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O Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
nomeado por Decreto de 03 de janeiro de 2003, publicado no Diário Oficial da União de 06/01/2003, no uso das
atribuições que lhe conferem o art. 24 do Anexo I ao Decreto nº 4.548, de 27 de dezembro de 2002, que aprovou a
Estrutura Regimental do IBAMA, publicado o D.O.U. da mesma data, e o item VI do art. 95 do Regimento Interno
aprovado pela Portaria GM/MMA nº 230, de 14 de maio de 2002, republicada no D.O.U. de 21 de junho de 2002;
Considerando o Art. 225, parágrafo 1º, inciso VII da Constituição da República Federativa do Brasil, o Artigo 1º da
Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, o Artigo 2º, incisos IX, X, XXI e XXIII e o Artigo 16 do anexo I do Decreto 3.833,
de 05 de junho de 2001, a Portaria SUDEPE nº 1 – N de 04 de janeiro de 1977, Artigo 1º, inciso III, e o Artigo 6º, inciso I,
item b, da Resolução Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986 e o Artigo 4º, inciso V, parágrafo 2º, da Resolução Conama
nº 237 de 16 de dezembro de 1997;
Considerando os impactos sobre a fauna silvestre (terrestre e aquática), decorrentes de empreendimentos que
causam alteração ou supressão de habitats, levando à perda de biodiversidade, tanto no nível de espécie quanto genético;
Considerando a necessidade de estabelecer critérios e padronizar os procedimentos relativos à fauna no âmbito do
licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades que causam impactos sobre a fauna silvestre; principalmente
aquelas ameaçadas de extinção;
RESOLVE:
§1º Para efeito desta Instrução Normativa entende-se por Fauna Silvestre Brasileira todos os animais
pertencentes às espécies nativas, migratórias ou não, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte do seu ciclo de
vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§2º Esta Instrução Normativa é dividida em dois capítulos: Fauna Silvestre e Ictiofauna e
Invertebrados Aquáticos, com seus respectivos procedimentos.
§3º Para a Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos os empreendimentos de que trata esta Instrução
Normativa são aqueles que modifiquem a natureza do sistema aquático local ou que prejudiquem as comunidades
aquáticas.
Art. 2º As solicitações para concessão de licença de captura, coleta ou transporte da fauna silvestre
(LCCT) em áreas de empreendimento, juntamente com a documentação prevista nos artigos 4°, 9° ou 17, deverão ser
formalizadas e protocoladas na DIFAP/IBAMA ou na Gerência Executiva do estado onde se localizará o
empreendimento, com antecedência mínima de 60 dias antes do início das atividades.
Parágrafo único. A renovação da licença deverá ser protocolada 30 dias antes de expirar o prazo da
licença anterior.
Art. 3º Serão concedidas licenças de captura, coleta e transporte de fauna silvestre específicas para
cada um dos seguintes Projetos:
a.Levantamento de Fauna,
b.Monitoramento de Fauna e
c.Resgate e Destinação
§1º O Levantamento de Fauna na área de influência do empreendimento, precede qualquer outra
atividade relacionada à fauna silvestre.
§2º Para cada projeto deverá ser apresentado ao IBAMA um relatório conforme instruções.
I. Lista de espécies da fauna descrita para a localidade ou região, baseada em dados secundários. Na
ausência desses dados para a região, deverão ser consideradas as espécies descritas para o ecossistema ou macro região.
II. Descrição detalhada da metodologia a ser utilizada que deverá contemplar, pelo menos, um grupo
de invertebrado bioindicador de qualidade ambiental, podendo ser invertebrado de importância de saúde pública, e para
cada uma das Classes de vertebrados. Em caso de ocorrência no local do empreendimento, de outras espécies,
oficialmente reconhecidos como ameaçadas de extinção, o IBAMA poderá ampliar as exigências de forma a contemplá-
las.
III. A metodologia deverá incluir o esforço amostral para cada grupo em cada fitofosionomia,
contemplando a sazonalidade para cada área amostrada;
IV. mapas ou imagens de satélite contemplando a área de influência do empreendimento com
indicação das fitofisionomias, localização e tamanho das áreas a serem amostradas.
V. Caracterização da bacia hidrográfica ou região de implantação onde será realizado o
empreendimento. Deverão ser apresentados mapas com a sua localização e limites da área de influência do
empreendimento, incluindo as vias de acesso;
VI. Informação referente ao destino pretendido para o material biológico a ser coletado, com anuência
da instituição onde o material será depositado; (anexo formulário de destinação/recebimento, assinado pelas partes).
VII. Currículo do coordenador e dos responsáveis técnicos, que deverão apresentar experiência
comprovada no estudo do táxon a ser inventariado. Não será necessário o envio do currículo quando o mesmo estiver
presente na Plataforma Lattes;
VIII. Os consultores e empresas deverão apresentar registro no Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
I. Lista das espécies encontradas, destacando as espécies ameaçadas de extinção, as endêmicas, as que
são consideradas raras, as espécies não descritas previamente para a área estudada, as espécies não descritas pela ciência
e as espécies passíveis de serem utilizadas como indicadoras ambientais;
II. Caracterização do ambiente físico encontrado na área de influência do empreendimento, com
descrição dos tipos de habitats encontrados (incluindo áreas antropizadas como pastagens, plantações e outras áreas
manejadas). Os tipos de habitats deverão ser mapeados, com indicação dos seus tamanhos em termos percentuais e
absolutos;
III. Apresentação dos parâmetros de riqueza e abundância das espécies, índices de eficiência amostral e
de diversidade, por fitofisionomia e grupo inventariado, contemplando a sazonalidade em cada unidade amostral.
Art. 6º Os impactos sobre a fauna silvestre na área de influência do empreendimento, durante e após a
implantação do mesmo serão avaliados mediante realização de monitoramento, tendo como base o Levantamento de Fauna.
§1º O projeto de monitoramento deverá ser realizado em duas etapas: prévio (antes do início da operação
do empreendimento) e posterior (após o início da operação do empreendimento)
Art. 7º A concessão de licença para realização de Monitoramento da fauna silvestre na área de
influência do empreendimento, se fará mediante a apresentação dos resultados do Levantamento de Fauna e do Projeto
de Monitoramento.
I.as exigências especificadas nos incisos II, III, VI e VIII do artigo 4°;
II. a exigência especificada no item VII do Artigo 4º, somente no caso de mudança de equipe;
III. detalhamento da captura, tipo de marcação, triagem e dos demais procedimentos a serem adotados
para os exemplares coletados, vivos ou mortos, informando o tipo de identificação individual, registro, biometria e
medidas profiláticas.
IV.seleção e justificativa de áreas controle para monitoramento intensivo da fauna silvestre. Nestas
áreas não deverá ocorrer soltura de animais. O tamanho total de áreas controle a serem monitoradas deverá ser
representativo, contemplando todas as fitofisionomias distribuídas ao longo de toda a área de influência;
V. Seleção de áreas de soltura de animais, para aqueles empreendimentos onde a realização do resgate
de fauna será necessária. Essas áreas devem apresentar o maior tamanho possível, observadas a similaridade dos tipos
de habitats de proveniência do animal a ser solto e a capacidade da área para sua sobrevivência;
VI. Mapas das áreas controle e das áreas de soltura;
VII. Cronograma das campanhas de monitoramento a serem realizadas tanto nas áreas de soltura
quanto nas áreas controle. O Monitoramento consistirá de, no mínimo, campanhas trimestrais com 10 (dez) dias de
amostragem efetiva em cada área, e deverá ser iniciado no mínimo um ano antes da data programada para a instalação
do empreendimento (monitoramento prévio), salvo particularidades de cada empreendimento avaliadas pelo IBAMA;
VIII. Programas específicos de conservação e monitoramento para todas as espécies ameaçadas de
extinção contidas em lista oficial nacional ou estadual, registradas na área de influência do empreendimento. Os
projetos deverão ser aprovados pela DIFAP/IBAMA.
Art. 9º O Monitoramento posterior deverá ser realizado por, no mínimo, 3 (três) anos após o início da
operação do empreendimento.
Art. 11 Para empreendimentos que prevêem supressão de vegetação ou alagamento de áreas, deverá ser
realizado o resgate da fauna.
Art. 12 O resgate da fauna terrestre na área a ser alagada ou desmatada, terá como objetivos a remoção
dos animais para conservação da biodiversidade.
Art. 13 A concessão de licença para realização de resgate da fauna silvestre na área de influência do
empreendimento se fará mediante a apresentação dos resultados obtidos no Monitoramento prévio da fauna e
apresentação do Projeto de Resgate.
Art. 14 O Projeto de Resgate da fauna deverá ser apresentado com pelo menos sessenta (60) dias de
antecedência à solicitação da Autorização para Supressão da Vegetação ou, na ausência desta atividade, da solicitação para a
Licença de Operação do empreendimento.
Parágrafo único: Para empreendimentos em que haja a necessidade de centro de triagem, a licença de
resgate só será emitida após a sua implementação.
Art 18 Será concedida licença de captura, coleta e transporte de Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos,
específica para cada um dos seguintes Projetos:
I. lista de espécies da Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos descritos para curso d’água e seus
afluentes, baseada em dados secundários. Na ausência de bibliografia específica, deverão ser consideradas as espécies
descritas para a região hidrográfica;
II. descrição detalhada da metodologia a ser utilizada para inventário de peixes, ictioplâncton,
fitoplâncton, zooplâncton e invertebrados bioindicadores de saúde pública e qualidade ambiental. As amostragens
devem contemplar pelo menos a área de influência direta do empreendimento e a micro bacia relacionada. Em caso de
ocorrência no local do empreendimento, de outras categorias animais, oficialmente reconhecidos como ameaçadas de
extinção ou endêmicas, o IBAMA poderá ampliar as exigências de forma a contemplá-las.
III. mapas ou imagens de satélite, inclusive com avaliação batimétrica, contemplando toda a área de
influência do empreendimento e a micro bacia relacionada, e a indicação da localização e o tamanho das áreas a serem
amostradas. As amostragens devem contemplar toda a área de influência do empreendimento;
Parágrafo único: A utilização de petrechos não autorizados ou a coleta no período de defeso deverão
ser justificadas.
I.Lista das espécies encontradas, com apresentação de índice de suficiência amostral para de peixes,
ictioplâncton, fitoplâncton, zooplâncton e invertebrados bioindicadores de saúde pública e qualidade ambiental.;
destacando as espécies ameaçadas de extinção e as endêmicas da bacia, as consideradas raras, as não descritas
previamente para a bacia estudada, as espécies não descritas pela ciência e as espécies passíveis de serem utilizadas
como indicadoras ambientais; as não autóctones, e as com potencial econômico;
II.Caracterização do ambiente físico encontrado na área de influência do empreendimento, com
descrição dos tipos de habitats e micro - habitats encontrados (incluindo áreas antropizadas). Os tipos de habitats
deverão ser mapeados, com indicação dos seus tamanhos em termos percentuais e absolutos;
III.Determinação dos parâmetros físico-químicos dos cursos d’água, conforme disposto na
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986;
IV.Parâmetros ecológicos de riqueza e abundância de espécies, bem como índice de diversidade para as
comunidades de peixes, ictioplancton, fitoplâncton e zooplâncton que deverão ser inventariadas sazonalmente durante as
estações seca e chuvosa, em todos os ambientes aquáticos.
Art. 21 A concessão de licença para o Monitoramento da Ictiofauna e dos Invertebrados Aquáticos na
área de influência do empreendimento, far-se-á mediante a apresentação dos resultados do Levantamento de Ictiofauna
e Invertebrados Aquáticos e do Projeto de Monitoramento.
I. as exigências especificadas nos incisos II, III, VI e VIII do artigo 4°, incluindo o tipo de marcação a ser
utilizado.
II. seleção e justificativa de áreas controle para monitoramento intensivo de peixes, ictioplancton,
fitoplâncton e zooplâncton, as espécies ameaçadas de extinção e as endêmicas da bacia, as consideradas raras. O tamanho
total de áreas controle a serem monitoradas deverá ser representativo, contemplando todos os habitats distribuídos ao
longo de toda área de influência;
III. Seleção de áreas de soltura de animais - deverá ser considerada a distribuição natural das
populações e a ocorrência de acidentes geográficos que constituam barreiras naturais à dispersão das espécies;
IV. Mapas das áreas controle e das áreas de soltura em escala compatível com o nível de detalhamento
para análise;
V. Cronograma das campanhas de monitoramento a serem realizadas tanto nas áreas de soltura,
quanto nas áreas controle..
VI. Programas específicos de conservação e monitoramento para as espécies ameaçadas de extinção,
contidas em listas oficial nacional ou estadual, espécies endêmicas ou recém descritas, que deverão ser submetidos e
aprovados pela DIFAP/IBAMA;
Parágrafo único: O Programa de monitoramento terá cronograma e prazo de execução definidos de
acordo com análise do IBAMA, considerando a magnitude do empreendimento.
Art. 25 Para cada etapa do licenciamento de fauna silvestre e aquática deverão ser enviados ao IBAMA
relatórios técnico-científicos anuais com descrição e resultados de todas atividades realizadas na área de influência do
empreendimento em meio eletrônico e impresso.
§1º Como resultado do Monitoramento, deverão ser apresentados relatórios semestrais em meio
eletrônico e impresso, contendo lista de espécies e os parâmetros de riqueza e abundância das espécies, índices de
eficiência amostral e de diversidade, por fitofisionomia e grupo inventariado, contemplando a sazonalidade em cada
unidade amostral, e relatórios dos programas específicos descritos no artigo 8º inciso VII.
§2º Como resultado do Resgate, deverão ser apresentados relatórios em meio eletrônico e impresso,
conforme modelo de planilha (anexa).
I. Deverá ser informado a identificação utilizada para cada animal translocado.
II.Deverão constar nos relatórios as áreas georeferenciadas de destino de cada animal translocado, que
deverão ser monitorados durante o monitoramento pós-enchimento.
III. Deverá ser informado a instituição de destino (cativeiro ou coleção didática/ científica) quando for o
caso, e número de recibo fornecido pela instituição. Os recibos deverão ser mantidos e apresentados ao IBAMA quando
solicitados.
§3º Os relatórios a serem encaminhados deverão ser rubricados por página e assinados pelos
responsáveis técnicos de cada grupo taxonômico, sendo encaminhados em meio eletrônico e impresso.