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Resgate na selva
By Amália Safatle — 1 de outubro de 2007  29 Mins Read
Sustentabilidade
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sobre ESG, sustentabilidade
Uma das grandes fronteiras a se explorar no planeta, a Amazônia vive um boom e mais
de investimentos. O capital que historicamente a devora pode ser um e>caz
instrumento para mantê-la viva E-mail*

Por Amália Safatle


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“Quer proteger a Amazônia? Coma a ;oresta três vezes ao dia. Mas coma a
;oresta certa.” A receita é de João Meirelles, diretor do Instituto Peabiru, em
Belém, e autor do Livro de Ouro da Amazônia, objeto de resenha do professor
Ignacy Sachs. O militante de organização não governamental que freqüentou
salas de aula de Economia indica que a salvação da maior ;oresta tropical do
mundo vai além das cercas que tentam protegê-la: o capital que a devora pode
ser um eUcaz instrumento para mantê-la viva.
ÚLTIMAS DA REDAÇÃO

Uma das últimas grandes fronteiras a se explorar no planeta, a Amazônia vive Crescem ações
um boom de investimentos. “O que se investiu nos últimos 500 anos na região judiciais climáticas
contra empresas e
equivale ao que está projetado para os próximos 10”, resume Meirelles. Nessa governos
conta, entram atividades agrícolas, geração de energia hidrelétrica e 29 de junho de 2022
mineração, que historicamente causaram grandes impactos socioambientais.
Com os aportes previstos para as usinas no Rio Madeira, abre-se uma ESG e RSC: como
discussão de quão sustentável pode ser a exploração econômica na Amazônia equilibrar as duas
vertentes?
(leia reportagem sobre os impactos das usinas).
23 de junho de 2022

Ao mesmo tempo, a retirada predatória de madeira, que abre espaço para a


Barulho coletivo,
agropecuária feita de forma insustentável, produz um rastro de municípios vozes resistentes
falidos e perpetua a pobreza na região, como descreve o pesquisador sênior do 22 de junho de 2022
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto

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Veríssimo, em entrevista nesta edição.


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Diante de uma sociedade global mais vigilante, os novos empreendimentos


terão de cumprir exigências crescentes para minimizar seus efeitos negativos
e ampliar seus benefícios socioambientais. Mas a transformação que se
espera para a Amazônia vai além disso: tornar-se um terreno fértil a uma nova
economia baseada não mais na derrubada da ;oresta, mas no uso dela para se
obter renda com base na produção de alimentos, cosméticos, medicamentos,
madeira, borracha e também no próprio serviço ambiental que presta por meio
da estocagem de carbono e de água.

O grosso dos investimentos projetados, entretanto, dirige-se às velhas


modalidades de exploração econômica. “Quase metade do volume de
exportações da Amazônia Legal vem de minério de ferro, manganês, caulim,
alumínio. O setor mineral é quem está no comando econômico da região”,
aUrma Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) – Amazônia Oriental.

As atividades mineradoras podem trazer benefícios sociais e ambientais à


Amazônia i desde que praticadas com respeito aos princípios da
sustentabilidade. Como mostram estudos de Veríssimo, são capazes de evitar
o colapso econômico de municípios ao estabelecer uma economia mais
diversiUcada e competitiva, em alternativa à exploração predatória de madeira.

Entretanto, as poucas diversiUcações econômicas estão longe de fazer jus à


megadiversidade biológica, social e cultural da Amazônia. O que se produz de
alimentos, por exemplo, nem mesmo pertence à biodiversidade local: é coco,
dendê, abacaxi, boi, soja. “O açaí, a castanha e a madeira obtidas a partir de
manejo são produtos locais que protegem a mata, porque dependem dela, mas
ainda representam uma pequena parte da produção. Só 10% da madeira
extraída na Amazônia é manejada”, diz Meirelles.

Macarrão e Ki-suco

Sem variedade de alternativas, a ;oresta majoritariamente cede lugar a


produtos commoditizados e frutos de monoculturas. O ambientalista aponta
como a primeira grande razão para o boom de investimentos na região o
aumento do consumo mundial de carne, metais e água i esta última embutida
na produção de boi e soja. Segundo ele, de cada 3 quilos de carne bovina
consumida no Brasil, 1 quilo é da Amazônia. Em 50 anos, a “população bovina”
na região passou de 1 milhão para quase 80 milhões de cabeças. Ao mesmo
tempo, as guseiras i fábricas de ferro-gusa, matéria-prima do aço i utilizam
madeira de desmatamento ilegal para seus fornos. Estima-se que 800 mil
hectares de ;oresta densa tenham sido desmatados ilegalmente para
exportação de ferro-gusa até 2005. E um terço da produção nacional de soja
espalha-se pela Amazônia Legal, em Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.

No outro lado da moeda, o consumo variado de produtos da agro;oresta


ajudaria a mantê-la, na forma, por exemplo, de polpa de frutas, de castanha, de
mel, de açaí. “Se as escolas e as cantinas das empresas na Amazônia usassem
esses produtos, já movimentaria bastante essa economia alternativa. Mas a
merenda das crianças é macarrão e Ki-suco, comprados em São Paulo”, diz
Meirelles. Além disso, acrescenta ele, grandes redes de distribuição nacionais

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contribuiriam muito se colocassem em suas prateleiras alimentos de origem


amazônica produzidos de forma sustentável e evitassem fornecedores de
carne oriunda de áreas de desmatamento ilegal.

Boi da cara preta

A reportagem procurou as duas maiores redes de distribuição do País e


perguntou se têm alguma política para compra de produtos da Amazônia. Por
meio de sua assessoria de imprensa, o Pão de Açúcar informou que não
responderia e sugeriu que se ouvisse as associações paulista e brasileira de
supermercados, Apas e Abras. Também por meio de sua assessoria, o
Carrefour informou que vendeu a fazenda onde criava gado na Amazônia e não
soube dizer de onde vem a carne que comercializa.

Os consumidores e distribuidores podem puxar essa nova economia da


Amazônia, como defende Meirelles, mas de nada adianta se não houver uma
produção que atenda regularmente à demanda. Para Homma, da Embrapa, os
investimentos em produtos da biodiversidade amazônica propagandeados por
empresas não correspondem à necessidade e a região vive uma grande
defasagem de infra-estrutura, educação, ciência e tecnologia (leia mais na
reportagem “Tesouro à espera de um mapa”). O que, por sua vez, desencoraja
investimentos.

Recentemente, o Museu Paraense Emílio Goeldi divulgou uma lista com nada
menos que 2.150 espécies ;orestais não madeireiras com algum tipo de uso
econômico, incluindo plantas aromáticas, medicinais, alimentícias, Ubrosas e
oleaginosas. “Temos a maior ;oresta do mundo, que representa 59% do
território nacional e é supostamente considerada o ouro verde do futuro, mas
sua biodiversidade contribui em menos de 1% para o PIB”, aUrmou Charles
Roland Clement, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), durante a 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), em Belém.

Sur3stas pegam a onda

Com valor econômico tão baixo, não é de espantar que a ;oresta caia por terra.
Há, contudo, quem veja valor nela e consiga extraí-lo. O açaí disseminou-se
pelo mercado consumidor do Sudeste, mas quem agregou valor a ele e
conquistou maiores mercados mora longe da Amazônia. Foram dois surUstas
americanos que investiram na criação de um inteligente sistema de coleta e
pré-industrialização do fruto, o purple berry, e fundaram a empresa com nome
de explícita referência ao Brasil e forte apelo comercial no exterior: Sambazon.

“Tirando Natura, Boticário e outras poucas, não há empresas brasileiras


fazendo coisas desse tipo”, diz Roberto Waack, sócio-diretor da Amata,
empresa que trabalha com madeira certiUcada. Devido à distância e à rápida
degradação facilitada pelo clima tropical, os produtos amazônicos são
extremamente perecíveis. As castanhas Ucam com fungo, o açaí apodrece, as
essências evaporam. Daí a necessidade de aplicar tecnologia para subir
alguns degraus além do extrativismo puro e simples e alçar vôos mais altos.
“Mas falta empreendedorismo”, aUrma.

Empresas brasileiras fazendo coisas desse tipo”, diz Roberto Waack, sócio-

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diretor da Amata, empresa que trabalha com madeira certiUcada. Devido à


distância e à rápida degradação facilitada pelo clima tropical, os produtos
amazônicos são extremamente perecíveis. As castanhas Ucam com fungo, o
açaí apodrece, as essências evaporam. Daí a necessidade de aplicar
tecnologia para subir alguns degraus além do extrativismo puro e simples e
alçar vôos mais altos. “Mas falta empreendedorismo”, aUrma.

De fato, os empresários brasileiros pouco se animam a enfrentar a aventura da


;oresta tropical, quando têm infra-estrutura e mercado consumidor à
disposição num só lugar, no eixo Centro-Sul do País. “A região não conta com
uma razoável infra-estrutura rodoviária, ferroviária, portuária. Exportar um
contêiner de Belém custa duas vezes mais que do Porto de Santos. Nós só
estamos atuando na região (no Pará) porque fomos antes, há 25 anos, quando
o governo concedia incentivos Uscais para derrubar a mata e se implantar”,
conta Marcello Brito, diretor-comercial da Agropalma, empresa que possui 34
mil hectares em plantações de palma e mais 72 mil hectares de reserva legal.

Quando começou a acessar o mercado internacional, em 1995, e crescia lá fora


a conscientização ambiental, a Agropalma teve de se redescobrir. A partir daí
buscou uma produção sustentável na região, usando o plantio das palmeiras
para recuperar áreas degradadas. A palma, de onde se extrai o azeite-de-
dendê, é uma cultura perene com ciclo de 25 a 30 anos, que produz o ano
inteiro, gera empregos e tem uma produtividade bem superior à da soja e até à
da canola. O azeite serve às indústrias alimentícia, oleoquímica, cosmética e
também como biocombustível. “Não é uma opção para substituir a ;oresta
porque não recompõe a biodiversidade, e sim para recuperar áreas
desmatadas”, explica o diretor.

E essas áreas não faltam. Segundo Veríssimo, do Imazon, já se desmatou na


Amazônia o equivalente aos territórios de Minas, São Paulo, Alagoas e Sergipe.
Metade disso está abandonada ou subaproveitada. Brito, entretanto, critica o
ambiente institucional para os negócios:

“A Amazônia é tratada com tanto respeito pelo governo brasileiro que sua
ocupação é regida por uma medida provisória de 1999, que estabeleceu a
reserva legal de 80%”, ironiza. Com isso, diz ele, se o empresário adquire uma
área 100% degradada, tem de bancar do bolso o re;orestamento de 80%.
“Qual atividade econômica será viável assim? É preciso uma regularização
fundiária e um modelo de zoneamento econômico-ecológico, senão o
empresário vai preferir investir em São Paulo mesmo. “ O custo de
recuperação de áreas degradadas na Amazônia é ainda mais alto que em
outras regiões. Segundo Homma, da Embrapa, a tonelada do calcário, por
exemplo, custa dez vezes mais que em São Paulo. “Na Amazônia, a
recuperação custa de R$ 800 a R$ 850 por hectare. Ao mesmo tempo, com
R$ 300 a R$ 400 e um palito de fósforo, desmata-se a mesma quantidade de
área”, compara.

Um zoneamento ordenaria a ocupação e a exploração econômica sem causar


mais devastação. “Já des;orestaram 17% da Amazônia, ou seja, estamos
quase nos 20% que a lei de reserva legal permite desmatar na região”, diz
Waack, da Amata, para quem a agricultura e a pecuária são parte da solução
para estancar o desmatamento e gerar renda nas áreas já convertidas. “É

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preciso estabelecer uma economia agrícola na Amazônia”, defende.

Mercados Crescentes

Veríssimo, do Imazon, também acredita que a pecuária feita de forma


sustentável é uma boa alternativa de exploração, e para a qual há mercados
crescentes. Para Homma, da Embrapa, o Brasil deveria também produzir
nessas áreas a madeira de re;orestamento.

Mas para esse ordenamento são necessárias políticas públicas eUcazes. “E


falta ao governo uma visão estratégica para a Amazônia. Não tem um órgão
com peso, estrutura, poder, uma coordenação de ministros. Sem isso teremos
apenas iniciativas pontuais”, aUrma Mary Allegretti, consultora independente
que ocupava a secretaria de Coordenação da Amazônia no Ministério do Meio
Ambiente até o início do governo Lula.

“Os estados hoje estão mais avançados que o governo federal, e o Acre e o
Amazonas são exemplares. A soja determina a política de ocupação, mas a
castanha e a borracha, não. Eu apostaria em mais ecoturismo para a região,
mas faltam investimento público em infraestrutura e uma política regional
para pagamentos por serviços ambientais”, critica Mary. Segundo ela, estudos
para implantação do ecoturismo foram Unanciados pelo Banco Interamericano
de Desenvolvimento, mas não foram aproveitados na atual gestão.

Ela também aponta a necessidade de haver maior ativismo da sociedade civil.


“Cadê as ONGs? Foram todas para o governo e por isso ninguém mais quer
criticar.”

Recentemente, Roberto Mangabeira Unger, da então Secretaria de


Planejamento de Longo Prazo, mostrou preocupação com a conservação da
Amazônia e atacou o “simplismo das políticas econômicas” para a região. Ao
jornal A Tribuna, do Acre, aUrmou: “Precisamos investir em projetos de
zoneamento territorial. Temos de promover ações de médio e longo prazo,
envolvendo agentes da sociedade para que a Amazônia passe a ser um
assunto de interesse de todos”. Mas a Medida Provisória que criou a secretaria
não foi aprovada.

A reportagem o havia procurado, mas sua assessoria informou que ele nçao
concederia entrevistas até se inteirar melhor do tema amazônico. Em reunião
com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão do MMA que está implantando
o sistema de concessões ;orestais em áreas públicas, o então ministro aUrmou
que as ;orestas são e sempre foram fator estratégico para qualquer
planejamento econômico de uma nação. E agora se trata de uma área de
inovação institucional, pois exige uma nova visão sobre direito de propriedade
e uso sustentável.

Tanto Mary Allegretti como Homma avaliam que é preciso ir além da “política
muito preservacionista” que ainda persiste no Brasil. “O País está dormindo,
precisamos de um plano nacional de borracha, por exemplo”, diz Homma. A
borracha, que já chegou a representar mais de 90% das exportações
brasileiras, e cuja exploração protege a ;oresta, hoje é importada do Sudeste
Asiático para atender a três quartos da demanda nacional.

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Mas uma ou outra iniciativa sobressai. Em Xapuri (AC), a abertura de uma


fábrica de preservativos com incentivos Uscais da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa) fará com que antigos seringueiros retomem a
atividade. A fábrica deverá produzir 200 milhões de preservativos por ano,
ampliando a oferta para distribuição na rede pública de saúde.

Efeito tampão

Segundo Oldemar Ianck, superintendente-adjunto de Projetos da Suframa, a


fábrica é um dos 45 empreendimentos i entre os quais a produção de
equipamentos eletrônicos e de motocicletas i que vão injetar US$ 720
milhões na economia local e gerar cerca de mil empregos diretos nos próximos
anos. Para Homma, a Zona Franca de Manaus exerce um “efeito tampão”, ao
movimentar uma economia alternativa à exploração predatória.

Para ir além da “política preservacionista”, as concessões se apresentam como


uma mudança de paradigma, na visão de Waack. Tanto por atuar como
instrumento de regulamentação do uso da terra quanto na forma como esse
uso será feito. A Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia, foi
escolhida como a primeira região do País onde será permitida a concessão
;orestal.

O Plano de Outorga prevê que 1 milhão de hectares de ;orestas públicas


(cerca de 0,5% do total) possam ser concedidos à iniciativa privada para
manejo sustentável. As concessões serão feitas por meio de licitação pública,
em que devem ser levados em conta o menor impacto ambiental, o respeito às
normas trabalhistas e o direito das comunidades tradicionais. “Os critérios de
seleção consideram mais a técnica e menos o preço. Isso é inédito na história
da administração pública nacional”, aUrma Tasso Azevedo, diretor-geral do
SFB.

Segundo ele, o contrato com a empresa vencedora da licitação deverá ser


assinado em março de 2008. Dos 220 mil hectares da Flona do Jamari, 40%
poderão ser objeto de concessão, e 60% são de uso comunitário, conservação,
mineração ou apresentam características que, segundo a Lei de Gestão de
Florestas Públicas, impedem a exploração por empresas. A Uscalização das
concessões será feita pelo Ibama, pelo SFB e uma auditoria independente, a
quem caberá monitorar o manejo e a atuação dos dois órgãos. Mas ainda
assim é objeto de dúvida por parte de alguns especialistas.

Stephan Schwartzman, codiretor do Programa de Trabalho Internacional da


Environmental Defense, organização não governamental dos EUA, concorda
que o sistema pode dar uma contribuição importante ao zoneamento. “Mas a
questão é a implementação, a capacidade do Estado de Uscalizar aquelas
concessões”, aUrma.

“É uma região onde tem até trabalho escravo. Se não se consegue controlar
isso, quanto mais monitorar os parâmetros de concessão”, questiona Rodolfo
Salm, ph.D. em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia,
Inglaterra, e pesquisador do Emílio Goeldi. Salm aponta o risco de as
atividades serem indutoras de ocupação no entorno, haver aumento de caça,
em especial os grandes mamíferos, e se perderem espécimes de árvores. “As
raras e de grande diâmetro não voltam mesmo”, diz

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Segundo Schwartzman, há um debate técnico quanto à sustentabilidade do


manejo madeireiro. “Não é questão de fazer um plano, cortar as madeiras mais
nobres, voltar em 30 ou 40 anos, fazer tudo de novo e obter o mesmo valor.
Isso não existe. O valor do segundo, terceiro ciclo, se um dia chegar lá, é
muito menor”, aUrma.

“As concessões não são a redenção da Amazônia”, Diz Mary Allegretti. “Temos
experiência de dez anos com as reservas extrativistas, e elas só funcionam
com várias culturas, como não madeireiros, turismo.” Por enquanto, o carro-
chefe da exploração será a madeira.

Segundo Tasso Azevedo, a infra-estrutura a ser aberta na região não é


indutora de ocupação porque estará voltada apenas ao uso ;orestal. Ele diz
que a tendência é de diminuição, e não de aumento da caça na região onde há
trabalho com carteira assinada. Que os relatórios de manejo serão públicos e
os sistemas de Uscalização estão mais soUsticados. “O Detex, que vai
monitorar a exploração ;orestal, entra em operação em outubro”, diz.

Apesar dos questionamentos, as concessões são mais uma tentativa para


compor a necessária economia da ;oresta. E um exercício importante de
atuação conjunta entre iniciativa privada, governo, comunidades locais e
mercado consumidor. Somente essa rede de múltiplos atores pode dar conta
de resgatar uma Amazônia multifacetada e megadiversa.

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Abras açaí Adalberto Veríssimo Agropalma Amália Safatle Amazônia biodiversidade

Carrefour commodities Desmatamento Embrapa João Meirelles madeira Mary Allegretti

pecuária Reportagem rio Madeira soja Stephan Schwartzman ZEE

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Amália Safatle

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