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FAMEC Faculdade Metropolitana de Camaçari

Docente: Danilo R. Sá Teles Disciplina: Física I


Discente: Carga Horária: 90H
Engenharia

A Lei de Gauss
Em princípio, com o que aprendemos no capítulo anterior, i.e, como obter o campo eletrostático
gerado por uma distribuição contínua de cargas, está terminada a tarefa de obter o campo em qualquer
circunstância. E é verdade também que a lei de Gauss não é nada mais, nada menos do que a própria
lei de Coulomb. Então porque um capítulo à parte dedicado a ela? Porque, infelizmente, como veremos
no próximo exercício, envolvendo uma esfera uniformemente carregada, o problema pode se tornar
matematicamente muito complicado, até mesmo para este caso, para o qual a distribuição de cargas é
relativamente simples. A lei de Gauss representa neste ponto um método alternativo para calcular o
campo eletrostático gerado por uma distribuição de cargas, que é extremamente útil e simplifica
espantosamente os cálculos, sempre que simetrias estejam envolvidas, como é, por exemplo o caso do
campo eletrostático gerado por uma esfera.

O Fluxo do Campo Elétrico


Primeiramente , tomemos uma superfície simples,
como a ilustrada na figura ao lado. Se o campo E é como um
fluido, o fluxo resultante por esta caixa deve ser zero. Isto é o
que obtemos se por “fluxo” através da superfície
entendermos a integral de superfície da componente normal
de E , isto é, o fluxo de E. Nas faces esféricas, a
componente normal En é simplesmente a magnitude de E,
com sinal de menos para a face menor e de mais para a
face maior. A magnitude de E decai com 1/r2, mas a área da
superfície é proporcional a r2, então, o produto é independente de r. O fluxo de E que entra na face
a é simplesmente cancelado pelo fluxo que sai da face b. O fluxo total por S é zero, o que significa
que, para esta superfície
r r
∫ E ⋅ dA = 0
Consideremos agora que a carga pontual esteja dentro da superfície. Dividimos a superfície
em pares de áreas emparelhadas com as linhas radiais que partem da carga, como é mostrado na
figura abaixo. O fluxo através de cada uma das duas superfícies continua sendo igual mas agora
estes fluxos possuem o mesmo sinal. O fluxo através de uma superfície que envolve uma carga não
é zero, e é igual a carga líquida dentro da superfície
Podemos escrever nossas conclusões como segue:

A Lei de Gauss

Considere uma superfície que engloba várias cargas, cada qual gerando o seu próprio campo
r
elétrico E . O fluxo total por essa superfície é igual ao total de cargas em seu interior, dividido por ε0.
Este resultado é conhecido por Lei de Gauss e é expresso por:

r r Soma.de.c arg as. int ernas


∫ ⋅ dA =
E
ε0
(Lei de Gauss)
r r Qint
∫ ⋅ dA =
E
ε0
Onde Qint= ∑q i

Se descrevermos a localização das cargas em termos de uma densidade de cargas r, poderemos


considerar que cada volume infinitesimal dV contém uma carga “pontual” r dV.

Qint = ∫ ρ .dV
Nas equações apresentadas Q representa a carga líquida no interior da superfície
gaussiana. As cargas fora da superfície, não importando quão grandes ou quão perto elas se
r
encontram não são consideradas. Entretanto, o vetor E é o campo elétrico resultante de todas as
cargas, sejam elas internas ou externas à superfície gaussiana.
Vamos aplicar essas idéias à Fig.1, que mostra duas cargas, iguais em módulo, mas de
sinais opostos, e também as linhas de força indicando os campos elétricos que elas criam no
espaço ao redor delas. Também são mostradas as seções transversais de quatro superfícies
gaussianas irregulares. Vamos analisá-las individualmente.

Superfície S1. O
campo elétrico aponta
para fora da superfície
em todos os seus
pontos.portanto, o
fluxo do campo
elétrico é positivo e
também o é a carga
líquida no interior
dessa superfície, tal como a Lei de Gauss determina.

Superfície S2. O campo elétrico aponta para dentro da superfície em todos os seus pontos.
Portanto, o fluxo do campo elétrico é negativo e também o é a carga envolvida pela superfície, tal
como a Lei de Gauss requer.
Superfície S3. Esta superfície não encerra cargas. A Lei de Gauss exige que o fluxo do campo
elétrico seja zero através dessa superfície. Isto é razoável porque, como vemos, as linhas de força
passam através da superfície, entretanto pela parte superior da mesma e saindo pela parte inferior.
Superfície S4. Esta superfície encerra uma carga liquida nula, pois as cargas positivas e negativas
tem o mesmo módulo. A lei de Gauss então determina que o fluxo por essa superfície seja zero. Isto
também parece razoável. As linhas de força que deixam a superfície S4 pela parte superior fazem a
curva e entram de volta pela parte inferior da superfície.
O que aconteceria se trouxéssemos uma grande carga Q para as proximidades da superfície
S4 ? A configuração das linhas de força certamente mudaria mas o fluxo líquido para as quatro
superfícies não seria alterado. Podemos compreender este fato, uma vez que ao valor de Q não
poderia entra na Lei de Gauss uma vez que Q se situa fora de todas as quatro superfícies
gaussianas que estamos considerando.

O campo de uma esfera carregada;


Consideremos uma esfera de raio a uniformemente carregada. Como é o campo elétrico E
em um ponto P exterior a esta esfera?
Consideremos uma superfície imaginária que seja esférica e concêntrica à esfera carregada
e que passe pelo ponto P. Para esta superfície, o fluxo para fora é

∫ Eda = ∫ Eda cos θ = E ⋅ 4πR


2

A lei de Gauss nos diz que o fluxo é igual à carga total Q da esfera
(divida por ε0)

Q 1
E ⋅ 4πR 2 = ∴ E=
ε0 4πε 0 R 2

que é a mesma fórmula que encontraríamos para uma carga pontual Q.

O campo no interior de uma Esfera


Da mesma forma que fizemos para encontrar o campo
no exterior de uma região esférica uniformemente carregada
podemos usar a lei de Gauss para encontrar o campo em
pontos no interior da esfera. Por exemplo, o cálculo pode ser
usado para obter uma boa aproximação do campo no interior
de um núcleo atômico.
Para encontrarmos o campo a uma distância r do
centro, tomamos uma superfície gaussiana esférica de raio
(r < a ) , como mostrado na figura 3. O fluxo através desta
superfície vale
4πr 2 E
A carga no interior de nossa superfície gaussiana é o volume interno vezes ρ

4 3
πr ρ .
3

Usando a lei de Gauss, segue que a magnitude do campo é dada por

ρr
E= (r < a)
3ε 0

Podemos ver que esta fórmula fornece o resultado correto para r = a. O campo elétrico é
proporcional ao raio e direcionado radialmente para fora. Os argumentos que acabamos de dar para
uma esfera uniformemente carregada, podem ser aplicados também a uma fina casca esférica
carregada. Supondo que o campo seja sempre radial e esfericamente simétrico, pode-se obter
imediatamente a lei de Gauss que o campo no exterior da casca é igual ao de uma carga pontual,
enquanto o campo em qualquer ponto no interior da casca vale zero ( uma superfície gaussiana
dentro da casca não conterá carga alguma).

Simetria Linear
A distribuição linear infinita ocorre quando as cargas são distribuídas numa
linha infinita, ou num cilindro infinito. Em ambos os casos tem-se geralmente
uma densidade linear uniforme, λ. Argumentos de simetria permitem concluir
que o campo apresenta simetria cilíndrica. Isto é, a intensidade é a mesma em
qualquer ponto da superfície lateral de um cilindro, cujo eixo coincide com o
eixo da distribuição de cargas, e a direção é perpendicular a esta superfície
lateral. É óbvio que a superfície Gaussiana mais apropriada é o cilindro
indicado na figura ao lado. A integral fechada da lei de Gauss pode ser
desdobrada, transformando-se numa soma de integrais de superfície, ao longo
das bases do cilindro e ao longo da superfície lateral.
r r v r v r r r
φ = ∫ E ⋅ dA = ∫ base EdA + ∫ base EdA + ∫ lateral E ⋅ dA
Para as bases esquerda e direita, o cosseno ângulo θ para todos os
r r
pontos é nulo pois E é perpendicular a dA , ou seja, não há fluxo através
r
das bases do cilindro. O fluxo de E será apenas na lateral do cilindro e é
igual à E vezes a área da superfície, que vale 2πrl . A carga total no
interior de nossa superfície vale λl. A lei de Gauss fornece

λ λ
E ⋅ 2πrl = ∴ E=
ε0 2πε 0 r
O campo elétrico de uma linha de carga depende inversamente da
primeira potência da distância da linha.

Simetria Plana: Uma folha de cargas; duas folhas

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