You are on page 1of 46

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 ARTETERAPIA E SAÚDE MENTAL ........................................................... 4

2.1 Arteterapia ............................................................................................ 8

3 REFORMA PSIQUIÁTRICA ...................................................................... 10

3.1 Arte e Psiquiatria ................................................................................ 13

3.2 Saúde mental e políticas públicas ...................................................... 17

4 TANSTORNOS PSIQUICOS .................................................................... 19

4.1 Psicopatologia e psicossomáticas ...................................................... 21

5 ARTETERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR EM


SAÚDE 24

6 O SINTOMA COMO FORMA DE EXPRESSÃO ....................................... 27

7 A ARTE COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA ....................................... 28

7.1 A influência da arte como terapia: Métodos e práticas ....................... 32

7.2 A dança como aspecto terapêutico no tratamento da depressão ....... 35

7.3 Arteterapia e reabilitação.................................................................... 39

8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42

2
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

3
2 ARTETERAPIA E SAÚDE MENTAL

Fonte: revistasaberesaude.com

No Brasil a história da arteterapia teve sua origem na primeira metade do século


XIX, intimamente ligada a psiquiatria e influenciada pelas tendências teóricas
Junguianas e Psicanalíticas. Osório Cesar (1895-1979 apud SOARES M; 2017) e Nise
da Silveira (1905-1999 apud SOARES M; 2017) foram os psiquiatras pioneiros no
trabalho artístico com pacientes em centros e instituições de saúde mental. (Vasques,
2009 apud SOARES M; 2017).
A arteterapia é um instrumento terapêutico que incorpora diferentes áreas e se
firma como prática transdisciplinar, ela propõe a libertação do indivíduo por inteiro
resgatando a integralidade do mesmo, por meio das transformações e do
autoconhecimento. As técnicas da arteterapia são baseadas em recursos artísticos,
utilizando pintura, desenho, relaxamento, dança, modelagem. (Coqueiro, 2010 apud
SOARES M; 2017).
De acordo com a visão de Jung, a arteterapia tem como objetivo apoiar e criar
ferramenta adequada, para que a função psíquica desenvolva símbolos em diversas
produções, e dessa maneira leva a acionar a comunicação entre o consciente e o
inconsciente. (Aguiar e Macri, 2010 apud SOARES M; 2017). As expressões artísticas
têm o poder de proporcionar a cura, no sentido de possibilitar a expressão de

4
sentimentos, sensações e percepções, libertar-se da rigidez e do aprisionamento
oferecidos como doenças. (Ciornai, 2004 apud SOARES M; 2017).
A arteterapia ajuda as pessoas a escolherem livremente entre os inúmeros
materiais oferecidos, a escolher o material que mais lhes convém, a mesma faz com
que o indivíduo mostre a si mesmo e ao mundo exterior seu verdadeiro estado
psicológico. Isso esclarece a singularidade que serve como instrumento de
transmissão e desbloqueio da consciência, instruções e informações, tanto para
despertar e desencadear a criatividade do inconsciente, como também para despertar
e desencadear a criatividade. (Cardoso e Munhoz, 2013 apud SOARES M; 2017).

A expressão da emoção e da sensação através da arte é a própria expressão


do inconsciente, pois ao produzir o indivíduo pode estabelecer uma
linguagem com o meio. Através da produção artística poderá haver uma
reinvenção do cotidiano e a aproximação do indivíduo doente ao mundo
social. (Valladares, 2004 apud SOARES M; 2017).

De modo geral, a arteterapia ensina o indivíduo a buscar o respeito por si


próprio, o aumento da autoestima, autoconsciência, autoconhecimento, como parte
de uma relação individual e social, aumento da alegria de se sentir bem e de ver as
situações do dia a dia sob novas perspectivas. Com a arteterapia é possível obter um
melhor acesso à dinâmica psicológica e à memória. (Cardoso e Munhoz, 2013 apud
SOARES M; 2017).
Para SOARES M; (2017) a arteterapia é uma forma de intervenção amplamente
utilizada na assistência psiquiátrica no cuidado da saúde mental. As oficinas
descrevem a relevância dessa abordagem no processo de tratamento, que visa
aprimorar o tema de forma holística, buscar a sua reintegração, o alívio dos sintomas
e também a promoção da autonomia durante todo o processo de tratamento.

Em meados do século XX deu-se início uma crise do Paradigma da Ciência


Moderna, no qual a mesma passou a ser questionada (FERREIRA,
CALVOSO, GONZALES, 2002 apud PINANGÉ D; 2018). É nesse contexto
de rupturas e mudanças que o campo da saúde mental passa por
transformações e que se dá o surgimento da Psiquiatria. A loucura era
assunto dos filósofos e a influência da religião em sua concepção era forte,
visto que se entendia que a pessoa acometida pela loucura era alguém
possuído por demônios. Ou seja, a loucura pertencia ao âmbito do
sobrenatural (PAIN, 2009 apud PINANGÉ D; 2018).

Conforme TERRA C; (2008) o conceito de loucura geralmente se refere a algo


inadequado, diferente, como comportamento inaceitável e dificuldade de adaptação
ao ambiente. Já em relação a obra artística, apesar de muitas vezes sem lógica e
5
também desviada das normas sociais, tende a ter seu lugar garantido na sociedade
porque tem o destaque de arte, ela se legitimiza, enquanto os loucos tendem a ser
excluídos da vida social. Podemos analisar e observar isso na história da arte,
especialmente quando se trata de artistas como MOZART, ARTAUD e VAN GOGH,
cujo comportamento foi julgado impróprio, portanto, foram desqualificados e julgados
pela sua época. No entanto, suas obras são preservadas e eles têm o respeito que
merecem, embora o reconhecimento tenha ocorrido séculos depois.

Se a arte é a expressão humana da criação de sensações ou de estados de


espírito de caráter estético carregados de vivência pessoal e profunda, como
define a língua portuguesa, então ela está próxima da vivência da loucura,
pois se relaciona com os sentimentos, emoções, vivência de caráter
eminentemente pessoal, desprovida de uma lógica comum, de uma estética
única, mas como representação de uma experiência singular. (MUNARI,
2004, p.73 apud TERRA C; 2008).

Segundo Wahba (2005 apud TERRA C; 2008), o próprio desenvolvimento de


criação aproxima o artista das linhas da loucura, e nesse sentido quando o sujeito cria,
entra em contato com elementos de sombra no seu inconsciente e este momento pode
correr o risco de ser atacado por complexos e arquétipos reprimidos e inconsciente.
Se caso não consentir os elementos da sombra adaptando-os à sua realidade, o
artista pode não conseguir executar o caminho de volta e, como consequência, acabar
levando o sujeito à loucura.

Como afirma Silveira (1992 apud TERRA C; 2008), as funções criadoras


surgem devido à repressão de instintos, a emoções intensas que ameaçam
arrebentar a estrutura do ego. O artista consegue integrá-las às normas de
seu ego. Esta segunda etapa é mais difícil para o esquizofrênico. Embora
também se esforce para restaurar o ego, ele se inclina para o não-
convencional, para o insólito, o antinatural. (p. 91).

Como caracteriza TERRA C; (2008) quando reconhece o poder mobilizador da


arteterapia que está entrelaçada com a atividade criativa e artística, a mesma irá
objetivar a conquistar este momento de contato profundo com os elementos do
inconsciente e vai permitir o reconhecimento e a inserção deste conteúdo a partir do
desenvolvimento do processo expressivo, levando ao sujeito ter uma vida plena e
satisfatória, vivendo a vida conforme com quem ele realmente é, e não com o que a
cultura da sociedade espera que ele seja.

6
Nas palavras de TERRA C; (2008) desde o início da história das instituições
psiquiátricas, a arte tem sido utilizada por pacientes que sofrem por algum tipo de
transtorno mental, embora tenha sido utilizada apenas como meio para acalmar e
apaziguar os pacientes, a mesma também pode mantê-los atarefados como forma de
ocupação. Em relação à utilização terapêutica da arte, isso aconteceu tempos mais
tarde.
Assim, o lugar do adoecimento mental na sociedade, a lógica biomédica do
adoecimento mental e o tratamento das crises estão se transformando em uma
complexidade de fatores e atores que fazem parte da experiência e da história do
paciente. Dessa maneira, é essencial que faça um serviço de atenção psicossocial
para que dê conta de tal complexidade. A partir desse tipo de serviço, os médicos
criam outro tipo de relação e deixa de ser médico-doença e passa a voltar a atenção
para uma rede de relações entre indivíduos (AMARANTE, 2007 apud PINANGÉ D;
2018).

Segundo Valladares (2004 apud TERRA C; 2008), a Reforma Psiquiátrica é


um processo contínuo de reflexões e transformações das maneiras de se lidar
com a loucura, com a diferença e com o sofrimento mental, mudanças estas
que ocorrem ao mesmo tempo nas áreas assistenciais, culturais e
conceituais. Referem-se, sobretudo, às transformações nas relações que a
sociedade, os sujeitos e as instituições estabelecem para a superação do
estigma, da segregação e desqualificação do doente mental, tentando assim
construir um novo “imaginário social”, diferentemente do que existiu ao longo
dos anos, que enfocava a periculosidade, a irrecuperabilidade e a
incompreensão da pessoa portadora de doença mental. (p.12).

Com a autorização do Ministério da saúde criou a Política Nacional de Práticas


Integrativas e Complementares (PNIPIC) como mais um processo de implementação
do SUS. A PNIPIC colabora com a questão do princípio da integralidade e tem como
objetivo de relacionar e intensificar ações e serviços do SUS, bem como amplificar,
em espaços públicos, a acessibilidade aos serviços que até o momento vem se
restringindo ao âmbito privado (BRASIL, 2006 apud PINANGÉ D; 2018). A respeito do
uso de recursos artísticos, estes passam a ser utilizados nos Serviços de Saúde
Mental, ancorados nas diretrizes propostas pela lei nº 10.216/2001, que trata dos
direitos de pessoas acometidas por sofrimento mental e os tipos de assistência a elas
prestadas (BRASIL, 2001 apud PINANGÉ D; 2018).

Pereira e Firmino (2010 apud PINANGÉ D; 2018) sinalizam a potência das


oficinas e da utilização de arte como terapia, situando-os enquanto
dispositivos que podem vir a somar ao acompanhamento medicamentoso e
7
possibilitar ruptura com práticas de cuidados tradicionais, na medida em que
tais oficinas buscam promover e acolher o sujeito em sua integralidade,
considerando aspectos psíquicos e sociais.

É considerável ressaltar, aqui, que os (a) autores (a) que citaram a respeito do
que estão chamando de arte como terapia: concerne a arte como recurso que
possibilita ao sujeito estabelecer a reflexão e a construção de sentidos. Lopes (2012
apud PINANGÉ D; 2018) realiza trabalhos relevantes sobre o papel da arte no cuidado
e apoio a pessoas com sofrimento mental.

A tarefa de situar historicamente e epistemologicamente a Arteterapia traz


consigo a necessidade de se voltar para a história da Arte, bem como a sua
relação com a loucura durante os tempos. A arte aparece, na história da
humanidade, há cerca de 25 mil anos, na pré-história, onde já se tem registros
de pinturas nas paredes das cavernas (BARREIRA, BRASIL, 2012). É
importante ressaltar que as expressões artísticas, durante todo o tempo e
história da humanidade, denunciam o contexto social, político e ideológico de
cada época e cultura (OSTROWER, 1977 apud PINANGÉ D; 2018).

O Código de Ética do (a) profissional Psicologia afirma que essa área de


conhecimento não pode ser vista como imutável, necessitando estar sempre em
reflexão, aprimoramento e diálogo com diversas áreas de conhecimento, a fim de
olhar o sujeito em sua integralidade. Assim, a aproximação e diálogo entre a
Arteterapia e a Psicologia aponta para um terreno fecundo (CONSELHO FEDERAL
DE PSICOLOGIA, 2005 apud PINANGÉ D; 2018).

2.1 Arteterapia

Arteterapia é uma área de atuação profissional que utiliza recursos artísticos


com finalidade terapêutica de forma predominantemente não verbal. A Associação
Brasileira de Arteterapia define essa prática como sendo “um modo de trabalhar
utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua
essência é a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde” (Silva,
Carvalho & Lima, 2013 apud BONATTI G; et al., 2014).
A aplicação da arteterapia pode ser feita em diferentes contextos como na
avaliação, prevenção, tratamento e reabilitação voltados para a saúde assim como
instrumento pedagógico na educação e como meio para o desenvolvimento (inter)
pessoal (Sei, 2011 apud BONATTI G; et al., 2014). Partindo das considerações acerca

8
da arteterapia, vemos que a mesma pode ser um recurso de suma importância no
contexto da saúde para auxiliar no trabalho com as demandas subjetivas dos usuários.
O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Carl Jung
passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora
da personalidade: "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do
inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é
vida" (Jung, 1920 apud GIAGIO D; 2010).
Sendo assim a Arteterapia visa a promoção da qualidade de vida através de
recursos vindos das artes, utilizando-se da atividade artística como instrumento de
intervenção profissional para a promoção da saúde e a qualidade de vida. As
linguagens utilizadas são em geral plástica, sonora, literária, dramática e corporal
tendo como base técnicas expressivas: desenho, pintura, modelagem, música,
poesia, dramatização e dança (Reis, 2014 apud GIAGIO D; 2010).
A arte é uma área do conhecimento que abrange diferentes linguagens e
práticas, como as artes visuais, a literatura, a música, a dança, o cinema, o teatro,
entre outros. Se apresenta como uma forma diferenciada de constituição do sujeito.
“Seu domínio é o do não racional, do indizível, da sensibilidade: domínio sem
fronteiras nítidas, muito diferente do mundo da ciência, da lógica da teoria” (COLI,
2004, p. 109 apud ROCHA F; 2016).
Ainda para este autor (2004 apud ROCHA F; 2016), a arte transforma, desperta
emoções e reações culturalmente ricas. Além disso, é uma questão que sempre será
envolta de dúvidas, questionamentos e discussões e é nesse sentido que a arteterapia
se desenvolve, pois, é despida de preconceitos e normas.

Segundo Maciel e Carneiro (2012 apud ROCHA F; 2016), o termo terapia, do


grego thaerapia, no sentido original, é o ato de render culto ou servir à Deus.
Na contemporaneidade, terapia significa tratamento, cura, restabelecimento
da qualidade de vida. A arteterapia está profundamente ligada à História da
Arte, à Psicanalise e à Psiquiatria. Mesmo assim, não se pode restringi-la a
estas áreas, uma vez que está conectada a diversos campos do
conhecimento. Ela nasce, então, na tentativa de acessar conteúdos
inconscientes por meio da expressão artística para, então, colaborar no
processo de cura do paciente.

Para Paín (2009, p. 21 apud ROCHA F; 2016), “a utilização da arte com fins
terapêuticos só pode ser concebida no momento em que a clínica psicoterapêutica
mudou fundamentalmente”. Essa transformação se deu na medida em que a
sociedade modificou a visão a respeito da doença mental. Caterina (2005 apud
9
ROCHA F; 2016) postula que há relatos da união entre arte e saúde nos trabalhos do
psiquiatra alemão Reil, discípulo de Pinel. Este desenvolveu, no início do século XIX,
estágios que pretendiam a cura psiquiátrica. Dentre eles, estava a realização de
atividades artísticas, por meio de estímulos físicos, intelectuais e sensoriais que
estimulavam a expressão do mundo interno de cada paciente.
Esta prática terapêutica propicia mudanças psíquicas como a expansão da
consciência, reconciliação de conflitos emocionais, autoconhecimento e
desenvolvimento pessoal (SOUZA, s/d). Por ser uma modalidade que permite
liberdade de escolha de métodos e materiais, pode ser realizada por crianças, adultos
e idosos. A Arteterapia, enfim, promove, preserva e recupera a saúde dos pacientes.
Possibilita a transformação do ser humano, desenvolvendo-o em uma dimensão
holística. Além disso, reaproxima esses indivíduos da sua própria essência, com base
em um maior autoconhecimento, fazendo com que adquira um encantamento por si
mesmo e pelo mundo novamente (GELAIN, 2013 apud ROCHA F; 2016).
De acordo com GIAGIO D; (2010) Partindo do princípio de que muitas vezes
não é possível falar de conflitos pessoais, a Arteterapia oferece recursos artísticos
para que todos esses processos sejam concebidos e analisados, para que obtenham
uma melhor compreensão de si e possam ser trabalhados em prol da liberação
emocional. Podemos dizer que através da arteterapia, o indivíduo consegue ampliar
o seu conhecimento em relação a si e aos outros, pode também aumentar a
autoestima, e aprende a lidar melhor com os sintomas, o estresse e as experiências
traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais.

3 REFORMA PSIQUIÁTRICA

A Reforma Psiquiátrica é um processo de rupturas discursivas que refletem na


forma de pensar e praticar o cuidado nos territórios e serviços de saúde. Falar de sua
história não é tarefa fácil, pois esta é constituída a partir de várias narrativas e diversas
dimensões que esbarram no campo da ética e da epistemologia, se aproximando e
distanciando de acordo com os moldes do solo em que germina (BAGNOLI, 2016
apud MACÊDO D; et al., 2020).

10
Segundo Goulart e Durães (2010 apud BARROSO S; 2011), a garantia dos
direitos das pessoas com transtornos mentais passa pelo constante estudo crítico do
processo de reforma psiquiátrica, seus êxitos e fracassos, pois a reforma psiquiátrica
ainda é um processo em construção. Visando contribuir para o contínuo repensar,
retoma-se nesse trabalho fatos selecionados desde a década de 1970, considerando
sua relevância histórica como agentes antecedentes para a alteração da política
pública para o atendimento psiquiátrico no país.
De origem política, social e econômica, a mencionada Reforma foi influenciada
pela ideologia de profissionais de saúde mental para reformular a atenção prestada
aos pacientes com transtornos mentais em todas as esferas do governo, garantindo a
integralidade de suas ações (BRASIL, 2005; GONÇALVES; SENA, 2001. 49). A práxis
da reforma psiquiátrica, dessa forma, passou a fazer parte do cotidiano de um número
considerável de profissionais de saúde mental e familiares de pessoas com
transtornos mentais (GONÇALVES; SENA, 2001 apud PEREIRA E; 2017).

No entanto, já nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil passou por uma grande
transformação na assistência psiquiátrica, resultante da organização do
Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, o qual tinha na sua proposta
principal substituir os hospitais psiquiátricos, tidos como segregadores e
iatrogênicos, por serviços mais estruturados em promover a ressocialização
dos usuários (SANTOS, OLIVEIRA, YAMAMOTO, 2009 apud PEREIRA E;
2017). Estes princípios nortearam a Reforma Psiquiátrica Brasileira,
propondo ir além das mudanças técnicas até a desconstrução do conceito da
loucura dentro da própria sociedade, por meio de um processo chamado
“desinstitucionalização” (TENÓRIO, 2002 apud PEREIRA E; 2017).

Nos anos 90, a Reforma Psiquiátrica Brasileira passa a ser finalmente


encampada pelo Ministério da Saúde e os hospitais psiquiátricos passam a ser
substituídos pelos centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Convivência,
Residências Terapêuticas e ambulatórios). Nesse contexto, embora regulamentado
pela portaria 224/1992, os ambulatórios passam a existir segundo dois modelos, o
tradicional e o da Reforma; o primeiro dispondo essencialmente de cuidados curativos,
o segundo oferecendo atendimentos individual e em grupo, visitas em domicílio e
atividades terapêuticas psicossociais, sempre acompanhados por equipe
multiprofissional (SANTOS, OLIVEIRA, YAMAMOTO, 2009 apud PEREIRA E; 2017).

11
A partir daí, pretendeu-se estimular a visão da pessoa com transtorno mental
como alguém detentor de direitos, estabelecendo uma nova forma de relação
fundamentada na possibilidade de “autonomia e liberdade, a fim de se estipular
relações de solidariedade, confiança e acolhimento” conforme SANTOS, Oliveira, e
Yamamoto, (2009 apud PEREIRA E; 2017).
Em 2002, o Ministério da Saúde definiu e regulamentou os serviços oferecidos
pelos Centros de Atenção Psicossocial. Em 2005, a Portaria Interministerial 353/2005
instituiu o Grupo de Trabalho de Saúde Mental e Economia Solidária, com objetivo de
“[...] construir um efetivo lugar social para os portadores de transtornos mentais, por
intermédio de ações que ampliem sua autonomia e melhora das condições concretas
de vida”. (BRASIL, 2005 apud GONÇALVES E; et al., 2018).
Em 2011, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria n° 3.088/2011 instituiu e
regulamentou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), definindo no seu Art. 1º por
sua finalidade “[...] a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
” (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al., 2018).
A Rede de Atenção Psicossocial é constituída pela Atenção Básica em Saúde,
pela Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório,
em Comunidades Terapêuticas ou em Unidades de Acolhimento, Atenção Hospitalar,
oferecida por meio de leitos em Hospitais Gerais; Residências Terapêuticas e, por fim,
promoção da Reabilitação Psicossocial. (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al.,
2018).
Apesar de mais atual que a Reforma Sanitária a Reforma psiquiátrica brasileira
tem uma história própria, num contexto de mudanças pelas superações da violência
asilar. Consiste em um processo político complexo, que acontece em diversos
territórios, nos governos federais, estaduais e municipais, nas associações de
pessoas com transtornos mentais e da sua família, nas universidades, nos serviços
de saúde, nos conselhos profissionais, entre outros (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA
A; et al., 2018).

12
Envolvida como conjunto de transformações de práticas, valores culturais e
sociais, saberes. No cotidiano das instituições, das relações interpessoal e nos
serviços é que a reforma psiquiátrica progride, marcado por crises, conflitos, tensões
e desafios (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA A; et al., 2018).
A desinstitucionalização coloca em evidência, a nosso ver, a articulação entre
as práticas institucionais e as não-institucionais, ou as ações coletivas que devem ser
esclarecidas, mas sem perder à vista de que e a quem se pode atribuir o
empreendimento de autoconstrução ou reinvenção societária. Entendemos que os
processos de mudança mobilizam esforços de participação, por longos períodos de
tempo, não sendo, simplesmente, tributário ou resultante de tensões ou contradições
estruturais e conjunturais, genericamente, entendidas como forças instituintes
(VASCONCELOS, 2000 apud MARTINES R; et al., 2007).
A reforma psiquiátrica foi construída com a sociedade incluída no debate,
diferente das recentes políticas verticais que estão surgindo. O Brasil tem uma das
políticas de saúde mental mais respeitadas no mundo. A criação do CAPS, enquanto
serviço comunitário, deveria ser valorizado e ampliado cada vez mais, no entanto,
temos um retrocesso em curso (CAVALCANTI, 2019 apud BARBOSA A; 2019).
Trazer à luz o cenário atual é relevante na manutenção da luta pela reforma
psiquiátrica e da democracia. A sociedade deve se mobilizar em defesa do SUS, pois
defender o SUS é defender a vida. A partir da conscientização, a resistência pode
partir dos vários setores e atores, formando um grande movimento com o propósito
de combater aos retrocessos que atualmente se impõem em nosso país (DELGADO,
2019 apud BARBOSA A; 2019).

3.1 Arte e Psiquiatria

De acordo com ARÊAS D; (2011) este tópico esclarece algumas questões


sobre a relação entre arte e psiquiatria. Desde o final do século XIX, a ciência
enquanto psiquiátrica tem buscado um tratamento mais humano para pessoas com
transtornos mentais.
Desde muito antigamente a arte teve um papel importante na saúde, a
expressão simbólica presente na arte foi, como sugere Machioldi (2007 apud ROMAN
J; 2013), uma importante parte dos antigos rituais de cura realizados por civilizações

13
como egípcia, suméria, maia e chinesa, e consequentemente a arte foi vista enquanto
atividade terapêutica, pois a humanidade acreditava que ela poderia ser mágica,
efetuar mudanças ou transformar as pessoas e as circunstâncias.

O grande problema para psiquiatria enquadrada nos modelos das ciências


naturais era, e ainda hoje é, a questão da determinação das causas das
doenças mentais. As neuroses, em particular a histeria, e a demência
precoce, hoje reclassificada e nomeada de esquizofrenia, desafiavam o
modelo cientifico. É nesse contexto, como cientistas típicos do século XIX,
preocupados com a determinação das causas das doenças mentais, que se
inserem primeiramente Freud e depois Jung. (REVISTA MENTE E
CÉREBRO, v.2, p.18 apud ARÊAS D; 2011).

Para ARÊAS D; (2011) cabe destacar que a experiência psicanalítica


inaugurada por Sigmund Freud no final do século XIX, levantou a questão do
inconsciente e marcou o encontro da loucura com a linguagem. De acordo com Freud
a psicanálise tem sua a intervenção terapêutica voltada para a associação livre, onde
o terapeuta não direciona a questão a ser trabalhada, ou seja, essa intervenção deixa
que o próprio paciente coloque seu inconsciente em analise e traga seus conteúdos.
Dessa maneira, os conteúdos inconscientes que são manifestados pelo sujeito no “
setting” clínico se configuram e são estruturado durante o processo terapêutico.
Conforme ARÊAS D; (2011) a tentativa de renovação da Arte e da cultura
ocidental foi marcada no início do século XX na Europa. Em busca de uma nova
maneira de criar, artistas. Os pensadores da época tentaram fugir dos esquemas e
moldes acadêmicos e passaram a se interessar pela produção de pessoas
consideradas “doentes mentais” ou marginalizadas em relação sociedade. O Brasil
estava passando por um período de turbulência e revitalização da arte, ele tentou se
libertar dos moldes europeus e tentou destacar os traços característicos de sua
própria cultura.
Como caracteriza ARÊAS D; (2011) o meio artístico europeu e o brasileiro
passaram a valorizar o simples e o primitivo, e isso aconteceu através do
questionamento dos parâmetros e regras que eram impostos pela sociedade e pela
tradição cultural, bem como tudo aquilo que fugisse dos moldes acadêmicos. A partir
dessa questão os médicos pensavam que havia uma possibilidade de detectar
sintomas de degeneração através da análise da criatividade de produção plástica dos
alienados, eram próximos da subversão estética que era buscada pelas vanguardas
artísticas e distantes da tradição plástica europeia.

14
A sistemática reconstrução histórica desse processo de mudança estética, essa
inesperada disposição na transformação de percepção e influência, para Mcgregor
(1992 apud ROMAN J; 2013) é necessária pelo fato de que nesses atos de reavaliação
está a evidência de que essa mudança de concepção da natureza e função do
processo criativo e seus produtos, os quais tiveram um pronunciado efeito na forma e
conteúdo das imagens visuais, nasceu nesse novo contexto. Para os interessados,
esses objetos e imagens grosseiras contêm uma intensidade surpreendente e um
latente senso de trabalhar mudanças no meio. Para os artistas da virada desse século,
essas novas imagens parecem ter satisfeito uma profunda necessidade de contato, e
o cultivo delas, uma radical e diferente estética.
Para ARÊAS D; (2011) foi neste momento que surgiu a arte contemporânea,
que não pretende agradar ou despertar as sensações agradáveis que acompanham
a beleza, porque muitas vezes são imagens confusas, desordenadas, em decorrência
da passagem de pura emoção na tela ou em qualquer outro meio. Vemos isso nas
obras de movimentos de vanguarda, como o surrealismo, que se interessaram pela
maneira de pensar das pessoas com transtornos mentais, o que deu origem a obras
que coincidiam com o que procuravam, ou seja, uma arte que era a produto de um
processo criativo, no qual os conteúdos do inconsciente emergiram. É neste período
que se realizam grandes reflexões sobre o que é Arte e é neste ajustamento sobre o
sentido e a intenção da Arte que Arteterappia se beneficia.
A contribuição do doente mental para esse novo campo de estudo e resposta
estética, embora óbvia, merece ser enfatizada. As raras imagens cujo poder tornou
atrativa e visualmente fascinante, estavam sendo criadas por pessoas reais e
sensíveis. Conforme Mcgregor (1992 apud ROMAN J; 2013) essas imagens são a
expressão de seus conflitos mentais, insights, confusão e dor; e, como na maioria das
artes, elas representam um acidental, contudo profundo presente da humanidade.

(...) a atividade que realiza em nome da arte não é, em absoluto, arte. Na


arteterapia, a arte é concebida como uma metáfora, ou melhor, algo que se
assemelha à arte, indicada por sua dupla condição: por um lado, aquele que
frequenta o ateliê não se compromete com um aprendizado sistemático das
regras do oficio, nem com a criação de ideias plásticas cuja coerência estética
seja completa e socialmente reconhecida; por outro lado a arteterapia
demanda da arte um serviço útil. Este serviço terapêutico constitui a própria
definição de arte, projetando simultaneamente sobre o paciente a tensão
contraditória inerente à possibilidade de cura. A atividade artística transforma-
se assim em representação dramática da intenção criativa do sujeito. É nessa
duplicidade que encontramos a eficácia terapêutica dessa modalidade
clínica. (PAIN, 2009, p.12 apud ARÊAS D; 2011).
15
Segundo ARÊAS D; (2011) em relação ao que foi contextualizado sobre a
reflexão dos artistas e médicos no cenário social da Arte e loucura, pode-se dizer que
é nesse momento que a Arteterapia começa seu trabalho dando início ao contexto
psiquiátrico. Nesse sentido pergunta-se, que lugar a Arte tem na psiquiatria?

Na instituição psiquiátrica, ela apresenta-se como um lugar “a parte”, com um


enquadramento e uma disciplina contratual. O sujeito vem ao ateliê porque
quer passar o tempo, para se divertir, ou porque gosta de pintar. A questão
não é essa, pois todas essas motivações são pertinentes e sujeitas a
contradições. É através da própria atividade que o sujeito pode descobrir
possibilidades das quais nunca suspeitaria. O essencial é que, louco ou não,
ele descubra o papel do artista a quem é tudo permitido, dentro das restrições
materiais e da relação com os outros participantes. O poder do arteterapeuta
lhe é conferido não somente pela instituição, mas também pelos pacientes
quando sentem necessidade de ser orientados. Essa delegação de poder é
uma astúcia da doença que visa manter alguns sintomas e deixar o sujeito
em estado de dependência. É justamente mediante a utilização da arte que a
utopia antipsiquiátrica encontra um terreno onde atuar e modificar o olhar dos
outros sobre o sujeito. (PAIN, 2009, p.31 apud ARÊAS D; 2011).

Osório Cesar e Nise da Silveira, de acordo com Calacchio (2007 apud ROMAN
J; 2013), ao introduzirem a possibilidade de construção de um novo modo de olhar e
lidar com o sofrimento mental, não mais como déficit ou desvio, e sim, como expressão
e reconhecimento do direito à diversidade e à diferença, se tornaram nos dias de hoje,
ícones da reforma psiquiátrica brasileira.
Valladares (2004 apud ROMAN J; 2013) aponta que com a perspectiva da
reinserção e reabilitação psicossocial presentes na atualidade, as práticas artísticas
em saúde mental possuem finalidades e propósitos bem definidos, como a
reintegração do indivíduo na sociedade, onde são geradas ações inclusivas que
proporcionam heterogeneidade, além de fazer com que usuário mantenha contato e
comunicação com o mundo real.
Como aponta ARÊAS D; (2011) é nessa perspectiva que a nova política de
Saúde Mental implementa o CAPS, na qual é uma instituição aberta ideal para dar
aos pacientes a oportunidade desse encontro com a Arte, promovendo a
ressocialização do sujeito e o desenvolvimento de sua autonomia como cidadão. O
indivíduo com maior desenvolvimento de sua personalidade.

A Arteterapia, aplicada à psiquiatria e de acordo com os novos paradigmas


de atenção em Saúde Mental, é um processo terapêutico predominantemente
não-verbal, por meio das artes plásticas acolhe o ser humano com toda
complexidade, dinamicidade, objetivando a reinserção e inclusão social do
doente mental. (VALLADARES, 2008, p.98 apud ARÊAS D; 2011).

16
De acordo ARÊAS D; (2011) a Arte tem como objetivo permitir ao sujeito
expressar seu potencial como pessoa, dando-lhe o direito de interagir e conviver com
a sociedade. A única maneira de quebrar o estigma é mostrar que as pessoas com
sofrimento psicológico ou problemas mais severos de saúde mental ainda são
pessoas produtivas e ativa, e a arte desempenha um excelente papel nesse processo.

3.2 Saúde mental e políticas públicas

Conforme FERNANDES A; (2017) o processo histórico da saúde mental


apresenta grandes desafios políticos e sociais, o seu progresso foi acompanhado por
mudanças em destinadas a assegurar os direitos de cidadãos com problemas de
saúde mental. A atenção torna-se um desafio para o governo, pois tem que
redimensionar novas propostas com modelos mais eficazes, introduzindo novos
recursos metodológicos e técnicos.
Para FERNANDES A; (2017) a partir do modelo assistencial dos hospitais
psiquiátricos da década de 1960, houve a necessidade de mudança no modelo de
atenção à saúde mental. De acordo com os movimentos de trabalhadores em saúde
mental (MTSM), passaram a denunciar as violências nos ditos manicômios onde as
modificações passaram a ser exigidas. E isso se deu através da formação de
sindicalistas, membros de associações, integrante do movimento sanitário e por
pessoas com internações psiquiátricas.
A política de saúde mental no Brasil evoluiu de um modelo "hospitalocêntrico"
para um modelo de assistência comunitária em direção a um acompanhamento
psicossocial (Pacheco, 2005 apud PONTES S; et al., 2014). A ideia de uma rede de
atenção à saúde mental, acompanhada da reabilitação psicossocial, é um dos pilares
da nova política de saúde mental brasileira. Desse modo, reuniremos os principais
atos legais que orientam esse processo.
De acordo com FERNANDES A; (2017) os cuidados à saúde mental ocorriam
através da divisão nacional de saúde mental, por meio desta a função exercida era de
planejamento de campanhas e manutenções em hospitais públicos psiquiátricos.
Contudo, a criação da Coordenação Geral de Saúde Mental (CGSM), juntamente com
o departamento de Atenção Básica (DAB), do Ministério da Saúde (MS), naquele
momento eram cientes que havia uma necessidade da implantação de ações de

17
saúde mental na atenção básica, decidiram efetivar o Plano Nacional de Incorporação
de Ações de Saúde Mental no âmbito da Atenção Básica, dentro do conjunto de ações
que compõem o cuidado integral à saúde, com ações de impacto no sistema público
no que se refere as políticas de saúde mental, que surgiram a partir do Sistema Único
de Saúde (SUS).
De acordo com a legislação, a Rede de Atenção Psicossocial nesse modelo
tem como diretrizes: a defesa dos direitos humanos, garantindo a autonomia, a
liberdade e o exercício da cidadania; a promoção da equidade; a garantia do acesso
e da qualidade dos serviços; a ênfase nos serviços de base territorial e comunitária,
diversificando as estratégias de cuidado com controle social dos usuários e de seus
familiares; as organizações de serviços em rede e de ações intersetoriais; e
desenvolvimento da lógica do cuidado centrado nas necessidades das pessoas com
transtornos mentais. (BRASIL, 2011 apud TAURO D; et al., 2018). A Reforma
Psiquiátrica, como vem sendo proposta, configurou-se então como um processo
político e social complexo, composto de diversos atores e instituições, é um
movimento que incide nos diversos setores da sociedade, como governos federal,
estadual e municipal, universidades, serviços de saúde, conselhos profissionais,
movimentos sociais. Sobretudo, esse movimento deve ser compreendido como um
conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, e que só
pode avançar no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações
interpessoais.
Segundo Brasil (2005, p.45 apud FARIA E; et al., 2016) “um dos principais
desafios para o processo de consolidação da reforma psiquiátrica brasileira é a
formação de recursos humanos capazes de superar o paradigma da tutela do louco e
da loucura. ” Brasil (2005) ainda alerta que o processo da reforma psiquiátrica exige
cada vez mais da formação técnica e teórica dos trabalhadores, muitas vezes
desmotivados por baixas remunerações ou contratos precários de trabalho.
Schranke Olschowsky (2008 apud FARIA E; et al., 2016) afirmam que é
prudente a inserção dos familiares das pessoas com transtornos mentais no dia a dia
da rede de atenção à saúde mental e na sua militância, na luta por uma sociedade
sem manicômios, nos movimentos sociais. Para eles, são essas medidas que estão
conseguindo garantir os direitos, provocando mudanças nas políticas públicas e na

18
cultura de exclusão do louco na sociedade. Assim, o grande desafio da Reforma
Psiquiátrica é construir um novo lugar social para os loucos.
Diante desse quadro Hirdes (2009 apud FARIA E; et al., 2016) afirma sobre a
necessidade de formação de profissionais devidamente capacitados, em todos os
níveis, desde a graduação até a especialização. Brasil (2005, p.4 apud FARIA E; 2016)
afirma que o “Ministério da Saúde convoca os grandes centros brasileiros de alto nível
acadêmico para que tomem também para si a tarefa de produzir análises sobre os
novos serviços e novo modelo de atenção. ”, ou seja, construir espaços de reflexões,
bem como de novas propostas a serem implementadas. (BRASIL, 2005, p. 47 apud
FARIA E; 2016).

4 TANSTORNOS PSIQUICOS

Fonte: citocenter.com.br

Os transtornos mentais são entendidos como alterações psicológicas e


comportamentais em que ocorrem em estados significativos que se caracterizam por
mudanças na forma de pensar sobre o humor e as emoções ou por comportamentos
relacionados ao estresse pessoal e / ou funcionamento prejudicado, explica – se os
transtornos por causas biológicas e sociais, onde é necessário um atendimento com
a assistência adequada e humanizada com o objetivo de ressocializar o paciente com
transtorno mental junto com a família, onde as pesquisas mostram que a grade maioria

19
dos pacientes demonstram seus sintomas durante a infância (BRASIL, 2001 apud
QUEIROZ T; 2016).
Rodriguez et al. (2012 apud QUEIROZ T; 2016) apontam que os transtornos
mentais são reconhecidos como doenças crônicas de alta prevalência em todo mundo
e contribuem para a morbidade precoce, podendo levar a incapacidade e a
mortalidade. Estima-se que 25% da população geral sofrerá de um ou mais
transtornos mentais ao longo da vida, os mesmos são descritos e caracterizados por
sintomas e sinais que são específicos para cada transtorno existente, acarretando em
consideráveis impactos e prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de
vida do sujeito, juntamente com a família.
Menezes (1996 apud QUEIROZ T; 2016) afirma que estudos mostram que
milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de transtorno mental e
esse número tem aumentado gradativamente, apresentando uma alta prevalência na
população. De acordo com essa afirmação, os transtornos mentais foram
reconhecidos como um grave problema de saúde pública com custos econômicos,
sociais e humanos na década de 1990. Estudos mostram que cinco entre dez doenças
diagnosticadas estavam relacionadas à depressão, transtorno bipolar, uso de álcool,
esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo (FORTES, 2010; SANTOS;
SIQUEIRA, 2010 apud QUEIROZ T; 2016).
Murray e Lopez (1998 apud QUEIROZ T; 2016), afirma que a compreensão de
que os transtornos mentais configuram um problema de saúde pública é um tanto
recente, ocorrendo a partir de pesquisas e estudo publicados, sobretudo realizados
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), assim também como pelos
pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard.

Rosa (2005 apud QUEIROZ T; 2016), diz que durante a fase inicial dos
transtornos psíquicos apresentado pelos indivíduos, a família tem um papel,
sobretudo fundamental na construção da nova trajetória de vida que será
enfrentada pelo familiar dentre elas, ajudar na dificuldade para lidarem com
situações de crises que irá enfrentar, com o pessimismo de que não
consegue ver uma saída para o problema enfrentado e sua expectativa
frustrada de cura, assim como o aceitamento da doença.

Waidman (2001 apud QUEIROZ T; 2016) ressalta em relação ao


acompanhamento da família que é de grande importância, para que a família entenda
sobre o transtorno que está acometendo o seu familiar, é muito importante que as
famílias conheçam os sinais e sintomas que serão desencadeados, dessa forma são

20
orientados sobre o tratamento medicamentoso e auxilio psicossocial, as famílias vão
recebendo as orientações conforme a evolução da doença, contudo para que a família
entenda esse longo processo em que seu familiar se encontra é necessário que a
mesma faça a terapia familiar para que consiga melhorar a relação entre ambos,
evitando recaídas e sobrecarga.

4.1 Psicopatologia e psicossomáticas

Compreende – se a psicopatologia a um termo que se refere ao estudo dos


estados mentais patológicos quanto as experiências a manifestações de
comportamentos que podem resultar em um estado mental ou psicológico anormal.
Esse termo é de procedência grega; psykhé e tem seu significado relacionado ao
espírito e na patologia, que são os estudos das doenças e sintomas. Isso seria
totalmente uma patologia de espírito (TEIXEIRA, 2011 apud CARVALHO F; 2011).
De acordo Giovanetti, (20022011 apud CARVALHO F; 2011), é possível
identificar três tipos de situações relacionado a problemas psicopatológicos, como por
exemplo, perda da unidade psicológica, perda do sentido da vida e transformação da
intimidade. Segundo Menezes (20052011 apud CARVALHO F; 2011), através das
formas em que acontece o sofrimento psíquico podem ser consideradas como
psicopatologias da atualidade, e tem o sentindo nas expressões dos modos de
subjetivação que são reconhecidos pela sociedade contemporânea, conforme os
autores abaixo citados:

Há um estilo de sociedade em pauta que gera condições e possibilidades


para produção de determinadas psicopatologias como típicas de sua época.
Isso não quer dizer, necessariamente, que são psicopatologias inéditas, mas
são novas formas de padecimento expressas por meio do pânico, da bulimia,
da anorexia, das disposições depressivas, das toxicomanias, das
psicossomatizações, dentre outras, que ganham espaço progressivo na cena
social atual (GIOVANETTI, 2002, p.32 apud CARVALHO F; 2011 apud
CARVALHO F; 2011). "... psicopatologia da pós-modernidade se caracteriza
por certas modalidades privilegiadas de funcionamento psicopatológico, nas
quais é sempre o fracasso do indivíduo em realizar a glorificação do eu e a
estetização da existência que está em pauta. Esta é justamente a questão da
atualidade. (...) quando se encontra deprimido e panicado, o sujeito não
consegue exercer o fascínio de estetização de sua existência, sendo
considerado, pois, um fracassado segundo os valores axiais dessa visão de
mundo." (BIRMAN, 2001, p.168-9 apud CARVALHO F; 2011).

21
De acordo com RIBEIRO M; (2000) a psicopatologia aborda uma serie de
conhecimentos que são referentes ao adoecimento mental do indivíduo, que se
esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante. O mesmo não inclui critérios
como valores e nem aceita dogmas ou verdades a priori, tendo em vista que a
psicopatologia rejeita o fato de orientar- se a partir de julgamentos morais. Porém,
através dela é possível identificar e compreender os diversos elementos da doença
mental.
Pra RIBEIRO M; (2000) a psicopatogia é dona de um domínio em que se
estende-se a “ A tudo que se possa apreender em relação a diferentes tipos de
conceitos de significados constantes e com a possibilidade de comunicação”, estamos
falando em uma ciência que é considerada autônoma, sem prolongamentos da
neurologia ou na psicologia.
Já o Psicossomático provém do grego, psyque: alma e somatikos: do corpo,
corporal. Segundo dicionário de filosofia (RUSS, 1994, p.237 apud PEREZ M; 2008)
1-Substantivo: medicina que estuda a alma e o corpo, o psiquismo e a física na sua
unidade indissolúvel e enquanto se condicionam uma ao outro. 2-Adjetivo: qualifica
os fenômenos em que a unidade do psiquismo e do corpo de manifestam. Diferente
da hipocondria que consiste numa fixação na ideia de doenças e da simulação,
quando de fato o paciente finge estar doente, o termo psicossomático se aplica apenas
para designar doenças que apresentam sintomas reais no corpo físico, mas cuja
origem está no psiquismo.
De acordo com Barbosa, Duarte e Santos (2012 apud DIAS P; et al., 2016), a
psicossomática busca um entendimento da relação mente-corpo e dos processos de
adoecimento sendo que o processo de somatização consiste na manifestação de
conflitos e angústias por meio de sintomas físicos, ou seja, para eles o termo
psicossomático é entendido como toda perturbação física resultante de um conteúdo
psicológico.
Os autores completam afirmando que toda doença humana é psicossomática
pois incide em um ser constituído de soma e psique, inseparáveis anatômica e
funcionalmente. Para Mello-Filho et. al. (2010 apud DIAS P; et al., 2016) a
psicossomática possibilita a compreensão do complexo jogo de causa e efeito
presente na evolução das enfermidades de modo muito mais rico e completo. Ainda
para eles, a psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e

22
sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo
tempo, uma prática de uma Medicina integral.
A compreensão da relação mente-corpo, até então, era baseada numa visão
dualista, tanto em relação ao princípio como em relação à função desses dois
aspectos. O funcionamento de ambos era considerado quase que independente um
do outro e a interação ocorreria numa via dupla de forma psicossomática ou somato-
psíquica. A compreensão da interação mente e corpo ganha novas perspectivas a
partir da Psicanálise, quando ambas as dimensões são pensadas de forma conjunta
e dinâmica, possibilitando a criação de um campo de saber denominado
Psicossomática (VALENTE e RODRIGUES, 2010 apud CRUZ M; 2011).
A psicossomática categoriza fenômenos psicossomáticos ou somatopsíquicos,
apontando para a gênese do transtorno ora no corpo, ora na psique e estabelece as
relações de causa e efeito entre as duas instâncias, ditas como dicotômicas. Essa
relação de causa e efeito, na prática, requer a atuação de dois profissionais: o médico,
cabendo o tratamento do somático e o psicólogo, respondendo pelo tratamento dos
efeitos psicológicos decorrentes da doença, como a depressão, a ansiedade, o medo
dos tratamentos, o medo da morte. Assim, a compreensão das enfermidades passa a
ser tomada em uma dualidade soma e psique (MATTAR et. al., 2016 apud DIAS P; et
al., 2016).

23
5 ARTETERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR EM
SAÚDE

Fonte: clinicadearteterapia.com.br

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS -


PNPIC, é uma política pública que se estabeleceu a partir de demandas sociais
recorrentes manifestadas nas diversas Conferências Nacionais de Saúde, e das
diretrizes da Organização Mundial Saúde - OMS. (BRASIL, 2006 apud AMADO D; et
al., 2020).
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS, como são
conhecidas no Brasil, fazem parte das práticas denominadas pela OMS de Medicinas
Tradicionais, Complementares e Integrativas - MTCI. As MTCI se referem a um amplo
conjunto de práticas de cuidado em saúde que podem variar de país a país e das
práticas instituídas no sistema convencional de saúde. As Medicinas Tradicionais, de
alguns países, são adotados por outros como Medicinas Complementares ou
Integrativas, como exemplo da Medicina Tradicional Chinesa ou o Ayurveda, que são
amplamente utilizadas fora de seus países de origem. (WHO, 2019 apud AMADO D;
et al., 2020).
Nesta perspectiva, a PNPIC é transversal em suas ações no SUS e está
presente em todos os níveis de atenção, em especial na Atenção Primária à Saúde
(APS), e com grande potencial de atuação nas Redes de Atenção à Saúde (RAS).
24
(BRASIL, 2006 apud AMADO D; et al., 2020). Dados do ano de 2018, mostram que
as PICS estiveram presentes em 16.007 serviços de saúde do SUS, sendo 14.508
(90%) da Atenção Primária à Saúde (APS), distribuídos em 4.159 municípios (74%) –
APS e média e alta complexidade – e em todas das capitais (100%).

Foram ofertados 989.704 atendimentos individuais, 81.518 atividades


coletivas com 665.853 participantes e 357.155 procedimentos em PICS. Já
parciais para o ano de 2019, as PICS estiveram presentes em 17.335
serviços de saúde do SUS, sendo 15.601 (90%) da Atenção Primária à Saúde
(APS), distribuídos em 4.296 municípios (77%) – APS e média e alta
complexidade – e em todas das capitais (100%).Foram ofertados 693.650
atendimentos individuais, 104.531 atividades coletivas com 942.970
participantes e 628.239 procedimentos em PICS. (Fonte: SISAB/DATASUS
para o ano de 2018 e parciais para o ano de 2019 apud AMADO D; et al.,
2020).

A Arteterapia é conceituada pelo Ministério da Saúde como uma atividade


milenar, como um procedimento terapêutico que funciona como um recurso que busca
interligar os universos interno e externo de um indivíduo, por meio da sua simbologia,
[...]uma arte livre, conectada a um processo terapêutico, transformando-se numa
técnica especial, não meramente artística, [...]uma forma de usar a arte como meio de
comunicação entre o profissional e um paciente, [...] um processo terapêutico
individual ou de grupo buscando uma produção artística a favor da saúde (BRASIL,
2006 apud GODOY J; et al., 2018).

A arteterapia é definida por Espindola e Dittrich (2015, p. 20 apud NÓBREGA


A; et al., 2014) como uma prática de terapia que tem como foco principal as
expressões artísticas, nas suas diversas linguagens (pictória, musical,
cênica, etc.) fundamentadas pelas várias áreas do conhecimento humano,
como a filosofia, a arte, a psicologia, a pedagogia, a medicina, entre outras.

Considerando a arte como uma forma de expressão da subjetividade, a mesma


pode ser adaptada a diferentes objetivos, inclusive na psicologia, abrangendo uma
diversidade de temas como gênero, sexualidade, transtornos mentais, traumas e/ou
conflitos emocionais, estejam os participantes em grupo ou de forma individual (REIS,
2014 apud NÓBREGA A; et al., 2014). Desta maneira, a arteterapia também permite
ser compreendida como uma área de conhecimento interdisciplinar, atuando em
diversos campos como a clínica, a escola, o social e o comunitário (REIS, 2014 apud
NÓBREGA A; et al., 2014).

25
Segundo Araújo et al (2012 apud NÓBREGA A; et al., 2014), a arte como forma
de cuidado, aliado ao processo de desinstitucionalização, aproxima o
desenvolvimento criativo do sujeito, promovendo a saúde deste e reforçando as
relações sociais da comunidade.

De acordo com Soares et al. (2009, p. 54 apud NÓBREGA A; et al., 2014), a


arteterapia é o uso da arte como instrumento terapêutico. Consiste na criação
de material sem preocupação estética, mas para expressar sentimentos,
desejos e temores, além de ser ótimo recurso para desenvolver a
espontaneidade e a criatividade.

O processo arteterapêutico será acompanhado e orientado por um (a)


arteterapeuta que fará a reflexão sobre a simbologia materializada na expressão
artística. Essa leitura reflexiva e crítica, dentro de uma maiêutica socrática ou de uma
hermenêutica fenomenológica, terá como ponto de partida a leitura pessoal e
individual do criador da expressão, para depois ser relacionada aos conteúdos
simbólicos coletivos encontrados nas diversas culturas. (ESPÍNDOLA, DITTRICH
2015, p. 21 apud NÓBREGA A; et al., 2014).

Infere ainda a referida entidade que, cabe aos arteterapeutas criarem,


conservarem, ativarem e ampliarem espaços de autonomia criativa, liberdade
de expressão, estimulando, assim, alternativas socialmente inovadoras e
contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades (UBAAT,
2017, p. 11 apud NÓBREGA A; et al., 2014). Afirmam Espindola e Dittrich
(2015) que: A prática arteterapêutica é um instrumento eficaz de educação
em saúde, pois desencadeia a reflexão crítica e a criatividade para o sentido
de viver no mundo – importante no processo de saúde integral,
materializando nas expressões artísticas sentimentos e emoções, os quais
compreendidos e “ressignificados” poderão resultar em maior qualidade de
vida e bem-estar a quem participa. (ESPINDOLA e DITTRICH, 2015, p. 21-
22 apud NÓBREGA A; et al., 2014).

As oficinas de arteterapia desenvolvidas nos CAPS podem ser consideradas


como um importante instrumento para conduzir e centralizar as reflexões e projeções
do sujeito em sofrimento mental à produção de algo útil para si e para a coletividade.
Com isso, através da arteterapia nos CAPS, pode ser possível a concretização da
inclusão social desses usuários, sendo esse um dos objetivos da Política Nacional de
Saúde Mental (FARIAS et. al, 2016 apud SANTOS L; et al., 2017).
A arteterpia nos CAPS vem a ser um dispositivo terapêutico apto a
proporcionar, além da saúde mental, um local de convivência, fortalecimento de
vínculos e integração de usuários com a sociedade e família (CAMARGO et. al, 2011
apud NÓBREGA A; et al., 2014). Portanto, a arteterapia, consiste em um instrumento

26
capaz de canalizar, positivamente, as variáveis do adoecimento psíquico em si, assim
como os conflitos individuais e com familiares (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS, 2010
apud NÓBREGA A; et al., 2014).
O Ministério da Saúde ao incluir a Arteterapia oficialmente nas Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde no SUS, possibilitou a inserção da mesma
nos programas de referência: Saúde da Família, Rede Cegonha, Saúde da Criança,
Saúde dos Adolescentes e Programa de Saúde Escolar (PSE), Saúde da Mulher,
Saúde do Homem, Saúde e Atenção Integral ao Idoso, Rede de Atenção Psicossocial,
Âmbito Hospitalar, Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalho, passando
assim a ter diretrizes para formação, implantação e pesquisa dentro da Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC. (UBAAT, 2017, p.5-10
apud NÓBREGA A; et al., 2014).

6 O SINTOMA COMO FORMA DE EXPRESSÃO

Na busca de elaborar uma definição sobre o sintoma, vê-se necessário


visualizá-lo em primeiro momento através da visão clássica da medicina, como um
indício de que algo está acontecendo a saúde do paciente. Sobre esta ótica teremos
o sintoma como a sinalização de um problema a saúde da pessoa, sendo que este
refere-se à percepção pessoal do indivíduo sobre o que está sentindo, desta forma,
descreve uma percepção subjetiva (MARCOS; OLIVEIRA JUNIOR, 2013 apud
BUENO A; et al., 2019).
Dentro da psicologia, o sintoma pode ser entendido como uma forma de
expressão de um conflito psíquico, como percepção subjetiva pode ocorrer variações
nas formas em que será apresentado (SILVA; RUDGE, 2017 apud BUENO A; et al.,
2019). É através dos sintomas que o sujeito consegue em muitas vezes se expressar,
desta forma o analista deverá manter sua atenção e criar um espaço de escuta onde
será permitido ao paciente a elaboração e entendimento sobre esta expressão
sintomática.
Como forma de expressão o sintoma, apesar do sofrimento causado ao
paciente, trata-se de um processo de defesa, onde sua estrutura psicológica busca
uma forma mais saudável de sustentação deste conflito. O terapeuta, neste sentido,
terá o sintoma como se fosse uma mensagem a ser decifrada, desta forma, a partir

27
do relato do seu paciente, buscará uma significação para o que se apresenta dentro
do setting (SILVA; LOPES; CANELLO, 2012 apud BUENO A; et al., 2019). Para o
entendimento desta expressão sintomática o analista tem em seu auxílio todo
conhecimento teórico adquirido durante a sua formação, assim como a sua base
teórica que lhe proporciona a utilização de diversas técnicas. A arteterapia, como um
dos instrumentos que o terapeuta tem em seu auxílio, permite o acesso aos materiais
inconscientes que causam sofrimento ao paciente, proporcionando uma diminuição
dos sintomas apresentados.

7 A ARTE COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA

Fonte: vlpo.cl.com

De acordo com Cedraz e Dimenstein (2004 apud PESSOA I; 2016), vários


autores são a favor da arte como estratégia terapêutica produtiva e defendem essa
ideia. Rocha (1997 apud PESSOA I; 2016), diz que a arte apresenta um cenário de
uma possível fonte de revigoração.
Para BARROS M; et al., (2016) arte e psicoterapia constituem conhecimentos
que se vinculam na medida em que abordam discursos e saberes sobre as pessoas
e a experiência de existência. Dada a autenticidade da arte como manifestação
libertadora, que é uma ação combinada entre conhecimento e sentimento, utilizando
sensibilidade, imaginação e técnica, as mesmas mostram a realidade social e cultural,
observada e sentida com sensibilidade.
Como descrito por BARROS M; et al., (2016) quando a arte é utilizada no
processo psicoterapêutico como ferramenta de intervenção para promoção da saúde
e qualidade de vida das pessoas em sofrimento psíquico, existe uma correlação que
decorre de vários elementos, um dos quais é a criatividade.
28
A criatividade manifesta nas produções artísticas traz características
simbólicas, as quais viabiliza meios de pesquisas apropriados à integração dos
aspectos qualitativo e valorativo presente na atuação humana (URRUTIGARAY,
2008). Um simples rabisco ou, mesmo, um ponto formado por um pingo de tinta, pode
ser a origem de todo um trabalho (URRUTIGARAY, 2008 apud MATOS M; et al.,
2008).
A Arteterapia é uma ferramenta utilizada em saúde mental com o fim de facilitar
a produção de imagens, a autonomia criativa, o desenvolvimento da comunicação, a
valorização da subjetividade, a liberdade de expressão e a função catártica
(VALLADARES, 2008 apud MATOS M; et al., 2008).
Arteterapia é um processo terapêutico decorrente da utilização de várias
modalidades expressivas artísticas, que expressam e representam níveis profundos e
inconscientes da psique, permitindo o confronto, no espaço interno, destas
informações, e posterior transformação e expansão da consciência (PHILIPPINI, 2005
apud MATOS M; et al., 2008).
Conforme Varella (1997 apud PESSOA I; 2016) a arte ainda pode ser uma
mediação com o meio onde se opera as grandes transformações de si e do mundo.
Já Assis (2004 apud PESSOA I; 2016) tem a visão de que a arte está instaurada como
forma de dar vazão à loucura, o mesmo acredita que a atividade artística pode retirar
o indivíduo do lugar de desconhecido ou desacreditado social que o louco
normalmente ocupa.
A arte, como ferramenta de transformação e modificação do mundo
(FRANCISQUETTI, 2004 apud FRANCISCO R; 2019), pode ser um dispositivo
interessante somado à cidade na produção de saúde, pois, aliada à cidade, a arte
mobiliza uma rede de múltiplos atores (a música, a literatura, o cinema, o desenho, a
pintura, a escrita) e amplia as nossas conexões com elementos inusitados, causando
estranhamentos, reflexões, problematizações e, por conseguinte, transformações
individuais e coletivas. Com uma possibilidade de adentrar em contextos históricos,
como também fazer parte deles, a arte é responsável pela construção cultural da
sociedade, pela crítica a determinados modelos sócio-políticos, pelo desenvolvimento
de outros modos de existência.

29
Por essa perspectiva, a arte vincula o sujeito à criação a si mesmo e do mundo.
Ela expressa a reinvenção e produz a novidade, isto é, a arte é em si mesmo clínica,
terapêutica. Saviani (2004 apud FRANCISCO R; 2019) atribui à arte um status de
criação inventiva, onde “toda a capacidade de ser é acionada no ato de criar”, de modo
que o poder criador transborda a própria criação, o homem, a natureza e afeta toda a
vida em sua dimensão multifacetada.

“Arte é linguagem; é um meio de expressão e comunicação” uma “techne”,


isto é, uma interface entre a capacidade de construir um objeto com
habilidade, astúcia, artimanha e artifício, como pensavam os gregos, e a
agressividade criadora e aventureira que media a vida e a morte das coisas,
o nascer o renascer, a metamorfose (FERNANDES, 2015). Frayze- Pereira
(2005 apud FRANCISCO R; 2019), a partir dos estudos de Pareyson, conclui
que a arte é um fazer inventivo, específico, na qual a ação do fazer (o
executar) é indissociável da invenção.

Rauter (1997, p. 109 apud PESSOA I; 2016), coloca que de acordo com as
mutações das clínicas no campo da subjetividade, a mesma deve-se aproximar- se
da arte, talvez deva mesmo tornar – se arte. Pode-se dizer que a arte tem sido usada
para fins terapêuticos há séculos. Na literatura, há relatos sobre o trabalho
desenvolvido pelo psiquiatra alemão Johann Christian Reil sobre a interação entre
arte e saúde.
Segundo Sei (2010 apud PESSOA I; 2016), Reil foi contemporâneo de Pinel,
que no início do século XIX criou um protocolo terapêutico com o objetivo de uma cura
psiquiátrica. Este protocolo consistiu em três fases que procuraram estimular o
interesse de um indivíduo pelo mundo exterior e criar uma ligação mais forte entre ele
e o ambiente que o rodeia.
Florance Cane é uma importante educadora da educação artística (1983 apud
PESSOA I; 2016), a mesma tem uma visão de que o arteterapeuta norteia a crença
de que todo o indivíduo enquanto ser humano nasce com o poder criativo. E a sua
maior estratégia de ensino em relação a Arte era instaurada nas seguintes funções:
movimento, sentimento e pensamento e o processo de cura era por meio da catarse
do desenvolvimento artístico que é acompanhado de um profissional que reconheça
os sentidos do que é expressado e que ajude o indivíduo a se reconhecer (CANE,
1983 apud SEI, 2010 apud PESSOA I; 2016).

30
É por meio das oficinas terapêuticas que o indivíduo com transtorno mental
vive, expressa o que existe no seu íntimo, expõe suas mazelas cotidianas, como o
próprio estigma relacionado à doença mental, na qual a sociedade acaba por
minimizá-lo. Por isso, o espaço da oficina é onde os usuários narram suas histórias,
suas vidas, interagindo entre eles (MACIEL; LIMA, 2012 apud FERREIRA G; 2013).
Nesse sentido, percebe-se que as atividades artísticas elucidam o processo
construtivo e a produção do novo, por meio da criação, exposição de acontecimentos,
experiências, ações, elementos, reinventando o ser humano e o mundo. Assim, as
oficinas passam a ser entendidas como um instrumento de enriquecimento e
desenvolvimento dos indivíduos em sofrimento psíquico, pois instigam a expressão, a
descoberta e ampliam as possibilidades singulares e de acesso aos benefícios
culturais (MENDONÇA, 2005 apud FERREIRA G; 2013).
Por conseguinte, Meneses et al. (2010 apud FERREIRA G; 2013) enfatiza que
as oficinas terapêuticas não visam à produção de obras de arte, não desejam formar
artistas, também não procuram ocupar o tempo dos participantes. Estas atividades
pretendem explorar os potenciais de criação, inspiração e expressão dos indivíduos
com transtornos mentais, cada oficina é exclusiva e transforma modelos culturais em
atividades singulares.
As Oficinas Terapêuticas de Arteterapia utilizam como tratamento, variadas
formas de expressão, como pintura, música, modelagem, fantoches, contos e os
adornos se fazem presentes como instrumentos terapêuticos. Esta prática cultiva o
resgate dos sentimentos, emoções e sensações através das práticas de expressão,
em busca de um ressignificado para aquilo que estava escondido no indivíduo por
muito tempo (PUFFAL; WOSIACK; BECKER, 2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014).
A arteterapia é uma prática terapêutica que trabalha com a transdisciplinaridade
de vários saberes, como a educação, a saúde e a arte, buscando resgatar a dimensão
integral do homem, neste processo de autoconhecimento e transformação pessoal.
Através da arteterapia, o indivíduo pode buscar autonomia criativa, o desenvolvimento
da comunicação, a valorização da subjetividade, a liberdade de expressão, o
reconciliar de problemas emocionais, dentre outros aspectos positivos (PHILLIPPINI,
2004; VALADARES; CARVALHO, 2005 apud AZEVEDO E; et al., 2014).

31
É sabido que o desenvolvimento de oficinas focadas na arteterapia vem a cada
dia ganhando espaço considerável no setor saúde, principalmente, se tratando do
campo da saúde mental, levando em consideração a necessidade de minimizar os
efeitos negativos produzidos pela doença mental (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS,
2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014).
Por fim, o que se pretende, por meio do espaço das oficinas terapêuticas, é a
livre circulação de expressões, de afetos, de criações artísticas. Ao mesmo tempo, é
importante que estas atividades ocorram nos diferentes territórios, objetivando a
transformação da visão da sociedade relacionada a pessoas com transtornos mentais
e à promoção da desinstitucionalização. Portanto, ao consentir experimentações nos
campos da arte e da cidadania, abrem-se possibilidades para a expansão de
sensações e emoção por outros universos, bem como a produção e expressão de
novas subjetividades. (PÁDUA; MORAIS, 2010 apud FERREIRA G; 2013).

7.1 A influência da arte como terapia: Métodos e práticas

São inúmeras as possibilidades que o ser humano tem diante si para exercitar
sua expressão criativa. A mente tem sido privilegiada ao longo do tempo, mas todos
sabemos que podemos trabalhar com as mãos, com o corpo, com a voz. São
atividades equilibradoras, especialmente para os indivíduos que se encontram
imersos em uma sociedade tão mental e, ao mesmo tempo, tão superficial. [...] é muito
importante destacar que a Arteterapia não é a simples utilização de técnicas
expressivas no ambiente terapêutico; ela é um processo do qual as imagens são o
guia e em que as técnicas são facilitadoras do surgimento dos símbolos pessoais.
(CHRISTO e Silva, 2006, p.12 apud MASCHIO A; 2012).

32
Fonte: idtech.org.br

A Arteterapia pode ser compreendida enquanto qualquer tratamento


psicoterapêutico que utilize como mediação a expressão artística (dança, teatro,
música, contação de histórias, etc.) ou as representações plásticas (pintura, desenho,
gravura, modelagem, máscaras, marionetes, entre outras). A expressão artística
caracteriza-se pela objetivação da representação visual do domínio figurativo a partir
da transformação da matéria. Assim, por meio da interação das histórias contadas,
existirão diferentes códigos de significação nos quais as produções individuais podem
encontrar seu sentido. Por isso a abordagem artística supõe uma atitude estética e
levanta hipóteses sobre a função da existência, isto é, sobre a comunicação simbólica
na vida humana (BARBOSA; SANTOS; LEITÃO, 2007 apud GOMES E; et al., 2014).
Nesse sentido, essa ação artística desenvolve um mecanismo de comunicação
e de muita aproximação, capaz de, durante a sua execução, abrir para o paciente o
espaço necessário para verbalizar seus sentimentos, anseios, medos e frustrações,
talvez nunca antes relatados à equipe de saúde. Essa experiência divertida, mágica e
encantadora pode estabelecer uma comunicação diferenciada com o paciente, já que,
em muitas situações, a argumentação lógica, racional e técnica pode não ser a melhor

33
forma de comunicação durante a estadia do paciente no hospital (LIMA et al., 2009
apud GOMES E; et al., 2014).

A arte é um instrumento que impulsiona o homem a experimentar e definir


seus pensamentos, sentimentos e condutas, os quais em momentos
transitórios de inspiração, transpassam os limites da expressão verbal
consciente precisando de um meio de expressão menos cognitivo, mais
vivencial, ou seja, mais primário. O artista, como um técnico de seus meios
de expressão, torna estético o produto de seus pensamentos e sentimentos.
Essa experiência transcendental, seja na forma de explosão de atividade
criativa ou na forma de perspectiva de beleza, é sentida como uma intensa
experiência emocional, cujo efeito muda o mundo da pessoa que a
experimenta. Nesse sentido, dessa expressão emocional, a arte foi estudada
e investigada como uma modalidade terapêutica, utilizando os conceitos de
comunicação e criatividade (Panhofer, 2005, p. s/n apud OLIVARES A; et al,
2017).

Ainda, neste sentido, vale compreender, enquanto terapia, um mecanismo


auxiliar no tratamento de doenças e dependências. Assim, “Define-se tratamento
como o conjunto de meios (terapias) empregados visando a debelar uma doença ou
proporcionar ao doente cuidados paliativos”. (REZENDE, 2010, p. 14 apud VICIOLI A;
et al., 2016)
Segundo Fortunato (2005, p.17 apud MASCHIO A; 2012) o uso da arte como
terapia ajuda a reconciliar conflitos emocionais, além de auxiliar na auto percepção e
no desenvolvimento do indivíduo. De forma que os recursos mais utilizados acerca
são Artes Plásticas: Pintura, Desenho, Modelagem; Artes corporais: Dança e Teatro;
Música: com instrumentos musicais, voz/ canto ou audição musical, entre outros. Em
consonância, Fabietti (2004, p.17 apud MASCHIO A; 2012) aborda que a Arte é um
processo de reconstrução da vida, seja através do desenho, da pintura, da escultura
e de tantos outros.
Christo e Silva (2006, p.14 apud MASCHIO A; 2012) abordam que a arteterapia
pode e deve usar uma variada gama de ferramentas artísticas, como papéis, tintas,
lápis de cor, tesoura, tecidos, fios, madeira, plásticos, argila, massa, entre outros.
Também pode utilizar técnicas como desenhos, pinturas, colagem e modelagem etc.
A autora ressalta a importância de o profissional desta área ter uma vivência
diversificada em sua expressão plástica, mesmo que seja para o seu próprio processo.
Visto que para se aplicar determinada técnica, deve considerar que o suporte possa
propiciar a concretização de símbolos, os quais surgiram em sonhos, na imaginação
ativa do indivíduo ou a partir de contos ou mitos.

34
Evidencia-se que determinadas técnicas de atividades artísticas têm a
possibilidade de influenciar o indivíduo de formas diferentes. Christo e Silva
(2006, p.17 apud MASCHIO A; 2012) especificam que cada uma dessas
atividades tem sua própria característica de benefício. Sendo assim, os
autores apresentam em seu livro exemplos de atividades artísticas, as quais
podem ser aplicadas em ateliês terapêuticos, destacando as técnicas de
desenho, pintura e colagem.

Por fim, analisando as informações sobre a arteterapia, é evidente apontar que


a abordagem é de suma importância para toda sociedade, influenciando o contexto
da vida de todo indivíduo, podendo, assim, acrescentar mais expressividade às
pessoas com transtornos mentais e consequentemente um maior equilíbrio
emocional, explorando sua autoestima e valores diante da sociedade. Portanto, pode
ser considerada lúdica, versátil, promotora da criatividade e do desenvolvimento da
personalidade, além de integradora e extremamente reveladora (PITTON, 2005, p.04
apud MASCHIO A; 2012).
De acordo com Philippini (2004 apud VICIOLI A; et al., 2016) a arteterapia
consiste em um dispositivo terapêutico que reúne conhecimentos de diversas áreas,
constituindo como uma prática trans disciplinar, propondo resgatar o homem em sua
totalidade por meio de métodos de autoconhecimento e transformação.

7.2 A dança como aspecto terapêutico no tratamento da depressão

Depressão, dor e angústia referem-se a estados mentais que parecem tão


familiares a ponto de muitas pessoas questionarem se seria legítimo dizer que
compõem quadros psicopatológicos. Pois a depressão, assim como a dor e angústia,
denota o estado afetivo particular, que priva o sujeito justamente das qualidades e
figuras singulares que o animam” (DELOUYA, 2008, p.46 apud PEREIRA M; 2009). A
depressão, considerada uma condição exclusivamente humana, é um transtorno do
humor, clinicamente caracterizado por sintomas básicos que comprometem, rebaixam
o humor vital do indivíduo, prejudicando – lhes as funções afetivas, cognitivas e
intelectuais.
Os distúrbios depressivos são contemporaneamente percebidos como
decorrentes dos sofrimentos humanos e das desordens psíquicas, sendo capazes de
afetar qualquer idade, gênero, classe cultural e social. O número de pessoas com
melancolia5 ou depressão vem crescendo nos últimos anos: segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), somente no Brasil, em 2015, havia 11.548.577 casos, o
35
quarto país no mundo em número de doentes (OMS, 2017, p. 18 apud SANTOS F; et
al., 2020)

Analisar as depressões como uma das expressões do sintoma social


contemporâneo significa supor que os depressivos constituam, em seu
silêncio e em seu recolhimento, um grupo tão ruidoso quanto foram as
histéricas no século XIX. A depressão é a expressão de mal-estar que faz
água e ameaça afundar a nau dos bem-adaptados ao século da velocidade,
da euforia prêt-àporter, da saúde, do exibicionismo e, como já se tornou
chavão, do consumo generalizado (KEHL, 2009, p. 22 apud SANTOS F; et
al., 2020).

A arte ao longo dos anos trouxe uma série de contribuições para a sociedade,
e na atualidade, mostrou a sua capacidade de reconstruir a concepção social,
direcionada a imagem do indivíduo em sofrimento mental (AMARANTE, 2012 apud
CAETANO I; 2019).
Em um dos ramos da arte educação se encontra a dança. A expressão do corpo
foi a primeira forma de arte. Reconhecida como uma arte de execução, a dança é
caracterizada pela habilidade de se utilizar o movimento de forma simbólica, gerando,
assim, significados, e desenvolvendo a capacidade intelectual do homem (FREIRE,
2001 apud VASCONCELOS C; et al., 2019).
O corpo não é algo que esta dissociado da mente, trata-se de uma unidade que
está estruturada e organizada de forma singular, constituindo assim uma forma
integral, não sendo possível uma separação de corpo e alma (FERNANDES, 2015
apud CAETANO I; 2019). Através da terapia, as artes deram voz, ao que dela
participou como expressão e comunicação, num processo de interação social,
emocional e cognitiva (GOODILL, 2010 apud CAETANO I; 2019).

Fonte: portalsplishsplash.com
36
A dança enquanto arte tem o potencial de trabalhar a capacidade de criação,
imaginação, sensação e percepção, integrando o conhecimento corporal ao intelectual
(MARQUES, 2010 apud CAETANO I; 2019). Sendo o movimento, algo presente em
todas as nossas atividades, à medida que se conhece os conteúdos corporais que
compõe esses movimentos (força, estrutura e dinâmicas: leve, pesado, forte, suave,
rápido, lento, grande, pequeno e outros) pode-se redimensionar atitudes, reconhecer
necessidades, explorar novas percepções e transformar a qualidade da própria vida,
fornecendo novos níveis de sensibilidade e consciência para o cotidiano.
A dança surge então como manifestação artística, na qual o homem apropria-
se neste contexto como terapia, através da forma com que as pessoas dançam, na
utilização da coordenação motora, do espaço, sua forma de caminhar e tensões
musculares, é capaz de comunicar conflitos internos (WOLBERG, 1988 apud
CAETANO I; 2019). Esta constitui-se num tipo de prática que é desenvolvida em
clínicas, hospitais, centros de correção ou escolas, e utilizada em grupos ou em
sessões terapêuticas individuais (LIMA; NETO 2011 apud CAETANO I; 2019).
Os benefícios da prática de atividades físicas para a saúde são amplamente
conhecidos, com dados gerais de pesquisas que indicam efeitos físicos como redução
da pressão sanguínea, elevação da capacidade cardiovascular, perda de peso e
prevenção de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose
etc. (MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019).
A relação entre exercícios físicos e bem-estar psicológico também tem sido
assumida em muitas pesquisas, que apontam sua prática regular como um fator
preventivo em saúde psicológica e também com potenciais terapêuticos sobre estados
de humor, autoestima e sintomas de ansiedade e depressão (ROT et al., 2009;
MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019).

Danças de improvisação, com frequência, mostram gestos e movimentos de


partes especiais do corpo. Características como as hesitações ou a forma
agressiva nos movimentos e sequências de expressões corporais têm um
significado para o dançarino. Neste contexto, a dança pode ocasionar, não
somente uma forma segura de soltar a emoção, mas também, traz à tona
atitudes e conflitos pessoais (WOLBERG, 1988; FUX, 1983 apud CAETANO
I; 2019).

Uma teórica de bastante relevância para a pesquisa em dança como terapia e


a pioneira na relação entre dança e terapia é Maria Fux (1988 apud CAETANO I;
2019). Ela desenvolveu um método intitulado como dançaterapia, no qual ela afirma

37
que o corpo tem um potencial adormecido, que se transforma a partir do momento em
que ele se move, expressando numa linguagem não verbal, que vai produzindo
ostensivamente mudanças positivas, não apenas corporais, mas também psíquicas
(FUX, 1988, p10 apud CAETANO I; 2019).
Alpert (2011 apud FREITAS F; 2019) destaca que dançar eleva o fluxo
sanguíneo no cérebro, proporciona um meio para expressão emocional e a elevação
do humor. A autora ressalta que o aspecto de socialização da dança diminui o
estresse, a solidão e a depressão, havendo também a possibilidade de a redução do
estresse estar relacionada com o fato de a atenção do dançarino estar concentrada
no momento da dança.
A pesquisadora acredita que a dança é um instrumento terapêutico e
educacional, bem como um meio de comunicação para pessoas que buscam a
conexão entre corpo e mente. A dança segundo Fux (1988 apud CAETANO I; 2019)
é para todos.
A dança terapia é um tipo de prática que apresenta estímulos, que vão de
encontro a áreas esquecidas pelo corpo, trazendo a possibilidade de
autoconhecimento corporal, fazendo com que os praticantes adquiram uma
consciência de seus limites sendo capazes de ultrapassa-los. Bem como esta prática
permite com que aspectos como a capacidade cognitiva, sejam trabalhadas e
desenvolvidas uma vez que a dança trabalha a memória (CALIL et al, 2007 apud
CAETANO I; 2019).
Ela amplia os cuidados corporais, favorece crescimento pessoal, lida com
comunicações incomuns e facilita a integração de experiências de vida, estimulando
o organismo ou energizando-o de maneira especial [...]. Muitas vezes, ela ativa e
intensifica a vivência de situações e, a partir de um acompanhamento atento e
cuidadoso, potencializa a resolução de conflitos (CASTRO, 2004, p. 274 apud
FREITAS F; 2019).
Para Gregorutti e Araújo (2012 apud CAETANO I; 2019) a dança é um tipo de
atividade artística com possibilidade terapêutica, que pode ser trabalhada inclusive
em institutos geriátricos, pois a dança oferece uma sensação de alívio nos sintomas
depressivos. Porém para que seja possível uma compressão da dança como aspecto
terapêutico é necessário antes entender a convivência do indivíduo tanto consigo

38
mesmo como em sociedade e como este corpo se porta diante desses vínculos
(SANTOS, 2014 apud CAETANO I; 2019), segundo esse autor:

“Para a obtenção de resultados terapêuticos significativos, deve ser


considerado, durante o planejamento das oficinas, práticas contextualizadas
em uma amplitude de conhecimentos para além da questão técnica da dança.
Questões envolvendo o corpo e a expressão, através dele, de subjetividades,
são de fundamental importância à construção de uma modalidade terapêutica
dentro do modelo de atenção biopsicossocial” ( p. 25-26 apud CAETANO I;
2019).

A partir do momento em que o corpo começa a se expressar num espaço, ele


transpassa movimentações que são próprias de seu mundo interior, como se o
indivíduo fosse um protótipo de um universo. A partir das experiências individuais,
daquilo que se vive, sente o corpo decompõe em ritmos internos que se transforma
em palavras expressas pelo corpo através do espaço, isto é, expressar seus medos,
momentos de dor e de alegria (FUX, 1988 apud CAETANO I; 2019).
Para Fux (1988 apud CAETANO I; 2019), o homem em movimento reconhece
em si uma forma de expressão que se reverbera pelo corpo, fator que seria um
auxiliador na psiquiatria, uma vez que o corpo expressado em movimentos está
diretamente ligado em seus canais de comunicação, e este canal não é capaz de
mentir.
Contudo, a dança traz benefícios comprovados quanto à redução dos sintomas
de depressão e ansiedade, como atividade artística. Silva (2015 apud Silva m; et al.,
2019), aponta a dança como uma atividade física que provoca melhor expressividade
e autopercepção das emoções e também melhora do bem-estar físico e social.
De acordo com Assumpção et al. (2016 apud Silva m; et al., 2019), a
dançaterapia tem efeitos positivos no humor e na redução dos agravos mentais da
população adolescente. Além das melhoras fisiológicas relacionadas às questões de
capacidade aeróbica e flexibilidade, melhora a capacidade de comunicação do corpo,
estabelece conexão dos sentimentos, ajudando a compreender melhor o mundo e as
relações pessoais.

7.3 Arteterapia e reabilitação

A Arteterapia, por ser uma ferramenta no cuidar em saúde, representa um


processo terapêutico verbal e não verbal, por meio das artes plásticas, que acolhe o

39
ser humano com toda sua diversidade, dinamicidade, complexidade e o auxilia a
encontrar novos “sentidos” para sua vida, objetivando a reinserção e inclusão social
(VALLADARES, 2008 apud TORRES A; 2018).
A Arteterapia também procura respeitar os diversos aspectos dos usuários na
saúde mental, como os culturais, sociais, afetivos, cognitivos e motores. Presume-se,
então, que a análise dos conteúdos das produções simbólicas — cores, profundidade,
criatividade — apresentam o registro dos momentos de suas vidas
(VALLADARESTORRES, 2015 apud TORRES A; 2018).
Valladares-Torres (2016 apud TORRES A; 2018) acredita que, na Arteterapia,
os conteúdos do inconsciente são registrados pelas imagens, cores, movimentos,
formas, ocupação no suporte e padrões expressivos gerais, elementos que compõem
o processo de transformação do indivíduo e obtêm consistência a partir da criação
plástica. Assim, as imagens produzidas pelos usuários ajudam na compreensão da
sua trajetória psíquica.
A Arteterapia na reabilitação, denominada de Arte-Reabilitação tem como
principal objetivo trabalhar os aspectos emocionais, cognitivos, motores e perceptivos
do paciente. Francisquetti (2005 apud FABIETTI D; et al., 2016), relata que através do
fazer artístico é possível estimular o paciente na memória, planejamento, expressão,
autoestima e por vezes descobrir as suas potencialidades.
O do papel de arteterapeuta no centro de reabilitação é de estimular o paciente
a criar, sem certo ou errado, estaremos estimulando a tomada de consciência da
importância do processo, os sentimentos que o material desperta. Marzano (1996
apud Francisquetti, 2005 apud FABIETTI D; et al., 2016) relata que a percepção do e
pelos próprios pacientes é parte integral na abordagem fenomenológica da
arteterapia.
Eleger a arte- reabilitação psicossocial como paradigma deflagrador dessa
nova forma de cuidados em saúde mental é defender atividades e ações que
privilegiem as aspirações, os anseios e as preferências de usuários, respeitando-os
em sua subjetividade (AZEVEDO & MIRANDA, 2011 apud TORRES A; 2018). Além
disso, valoriza a coparticipação e a corresponsabilidade, o que supõe que os usuários
sejam atores e desempenhem um papel ativo no seu processo de reabilitação. Dessa
forma, destaca-se o acolhimento dos usuários e o projeto terapêutico individual,

40
construído e idealizado conforme as necessidades de saúde/doença e a realidade
social encontrada, além do atendimento individual e de grupo.
Ainda que haja indefinição por parte dos profissionais da área quanto às formas
de compreensão da relação entre arte e terapia, o seu valor na reabilitação reside na
possibilidade de o usuário trabalhar e descobrir suas potencialidades para conquistar
espaços sociais (TAVARES, 2003 apud TORRES A; 2018).
Ademais, o desenvolvimento de oficinas terapêuticas possibilita a projeção de
conflitos internos/externos por meio de atividades artísticas, com a valorização do
potencial criativo, imaginativo e expressivo do usuário, além de fortalecer a autoestima
e a autoconfiança, a miscigenação de saberes e a expressão da subjetividade
(MARTINS et al., 2010 apud TORRES A; 2018).

41
8 BIBLIOGRAFIA

ANSCHAU ROMAN, Joana. Arte e saúde: uma interface a serviço da


integralidade. Ufsc, [S. l.], p. 1 - 110, 2013.

ADRIANE BARBOSA PEREIRA, Ellen. Reforma psiquiátrica no brasil e a


contribuição esquecida de nise da silveira. Unb, [S. l.], p. 1 - 17, 2017.

ANDRADE ESPINDOLA, Amanda et al. Assistência de enfermagem à saúde


mental-uma revisão da literatura. Atenas, [S. l.], p. 1 - 21, 2018.

BASTOS FERREIRA, Gabriella. Arte e saúde mental: oficinas terapêuticas como


espaço de expressão das subjetividades. Ufpel, [S. l.], p. 1-118, 2013.

BRAGA DE AZEVEDO, Elisângela et al. Arteterapia como promotora da qualidade


de vida e inclusão social de profissionais e usuários. Revista da Universidade
Vale do Rio Verde, Três Corações, [S. l.], p. 1-10, 2014.

BARBOSA MACÊDO, Davi et al. O movimento de reforma psiquiátrica no brasil:


delineamentos sobre sua história e o cuidado que propõe para o campo da
saúde mental. Editorarealize, [S. l.], p. 1-11, 2020.

BEATRIZ GODOY, Jeane B et al. A arteterapia - uma política pública nas práticas
integrativas complementares em saúde. UNIVALI, [S. l.], p. 1-13, 2018.

BEATRIZ FRAZÃO CAETANO, INGRID. A adesão de pacientes com sintomas


depressivos à prática da dança como recurso terapêutico: um diálogo entre a
arte e a saúde mental. Repositorioinstitucional, [S. l.], p. 1-66, 2019.

BONFIM FREITAS, FRANCISLANE. Benefícios psicológicos da prática de dança


em pessoas com diagnósticos de ansiedade e depressão: uma revisão
bibliográfica. Ufma, [S. l.], p. 1 - 82, 2019.

CARDOSO SOUZA, Ândrea. A inclusão das ações de saúde mental na Atenção


Básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental. Ensp, [S. l.], p. 1-
12, 2014.

42
CLÁUDIA AFONSO VALLADARES-TORRES, Ana. A Arteterapia como dispositivo
terapêutico no acolhimento integral das toxicomanias. Researchgate, [S. l.], p. 1
- 18, 2018.

CATARINA DA SILVA NÓBREGA, Ana et al. A influência da arteterapia nas


práticas comunitárias de saúde. Editorarealize, [S. l.], p. 1-9, 2014.

CRISTINA DA SILVA, ANGELA et al. Os fundamentos freudianos e as aplicações


da psicanálise: condições, possibilidades e implicações. Ufpr, [S. l.], p. 1-120,
2012.

COELHO ARÊAS, DENISE. Arteterapia como um caminho para inclusão


psicossocial de pessoas com transtorno mental. avm, [S. l.], p. 1-51, 2011.

CRUZ TERRA, CLARICE. Arteterapia e loucura: um caminho para a inclusão de


adolescentes psicóticos. Arteterapia, [S. l.], p. 1 - 72, 2008.

DOS SANTOS BEZERRA DIAS, Priscila et al. A doença psicossomática e o uso da


terapia cognitivo comportamental como intervenção. Revista Científica
Faculdades do Saber, [S. l.], p. 1-13, 2016.

DO SOCORRO DE MELO PEREIRA, MARIA. Arteterapia na depressão: o resgate


do equilíbrio emocional. Avm, [S. l.], p. 1-95, 2009.

DE SOUZA FERNANDES, Alexsandra. Saúde mental e políticas públicas: um


estudo com mulheres rurais no município de MAIRI – BA. Ufrb, [S. l.], p. 1 - 108,
2017.

DE OLIVEIRA GOMES, Emerson et al. A Arte de Contar Histórias: uma estratégia


para humanização na saúde. Revista Interfaces da Saúde, [S. l.], p. 1 - 9, 2014.

ESMERALDA LÓPEZ OLIVARES, Aide et al. Arte e saúde: performance como


intervenção terapêutica. Bvsalud, [S. l.], p. 1 - 15, 2017.

FERNANDA BARROS, Mayra et al. A arte como estratégia de a arte como


estratégia de a arte como estratégia de a arte como estratégia de intervenção
psicoterapêutica. Psicodebate, [S. l.], p. 1 - 4, 2016.

GIAGIO, Denise. Arteterapia: revolução na psiquiatria. Avm, [S. l.], p. 1-33, 22 out.
2021.
43
LAÍSA CORRÊA SOARES, MARIA. A vivência da arteterapia no tratamento de
pacientes com transtornos mentais em um centro de atenção psicossocial da
região metropolitana do recife. Fps, [S. l.], p. 1 - 63, 2017.

LASTÓRIA BONATTI, Graziela et al. Arteterapia na unidade básica de saúde: uma


possibilidade de trabalho com usuários de álcool e outras drogas. Uem, [S. l.], p.
1-5, 2014.

LOPES DE FARIA, Elisângela et al. Uma análise das políticas públicas em saúde
mental:um olhar sobre os avanços e desafios. Fapam, [S. l.], p. 1 - 10, 2012.

LUIZ DE CARVALHO, FERNANDO. Síndrome do pânico uma psicopatologia


contemporânea. Saude, [S. l.], p. 1 - 34, 2011.

MARIA DA COSTA FLORIM FABIETTI, Deolinda et al. revista de arteterapia da


aatesp vi fórum paulista de arteterapia: a criatividade em atelier
terapêutico. Aatesp, [S. l.], p. 1-50, 2016.

MARTINS SANTOS, Fabíola et al. O lazer e a arteterapia como coadjuvantes no


tratamento da depressão em BELÉM-PA. Bvsalud, [S. l.], p. 1-38, 17 fev. 2020.

MASCHIO, ADRIANA. FACULDADE de arquitetura, artes e comunicação: o


benefício da arte na terceira idade. Unesp, [S. l.], p. 1 - 77, 2012.

MARTINES, Ricardo Luiz de Paula et al. Reforma psiquiatrica: um processo de


institucionalização. Revista, [S. l.], p. 1-6, 2007.

MARTINS BARROSO, Sabrina. Reforma Psiquiátrica Brasileira: o caminho da


desinstitucionalização pelo olhar da historiografia. Uff, [S. l.], p. 1-13, 2011.

MIRIAN DA ROCHA, Franciele. Reciclando vidas: a arteterapia como instrumento


desvelador do potencial humano de um grupo de catadores. Unicruz, [S. l.], p. 1-
109, 2016.

MIELE AMADO, Daniel et al. Práticas integrativas e complementares em


saúde. APS em Revista, [S. l.], p. 1-13, 2020.

NONATO DA SILVA SANTOS, Leandro et al. Saúde mental: a influência da


arteterapia como intervenção terapêutica nos CAPS: enfermagem
assistencial. Congrefip, [S. l.], p. 1-3, 2017.
44
PARASKEVI ANASTASIOU, Helene et al. Artigo: arteterapia: considerações ao
processo. Core, [S. l.], p. 1-18, 2018.

PEDROSA BARBOSA, Adriana. A saúde mental no brasil e os seus desafios na


atualidade. Semanaacademic, [S. l.], p. 1-21, 2019.

PINTO BUENO, Alexandre et al. A arteterapia no atendimento psicológico:


revisão sistemática. Série: Ciências da Saúde, [S. l.], p. 1-18, 2019.

RAYANNE SUIM FRANCISCO, Me. A arte e a cidade como dispositivos de


intervenção e fortalecimento das redes intersetoriais. Multivix, [S. l.], p. 1-10,
2019.

ROBERTA OLIVA PEREZ, MARIA. Arteterapia e lúpus: o sol ausente na doença


psicossomática. Arteterapia, [S. l.], p. 1 -104, 2008.

RODRIGUES DA SILVA, Marília et al. A dançaterapia como recurso terapêutico


em adolescentes com depressão. Doity, [S. l.], p. 1 - 7, 2019.

RIBEIRO, MARCELO. PSICOPATOLOGIA. Uniad, [S. l.], p. 1 - 135, 2000.

SILVA ALMEIDA GONÇALVES, Eliane et al. Psicologia e saúde mental brasileira:


um breve estudo da reforma psiquiátrica e seus desafios. Multivix, [S. l.], p. 1-15,
2018.

SOARES DE VASCONCELOS, Cleverson et al. As contribuições do ensino da


dança criativa para educando com sintomas depressivos. Institutoidv, [S. l.], p. 1-
17, 2019.

SOTERO DE BARROS PINANGÉ , DANIELLA. Arteterapia “entre mulheres”: por


outras possibilidades de expressão e elaboração de sofrimento (s). Ufpe, [S. l.],
p. 1 - 103, 2018.

SILVA QUEIROZ, TARCIANA. A arteterapia no tratamento de pacientes com


sofrimentos psiquicos: vivências dos usuários. Famamportal, [S. l.], p. 1 - 49,
2016.

VALENTE MATOS, Mariana et al. A arteterapia com dependentes de drogas:


análise compreensiva das pinturas projetadas. Sbpcnet, [S. l.], p. 1-9, 2008.

45
VITA PESSOA, INDIRA. A música como estratégia para o empoderamento de
usuários de serviços de saúde mental. Ufba, [S. l.], p. 1-108, 2016.

VICTOR EMMANUEL-TAURO, David et al. As atuais políticas de saúde mental no


Brasil: reflexões à luz da obra de Cornelius Castoriadis. Bvsalud, [S. l.], p. 1 - 23,
2018.

ZUANAZZI CRUZ, Marina. Corpo, mente e emoções: referenciais teóricos da


psicossomática. Unesp, [S. l.], p. 1 - 21, 2011.

46

You might also like