1985, da Assembleia Geral das Nagdes Unidas, que assentou os Prineipios Basicos Relativos 4 Independéncia da Magistratura); CONSIDERANDO 0 disposto na Lei Organica da Magistratura Nacional no Cédigo de Etica da Magistratura Nacional, nos Principios de Bangalore de Conduta Judicial e no Cédigo Ibero-Americano de Etica Judicial; L Poder Judiciario Conall, Necimat te fest CONSIDERANDO o teor das diretrizes éticas a respeito do uso das redes sociais por magistrados expedidas pela Comissao Ibero-Americana de Etica Judicial e pela Rede Global de Integridade Judicial; CONSIDERANDO que a integridade de conduta do magistrado fora do Ambito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada confianga dos cidadios na judicatura, impondo-Ihe restrigdes ¢ exigéncias pessoais distintas das acometidas aos cidadaios em geral (arts. 15 e 16 do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional); CONSIDERANDO que a atuagdo dos membros do Poder Judiciirio deve ser pautada pelos valores da independéncia, da imparcialidade, da transparéncia, da integridade pessoal e profissional, da idoneidade, da dignidade, honra e decoro, da igualdade, da diligéncia e dedicagio, da responsabilidade institucional, da cortesia, da prudéncia, do sigilo profissional, do conhecimento e eapacitagio; CONSIDERANDO a multiplicidade de tecnologias digitais e a forma como as variadas plataformas de midias e redes sociais transformaram a comunicagao na sociedade, ampliando a possibilidade de interagdo com distintos publicos-alvo e 0 modo como as informagdes sio coletadas, divulgadas ¢ assimiladas, permitindo manifestagdes com alcance amplificado, difuso, indefinido e com efeitos permanentes ¢ incontrolaveis; CONSIDERANDO os profundos impactos, positivos e negativos, que a conduta individual do magistrado nas redes sociais pode acarretar sobre a percep¢do da sociedade em relagdo a credibilidade, a legitimidade e a respeitabilidade da atuagio da Justiga; Poder Judicirio CONSIDERANDO que a confianga da sociedade no Poder Judiciario esta diretamente relacionada a imagem dos magistrados, inclusive no uso que fazem das redes, sociais fora do ambito estrito da atividade jurisdicional; CONSIDERANDO que a manifestagdio de pensamento e a liberdade de expresso so direitos fundamentais constitucionais dos magistrados que, por nio serem absolutos, devem se compatibilizar com os direitos e garantias constitucionais fundamentais dos cidadtios, notadamente o direito de ser julgado perante um Poder Judiciario imparcial, independente, isento e integro; CONSIDERANDO 05 riscos & seguranga pessoal ¢ a privacidade dos magistrados e de seus familiares relacionados com 0 uso das redes sociais, com a exposigdio de informagdes ¢ dados relacionados vida privada, sem as devidas precaugdes; CONSIDERANDO a necessidade de formagiio profissional especifica ¢ de atualizagaio dos magistrados sobre a natureza ¢ 0 funcionamento das tecnologias digitais ¢ das plataformas das midias sociais, assim como seus ri particularmente sob a égide da independéncia, da imparcialidade judicial, da isengao dos julgamentos e da dignidade do cargo e da Justiga; CONSIDERANDO a deliberagio do Plenario do CNJ, no Procedimento de Ato n® 0004450-49.2019.2.00.0000, na 302* Sessdo Ordinaria, realizada em 17 de dezembro de 2019; \ \ RESOL’ CAPITULO I DAS DISPOSIGOES GERAIS Poder Judiciario Art, 1° Estabelecer os parimetros para 0 uso das redes sociais pelos membros do Poder Judicidrio, de modo a compatibilizar 0 exercicio da liberdade de expressiio com os deveres inerentes ao cargo. Art. 2° 0 uso das redes sociais pelos magistrados deve observar os preceitos da Lei Organica da Magistratura Nacional, do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional, os valores estabelecidos nos Prineipios de Bangalore de Conduta Judicial e 0 disposto nesta Resolugao. Pardgrafo unico. Consideram-se rede social todos os sitios da internet, plataformas digitais e aplicativos de computador ou dispositivo eletrénico mével voltados & interagio piblica e social, que possibilitem a comunicago, a criag3o ou 0 compartilhamento de mensagens, de arquivos ou de informagdes de qualquer natureza. CAPITULO I DAS DIRETRIZES DE ATUAGAO DOS MAGISTRADOS NAS REDES ‘SOCIAIS Segio I Das Recomendagoes de Conduta Art. 3° A atuag&o dos magistrados nas redes sociais deve observar as seguintes recomendagdes: I~ Relativas a presenga nas redes sociais: 1) adotar postura seletiva e criteriosa para o ingresso em redes sociais, bem como para a identificagao em cada uma delas; b) observar que a moderago, 0 decoro ¢ a conduta respeitosa devem orientar todas as formas de atuagiio nas redes sociais; ¢) atentar que a utilizagiio de pseud6nimos nio isenta a observancia dos limites éticos de conduta e no exclui a incidéneia das normas vigentes; ¢ Poder Judicirio Cont: Necamale festa 4d) abster-se de utilizar a marca ou a logomarca da instituigo como forma de identificagao pessoal nas redes sociais. II- Relativas ao teor das manifestagdes, independentemente da utilizagao do nome real ou de pseudénimo: a) evitar expressar opinides ou compartilhar informagdes que possam prejudicar 0 conceito da sociedade em relagdo a independéncia, a imparcialidade, integridade e & idoneidade do magistrado ou que possam afetar a confianga do puiblico no Poder Judiciario; b) evitar manifestagdes que busquem autopromogao ou superexposi¢ao; c) evitar manifestagdes cujo contesdo, por impréprio ou inadequado, possa repercutir negativamente ou atente contra a moralidade administrativa, observada sempre a prudéncia da linguagem; d) procurar apoio institucional caso seja vitima de ofensas ou abusos (cpberbullying, trolls ¢ haters), em razio do exercicio do cargo; e) evitar expressar opinides ou aconselhamento em temas juridicos coneretos ou abstratos que, mesmo eventualmente, possam ser de sua atribui¢go ou competéncia jurisdicional, ressalvadas manifestagdes em obras técnicas ou no exercicio do magistério; e ) abster-se de compartilhar conteiido ou a ele manifestar apoio sem conviegdo pessoal sobre a veracidade da informagio, evitando a propagagao de noticias falsas (fake news). ll - Relativas a privacidade e & seguranga: a) atentar para 0 fato de que o uso das redes sociais, sem as devidas precaugdes, € a exposigdo de informagdes e dados relacionados a vida profissional ¢ privada podem representar risco seguranga pessoal e A privacidade do magistrado e de seus familiares; b) comhecer as politicas, as regras e as configuragdes de seguranga © privacidade das redes sociais que utiliza, revisando-as periodicamente; € a Poder Judiciario Consella Nacional de, Jastipa ©) evitar seguir pessoas e entidades nas redes sociais sem a devida cautela quanto & sua seguranga. Paragrafo unico. E estimulado o uso educativo e instrutivo das redes sociais por magistrados, para fins de divulgar publicagdes cientificas, contetidos de artigos de doutrina, conhecimentos teéricos, estudos técnicos, iniciativas sociais para a promogiio da cidadania, dos direitos humanos fundamentais e de iniciativas de acesso a justiga, Segao II Das Vedagoes Art. 4° Constituem condutas vedad: s aos magistrados nas redes sociais: 1 - manifestar opiniio sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juizo depreciativo sobre despachos, votos ou sentengas, de drgtios judiciais, ressalvada a critica nos autos e em obras téenicas ou no exercicio do magistério (art. 36, inciso 111, da Loman; arts. 4° e 12, inciso Il, do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional); 11 - emitir opinido que demonstre atuago em atividade politico-partidéria ou manifestar-se em apoio ou critica puiblicos a candidato, liderangas politicas ou partidos politicos (art. 95, pardgrafo tinico, inciso Ill, da Constituigdo Federal; art. 7° do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional); I — emitir ou compartilhar opinido que caracterize discurso discriminatério ou de ddio, especialmente os que revelem racismo, LGBT-fobia, misoginia, antissemitismo, intolerincia religiosa ou ideoldgica, entre outras manifestagdes de preconceitos concernentes a orientagao sexual, condigdo fisiea, de idade, de género, de origem, social ou cultural (art. 3°, inciso IV, da Constituigo Federal; art. 20 da Lei n® 7.716/89); Poder Judiciario Con Nezonal le Sesge IV — patrocinar postagens com a finalidade de autopromogao ou com intuito comercial (art. 95, pardgrafo tnico, inciso 1, da Constituigao Federal; art. 36, inciso I, primeira parte, da Loman; art. 13 do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional); V = receber patrocinio para manifestar opinido, divulgar ou promover servigos ou produtos comerciais (art. 95, pardgrafo tinico, inciso 1V, da Constituigao Federal; art. 17 do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional); e VI-associar a sua imagem pessoal ou profissional 4 de marca de empresas ou de produtos comerciais (art. 95, pardgrafo tinico, inciso I, da Constitui¢ao Federal; art. 36, inciso I, primeira parte, da Loman; art. 13 do Cédigo de Etica da Magistratura Nacional) § 1 Para os fins do inciso II deste artigo, a vedagao de atividade politico- partidéria nfo abrange manifestagSes, piblicas ou privadas, sobre projetos € programas de governo, processos legislativos ou outras quesides de interesse piiblico, de interesse do Poder Judicidrio ou da carreira da magistratura, desde que respeitada a dignidade do Poder Judiciario. § 2° A divulgagtio de obras técnicas de autoria ou com participagaio do magistrado, bem como de cursos em que ele atue como professor, nfo se insere nas vedages previstas nos incisos IV, V e VI, desde que nao caracterizada a exploragfo direta de atividade econémica lucrativa. Seco IIL Da abrangéncia das recomendagdes e vedagbes Art. 5° As recomendagdes e vedagies previstas nesta Resolugdo aplicam- se também aos magistrados afastados por questées disciplinares ou em disponibilidade. Art. 6° As recomendagies e vedagdes previstas nesta Resolugao ndo se aplicam aos magistrados representantes legais e demais diretores das entidades © associagdes de classe, durante 0 exercicio de seus mandatos, que podero se manifestar \ iN Poder Judiciario Conselha Nacional ae, Jastpa nas redes sociais, com vistas a representagao dos interesses dos associados, bem como na defesa dos interesses de classe, no debate de temas de interesse piiblico nacional ¢ na defesa do Estado Democratico de Direito. Segio IV Das ages de eapacitagio Art. 72 As Escolas divulgario informes contendo orientagdes e promovertio eventos e cursos voltados & capacitagdo dos magistrados nos temas das novas tecnologias e ética nas redes sociais, em suas diversas perspectivas, sob coordenagao da Enfam e da Enamat, que definirao 0 conteiido minimo e 0 prazo de implementagdo em todos os Tribunais, assim como promoverdo a insergao do tema de forma permanente em todas as fases da formagao profissional Art. 8° A Comissdo de Eficiéncia Operacional e Gestio de Pessoas estabelecerd, no prazo de 30 dias, diretrizes para capacitagiio de Ambito nacional dos servidores, incumbindo ao CEAJud o desenvolvimento e 0 oferecimento de curso na modalidade de educagio a distancia, no prazo de 120 dias. CAPITULO II : DAS DISPOSICOES FINAIS E TRANSITORIAS Art. 9° Os tribunais manterdio servigos de comunicagao social para oferecer apoio técnico-profissional aos magistrados, especialmente para a atuagdo em casos sob julgamento que tenham ampla repercussdo na midia ou nas redes sociais e, se for 0 caso, possibilitar 0 auxilio previsto no art. 3°, inciso Il, alinea ‘d’. Art. 10. Os juizes que ja possuirem paginas ou perfis abertos nas redes sociais deverio adequé-las as exigéncias desta Resoluga x , no prazo de até seis meses contados da data de sua publicagao. Poder Judiciério Conll, Neaiomal de Jest Art. 11. A Corregedoria Nacional de Justiga e as demais Corregedorias acompanhardo o cumprimento desta Resolugao, Art, 12, Esta Resolugdo entra em vigor na data de sua publicagaio, Ministry S TO)

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