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O pensamento sobre as origens e a natureza da vida em sociedade é quase tão velha quanto a

própria humanidade, mas só por volta do século 19 na Europa a Sociologia surge como um campo
delimitado do saber científico. As mudanças sociais não acontecem subitamente, elas são quase
imperceptíveis para os que estão inseridos. As mudanças na organização da sociedade, tais como
organização política e jurídica, nos modos de produzir e comercializar exerciam um mútuo efeito
multiplicador e geravam conflitos de ideologia e política de monta.

O crescimento do capitalismo como modo de produção dominante na Europa ocidental foi


desestruturando, rapidamente e com profundidade múltiplas, tanto os fundamentos da vida material
como crenças e os princípios morais, religiosos, políticos e filosóficos em que se amparava o sistema
antigo. Com a dinâmica do desenvolvimento sendo capitalista e as novas forças sociais por ele
engendradas provocaram o desaparecimento ou enfraquecimento, rapidamente ou não, dos
estamentos tradicionais – aristocracia e campesinato- e das instituições feudais. A partir da segunda
metade do século 18, com a primeira revolução industrial e o nascimento do proletariado, aumento
as pressões por uma maior participação política, e a urbanização se acentuou, recriando uma
paisagem social muito diferente da que existia. A capitalização e modernização da agricultura
provocaram o êxodo de milhares de famílias que buscavam trabalho. As cidades que eram receptoras
desses fluxos contínuos, cresceram aceleradamente e desordenadamente. A cidade acenava a todos
com possibilidade de maior liberdade, proteção, ganhos, mesmo que muitas dessas promessas não
chegavam a se cumprir. A anexação, conjugada a mais fatores tais como condições sanitárias tinha
como consequências danosas sobre a população urbana, especialmente para os mais miseráveis.
Fome, falta de saneamento e de água corrente nas casas, lixo acumulado e as precárias regras de
higiene ajudavam a proliferar doenças e intensificar epidemias que elevavam as taxas de mortalidade
da população de forma geral, especialmente dos pobres, crianças e parturientes em particular. Foi
somente no limiar do século 18 que com as revoluções industriais e agrícolas na Inglaterra que houve
uma relativa abundância de alimentos e juntamente com outros fatores ligados a melhorias na
higiene promoveram uma sensível redução nas taxas de mortalidade.

As condições de trabalho que caracterizam o começo da revolução industrial eram assustadoras para
os padrões atuais e podem ser responsabilizadas pela baixa expectativa de vida dos operários que
trabalhavam em turnos de 12 a 16 horas, ampliados até 18 horas quando a iluminação a gás se
tornou disponível. Ocorreram nos mais diversos graus da instituição familiar, tanto no status de seus
membros segundo sexo e idade, como à natureza das relações pessoais jurídicas entre eles. Com o
advento da modernidade, algumas instituições começaram a se consolidar e a adquirir importância,
entre elas o amor romântico, o casamento por escolha mútua, estrutura nuclear da família, o
reconhecimento da infância e mesmo da adolescência enquanto fases peculiares da vida. O
sentimento de família mais parecido do que com o que existe nos dias de hoje se deve também ao
aparecimento, nas casas burguesas da Inglaterra, dos espaços privados, claramente diferenciados do
lugar do trabalho, embora o proletariado demorasse para conseguir esse benefício. Com a revolução
industrial vem a marcação mais precisa do tempo na vida social, o empresário compra do
trabalhador horas e começa a exigir seu cumprimento.

Pelo menos até o século 18, a maioria dos campos de conhecimento enquadrados hoje sob o rótulo
de ciências, na Antiguidade Clássica fazia parte dos grandes sistemas filosóficos e o que constituímos
atualmente como saberes autônomos, organizados em suas próprias disciplinas específicas, como a
Biologia ou a própria Sociologia, cercará de uma forma ou outra, a gradativa redefinição das questões
últimas colocadas tradicionalmente pela reflexão filosófica, como razão e liberdade.

Ao mesmo tempo aos processos de ordem socioeconômica, mudanças culturais contribuirão para
vencer a concepção orgânica, dominante na Antiguidade e no período medieval, substituído- a pôr
correntes de pensamento de base individualista. A Reforma protestante, começou no século 16 e foi
um momento importante na trajetória, visto que, ao contestar a autoridade da Igreja como última
instância na interpretação dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre
o fiel essa responsabilidade e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo
com a divindade.

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