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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
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2 ARTETERAPIA E SAÚDE MENTAL
Fonte: revistasaberesaude.com
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sentimentos, sensações e percepções, libertar-se da rigidez e do aprisionamento
oferecidos como doenças. (Ciornai, 2004 apud SOARES M; 2017).
A arteterapia ajuda as pessoas a escolherem livremente entre os inúmeros
materiais oferecidos, a escolher o material que mais lhes convém, a mesma faz com
que o indivíduo mostre a si mesmo e ao mundo exterior seu verdadeiro estado
psicológico. Isso esclarece a singularidade que serve como instrumento de
transmissão e desbloqueio da consciência, instruções e informações, tanto para
despertar e desencadear a criatividade do inconsciente, como também para despertar
e desencadear a criatividade. (Cardoso e Munhoz, 2013 apud SOARES M; 2017).
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Nas palavras de TERRA C; (2008) desde o início da história das instituições
psiquiátricas, a arte tem sido utilizada por pacientes que sofrem por algum tipo de
transtorno mental, embora tenha sido utilizada apenas como meio para acalmar e
apaziguar os pacientes, a mesma também pode mantê-los atarefados como forma de
ocupação. Em relação à utilização terapêutica da arte, isso aconteceu tempos mais
tarde.
Assim, o lugar do adoecimento mental na sociedade, a lógica biomédica do
adoecimento mental e o tratamento das crises estão se transformando em uma
complexidade de fatores e atores que fazem parte da experiência e da história do
paciente. Dessa maneira, é essencial que faça um serviço de atenção psicossocial
para que dê conta de tal complexidade. A partir desse tipo de serviço, os médicos
criam outro tipo de relação e deixa de ser médico-doença e passa a voltar a atenção
para uma rede de relações entre indivíduos (AMARANTE, 2007 apud PINANGÉ D;
2018).
É considerável ressaltar, aqui, que os (a) autores (a) que citaram a respeito do
que estão chamando de arte como terapia: concerne a arte como recurso que
possibilita ao sujeito estabelecer a reflexão e a construção de sentidos. Lopes (2012
apud PINANGÉ D; 2018) realiza trabalhos relevantes sobre o papel da arte no cuidado
e apoio a pessoas com sofrimento mental.
2.1 Arteterapia
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da arteterapia, vemos que a mesma pode ser um recurso de suma importância no
contexto da saúde para auxiliar no trabalho com as demandas subjetivas dos usuários.
O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Carl Jung
passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora
da personalidade: "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do
inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é
vida" (Jung, 1920 apud GIAGIO D; 2010).
Sendo assim a Arteterapia visa a promoção da qualidade de vida através de
recursos vindos das artes, utilizando-se da atividade artística como instrumento de
intervenção profissional para a promoção da saúde e a qualidade de vida. As
linguagens utilizadas são em geral plástica, sonora, literária, dramática e corporal
tendo como base técnicas expressivas: desenho, pintura, modelagem, música,
poesia, dramatização e dança (Reis, 2014 apud GIAGIO D; 2010).
A arte é uma área do conhecimento que abrange diferentes linguagens e
práticas, como as artes visuais, a literatura, a música, a dança, o cinema, o teatro,
entre outros. Se apresenta como uma forma diferenciada de constituição do sujeito.
“Seu domínio é o do não racional, do indizível, da sensibilidade: domínio sem
fronteiras nítidas, muito diferente do mundo da ciência, da lógica da teoria” (COLI,
2004, p. 109 apud ROCHA F; 2016).
Ainda para este autor (2004 apud ROCHA F; 2016), a arte transforma, desperta
emoções e reações culturalmente ricas. Além disso, é uma questão que sempre será
envolta de dúvidas, questionamentos e discussões e é nesse sentido que a arteterapia
se desenvolve, pois, é despida de preconceitos e normas.
Para Paín (2009, p. 21 apud ROCHA F; 2016), “a utilização da arte com fins
terapêuticos só pode ser concebida no momento em que a clínica psicoterapêutica
mudou fundamentalmente”. Essa transformação se deu na medida em que a
sociedade modificou a visão a respeito da doença mental. Caterina (2005 apud
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ROCHA F; 2016) postula que há relatos da união entre arte e saúde nos trabalhos do
psiquiatra alemão Reil, discípulo de Pinel. Este desenvolveu, no início do século XIX,
estágios que pretendiam a cura psiquiátrica. Dentre eles, estava a realização de
atividades artísticas, por meio de estímulos físicos, intelectuais e sensoriais que
estimulavam a expressão do mundo interno de cada paciente.
Esta prática terapêutica propicia mudanças psíquicas como a expansão da
consciência, reconciliação de conflitos emocionais, autoconhecimento e
desenvolvimento pessoal (SOUZA, s/d). Por ser uma modalidade que permite
liberdade de escolha de métodos e materiais, pode ser realizada por crianças, adultos
e idosos. A Arteterapia, enfim, promove, preserva e recupera a saúde dos pacientes.
Possibilita a transformação do ser humano, desenvolvendo-o em uma dimensão
holística. Além disso, reaproxima esses indivíduos da sua própria essência, com base
em um maior autoconhecimento, fazendo com que adquira um encantamento por si
mesmo e pelo mundo novamente (GELAIN, 2013 apud ROCHA F; 2016).
De acordo com GIAGIO D; (2010) Partindo do princípio de que muitas vezes
não é possível falar de conflitos pessoais, a Arteterapia oferece recursos artísticos
para que todos esses processos sejam concebidos e analisados, para que obtenham
uma melhor compreensão de si e possam ser trabalhados em prol da liberação
emocional. Podemos dizer que através da arteterapia, o indivíduo consegue ampliar
o seu conhecimento em relação a si e aos outros, pode também aumentar a
autoestima, e aprende a lidar melhor com os sintomas, o estresse e as experiências
traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais.
3 REFORMA PSIQUIÁTRICA
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Segundo Goulart e Durães (2010 apud BARROSO S; 2011), a garantia dos
direitos das pessoas com transtornos mentais passa pelo constante estudo crítico do
processo de reforma psiquiátrica, seus êxitos e fracassos, pois a reforma psiquiátrica
ainda é um processo em construção. Visando contribuir para o contínuo repensar,
retoma-se nesse trabalho fatos selecionados desde a década de 1970, considerando
sua relevância histórica como agentes antecedentes para a alteração da política
pública para o atendimento psiquiátrico no país.
De origem política, social e econômica, a mencionada Reforma foi influenciada
pela ideologia de profissionais de saúde mental para reformular a atenção prestada
aos pacientes com transtornos mentais em todas as esferas do governo, garantindo a
integralidade de suas ações (BRASIL, 2005; GONÇALVES; SENA, 2001. 49). A práxis
da reforma psiquiátrica, dessa forma, passou a fazer parte do cotidiano de um número
considerável de profissionais de saúde mental e familiares de pessoas com
transtornos mentais (GONÇALVES; SENA, 2001 apud PEREIRA E; 2017).
No entanto, já nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil passou por uma grande
transformação na assistência psiquiátrica, resultante da organização do
Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, o qual tinha na sua proposta
principal substituir os hospitais psiquiátricos, tidos como segregadores e
iatrogênicos, por serviços mais estruturados em promover a ressocialização
dos usuários (SANTOS, OLIVEIRA, YAMAMOTO, 2009 apud PEREIRA E;
2017). Estes princípios nortearam a Reforma Psiquiátrica Brasileira,
propondo ir além das mudanças técnicas até a desconstrução do conceito da
loucura dentro da própria sociedade, por meio de um processo chamado
“desinstitucionalização” (TENÓRIO, 2002 apud PEREIRA E; 2017).
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A partir daí, pretendeu-se estimular a visão da pessoa com transtorno mental
como alguém detentor de direitos, estabelecendo uma nova forma de relação
fundamentada na possibilidade de “autonomia e liberdade, a fim de se estipular
relações de solidariedade, confiança e acolhimento” conforme SANTOS, Oliveira, e
Yamamoto, (2009 apud PEREIRA E; 2017).
Em 2002, o Ministério da Saúde definiu e regulamentou os serviços oferecidos
pelos Centros de Atenção Psicossocial. Em 2005, a Portaria Interministerial 353/2005
instituiu o Grupo de Trabalho de Saúde Mental e Economia Solidária, com objetivo de
“[...] construir um efetivo lugar social para os portadores de transtornos mentais, por
intermédio de ações que ampliem sua autonomia e melhora das condições concretas
de vida”. (BRASIL, 2005 apud GONÇALVES E; et al., 2018).
Em 2011, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria n° 3.088/2011 instituiu e
regulamentou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), definindo no seu Art. 1º por
sua finalidade “[...] a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
” (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al., 2018).
A Rede de Atenção Psicossocial é constituída pela Atenção Básica em Saúde,
pela Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório,
em Comunidades Terapêuticas ou em Unidades de Acolhimento, Atenção Hospitalar,
oferecida por meio de leitos em Hospitais Gerais; Residências Terapêuticas e, por fim,
promoção da Reabilitação Psicossocial. (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al.,
2018).
Apesar de mais atual que a Reforma Sanitária a Reforma psiquiátrica brasileira
tem uma história própria, num contexto de mudanças pelas superações da violência
asilar. Consiste em um processo político complexo, que acontece em diversos
territórios, nos governos federais, estaduais e municipais, nas associações de
pessoas com transtornos mentais e da sua família, nas universidades, nos serviços
de saúde, nos conselhos profissionais, entre outros (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA
A; et al., 2018).
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Envolvida como conjunto de transformações de práticas, valores culturais e
sociais, saberes. No cotidiano das instituições, das relações interpessoal e nos
serviços é que a reforma psiquiátrica progride, marcado por crises, conflitos, tensões
e desafios (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA A; et al., 2018).
A desinstitucionalização coloca em evidência, a nosso ver, a articulação entre
as práticas institucionais e as não-institucionais, ou as ações coletivas que devem ser
esclarecidas, mas sem perder à vista de que e a quem se pode atribuir o
empreendimento de autoconstrução ou reinvenção societária. Entendemos que os
processos de mudança mobilizam esforços de participação, por longos períodos de
tempo, não sendo, simplesmente, tributário ou resultante de tensões ou contradições
estruturais e conjunturais, genericamente, entendidas como forças instituintes
(VASCONCELOS, 2000 apud MARTINES R; et al., 2007).
A reforma psiquiátrica foi construída com a sociedade incluída no debate,
diferente das recentes políticas verticais que estão surgindo. O Brasil tem uma das
políticas de saúde mental mais respeitadas no mundo. A criação do CAPS, enquanto
serviço comunitário, deveria ser valorizado e ampliado cada vez mais, no entanto,
temos um retrocesso em curso (CAVALCANTI, 2019 apud BARBOSA A; 2019).
Trazer à luz o cenário atual é relevante na manutenção da luta pela reforma
psiquiátrica e da democracia. A sociedade deve se mobilizar em defesa do SUS, pois
defender o SUS é defender a vida. A partir da conscientização, a resistência pode
partir dos vários setores e atores, formando um grande movimento com o propósito
de combater aos retrocessos que atualmente se impõem em nosso país (DELGADO,
2019 apud BARBOSA A; 2019).
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como egípcia, suméria, maia e chinesa, e consequentemente a arte foi vista enquanto
atividade terapêutica, pois a humanidade acreditava que ela poderia ser mágica,
efetuar mudanças ou transformar as pessoas e as circunstâncias.
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A sistemática reconstrução histórica desse processo de mudança estética, essa
inesperada disposição na transformação de percepção e influência, para Mcgregor
(1992 apud ROMAN J; 2013) é necessária pelo fato de que nesses atos de reavaliação
está a evidência de que essa mudança de concepção da natureza e função do
processo criativo e seus produtos, os quais tiveram um pronunciado efeito na forma e
conteúdo das imagens visuais, nasceu nesse novo contexto. Para os interessados,
esses objetos e imagens grosseiras contêm uma intensidade surpreendente e um
latente senso de trabalhar mudanças no meio. Para os artistas da virada desse século,
essas novas imagens parecem ter satisfeito uma profunda necessidade de contato, e
o cultivo delas, uma radical e diferente estética.
Para ARÊAS D; (2011) foi neste momento que surgiu a arte contemporânea,
que não pretende agradar ou despertar as sensações agradáveis que acompanham
a beleza, porque muitas vezes são imagens confusas, desordenadas, em decorrência
da passagem de pura emoção na tela ou em qualquer outro meio. Vemos isso nas
obras de movimentos de vanguarda, como o surrealismo, que se interessaram pela
maneira de pensar das pessoas com transtornos mentais, o que deu origem a obras
que coincidiam com o que procuravam, ou seja, uma arte que era a produto de um
processo criativo, no qual os conteúdos do inconsciente emergiram. É neste período
que se realizam grandes reflexões sobre o que é Arte e é neste ajustamento sobre o
sentido e a intenção da Arte que Arteterappia se beneficia.
A contribuição do doente mental para esse novo campo de estudo e resposta
estética, embora óbvia, merece ser enfatizada. As raras imagens cujo poder tornou
atrativa e visualmente fascinante, estavam sendo criadas por pessoas reais e
sensíveis. Conforme Mcgregor (1992 apud ROMAN J; 2013) essas imagens são a
expressão de seus conflitos mentais, insights, confusão e dor; e, como na maioria das
artes, elas representam um acidental, contudo profundo presente da humanidade.
Osório Cesar e Nise da Silveira, de acordo com Calacchio (2007 apud ROMAN
J; 2013), ao introduzirem a possibilidade de construção de um novo modo de olhar e
lidar com o sofrimento mental, não mais como déficit ou desvio, e sim, como expressão
e reconhecimento do direito à diversidade e à diferença, se tornaram nos dias de hoje,
ícones da reforma psiquiátrica brasileira.
Valladares (2004 apud ROMAN J; 2013) aponta que com a perspectiva da
reinserção e reabilitação psicossocial presentes na atualidade, as práticas artísticas
em saúde mental possuem finalidades e propósitos bem definidos, como a
reintegração do indivíduo na sociedade, onde são geradas ações inclusivas que
proporcionam heterogeneidade, além de fazer com que usuário mantenha contato e
comunicação com o mundo real.
Como aponta ARÊAS D; (2011) é nessa perspectiva que a nova política de
Saúde Mental implementa o CAPS, na qual é uma instituição aberta ideal para dar
aos pacientes a oportunidade desse encontro com a Arte, promovendo a
ressocialização do sujeito e o desenvolvimento de sua autonomia como cidadão. O
indivíduo com maior desenvolvimento de sua personalidade.
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De acordo ARÊAS D; (2011) a Arte tem como objetivo permitir ao sujeito
expressar seu potencial como pessoa, dando-lhe o direito de interagir e conviver com
a sociedade. A única maneira de quebrar o estigma é mostrar que as pessoas com
sofrimento psicológico ou problemas mais severos de saúde mental ainda são
pessoas produtivas e ativa, e a arte desempenha um excelente papel nesse processo.
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saúde mental na atenção básica, decidiram efetivar o Plano Nacional de Incorporação
de Ações de Saúde Mental no âmbito da Atenção Básica, dentro do conjunto de ações
que compõem o cuidado integral à saúde, com ações de impacto no sistema público
no que se refere as políticas de saúde mental, que surgiram a partir do Sistema Único
de Saúde (SUS).
De acordo com a legislação, a Rede de Atenção Psicossocial nesse modelo
tem como diretrizes: a defesa dos direitos humanos, garantindo a autonomia, a
liberdade e o exercício da cidadania; a promoção da equidade; a garantia do acesso
e da qualidade dos serviços; a ênfase nos serviços de base territorial e comunitária,
diversificando as estratégias de cuidado com controle social dos usuários e de seus
familiares; as organizações de serviços em rede e de ações intersetoriais; e
desenvolvimento da lógica do cuidado centrado nas necessidades das pessoas com
transtornos mentais. (BRASIL, 2011 apud TAURO D; et al., 2018). A Reforma
Psiquiátrica, como vem sendo proposta, configurou-se então como um processo
político e social complexo, composto de diversos atores e instituições, é um
movimento que incide nos diversos setores da sociedade, como governos federal,
estadual e municipal, universidades, serviços de saúde, conselhos profissionais,
movimentos sociais. Sobretudo, esse movimento deve ser compreendido como um
conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, e que só
pode avançar no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações
interpessoais.
Segundo Brasil (2005, p.45 apud FARIA E; et al., 2016) “um dos principais
desafios para o processo de consolidação da reforma psiquiátrica brasileira é a
formação de recursos humanos capazes de superar o paradigma da tutela do louco e
da loucura. ” Brasil (2005) ainda alerta que o processo da reforma psiquiátrica exige
cada vez mais da formação técnica e teórica dos trabalhadores, muitas vezes
desmotivados por baixas remunerações ou contratos precários de trabalho.
Schranke Olschowsky (2008 apud FARIA E; et al., 2016) afirmam que é
prudente a inserção dos familiares das pessoas com transtornos mentais no dia a dia
da rede de atenção à saúde mental e na sua militância, na luta por uma sociedade
sem manicômios, nos movimentos sociais. Para eles, são essas medidas que estão
conseguindo garantir os direitos, provocando mudanças nas políticas públicas e na
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cultura de exclusão do louco na sociedade. Assim, o grande desafio da Reforma
Psiquiátrica é construir um novo lugar social para os loucos.
Diante desse quadro Hirdes (2009 apud FARIA E; et al., 2016) afirma sobre a
necessidade de formação de profissionais devidamente capacitados, em todos os
níveis, desde a graduação até a especialização. Brasil (2005, p.4 apud FARIA E; 2016)
afirma que o “Ministério da Saúde convoca os grandes centros brasileiros de alto nível
acadêmico para que tomem também para si a tarefa de produzir análises sobre os
novos serviços e novo modelo de atenção. ”, ou seja, construir espaços de reflexões,
bem como de novas propostas a serem implementadas. (BRASIL, 2005, p. 47 apud
FARIA E; 2016).
4 TANSTORNOS PSIQUICOS
Fonte: citocenter.com.br
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dos pacientes demonstram seus sintomas durante a infância (BRASIL, 2001 apud
QUEIROZ T; 2016).
Rodriguez et al. (2012 apud QUEIROZ T; 2016) apontam que os transtornos
mentais são reconhecidos como doenças crônicas de alta prevalência em todo mundo
e contribuem para a morbidade precoce, podendo levar a incapacidade e a
mortalidade. Estima-se que 25% da população geral sofrerá de um ou mais
transtornos mentais ao longo da vida, os mesmos são descritos e caracterizados por
sintomas e sinais que são específicos para cada transtorno existente, acarretando em
consideráveis impactos e prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de
vida do sujeito, juntamente com a família.
Menezes (1996 apud QUEIROZ T; 2016) afirma que estudos mostram que
milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de transtorno mental e
esse número tem aumentado gradativamente, apresentando uma alta prevalência na
população. De acordo com essa afirmação, os transtornos mentais foram
reconhecidos como um grave problema de saúde pública com custos econômicos,
sociais e humanos na década de 1990. Estudos mostram que cinco entre dez doenças
diagnosticadas estavam relacionadas à depressão, transtorno bipolar, uso de álcool,
esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo (FORTES, 2010; SANTOS;
SIQUEIRA, 2010 apud QUEIROZ T; 2016).
Murray e Lopez (1998 apud QUEIROZ T; 2016), afirma que a compreensão de
que os transtornos mentais configuram um problema de saúde pública é um tanto
recente, ocorrendo a partir de pesquisas e estudo publicados, sobretudo realizados
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), assim também como pelos
pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard.
Rosa (2005 apud QUEIROZ T; 2016), diz que durante a fase inicial dos
transtornos psíquicos apresentado pelos indivíduos, a família tem um papel,
sobretudo fundamental na construção da nova trajetória de vida que será
enfrentada pelo familiar dentre elas, ajudar na dificuldade para lidarem com
situações de crises que irá enfrentar, com o pessimismo de que não
consegue ver uma saída para o problema enfrentado e sua expectativa
frustrada de cura, assim como o aceitamento da doença.
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orientados sobre o tratamento medicamentoso e auxilio psicossocial, as famílias vão
recebendo as orientações conforme a evolução da doença, contudo para que a família
entenda esse longo processo em que seu familiar se encontra é necessário que a
mesma faça a terapia familiar para que consiga melhorar a relação entre ambos,
evitando recaídas e sobrecarga.
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De acordo com RIBEIRO M; (2000) a psicopatologia aborda uma serie de
conhecimentos que são referentes ao adoecimento mental do indivíduo, que se
esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante. O mesmo não inclui critérios
como valores e nem aceita dogmas ou verdades a priori, tendo em vista que a
psicopatologia rejeita o fato de orientar- se a partir de julgamentos morais. Porém,
através dela é possível identificar e compreender os diversos elementos da doença
mental.
Pra RIBEIRO M; (2000) a psicopatogia é dona de um domínio em que se
estende-se a “ A tudo que se possa apreender em relação a diferentes tipos de
conceitos de significados constantes e com a possibilidade de comunicação”, estamos
falando em uma ciência que é considerada autônoma, sem prolongamentos da
neurologia ou na psicologia.
Já o Psicossomático provém do grego, psyque: alma e somatikos: do corpo,
corporal. Segundo dicionário de filosofia (RUSS, 1994, p.237 apud PEREZ M; 2008)
1-Substantivo: medicina que estuda a alma e o corpo, o psiquismo e a física na sua
unidade indissolúvel e enquanto se condicionam uma ao outro. 2-Adjetivo: qualifica
os fenômenos em que a unidade do psiquismo e do corpo de manifestam. Diferente
da hipocondria que consiste numa fixação na ideia de doenças e da simulação,
quando de fato o paciente finge estar doente, o termo psicossomático se aplica apenas
para designar doenças que apresentam sintomas reais no corpo físico, mas cuja
origem está no psiquismo.
De acordo com Barbosa, Duarte e Santos (2012 apud DIAS P; et al., 2016), a
psicossomática busca um entendimento da relação mente-corpo e dos processos de
adoecimento sendo que o processo de somatização consiste na manifestação de
conflitos e angústias por meio de sintomas físicos, ou seja, para eles o termo
psicossomático é entendido como toda perturbação física resultante de um conteúdo
psicológico.
Os autores completam afirmando que toda doença humana é psicossomática
pois incide em um ser constituído de soma e psique, inseparáveis anatômica e
funcionalmente. Para Mello-Filho et. al. (2010 apud DIAS P; et al., 2016) a
psicossomática possibilita a compreensão do complexo jogo de causa e efeito
presente na evolução das enfermidades de modo muito mais rico e completo. Ainda
para eles, a psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e
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sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo
tempo, uma prática de uma Medicina integral.
A compreensão da relação mente-corpo, até então, era baseada numa visão
dualista, tanto em relação ao princípio como em relação à função desses dois
aspectos. O funcionamento de ambos era considerado quase que independente um
do outro e a interação ocorreria numa via dupla de forma psicossomática ou somato-
psíquica. A compreensão da interação mente e corpo ganha novas perspectivas a
partir da Psicanálise, quando ambas as dimensões são pensadas de forma conjunta
e dinâmica, possibilitando a criação de um campo de saber denominado
Psicossomática (VALENTE e RODRIGUES, 2010 apud CRUZ M; 2011).
A psicossomática categoriza fenômenos psicossomáticos ou somatopsíquicos,
apontando para a gênese do transtorno ora no corpo, ora na psique e estabelece as
relações de causa e efeito entre as duas instâncias, ditas como dicotômicas. Essa
relação de causa e efeito, na prática, requer a atuação de dois profissionais: o médico,
cabendo o tratamento do somático e o psicólogo, respondendo pelo tratamento dos
efeitos psicológicos decorrentes da doença, como a depressão, a ansiedade, o medo
dos tratamentos, o medo da morte. Assim, a compreensão das enfermidades passa a
ser tomada em uma dualidade soma e psique (MATTAR et. al., 2016 apud DIAS P; et
al., 2016).
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5 ARTETERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR EM
SAÚDE
Fonte: clinicadearteterapia.com.br
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Segundo Araújo et al (2012 apud NÓBREGA A; et al., 2014), a arte como forma
de cuidado, aliado ao processo de desinstitucionalização, aproxima o
desenvolvimento criativo do sujeito, promovendo a saúde deste e reforçando as
relações sociais da comunidade.
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capaz de canalizar, positivamente, as variáveis do adoecimento psíquico em si, assim
como os conflitos individuais e com familiares (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS, 2010
apud NÓBREGA A; et al., 2014).
O Ministério da Saúde ao incluir a Arteterapia oficialmente nas Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde no SUS, possibilitou a inserção da mesma
nos programas de referência: Saúde da Família, Rede Cegonha, Saúde da Criança,
Saúde dos Adolescentes e Programa de Saúde Escolar (PSE), Saúde da Mulher,
Saúde do Homem, Saúde e Atenção Integral ao Idoso, Rede de Atenção Psicossocial,
Âmbito Hospitalar, Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalho, passando
assim a ter diretrizes para formação, implantação e pesquisa dentro da Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC. (UBAAT, 2017, p.5-10
apud NÓBREGA A; et al., 2014).
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do relato do seu paciente, buscará uma significação para o que se apresenta dentro
do setting (SILVA; LOPES; CANELLO, 2012 apud BUENO A; et al., 2019). Para o
entendimento desta expressão sintomática o analista tem em seu auxílio todo
conhecimento teórico adquirido durante a sua formação, assim como a sua base
teórica que lhe proporciona a utilização de diversas técnicas. A arteterapia, como um
dos instrumentos que o terapeuta tem em seu auxílio, permite o acesso aos materiais
inconscientes que causam sofrimento ao paciente, proporcionando uma diminuição
dos sintomas apresentados.
Fonte: vlpo.cl.com
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Por essa perspectiva, a arte vincula o sujeito à criação a si mesmo e do mundo.
Ela expressa a reinvenção e produz a novidade, isto é, a arte é em si mesmo clínica,
terapêutica. Saviani (2004 apud FRANCISCO R; 2019) atribui à arte um status de
criação inventiva, onde “toda a capacidade de ser é acionada no ato de criar”, de modo
que o poder criador transborda a própria criação, o homem, a natureza e afeta toda a
vida em sua dimensão multifacetada.
Rauter (1997, p. 109 apud PESSOA I; 2016), coloca que de acordo com as
mutações das clínicas no campo da subjetividade, a mesma deve-se aproximar- se
da arte, talvez deva mesmo tornar – se arte. Pode-se dizer que a arte tem sido usada
para fins terapêuticos há séculos. Na literatura, há relatos sobre o trabalho
desenvolvido pelo psiquiatra alemão Johann Christian Reil sobre a interação entre
arte e saúde.
Segundo Sei (2010 apud PESSOA I; 2016), Reil foi contemporâneo de Pinel,
que no início do século XIX criou um protocolo terapêutico com o objetivo de uma cura
psiquiátrica. Este protocolo consistiu em três fases que procuraram estimular o
interesse de um indivíduo pelo mundo exterior e criar uma ligação mais forte entre ele
e o ambiente que o rodeia.
Florance Cane é uma importante educadora da educação artística (1983 apud
PESSOA I; 2016), a mesma tem uma visão de que o arteterapeuta norteia a crença
de que todo o indivíduo enquanto ser humano nasce com o poder criativo. E a sua
maior estratégia de ensino em relação a Arte era instaurada nas seguintes funções:
movimento, sentimento e pensamento e o processo de cura era por meio da catarse
do desenvolvimento artístico que é acompanhado de um profissional que reconheça
os sentidos do que é expressado e que ajude o indivíduo a se reconhecer (CANE,
1983 apud SEI, 2010 apud PESSOA I; 2016).
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É por meio das oficinas terapêuticas que o indivíduo com transtorno mental
vive, expressa o que existe no seu íntimo, expõe suas mazelas cotidianas, como o
próprio estigma relacionado à doença mental, na qual a sociedade acaba por
minimizá-lo. Por isso, o espaço da oficina é onde os usuários narram suas histórias,
suas vidas, interagindo entre eles (MACIEL; LIMA, 2012 apud FERREIRA G; 2013).
Nesse sentido, percebe-se que as atividades artísticas elucidam o processo
construtivo e a produção do novo, por meio da criação, exposição de acontecimentos,
experiências, ações, elementos, reinventando o ser humano e o mundo. Assim, as
oficinas passam a ser entendidas como um instrumento de enriquecimento e
desenvolvimento dos indivíduos em sofrimento psíquico, pois instigam a expressão, a
descoberta e ampliam as possibilidades singulares e de acesso aos benefícios
culturais (MENDONÇA, 2005 apud FERREIRA G; 2013).
Por conseguinte, Meneses et al. (2010 apud FERREIRA G; 2013) enfatiza que
as oficinas terapêuticas não visam à produção de obras de arte, não desejam formar
artistas, também não procuram ocupar o tempo dos participantes. Estas atividades
pretendem explorar os potenciais de criação, inspiração e expressão dos indivíduos
com transtornos mentais, cada oficina é exclusiva e transforma modelos culturais em
atividades singulares.
As Oficinas Terapêuticas de Arteterapia utilizam como tratamento, variadas
formas de expressão, como pintura, música, modelagem, fantoches, contos e os
adornos se fazem presentes como instrumentos terapêuticos. Esta prática cultiva o
resgate dos sentimentos, emoções e sensações através das práticas de expressão,
em busca de um ressignificado para aquilo que estava escondido no indivíduo por
muito tempo (PUFFAL; WOSIACK; BECKER, 2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014).
A arteterapia é uma prática terapêutica que trabalha com a transdisciplinaridade
de vários saberes, como a educação, a saúde e a arte, buscando resgatar a dimensão
integral do homem, neste processo de autoconhecimento e transformação pessoal.
Através da arteterapia, o indivíduo pode buscar autonomia criativa, o desenvolvimento
da comunicação, a valorização da subjetividade, a liberdade de expressão, o
reconciliar de problemas emocionais, dentre outros aspectos positivos (PHILLIPPINI,
2004; VALADARES; CARVALHO, 2005 apud AZEVEDO E; et al., 2014).
31
É sabido que o desenvolvimento de oficinas focadas na arteterapia vem a cada
dia ganhando espaço considerável no setor saúde, principalmente, se tratando do
campo da saúde mental, levando em consideração a necessidade de minimizar os
efeitos negativos produzidos pela doença mental (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS,
2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014).
Por fim, o que se pretende, por meio do espaço das oficinas terapêuticas, é a
livre circulação de expressões, de afetos, de criações artísticas. Ao mesmo tempo, é
importante que estas atividades ocorram nos diferentes territórios, objetivando a
transformação da visão da sociedade relacionada a pessoas com transtornos mentais
e à promoção da desinstitucionalização. Portanto, ao consentir experimentações nos
campos da arte e da cidadania, abrem-se possibilidades para a expansão de
sensações e emoção por outros universos, bem como a produção e expressão de
novas subjetividades. (PÁDUA; MORAIS, 2010 apud FERREIRA G; 2013).
São inúmeras as possibilidades que o ser humano tem diante si para exercitar
sua expressão criativa. A mente tem sido privilegiada ao longo do tempo, mas todos
sabemos que podemos trabalhar com as mãos, com o corpo, com a voz. São
atividades equilibradoras, especialmente para os indivíduos que se encontram
imersos em uma sociedade tão mental e, ao mesmo tempo, tão superficial. [...] é muito
importante destacar que a Arteterapia não é a simples utilização de técnicas
expressivas no ambiente terapêutico; ela é um processo do qual as imagens são o
guia e em que as técnicas são facilitadoras do surgimento dos símbolos pessoais.
(CHRISTO e Silva, 2006, p.12 apud MASCHIO A; 2012).
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Fonte: idtech.org.br
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forma de comunicação durante a estadia do paciente no hospital (LIMA et al., 2009
apud GOMES E; et al., 2014).
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Evidencia-se que determinadas técnicas de atividades artísticas têm a
possibilidade de influenciar o indivíduo de formas diferentes. Christo e Silva
(2006, p.17 apud MASCHIO A; 2012) especificam que cada uma dessas
atividades tem sua própria característica de benefício. Sendo assim, os
autores apresentam em seu livro exemplos de atividades artísticas, as quais
podem ser aplicadas em ateliês terapêuticos, destacando as técnicas de
desenho, pintura e colagem.
A arte ao longo dos anos trouxe uma série de contribuições para a sociedade,
e na atualidade, mostrou a sua capacidade de reconstruir a concepção social,
direcionada a imagem do indivíduo em sofrimento mental (AMARANTE, 2012 apud
CAETANO I; 2019).
Em um dos ramos da arte educação se encontra a dança. A expressão do corpo
foi a primeira forma de arte. Reconhecida como uma arte de execução, a dança é
caracterizada pela habilidade de se utilizar o movimento de forma simbólica, gerando,
assim, significados, e desenvolvendo a capacidade intelectual do homem (FREIRE,
2001 apud VASCONCELOS C; et al., 2019).
O corpo não é algo que esta dissociado da mente, trata-se de uma unidade que
está estruturada e organizada de forma singular, constituindo assim uma forma
integral, não sendo possível uma separação de corpo e alma (FERNANDES, 2015
apud CAETANO I; 2019). Através da terapia, as artes deram voz, ao que dela
participou como expressão e comunicação, num processo de interação social,
emocional e cognitiva (GOODILL, 2010 apud CAETANO I; 2019).
Fonte: portalsplishsplash.com
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A dança enquanto arte tem o potencial de trabalhar a capacidade de criação,
imaginação, sensação e percepção, integrando o conhecimento corporal ao intelectual
(MARQUES, 2010 apud CAETANO I; 2019). Sendo o movimento, algo presente em
todas as nossas atividades, à medida que se conhece os conteúdos corporais que
compõe esses movimentos (força, estrutura e dinâmicas: leve, pesado, forte, suave,
rápido, lento, grande, pequeno e outros) pode-se redimensionar atitudes, reconhecer
necessidades, explorar novas percepções e transformar a qualidade da própria vida,
fornecendo novos níveis de sensibilidade e consciência para o cotidiano.
A dança surge então como manifestação artística, na qual o homem apropria-
se neste contexto como terapia, através da forma com que as pessoas dançam, na
utilização da coordenação motora, do espaço, sua forma de caminhar e tensões
musculares, é capaz de comunicar conflitos internos (WOLBERG, 1988 apud
CAETANO I; 2019). Esta constitui-se num tipo de prática que é desenvolvida em
clínicas, hospitais, centros de correção ou escolas, e utilizada em grupos ou em
sessões terapêuticas individuais (LIMA; NETO 2011 apud CAETANO I; 2019).
Os benefícios da prática de atividades físicas para a saúde são amplamente
conhecidos, com dados gerais de pesquisas que indicam efeitos físicos como redução
da pressão sanguínea, elevação da capacidade cardiovascular, perda de peso e
prevenção de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose
etc. (MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019).
A relação entre exercícios físicos e bem-estar psicológico também tem sido
assumida em muitas pesquisas, que apontam sua prática regular como um fator
preventivo em saúde psicológica e também com potenciais terapêuticos sobre estados
de humor, autoestima e sintomas de ansiedade e depressão (ROT et al., 2009;
MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019).
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que o corpo tem um potencial adormecido, que se transforma a partir do momento em
que ele se move, expressando numa linguagem não verbal, que vai produzindo
ostensivamente mudanças positivas, não apenas corporais, mas também psíquicas
(FUX, 1988, p10 apud CAETANO I; 2019).
Alpert (2011 apud FREITAS F; 2019) destaca que dançar eleva o fluxo
sanguíneo no cérebro, proporciona um meio para expressão emocional e a elevação
do humor. A autora ressalta que o aspecto de socialização da dança diminui o
estresse, a solidão e a depressão, havendo também a possibilidade de a redução do
estresse estar relacionada com o fato de a atenção do dançarino estar concentrada
no momento da dança.
A pesquisadora acredita que a dança é um instrumento terapêutico e
educacional, bem como um meio de comunicação para pessoas que buscam a
conexão entre corpo e mente. A dança segundo Fux (1988 apud CAETANO I; 2019)
é para todos.
A dança terapia é um tipo de prática que apresenta estímulos, que vão de
encontro a áreas esquecidas pelo corpo, trazendo a possibilidade de
autoconhecimento corporal, fazendo com que os praticantes adquiram uma
consciência de seus limites sendo capazes de ultrapassa-los. Bem como esta prática
permite com que aspectos como a capacidade cognitiva, sejam trabalhadas e
desenvolvidas uma vez que a dança trabalha a memória (CALIL et al, 2007 apud
CAETANO I; 2019).
Ela amplia os cuidados corporais, favorece crescimento pessoal, lida com
comunicações incomuns e facilita a integração de experiências de vida, estimulando
o organismo ou energizando-o de maneira especial [...]. Muitas vezes, ela ativa e
intensifica a vivência de situações e, a partir de um acompanhamento atento e
cuidadoso, potencializa a resolução de conflitos (CASTRO, 2004, p. 274 apud
FREITAS F; 2019).
Para Gregorutti e Araújo (2012 apud CAETANO I; 2019) a dança é um tipo de
atividade artística com possibilidade terapêutica, que pode ser trabalhada inclusive
em institutos geriátricos, pois a dança oferece uma sensação de alívio nos sintomas
depressivos. Porém para que seja possível uma compressão da dança como aspecto
terapêutico é necessário antes entender a convivência do indivíduo tanto consigo
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mesmo como em sociedade e como este corpo se porta diante desses vínculos
(SANTOS, 2014 apud CAETANO I; 2019), segundo esse autor:
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ser humano com toda sua diversidade, dinamicidade, complexidade e o auxilia a
encontrar novos “sentidos” para sua vida, objetivando a reinserção e inclusão social
(VALLADARES, 2008 apud TORRES A; 2018).
A Arteterapia também procura respeitar os diversos aspectos dos usuários na
saúde mental, como os culturais, sociais, afetivos, cognitivos e motores. Presume-se,
então, que a análise dos conteúdos das produções simbólicas — cores, profundidade,
criatividade — apresentam o registro dos momentos de suas vidas
(VALLADARESTORRES, 2015 apud TORRES A; 2018).
Valladares-Torres (2016 apud TORRES A; 2018) acredita que, na Arteterapia,
os conteúdos do inconsciente são registrados pelas imagens, cores, movimentos,
formas, ocupação no suporte e padrões expressivos gerais, elementos que compõem
o processo de transformação do indivíduo e obtêm consistência a partir da criação
plástica. Assim, as imagens produzidas pelos usuários ajudam na compreensão da
sua trajetória psíquica.
A Arteterapia na reabilitação, denominada de Arte-Reabilitação tem como
principal objetivo trabalhar os aspectos emocionais, cognitivos, motores e perceptivos
do paciente. Francisquetti (2005 apud FABIETTI D; et al., 2016), relata que através do
fazer artístico é possível estimular o paciente na memória, planejamento, expressão,
autoestima e por vezes descobrir as suas potencialidades.
O do papel de arteterapeuta no centro de reabilitação é de estimular o paciente
a criar, sem certo ou errado, estaremos estimulando a tomada de consciência da
importância do processo, os sentimentos que o material desperta. Marzano (1996
apud Francisquetti, 2005 apud FABIETTI D; et al., 2016) relata que a percepção do e
pelos próprios pacientes é parte integral na abordagem fenomenológica da
arteterapia.
Eleger a arte- reabilitação psicossocial como paradigma deflagrador dessa
nova forma de cuidados em saúde mental é defender atividades e ações que
privilegiem as aspirações, os anseios e as preferências de usuários, respeitando-os
em sua subjetividade (AZEVEDO & MIRANDA, 2011 apud TORRES A; 2018). Além
disso, valoriza a coparticipação e a corresponsabilidade, o que supõe que os usuários
sejam atores e desempenhem um papel ativo no seu processo de reabilitação. Dessa
forma, destaca-se o acolhimento dos usuários e o projeto terapêutico individual,
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construído e idealizado conforme as necessidades de saúde/doença e a realidade
social encontrada, além do atendimento individual e de grupo.
Ainda que haja indefinição por parte dos profissionais da área quanto às formas
de compreensão da relação entre arte e terapia, o seu valor na reabilitação reside na
possibilidade de o usuário trabalhar e descobrir suas potencialidades para conquistar
espaços sociais (TAVARES, 2003 apud TORRES A; 2018).
Ademais, o desenvolvimento de oficinas terapêuticas possibilita a projeção de
conflitos internos/externos por meio de atividades artísticas, com a valorização do
potencial criativo, imaginativo e expressivo do usuário, além de fortalecer a autoestima
e a autoconfiança, a miscigenação de saberes e a expressão da subjetividade
(MARTINS et al., 2010 apud TORRES A; 2018).
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