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Funções do Governo

Waldemir Luiz de Quadros


Considerações Iniciais

• É frequente ouvirmos a tese de que o setor


privado é mais eficiente do que o setor público.

• Mas essa tese tem um problema com os fatos: o


governo, na prática, tem uma grande e crescente
participação na economia de quase todos os
países.
Considerações Iniciais

• O governo está presente, de forma direta ou


indireta, em praticamente todas as questões
econômicas.

• Os impostos, as políticas públicas, as


transferências de renda, a previdência social, os
investimentos, a dívida pública, o emprego, as
agências de regulação, etc., afetam as decisões
do setor privado e tem importância fundamental
sobre o desempenho econômico.
Aumento do Tamanho do Governo

Destaquem-se as seguintes teses que procuram


explicar o aumento do tamanho do governo. :

1. O processo de urbanização (demanda por serviços


públicos nas cidades);

2. O esforço de guerra (despesas militares);

3. A ação da burocracia (demanda de orçamento


para suas repartições);
Aumento do Tamanho do Governo

4. A ação dos políticos (demanda por despesas em


suas regiões eleitorais);

5. Investimentos em infraestrutura;

6. Crescimento populacional (educação);

7. Envelhecimento populacional (previdência social


e saúde);
Aumento do Tamanho do Governo

8. Custos de serviços públicos (saúde, etc.);

9. Despesas com assistência social;

10. Maiores possibilidade de aumento da carga


tributária (desenvolvimento econômico,
fiscalização);
Aumento do Tamanho do Governo

11. Criação de agências de regulação (energia


elétrica, telecomunicações, etc.);

12. Crises econômicas (1929, 2008, COVID, etc.).


Funções do Governo: Resumo

• Garantir o cumprimento das leis e contratos.

• Função alocativa: Procurar a utilização eficiente dos


recursos produtivos.

• Função distributiva: Contribuir para uma distribuição


mais equitativa da renda e redução da pobreza.

• Função estabilizadora: Manter a estabilidade


macroeconômica.
Função Alocativa

• Na teoria, num mercado em concorrência perfeita


é possível alcançar a máxima eficiência
econômica na alocação dos recursos produtivos
sem a necessidade de intervenção do Governo
no mercado.

• Na realidade, a existência de Falhas de Mercado


impede que a economia alcance uma situação de
máxima eficiência (ótimo de Pareto). Nessas
condições a intervenção do Governo pode
contribuir para alcançar uma situação mais
eficiente.
Falhas de Mercado

Principais Falhas de Mercado:


• Bens públicos;
• Externalidades;
• Monopólios naturais;
• Mercados incompletos;
• Falhas de informação.
Bens Públicos

Tipos de Bens
Rivais Não-rivais
Rivalidade
O consumo de um Diferentes consumidores
indivíduo reduz a podem consumir
quantidade disponível simultaneamente o
para os demais. O mesmo bem. O sistema
sistema de preços é de preços não consegue
eficiente para determinar orientar a distribuição
a distribuição: quem individual.
Exclusão pagar mais, consome
mais.
Máxima Ex. Biscoitos Ex. Televisão a cabo

É possível limitar o
consumo do bem. Quem
quiser consumir tem que
pagar.
Mínima Ex. Peixes no mar, ar Bens públicos
puro.
É impossível ou muito . Ex. Defesa Nacional.
difícil limitar o consumo Problema: super
do bem. No limite não se exploração. Problema: Não há
pode cobrar pelo bem. incentivos para produzi-
los. Todos podem se
beneficiar do consumo
do bem pagando ou não
pagando.
Bens Públicos

• Bem Público: bem não rival e não excludente.

– Não rival: O consumo do bem por parte de


um indivíduo não reduz a disponibilidade do
bem para outros indivíduos.

– Não excludente: Não é possível excluir um


indivíduo do consumo do bem.
Bens Públicos

• No caso dos Bens Públicos, o sistema de preços de


mercado não induz à quantidade ótima de produção
desses bens e serviços.

• Não se pode evitar que indivíduos desfrutem do


consumo do bem sem pagar, logo pode não haver
incentivo para produzi-los.

• Também pode não haver incentivos para participar


voluntariamente no financiamento da produção do
bem (“free riders”).
Bens Públicos

Existem poucos exemplos de Bens Públicos


puros:
• Defesa nacional;
• Segurança pública;
• Justiça;
• Embaixadores;
• Iluminação pública;
• Controle de desastres naturais;
Bens Públicos

• Formas de intervenção do governo:

– Oferta dos Bens Públicos: O Estado


diretamente ou através de organizações
sociais sem fins lucrativos irão produzir esses
bens e serviços públicos.

– Financiamento através de arrecadação


tributária.
Externalidades

• Existem externalidades quando o comportamento de


alguns agentes econômicos (consumo ou produção)
afeta o bem estar de outros e esse efeito não é
compensado, mesmo sob competição perfeita.

• O sistema de preços de mercado não sinaliza


adequadamente o nível a ser produzido ou
consumido do bem ou serviço.

• Existem custos ou benefícios externos que


não são considerados.
Externalidades Positivas

• Externalidades positivas: Quando o benefício


social (para todos os indivíduos afetados) é
superior ao benefício privado associado à
produção ou consumo de um dado bem.

• Nesse caso, o equilíbrio de mercado


competitivo pode induzir sub-produção e
consumo do bem.
Externalidades Positivas

Exemplos de externalidades positivas:


• Serviços de infraestrutura;
• Progresso tecnológico;
• Saúde;
• Educação;
• Vacinação;
• Saneamento básico, etc.
Externalidades Positivas

Bens Meritórios (ou Bens Semi-Públicos):

• Apesar de serem excludentes, portanto passíveis da


exploração pelo setor privado, os Bens Meritórios
geram altos benefícios sociais e Externalidades
positivas, o que justifica a interferência do setor
público na sua produção total ou parcial.

• Principais exemplos: Educação, Saúde e


Saneamento.
Externalidades Positivas

Formas de intervenção do Governo no caso de


externalidades positivas:

• Produção direta dos Bens Semi-Públicos.

• Subsídio para estimular a oferta privada.


Externalidades Negativas

• Externalidades negativas: Quando o custo social


(todos os afetados) é superior ao custo individual
resultante da produção/consumo de um bem.

• Como o custo social não é repassado na forma de


preços mais altos para os produtos, o equilíbrio de
mercado competitivo pode induzir produção e
consumo excessivos.
Externalidades Negativas

Exemplos de externalidades negativas:


• Poluição do meio ambiente;
• Consumo de álcool e tabaco;
• Congestionamentos de trânsito;
• Acidentes de trânsitos etc.
Externalidades Negativas

• Formas de intervenção do Governo:


– Regulamentação: Limitar o nível de produção
e consumo.
– Tributação (ou multas): Igualar os custos
sociais e os custos privados, de forma a
aumentar o preço para os consumidores
como forma de induzir a redução do consumo.
Monopólio Natural

• Monopólio Natural: Quando ocorrem economias de


escala expressivas, com custo médio de produção
decrescente, devido aos altos custos fixos
associados à produção do bem.

• Exemplos: Geração e distribuição de energia elétrica


através de hidroelétricas; distribuição de água;
telecomunicações.
Monopólio Natural

A intervenção do Governo pode tomar duas formas


possíveis:

• Regulação: Melhorar a quantidade e qualidade do


bem ou serviço e impedir a cobrança de preços
abusivos aos consumidores.

• Produção: O Governo se responsabiliza


diretamente pela produção do bem ou serviço.
Mercados Incompletos

• Mercados Incompletos: Quando o setor privado não


tem interesse em ofertar um bem ou serviço na
quantidade demandada pela economia.

• BNDES na oferta de financiamento de longo prazo.

• Empresas estatais na oferta de insumos básicos


durante o processo de industrialização por
substituição de importações; etc.
Informações Assimétricas

• Informações Assimétricas: Os agentes econômicos


não dispõem de informação suficiente para tomar
decisões racionais.

• A informação é considerada como um Bem Público.

• O Governo deve contribuir para que o fluxo de


informações seja o mais eficiente possível.

• Exemplos: Regulação prudencial ao sistema


financeiro pelo Banco Central; CVM; etc.
Função Distributiva

• Função distributiva: Contribuir para reduzir


desigualdades de renda pessoal, entre setores
econômicos ou regiões econômicas do país.

• A Teoria Econômica não fornece um critério único e


inquestionável de equidade.
Função Distributiva

Formas de intervenção do Governo:


• Subsídios: Promover transferências para
assegurar um retorno maior para certas
atividades econômicas.
• Tributação: Redução de impostos para
beneficiar alguns segmentos econômicos; IRPF
progressivo; etc.
• Gasto Público: Seguridade social; Políticas de
desenvolvimento regional; etc.
Função Estabilizadora

• Função estabilizadora: Manter a estabilidade


macroeconômica, considerando-se que o
funcionamento do sistema de mercado pode não
ser capaz de sempre assegurar:
– Inflação baixa;
– Taxas de desemprego baixas.
Função Estabilizadora

Formas de intervenção do Governo:

• Política Fiscal: Impactos na demanda agregada


através de variação dos gastos públicos em
consumo e investimento e/ou pela variação das
alíquotas de impostos.

• Política Monetária: Impactos na economia através da


variação da taxa de juros.

• Política Cambial: Impactos na economia através da


variação da taxa de câmbio.
Referências Bibliográficas

• COSTA, M.“O Papel do Governo”. Brasília: ESAF/Instituto do FMI, (Curso de Gestão


Macroeconômica e Política Fiscal), 23/03/2009.
• GIAMBIAGI, F. e ALÉM, A.C. “Finanças Públicas – Teoria e Prática no Brasil”. São
Paulo: Elsevier, 2015, 5ª ed., cap. 1
• JUAN-RAMÓN, Vitor Hugo – “El Rol del Gobierno”. Brasília: Esaf / Instituto do FMI,
(Curso de Gestão Macroeconômica e Política Fiscal), agosto de 2006.
• MUSGRAVE, Richard A. & MUSGRAVE,Peggy B. – “Finanças Públicas: Teoria e
Prática”. São Paulo: Campus/USP, 1980.
• OECD. “General government expenditures”, in Government at a Glance 2015, OECD
Publishing.
• REZENDE, Fernando – “Finanças Públicas”. São Paulo: Atlas, 2011, 2ª ed., cap. 1
• TANZI, Vito – “O Papel do Estado e a Qualidade do Setor Público”. International
Monetary Fund: IMF Working Paper, Fevereiro de 2003.
• TANZI, Vito & SCHUKNECHT, Ludger– “Public spending in 20th century: a global
perspective”. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

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