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Consulta de Enfermagem:

Diabetes Mellitus

Profa. Ms. Herika Paiva Pontes Vargas


Mestre em Saúde Coletiva
Especialista em Saúde Coletiva
Especialista em Reeducação Postural Global
Especialista em Fisioterapia Neurológica Funcional
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
• Quanto ao rastreamento e às ações ao usuário com diabetes, o enfermeiro deve tomar
algumas condutas a fim de monitorar, controlar e educar o portador de DM.

Histórico (Anamnese):
– Realizar a identificação da pessoa: dados socioeconômicos, ocupação, moradia, trabalho,
escolaridade, lazer, religião, rede familiar, vulnerabilidades e potencial para o autocuidado.

– Registrar os antecedentes familiares e pessoais: história familiar de diabetes, hipertensão,


doença renal, cardíaca e diabetes gestacional.

– Registrar queixas atuais, história sobre o diagnóstico de DM, cuidados implementados e


tratamento prévio.
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Histórico (Anamnese):
– Avaliar a percepção da pessoa com relação a doença, tratamento e autocuidado.

– Medicamentos utilizados para DM e outros problemas de saúde, além da presença de


efeitos colaterais.

– Registrar os hábitos de vida: alimentação, sono, repouso, atividade física, higiene e funções
fisiológicas.

– Identificar os fatores de risco: tabagismo, alcoolismo, obesidade, dislipidemia e


sedentarismo.
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Exame físico:
– Realizar medidas antropométricas (altura, peso, circunferência abdominal e IMC).

– Aferir a pressão arterial com a pessoa sentada e deitada.

– Identificar alterações de visão.

– Realizar o exame da cavidade oral, com atenção para a presença de gengivite, problemas
odontológicos e candidíase.

– Medir a frequência cardíaca e respiratória, além de realizar a ausculta cardiopulmonar.


Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Exame físico:
– Realizar a avaliação da pele quanto a integridade, turgor, coloração e manchas.

– Inspecionar os membros inferiores: unhas, dor, edema, pulsos pediosos e lesões;


articulações (capacidade de flexão, extensão, limitações de mobilidade, edemas); pés
(bolhas, sensibilidade, ferimentos, calosidades e corte das unhas).

– Durante a avaliação ginecológica, atentar-se à presença de Candida albicans.


Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Diagnóstico:
– Quanto a dificuldades e déficit cognitivo, analfabetismo, prejuízo da acuidade visual e
auditiva, problemas emocionais, sintomas depressivos e outras barreiras psicológicas como
sentimento de fracasso pessoal, crença no aumento da severidade da doença e medos da
perda da independência podem ser a causa de hipoglicemia, ganho de peso e alterações nas
aplicações de insulina.

– Quanto ao uso da insulina, se o usuário realiza a autoaplicação, se não realiza, quem faz
para ele, atentando, nesse caso, aos motivos pelos quais ele precisa de ajuda. Averiguar sobre
a presença de complicações e reações nos locais de aplicação, além da forma de conservação
e transporte.

– Quanto à automonitorização, é necessário identificar se o paciente consegue realizar a


verificação da glicemia capilar e se apresenta dificuldades no manuseio do aparelho.
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Planejamento
– Esclarecer sobre os sinais de hipoglicemia e hiperglicemia e fornecer orientações sobre
como agir diante dessas situações.

– Estabelecer motivação para modificar hábitos de vida não saudáveis (fumo, estresse,
bebida alcoólica e sedentarismo).

– Atentar para a presença de complicações.

– A doença e o processo de envelhecimento.

– Uso de medicamentos prescritos (oral ou insulina), indicação, doses, horários, efeitos


desejados e colaterais, controle da glicemia.
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Planejamento
– Estilo de vida.

– Complicações da doença.

– Uso da insulina e o modo correto de reutilizar agulhas; planejamento de rodízio dos locais
de aplicação para evitar lipodistrofia.

– Solicitar e avaliar os exames previstos no protocolo assistencial local.

– Quando pertinente, encaminhar ao médico e, se necessário, a outros profissionais


Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Implementação
– Deverá ocorrer de acordo com as necessidades e o grau de risco da pessoa e da sua
capacidade de adesão e motivação para o autocuidado, a cada consulta.

– Pessoas com DM com dificuldade para o autocuidado precisam de mais suporte até que
consigam ampliar as condições de se cuidar.

– O apoio ao autocuidado poderá ser da equipe de Saúde ou de outros recursos, familiares ou


comunitários, articulados para esse fim.
Consulta de Enfermagem - Diabetes Mellitus
Avaliação
– Avaliar a pessoa e a família, se as metas de cuidados foram alcançadas e seu grau de
satisfação em relação ao tratamento.

– Observar se ocorreu alguma mudança a cada retorno à consulta.

– Avaliar a necessidade de mudança ou adaptação no processo de cuidado e reestruturar o


plano de acordo com essas necessidades.

– Registrar no prontuário todo o processo de acompanhamento.


Complicações - Diabetes Mellitus
Entre as complicações crônicas do DM, as úlceras de pés e a amputação de extremidades são
as mais graves e de maior impacto socioeconômico.

As úlceras nos pés apresentam uma incidência anual de 2%, tendo a pessoa com diabetes um
risco de 25% para desenvolver úlceras nos pés ao longo da vida.

Estudos estimam que essa complicação é responsável por 40% a 70% das amputações não
traumáticas de membros inferiores.
Complicações - Diabetes Mellitus
Complicações - Diabetes Mellitus
Aproximadamente 20% das internações de indivíduos com DM ocorrem por lesões nos
membros inferiores.

Quanto à amputação de membros inferiores na DM, 85% delas são precedidas de ulcerações,
sendo os principais fatores associados a neuropatia periférica, deformidades no pé e
traumatismos.
Complicações - Diabetes Mellitus
A neuropatia sensitivo-motora e a autonômica são a causa mais importante das úlceras
diabéticas.

Os principais pontos a serem ressaltados para os portadores de DM quanto à avaliação dos


seus pés são:

• o conhecimento sobre os cuidados com a região, inclusive unhas


• o comportamento do paciente com relação aos seus pés
• o apoio familiar no cuidado com a região
• as condições dos calçados e das palmilhas
Avaliação - Diabetes Mellitus
A prevenção por meio do exame frequente dos pés de pessoas com DM, exame realizado
pelo médico ou pelo enfermeiro em todas as consultas, é uma medida crucial para a redução
das complicações.

Quanto aos fatores de risco, o profissional deve atentar-se à necessidade de amputação


prévia, úlceras nos pés no passado, neuropatia periférica, deformidade nos pés, doença
vascular periférica, nefropatia diabética, mau controle glicêmico e tabagismo.

O exame físico dos pés de portadores de DM deve ser minucioso, seguindo algumas etapas
como a avaliação da pele, a avaliação musculoesquelética, a avaliação vascular e a avaliação
neurológica.
Avaliação - Diabetes Mellitus
Na avaliação da pele, a inspeção deve ser ampla, observando ressecamento e descamação da
pele, unhas espessadas ou onicomicose, intertrigo micótico, presença de bolhas, ulceração ou
áreas de eritema, incluindo observação da higiene dos pés e corte das unhas.

Na avaliação musculoesquelética, inspecionam-se deformidades nos pés e na avaliação


vascular.

A palpação dos pulsos pedioso e tibial posterior deve ser registrada como presente ou
ausente, observando também temperatura e pelos, além do estado da pele e dos músculos.

Instrumentos que devem ser utilizados na avaliação neurológica, caso do teste de


sensibilidade com o uso de monofilamento, do reflexo aquileu e do diapasão.
Avaliação - Diabetes Mellitus
No teste de sensibilidade com o uso do monofilamento, deve atentar-se às áreas de teste,
aplicar o monofilamento de 10 g e solicitar ao cliente que diga “sim” ou “não” durante o
toque nas áreas de teste (para confirmar a existência ou não de sensibilidade), aplicando
força apenas o suficiente para curvar o monofilamento.

Deve-se realizar uma aplicação simulada e uma aplicação concreta nas mesmas áreas para
confirmar a identificação, pelo paciente, do local testado, e, se duas respostas estiverem
corretas, descarta-se a perda de sensibilidade protetora.

Da mesma forma, qualquer área insensível indica sensibilidade protetora alterada.


Avaliação - Diabetes Mellitus
Avaliação - Diabetes Mellitus
O diapasão 128 Hz testa fibras grossas sensitivas para avaliação de sensibilidade vibratória.
Aplica-se o instrumento nos punhos do paciente (ou cotovelo ou clavícula) para que ele saiba
o que esperar. A pessoa não deve ser capaz de ver se ou onde o examinador o aplica.

O diapasão é aplicado sobre uma parte óssea no lado dorsal da falange distal do hálux,
perpendicularmente com pressão constante, sendo tal aplicação repetida duas vezes, mas
alternada com pelo menos uma aplicação simulada (em que o instrumento não esteja
vibrando).

O teste é positivo se o paciente responde de forma incorreta a, pelo menos, duas de três
aplicações, e negativo com duas das três respostas corretas.

Se o paciente é incapaz de sentir as vibrações no hálux, o teste é repetido mais


proximalmente (tuberosidade tibial, maléolo).
Avaliação - Diabetes Mellitus
Avaliação - Diabetes Mellitus
Outra avaliação é a realização do teste para o reflexo aquileu (reflexos do tornozelo).

Nesse teste, o paciente deve estar sentado, com o pé pendente, ou ajoelhado sobre uma
cadeira, com o tornozelo em posição neutra. Então, utiliza-se um martelo apropriado para
percussão do tendão de Aquiles. O teste é considerado alterado quando há ausência da flexão
do pé.

Com essa avaliação sistemática, o enfermeiro deve atentar aos sinais clínicos para intervir o
mais precocemente possível em intercorrências envolvendo os pés do paciente com DM,
evitando, assim, complicações decorrentes do diabetes.
Avaliação - Diabetes Mellitus
Condutas diante de lesões nos pés dos Diabéticos
• Coleta do material para cultura dos ferimentos infectados

• Limpeza diária com solução fisiológica a 0,9%

• Em caso de crostas ou calosidade, deve-se realizar desbridamento e avaliar a necessidade


de Encaminhar ao cirurgião

• Uso de preparos enzimáticos, conforme protocolos locais

• Evitar o uso de esparadrapo diretamente sobre a pele e orientar repouso, com o membro
inferior afetado ligeiramente elevado, protegendo o calcâneo e a região maleolar
Calçados mais adequados para Diabéticos
Calçados mais adequados para Diabéticos
Não existe um consenso sobre calçados adequados em normas brasileiras. Porém,
Departamento de Pé Diabético da Sociedade Brasileira de Diabetes elaborou um conjunto de
normas técnicas, com base em conceitos globais mínimos de adequação.
• Ter peso menor que 400 g (e máximo de 480 g)

• parte anterior (frente) ampla, com largura e altura suficientes para acomodar os dedos
(modelos com até três larguras);

• parte externa de couro macio e flexível;

• forração interna em couro de carneiro, microfibra antialérgica e antibacteriana que


absorva o suor;

• entressola palmilhada com fibras de densidade variável;


Calçados mais adequados para Diabéticos
• solado não flexível, do tipo mata-borrão, com redução de impacto e antiderrapante, de
couro ou borracha densa, colado ou costurado, com espessura mínima de 20 mm com
contraforte rígido e prolongado para acomodar e ajustar o retropé, prevenindo atrito no
calcâneo e/ou no maléolo;

• ausência de costuras e/ou dobras internas e colarinho almofadado com lingueta


prolongada, gáspea complacente, com altura para o dorso do pé, palmilha removível e
abertura e fechamento com calce regulável (velcro ou cadarço não encerado e mínimo de
ilhoses), cabedal de material não sintético, numeração um ponto ou meio ponto e, ao
menos, duas larguras;

• salto de 2 cm, rigidez no médio pé e fixação no calcanhar


herikapp@hotmail.com

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