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Licenciado Para: Grijavo - CPF: 803.767.462-20
Licenciado Para: Grijavo - CPF: 803.767.462-20
462-20
Sumário
1.1.2.1 Etapa pré-científica (Escola Clássica) e científica (Escola Positiva ou Positivista) ..................................... 38
3. Cifras ..................................................................................................................................................................... 89
4. Já Caiu ................................................................................................................................................................... 90
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Qual a importância de estudar CRIMINOLOGIA?
Muitos se perguntam por que estudar criminologia. Para muitos, a criminologia não parece, à
primeira vista, tão relevante quanto o estudo do Direito Penal ou do Direito Processual Penal, ou mesmo da
política criminal. Às vezes, tem-se a impressão de que, dentro das denominadas ciências criminais, a
criminologia foi deixada de lado, enquanto se deu muita importância às outras ciências, que se
desenvolveram e ganharam mais status na ciência jurídica.
Contudo, é comum encontrar pessoas discutindo, por exemplo, o problema da violência urbana, a
escalada da corrupção ou o aparelhamento do crime organizado. Diz-se que, atualmente, todos comentam
sobre futebol e violência, existindo milhares de técnicos desse esporte, e, na mesma proporção,
criminólogos.
Os meios de comunicação evoluíram nas últimas décadas, e com o uso frequente das redes sociais,
que dão às pessoas a possibilidade de tecer opinião sobre qualquer assunto, a discussão a respeito da
criminalidade é constante, principalmente em casos de maior repercussão divulgados pela mídia.
Conhecer as premissas e métodos da criminologia como ciência apura a visão crítica e científica
daquele que se propõe a analisar o problema da delinquência. De maneira geral, as pessoas que
desconhecem a criminologia são facilmente influenciadas por informações equivocadas, divulgadas
torrencialmente todos os dias na mídia e nas redes sociais. Assim, essa parcela leiga da população aceita e
reproduz comentários fundados em teorias e conceitos não científicos, que anuviam sua percepção a
respeito das causas reais do fenômeno delitivo, e que permitem a manipulação da opinião popular para
aprovação de medidas meramente paliativas, que nada fazem para atingir o cerne do problema. Portanto,
estudar criminologia, além de importante, é extremamente necessário.
2
CRIMINOLOGIA para
Delegado de Polícia Civil
Ciências
Criminais
Criminologia
No estudo das Ciências Criminais, tendo como referência a doutrina, podemos afirmar que temos 03
(três) pilares que sustentam essa ciência: o Direito Penal, a Criminologia e a Política Criminal.
ü Direito Penal;
ü Criminologia;
ü Política Criminal.
Em RESUMO:
Ciências
Criminais
Política
Direito Penal Criminologia
Criminal
Quando falamos em Direito Penal estamos falando de uma ciência normativa, lógica, abstrata, dedutiva.
Assim, o Direito Penal em seu palco de atuação tem o papel de criar normas penais incriminadoras, de
regulamentar a Teoria do Crime, a Teoria da Pena, enfim, a Teoria da Norma Penal.
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Nesse sentido, preleciona Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann (2020):
O Direito Penal, por sua vez, embora também esteja intimamente ligado ao crime, possui características
diferentes, tendo em vista que se trata de uma ciência formal e normativa, cuja finalidade principal é a
proteção de bens jurídicos fundamentais para o convívio social, por meio da criação de figuras típicas
penais, impondo a respectiva sanção. Segundo o conceito analítico de crime, numa visão tripartite e finalista,
o delito é composto de fato típico, ilícito, sendo praticado por agente culpável.
Quem seria o penalista, o jurista do Direito Penal? Aquele que possui graduação, mestrado, doutorado,
pós-doutorado, várias produções científicas e acadêmicas, muitos livros de Direito Penal lidos (direito nacional,
direito comparado), ou seja, aquele que está “preso” aos critérios abstratos, critérios estes que envolvem
discussões sobre o problema do crime, a teoria da pena, da norma, entre outros.
A Criminologia, por sua vez, não deixa de perseguir o mesmo caminho que o Direito Penal no sentido de
analisar como prevenir e reprimir a criminalidade. Todavia, a Criminologia vai agir de modo completamente
diverso ao do Direito Penal.
A Criminologia é uma ciência empírica, de análise da realidade, prática, sendo assim, não é ciência
normativa, abstrata, jurídica.
A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime, do
criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da
criminalidade.
Afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto próprios, prestando-se a
fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o delito.
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos, visto
que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da realidade e não no
plano dos valores. Neste aspecto, difere do Direito, porquanto é considerada uma ciência do "ser", ao passo
que o Direito é uma ciência do "dever ser", com caráter normativo e valorativo.
Outrossim, consiste em uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da área
do saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia
etc.
A Política Criminal, por sua vez, apresenta diretrizes, soluções práticas para o enfrentamento da
criminalidade. Vejamos o conceito extraído da obra de Antonio Garcia-Pablos de Molina:
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Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019. 304 p. (Sinopses para Concursos/ coordenador Leonardo
Garcia). Licenciado para: grijavo - CPF: 803.767.462-20
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“Política Criminal seria uma disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas
mais adequadas para o controle do crime.”
Nesse sentido, não é a toa que Molina afirma que Política Criminal é a ponte eficaz entre a Criminologia
e o Direito Penal.
Iniciando um estudo mais voltado a Criminologia, iremos perceber que esta irá observar a realidade, nua e
crua, de forma empírica, prática. E, com essa análise reiterada de vários anos, a Criminologia começa a estabelecer
conclusões, e essas conclusões não raras vezes são utilizadas pela Política Criminal, e até mesmo como razões e
fundamentos para a criação de novas normas penais incriminadoras. Prova disso é o fato de não raras vezes,
encontrarmos fundamentos criminológicos na Exposição de Motivos do Código Penal e de Leis Penais Especiais.
Geralmete a Exposição de Motivos vem embasada, sustentada, com fundamentos e estudos criminológicos,
dessa análise clínica, do crescimento de determinada conduta e da necessidade do Direito Penal agir de
maneira específica em determinados casos, etc..
Para a maior parte da doutrina, o Direito Penal tem autonomia de Ciência e a Criminologia igualmente. Isso
porque, possuem metodologia e conhecimento próprios, já a Política Criminal não teria essa autonomia de
Ciência. Mas alertamos para a expressão “maior parte”, sendo assim, não falamos nesse aspecto em
unanimidade.
(Atenção: Podemos encontrar algumas doutrinas que irão trabalhar com a Política Criminal como ciência
autônoma, mas reforçamos que será a doutrina minoritária que se declinará nesse sentido).
Agora daremos um exemplo de Política Criminal, para que possamos desvincular ela de seu conceito
científico. Segue:
Exemplo:
Imaginemos que determinada área de um Estado apresenta alta e expressiva incidência de crimes sexuais. Ao
analisar os fatores envolvidos nos estudos verifica-se que o local de ocorrência dos crimes se trata de área
escura (reflexo da ausência de iluminação pública), deserta (sem a presença de pontos de ônibus, pessoas
percorrendo longos trajetos), além de ser uma região envolvida por grande mata. Após toda essa análise in
loco, verifica-se que tais fatores reunidos favorecem de maneira expressiva a ocorrência dos delitos, e
justificam o aumento da incidência dos delitos sexuais.
A Criminologia realiza essa análise clínica. O criminólogo vai in loco buscando entender o porquê
determinado delito vem ocorrendo ou crescendo significativamente, estabelece critérios para os fenômenos
dessa criminalidade, analisa o delito, o delinquente, a vítima e formas de controle social.
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O Direito Penal dentro de sua esfera de atuação irá se preocupar em amoldar, “encaixar” determinada conduta
criminosa ao tipo penal específico e, posteriormente dá suporte para que as Agências de Controle (Polícia, MP,
Judiciário, Sistema Prisional) possam vir a atuar de forma eficaz.
Já a Política Criminal ficará incumbida de buscar diretrizes práticas para resolver ou amenizar determinado
problema relacionado ao fato criminoso apresentado, na busca de mitigar a criminalidade.
Seguindo o caso exemplo: o Chefe do Poder Executivo Municipal, determina algumas medidas:
- que seja instalado o dobro de lâmpadas no local onde os delitos estão ocorrendo com maior frequência;
Observe que a Política Criminal, embora esteja baseada em aspectos e natureza criminológica é uma
diretriz, uma solução prática, baseada em conhecimento próprio, em um método próprio, por isso (voltamos a
reforçar) que a maior parte da doutrina sustenta que não tem autonomia de Ciência.
Aprofundamento: aproveitando o tema é necessário mencionar a discussão que vem ocorrendo recentemente
na Criminologia, em que Zaffaroni defende que principalmente no modelo latino americano, não conseguimos
separar Política Criminal de Criminologia. Zaffaroni afirma isso baseado no fato de que o saber criminológico
estaria vinculado ao Poder Político, sendo assim as opções da Política Criminal e Criminologia ficariam
vinculadas a essa esfera de Poder .
Dica de Prova: logicamente essa análise (interpretação apresentada por Zaffaroni) é muito incipiente em
provas, podendo ser cobrada com maior incidência em prova mais aprofundadas, ou ainda em etapas
dissertativas, todavia, é muito importante que o candidato tenha essa noção e perceba quais os possíveis rumos
que podem tomar os entendimentos dos doutrinadores mais influentes de nosso ordenamento ou do direito
comparado no que diz respeito a essa vinculação Política Criminal e Criminologia.
O Direito Penal analisa os fatos humanos indesejados e tipifica criminalmente as condutas indevidas por
meio de normas penais, no plano do dever ser. Essa dogmática penal abrange a sistematização, interpretação
e aplicação das leis penais. Tem as normas positivadas como ponto de partida para a solução dos problemas.
A política criminal tem por objetivo criar estratégias concretas de controle da criminalidade, a fim de manter
seus índices em níveis toleráveis. Toma como base o fundamento científico fornecido pela criminologia, e
por meio de juízo de valor busca criticar e apresentar propostas para a reforma do Direito penal. Nesse
sentido, representa uma ponte entre a criminologia e o Direito Penal.
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Em RESUMO:
Quando falamos em Criminologia é importante ressaltar que estamos lidando com estudos de 200, 300
anos atrás. E sobre o avanço desses estudos nos deparamos com o seguinte questionamento:
Tudo o que ocorreu, concretizou-se de forma linear?
Ao acabar uma Escola da Criminologia, começava outra na sequência?
A resposta para esses questionamentos é não, vez que sabemos que movimentos históricos em todos os
momentos influenciaram e ainda influenciam na produção e evolução da Criminologia. E ousamos dizer que,
talvez o principal fenômeno histórico que tenha influenciado a Criminologia - atuando como um divisor de águas -
tenha sido o período pós-guerra, o fim da 1ª Guerra Mundial principalmente.
E nesse cenário, o que tivemos com relação ao eixo de poder do mundo?
Houve mudanças que influenciaram na Criminologia?
Explicamos.
Até a 1ª Guerra Mundial quem detinha o poder bélico, financeiro, econômico, artístico e cultural do
mundo era a Europa. Isso se comprova pelo fato de que todas as produções Criminológicas de referência dessa
época são da Europa, principalmente da Itália.
Posterior a esse período pós-guerra e devido suas consequências, temos o deslocamento desse eixo
politico, econômico, cultural, entre outros para os países dos Estados Unidos da América, e com isso ganhamos
um campo fértil para a discussão de ideias criminológicas.
Aqui vale um “parêntese”. Quando falamos em Teoria do Consenso e Teoria do Conflito, ocorrido no
chamado giro sociológico da Criminologia (que veremos mais a frente) é justamente o momento em que os
EUA assumem o papel de protagonismo na produção de Teorias Criminológicas: Escola de Chicago,
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Associação Diferencial, Anomia, Subcultura Delinquente, Labeling Approach, a própria Criminologia Crítica
(que surge de uma Escola e Universidade Americana e de uma Universidade Inglesa).
Assim, é muito importante que o candidato tenha em mente e faça a todo o momento, essa correlação
histórica da Criminologia, para ajudar a situar-se na cronologia dos fatos, e fugir da mesmice, desprendendo-
se da ideia de que devemos somente nos ater aos princípios quando o tema é a Criminologia. Temos e
devemos fazer sempre um “link” com a História. Isso ajuda a entender melhor o tema, assim como
enriquecer o conhecimento com datas, fatos e momentos marcantes. Trata-se de um ponto essencial para as
provas dissertativas.
O doutrinador, operador de Direito Penal (o penalista, o estudioso do Direito Penal) fica vinculado a um
tabuleiro de xadrez. Assim, dentro daquele tabuleiro ele poderá mexer as peças, que são os princípios, as
normas. Ele pode dar um “xeque-mate”, pode mover um princípio ou outro dentro daquele tabuleiro,
contudo, ainda sim tem sua atuação limitada e fica restrito às regras daquele jogo.
Já o Criminólogo, o que ele faz com esse “tabuleiro”? Joga ele para cima.
O criminólogo quer saber o que tem debaixo daquele tabuleiro, quer saber aquilo que não está expressamente
escrito, o que se tem por trás, o que está obscuro, escondido. O criminólogo é sempre alguém curioso, que
quer conhecer a fundo a realidade e que vai tecer profundas críticas sobre os fatos analisados, de forma clara,
ou nas entrelinhas.
- Terminologia
Nada melhor que introduzir um tema com sua terminologia.
Etimologicamente, criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado),
significando o “estudo do crime”. Para Afrânio Peixoto (1953, p. 11), a criminologia” é a ciência que estuda os
crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade”. Entretanto, a criminologia não estuda apenas o crime, mas
também as circunstâncias sociais, a vítima, o criminoso, o prognóstico delitivo etc.
A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e aplicada
internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. Pode-se conceituar
criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por
objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das
condutas criminosas.
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A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma
ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa.
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência
dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a
psicologia, o direito, a medicina legal etc.
Nessa toada, trazemos o significado da palavra Criminologia, ou seja, sua origem. Sua terminologia vem
o latim crimen, crimino (crime delito) e logo (tratado/estudo), portanto, a Criminologia na sua origem
etimológica (e aqui não confundir com etiológica- causa), vem do latim, que significa tratado ou estudo do
crime.
Até o século XX a Criminologia só se preocupava com delito e delinquente (crime e criminoso). Contudo
e, principalmente depois do mencionado giro criminológico, passa-se a discutir outros aspectos relevantes para a
Criminologia, como a vítima e o controle social.
- Conceito
A CRIMINOLOGIA pode ser conceituada como sendo a ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa
do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime –
contemplado este como problema individual e como problema social - , assim como sobre os programas de
prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou
sistemas de resposta ao delito (Antonio García-Pablos de Molina).
Marco Científico
Quando falamos em marco científico é importante que se estabeleça qual foi a primeira obra (produção)
dessa determinada etapa científica da Criminologia. Nesse sentido, destacamos aqui a obra de “O Homem
Delinquente -1876” de Cesare Lombroso, como marco científico, sendo a obra inaugural da fase positivista.
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Observação: temos ainda a obra “Dos delitos e das Penas 1764” de Beccaria (Marquês de Beccaria, ou ainda
Cesare Bonesana), mas este foi o autor da 1ª obra da Escola Clássica. A obra apesar de abordar aspectos
relevantes para a Criminologia está localizada na etapa pré-científica (como já mencionado na Escola
Clássica) e o método adotado por essa Escola, era um método típico do Direito Penal – normativo, lógico,
abstrato. Assim, apesar de termos uma obra mais antiga que a de Lombroso, é somente a partir da etapa
científica que temos o chamado marco científico ou marco teórico.
*Em tempo ressaltamos que sempre tivemos estudos, desde as épocas mais remotas, sobre crime e
criminalidade, mas, com aspecto científico, de autonomia científica é somente na Escola Positivista com “O
Homem Delinquente” de Lombroso que damos esse “start”, sendo essa considerada a primeira obra da
Criminologia.
a) Conceito
O conceito apresentado não terá o objetivo de ser o único dentre as doutrinas a se encaixar no contexto,
mas sem dúvidas pode ser considerado o que mais se amolda ao objeto do estudo. Trata-se de conceituação
elaborada por Antonio Garcia-plabos De Molina e, julgamos a mais relevante vez que, dentro do próprio conceito
ele avança em objeto de estudo, métodos e funções da Criminologia. Segue:
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A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime,
do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da
criminalidade.
Inicialmente, afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto próprios,
prestando-se a fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o
delito.
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos,
visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da realidade e não no
plano dos valores. Neste aspecto, diferencia-se do Direito, já que é considerada uma ciência do “ser”, ao passo que
o Direito é uma ciência do “dever ser”, com caráter normativo e valorativo.
Revela-se como uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da área do
saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia etc.
b) Métodos da Criminologia
(comparativo dos métodos da ciência criminológica, com os métodos do Direito Penal).
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma indutiva, e não dedutiva,
como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um método empírico, observando a realidade para analisá-la e
extrair das experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, partindo da regra geral para
o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e
compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto
fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais em fatos que em
opiniões, mais na observação que nos discursos ou silogismos.
A presente matéria se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental
que é, utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo
suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos
métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
Nessa linha, corroborando ao exposto (Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de
criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018):
Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à
natureza, à sociedade e ao próprio homem.
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No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas,
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que
se quer alcançar. A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico.
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com
a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.
Métodos da Criminologia
Método Empírico – análise e observação da realidade. O Criminólogo é alguém que vai in loco, para
estudar aquilo que pretende. Sendo assim, se o objeto de estudo de determinado criminólogo é o estudo de crimes
cometidos em zonas rurais, ele certamente irá se deslocar a até as zonas rurais para que possa verificar todos os
fatos e pontos relevantes. (irá conversar com os agricultores, analisará o ambiente, as pessoas, os índices, ou seja,
vai realizar uma verdadeira observação da realidade, para somente depois tirar/elaborar certas conclusões).
Por quê?
Pode ser que na prática seja inviável essa experimentação, ou que ela seja até mesmo
ilícita.
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Exemplo: Criminólogo quer fazer um estudo da influência do uso de drogas e
eventual potencialidade delitiva.
Ele poderá fazer uma análise empírica desse fenômeno, e para isso bastará se
deslocar aos locais onde usuários vivem e frequentam, onde consomem drogas, onde
eventualmente praticam os crimes, e poderá ainda, caso aceitem, entrevistá-los.
Não. No Brasil essa conduta não poderia ser realizada, isso porque o simples fato
dele importar a droga para consumo caracterizaria o crime previsto na lei
11.343/2006, isso sem contar os efeitos nocivos que a substância iria causar em seu
organismo, estando esse violando sua integridade física e saúde, em razão do
consumo.
Se liga:
Nesse exemplo vemos claramente que o estudo será empírico, mas nem sempre experimental.
Assim, é fundamental essa diferenciação. Nesse sentido concluímos que a relação
empírico/experimental, é contingencial e não necessária.
Método Indutivo – seria aquela análise de uma situação particular para uma situação geral. Com isso o
criminólogo irá analisar situações particulares e concretas para depois tecer algum tipo de conclusão. (assim ele
estaria “indo” de baixo para cima).
Não. O Direito Penal usa o método inverso (dedutivo). Primeiro nós temos o tipo penal
incriminador (saímos de uma situação abstrata) para depois verificar se a conduta praticada
pelo agente se “encaixa” na norma incriminadora.
Podemos ter a conduta e depois criar um tipo penal incriminador visando puni-la?
Aqui ainda podemos mencionar uma relação entre o método empírico e o dedutivo, vez que o
criminológo parte da análise do caso concreto (realidade), para depois tecer comentários, conclusões.
Observação: muitos podem se questionar: Mas na Exposição de Motivos, na criação de normas penais, não
podemos ter a contribuição da Criminologia na sua análise empírica?
Claro que pode, mas não é um método do Direito Penal na aplicação da lei penal.
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RESUMINDO:
Método Interdisciplinar - A Criminologia seria uma disciplina interdisciplinar porque para a criação de seu
conhecimento específico/ científico, vai se utilizar da contribuição de diversos outros ramos, de diversas outras
ciências.
Quando trabalhamos com Direito Penal, vamos buscar fundamentação jurídica, Teorias Nacionais, Teorias
Estrangeiras, Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Teoria da Norma, Teoria da Pena, do Crime, etc..
Na Criminologia, para a produção desse conhecimento, várias outras disciplinas irão auxiliar, como por
exemplo: Psicologia Criminal, Biologia Criminal, Geografia Criminal, Sociologia Criminal, etc..
Cuidado: isso não quer dizer que a Criminologia não tem um conhecimento próprio. Ela cria seu
conhecimento científico baseado na contribuição de diversas outras áreas.
Observação: essas considerações mencionadas serão as que encontraremos na maioria das obras sobre
Criminologia, contudo, é necessário fazer uma observação quanto à obra “Manual Esquemático de
Criminologia”, do Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, Nestor Sampaio Penteado Filho, que
adota como método da criminologia os métodos Biológicos e Sociológicos.
E com relação a esses métodos, ele quer dizer que em uma análise da realidade, partindo de uma situação
particular, trabalhando com essa cooperação de diversas disciplinas, a Criminologia usa também de métodos
biológicos e sociológicos, não ficando restrita a questão biológica, ou somente a sociológica. Sendo assim
cuidado, porque mesmo que essas expressões sejam minoritárias no meio das doutrinas, vez ou outra, os
concursos para Delegado de Polícia vêm cobrando. (principalmente no estado de São Paulo).
- Método Lógico
- Método Abstrato
- Método Dedutivo
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Dica de Prova:
Analisando esses métodos utilizados pelo Direito Penal, podemos facilmente eliminar muitas afirmações
erradas colocadas em provas como:
Vimos que o Direito Penal se apropria dos estudos da Criminologia (Exposição de Motivos das
normas penais).
Observação:
Aqui, vale fazer um “link futuro” registrando que essa diferenciação entre os métodos será muito
importante quando formos estudar as diferenças entre as Escolas Criminológicas, onde na verdade não
houve uma “luta de/ou entre Escolas”, mas sim uma “luta de métodos”, isso porque, os “clássicos”
adotavam a metodologia típica do Direito Penal como base de estudos, e os “positivistas” adotavam a
metodologia típica da Criminologia.
Nessa toada, ainda registramos que Antonio Garcia-pablos de Molina traz 02 (duas) classificações
aprofundando esse conhecimento sobre métodos. Ele traz nomenclaturas próprias e, se o candidato não tiver
conhecimento, dificilmente acertará na prova. Para Molina temos métodos e técnicas de investigação
denominadas: Quantitativa, Qualitativa, Transversais e Longitudinais.
Vejamos:
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Permite compreender as chaves profundas de um problema.
Exemplo: pegar os alunos que já foram vítimas de crimes patrimoniais, e fazer uma reunião
para debater esse assunto e verificar outros pontos, fazer mais questionamentos.
Quando falamos em Criminologia Atual, não podemos mais ficar “presos” aos pontos que estudamos na Escola
Clássica e Positiva. Isso porque, essas Escolas estavam preocupadas somente em conceituar quem é o
delinquente, o que é o delito, qual a contribuição da vitima, qual o tipo de pena que deveria ser adotada para
determinado caso, enfim, tinha-se uma preocupação etiológica, causal do fenômeno explicativo.
O atual e moderno estudo da Criminologia já toma outra vertente, são chamados de “estudos de carreiras
criminais”. Assim estudam-se as atuais discussões de Criminologia (os filmes mostram muito isso - no FBI,
nas Universidades de Direito dos EUA, nas agências de controle, na Scotland Yard, na CIA, etc..), e com isso
podemos perceber que esses estudos, são estudos de carreiras criminais, por exemplo, o estudo sobre serial
killers.
Não. A Criminologia atual vai “pegar” esse individuo e estudar de que forma ele foi atuado ou
atingido na sua vida toda. Seria um estudo de carreira criminal: qual foi seu primeiro contato com o
crime; como era sua relação familiar; de que forma o primeiro crime o influenciou para que ele
cometesse o segundo crime; (esses são exemplos de técnicas longitudinais que irão analisar vários
métodos de medição).
Vejam que a Criminologia atual está mais relacionada na carreira criminal, onde se utiliza de
diversos períodos da vida do infrator e se analisa alguns aspectos.
Curiosidade: lembramos ainda que os estudos da Criminologia Atual não se voltam necessariamente
no caráter repressivo (estudos de pessoas que já são criminosas), os estudos vão além desse grupo de pessoas.
Em Portugal, temos notícias que de já estão analisando e fazendo modelos de prevenção baseados em
Criminologia com crianças de 06 e 07 anos. Estão observando o comportamento dessas crianças, verificando
de que forma:
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• É oferecido ou veiculado um sonho ou modelo de sucesso para essas crianças;
• Essas crianças absorvem os valores internos de sua residência, etc..
Tudo isso para prevenir que no futuro elas se tornem criminosas. Assim, pequenos desvios de conduta, nessa
fase tão precoce da vida já são observados pela “Moderna Criminologia".
# Cuidado:
"
❌
Não se trata de afirmação de que determinada criança tem um gene criminoso (Teoria de Lombroso), que
nasceu criminosa e é só uma questão de tempo para que isso se exteriorize. Não! Não é nada disso!
A Moderna Criminologia tem como forma de estudo analisar como “vários fatores”, ou seja,
“razões multifatoriais” podem impactar na criminalidade.
O Sistema Prisional. Temos que ele é uma espécie de aquário. Ao analisarmos o que ocorre lá
dentro, vemos um campo fértil para a discussão da Criminologia. Podemos trabalhar
questionamentos como:
De que forma esse indivíduo constrói uma carreira criminal, baseado em seu cárcere, ou em sua
primeira prisionalização? (e, diga-se de passagem, trata-se de um ponto que posteriormente será
discutido muito ao falarmos na Teoria do Labeling Approach, nas Teorias de Conflito).
Finalizando, temos que, quando falamos nesses métodos e técnicas trabalhados por Antonio
Garcia-pablos de Molina, (métodos longitudinais) é o que a atual e moderna Criminologia tem
feito como base de estudo pelo mundo todo.
Embora tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupem em estudar o crime, ambos dedicam
enfoques diferentes para o fenômeno criminal.
O Direito Penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa
uma punição, conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável
(corrente causalista).
Por seu turno, a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno
comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber:
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- a incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato isolado);
- a incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade);
Desde os primórdios até os dias de hoje a Criminologia sofreu mudanças importantes em seu objeto
de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando
pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o
estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de
seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista.
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima
e controle social. Vimos anteriormente que na Criminologia tradicional a vítima e o controle social
não integravam a ciência enquanto objeto de estudo.
Dessa forma, temos que até o século XX, tínhamos apenas o estudo do delito e do delinquente,
vindo somente depois a Criminologia se preocupar com o estudo da vítima e do controle social.
Hoje em nosso atual estágio de evolução científico, podemos considerar somente o crime e o
criminoso para análise criminológica?
Não. Diversos fatores influenciam, desde fatores físicos; ambientais; local onde o crime é cometido.
Até aspectos relacionados com o clima e momento político devem ser verificados. Pontos
relacionados à sociologia; valor de sucesso; sociedades competitivas; modelo de sistema de
governo; etc.. Tudo isso pode influenciar e deixar essa análise mais complexa e completa. Por esse
motivo os atuais objetos da Criminologia são 04 (quatro): Delito, Delinquente, Vítima e Controle
Social.
RESUMINDO
Temos que por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi embasado pelos
ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo subdividido em dois: DELITO e
DELINQUENTE. Nos meados do Século XX, particularmente de sua metade até os dias atuais,
foram acrescentados dois outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje,
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portanto, é pacífica a divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO,
DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL.
O estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social (objeto atual) e que trata de
fornecer uma informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do evento delitivo.
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para criar,
sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução penal. Por certo
prisma podemos concordar que o Direito Penal trabalha com o estudo do fenômeno da
criminalidade, em sua prevenção. Nesse sentido, o Direito Penal pode sim ser considerado
uma forma jurídica abstrata de controlar a sociedade.
Conforme exposto acima, tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam em estudar
o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. O direito penal é
ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma
punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica
e culpável (corrente causalista). Já a Criminologia vê o crime como um problema social, um
verdadeiro fenômeno comunitário.
MAS ATENÇÃO – Reforçamos o tema porque foi objeto de cobrança na prova de Escrivão de Minas
Gerais:
19
Contudo teve uma frase polêmica no certame acima mencionado que dizia o seguinte:
Os objetivos da Criminologia e do Direito Penal são os mesmos, mas a metodologia e a forma de agir seriam
diferentes.
Os objetivos da Criminologia não são diversos do Direito Penal, vez que nela: estudamos os
fenômenos do crime; tentamos explicar e prevenir o delito; buscamos a melhor forma de intervenção
positiva ao infrator; se estuda o melhor modelo de prevenção e resposta aos delitos, etc..
O que diverge a Criminologia do Direito Penal são os métodos utilizados. O Direito Penal fica
vinculado de certa forma a dogmática jurídica, e justamente essa vinculação é motivo de criticas pela
Criminologia. A Criminologia vai criticar o Direito Penal, porque ele trabalha com um “pano de
fundo” baseado num critério político, de dominação de poder (quem cria normas penais
incriminadoras? Na Teoria seríamos nós, vez que todo Poder emana do Povo, mas na prática tais
normas são criadas pelo Poder Legislativo dominado por diversos interesses).
Sendo assim, a metodologia de estudo da Criminologia e do Direito Penal são completamente diferentes, mas
os seus objetivos desaguam num denominador comum. Com isso, a AFIRMATIVA APRESENTADA NA
PROVA DE ESCRIVÃO DE MINAS GERAIS TEM UM CUNHO VERDADEIRO, ou seja, sim a
Criminologia e o Direito Penal possuem os mesmos objetivos, apesar de muitos ao realizarem uma análise
rápida e superficial da afirmativa acharem que não. Nessa toada, verificamos a importância da distinção de
conceito, objeto e objetivo.
• Incidência aflitiva:
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20
O crime é capaz de causar constrangimento, angústia?
O crime é algo necessariamente ruim, constrangedor (claro que em maior e
menor grau) à uma pessoa individualmente considerada ou a um número
determinado de pessoas.
Quando temos um crime como o de pesca irregular, temos a
violação de um bem jurídico de uma pessoa individualmente
considerada?
Não. O ecossistema, sua manutenção e equilíbrio são os violados.
Obviamente que não. Temos aqui então mais uma prova de que num viés
criminológico essa conduta não poderia ser considerada como um delito para
a Criminologia, tão pouco para o Direito Penal.
21
características já mencionadas acima, contudo ainda sim não há na sociedade
inequívoco consenso de que ela deva ser criminalizada.
RESUMINDO
22
embora se trate de delito para o Direito Penal (art. 1º da Lei 4.888/65 e art. 196 do
Código Penal), para a criminologia é um irrelevante.
v Delinquente:
Não iremos esgotar os conceitos de delinquente para a Criminologia, mas de forma didática
apresentaremos conceitos trazidos pelas Escolas Clássica, Positiva, Correcionalista, sobre o
que seria delinquente para os Marxistas e qual seria o conceito de delinquente para a
moderna e atual Criminologia.
Era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque os clássicos
acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem.
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu
‘pessoal’ optou por cometer crimes).
Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal,
embora pudesse e devesse escolher o bem.
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23
Nesse passo, ao optar realização de delitos o homem acabava por romper um elo de
confiança com a sociedade, ou seja, quebrava de certa forma um ‘contrato social’
(link com Contrato Social de Rousseau). Contrato social grosso modo foi um modelo
criado para que um Ente fictício pudesse regulamentar sociedade.
Hoje essa não é mais uma realidade (ou pelo menos não deveria ser). Atualmente contamos
com instrumentos jurídicos para solucionar os conflitos existentes entre os indivíduos. E para
que chegássemos ao modelo que temos hoje, algumas liberdades foram limitadas pelo Estado
para que houvesse a harmonia na sociedade.
O crime para os clássicos seria então uma opção do homem que resultava na “quebra
do contrato social”, ou seja, mesmo diante do livre arbítrio optava por ser um
delinquente, infrator da norma.
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua
deformação patológica (às vezes nascia criminoso).
24
(Escola pouco mencionada pela doutrina. Não teve influência na América do sul. Um ou outro país
Latino baseou-se nos estudos apresentados por essa Escola. Dessa forma não será estuda na linha do
tempo das Escolas Criminológicas, justamente por não trazer muitos conceitos e influências à
Criminologia do Brasil além de não ser objeto de cobrança em provas).
Resumindo, temos que para a Escola Correcionalista a atitude do Estado deveria ser
sempre a de proteção e orientação.
Observação - Talvez a única influência que o Brasil tenha tido com os estudos da Escola
Correcionalista, tenha sido no tratamento dado ao adolescente infrator.
(A Delegacia de Infrações cometidas por menores em Minas Gerais, por exemplo, é chamada
Delegacia de Orientação e Proteção ao Menor Infrator).
Assim, se o menor está em estágio de amadurecimento mental, intelectual, o Estado deve agir
para orientá-lo e protegê-lo, dando o tratamento adequado para que ele possa entender o
caráter ilícito de seus atos e de alguma forma se ressocializar, evitando que essa prática se
torne frequente.
(Reflexão: justamente por esse motivo é necessário analisar com cautelosos critérios a
questão da menoridade penal).
Delinquente – Marxismo:
25
Delinquente – Criminologia Atual/Moderna:
ESQUEMATIZANDO
26
- Períodos Históricos (análise da importância da vítima em toda nossa história);
Nesse cenário, temos que a vítima passou a ser objeto de estudo da Criminologia a partir do
século XX, momento em que tivemos uma ampliação dos objetos de estudos dessa ciência.
27
A visão sobre a pessoa da vítima passou a ter contornos mais humanos, o
Estado passou a se preocupar com ela, seus sentimentos, etc.. É exatamente
nesse momento que tivemos a criação da chamada “Vitimologia” que, para
muitos tem autonomia de ciência. (não se trata de unanimidade, alguns
defendem essa tese).
Sim.
Ex: vítima de roubo – efeito direto: subtração do patrimônio, indireto: trauma pela violência.
Ex: a vítima de crime sexual que optou por denunciar os fatos e acionar a polícia:
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- Conta todos os fatos inicialmente ao membro da polícia que atendeu a ocorrência;
- Dá informações ao Delegado;
- Declarações a termo;
- Audiência;
Etc.
Ex: certamente a vítima de crimes sexuais não terá um tratamento (social, psicológico, ...)
adequado após o ocorrido, assim como não terá também o amparo da sociedade.
Esquematizando
• Vitimização primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa.
• Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face
da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.).
• Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do
país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade,
incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades).
29
(Temos em Criminologia uma infinita classificação de vítimas, uma pior que a outra, e iremos perceber que a
classificação de Mendelsohn é também uma classificação problemática, mas será objeto de estudo por um
único motivo: é cobrado nas provas de Delegado de Polícia, e é cobrado exatamente da forma que será
explicada a seguir).
Veja que a conduta das vítimas de certa forma contribui para que fossem lesionados,
vez que a ação criminosa e desmedida do vizinho se deu porque havia alguém
praticando sexo em sua residência.
• Vítima mais culpada que o infrator: (Cuidado para não confundir com a
vítima por ignorância)
30
- Vítima simuladora: aquela que por premeditação culpa uma terceira
pessoa gerando erro no judiciário.
Esquematizando
Vítima completamente Trata-se da vítima completamente estranha à ação do criminoso, não
inocente ou vítima ideal.provocando nem colaborando de alguma forma para a realização do delito.
Exemplo: uma senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua.
Vítima de culpabilidade Ocorre quando há um impulso não voluntário ao delito, mas de certa forma
menor ou por ignorância. existe um grau de culpa que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo: um casal
de namorados que mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são
atacados por ele, por não aceitar esta falta de pudor.
Vítima voluntária ou tão Ambos podem ser o criminoso ou a vítima. Exemplo: Roleta Russa (um só
culpada quanto o projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tambor até um se
infrator. matar).
Vítima mais culpada que Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provocadoras, que incitam o autor do
o infrator. crime; as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se
controlarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor.
Vítima unicamente a) Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna
culpada. Dentro dessa vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa;
modalidade, as vítimas b) Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz
são classificadas em:
a) Vítima infratora; um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro
b) Vítima Simuladora; judiciário;
c) Vítima imaginária. c) Vítima imaginária, que se trata de uma pessoa portadora de um grave
transtorno mental que, em decorrência de tal distúrbio leva o judiciário à erro,
podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma pessoa de ser o autor,
sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa de uma
imaginação da vítima.
v Controle Social:
31
Administração Penitenciária etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-
criminal.
(observação: a Escola ainda que seja da rede de ensino pública, estadual ou municipal, é
considerada como controle social informal).
Quando as instituições de controle social informal não são suficientes para frear,
impedir o comportamento delitivo entram em ação as instâncias de Controle Social
Formal (Polícia, MP, Judiciário, Estabelecimentos Prisionais, etc..).
32
• Sanções formais (aplicadas pelo Esta podendo ser cíveis, administrativas
e/ou penais) e sanções informais (que não tem força coercitiva);
• Meios positivos (prêmios e incentivos) e meios negativos (imposição de
sanções);
• Controle interno (autocoerção) e controle externo (ação da sociedade ou do
Estado, como multas e penas privativas de liberdade).
Atenção, muito cuidado: quando estudarmos as Teorias de Conflito, iremos analisar a Teoria do
Labeling Approach, também conhecida como Teoria do Etiquetamento. O controle social para essa Teoria é
constitutivo e definitorial da criminalidade, agindo com discriminação, seletividade, com desigualdade.
Para o Labeling Approach, por exemplo, o Estado, a Polícia, o Ministério Público, o Judiciário e o
Sistema Prisional, não agem em respeito estrito às leis (criminalizando “todos” os indivíduos que por ventura
venham ser transgressores). Para eles (adeptos do Labeling Approach) as “Agências de Controle” escolhem quem
elas querem criminalizar.
- o policial quando está em ronda noturna escolhe quem ele irá abordar;
- a autoridade policial, ‘dentre os milhares de procedimentos investigativos’ escolhe qual irá investigar;
- o Legislador na ‘criminalização primária segundo Zaffaroni’ escolhe quais os tipos de condutas irá
criminalizar.
Com isso, alegam e defendem a existência de uma estigmatização desde a criminalização primária (quando do
estabelecimento de forma abstrata dos tipos penais), até a criminalização secundária, ou seja, a efetiva
aplicação da lei.
d) Funções da Criminologia
33
Para a doutrina de uma forma geral a Criminologia possui 03 (três) principais funções, e, em cada
uma dessas 03 (três) encontraremos 03(três) elementos.
Qual o objetivo da prevenção terciária ‘em cima’ desse recluso, desse apenado?
Uma das alternativas (e a que deveria ser assinalada) era superlotação carcerária.
34
Aqui não temos estudo do impacto da pena de forma normativa e abstrata, mas sim de forma real, como
ocorre verdadeiramente. Observe:
Será que podemos pensar somente na punição, ou seja, no caráter intimidatório da pena?
35
Com quem devemos realmente nos preocupar?
Com base nesse contexto temos 03 (três) modelos de reposta ao delito. É importante ainda
observar que esses modelos da Criminologia conversam com a atuação efetiva do Direito
Penal.
Veja: Se defendermos um modelo clássico, dissuasório ou retributivo (que iremos ver mais a frente,
mas adiantamos que é aquele modelo que acredita na punição e no caráter intimidatório da pena),
teremos como reflexo no Direito Penal, a existência deste como um Direito Penal Simbólico e atuante
no sentido de ser predatório, punitivo.
Por sua vez, se pensarmos em um segundo modelo, sendo este de ressocialização, o Estado
legalmente vai agir através do Direito Penal com medidas de ressocialização.
Existe uma discussão que a Criminologia aponta, principalmente no viés do Direito Penal Mínimo
com relação aos crimes patrimoniais, onde haveria a possibilidade de num estado de evolução que o
crime patrimonial, por exemplo, sem grave ameaça ou violência, pudesse ter extinta a punibilidade do
agente se este reparasse os danos causado à vítima. Explicamos.
Exemplo: Imaginemos que o individuo passa correndo na rua e pegue a carteira da vítima, a
polícia aborda logo em seguida esse indivíduo que repara o dano com a entrega da carteira.
Até que ponto poderíamos considerar isso como causa extintiva da punibilidade, uma vez que
o bem jurídico violado (patrimônio) foi devolvido?
Curiosidade e Provocações:
Quando analisamos a população carcerária temos que, 76% dessa população está vinculada a 03 (três)
bem jurídicos específicos num mundo jurídico de mais de 1.000 (mil) bens jurídicos tutelados pelo
Direito Penal. Seriam eles: Saúde Pública (tráfico de drogas), Patrimônio (furto, roubo, etc), e Vida
(só que dos 76% somente 11% são crimes contra a vida, homicídio, aborto, etc.). Assim, 65% desses
crimes são de somente 02 bens jurídicos: Saúde Pública e Patrimônio.
Segue provocação: Será que esses crimes representam a população criminosa no Brasil, ou
será que representam apenas uma parcela da população que comente crimes?
Até que ponto esses bens jurídicos não são definidos por alguém “lá atrás” - pelo próprio
Estado - onde ele resolve quem ele quer criminalizar?
São encontrados com frequência nos presídios brasileiros presos pelo cometimento de crimes de
“colarinho branco”, lavagem de dinheiro, crimes tributários?
Sabemos muito bem que nos crimes tributários temos condutas que quando praticadas pelo acusado
podem extinguir a punibilidade.
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(É aqui que a Criminologia trabalha com vários questionamentos pertinentes e interessantes)
1) Modelo Clássico/Retributivo/Dissuasório:
A crença desse modelo é a punição, o caráter intimidatório da pena. Quem participa desse modelo
é somente o Estado (quem pune) e o Criminoso (quem é punido), não estando o Estado
preocupado com a ressocialização, nem tão pouco com a vítima. A única e exclusiva preocupação
é PUNIR.
A base do modelo está na punição do delinquente, que deve ser intimidatória e proporcional ao
dano causado. Os protagonistas do modelo são o Estado e delinquente, estando excluídos a vítima
e a sociedade.
2) Modelo Ressocializador:
A preocupação nesse modelo, como o próprio nome já aponta, é a ressocialização do criminoso.
O modelo revela 03 (três) participantes, o Estado, o criminoso e a sociedade, e esta última exerce
papel fundamental na ressocialização.
Nessa toada, o Estado dá o devido tratamento ao apenado, mas quem de fato “abraça” esse
indivíduo quando de seu retorno social é a coletividade.
Este modelo se preocupa com a reinserção social do delinquente. Assim, a finalidade da pena não
se reduz ao retribucionismo (retribuição do mal feito pelo castigo corporal), mas procura
ressocializar o agente para reinseri-lo na sociedade.
A sociedade tem papel de destaque na efetivação da ressocialização, pois cabe a esta afastar
estigmas, como o de ex-presidiário.
Este modelo procura restaurar o status quo antes da prática do delito. Para tanto se utiliza meios
alternativos de solução. A restauração do controle social abalado pelo delito se dá pela via da
reparação do dano pelo delinquente. A ação conciliadora, com a participação dos envolvidos no
conflito, é fundamental para a solução do problema criminal.
37
Exemplo no sistema brasileiro: composição civil dos delitos nos Juizados Especiais Criminais.
Observação: Apesar de haver uma divisão e distinção entre os 03 (três) modelos de resposta ao delito, na
prática, no Brasil, nós temos medidas que misturam esses 03 (três) modelos.
Dica de Prova - Atenção: As provas quando questionam sobre os modelos de resposta ao delito, geralmente indagam
quem participa dessa relação.
Assim gravem:
Quando a doutrina fala em Criminologia divide-a em 02 (duas) etapas: Etapa Pré-científica e Etapa
Científica.
Temos num primeiro momento a Etapa Pré-Científica onde iremos trabalhar com os pioneiros estudos e
produções realizadas sobre Criminologia (Escola Clássica), quando esta ainda não tinha autonomia que tem hoje
de ciência.
Inicialmente, cumpre apontarmos que não existe uniformidade na doutrina quanto ao surgimento da
criminologia segundo padrões científicos, porque há diversos critérios e informes diferentes que procuram situa-la
no tempo e no espaço.
No plano contemporâneo, a criminologia decorreu de longa evolução, marcada, muitas vezes, por atritos
teóricos irreconciliáveis, conhecidos por “disputas de escolas”.
38
O próprio Cesare Lombroso não se dizia criminólogo e sustentava ser adepto da escola antropológica
italiana. É bem verdade que a criminologia como ciência autônoma existe há pouco tempo, mas também é
indiscutível que ela ostenta um grande passado, uma enorme fase pré-científica.
Para que se possa delimitar esse período pré-científico, é importante definir o momento em que a
criminologia alcançou status de ciência autônoma.
Muitos doutrinadores afirmam que o fundador da criminologia moderna foi Cesare Lombroso, com a
publicação, em 1876, de seu livro “O homem delinquente”.
Para outros, foi o antropólogo francês Paul Topinard quem, em 1879, teria empregado pela primeira vez a
palavra “criminologia”, e há ainda os que defendem a tese de que foi Rafael Garófalo quem, em 1885, usou o
termo como nome de um livro científico.
Ainda existem importantes opiniões segundo as quais a Escola Clássica, com Francesco Carrara
(Programa de Direito Criminal, 1859), traçou os primeiros aspectos do pensamento criminológico.
Não se pode perder de vista, no entanto, que o pensamento da Escola Clássica somente despontou na
segunda metade do século XIX e que sofreu uma forte influência das ideias liberais e humanistas de Cesare
Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a edição de sua obra genial, intitulada “Dos delitos e das penas”, em 1764.
Quando falamos em Escola Pré-científica estamos trabalhando com tudo aquilo que foi estudado desde os
primórdios e que tinha alguma relação com nosso objeto de estudo, tendo em visa que o crime existe desde
sempre.
A primeira Escola que passou a enfrentar de forma mais organizada o estudo sobre crime, criminoso,
pena, e castigo foi a Escola Clássica, contudo esta estava na etapa pré-cientifica da Criminologia. Os métodos
utilizados por essa Escola eram métodos típicos do Direito Penal (método normativo, lógico, abstrato, dedutivo) e,
por esse motivo fora considerada uma Escola que não fazia parte da etapa científica da Criminologia.
Noutro giro, sabemos que quem trouxe pela primeira vez um método específico da Criminologia,
sobretudo o método empírico foi a Escola Positivista. Vimos ainda que o marco científico, teórico e a primeira
obra elabora nesse período fora “O homem delinquente” de Lombroso.
39
1.1.2.1.2 Escola Liberal Clássica: esse período é conhecido como “época dos pioneiros”. Nesse momento
tivemos as primeiras teorias mais organizadas sobre o crime, delito penal e a pena. O período em
que essa Escola produziu seus ensinamentos foi do século XVIII (18) ao início do século XIX (19).
No que diz respeito aos principais autores da Escola Clássica podemos mencionar: Feuerbach (que
influenciou muito mais no Direito Penal que na criminologia), Cesare Beccaria, Carrara, etc. Iremos
enfrentar nesse momento uma Escola Clássica com influência Itáliana. (Escola Clássica de direito
Penal na Itália – aqui relembramos que quem exercia nesse contexto poder econômico, intelectual,
entre outros no mundo era a Europa, por isso a influencia de países europeus. Só iremos ter uma
mudança no eixo político, econômico, no período pós Guerra, quando os EUA passam a influenciar
de forma mais presente a Criminologia).
É importante mencionar que a Escola Clássica embora faça parte da evolução Criminológica trouxe
muito mais contribuições ao Direito Penal que para a Criminologia.
Influência da Escola Clássica Italiana Europa era quem tinha o poder econômico,
intelectual, etc.
Ideal da Escola Clássica (de forma geral) Filosofia do Direito Penal e uma fundamentação
filosófica da ciência do Direito Penal. Trabalhava
também com os ideais do Contrato Social, da
divisão dos poderes e de uma teoria jurídica do
delito e da pena.
40
O delito surge da livre vontade do indivíduo, ou
seja, o homem por vontade livre e consciente optou
por esse caminho.
Questionamento:
Se Beccaria entende que o dano social é elemento
fundamental da teoria do delito e a defesa social é
elemento fundamental da teoria da pena, quais seriam os
critério utilizados para justificar a necessidade da
aplicação de uma pena?
41
Positivistas acreditavam que o problema do
criminoso estava justamente no homem e a pena
possuíam outros critérios: tinha caráter curativo,
como se atuasse como a medida de segurança nos
dias de hoje.
42
uma prática (normativizada).
Nesses moldes, quando ele diz que existe uma
violação do direito, ele se refere ao direito abstrato
e não a esse direito normativo, positivado.
43
e) Escola Clássica mais dogmática, teórica, devido metodologia utilizada.
Percebemos isso vez que os ensinamentos da Escola Clássica ficam vinculados aos autores do
campo dogmático e teórico.
f) Século XVIII e início do século XIX
g) Período histórico – transformação e Ideais Iluministas
h) Criminoso: era ser normal que optava pela pratica do crime – adepta a vontade racional, livre arbítrio;
i) Crime: quebra do contrato social;
j) Pena: prazo certo e determinado;
Obs – a Escola Clássica não se utilizava de métodos científicos e experimentais como a Escola Positivista,
exatamente por esse motivo ela é considerada como uma Escola pertencente à fase/etapa pré-científica.
1.1.2.1.3 Escola Positivista: escola que estuda a Criminologia como disciplina autônoma, e tem suas teorias
e estudos realizados no final do século XIX (19) e início do século XX (20). Como referência de
autores desse período, podemos mencionar: da Escola Sociológica Francesa (Gabriel Tarde), da
Escola Social na Alemanha (Franz Von Liszt) e na Escola Positiva Italiana (Lombroso, Enrico Ferri
e Raffaele Garofalo).
Vale lembrar que se Escola Positiva inaugura a etapa científica, nesse período passam a
utilizar da metodologia típica da Criminologia.
44
analisou somente os criminosos que estavam presos.
E o criminoso preso poderia não necessariamente
representar a figura do criminoso.
Exemplo de características:
- olhar de cima para baixo: consequência da pouca iluminação e
medo de apanhar (já que eram constantemente castigados)
- Postura arqueada: devido ao pouco espaço nos porões ficavam
sempre abaixados; etc..
45
Principal contribuição:
Foi o estabelecimento dessas características físicas,
como forma de identificar o criminoso?
NÃO, muito cuidado com isso.
Obs: vimos que Lombroso era bastante radical e que para ele o
criminoso era prisioneiro de sua patologia. Nessa época,
logicamente ainda não se falava em DNA, mas para o autor a
criminalidade estava no individuo, em seu ser, em seu sangue.
Enrico Ferri (1856-1929) (sucessor e genro de Lombroso)
Apesar de sucessor e genro de Lombroso,
diferentemente do esperado Enrico Ferri, dá ênfase
às ciências sociais, com uma compreensão mais
alargada da criminalidade, evitando-se o
reducionismo antropológico.
46
categorias, a classificação de Ferri é a que mais
aparece em provas.
47
avaliando-os, reduzindo-os a um denominador comum e
extraindo dela a ideia nuclear”. (FERRI)
Obs – Lembrando que quem criou o termo, Estando alocado, e sendo considerado um dos
Criminologia foi Paul Topinard, mas quem autores da Escola Positivista, Raffaele Garofalo,
difundiu a expressão no cenário internacional foi igualmente aos demais autores acredita que o
Garofalo. criminoso seja um ser anormal.
48
sentimentos altruístas, sentimentos fundamentais da
nossa sociedade.
De que forma?
Eliminando-os.
Quais são as duas formas que Garofalo defende na
sua teoria?
Deportação e Pena de morte.
§ Criminosos habituais;
§ Ladrões profissionais;
§ Criminosos violentos;
49
Principais características da Escola Positiva
“O delito é, também para a Escola Positiva, um ente jurídico, mas o direito que qualifica este fato
humano não deve isolar a ação do individuo da totalidade natural (biológica e psicológica) e
social”.
Quando Baratta diz que o delito também é um ente jurídico, ele está dizendo o ente jurídico da
Escola Clássica, (principalmente a contribuição de Carrara). Mas afirma que a violação ao direito
(delito) que para os Clássicos era proveniente de uma vontade racional do homem, na Escola
Positivista não ocorre. (“não deve ser isolar o direito que qualifica esse fato desvinculado da
totalidade natural...”).
Para Barrata não podemos vincular como os Clássicos vincularam, ou seja, somente a vontade do
indivíduo. Os Positivistas demonstraram que outras questões (antropológicas, biológicas, físicas,
sociais, etc) também podem de alguma foram impactar essa realidade, e a conduta do agente.
Obs: Se isso hoje é aceito ou não na atual e moderna Criminologia não está em discussão. O que deve ser
registrado é que os Positivistas mostraram que os Clássicos ficaram muito presos a ideia de livre arbítrio e
vontade racional, fato que não pode ser desconsiderado.
50
“Luta” entre as Escolas
Com o passar do tempo e de maiores análises pelos estudiosos que sucederam essas Escolas (Clássica e Positiva) perceberam
que na verdade não estamos diante de uma luta entre Escolas propriamente dita, mas sim diante de uma luta de métodos de
estudos sobre a Criminologia.
Essa “Luta” existia, porque os Clássicos possuíam pensamentos baseados em métodos totalmente normativos, abstratos e
lógicos, já os Positivistas realizavam seus estudos fundamentando-os em métodos empíricos, experimentais, e buscavam adquirir
conhecimentos através da pesquisa em campo, na sua realidade.
Alguns professores elegem Molina como o doutrinador que melhor classifica os modelos teóricos explicativos.
Molina classifica os modelos em:
51
sim em analisar e estudar modelos sequenciais, de carreiras criminais, estudos de seguimentos, trajetórias criminais. Não se trata
assim de estudo de conhecimentos estanques, mas sim de conhecimentos harmonizados).
“O crime como resultado de uma opção livre, racional e interessada do indivíduo de acordo com uma
análise prévia de custos e benefícios”.
Veja que Molina vincula as ideias da Escola Clássica (livre-arbítrio e a vontade racional), mas liga a uma
opção racional, e essa opção racional do homem é baseada em critérios econômicos.
Cuidado !
Não é econômico do ponto de vista financeiro somente.
Essa teoria vai explicar porque o homem opta pela realização do crime, quais as circunstâncias que ele
visualiza como interessantes para optar por cometer o delito.
Para essa teoria o criminoso ao optar pelo crime analisa a relação entre o custo e benefício (analisará se
existirão mais vantagens ou desvantagens). Vale mencionar ainda que, essa teoria enfatiza que o criminoso apesar
de analisar as vantagens e desvantagens, não faz projeções em longo prazo sobre circunstâncias, e optará com base
em aspectos momentâneos, imediatos. Dessa forma, esse criminoso não estará preocupado com as cominações de
penas, suas possíveis qualificadoras e elementos relacionados à execução penal e outros pontos legais.
Curiosidade – uma pesquisa (na verdade um documentário) realizou várias entrevistas com
criminosos presos nos Estados Unidos. Dentre esses presos um criminoso que cometeu uma série de
crimes graves foi entrevistado, e posteriormente essa entrevista contribui muito para a Escola
Neoclássica.
A questão realizada pra o criminoso foi a seguinte:
A resposta do criminoso foi negativa, alegando que caso assim pensasse, não teria cometido o crime.
O preso ainda debochou do pesquisador que o entrevistava tendo em vista a pergunta feita.
O pesquisador continuou os questionamentos, perguntado se o preso não pensou nos riscos, ou numa projeção
sobre a possibilidade da captura e o cumprimento de mais de 20 anos de pena em sistema penitenciário.
O preso respondeu que pensou que poderia ser preso, mas que essa previsão de cumprimento de pena ninguém
faz. Reiterou ainda afirmando que pensou somente no dinheiro fácil que ira conseguir.
Quais são as razões apresentada para que possamos considerar essa teoria vinculada ao modelo clássico?
52
- Incremento da criminalidade
Dessa Teoria Neoclássica temos derivadas outras duas teorias que não são consideradas de forma específica por
Molina como teoria Neoclássica, mas são teorias prevencionistas e, que de alguma forma consideram essa opção
racional.
Dica de Prova:
Se a sua Prova for especifica com base em obra de Antonio Garcia-pablos de Molina, e vier perguntando qual a teoria
vincula a chamada Escola Neoclássica, devemos mencionar ou assinalar a Teoria da Opção Racional como opção
Econômica (modelo economicista neoclássico”. Mas lembrar de que, ele traz em sua obra mais 02 teorias que são mais
ligadas à prevenção de crimes, e que são muito discutidas, ensinadas e lecionadas em Cursos de Formação de Polícia
Administrativa (PM e PRF, por exemplo. Esses cursos de formação priorizam essas teorias prevencionistas, justamente
focando na prevenção de crimes, vez que são polícias ostensivas e não judiciárias).
b c
A teoria das atividades rotineiras traz para sua explicação um triângulo, que seria uma convergência
de fatores no tempo e no espaço, para que o crime efetivamente ocorra. Ou seja, para que tenhamos
a pratica de um crime, temos que ter no mesmo tempo, no mesmo espaço a existência de 03 (três)
circunstâncias:
a) Infrator motivado: aquele que queira praticar um crime e que tenha habilidades para
tanto. Essa motivação do infrator pode ainda estar relacionada a uma série de fatores.
(motivação financeira, social, etc..).
Dica de prova - A teoria traz ainda uma série de outras características que são comuns serem cobradas
em prova.
Motivação do infrator: patologia individual, maximização do lucro, desorganização social,
oportunidade entre outros.
53
Obs – Nota: patologia individual (aqui pode entrar os casos de crimes sexuais, muitos pensam
somente dos crimes patrimoniais, mas nos casos de patologias individuais, temos grande ocorrência de
crimes sexuais).
b) Alvo adequado: dentro do alvo adequado podemos ter vítima adequada, local adequado
ou objeto adequado.
Para a Teoria da atividade rotineira se estiver ausente um desses fatores, o crime não ocorre.
Exemplo de situação pratica: criminoso segue pessoa idosa passando com sua bolsa aberta e envelope a
mostra depois de sair de agencia bancária. Contudo, a uns 50 metros da idosa tem um homem grande e
forte. Veja que a vítima é fácil, o momento é oportuno, mas existe uma 3ª pessoa nas proximidades.
Assim, apesar de objeto, e vítima se adequarem a uma oportunidade propícia, a pessoa (testemunha) que
está no momento pode atrapalhar a ação.
Como se trata de teoria prevencionista, baseada então em aspectos para evitar que o crime ocorra,
essa teoria traz os instrumentos e ações que devem ser utilizados para que se possa evitar o delito.
54
Por que essa Teoria se denomina Teoria das Atividades Rotineiras?
Porque em nossa sociedade pós-industrial, o nosso atual modo de viver PERMITE que essas situações
ocorram com maior frequência, ou seja, com maior facilidade. Temos visivelmente uma rotina
estabelecida.
Na época de nossos avós a realidade de uma casa era totalmente diferente, o marido saia para trabalhar e a mulher ficava em
casa cuidado dos filhos (e aqui a analise não contém caráter machista, pois era a realidade da época) e com isso o lar estava
sempre cheio, sempre havia alguém cuidando da casa e dos filhos. As cidades eram menores e os vizinhos se conheciam e,
sempre se tinha alguém próximo para ajudar. As pessoas possuíam vínculos mais fortes.
A realidade atual é individualista, ninguém se envolvem na vida do outro, não criamos mais vínculos pessoais. E temos um
agravante, vivemos atualmente numa das maiores crises que uma sociedade pode viver, que é a da sociedade da aparência e do
espetáculo, potencializada pelas redes sociais e internet.
ESQUEMATIZANDO
Não basta a existência de um delinquente disposto (motivado) para a ocorrência do delito, mas também a
oportunidade propícia ou situação idônea para que aquece passe à ação. Para que um CRIME ocorra
deve haver CONVERGÊNCIA de TEMPO e ESPAÇO de pelo menos três elementos (tais elementos são
representados como três lados de um triângulo):
I) INFRATOR MOTIVADO e II) ALVO ADEQUADO: pode III) AUSÊNCIA DE UM
com habilidades necessárias. se referir tanto a uma pessoa, GUARDIÃO. O termo guardião
Essa motivação pode estar como objeto ou local. Se o pode se referir a policiais,
vinculada a diversos fatores, crime, por exemplo, é um vigilantes privados, testemunhas
como patologia individual, arrombamento em um comércio, que passam pelo local, um cão de
maximização do lucro, o então o alvo adequado deve ser guarda na residência ou no
criminoso como subproduto de um local em que se acredita estabelecimento, câmeras de
um sistema social perverso ou haver dinheiro ou um produto monitoramento, cercas, alarmes
deficiente, desorganização social com valor significativo de etc.
e oportunidade. revenda. Se o crime é um roubo,
cometido em uma avenida
qualquer, o alvo adequado, por
exemplo, pode ser uma mulher
de idade avançada carregando
objetos de valor para o agressor,
desprotegida e com pequenas
chances de reagir.
→Para prevenir o crime, Glensor e Peak recomendam que a polícia e a comunidade estejam atentas a
três fatores vinculados a cada um dos lados do triângulo. Deve haver um CONTROLADOR DO
INFRATOR (alguém que exerça influência neste a fim de evitar o crime, como seus pais, sua mulher,
seu marido etc), um AMBIENTE RESPONSÁVEL (alvos inadequados) e a PRESENÇA de um
guardião.
Para a teoria, a sociedade pós-industrial oferece mais ou melhores oportunidades ao delinquente, já que a
organização tempo-espacial de suas atividades cotidianas e estilos de vida atuais possibilitam tais
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oportunidades. Ex: locomoções diárias dos cidadãos, lares vazios por longos espaços de tempo, saídas
noturnas e de fim de semana, vitrine de bens valiosas, a necessidade de expor seus bens materiais (ex:
redes sociais ostentando viagens e itens de luxo) etc. Assim, o aumento da criminalidade guarda relação
direta com o perfil e a organização das atividades cotidianas lícitas de nossa sociedade.
(É necessário se registrar que certamente quem terá acesso a esses tipos de locais e ambientes, são sem dúvidas as
pessoas que possuem alto poder aquisitivo. E como prova dessa ocorrência podemos citar a existências de diversos
modelos de condomínios residenciais que o morador possui dentro dos muros desses condomínios: escola,
supermercado, farmácias, complexo esportivo, etc.. A finalidade é que o morador não precise sair de sua zona de
conforto, ou seja, segurança).
Curiosidade – uma forma de se mapear e tentar ter controle sobre a população é a implementação da verticalização
urbana nos bairros de difícil acesso. Em morros e bairros aglomerados, muitas vezes o poder público quando tem a
intenção de investir nesses locais opta pela construção de prédios/apartamentos, ou ainda de residências separadas
por blocos e ruas determinadas. Tudo isso para que, caso haja a necessidade urgente ou não de adentrar e localizar
determinado morador, isso possa ser realizado com maior facilidade e segurança. (mandado/ fiscalização/ etc. - no
bloco “X” apto “Y”, morador “S”).
Adendo – a Escola de Chicago que será estudada mais para frente, acredita que a questão visual do ambiente, meio
ou entorno físico, favorece ou prejudica a criminalidade.
Exemplo: Policia investigativa acompanhou um caso em que 02 aglomerados foram demolidos pelo Poder Público
e substituídos por 02 prédios com diversos apartamentos. Um dos prédios tinha como sindico um servidor no Poder
Publico, que ficava responsável pela manutenção e organização administrativa do prédio, o outro o Poder Público
entregou aos moradores para que eles resolvessem como iriam administrar o imóvel.
O prédio que não teve acompanhamento foi invadido por traficantes, depredado e ali se instalou o caos, com a
presença constante de criminalidade. Verificou-se então que o prédio administrado pelo funcionário tinha além do
bom aspecto visual, seus índices de criminalidade bem reduzidos.
56
Temos um teorema chamado de PARETO, mas conhecido como 80-20 (oitenta vinte), que é
interessante mencionar nesse momento e explica muito bem essa teoria apresentada.
Para esse teorema 80-20 e para a estatística, 80% dos crimes ocorrem em 20% dos locais. Ou seja,
20% dos locais concentram 80% dos crimes, e 80% das vítimas representam um total de 20% vítimas.
(os locais são sempre os mesmos e as vítimas são sempre as mesmas).
(Mas.....logicamente são teorias e teoremas que vão explicar “parcialmente” as questões relacionadas aos crimes. É
importante deixarmos claro que não podemos e não conseguimos vincular todo e qualquer tipo de crime em uma
única teoria).
Podemos fazer uma ligação entre a Teoria do Meio ou Entorno Físico com a Política
Criminal?
Sim. A partir do momento que falamos que se trata de uma Teoria Prevencionista e que está
preocupada com uma atitude prática para evitar o delito, pode ser que do surgimento ou da
discussão dessas teorias nós tenhamos medidas de Política Criminal.
ESQUEMATIZANDO
A sociologia criminal, em seu início e postulados, confundiu-se com certos preceitos da antropologia
criminal, uma vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em certas anomalias cranianas, na
“disjunção” evolutiva.
O próprio Lombroso, no fim de seus dias, formulou o pensamento no sentido de que não só o crime surgia
das degenerações, mas também certas transformações sociais afetavam os indivíduos, desajustando-os.
No entanto, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias
macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito.
57
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à análise
do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo.
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de consenso;
Vimos que os positivistas estavam presentes até o início do século XX, nos seus primeiros 20, 30 anos.
Terminada as guerras os EUA virou o palco do capitalismo mundial, surgindo como potencia mundial, com
a bandeira do consumismo e do capitalismo, e com isso proporcionando aos seus cidadãos enriquecimento,
acumulo patrimonial e qualidade de vida.
Quando pegamos esse período histórico percebemos, sobretudo na cidade de Chicago, a existência de uma
cidade com grande progressão aritmética em relação à migração (consequência dos refugiados pós-guerra) e com
isso a cidade de Chicago vivia um intenso fluxo de pessoas. Era nítido que Estado não conseguia acompanhar as
evoluções sociais.
Com as primeiras teorias sociológicas, dividas em Teorias de Consenso e Teorias de Conflito, temos a
chamada Escola de Chicago.
O primeiro ponto a ser discutido, é que a classificação sobre Teoria de Consenso e Conflito, ou quais são as
Teorias que integram cada um desses grupos não é uma classificação pacifica. E isso ocorre porque a Criminologia
não é uma ciência exata e todos esses movimentos foram acontecendo de forma cumulativa.
Prevalece então na doutrina que temos 04 principais Teorias de Consenso (Escola de Chicago, Teoria da
Anomia, Teoria da Associação Diferencial e Teoria da Subcultura Delinquente) e para Molina a Escola de Chicago
é a primeira teoria que vai influenciar todas as demais. Vale registrar ainda que, Molina faz uma estruturação um
pouco diferente, ele cria dentro da Teoria das Subculturas, uma subdivisão em Teoria da Subcultura Delinquente e
Teoria da Associação Diferencial.
Dica de Prova – Se encontrarem em provas que a Teoria da Associação Diferencial e Teoria da Subcultura Delinquente
pertencem ao grupo das Subculturas, lembrar que pode ser uma afirmativa fazendo uma menção a classificação de
Molina, e essas Teorias da Subcultura estão dentro desse eixo das Teorias de Consenso.
Dica de Doutrina – Sergio Salomão Shecaira é adotado por muitos estudiosos pelo fato de ser muito didático com
relação a essa classificação e separação das Teorias de Consenso e Conflito.
58
De forma rápida mencionamos ainda que quando falamos em Teoria de Consenso, temos que essas teorias
se integram e se classificam no mesmo grupo, porque elas defendem que na criação da sociedade temos um
consenso, que os indivíduos de forma consensual acordaram uma vida pacífica em sociedade, e que cada elemento
exerce uma função indispensável e importante na sociedade.
A Teoria de Conflito, no entanto possuiu um viés um pouco mais crítico, alegando que não havia
consenso na sociedade, e que ela era mantida com base na coerção de alguns grupos sobre outros. Grupos
dominantes dominam os dominados, os superiores exercem um poder sobre os inferiores, pelos mais diversos
motivos: sujeição econômica, pela fé, pelo patrimônio, classe profissional, etc..
59
1.1.2.4.1 Teorias de Consenso
A Escola de Chicago surge na cidade de Chicago, e a cidade teve essa exposição e pesquisa da
criminologia ‘porque viveu na pele’ o movimento migratório e foi uma área que recebeu
expressivos recursos, principalmente de Rockefeller que pretendia tornar a cidade referência
mundial. Rockefeller fez isso usando seu prestigio, seu poder político e econômico, e paralelamente
a isso a cidade de Chicago crescia expressiva e descontroladamente.
A Escola de Chicago vai estudar a influência desse meio ambiente e, sobretudo o crescimento
exponencial da cidade como fator potencializador da criminalidade.
Significa que para a Escola de Chicago esse crescimento desenfreado da cidade e essa omissão
estatal (onde o Estado não consegue acompanhar esse crescimento acelerado), geram áreas
desorganizadas socialmente. As pessoas ficam amontoadas, convivem umas com as outras em
barracos, em locais aglomerados, ou ainda em regiões muito distante da cidade. A população passa
então a viver em subúrbios, sem condições mínimas de saneamento básico, sem energia e demais
estruturas mínimas de sobrevivência. Ao analisar esse contexto a Escola de Chicago traça um perfil
concêntrico da cidade, separando esta em círculos.
60
O ponto mais ao centro desse círculo era denominado como LOOP, e era considerado como a área
central da cidade. Lá trabalham a maior parte dos moradores, vez que as empresas, fábricas,
prestadoras de serviços, etc., encontravam-se nessa região.
Os pobres trabalhadores, não possuíam condições de morar em áreas estritamente residenciais e
também não conseguiam arcar com despesas de transporte caso resolvessem morar em local distante
desse “centro de trabalho”. Tal situação favoreceu que essas pessoas de baixa renda e trabalhadores
viessem a residir amontoados na região central, dividindo pensões, aluguel, morando em pisos
superiores de prédios comerciais ou nas ruas. Essa localidade central passa a ser então um local de
superpopulação e de constante omissão estatal.
Noutro giro, a Escola de Chicago vai explicar que outras pessoas vão morar em subúrbios, ou seja,
em região periférica da cidade, locais distantes do centro, já que não possuem condições financeiras
de residirem em locais estratégicos e residenciais como assim faziam os ricos.
Nesse sentido, temos que: ou o pobre trabalhador residia na região central no meio da bagunça,
superpopulação, sujeira, poluição visual, etc., ou residia nos subúrbios, periferias isoladas e
enfrentavam horas e horas de trânsito para que pudessem trabalhar ou ir à região central.
Com isso, diante de toda essa omissão estatal existente nos dois extremos, visualizamos
perfeitamente a mencionada Desorganização Social e, essa desorganização para a Escola de Chicago
criavam as chamadas Zonas ou Áreas de Delinquência áreas de uma incidência significativa do
crime.
Outro ponto a ser destacado da Escola de Chicago é que sua preocupação com monumentos, obras
arquitetônicas. Para a escola a melhoria do aspecto visual da cidade, bairros e ruas, também é uma
solução para a criminalidade. Um ponto de influência da Escola do Chicago no Brasil é a
criminalização da pichação. (Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98).
61
Críticas relacionadas à Escola de Chicago:
A Escola não consegue estabelecer uma explicação generalizada para a criminalidade, vez
que ela não define porque ocorrem crimes nas regiões de alto poder econômico, nos bairros de
classe alta. Nesse sentido, a Escola de Chicago é criticada por não oferecer uma explicação para os
motivos gerais da ocorrência de crimes, limitando-se somente a questões pontuais, concentradas e
especificas da ocorrência de crimes.
Outra crítica a ser feita é que a Escola de Chicago não levou em consideração os diferentes
tipos de delito que variam conforme as classes sociais e locais mais ou menos organizados. Alguns
crimes são típicos de classes mais pobres, mas outros são típicos de áreas ricas, por exemplo. A
Escola de Chicago não explica os crimes cometidos fora das “áreas delitivas”.
A Teoria da Anomia possui 02 (dois) principais autores e cada um tem sua contribuição peculiar:
Émile Durkheim e Robert King Merton. Para os autores da Teoria da Anomia, essa expressão seria a
ausência de normas e de leis, seria a injustiça, a desordem, o caos. Os dois autores buscam explicar (cada
um de sua forma específica), porque a anomia, ou seja, a ausência de normas pode potencializar a
criminalidade.
62
Lógica de Durkheim
Os movimentos políticos, religiosos, feministas, raciais, entre outros não foram decisivos
para a evolução e mudança da sociedade? Sim.
Pois é temos aqui exatamente o pensamento de Durkheim.
Nesse sentido alguns crimes são úteis e, só passam a ser preocupantes quando
ultrapassam certos limites. Para Émile D. o subincremento dessa criminalidade, o
aumento expressivo desse crime, decorre justamente dessa situação de anomia, de
falta de normas. Para ele anomia nada mais é que o desmoronamento nas normas
sociais de referência. Se tivermos índices de criminalidade assustadores, ele sugere
uma consciência coletiva.
Durkheim entende então que as penas devem atingir, sobretudo, as pessoas honestas,
visando “curar, cicatrizar” as feridas dos sentimentos coletivos, causadas pelos
crimes.
Em uma comparação bem superficial, podemos explicar essa recuperação da ferida dos
sentimentos e consciência coletiva, com a ‘sensação de alívio’ que atualmente muitos sentem
ao ver o autor de um crime bárbaro de repercussão nacional e que chocou a todos, ser preso,
julgado e condenado.
Essa crise de valores que é gerada pelo crime, é suavizada de alguma forma com a
pena, que irá agir muito mais na pessoa honesta, que no criminoso, vez que este
último muitas vezes poderá voltar a delinquir.
Dica de Prova:
Se a Banca mencionar as expressões:
ü Crime como situação normal;
ü Crime ferindo consciência coletiva;
ü Incremento da criminalidade decorrendo da ausência de integração
de normas sociais de referência;
63
Merton no que tange as suas explicações para a Teoria da Anomia é bem mais
didático que Durkheim, vez que a sua explicação é muito menos abstrata.
Para Merton a anomia nada mais é que o desajuste entre metas culturais e meios
institucionais.
Meta Cultural – modelo de sucesso;
Meios Institucionais – aquilo que se recebe para atingir o modelo de sucesso
Visando explicar essa situação Meta Cultural x Meios Institucionais, Merton criou 05
(cinco) tipos de adaptação individual.
2º Ritualismo:
64
Na inovação temos a presença marcante do uso de meios ilegais para atingir
objetivos ou metas culturais. É exatamente esse comportamento que interessa para a
criminologia, vez que potencializa a criminalidade.
5º Rebelião:
Aqui temos a presença marcante do inconformismo e revolta, os indivíduos refutam
os padrões vigentes. Para eles o modelo padrão de sucesso não é ficar rico ou
acumular patrimônio, eles pensam simplesmente em viver em outro contexto, o qual
vai à contramão dos comportamentos tidos como padrão.
Sobre a Teoria da Anomia, toda a vez que a sociedade tem como valor um modelo de
sucesso determinada situação, mas não dá aos seus indivíduos condições para que estes possam
alcançar tais modelos, teremos a ANOMIA, e esta potencializa a criminalidade.
Vale ressaltar ainda que não é somente o Estado que fomenta esse modelo de sucesso, a sociedade
também contribui de forma considerável para a existência de um modelo de sucesso ou metas.
(redes sociais, exposição de vidas luxuosas, viagens, negócios, patrimônios, etc.)
Por fim, na explanação dos estudiosos acima pudemos perceber nitidamente a maior didática
de Merton com relação à Durkheim no que tange a Teoria da Anomia desenvolvida com base
na cidade de Chicago na década de 50. Merton consegue colocar todos os entendimentos sobre
a teoria da anomia em casos reais, fáceis de serem visualizados e compreendidos, ao passo que
Durkheim apresenta sua ideia baseada em situações mais abstratas, como por exemplo, a
consciência ferida da coletividade.
A Teoria da Associação Diferencial assim como as demais teorias foi influenciada pela Escola de
Chicago, mas Sutherland apesar de ter consciência dessa influência se insurgiu no sentido de que a
Escola de Chicago não soube em sua teoria explicar por que que o crime ocorre fora da área de
desorganização social e por que os indivíduos que possuem grande poder aquisitivo cometem
crimes.
Com essa intenção de novos estudos a Teoria da Associação Diferencial Sutherland visa dar uma
nova explicação do porquê que os indivíduos cometem crimes.
Para a Teoria da Associação Diferencial, o crime nada mais é que um processo de aprendizagem.
65
(Cuidado – O examinador pode inovar e na hora da prova fazer menção a essa teoria
da seguinte forma: “Segundo a Teoria da Aprendizagem.... ” ).
Ao entender que o crime é um processo de aprendizagem, Sutherland tenta expor seu pensamento
de que assim como tudo na vida, os indivíduos agem conforme suas experiências pessoais. Para
Sutherland não é a desorganização social, o ambiente ou outra influência material que vai explicar a
criminalidade, mas sim a relação que o individuo tem com determinada pessoa ou grupos de
pessoas.
Aqui daremos um exemplo bem extremo (e que não serve para justificar os crimes ou comportamentos
delitivos), mas que são utilizados para que possamos compreender o raciocínio da presente teoria:
CASO “A” - Imaginemos um menino que mora no morro dominado pelo tráfico e pela marginalização. Sua
vida é na pobreza e sem qualquer acesso à educação, saneamento básico, infraestrutura, hospitais, lazer, entre
outros. O único contato que ele possui é com traficantes e pessoas ligadas ao crime. A figura do Estado para
esse jovem é somente a da polícia subindo o morro e trocando tiros com os moradores de sua comunidade.
Esse jovem não tem acesso a nenhum projeto social ou benefícios estatais, sua única visão de trabalho é a
“empresa” do tráfico que funciona perfeitamente e tem “carreira profissional crescente”. Quando ele precisa de
médico ou alimentação a única pessoa com ele pode contar é com o mega traficante que comanda o morro e
que muitas vezes “quebra o galho” dos moradores da comunidade. Diante desse envolvimento e associação
com determinados grupos de pessoas questionamos: Qual a chance de que esse jovem se envolva desde muito
cedo no trafico de drogas e demais crimes? Com certeza muito maior que a chance de procurar um emprego
fora desse contexto, emprego este que, ainda iria lhe demandar horas e horas de transporte público de péssima
qualidade, baixa remuneração (ele não tem estudo) que muitas vezes nem paga o valor gasto com
deslocamento e alimentação. Esse jovem, possivelmente entrará para vida do crime e se envolverá com crimes
de tráfico de drogas, organização criminosa, roubos, homicídios, etc.
CASO “B” - Noutro giro temos um jovem de classe alta que tem ao seu redor todos os meios suficientes (na
verdade de sobra) para que possa prosperar na vida: Boa educação, Alimentação, Lazer, Cultura, Moradia,
acesso a viagens e intercâmbios, e que convive constantemente com grandes empresários e pessoas de grande
influência política e econômica. Os assuntos diários que o cerca são empreendimentos, investimentos em bolsa
de valores e empresas em crescimento. A atuação estatal e desenvolvimento do país para esse jovem não tem
muita importância, vez que ele já possui um “império” ao seu redor. A figura do Estado para ele é de um Ente
que somente lhe cobra impostos, e que não faz absolutamente nada em prol da sociedade com tais valores
arrecadados. Para o jovem, se sua empresa pode crescer e lucrar ainda mais caso haja a sonegação de
determinados impostos, é isso que deverá ser feito, vez que o Estado é sempre omisso. Sendo assim,
questionamos novamente: Qual a chance de que esse jovem cometa crimes contra a ordem tributária ou
econômica? Grande.
Vejam então que, assim como os crimes patrimoniais e de tráfico estão para o pobre esquecido e negligenciado
pelo Estado, os crimes chamados “crimes do colarinho-branco” estão para aqueles que possuem alto nível
econômico e atuam em ramos empresariais.
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Com isso de maneira bem “grosseira”, mas bem próxima de nossa realidade, podemos visualizar perfeitamente
o entendimento que Sutherland possuía da criminalidade e sua origem. Para ele o crime não estava relacionado
à desorganização, ambiente ou outros fatores ambientais, mas sim ao grupo em que o indivíduo pertencia e aos
aprendizados que ali desenvolvia e tinha como padrão. O crime estaria intimamente ligado à integração com
pessoas.
A Teoria da Associação Diferencial tem essa terminologia porque os processos para seguir condutas
lícitas são exatamente os mesmos para seguir condutas ilícitas. Sutherland ao desenvolver sua teoria
cria a expressão (mencionada anteriormente) “crimes de colarinho-branco”, que seriam crimes
cometidos no âmbito da profissão por pessoas de respeitabilidade e elevado status social.
Para o autor da Teoria, não é somente pobres que cometem crimes e, é exatamente nesse contexto
que ele critica os estudos apresentados pela Escola de Chicago.
Quais são as 03 (três) principais dificuldades apontadas por Sutherland para punição dos
crimes de “colarinho-branco”?
1º influência política e econômica que os autores desses tipos de crimes possuem, sendo muitas
vezes até temidos por determinada classe de pessoas;
2º legislação sobre tais crimes é branda e há uma série de obstáculos até se conseguir a efetiva
punição;
Essa Teoria é inaugurada com a obra “Delinquent Boys - 1955” de Albert K. Cohen, e é classificada
por alguns doutrinadores, especialmente por Sérgio Salomão Shecaira, como a última das Teorias
do Consenso.
A Teoria da Subcultura delinquente da mesma forma que a Escola de Chicago, vai dar uma
explicação parcial para criminalidade, sendo assim, explica somente determinados grupos de
criminosos e, somente alguns tipos de criminalidade. Não obstante a Teoria da Subcultura
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Delinquente, criticar a Escola de Chicago alegando que na verdade não há a chamada
desorganização social, ou que não seja a desorganização social o fator pontual da delinquência, essa
teoria também apresenta algumas falhas, explicando somente uma parcela da ocorrência de crimes.
Vale mencionar que, quando o autor fala em “grupos criminosos” nessa teoria, não está se
remetendo as organizações criminosas de tráfico etc., mas sim às gangues de periferia e que estas
não possuíam um fim utilitarista (uma justificativa útil), mas sim um fim específico de rechaçar as
normas e regras dos grupos dominantes.
Como citação de Albert Cohen, temos que a constituição de subculturas delinquentes representa a
reação necessária de algumas minorias desfavorecidas diante da exigência de sobreviver, de se
orientar dentro de uma estrutura social.
Cohen quer dizer com isso que: esses pequenos grupos (essas pequenas subculturas criminais) criam
uma espécie de código de conduta contendo regras e normas próprias, para que possam sobreviver
considerando que são grupos desfavorecidos de alguma forma. Essa subcultura atuaria como um
comportamento de transgressão, determinado por um subsistema de conhecimento, ou seja, por
regras, princípios e normas próprias que irão determinar um comportamento diferenciado desses
indivíduos.
1º) Não utilitarismo da ação - isso significa que essas ações cometidas pela subculturas não
possuem um fim utilitarista. Esses criminosos cometem determinados tipos de crimes sem objetivo
específico, sem um objetivo útil (ainda que do ponto de vista criminoso).
Como exemplo de subcultura delinquente que se encaixa perfeitamente na teoria de Albert Cohen é a pichação,
e também ALGUNS (e aqui não falamos de forma generalizada) torcedores pertencentes a torcidas
organizadas, que muitas vezes arrumam confusões sem motivos, sem um objetivo.
2º Malícia da Conduta – tais condutas são praticadas para causar desconforto alheio. É um
complemento ao não utilitarismo da ação, vez que não tem um fim específico e somente são
praticadas para gerar esse desconforto.
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3º Negativismo da Ação – essas condutas são praticadas para demonstrar o rechaço aos valores de
referência, às normas sociais de convivência.
Temos no Brasil um exemplo muito triste que foi a morte do índio da tribo Pataxó, ocorrida no ponto de ônibus
em Brasília, em que este foi morto por indivíduos de classe média alta que, simplesmente ao verem o índio no
ponto de ônibus resolveram queimá-lo.
Cuidado! Apesar de Albert Cohen ter falado em sua obra e teoria de classes desfavorecidas, ele
acaba por fim afirmando que essas subculturas não são exclusivas de classes pobres.
Ela não consegue explicar a criminalidade de forma generalizada, mas só consegue explicar alguns
crimes praticados por alguns grupos.
ü Albert Cohen;
ü Delinquent Boys;
ü Ano de 1955, ou seja, década de 50; (ainda na fase do “american dream”);
ü Não utilitarismo da ação;
ü Malicia da conduta;
ü Negativismo da ação;
Antes de adentrarmos nas Teorias de Conflito, devemos relembrar que para as teorias apresentadas acima
(Teoria do Consenso), há um “consenso” na criação da sociedade e que cada elemento tem sua função
principal, uma função importante, fator este oposto ao das Teorias do Conflito.
o Escola de Chicago
o Teoria da Anomia
o Teoria da Associação Diferencial
o Teoria da Subcultura Delinquente
o Escola de Chicago:
- cidade de Chicago;
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- crescimento desenfreado;
- omissão estatal gera desordem;
- áreas/zonas de delinquência;
o Teoria da Anomia (Cultura Estrutural Funcionalista)
- Durkheim fala que crime é fenômeno normal/útil, fere a consciência coletiva e que as penas surtem mais efeitos em
pessoas honestas.
- Merton fala do desajuste de meta cultural e meio institucional (modelo de sucesso e meio efetivamente disponível)
- Albert Cohen;
- Delinquent Boys;
- Malícia da conduta;
- Negativismo da ação;
- Gangues de periferias;
Registra-se ainda que para Molina, a Escola de Chicago vai influenciar todas as demais e para ele as duas
últimas teorias (Teoria da Associação Diferencial e da Subcultura Delinquente) estão dentro da Teoria das
Subculturas.
70
Ø Labeling Approach (Rotulação Social, Etiquetamento, Interacionista, Reação Social,
etc..)
• Dica de Prova - Atenção! É quase impossível uma prova de Criminologia não abordar ao
menos 01 questão sobre essa teoria, sendo assim os candidatos devem atenção especial ao
tópico e se possível aprofundar.
Sendo assim muita atenção, porque a Teoria do Labeling Approach vai dar um grande
enfoque a vítima e ao controle social fazendo severas críticas sobre as agências de Controle.
Visando estudar com maior responsabilidade o tema, é necessário antes fixar alguns
conceitos pertinentes e importantes:
Questionamento/ Provocação – A Teoria do Labeling Approach está preocupada com a(s) razão (ões)
que fizeram o indivíduo cometer pela primeira vez o crime?
NÃO. A Teoria do Labeling Approach surge na década de 60 nos Estados Unidos (EUA) e nesse momento
histórico, os EUA estavam vivenciando os chamados “fermentos de ruptura” movimentos sociais, religiosos,
estudantis, políticos, feministas, uma série de greves e reivindicações. Dessa efervescência politica e social,
tivemos então a discussão dentro do Labeling Approach.
71
A Teoria do Labeling Approach como teoria do Conflito, acredita que a sociedade é criada
pela imposição de determinados membros sobre outros, e não pelo consenso destes. Com
isso, o foco da Teoria vem no sentido do explicar a reação social, dando enfoque aos
processos de criminalização e à reação social, dada especialmente pelas agências de controle
social do Estado. Isso ocorre dentro da desviação primária, ou seja, no momento em que o
indivíduo comete pela primeira vez o delito. A teoria analisa então de que forma o Estado
classifica e trata as pessoas que ele considera como criminosas.
O ponto de debate do Labeling Approach não gira em torno dos motivos que levaram
determinada pessoa a cometer um crime, mas sim:
- Quais pessoas são rotuladas e etiquetadas como autores desses crimes;
- Porque determinadas pessoas são consideradas como criminosas;
- Qual a legitimidade dessa rotulação, desse etiquetamento;
72
Nesse momento em que o individuo entra no sistema penitenciário, para a Teoria do Labeling
Approach, o Estado e a sociedade “dão” um rótulo para essa pessoa. (“Você é um criminoso”).
Aquilo que chamamos de prisionalização. (cortar o cabelo, tirar a barba, colocar uniforme, chamar
pelo número e não pelo nome, etc.)
Curiosidade: alguns estudos da psiquiatria forense apontam que em certo momento esse
individuo preso por engano acaba acreditando que ele realmente é um criminoso, gerando
então uma confusão mental no indivíduo.
Voltando ao exemplo, imaginemos agora que por algum motivo, o indivíduo preso como “traficante
de drogas” é colocado em liberdade, e 05 meses depois volta ao mesmo local no qual foi abordado
para comprar 05 pedras de crack ou 05 buchas de maconha para seu consumo pessoal. Após a compra
coloca a droga adquirida no bolso juntamente com a nota de 100,00 (que lá já estava) e vai embora
para sua casa. No caminho de casa é abordado por policiais.
Questionamos:
Voltemos ao caso:
O policial questiona se o indivíduo já foi preso, e ele responde que sim e ainda explica que ficou preso
por 01 ano e 05 meses por trafico de drogas, mas que ele era usuário e que foi condenado
anteriormente por conta da existência de uma mochila que fora deixada do lado dele no momento da
abordagem policial.
Nesse momento o policial da abordagem vai acreditar que as drogas encontradas agora são
destinadas ao comércio e não ao consumo?
Esse indivíduo é mais uma vez conduzido a Delegacia e submetido à apreciação do Delegado de
Policia, que não raras vezes, vai lavrar o APF, que posteriormente irá para o MP e servirá como base
para denúncia.
Vemos então que essa reação dada pelos órgãos de controle serão significativas, para que o
indivíduo volte a passar pelo sistema penitenciário, seja por uma injustiça como no caso
inventado no exemplo, seja por conta da reação social da prisionalização refletindo como única
opção que lhe sobre, ou escolha.
73
Por isso que essa teoria é chamada de Teoria do Etiquetamento, ou da Rotulação Social. O
Estado coloca um “carimbo” no indivíduo, e esse carimbo o acompanha pelo resto da vida.
Geralmente a primeira coisa que os agente policias perguntam no momento da abordagem de pessoas em
atividades suspeitas, é qual deles já possuem passagem pela policia.
Nesse sentido, para essa teoria não seria para todas as pessoas que o Estado “dá esse rotulação,
esse etiquetamento”, na verdade o Estado escolhe “quem é seu cliente, e quem não é”. E, essa
escolha pode ser dar de duas formas:
- na criminalização secundária.
Não. Muitas vezes os abordados são aqueles que tendem a reproduzir aqueles dos 76% dos encarcerados.
Indiretamente ela chancela a reação dada pelo Estado, não concedendo oportunidade ao
regresso.
Dica de Prova – Se a banca cobrar “cerimônias degradantes” na teoria do Labeling Approach podemos
interpretar como a experiência carcerária.
Para a Teoria do Labeling Approach, longe de ser ressocializado para a vida livre, a prisão acaba
socializando o individuo para que ele se acostume a ficar preso. Na verdade, o preso não é
ressocializado para a vida em sociedade, mas ele é socializado ao cárcere.
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74
Questionamento – Por que essa teoria é chamada de Teoria Interacionista?
O ato criminoso não é um ato isolado, mas sim a expectativa de reação ao ato, e a própria interação
com o ato.
(Para a Teoria interacionista essa reação social, de quem será criminoso, e de quem não será
criminoso, depende da interação das agências de controle com esse próprio ato. Não é o ato puro
simplesmente, ele é um ato interpretado, resignificado).
Essa reação social é desmedida porque ela gera uma marginalização. A aplicação da pena gera uma
marginalização no aspecto escolar e também no aspecto do mercado de trabalho.
Questionamentos:
Se o Labeling Approach vai criticar essa reação social, essa teoria vai defender a utilização máxima da pena
privativa de liberdade?
NÃO.
NÃO.
Nesse sentido, iremos adotar a pena privativa de liberdade para essa teoria como a ultima ratio, com o ultimo
instrumento processual a ser utilizado. Se pudermos resolver o problema apresentado com outros ramos do direito
e, ainda que seja com o Direito Penal, a pena de prisão sempre deve ser a última opção a ser usada.
(Deve ser substituída por medidas cautelares diversa da prisão, medidas despenalizadoras, etc .
Sendo assim, diante dessa reflexão, quando falamos na influência do Labeling Approach no Brasil,
temos que nos lembrar das medidas que tendem a excepcionar a aplicação da pena privativa de
liberdade. Como exemplos, temos:
- Vários dispositivos da LEP; (preso tem o direito de ser chamado pelo nome, te ter a sua integridade
física preservada de forma a minimizar essa reação social).
75
Se na análise da Teoria do Labeling Approach aproximamos as condutas criminosas de uma reação
social (de uma atuação das agências de controle), quem na verdade estamos investigando, não são
os criminosos, mas sim as próprias agências (ou seja, o pensamento seria o seguinte: de que forma
age a Policia, o MP, o Poder Judiciário, os Sistemas Prisionais, etc.). Com isso, em verdade, o
enfoque é dado ao processo de criminalização, mas, sobretudo, a atuação das agências de controle.
- Teoria não está preocupada nas razões que levaram o individuo a cometer seu primeiro
crime;
Podemos perceber muito bem, a mudança de pensando, a mudança de foco, e isso ocorre porque
temos um abandono do chamado paradigma etiológico, e há uma mudança de eixo na criminologia
e nos aspectos de investigação. A preocupação passa a ser principalmente na investigação da
atuação das Agências de Controle Social e em seu papel de reprodução poder.
(O que a polícia faz para o Labeling Approach em sua maior parte nada mais é que reforçar um
modelo de poder).
Finalizando, o foco, o objeto, a solução para essa teoria seria uma prudente e racional
intervenção penal, ou seja, o Direito Penal mínimo, Direito Penal de ultima ratio, Direito Penal
excepcional.
NÃO para ambas as questões. A teoria o Labeling Approach vai analisar de que forma essa reação é dada, mas
ela não culpa o modo de produção capitalista, não tem essa base marxista que iremos ver no próximo tópico a
ser estudado (Criminologia Crítica).
76
Última Teoria de Conflito.
Aqui há uma crítica a postura tradicional da Criminologia de Consenso, que para a Criminologia
Critica são incapazes de entender o fenômeno da criminalidade em sua totalidade.
As bases da Criminologia Crítica são marxistas. E, se levamos em consideração esse aspectos temos
que o crime para a Criminologia Crítica é encarado como um fenômeno decorrente do modo de
produção capitalista.
Para a Criminologia Crítica, o Direito Penal é uma criação e é manipulado pela classe dominante
servindo de modelo de reprodução de desigualdade social.
As leis penais para Criminologia Crítica são criada para gerar uma estabilidade temporária, para
encobrir um conflito entre classes sociais. Aceitar a definição legal de delito para a Criminologia
Crítica é acreditar na ficção do Direito, em neutralidade do Direito.
Para a Criminologia Crítica, na forma em que nós temos, os problemas criminais são insolúveis. O
Direito Penal atua de forma específica, incisiva e letal nas mesmas pessoas de sempre.
(Os ricos irão continuar a se esquivar do Direito Penal, e os pobres que não possuem nenhum tipo de reação
frente ao sistema sofrem as punições estatais).
Todo esse aparato do Direito Penal como, por exemplo, meio de prevenção geral, ou a pena agindo
como instrumento de intimidação, neutralização, chega a soar como uma provocação aos olhos da
Criminologia Crítica, vez que para ela o Direito Penal só vai servir para tutelar direito de classe
dominante.
Em suma, essa Criminologia como o próprio nome diz se apresenta como uma verdadeira crítica
ao sistema. Ela não tenta criar um conceito de Delito, Delinquente, as causas, ou entendimento
sobre o Controle Social. Ela acredita e defende a existência que um sistema que somente vai
reproduzir mais e mais desigualdade social.
Após 10 anos dos estudos da chamada Criminologia Critica, a doutrina aponta 03 tendências atuais da
Criminologia Critica:
77
1. NEORREALISMO DE ESQUERDA: imagine uma sociedade em que os valores
conservadores, valores defendidos, são valores punitivistas a qualquer custo, são valores
lastreados no direito penal máximo. (defesa de redução de maioridade penal, de tortura
como critério investigativo, de pena de morte, etc..).
Nesse contexto, um abolicionista consegue sentar-se em uma mesa e conversar com quem defende
uma politica de tolerância zero?
(Logicamente que não)
Falamos muito em Teoria da Tolerância Zero e das Janelas Quebradas, teorias estas que defendem que
a aplicação imediata da lei (mesmo em delitos pequenos) serve para conter a expansão do crime, vez
que impede com que os crimes pequenos se tornem condutas mais graves.
Ao mencionar o tema, podemos lembrar-nos da política de tolerância zero implantada pelo prefeito
Rudolph William Louis Giuliani. Nesse período tivemos a alegação de que o índice de violência havia
caído consideravelmente na cidade de Nova Iorque. Noutro giro, tivemos também estudos que
apontaram que o índice de criminalidade realmente apresentou uma queda, todavia não seria
consequência da implantação da teoria da tolerância zero, mas sim da melhora econômica e do poder
aquisitivo da população.
Por sua vez, a Criminologia Crítica, baseada em uma tese de esquerda, marxista, tentou criar
um ramo, um desdobramento que pudesse tentar conversar com esse modelo, no sentido de
defender os seus ideais e criar um modelo mais próximo para que houvesse esse diálogo.
Temo então o NEORREALISMO DE ESQUERDA.
A ideia continua sendo socialista, mas acaba por ser mais realista. O neorrealismo de
esquerda defende uma aproximação da polícia com a sociedade/ comunidade. Temos
também a defesa de que as penas privativas de liberdade em alguns casos envolvendo crimes
mais graves são necessárias, mas mesmo assim, mantem seu caráter de exceção. Para o
Neorrealismo de esquerda nós precisamos ter uma linha reducionista na Politica Criminal,
descriminalizando certos comportamentos, e criminalizando outros.No Neorrealismo cárcere
é aceito, mas somente em situações extremas.
2. DIREITO PENAL MÍNIMO: temos no Direito Penal Mínimo, um Direito Penal racional,
e que deve ser utilizado em última circunstância, ultima ratio.
Somente irá agir quando absolutamente e efetivamente necessário.
Para o Direito Penal Mínimo, qualquer aplicação radical da pena pode produzir resultados
mais gravosos que o próprio ato criminoso. Vale mencionar que no Direito Penal Mínimo e,
ainda de uma forma mais acentuada que o Neorrealismo de Esquerda, a sociedade tem que
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se preocupar com a criminalidade de “colarinho-branco”, de bem difuso, com a corrupção,
lavagem de dinheiro, de racismo, deixando de atribuir relevo de importância àqueles
comportamentos tidos como “crimes de rua” (pequenos furtos).
Posteriormente, após analisarmos o Abolicionismo Penal, poderemos ver nitidamente que o Direito
Penal Mínimo, acaba por ser um meio termo entre o Neorrealismo de Esquerda e o Abolicionismo
Penal.
- campanha pela criminalização da ofensa a bem jurídico difuso; (ex: lei de crimes ambientais, lei de
organizações criminosas, alterações da lei de lavagem de capitais, crimes contra a ordem tributária).
ESQUEMATIZANDO
79
certos comportamentos e oprimidos (racismo, crimes do Contribuições da teoria crítica:
criminalizando outros. Os crimes colarinho-branco, etc.). O direito mudança do paradigma das
graves merecem uma resposta deve ser utilizado para a defesa do criminalizações. Campanha pela
enfática da sociedade. Aceitam a mais fraco perante uma eventual criminalização dos bens jurídicos
ideia do cárcere, em situações reação mais forte que a pena difusos (legislações protetivas do
extremas. institucional por parte do ofendido meio ambiente, da ordem
e em prevenção ao cometimento ou econômica, financeira, tributária,
ameaça de novo delito. Contração etc.). Maximização da intervenção
do sistema penal em certas áreas punitiva para os crimes de
para expansão de outras. Caráter colarinho-branco, racismo, etc., e
fragmentário do direito penal, minimização da intervenção
intervenção punitiva como última punitiva, quando não a própria
ratio e reafirmação da natureza descriminalização da conduta para
acessória do direito penal. os crimes das classes mais
desprotegida (reflexos da
mendicância, vadiagem, princípio
da insignificância em pequenos
furtos, etc.).
Vemos que a Criminologia Crítica vai desconstruir uma suposta neutralidade da dogmática penal.
O sistema escolar e o sistema penal reproduzem e asseguram as relações sociais existentes, baseadas em
“ricos e pobres”.
Para Alessandro Baratta, o sistema escolar, no conjunto que vai da instrução elementar média à superior,
reflete a estrutura vertical da sociedade e contribui para criá-la e para conservá-la, através de mecanismos de
seleção, discriminação e marginalização.
Veja que o autor de forma bem crítica vai questionar o papel desempenhado pelo sistema escolar e
pelo sistema penal.
Para Alessandro Baratta o novo sistema global de Controle Social (e aqui estão inseridos também o
sistema educacional e o sistema penal), vai agir, ainda que de uma forma sutil, na marginalização, na
discriminação, na estigmatização de pessoas. Ou seja, para Baratta tanto o sistema penal, quanto o sistema
educacional reproduzem e asseguram essa relação baseada entre ricos e pobres. Baratta chega a criticar o teste
reconhecido mundialmente, o teste cociente de inteligência (QI), alegando que o teste do QI também é baseado em
critérios discriminatórios, em relações e experiências que somente uma parcela da sociedade tem acesso.
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Vale ainda registrar uma reflexão feita pelo autor, em que ele comenta que estudos de educação apontam
que a aprendizagem do aluno está relacionada àquilo que o aluno acha que o mestre espera dele. Sendo assim, a
forma do professor lecionar, estimular e provocar a curiosidade dos alunos impacta no rendimento e percepção da
realidade. Baratta afirma ainda que as pessoas marginalizadas, mais pobres, e que demonstram uma carência de
estrutura familiar, são também discriminadas por esse professor.
Dica de Prova – Quando a Banca examinadora trouxer no certame Alessandro Baratta como um dos
autores indicados é importantíssimo lembrar que ele tem esse viés bem crítico, e que coloca o sistema
de educação assim como o sistema penal, como um sistema que confirma e amplia a estigmatização e
discriminação.
Cárcere e Marginalidade
Os institutos de detenção produzem efeitos contrários à reeducação e a reinserção do condenado, e
favoráveis à sua estável inserção na população criminosa.
Uma longa pena carcerária não é capaz de transformar um delinquente antissocial violento em um
indivíduo adaptável.
“Cerimônias” (corte de cabelo, barda, uso de uniformes, identificação por numero, etc) no preso
geram “socialização ao cárcere” e aculturação. (Podendo até gerar uma crise de identidade).
Prisionalização: educação para ser criminosos e educação para ser um bom preso.
Misturando o tema do Cárcere e Marginalidade Social com o tema do Sistema Penal e reprodução da
realidade social, Baratta faz aquela reflexão trazendo os conceitos de Zaffaroni, da criminalização primária e da
criminalização secundária.
Relembrando
Para Zaffaroni assim como para Barrata a criminalização começa na criminalização primária (quais
condutas iremos considerar como crimes, o que será considerado como causa de extintiva da criminalidade, como
causa de aumento e redução de pena, etc..)
81
E isso se acentua também na ação punitiva da lei, na criminalização secundária.
Para Baratta, na criminalização secundária a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece
quando as agências policiais detectam a pessoa que suponham tenha praticado certo ato criminalizador, evidencia
o caráter seletivo do Direito Penal.
Ele acrescenta ainda que há uma distância linguística que separa julgador e julgado e, a menor
possibilidade de desenvolver um papel ativo no processo e de servir-se do trabalho de advogados prestigiosos,
desfavorece os indivíduos socialmente mais débeis. Menciona também que há uma tendência enorme de juízos
diversificados a depender da posição social dos acusados.
Para Alessandro Baratta, a relação entre sociedade e preso é a relação de quem exclui e de quem é
excluído. Sendo assim, antes de mudar a situação do excluído, deve ser mudada a realidade daquele que exclui.
(Grande parte das pessoas e a sociedade como um todo acham que o crime é um fenômeno alheio e que não
pertencem a eles, não percebendo que o crime na verdade é um problema social).
Sendo assim, além dessa relação de quem exclui e é excluído, o cárcere reflete a sociedade capitalista:
relações baseadas no egoísmo e na violência ilegal, onde indivíduos mais débeis são constrangidos a papéis de
exploração e submissão.
(aqui Baratta ainda enfatiza que as cenas que vemos em presídios e que muitas vezes nos deixam
impressionados, nada mais é que um “aquário”, uma “maquete” que reflete as mesmas situações que ocorrem
na sociedade).
Nova filosofia político-criminal = vítima, reparação dos danos e o direito penal de ultima ratio.
Enfraquecimento da crença do “full enforcement”.
Hoje quando falamos em Justiça Restaurativa, Justiça Negocial em mediação e em reparar os danos da
vítima estamos falando em um novo modelo de justiça, o modelo consensual.
TEMAS INTERESSANTES:
Ø Criminologia Feminista
Ø Criminologia
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Ø Criminologia Cultural
Obs: esses pontos foram cobrados pela primeira vez no concurso de Delegado de Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Teoria Feminista
Qual é o ideal da Teoria Feminista?
Desconstruir a ideia de superioridade masculina. É a ideia de que a mulher tenha acesso, igualde de
gênero, igualdade de oportunidades, e não só na questão do acesso e oportunidade, mas também da ressignificação
do papel desenhado para a mulher.
Após uma análise sobre o conceito da Teoria Feminista podemos partir então para o campo da
Criminologia Feminista e seus estudos.
A Criminologia Feminista procura dar visibilidade a qualquer tipo de forma de dominação de gênero
baseada na lógica patriarcal. Denuncia, por exemplo, o sexismo institucional que reproduz variadas formas de
violência contra a mulher na elaboração, interpretação, aplicação e execução da lei penal.
Temos com isso, um olhar de que a mulher não é somente violentada dentro do ambiente doméstico e
familiar, há uma cultura de superioridade masculina desde o Poder Legislativo na elaboração das normas, assim
como na representatividade, nas políticas públicas no Poder Executivo, no julgamento, na execução de uma lei
penal, ou seja, ainda temos uma sociedade machista formada por esses setores.
A Criminologia Feminista busca dar visibilidade a isso, a esse problema, a esse aspecto apresentado,
trazendo-os ao campo criminológico, denunciando esses eventos e estudando porque a mulher sofre determinadas
violências.
83
Essa Criminologia vai estudar nesse viés Criminológico, o conceito desse delito, quem é esse delinquente,
qual é o papel do controle social, como a nossa sociedade analisa os episódios de violência doméstica e familiar
contra a mulher, como nossa sociedade valora essa mulher, etc.
Temos num paralelo que, enquanto a Teoria Feminista vai questionar a superioridade masculina, a Teoria
Queer vai questionar a superioridade masculina heterossexual.
Salo de Carvalho trabalha muito bem esse tema e, para ele há 03 (três) níveis fundacionais que
configuram as culturas heteromoralizadoras e heteronormalizadoras.
III) Violência Interpessoal (Homofobia Individual): ocorre com os atos brutais de violência
(violência real, física) para anular a diversidade.
(situação daquele individuo que sai sozinho na rua e é agredido pelo fato de ser homossexual).
Para a Criminologia Queer, temos esses três âmbitos de violência, que começa desde o discurso (da
cultura), passando posteriormente por uma ramificação institucional, e por fim chega ao último
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grau, e atinge o homossexual na sua individualidade, fazendo com que esse sinta literalmente na
“pele” toda essa violência.
Para Salo de Carvalho, a Criminologia Queer é composta de uma pluralidade de perspectivas teóricas,
mais ou menos identificadas como o ativismo político dos movimentos LGBTs, dialogando com a teoria feminista,
os estudos culturais, a sociologia da sexualidade etc.
Desafio da Criminologa Queer: não apenas descontruir o padrão sexista e misógino que inferioriza o
feminino, mas romper também com o ideal de masculinidade hegemônico para além das diferenças de gênero.
A criminologia não irá nesses temas se voltar aos estudos de forma a se direcionar a leitura de livros e
teses, mas sim de analisar na realidade tudo aquilo que está ocorrendo na sociedade. Essa abordagem deve
ser realizada porque que essas situações não serão devidamente estudas e resolvidas com a dogmática, com o
Direito Penal e sua normatividade, mas sim com a análise criminológica.
Qual a função da Criminologia? Explicar e prevenir o crime, agir positivamente na pessoa do
infrator, estudar modelos de resposta ao delito, ou seja, dar uma resposta Criminológica ao delito que surge
na sociedade. Trata-se de um desafio da Criminologia Contemporânea, que não fica restrito como dito
anteriormente à norma penal, à princípios penais, à legalidade, a anterioridade, ao Direito Comparado. No estudo
da Criminologia o viés é outro, utiliza-se de outros meios de estudos, como Psicologia, Psiquiatria,
Sociologia.
85
Não se trata de um estudo causalista com leis universais exatas, ou tampouco mera
fonte de dados ou estatística. Cuida-se de ciência prática que tem a missão de resolver
problemas concretos. Daí o papel da criminologia de controle e prevenção do fenômeno
criminal.
Destarte, a criminologia deve orientar a política criminal possibilitando a prevenção
de crimes, e influenciar o Direito Penal na repressão das condutas indesejadas que não
foram evitadas. Essa ciência busca adotar programas de prevenção eficazes no
comportamento delitivo, técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos
diversos sistemas de resposta ao delito.
As várias teorias desenvolvidas buscam entender as razões que levam as pessoas a
cometerem crimes, e por que motivo esses delitos ocorrem na sociedade. Enfim, a
criminologia como ciência cumpre papel de extrema relevância social, já que através do
método cientifico busca obter respostas para os problemas que surgem no seio da
sociedade.
É considerada uma das vertentes da Criminologia Crítica a partir da década de 90. Há um enfoque nas
qualidades emocionais e interpretativas do crime e do delito (desvio). Um exemplo é a violência vendida como
entretenimento, como jornalismo, como experiência de consumo pelo jornalismo policial (sensacionalista).
Para Salo de Carvalho, a Criminologia Cultural, configura-se, portanto, como uma tendência do
pensamento criminológico crítico que se preocupa com a análise dos processos de mercantilização do desvio e da
violência, transformados, pelas agências configuradoras do sistema penal. Notadamente a grande mídia, em ícones
e símbolos da cultura contemporânea.
Ø REVISÃO
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ü Elementos Principais:
o O conceito de Criminologia;
o A Criminologia dentro da chamada tríade do direito criminal;
o Terminologia
§ Estudo do crime do latim e do grego.
o Marco Científico
§ Obra de Lombroso “O homem Delinquente”.
o Métodos da Criminologia
§ Empírico, Indutivo, Interdisciplinar;
o Funções da Criminologia
§ Explicar e prevenir o crime;
§ Intervir positivamente na pessoa do infrator;
§ Estudar modelos de resposta ao delito (retributivo, ressocializador, integrador)
§ Prevenção e pretensão primária, secundária, terciária;
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(Lembrando que a Escola Clássica era considerada pré-científica porque se utilizava de
metodologias típicas do Direito Penal – normativa, lógica, abstrata, jurídica).
§ Fase Científica - Escola Positiva ou Positivista – final do século XIX início do século XX.
Metodologia empregada é a típica da Criminologia – Método Empírico (análise da
realidade), sendo Lombroso o primeiro utilizar dessa metodologia. Lombroso, Enrico Ferri,
Raffaele Garofalo.
(Ser Anormal)
o Positivistas
§ Modermos modelos de Criminologia estão focados em estudos de carreiras
criminais, de trajetórias criminais, estudos de casos, etc.
o Biologia Criminal
o Psicologia Criminal
Mas o enfoque foi o chamado giro sociológico as chamadas teorias sociológicas.
o Teorias Sociológicas
§ Teorias de Consenso
- Escola de Chicago – crescimento da cidade desenfreado;
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*(maior parte dessas Teoria desenvolvidas nos EUA na década de 50, devido
ao novo eixo político pós-guerra – migração)
§ Teorias de Conflito
- Labeling Approach – devido a preocupação com os processos de
criminalização há uma mudança de foco nesse momento na Criminologia;
Agências de Controle; preocupação não com a reação primária, mas a
secundária que produz rótulo, etiqueta, discriminação, etc.
- Criminologia Crítica – base marxista – três tendências: Neorrealismo de
Esquerda, Direito Penal Mínimo e Abolicionismo Penal.
o Temas Atuais:
§ Contribuições da Obra de Alessandro Baratta;
- Sistema Penal e reprodução da realidade social;
- Cárcere e Marginalidade Social;
- Modelo Consensual de Justiça Criminal;
Lembrando que essa linha do tempo imaginária da Criminologia não ocorreu de forma linear, ou seja,
acabando um movimento ou Escola e se iniciando outro de forma estanque. NÃO! Os métodos e teorias foram se
desenvolvendo ao longo do tempo e de acordo com a realidade vivenciada pela sociedade da época
correspondente. E, é justamente por esse motivo que aconselhamos que a “leitura” da evolução criminológica
seja sempre realizada juntamente com os momentos históricos. Bons Estudos.
3. Cifras
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Trata-se especificamente da criminalidade cometida pelas classes
privilegiadas, referindo-se também a expressão “crimes de colarinho
Cifra Dourada branco”.
Como exemplo pode-se citar crimes como: sonegação fiscal, lavagem
de dinheiro, crimes eleitorais.
Dizem respeito aos crimes ambientais que não chegam ao
Cifra Verde
conhecimento das autoridades.
São os crimes cometidos por funcionários públicos, onde geralmente a
Cifra Amarela vítima deixa de denunciar o fato às autoridades competentes por medo
de represálias.
Cifra Rosa Tratam-se dos crimes com viés homofóbico.
Contrapõem-se aos chamados “crimes do colarinho branco”, dizem
respeito aos pequenos crimes comuns praticados por pessoas
Cifra Azul
economicamente desabastadas e se verifica como uma alusão aos
macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos.
4. Já Caiu
1. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Investigador de Polícia) A criminologia pode ser conceituada como uma
ciência ______, baseada na observação e na experiência, e ________ que tem por objeto de análise o crime, o
criminoso, a vítima e o controle social.
a) exata … multidisciplinar;
b) objetiva … monodisciplinar;
c) humana … unidisciplinar;
d) biológica … transdisciplinar;
e) empírica … interdisciplinar.
90
c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar.
a) científico.
b) ideológico.
c) regionalizado.
d) político.
e) social.
a) no estudo do crime e do criminoso, mas não serve para subsidiar a elaboração das leis penais ... análise da
vítima e da conduta social para subsidiar no planejamento das políticas criminais;
b) no estudo da vítima e da conduta social, subsidiando a elaboração dos tipos penais ... análise do crime e do
criminoso para servir no planejamento das políticas criminais;
c) no estudo do comportamento da vítima e do delinquente, traçando uma relação de causalidade sem que,
contudo, influencie na elaboração de legislação correlata ... análise dos crimes, tanto em quantidade como em
qualidade para servir no planejamento das políticas criminais;
d) na relação sistemática do poder público quanto à elaboração de leis que procuram evitar o crime e sua
reincidência ... análise e estudos da vítima e sua participação no delito;
e) na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca de
seus objetos ... aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos.
91
c) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Penal.
d) não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia. e) não é considerada uma ciência, mas parte da
Antropologia.
6. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Delegado de Polícia) A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi
escrita por:
a) Cesare Lombroso.
b) Enrico Ferri.
c) Rafael Garófalo.
d) Cesare Bonesana.
e) Adolphe Quetelet
7. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina) O italiano Cesare Lombroso, autor da
obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos precursores da Escola Clássica de Criminologia, a qual admitia a
ideia de que o crime é um ente jurídico – infração – e não ação.
8. (VUNESP – 2013 – PC-SP – Papiloscopista Policial) Este autor foi o criador da chamada ‘sociologia
criminal’. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Trata-se de:
a) Francesco Carrara.
b) Cesare Lombroso.
c) Rafael Garófalo.
d) Enrico Ferri.
9. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia):
Texto associado
92
Processo n.º: XXXXXXX
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público.
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez,
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim,
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP.
Texto 1A9-II
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação
desse tipo de violência.
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados às agências
de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados do Panorama da
Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de subnotificação nos casos de
estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada
oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade.
CERTO ( )
ERRADO ( )
10. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia):
Texto associado
93
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público.
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez,
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim,
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP.
Texto 1A9-II
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação
desse tipo de violência.
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
Conforme o conceito de delito na criminologia, o feminicídio caracteriza-se como um crime por ser um fato
típico, ilícito e culpável.
CERTO ( )
ERRADO ( )
Considerações:
O conceito de delito para a Criminologia não é o mesmo utilizado pelo Direito Penal (Teoria Tripartite do Crime).
Para o saber criminológico, delito é toda conduta com incidência massiva na sociedade, capaz de causar dor,
aflição e angústia (incidência aflitiva), com persistência espaço-temporal e que se tenha um inequívoco consenso a
respeito de suas causas e suas possíveis punições.
94
11. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia).
Texto associado
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público.
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez,
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim,
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP.
Texto 1A9-II
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação
desse tipo de violência.
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como revitimização ou
vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o descrédito na palavra da vítima, o
descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o constrangimento e a
responsabilização da vítima pela violência sofrida.
CERTO ( )
ERRADO ( )
95
12. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). No que
se refere à prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia de educação, a
redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de vida, enquanto a prevenção primária é
voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e reintegração social.
CERTO ( )
ERRADO ( )
Considerações:
Os conceitos da assertiva estão trocados. Em verdade, a prevenção terciária possui um destinatário específico, o
recluso. Possui objetivo certo: ressocialização do preso, evitando a reincidência. Por outro lado, a prevenção
primária são medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do conflito criminal. Investimentos em educação,
trabalho, bem-estar social.
13. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). No que
se refere à prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, julgue o próximo item.
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos desenhos arquitetônicos e o
aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de prevenção delituosa.
CERTO ( )
ERRADO ( )
14. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). Acerca
do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte.
A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser e o dever ser e parte do fato para analisar suas
causas e buscar definir parâmetros de coerção punitiva e preventiva.
CERTO ( )
ERRADO ( )
96
Considerações:
“Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do
controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a
gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como problema individual e como problema
social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no
homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.” (MOLINA).
Pelo conceito, ela é uma ciência, ou seja, possui objeto, método e função próprios. Não é dogmática e normativa,
pois seu objeto não é a norma; sendo, portanto, a ciência do fato, do “ser”.
O Direito Penal também é uma ciência autônoma, possui objeto, método e função próprios; sendo o objeto do
direito a norma penal, é uma ciência normativa, seu método é o dogmático e dedutivo, sua função é a aplicação da
norma penal, visando à proteção dos bens jurídicos, sendo uma ciência do “dever ser”.
15. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal). Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia.
De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir suas metas
pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu próprio interesse.
CERTO ( )
ERRADO ( )
16. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal). Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia.
Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente nato possuidor de uma
série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganização social.
CERTO ( )
ERRADO ( )
17. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia). No
que concerne às Escolas Penais, é correto afirmar que a
97
A. “Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido defendida por
Feuerbach.
C. “Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma escolha errada,
concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri.
D. “Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por Carmignani.
18. (Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia
Substituto).
“Por debaixo do problema da legitimidade do sistema de valores recebido pelo sistema penal como critério
de orientação para o comportamento socialmente adequado e, portanto, de discriminação entre
conformidade e desvio, aparece como determinante o problema da definição do delito, com as implicações
político-sociais que revela, quando este problema não seja tomado por dado, mas venha tematizado como
centro de uma teoria da criminalidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias da ‘reação social’, ou
labeling approach, hoje no centro da discussão no âmbito da sociologia criminal.” BARATTA, Alessandro.
Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. 3. ed. Rio de
Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 86. (Coleção Pensamento Criminológico)
Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labeling approach, analise as asserções a seguir:
I – O labeling approach tem se ocupado em analisar, especialmente, as reações das instâncias oficiais de controle
social, ou seja, tem estudado o efeito estigmatizante da atividade da polícia, dos órgãos de acusação pública e dos
juízes.
PORQUE
II – Não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do sistema penal, pois o status social de
delinquente pressupõe o efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da delinquência.
98
D. I é uma proposição verdadeira e II é uma proposição falsa.
19. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil).
Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:
20. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil).
Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA.
A. De acordo com a classificação das vítimas, formulada por Mendelsohn, a vítima simuladora é aquela que
voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
B. É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime.
C. De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham
sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis
referentes ao abuso criminoso do poder.
D. O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de Hans Von
Hentig, seguido por Mendelsohn.
E. É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do
processo de registro e apuração do crime.
21. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil).
O crime é um comportamento valorado pelo direito. Acerca da Sociologia Criminal, podemos afirmar:
A. Ciência que tem como finalidade o estudo do criminoso-nato, sob seu aspecto amplo e integral: psicológico,
social, econômico e jurídico.
B. Ciência que explica a correlação crime-sociedade, sua motivação, bem como sua perpetuação.
D. Tem como objetivo maior, a ressocialização do preso, estabelecendo estudos de inclusão social.
Licenciado para: grijavo - CPF: 803.767.462-20
99
E. Ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade, e se ocupa em estudar a vida
social humana.
22. (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de
Polícia - Bloco II).
A Criminologia é definida tradicionalmente como a ciência que estuda de forma empírica o delito, o delinquente, a
vítima e os mecanismos de controle social. Os autores que fundaram a Criminologia (Positivista) são:
23. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia).
Assinale a alternativa que indica a correta relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal ou com
o Sistema de Justiça Criminal.
A. O Direito Penal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo do crime e,
assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais postas pelo Direito
Penal, e a elas se circunscreve.
B. A Criminologia, especialmente em sua vertente crítica, tem como incumbência a explicação e justificação do
Sistema de Justiça Criminal que tem por finalidade a implementação do Direito Penal e consequente prevenção
criminal.
C. A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz entre a
criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica.
D. A Política Criminal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo do crime
e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais postas pela
Política Criminal, e a elas se circunscreve.
E. As teorias criminológicas da integração ou do consenso apontam o sistema de justiça criminal como fator que
pode aprofundar a criminalidade, deslocando o problema criminológico do plano da ação para o da reação.
Licenciado para: grijavo - CPF: 803.767.462-20
100
24. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia). No
tocante às teorias da subcultura delinquente e da anomia, assinale a alternativa correta.
A. Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue oferecer uma
explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a determinado tipo de criminalidade,
sem que se tenha uma abordagem do todo.
B. A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio produzido no
momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com
que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir os objetivos almejados.
C. A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função da pena não é
cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita o sistema normativo de
condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento
de seu poder de influenciar condutas sociais.
D. O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert
Cohen.
E. O sentimento de impunidade vivenciado por uma sociedade é antagônico ao conceito de anomia identificado
sob a ótica de Durkheim.
25. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil).
Dados publicados em dezembro de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de
superlotação nos estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%.
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlotação carcerária
aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I prevenção primária.
II prevenção secundária.
101
B. Apenas o item III está certo.
GABARITO
1 – E; 2 – B; 3 – E; 4 – E; 5 – A; 6 – A; 7 – E; 8 – D; 9 – C; 10 – E; 11 – C; 12 – E; 13 – C; 14 – E; 15 – C; 16 –
E; 17 – B; 18 – B; 19 – A; 20 – E; 21 – B; 22 – A; 23 – C; 24 – A; 25 – B.
5. Bibliografia
Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. –
8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
COLEÇÃO CARREIRAS POLICIAIS - CRIMINOLOGIA (2018); Autores: Eduardo Fontes e Henrique
Hoffmann.
Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019. 304 p. (Sinopses para
Concursos/ coordenador Leonardo Garcia).
COLEÇÃO CARREIRAS POLICIAIS - CRIMINOLOGIA (2020); Autores: Eduardo Fontes e Henrique
Hoffmann.
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