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Anseios

Tic-tac, segundos passam


com uma lentidão exasperante...
mal consigo aguardar aquele instante
de escutar tua voz “ao vivo e a cores”,
dissipar aqueles temores que ameaçam
colocar tristeza em teus sonhos palpitantes.
Quero escutar teu poema predileto,
quero te ouvir sussurrando em meus ouvidos
esses segredos que mais ninguém entenderia.
Quero escutar esse teu tom de voz, tão decidido,
quando expressas as verdades de tua vida.
E se houverem lágrimas banhando tuas pupilas
quero enxugá-las até um sorriso despontar
em teus lábios de rainha, ô soberana
das paixões que meu coração abriga!

Tic-tac, tempo impiedoso


rotação da terra, translação galáctica,
não perdoa meus anseios de encontrar
meu imperfeito par,
não se importa do momento glorioso
em que meus olhos encontrem teu olhar,
avança devagar,
não quer pular as horas
que interpostas entre agora
e esse instante
parecem prolongar-se eternamente.

Tic-tac, conspiração insolente


do universo material, que não se importa
com anseios,
devaneios...
mas eu consigo atravessar a porta
do infinito e, sutilmente,
encontrar-me junto a ti e, já sem pressa,
dissolver essas faíscas de tempo
que dissipar-se-ão evanescentes
assim que chegar o real momento
de estar no mesmo espaço e no presente!

Daniel Panno

Palmares, 2 de novembro de 2006

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