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Aproveitamento E Valorização Da Casca de Arroz: Uma Revisão Bibliométrica Use and Assessment of Rice Husk (RH) : A Bibliometric Review
Aproveitamento E Valorização Da Casca de Arroz: Uma Revisão Bibliométrica Use and Assessment of Rice Husk (RH) : A Bibliometric Review
Resumo
O arroz em casca é um dos principais grãos produzidos no mundo, sendo o Brasil o nono maior produtor no ano
de 2016. Nesse contexto, o Rio Grande do Sul (RS) possui a maior parcela da produção brasileira, com 70,8%. No
entanto, o beneficiamento desse produto gera alguns resíduos, dentre estes, a casca, que representa
aproximadamente 20% do total do arroz em casca produzido. Portanto, o objetivo desse estudo é identificar, na
literatura, estudos que tratam da utilização desse resíduo de maneira que seja considerada ecologicamente
sustentável. Por meio de uma revisão bibliométrica, foi possível identificar um total de cinquenta e uma
publicações que ressaltam a destinação ecologicamente sustentável da casca do arroz, além de que é um tema que
vem sendo cada vez mais explorado ao longo dos últimos anos. Desse modo, observou-se que o tema é bastante
discutido na literatura internacional, sendo que possuem algumas publicações nacionais inseridas nesse meio, o
que demonstra a relevância da investigação aprimorada desse tema, para que ocorra investimentos em novos meios
de destinação desse resíduo, que sejam ecologicamente sustentáveis, mas que se apresentem resultados
economicamente viáveis.
Palavras-chave: Arroz em casca. Beneficiamento do arroz. Casca do arroz.
Abstract
Rice paddy is one of the main grains produced in the world, with Brazil being the ninth largest producer in 2016.
In this context, Rio Grande do Sul (RS) has the largest share of brazilian production, with 70.8%. However, the
processing of this product generates some residues, among them the husk, which represents approximately 20%
of the total of the rice paddy produced. Therefore, the objective of this study is to identify, in the literature, studies
that deal with the use of this residue so that it is considered to be ecologically sustainable. Through a bibliometric
review it was possible to identify a total of fifty one publications that highlight the ecologically sustainable
destination of the rice husk, in addition to being a topic that has been increasingly explored throughout the last
years. In this way, it was observed that the topic is well discussed in the international literature, and they have
some national publications inserted in this scenario, which demonstrates the relevance of the improved
investigation of this theme, so that investments in new means of destination of this residue, that are ecologically
sustainable, but that present economically feasible results..
Keywords: Rice paddy. Processing of rice. Rice husk.
1 Introdução
O Rio Grande do Sul (RS) é o Estado com maior produção de arroz do Brasil,
respondendo por aproximadamente 70,8% do total da safra nacional em 2016/2017, que foi de
12,3 milhões de toneladas (CONAB, 2018). Sendo assim, o arroz é um dos principais produtos
no contexto agrícola do Estado, junto à soja e o trigo, representando uma commodity de grande
importância para o país.
A maior parte do arroz produzido no Estado do RS tem seu beneficiamento, que inclui
a secagem, descascamento e embalagem realizada no próprio Estado, em geral, em engenhos
regionais, próximos às zonas de produção. Conforme Miranda et al. (2016), a região da fronteira
com a Argentina, a região Central e a região Sul do Estado do RS são responsáveis pela maior
parte da safra produzida, e nestas estão concentradas as indústrias de beneficiamento. Vale
destacar que deste processo, resta a casca, subproduto que, para a indústria, nem sempre tem
uma destinação que possa se considerar adequada, sendo um problema ambiental a ser
gerenciado.
1
Engenheiro de Produção/UNIPAMPA - persiomuraro@hotmail.com
2
Doutorando em Agronegócios/UFRGS – caeverton.camelo@ufrgs.br
3
Licenciatura em Ciências Biológicas/URCAMP - fabiuladenis@gmail.com
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Como a sua deterioração no ambiente é demorada, seu aproveitamento como elemento
de adubação não é economicamente viável, haja vista o transporte de volta ao campo produtivo.
Por outro lado, a queima para secagem do arroz nem sempre é possível porque este processo
possui baixa intensidade calorifica, o que pode acabar demorando na secagem do mesmo
(GUERRINI; TRIGUEIRO, 2004; FOLETTO et al., 2005; POUEY, 2006).
Alguns estudos vêm buscando informações e alternativas para o aproveitamento da
casca do arroz resultante do beneficiamento do produto. Ochôa e Martins (2013) apontam a
deposição a céu aberto pelos próprios produtores, sendo a mesma reintegrada ao solo como
adubo. No entanto, o tempo de decomposição é de cinco anos e a emissão de metano é alta, o
que se constitui um problema de poluição ambiental. Ao mesmo tempo, a queima não
controlada, outro destino dado a este resíduo, implica em emissão de grandes quantidades de
monóxido e dióxido de carbono.
Frente ao problema das questões ambientais, cada vez mais importantes, o
aproveitamento dos resíduos gerados pela produção industrial é uma necessidade das
organizações modernas. Na indústria do arroz, a produção de casca pode se tornar um problema,
mas também pode ser uma fonte de renda extra para a indústria, pois seu aproveitamento, após
a queima (na forma de cinza) é importante em vários setores industriais, como na produção de
cimento, principalmente pelo alto teor de sílica que apresenta.
Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi identificar, na literatura, estudos que tratam
da utilização desse resíduo de maneira que seja considerada ecologicamente sustentável, onde
com a revisão bibliométrico buscou-se demonstrar o panorama das publicações relacionadas ao
tema.
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mundial do cereal, com aproximadamente 191,22 milhões de toneladas, seguido pela Índia,
com 138 milhões e Indonésia, com 58,4 milhões de toneladas. A Figura 1, a seguir, apresenta
a participação de cada um dos principais países produtores mundiais de arroz na safra
2015/2016, onde demonstra-se a grande participação do continente asiático.
o arroz é plantado em diversas regiões do planeta, por ser um produto básico, presente
na mesa do cidadão no dia-a-dia, tornou-se destaque em muitos países, movendo a
gastronomia, por ser rico em proteínas, a economia e a criação de novas ideias
(OCHÔA; MARTINS, 2013, p. 07).
Contudo, para que se possa ter esse consumo, é necessário que haja uma grande
produção, com posterior beneficiamento, sendo então, encaminhado ao comércio para chegar,
finalmente, ao consumidor final, ou seja, existe uma cadeia produtiva ligada diretamente a esse
produto, dado que uma cadeia produtiva pode ser definida como um agrupamento de elementos
que interatuam em um processo produtivo, com vistas ao oferecimento de produtos ou serviços
ao consumidor final que fica na ponta de cada cadeia (SILVA, 2005).
Tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torna-lo mais explícito ou construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas
envolve: levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado, e análise de exemplos que
estimulem a compreensão.
4 Resultados e Discussões
A revisão bibliométrica, conforme exposto, foi realizada no intuito da busca de
publicações que descrevem a utilização da casca do arroz de uma maneira julgada como
“ecologicamente correta”. Para tanto, buscou-se na base de dados do Scopus os termos: “rice
husk” and ecological* em uma pesquisa que abrangeu o título, resumo e/ou palavras-chave. A
Figura 2, a seguir, apresenta os dados da quantidade de publicações relacionadas a cada um dos
termos, bem como a quantidade dos termos quando pesquisados em conjunto.
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maior número de publicações (17), seguido pelas ciências agrárias e biológicas com 15 (quinze)
publicações.
Figura 6 – Autores com mais publicações sobre a questão ecológica da casca do arroz
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um total de 3 (três) publicações para cada um deles, enquanto que um total de 155 (cento e
cinquenta e cinco) autores possuem somente 1 (uma) publicação, conforme os dados
observados na Figura 6.
Conseguinte, averiguou-se as Instituições de Ensino Superior nas quais os autores destas
publicações estão vinculados. Os resultados obtidos demonstraram a predominância de 4
(quatro) instituições, Bourgas Prof. Assen Zlatarov University, Universiti Teknologi MARA,
Chinese Academy of Sciences e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sendo
representadas por 2 (dois) autores cada uma delas. Vale destacar a presença da UFSM, uma
universidade situada no Estado do Rio Grande do Sul (RS), entre as que mais possuem autores
que pesquisam o tema. Destaca-se ainda que, 87 (oitenta e sete) outras instituições foram
elencadas, sendo que as mesmas possuem apenas 1 (um) autor afiliado. A Figura 7 apresenta
os dados citados.
Isto posto, realizou-se o levantamento do país de origem dos autores, constatando que
estes possuem 29 (vinte e nove) nacionalidades distintas. Observou-se que aproximadamente
13,43% dos autores são brasileiros, ou seja, 9 (nove) autores, enquanto que a China possui 6
(seis) autores, perfazendo um total de 8,96% dos autores e a Malásia, com 5 (cinco) autores,
possui 7,46%. Destaca-se também que 5,97% dos autores não identificaram sua nacionalidade,
a mesma porcentagem de autores dos Estados Unidos (EUA). Destarte, averiguou-se que a
maioria das publicações sobre a questão ecológica da casca do arroz são de origem brasileira,
o que pode evidenciar que o tema vem sendo bem discutido no cenário nacional.
5 Considerações Finais
Considerando todos os dados coletados, o estudo atingiu o seu objeto inicial, tendo em
vista que se identificou, na literatura, estudos que tratam da utilização desse resíduo de maneira
que seja considerada ecologicamente sustentável, através da pesquisa bibliométrica que fora
realizada.
De fato, a utilização ecológica desse resíduo é um tema de pesquisa a ser aprofundado,
sendo que foram encontradas 51 (cinquenta e uma) publicações relacionadas ao tema, que
demonstram a multidisciplinaridade do tema, ou seja, o assunto é abordado em diversos campos
de pesquisa e esses resíduos podem ter diversas aplicabilidades que se julguem ecológicas e
que também possam ser economicamente viáveis com retornos a longo prazo.
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Destaca-se também a presença de estudos nacionais, dentre todas as publicações
observadas desde 1991, onde o Brasil possui o maior número de autores que investigam o tema
e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aparece como a instituição de afiliação de
dois autores.
Desse modo, como sugestão para estudos futuros, sugere-se a realização da revisão
sistemática da literatura encontrada nesse estudo, no intuito de investigar quais as destinações
dos resíduos da casca do arroz são realizadas em convergência à busca por destinos
ecologicamente sustentáveis e economicamente viáveis.
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