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Camões

Língua Portuguesa - Profª Nathália Senne


Luís Vaz de Camões
1524 (?) - 1580

O amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente.
Produção literária - Classicismo
• O grande representante da literatura portuguesa renascentista é Luiz Vaz de Camões e um
dos maiores nomes da literatura portuguesa de todos os tempos.
• Sua biografia é incerta e cheia de mistérios.
• Nasceu em Lisboa por volta de 1525.
• Em Lisboa, frequentou a corte como cavaleiro fidalgo.
• Lutou como soldado em Ceuta, no norte da África e ficou cego do olho direito num combate
contra os mouros.
• Feriu um oponente numa disputa em Lisboa e, para se livrar da prisão, partiu para a Índia,
onde participou de expedições militares e se tornou funcionário do governo.
• Sofreu um naufrágio na foz do rio Mekong (no atual Vietnã), mas conseguiu se salvar e
salvar seu livro "Os Lusíadas".
• Viveu os últimos anos de sua vida em extrema pobreza. Morreu em Lisboa, em 1580.
Características
• Antropocentrismo: valorização do ser humano e de sua • Valorização de elementos greco-latinos: mitologia,
racionalidade. arte e poesia.
• Rigor formal: versos regulares (metrificação e rimas). • Figuras de linguagem: antítese e paradoxo.
• Medida nova: uso de versos decassílabos (10 sílabas
poéticas), principalmente nos sonetos — um traço da
poesia clássica. Principais temáticas:
• Medida velha: uso de redondilhas (cinco ou sete sílabas • Desconcerto do mundo: desconfiança da realidade
poéticas) — uma característica remanescente do período devido à falta de lógica nos acontecimentos.
medieval.
• Mudanças, efemeridade, transitoriedade: a natureza
• Idealização da mulher: perfeita física e moralmente. e o ser humano estão sujeitos a mudanças, não
• Idealização do amor: neoplatonismo, amor espiritualizado. permanecem constantes.
• Sofrimento amoroso: conflito entre o amor carnal e o
espiritual.
principais obras
Suas obras de maior destaque são:
• El-Rei Seleuco (1545), peça de teatro;
• Filodemo (1556), comédia de moralidade;
• Os Lusíadas (1572), grande poema épico;
• Anfitriões (1587), comédia escrita em forma de auto;
• Rimas (1595), coletânea de sua obra lírica;
Estética camoniana
• Influenciado pela cultura greco-romana.
• Sua obra é divida em:
• Épica: Poemas narrativos sobre

ÉPICA LÍRICA grandes feitos heroicos – Os


Lusíadas

• Lírica: Poesias líricas (tendo um eu-


lírico que manifesta seus
sentimentos).

DRAMÁTICA • Dramática: Peças teatrais


A maior parte das poesias de Camões
são compostas por:

Lírica • Sonetos: Poema de forma fixa,


composto por 4 versos + 4 versos +
camoniana 3 versos + 3 versos.
• Redondilhas: Estrofes de 5 ou 7
versos (redondilha menor e maior)
Exemplo – Poesia lírica Estrutura/ Escansão

Amor é fogo que arde sem se ver; A/mor/ é/ fo/go/ que ar/de/ sem/ se/ ver//; A
É ferida que dói, e não se sente; É/ fe/ri/da /que/ dói/ e/ não/ se/ sen//te; B
É um contentamento descontente, É/ um/ con/ten/ta/men/to/ des/con/ten//te; B
É dor que desatina sem doer. É /dor/ que/ de/sa/ti/na /sem/ do/er//; A

É um não querer mais que bem querer; É /um/ não/ que/rer/ mais/ que/ bem/ que/rer//; A
É solitário andar por entre a gente; É /so/li/tá/rio an/dar/ por/ en/tre a/ gen//te; B
É nunca contentar-se de contente; É /nun/ca/ con/ten/tar/-se/ de/ con/ten//te; B
É cuidar que se ganha em se perder; É /um /cui/dar/ que/ ga/nha em/ se/ per//der; A

É querer estar preso por vontade; É/ que/rer/ es/tar/ pre/so /por/ von/ta//de; C
É servir a quem vence, o vencedor; É/ ser/vir/ a /quem /ven/ce, o/ ven/ce/dor//; D
É ter com quem nos mata, lealdade. É/ ter/ com/ quem/ nos/ ma/ta/ le/al/da//de. C

Mas como causar pode seu favor Mas /co/mo/ cau/sar/ po/de /seu/ fa/vor// D
Nos corações humanos amizade, Nos/ co/ra/ções/ hu/ma/nos/ a/mi/za//de, C
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Se/ tão/ con/trá/rio a/ si/ é o/ mes/moA/mor//? D
Faça a escansão do poema:
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!


Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto


onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto


um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Épica camoniana
• A única e grande obra de Camões é "Os Lusíadas".
• Trata-se de uma epopeia, ou seja, um poema narrativo
que narra feitos heroicos.
• O livro fala sobre a viagem de Vasco da Gama às Índias.
• Os Lusíadas é mais que uma obra literária, é uma obra de
arte, tamanha perfeição estética e regularidade formal.
• Considerado o maior poema épico da língua portuguesa,
foi publicado em 1572, com o apoio do Rei D. Sebastião
Os Lusíadas
• A narrativa é dividida em dez cantos que são organizados em 1.102
estrofes, cada uma com oito versos, todos decassílabos heroicos (as sílabas
tónicas são a 6.ª e a 10.ª), e com rima ABABABCC (emparelhadas).
• É composta de 8816 versos decassílabos e 1102 estrofes de oito versos.

Significado do título:
Lusíadas = povo que vivia na península ibérica. A cidade que ocupa o território
de Portugal, chamava-se Lusitânia.
Lusíadas = povo português
Os Lusíadas
• O poema conta histórias sobre as perigosas viagens marítimas e a
descoberta de novas terras, povos e culturas, exaltando o heroísmo
do homem, que, navegador, aventureiro, cavalheiro e
amante, é também destemido e bravo, e enfrenta mares
desconhecidos em busca dos seus objetivos.
• Traz também uma história mitológica, envolvendo lutas entre os
deuses do Olimpo: Vênus e Marte, Baco e Netuno.
• Ela foi inspirada nas obras clássicas a “Odisseia”, de Homero, e a
“Eneida”, de Virgílio. Ambas são epopeias que narram as
conquistas do povo grego.
• No caso de "Os Lusíadas", o herói da narrativa é o povo português.
• Como era comum na literatura épica, a narração de Os Lusíadas
começa in media res – ou seja, em plena ação – no caminho,
quando os portugueses já deixaram sua terra natal e se encontram
ancorados em Melinde, cidade situada no oceano índico.
Os Lusíadas - Divisão da obra

O enredo • 1 -Proposição
da obra é •

2 - Invocação
3 - Dedicatória
divido em • 4 - Narração
5 partes: • 5 - Epílogo
Os Lusíadas - Divisão da obra
• Proposição - Apresentação da obra e resumo do assunto, ressaltando o heroísmo, o
antropocentrismo, o amor à patria (ufanismo) - (Canto I, Estrofes 1 a 3)
• Invocação - O autor invoca e pede às musas Tágides, ninfas do rio Tejo, para virem lhe dar
inspiração. (Canto I, Estrofes 4 e 5)
• Dedicatória - O autor dedica sua obra ao Rei D. Sebastião, o qual é apresentado como um
menino de 14 anos assumindo o trono. Nesta passagem o autor exalta o rei como símbolo
de esperança da pátria. - (Canto I, Estrofes 6 a 18)
• Narração - Parte mais importante, quando o autor narra a viagem de Vasco da Gama às
Índias, incluindo narrações da história de Portugal, lutas e intervenções dos deuses do
Olimpo. - (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144)
• Epílogo - Última parte da obra. O tom dessas últimas estrofes é pessimista, contendo
críticas, lamentações a respeito da realidade, cita a decandência do país. (Canto X, Estrofes
145 a 156)
Principais
episódios
• O velho do Restelo:
Episódio do Canto IV - Velho
do Restelo é aquele que
questiona e em última
instância discorda da partida
das naus, representando
aqueles que ficam para trás
após a partida dos homens
para a grande empreitada.
Principais
episódios
• Inês de Castro:
O episódio de Inês de Castro
aparece no Canto III, durante o relato
de Vasco da Gama ao governante de
Melinde. Trata-se da história do amor
proibido de Inês, dama de
companhia da rainha, pelo príncipe
dom Pedro. Ao saber do
envolvimento dos dois, o rei Dom
Afonso manda matar a jovem.
Principais Episódios
• O Gigante Adamastor
O episódio se passa no canto V - É inspirado nos
clássicos gregos e se compõe de vinte e quatro
estrofes (canto V, 37 – 60). No plano
histórico,simboliza a superação pelos portugueses do
medo do Mar Tenebroso, das superstições medievais
sobre monstros e abismos. Adamastor é uma visão,
uma alucinação que existe só nas crendices dos
portugueses. Adamastor, apaixonou-se pela nereida
Tétis. Não correspondido, tenta tomá-la à força,
provocando a cólera de Júpiter, que o transforma no
Cabodas Tormentas, personificado numa figura
monstruosa, lançada nos confins do Atlântico.
Principais episódios
• Ilha dos amores
O episódio ocorre no Canto IX, um lugar
místico onde os guerreiros vão repousar,
rodeados de amantes. Este episódio é
dotado de um erotismo e acaba sendo
uma representação da verdadeira
Portugal, lugar da recompensa aos
homens após longo sofrimento, privação e
riscos da viagem.

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