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Capitulo Trezentos Baseado em Projetos
Capitulo Trezentos Baseado em Projetos
ConsElho Editorial
Aparecida Feola Sella Flávio Pereira
Valdeci Batista de Melo Oliveira Susimeire Vivien Rosotti de Andrade
Sanimar Busse Eduardo Nunes Jacondino
Eurides Kuster Macedo Júnior Marta Botti Capellari
Fabiana Regina Veloso Geraldo Emílio Vicentini
Rose Meire Costa Carla Lilliane Waldow Esquivel
Jair Antonio Cruz Siqueira Luís Daniel Giusti Bruno
Rafael Andrade Menolli Dartel Ferrari de Lima
Kátia Fabiane Rodrigues Valderi Pacheco dos Santos
José Carlos da Costa Marli Renate Von Borstel Roesler
Cláudia Barbosa Roberto Saraiva Kahlmeyer Mertens
EqUiPE
Aparecida Feola Sella Valdeci Batista de Melo Oliveira
Diretora eDitora-Chefe
Cascavel
2020
4
© 2020, EDUNIOESTE
caPa
Lohana Larissa Mariano Civiero
rEvisão
Aparecida Feola Sella e Vanessa Raini de Santana
diaGramação
Lohana Larissa Mariano Civiero
ficha cataloGráfica
Helena Soterio Bejio
ISBN: 978-65-87438-18-4
imPrEssão E acabamEnto
Gráfica da univErsidadE Estadual do oEstE do Paraná
Rua Universitária, 1619 - Jardim Universitário - CEP 85819-110 - Cascavel-PR
Telefone: (45) 3220-3118
E-mail: unioeste@hotmail.com
distribuição Gratuita
obra Publicada com rEcursos da fundação araucária
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Cascavel
2020
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Sumário
11 Apresentação
Introdução
Em contraste à recepção passiva de informações, as metodologias
ativas podem ser um bom caminho para o engajamento dos estudantes e
são foco de várias pesquisas na área educacional, tais como jogos edu-
cativos, gamificação, Problem Based Learning (PBL), Project Based
Learning (PjBL), Peer Instruction, Sala de aula invertida, Summaê,
Trezentos, entre outras (DOCHY et al., 2003; RIBEIRO, 2008; WATKINS;
MAZUR, 2013; FRAGELLI; FRAGELLI, 2017; FRAGELLI, 2019).
A motivação é fundamental para que a aprendizagem se torne
significativa, compreendendo aprendizagem significativa como uma ação
do estudante em correlacionar de forma substantiva as novas experiên-
cias, ideias e conceitos com sua estrutura cognitiva prévia (AUSUBEL,
1968; MOREIRA, 2006).
Considerando as necessidades contemporâneas, observa-se a
importância do desenvolvimento e do fortalecimento de habilidades de
utilização de tecnologias e ferramentas digitais na prática educacional.
Nesse sentido, o desafio para o século XXI é a utilização de estratégias
inovadoras de ensino centradas no estudante, promovendo engajamento
e a motivação intrínseca (VARELA-ORDORICA; VALENZUELA-
-GONZÁLEZ, 2020).
A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABPr) ou, em inglês,
Project Based Learning (PjBL), é bastante conhecida no âmbito do En-
sino Superior e consiste em promover uma aprendizagem significativa
por meio de projetos cooperativos que possuem correlação com o mundo
real (BENDER, 2015).
Com o PjBL, são desenvolvidas habilidades sociais que in-
cluem responsabilidade, autoconfiança, habilidades de comunicação,
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Método Trezentos
O Trezentos em seu formato original – chamado neste texto
como Trezentos original, Trezentos clássico ou simplesmente Trezentos
– consiste em formar grupos potencialmente colaborativos com base
em determinado procedimento que utiliza o resultado de uma avaliação
de aprendizagem e a quantidade de grupos a ser formada. Em cada um
desses grupos, haverá estudantes com um bom rendimento na avaliação
(ajudantes) e alguns com baixo rendimento (ajudados). O professor
define metas a serem cumpridas pelos integrantes dos grupos em um
prazo determinado. Após o cumprimento dessas metas, os estudantes
são reavaliados de formas distintas: os ajudados realizam uma nova
avaliação de aprendizagem nos mesmos moldes da primeira avaliação; os
ajudantes são reavaliados de acordo com a ajuda oferecida aos ajudados
do seu grupo e com a melhora no rendimento.
Na etapa 1, são formados os grupos com base na primeira ava-
liação de aprendizagem do curso, podendo ser prova escrita, prova oral,
portfólio, projetos ou qualquer outro tipo de avaliação. Para a formação
dos grupos, é sugerido o seguinte procedimento (FRAGELLI, 2019):
Metodologia de pesquisa
Descrição da experiência
Participantes
Trezentos Baseado em
Trezentos clássico
Projetos
Formação de grupos potencial-
Formação de grupos potencial- mente colaborativos com base
mente colaborativos com base em em uma avaliação diagnóstica
uma avaliação de aprendizagem. que é baseada em habilidades,
Etapa
Geralmente esta avaliação é rea- conhecimentos e atitudes. O
1
lizada após uma etapa do curso. resultado é convertido em um
É utilizado um procedimento número pelo qual se aplica o
com 4 passos (Figura 1). mesmo procedimento de 4 passos
do Trezentos clássico.
São planejadas tanto as funções
São definidos os ajudantes e aju- quanto o número de integrantes
dados do grupo, sendo atribuída dos grupos. O líder do grupo é a
Etapa
a função de líder ao estudante única função predeterminada e
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com maior resultado na avalia- será o integrante do grupo com
ção de aprendizagem. maior resultado na avaliação
diagnóstica.
É definido um projeto mais com-
São definidas metas individuais e
plexo por grupo e projetos indi-
coletivas a serem cumpridas em
viduais a serem desenvolvidos
um tempo determinado que é ge-
Etapa com apoio do grupo. O prazo de
ralmente de 10 dias. O objetivo
3 duração dessa etapa geralmente
dessas metas é estimular a inte-
é de 80 a 100% do tempo da
ração entre os participantes e o
disciplina ou do curso em que o
estudo dos conceitos da matéria.
TBP é aplicado.
Projetos individuais e/ou cole-
É realizada uma nova avaliação tivos são avaliados. É possível
Etapa aos ajudados e a aplicação de aplicar escalas semelhantes ao
4 escalas para avaliação do nível Trezentos clássico para verificar
de ajuda. o nível de contribuição dos inte-
grantes do grupo.
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Procedimento
- Ciências da Saúde
- Distrito Federal - Linguística, Letras
8 - Pernambuco - Ensino superior e Artes
- Minas Gerais - Ciências Sociais
Aplicadas
- Ciências da Saúde
- Ensino superior
- Distrito Federal - Ciências Exatas e
- Gestão escolar
9 - Pernambuco da Terra
- Fundamental II
- Pará - Engenharias
- Ensino médio
- Gestão Escolar
- Ciências da Saúde
- Ciências Agrárias
- Distrito Federal
- Ensino superior - Ciências Exatas e
- Alagoas
10 - Ensino médio da Terra
- Rio de Janeiro
- Fundamental I - Ciências Biológicas
- Paraná
- Ciências Sociais
Aplicadas
- Ciências Sociais
Aplicadas
- Ensino superior - Ciências Humanas
- Distrito Federal
11 - Ensino médio - Linguística, Letras
- Goiás
- Educação infantil e Artes
- Ciências Exatas e
da Terra
- Ciências Biológi-
cas
- Distrito Federal
- Ensino superior - Ciências da Saúde
12 - Paraná
- Outros - Engenharias
- Piauí
- Linguística, Letras
e Artes
- Ensino superior
- Distrito Federal - Engenharias
13 - Educação infantil
- Mato Grosso - Ciências Humanas
- Fundamental I
Fonte: Elaborado pelos autores
Resultados
Variável Categorias n %
Feminino 32 71,1
Gênero
Masculino 13 28,9
Universidade de Brasília 20 44,4
Secretaria de Educação do Distrito Federal 5 11,1
Universidade Federal do Pará 3 6,6
Universidade Federal do Piauí 2 4,4
Universidade Tecnológica Federal do Paraná 2 4,4
Universidade de Pernambuco 2 4,4
Fundação de Empreendimentos Científicos e
2 4,4
Tecnológicos
Secretaria de Estado da Educação do Paraná 1 2,2
Instituição
Secretaria Municipal de Educação de Goiânia 1 2,2
Universidade Federal de Juiz de Fora 1 2,2
Universidade Federal de Uberlândia 1 2,2
Instituto Federal de Brasília 1 2,2
Universidade Federal Fluminense 1 2,2
Universidade do Estado de Mato Grosso 1 2,2
Instituto Federal de Alagoas 1 2,2
Instituto Federal do Paraná 1 2,2
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Que bom que teve o curso, e a live foi minha base para apresentação
da minha defesa. E por sinal, “Passei!!!” Obrigada por tudo. Aprendi
muito e acredito que agora vou ter mais tempo para explorar mais cada
ferramenta e aprofundar nos textos e nos livros indicados também.
(P_40, Q_2)
Que pena que não tive mais tempo para explorar mais todas as ferra-
mentas e materiais. (P_40, Q_3)
Que pena que faltou mais tempo para digerir todo o material. (P_15, Q_3)
Que pena que não tivemos mais tempo para praticar. (P_25, Q_3)
Que tal utilizar o plano de ensino atual e transformar o curso em uma
especialização (o conteúdo é denso e rico à altura de uma). Acredito
que fazer este curso com um cronograma mais suave. (P_04, Q_4)
Que tal montarem outro curso com mais práticas de vídeos e de mon-
tagem de atividades, como as do escape room. (P_22, Q_4)
Eu não tive uma identificação plena com o meu grupo. No entanto, lidar
com a diversidade é, e sempre será, um desafio enriquecedor. (P_04, Q_1)
O meu grupo despertou o interesse em continuar e não desistir do
curso. (P_09, Q_1)
Inicialmente eu tive dificuldade com meu grupo, pois não consegui
perceber o engajamento de todos. O fato de utilizarmos o whatsapp
me possibilitou provocar discussões, questionamentos e consequen-
temente ocorreu nossa integração. De modo geral, acredito que os
trabalhos em grupo são sempre processos de aprendizagem. Neste
grupo, consegui desenvolver minhas potencialidades, ou seja, minha
criatividade. (P_21, Q_1)
Que pena que não interagi com os outros grupos; descobri a partir das
lives como tinha gente interessante na turma. O tempo não me permitiu
conhecer todos os colegas. (P_14, Q_3)
Que pena que não tive mais tempo para explorar mais todas as ferra-
mentas e materiais. (P_40, Q_3)
Que pena que não tive a oportunidade de fazer um curso semelhante
ao que vocês nos ofereceram há 15 anos atrás, quando ingressei no
magistério. (P_26, Q_3)
Discussão
O objetivo deste capítulo foi apresentar uma experiência de
desenvolvimento de competências digitais dos professores cursistas do
curso “Ferramentas e Estratégias Pedagógicas para Educação Online”
por meio do Trezentos Baseado em Projetos (TBP).
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Observou-se, neste estudo, que o TBP, por meio das metas a serem cum-
pridas, favoreceu o desenvolvimento dessas habilidades.
O Trezentos clássico tem um histórico de aplicação em disciplinas
semestrais; no entanto, alguns estudos sobre o método demonstraram
as possibilidades de realização em contextos com tempo menor, como
em cursos modulares (FRAGELLI; FRAGELLI, 2016). Este relato de
experiência aponta que é possível a aplicação do TBP em um tempo mais
curto, com melhora na aquisição de competências.
Uma das etapas para a execução do TBP é a formação dos gru-
pos colaborativos. Essa estratégia, que auxilia na interação, motivação,
engajamento e retenção de conteúdo, pode ser observada nos resultados
apresentados (OLELEWE et al., 2020).
O aprendizado construído por meio da colaboração é uma ten-
dência para o século XXI, e, considerando a tecnologia e as redes de
computadores, os grupos colaborativos promovem a construção coletiva
de soluções para problemas comuns e trabalhados, independentemente
da localização geográfica (OLELEWE et al., 2020). Neste relato de
experiência, pôde-se verificar que o curso ofertado teve a presença de
professores cursistas das 5 regiões do país.
Diante do ambiente colaborativo, os professores cursistas foram
capazes de ser desafiados social e emocionalmente, de defender suas
perspectivas, de construir soluções coletivas e de engajarem-se no pro-
cesso ativo de aprendizado, conforme Olelewe et al. (2020) afirmam
sobre os ambientes de colaboração.
Mesmo diante dos benefícios do fortalecimento de habilidades e
meta-habilidades, diante de uma aprendizagem pautada na colaboração,
há também desafios a serem enfrentados, como a comunicação e coorde-
nação de atividades (SCHNAUBERT; BODEMER, 2019). O TBP auxilia
na resolução parcial desses desafios, uma vez que, ao formar os grupos
potencialmente colaborativos, promovem-se papéis pré-definidos, como
a liderança; mas há outras a serem assumidas pelos integrantes, com atri-
buições bem definidas. Alguns relatos identificaram a necessidade de que
essas funções sejam mais bem definidas, principalmente considerando a
aplicação por meio de plataformas digitais.
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Conclusão
Neste capítulo, foi apresentado um relato de experiência de
desenvolvimento de competências digitais dos professores cursistas do
curso “Ferramentas e Estratégias Pedagógicas para Educação Online”,
por meio de uma proposta de aplicação do Método Trezentos em uma
pedagogia de projetos, chamada de Trezentos Baseado em Projetos (TBP).
Os resultados apontaram que o TBP é um método que possibilita
trabalhar a diversidade, a colaboração e a inovação nos processos deci-
sórios dos grupos. Também foi evidenciado um aumento percentual de
84,23% na média das oito habilidades avaliadas, que possuem correlação
com competências digitais, e o destaque foi o aumento de 195,69% para
a habilidade de utilizar metodologias ativas na educação on-line, que
subiu de uma média de 2,45 para 7,25.
Os resultados qualitativos indicaram que os grupos colaborativos
formados pelo TBP foram essenciais para a maior parte dos grupos, ofe-
recendo apoio aos membros mais sensíveis ao contexto da pandemia e
das dificuldades inerentes ao universo digital. Também foram relevantes
como ambiente profícuo de aprendizado e solidariedade no cumprimento
das metas individuais e coletivas. No entanto, também indicaram, mesmo
de forma isolada, a importância de um acompanhamento próximo dos
professores coordenadores com relação ao desenvolvimento das ativi-
dades dos grupos.
Um ponto importante sobre o curso foi a carga horária subdi-
mensionada para o envolvimento necessário para o cumprimento das
atividades previstas com o TBP. No entanto, quase a totalidade dos cur-
sistas se sentiu motivada a realizar uma segunda formação nos mesmos
moldes, com vistas ao aprofundamento e nova imersão com os artefatos
digitais e práticas pedagógicas abordados durante o curso. Apesar de as
atividades colaborativas do TBP demandarem um envolvimento maior
dos participantes em que o curso parece ser “um carrossel de emoções”
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Referências
ALMEIDA, K. A. O. A influência do Método Trezentos na aprendi-
zagem dos conteúdos de Biologia no Ensino Médio. 2019. 105 f. Dis-
sertação (Mestrado Profissional em Ensino de Biologia) – Universidade
de Brasília, Brasília, 2019.
SIDDIKI, S.; KIM, J.; LEACH, W. D. Diversity, trust, and social learning
in collaborative governance. Public Administration Review, v. 77, n.
6, p. 863-874, 2017.