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CURRÍCULO AO LOGO DO TEMPO

Figueiró (1998) explica que nas décadas de 20 e 30 educadores e médicos


iniciam as primeiras iniciativas de Educação Sexual no Brasil. Silva (2020) afirma que a
partir da década de 20 começaram a surgir preocupações em ensinar nas escolas a
fisiologia sexual com o objetivo de modernizar o país visto o que acontecia em países
europeus. Figueiró (1998) ainda relata que que esses profissionais eram motivados pela
melhoria da saúde das mulheres e o aumento do conhecimento, porém sem a intenção
de alterar seu posicionamento no cunho moralista e sexual, buscavam evitar as
“perversões morais, psicoses sexuais e buscavam assegurar a reprodução saudável da
espécie”. (BRUSCHINI; BARROSO, 1986 apud FIGUEIRÓ, 1998, p. 124). Ribeiro
(2013) relata que por outro lado existiam a motivação feminina liderada pela feminista
Bertha Lutz, e tinha o objetivo de proteção e prevenção à infância e a maternidade.
Segundo Figueiró (1998), em 1930 no Colégio Batista, localizado no Rio de
Janeiro, houve a primeira tentativa de incluir a educação social no currículo, porém a
experiência não resultou positivamente, ocasionando a demissão do professor que
encabeçava o projeto. Isso acontece devido a imensa interferência da igreja católica.
Rosemberg (1985) explica que a igreja era portadora de uma posição de destaque na
tomada de decisões a respeito da educação nacional, e por isso tinha o poder de
impedimento de alguns novos projetos, como ocorrido com a educação social, a igreja
vetava informações a respeito do tema, e também as manifestações sexuais entre os
estudantes que eram reprimidas.
Rosemberg (1985) ainda relata que até a década de 60 não era possível falar
sobre a sexualidade pois era na verdade um assunto controlável, e com discurso
específico, pois a igreja tratava o assunto como pecado e só era permitido para a
reprodução da espécie humana. Ainda nesta época havia publicações que tratavam a
sexualidade com negatividade, algo que deveria ser vigiado e controlado. Porém ainda
existiram autores corajosos que publicavam obras propondo e até mesmo defendendo a
educação sexual nas escolas.
Rosemberg (1985) e Figueiró (1998) explicam que a situação começa a ser
alterada depois que a igreja por razões políticas começa a visualizar o amor como forma
de valorizar a família, isso porque movimentos que criticavam a família enquanto
instituição repressiva burguesa, representavam grandes perdas a igreja. Sendo assim o
amor carnal passa então a ser valorizado, desde que como parte de uniões monogâmicas
heterossexuais reprodutivas. Assim na década de 60 colégios católicos desenvolveram
programas de educação sexual, e as demais instituições agora com a devida permissão”
seguiram a mesma linha.
Figueiró (1998) relata que a década de 60 foi marcada por algumas
experiencias de Educação Social que iniciaram seu desenvolvimento em colégios dos
estados do Rio de Janeiro, São Paulos e Minas Gerais, essas iniciativas propuseram uma
renovação pedagógica, onde as atividades aconteciam em grupos, de forma individual
no atendimento do aluno, juntamente com os pais além de seminários com profissionais
envolvidos. Esse tipo de intervenção fazia parte da programação de diversas disciplinas.
O autor ainda relata que uma experiencia em particular, realizada por Maria José
Werebe (1977) entre os anos de 11963 e 1968 em São Paulo no Colégio de Aplicação,
relatada no livro A Educação Sexual na Escola, consistia em uma intervenção realizada
com grupos mistos, de meninos e meninas, dentro do horário escolar, onde eram
realizadas reuniões inicialmente voltadas para a discussão biológica , o professor atuava
como mediador desta discussão e com o passar do tempo e da aquisição de
confiabilidade do grupo os alunos, criando assim um ambiente favorável ao
questionamento e as duvidas a respeito da vida sexual.
Figueiró (1998) ainda relata que em 1968, a então deputada Júlia Steinbruck
(MDB-RJ) apresentou a camara dos deputados um projeto de lei que propunha a
inclusão obrigatória da Educação Sexual nos currículos de 1º e 2º grau, apenas em 1970
o deputado Murilo Badaró (ARENA – MG) deu seu parecer favorável a proposta e no
mesmo ano o deputado Rubens Nogueira (ARENA – BA) deu seu parecer contrario, o
que levou a discussão para o Ministério da Educação para a Comissão Nacional de
Moral e Civismo, que no parecer final não foi aprovada. Figueiró (1998), afirma que por
mais que não existisse uma lei que proibisse a Educação Sexual nas escolas, os
profissionais se sentiram desencorajados e temiam por represarias, sendo assim o
progresso na Educação Sexual começa novamente a ser freado, agora pela política.
Rosemberg (1985) relata que de forma sigilosa, apenas em 1977 a Secretaria
Municipal de Educação de São Paulo elaborou um projeto experimental de Educação
Sexual, e que esse foi aplicado no ano seguinte 1978 em três escolas. A autora ainda
relata que devido ao estado político de pós golpe de estado, a censura e o cenário
político contribuíram para o desaparecimento de relatórios sobre as experiências
realizadas e a não priorização do debate dentro do contexto educacional do país. Apensa
com a abertura política em 1978, retornou de forma oficial a Educação Sexual nas
escolas.
Pinheiro (1997) relata que nos anos 80 foram realizados diversos eventos que
abordavam a sexualidade, e como resultados diversos obras foram publicadas. Ribeiro
(2004) descreve que do ano de 1984 ao ano de 1998 foi realizado o projeto Educação
Social com maior durabilidade, na região de Campinas SP, denominado Grupo de
Trabalho para a Formação e Capacitação de Professores em Educação Sexual, que
posteriormente em 1990 passou a fazer parte da Lei Orgânica Municipal.
Ribeiro (2004 e 2013) revela que na década de 1990 foram diversas
publicações, projetos, grupos de estudo e eventos sobre a sexualidade o que gerou
inúmeras ONG´s, empresas capacitadoras de profissionais, produtoras de materiais
educativos além de assessoria e consultoria na área. Em 1994 foi lançado o Guia de
Orientação Sexual (SUPLICY et.al. 1994), que foi testado em algumas regiões do
Brasil, voltado ao publico da pré-escola até 2º grau, o material afirmava a necessidade
do planejamento e das intervenções sistemáticas, abrindo assim um canal de
comunicação sobre a sexualidade com crianças e adolescentes.
Bueno et. al. (2018) afirma que ainda é necessária uma educação sexual
emancipatória nas escolas, o dialogo e os projetos são ainda necessários, visto que com
a modernidade a internet tornou o assunto um tanto banalizado e não focado realmente
no que é necessário, mas apenas na forma de desfrutar da liberdade e da sexualidade
emancipada.

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