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APROVEITAMENTO E VALORIZAÇÃO DA CASCA DE ARROZ:

UMA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA


USE AND ASSESSMENT OF RICE HUSK (RH): A BIBLIOMETRIC
REVIEW
Pérsio Muraro1, Caeverton de Oliveira Camelo2, Fabiula Arenhardt Denis3

Resumo
O arroz em casca é um dos principais grãos produzidos no mundo, sendo o Brasil o nono maior produtor no ano
de 2016. Nesse contexto, o Rio Grande do Sul (RS) possui a maior parcela da produção brasileira, com 70,8%. No
entanto, o beneficiamento desse produto gera alguns resíduos, dentre estes, a casca, que representa
aproximadamente 20% do total do arroz em casca produzido. Portanto, o objetivo desse estudo é identificar, na
literatura, estudos que tratam da utilização desse resíduo de maneira que seja considerada ecologicamente
sustentável. Por meio de uma revisão bibliométrica, foi possível identificar um total de cinquenta e uma
publicações que ressaltam a destinação ecologicamente sustentável da casca do arroz, além de que é um tema que
vem sendo cada vez mais explorado ao longo dos últimos anos. Desse modo, observou-se que o tema é bastante
discutido na literatura internacional, sendo que possuem algumas publicações nacionais inseridas nesse meio, o
que demonstra a relevância da investigação aprimorada desse tema, para que ocorra investimentos em novos meios
de destinação desse resíduo, que sejam ecologicamente sustentáveis, mas que se apresentem resultados
economicamente viáveis.
Palavras-chave: Arroz em casca. Beneficiamento do arroz. Casca do arroz.

Abstract
Rice paddy is one of the main grains produced in the world, with Brazil being the ninth largest producer in 2016.
In this context, Rio Grande do Sul (RS) has the largest share of brazilian production, with 70.8%. However, the
processing of this product generates some residues, among them the husk, which represents approximately 20%
of the total of the rice paddy produced. Therefore, the objective of this study is to identify, in the literature, studies
that deal with the use of this residue so that it is considered to be ecologically sustainable. Through a bibliometric
review it was possible to identify a total of fifty one publications that highlight the ecologically sustainable
destination of the rice husk, in addition to being a topic that has been increasingly explored throughout the last
years. In this way, it was observed that the topic is well discussed in the international literature, and they have
some national publications inserted in this scenario, which demonstrates the relevance of the improved
investigation of this theme, so that investments in new means of destination of this residue, that are ecologically
sustainable, but that present economically feasible results..
Keywords: Rice paddy. Processing of rice. Rice husk.

1 Introdução

O Rio Grande do Sul (RS) é o Estado com maior produção de arroz do Brasil,
respondendo por aproximadamente 70,8% do total da safra nacional em 2016/2017, que foi de
12,3 milhões de toneladas (CONAB, 2018). Sendo assim, o arroz é um dos principais produtos
no contexto agrícola do Estado, junto à soja e o trigo, representando uma commodity de grande
importância para o país.
A maior parte do arroz produzido no Estado do RS tem seu beneficiamento, que inclui
a secagem, descascamento e embalagem realizada no próprio Estado, em geral, em engenhos
regionais, próximos às zonas de produção. Conforme Miranda et al. (2016), a região da fronteira
com a Argentina, a região Central e a região Sul do Estado do RS são responsáveis pela maior
parte da safra produzida, e nestas estão concentradas as indústrias de beneficiamento. Vale
destacar que deste processo, resta a casca, subproduto que, para a indústria, nem sempre tem
uma destinação que possa se considerar adequada, sendo um problema ambiental a ser
gerenciado.

1
Engenheiro de Produção/UNIPAMPA - persiomuraro@hotmail.com
2
Doutorando em Agronegócios/UFRGS – caeverton.camelo@ufrgs.br
3
Licenciatura em Ciências Biológicas/URCAMP - fabiuladenis@gmail.com
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Como a sua deterioração no ambiente é demorada, seu aproveitamento como elemento
de adubação não é economicamente viável, haja vista o transporte de volta ao campo produtivo.
Por outro lado, a queima para secagem do arroz nem sempre é possível porque este processo
possui baixa intensidade calorifica, o que pode acabar demorando na secagem do mesmo
(GUERRINI; TRIGUEIRO, 2004; FOLETTO et al., 2005; POUEY, 2006).
Alguns estudos vêm buscando informações e alternativas para o aproveitamento da
casca do arroz resultante do beneficiamento do produto. Ochôa e Martins (2013) apontam a
deposição a céu aberto pelos próprios produtores, sendo a mesma reintegrada ao solo como
adubo. No entanto, o tempo de decomposição é de cinco anos e a emissão de metano é alta, o
que se constitui um problema de poluição ambiental. Ao mesmo tempo, a queima não
controlada, outro destino dado a este resíduo, implica em emissão de grandes quantidades de
monóxido e dióxido de carbono.
Frente ao problema das questões ambientais, cada vez mais importantes, o
aproveitamento dos resíduos gerados pela produção industrial é uma necessidade das
organizações modernas. Na indústria do arroz, a produção de casca pode se tornar um problema,
mas também pode ser uma fonte de renda extra para a indústria, pois seu aproveitamento, após
a queima (na forma de cinza) é importante em vários setores industriais, como na produção de
cimento, principalmente pelo alto teor de sílica que apresenta.
Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi identificar, na literatura, estudos que tratam
da utilização desse resíduo de maneira que seja considerada ecologicamente sustentável, onde
com a revisão bibliométrico buscou-se demonstrar o panorama das publicações relacionadas ao
tema.

2 Produção e Beneficiamento do Arroz

A agricultura e a pecuária são as responsáveis pela alimentação da população mundial,


fornecendo os nutrientes necessários para a sobrevivência e saúde do ser humano. O arroz
(Oryza sativa) é um dos produtos agrícolas mais importantes do mundo, responsável por grande
parte da alimentação, sendo o alimento básico de mais da metade da população mundial
(WALTER; MARCHEZAN; AVILA, 2008). Julga-se dificultoso precisar a origem do cultivo
do arroz como cultura para alimentação humana, sendo que de acordo com Schiefelbein (2010,
p. 8), “as referências mais concretas, entretanto, remontam ao ano de 2822 a.C., durante a
célebre cerimônia instituída pelo imperador da China, que consistia em semear, ele próprio,
anualmente, as sementes de arroz”.
Já na Índia, sua utilização como alimento remota de muito tempo, havendo referência a
esse alimento em todas as escrituras hindus. No trabalho de Schiefelbein (2010) duas formas
silvestres são descritas como as precursoras do arroz cultivado: a Oryza rufipogon, com origem
na Ásia, que deu origem a variedade O. sativa; e a Oryza barthii (Oryza breviligulata), que tem
raízes na África Ocidental, e que originou a variedade O. glaberrima. O gênero Oryza é o mais
rico e importante da tribo Oryzeae, englobando aproximadamente 23 espécies, que se espalham
de maneira espontânea nas regiões tropicais da Ásia, África e Américas. A espécie O. sativa é
considerada polifilética, resultante do cruzamento de formas espontâneas variadas. Conforme
Walter, Marchezan e Avila (2008, p. 1185), a composição do arroz in natura:

Consiste da cariopse e uma camada protetora, a casca. A casca, composta de duas


folhas modificadas, a pálea e a lema, corresponde a cerca de 20% do peso do grão. A
cariopse é formada por diferentes camadas, sendo as mais externas o pericarpo, o
tegumento e a camada de aleurona, que representam 5-8% da massa do arroz integral.

Segundo dados do Faostat (2018), a produção de arroz em casca na safra 2015/2016, a


nível mundial, foi de 740,96 milhões de toneladas, sendo que a China foi o maior produtor

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mundial do cereal, com aproximadamente 191,22 milhões de toneladas, seguido pela Índia,
com 138 milhões e Indonésia, com 58,4 milhões de toneladas. A Figura 1, a seguir, apresenta
a participação de cada um dos principais países produtores mundiais de arroz na safra
2015/2016, onde demonstra-se a grande participação do continente asiático.

Figura 1 - Mapa mundial do arroz

Fonte: Grupo Ceolin (2018).

Já o Brasil, com 1,7% de participação na produção mundial de arroz, é o 9º (nono) maior


produtor mundial, com uma produção de 11,1 milhões de toneladas de arroz em casca na safra
2015/2016 (FAOSTAT, 2018). De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA), expostos por Ayres et al. (2011), cada brasileiro consome, em
média, 46 kg de arroz por ano, tendo-se como base o arroz em casca. No entanto, há uma
estagnação do consumo per capita, crescendo apenas em relação ao aumento populacional do
país. Destaca-se neste contexto, o arroz branco tipo 1 como o principal produto consumido
pelos brasileiros, tendo em vista que boa parte do consumo do arroz in natura refere-se à
alimentação animal, também.
Destarte, vale destacar que:

o arroz é plantado em diversas regiões do planeta, por ser um produto básico, presente
na mesa do cidadão no dia-a-dia, tornou-se destaque em muitos países, movendo a
gastronomia, por ser rico em proteínas, a economia e a criação de novas ideias
(OCHÔA; MARTINS, 2013, p. 07).

Contudo, para que se possa ter esse consumo, é necessário que haja uma grande
produção, com posterior beneficiamento, sendo então, encaminhado ao comércio para chegar,
finalmente, ao consumidor final, ou seja, existe uma cadeia produtiva ligada diretamente a esse
produto, dado que uma cadeia produtiva pode ser definida como um agrupamento de elementos
que interatuam em um processo produtivo, com vistas ao oferecimento de produtos ou serviços
ao consumidor final que fica na ponta de cada cadeia (SILVA, 2005).

2.1 Geração de Resíduos

Os resíduos oriundos do processo de industrialização do arroz são diversos se levados


em consideração a cadeia produtiva do arroz em uma maneira global, desde a entrada dos
insumos até a saída dos produtos. Em pesquisa realizada por Saidelles et al. (2012) onde todo
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o processo de beneficiamento do arroz foi mapeado foram elencados um total de 21 resíduos
sólidos gerados. No entanto, como o trabalho em questão está interessado, especificamente, no
resíduo proveniente do grão de arroz é preciso inicialmente entender a estrutura do grão
(FONTOURA, 2015). Segundo Rocha (1998) um grão é formado pelo endosperma parte
denominada de grão polido, pelo farelo e pela casca. A camada mais externa é chamada de
casca e sua formação tem três principais componentes orgânicos: celulose, lignina e
hemicelulose (FOLETTO et al., 2005).
O resíduo denominado casca do arroz, surge quando a casca é separada do restante do
grão pelos descascadores, enquanto que o brunimento dá origem a outro resíduo, o farelo, que
é a camada mais interna da estrutura do arroz. Ainda como subproduto durante o processo
produtivo obtém-se os grãos quebrados chamados de “quirera”. Portanto, o beneficiamento do
arroz gera três resíduos principais: o farelo, a quirera e a casca. Por possuírem maior valor
agregado o farelo e a quirera normalmente são vendidos para fabricação de ração animal. Já a
casca não tem relevantes fatores nutricionais, no entanto, entre algumas das alternativas
convencionais está a sua combustão sendo uma técnica muito empregada (LORENZETT;
NEUHAUS; SCHWAB, 2012).
Destarte, a produção de arroz beneficiado resulta em uma produção de
aproximadamente 20% de resíduos da casca que dificilmente são devolvidos à região produtora
(lavouras), necessitando ter uma adequada destinação e não serem depositados no solo, de
forma descontrolada. Conforme Walter e Rossato (2010), como esse resíduo leva,
aproximadamente, cinco anos para se decompor, as toneladas geradas pelo beneficiamento nos
engenhos necessitam de uma destinação e tratamentos adequados.
Ainda de acordo com Walter e Rossato (2010, p. 33) “dependendo da forma de destino
podem gerar danos ambientais. Quando depositadas diretamente no solo, em terrenos a céu
aberto, causam impactos ambientais negativos”. Nesse sentido, a crescente preocupação com a
qualidade ambiental tem levado várias organizações a buscarem alternativas tecnológicas que
contribuam para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de forma sustentável, por
meio da minimização dos impactos negativos potenciais dos seus produtos e operações na
sociedade.
Zago (2010), comenta que a destinação adequada dos resíduos do agronegócio, onde se
inclui o aproveitamento da casca do arroz, em diversas possibilidades industriais, contribui
sobremaneira para minimizar os efeitos danosos da deposição inadequada dos referidos
resíduos, no entanto, em relação a fiscalização ambiental referente a destinação dos resíduos
gerados. No agronegócio, diversos materiais que incluem restos de lavouras ou sobras de
produtos processados no ambiente rural ou nas indústrias próximas, além de dejetos animais,
tem destinação inadequada, resultando em danos diversos ao ambiente, como poluição e
degradação dos solos e águas. Por isso, Mayer, Hoffmann e Ruppenthal (2006, p. 101)
argumentam que “um destino a ser dado a esses subprodutos agroindustriais torna-se
imperativo, com o objetivo de solucionar os problemas ambientais existentes, na medida em
que a sociedade busca o desenvolvimento sustentável”.
Informações da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) indicam que a
grande quantidade de resíduos sólidos resultantes da produção de arroz, que decorrem de seu
processamento e beneficiamento, são identificados como casca do arroz e cinzas resultantes da
queima de casca do arroz, que são fontes de poluição e contaminação, causando impactos no
meio ambiente e na saúde humana (FEPAM, 2011).
3 Procedimentos Metodológicos

Esse estudo consistiu em uma revisão bibliométrica, sem intervenção do pesquisador,


no sentido de buscar informações sobre o tema em debate, que, no caso, é a busca pelos estudos
que tratam da destinação dos resíduos provenientes do processo de beneficiamento de arroz
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(casca) em convergência com a busca de soluções que sejam favoráveis ecologicamente e
também economicamente viáveis.

Portanto, tratar-se-á de uma pesquisa exploratória, metodologicamente definida por Gil


(2017, p. 41) como uma pesquisa que:

Tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torna-lo mais explícito ou construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas
envolve: levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado, e análise de exemplos que
estimulem a compreensão.

Destaca-se que a análise bibliométrica, “é um método de análise quantitativa para a


pesquisa científica. Os dados elaborados por meio dos estudos bibliométricos mensuram a
contribuição do conhecimento científico derivado das publicações em determinadas áreas”
(SOARES et al., 2016, p. 175).
O levantamento de dados deste estudo foi realizado por meio de ferramentas de pesquisa
da internet, tais como trabalhos indexados nas bases de dados da Scopus, considerando as
publicações nacionais e internacionais, sem um período de tempo pré-fixado, tendo como
palavras-chave para a busca: “rice husk” and “ecological*”, sendo que nessa etapa realizou-
se uma análise bibliométrica, onde utilizou-se a 1ª Lei da Bibliometria (Lei de Zipf) que se
refere a incidência de palavras no texto (BUFREM; PRATES, 2005). Os resultados da pesquisa,
coletados no mês de junho de 2018, foram expressos por meio de gráficos, formatados a partir
do software Microsoft Office Excel versão 365;

4 Resultados e Discussões
A revisão bibliométrica, conforme exposto, foi realizada no intuito da busca de
publicações que descrevem a utilização da casca do arroz de uma maneira julgada como
“ecologicamente correta”. Para tanto, buscou-se na base de dados do Scopus os termos: “rice
husk” and ecological* em uma pesquisa que abrangeu o título, resumo e/ou palavras-chave. A
Figura 2, a seguir, apresenta os dados da quantidade de publicações relacionadas a cada um dos
termos, bem como a quantidade dos termos quando pesquisados em conjunto.

Figura 2 – Quantidade de publicações relacionadas a pesquisa de cada um dos termos

Fonte: Os autores (2018).

Conforme exposto na Figura 2, foram encontrados um total de cinquenta e uma


publicações com os termos pesquisados, sendo que a primeira se deu no ano de 1991. Observa-
se ainda o número crescente de publicações, com o ápice ocorrido em 2015, onde ocorreram 8
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(oito) publicações. A Figura 3 apresenta os dados das evoluções dos resultados de pesquisa ao
longo dos anos.
Figura 3 – Distribuição temporal das publicações

Fonte: Os autores (2018).

Há de se destacar que, conforme observado na Figura 4 a seguir, a maior parcela de


publicações se deu no formato de artigos, com um total de 40 (quarenta) publicações, enquanto
que foram observados 5 (cinco) artigos publicados em eventos, 3 (três) títulos de eventos, 2
(duas) publicações foram caracterizadas como revisão e apenas 1 (um) capítulo de livro.

Figura 4 – Tipo de publicação

Fonte: Os autores (2018).

Já a Figura 5 apresenta os dados relacionados as áreas de conhecimento das publicações,


evidenciando um total de 15 (quinze) áreas distintas, nas quais a área de engenharia possui o

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maior número de publicações (17), seguido pelas ciências agrárias e biológicas com 15 (quinze)
publicações.

Figura 5 – Principais áreas do conhecimento das publicações sobre o tema

Fonte: Os autores (2018).

Verifica-se assim a multidisciplinariedade das publicações sobre o tema investigado, o


que demonstra que esse tema circula em distintas áreas do conhecimento. Portanto, observa-se
que este assunto desperta o interesse dos pesquisadores de diversos campos de estudo, o que
acaba por direcionar as investigações sob diferentes abordagens, podendo ter diferentes
aplicabilidades.

Figura 6 – Autores com mais publicações sobre a questão ecológica da casca do arroz

Fonte: Os autores (2018).

Sob a perspectiva da Lei Bibliométrica de Lotka, em específico, em relação a


produtividade dos autores, destaca-se que que poucos autores publicam muitos artigos sobre
determinado tema, ao passo que muitos autores publicam poucos artigos sobre um tema
específico (ALVARADO, 2002; 2008). Nesse sentido, destaca-se que os autores Dimitrov,
Genieva, Petkov e Vlaev foram responsáveis pelo maior número de trabalhos publicados, em

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um total de 3 (três) publicações para cada um deles, enquanto que um total de 155 (cento e
cinquenta e cinco) autores possuem somente 1 (uma) publicação, conforme os dados
observados na Figura 6.
Conseguinte, averiguou-se as Instituições de Ensino Superior nas quais os autores destas
publicações estão vinculados. Os resultados obtidos demonstraram a predominância de 4
(quatro) instituições, Bourgas Prof. Assen Zlatarov University, Universiti Teknologi MARA,
Chinese Academy of Sciences e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sendo
representadas por 2 (dois) autores cada uma delas. Vale destacar a presença da UFSM, uma
universidade situada no Estado do Rio Grande do Sul (RS), entre as que mais possuem autores
que pesquisam o tema. Destaca-se ainda que, 87 (oitenta e sete) outras instituições foram
elencadas, sendo que as mesmas possuem apenas 1 (um) autor afiliado. A Figura 7 apresenta
os dados citados.

Figura 7 – Afiliação dos Autores

Fonte: Os autores (2018).

Isto posto, realizou-se o levantamento do país de origem dos autores, constatando que
estes possuem 29 (vinte e nove) nacionalidades distintas. Observou-se que aproximadamente
13,43% dos autores são brasileiros, ou seja, 9 (nove) autores, enquanto que a China possui 6
(seis) autores, perfazendo um total de 8,96% dos autores e a Malásia, com 5 (cinco) autores,
possui 7,46%. Destaca-se também que 5,97% dos autores não identificaram sua nacionalidade,
a mesma porcentagem de autores dos Estados Unidos (EUA). Destarte, averiguou-se que a
maioria das publicações sobre a questão ecológica da casca do arroz são de origem brasileira,
o que pode evidenciar que o tema vem sendo bem discutido no cenário nacional.
5 Considerações Finais
Considerando todos os dados coletados, o estudo atingiu o seu objeto inicial, tendo em
vista que se identificou, na literatura, estudos que tratam da utilização desse resíduo de maneira
que seja considerada ecologicamente sustentável, através da pesquisa bibliométrica que fora
realizada.
De fato, a utilização ecológica desse resíduo é um tema de pesquisa a ser aprofundado,
sendo que foram encontradas 51 (cinquenta e uma) publicações relacionadas ao tema, que
demonstram a multidisciplinaridade do tema, ou seja, o assunto é abordado em diversos campos
de pesquisa e esses resíduos podem ter diversas aplicabilidades que se julguem ecológicas e
que também possam ser economicamente viáveis com retornos a longo prazo.

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Destaca-se também a presença de estudos nacionais, dentre todas as publicações
observadas desde 1991, onde o Brasil possui o maior número de autores que investigam o tema
e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aparece como a instituição de afiliação de
dois autores.
Desse modo, como sugestão para estudos futuros, sugere-se a realização da revisão
sistemática da literatura encontrada nesse estudo, no intuito de investigar quais as destinações
dos resíduos da casca do arroz são realizadas em convergência à busca por destinos
ecologicamente sustentáveis e economicamente viáveis.

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Curso (Bacharel em Administração) – Centro de Ciências da Economia e Informática,
Universidade da Região da Campanha.

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