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A Proclamação da República

No final do século XIX, um movimento pôs fim à monarquia e criou uma forma de governo no país: a
República. Isso ocorreu no dia 15 de novembro de 1889. Na República, o chefe do governo é um presidente ou então
um primeiro-ministro. Tanto um quanto outro são eleitos para governar por um tempo limitado e, assim, não
ocupam os cargos por toda a vida. No Brasil, de acordo com a Constituição de 1988, o chefe do governo é um
presidente eleito para ocupar o cargo durante quatro anos. Caso seja reeleito, poderá cumprir apenas mais um
mandato de quatro anos.

Três elementos que levaram à mudança do regime de governo monárquico para o republicano:
• O descontentamento dos setores da elite com a monarquia, especialmente da elite cafeeira do interior paulista.
• A participação dos militares nos assuntos políticos.
• O triunfo das ideias republicanas no Brasil.

A insatisfação das elites


Durante muito tempo, os grandes fazendeiros e comerciantes deram todo o seu apoio ao Império, mas, na
segunda metade do século XIX, muitos deles se mostravam insatisfeitos com a monarquia. Assim, o avanço das ideias
republicanas esteve ligado à insatisfação das elites econômicas e políticas com a monarquia a partir das últimas
décadas do século XIX.
Que elites eram essas? Elas eram formadas pelos grandes proprietários de terra, pelos empresários
(banqueiros, industriais etc.) e pelos grandes comerciantes.
Havia semelhanças, mas também diferenças entre essas pessoas. Elas atuavam em áreas econômicas
diferentes e seus interesses podiam variar. Mesmo entre os fazendeiros de café do estado de São Paulo havia os que
queriam substituir o trabalho escravo pelo trabalho assalariado dos imigrantes e aqueles que eram contrários à
abolição da escravatura.
Os fazendeiros contrários à abolição eram principalmente os do Vale do Paraíba. As fazendas de café dessa
região eram as mais antigas de São Paulo. Seus proprietários, mais conservadores e apegados às tradições, só
admitiam a abolição se o governo os indenizasse pela perda de seus escravos.
Essa forma de pensar não era apoiada por outros fazendeiros, como os do Oeste paulista. Nessa região, as
plantações de café chegaram mais tarde que no Vale do Paraíba. Seus proprietários tinham uma mentalidade mais
moderna, eles percebiam que os tempos haviam mudado, que já não era mais possível manter a escravidão, e
muitos deles condenavam a monarquia e apoiavam a república.
Alguns desses cafeicultores participaram da criação do Partido Republicano Paulista, em 1873, ampliando o
movimento pela república. Pouco antes, em 1870, outro partido republicano já havia sido criado no Rio de Janeiro.

A elite rural apoia a República

A abolição da escravatura, em 1888, provocou profunda insatisfação entre os fazendeiros do Vale do Paraíba
e de outros locais do Brasil que ainda apoiavam a monarquia. Indignados com a Lei Áurea, os fazendeiros exigiam
que o governo os indenizasse pela perda de seus trabalhadores escravizados. Como o governo de D. Pedro II não os
indenizou, eles romperam com a monarquia e passaram a apoiar o movimento pela república.

Influência dos militares e da Igreja Católica

Ainda na imagem que estamos analisando, há um detalhe particularmente importante: a representação do


marechal Deodoro da Fonseca a cavalo, segurando um quepe. Foi Deodoro quem chefiou o golpe de Estado que
derrubou a monarquia e instaurou a república. A ação militar é reforçada aqui pelos soldados em posição de sentido.
A presença de militares na cena política brasileira ganhou particular importância logo após a Guerra do
Paraguai (1864- 1870). Com a vitória no conflito, a instituição militar se organizou e se tornou politicamente
significativa. Os militares reclamavam que os soldos estavam baixos, que os oficiais não eram promovidos por
mérito, mas por apadrinhamento, e que a verba destinada à corporação era insuficiente.

Crise entre Exército e Monarquia

A crise entre o Exército e a Monarquia (que alguns historiadores chamam de Questão militar) marcou um
momento em que muitos militares passaram a fazer críticas e a exigir reformas no sistema político e no governo
imperial. As Forças Armadas haviam voltado fortalecidas da campanha na Guerra do Paraguai e buscavam maior
participação nas decisões. Os militares também defendiam o fim da escravidão e condenavam os poderes excessivos
da monarquia. Isso estimulou a defesa de ideias republicanas entre muitos de seus membros.
Na década de 1880, diversos militares passaram a se posicionar publicamente contra o regime imperial em
jornais e outras manifestações públicas. O governo tentou conter essas críticas com proibições e ameaças de
punição, o que só piorou a crise. Descontentes por não poderem demonstrar sua insatisfação, os militares
organizaram atos de insubordinação e desobediência.

O choque com a Igreja

Os problemas com a Igreja (que alguns historiadores chamam de Questão religiosa) começaram na década
de 1870. Obedecendo a ordens vindas do Vaticano, os bispos de Olinda e de Belém fecharam as irmandades
religiosas de suas regiões ligadas à maçonaria (sociedade secreta influenciada pelo pensamento iluminista). O fato de
membros importantes do governo fazerem parte da maçonaria criou um grande atrito entre o governo imperial e a
hierarquia eclesiástica. Desse modo, o imperador ordenou que os bispos reabrissem as irmandades fechadas, mas
eles se recusaram a cumprir as ordens. Os religiosos acabaram presos e condenados a quatro anos de prisão. Em
1875, no entanto, após cumprirem cerca de um ano de pena, foram anistiados pelo imperador. Mesmo assim, a
imagem do imperador havia sofrido um imenso prejuízo. A população, bastante católica, ficou ao lado dos bispos,
condenando a “arbitrariedade de D. Pedro II”. Ao mesmo tempo, a relação entre o imperador e a Igreja, que era uma
importante apoiadora da Monarquia, ficou fortemente abalada.

Articulações políticas

Abandonado pelos fazendeiros escravagistas, pelos militares e pelos religiosos, o governo tornou-se cada vez
mais isolado da sociedade. Fora dele, o movimento republicano era apoiado não só por setores importantes das
elites, como por fazendeiros do Oeste paulista e também pelas camadas médias da população urbana.
Ciente de seu isolamento, o governo tentou reagir em junho de 1889. Para isso, nomeou presidente do
Conselho de Ministros um político liberal, mais próximo dos republicanos que dos conservadores. O novo ministro,
Afonso Celso de Assis Figueiredo (que tinha o título de nobreza de visconde de Ouro Preto), apresentou à Câmara de
Deputados um programa de reformas, entre as quais estava a concessão de maior autonomia para as províncias.
De nada adiantou. A Câmara rejeitou a proposta e foi então dissolvida pelo imperador. O governo convocou
novas eleições, mas o tempo não corria a seu favor.
No dia 9 de novembro de 1889, reunido sob a presidência de Benjamin Constant, um militar positivista de
grande influência no período, o Clube Militar decidiu pelo fim da monarquia e pela Proclamação da República.
Curiosamente, nesse mesmo dia, o governo organizou no Rio de Janeiro uma grande festa para mostrar a força do
regime imperial.

Proclamação da República

Dois dias depois do Baile da Ilha Fiscal, militares e civis republicanos reuniram-se com o marechal Deodoro
da Fonseca e o convenceram a aderir ao movimento pela República.
Inicialmente, o movimento militar pela proclamação do novo governo fora marcado para o dia 20 de
novembro. Entretanto, começaram a correr rumores de que o visconde de Ouro Preto havia ordenado a prisão do
marechal Deodoro. Diante disso, o golpe de Estado que derrubaria a monarquia foi antecipado para 15 de
novembro.
Na manhã do dia 15, tropas comandadas pelo marechal Deodoro da Fonseca depuseram o gabinete de
ministros. Não houve resistência por parte do governo. Em 17 de novembro de 1889, D. Pedro II embarcou com a
família em um navio em direção a Portugal. De lá, seguiu depois para Paris, onde faleceria em dezembro de 1891.
Proclamada a República, os líderes que derrubaram a monarquia constituíram um Governo Provisório
presidido pelo marechal Deodoro da Fonseca, que durou até 1891.

Os negros na nascente república

Como vimos, o golpe que derrubou a monarquia foi organizado e conduzido pelos grupos dominantes, ou
seja, pelas elites.
Proclamada logo em seguida à abolição da escravidão, a República não significou, por exemplo, melhores
condições para a população negra que vivia no país.
No final do século XIX, a grande maioria dos negros não sabia ler nem escrever. Era uma herança relacionada
aos mais de 350 anos de escravidão, que privou os africanos e seus descendentes do acesso formal à educação e os
obrigou a destinar todo o seu tempo ao trabalho. Um dos argumentos para justificar essa exclusão era o de que o
acesso à leitura e à escrita facilitaria a organização de rebeliões de cativos, colocando em risco a sociedade
escravocrata.
O fim da escravidão e a República, contudo, não asseguraram aos negros o acesso imediato ao ensino. Na
virada do século XIX para o XX, a educação dessas pessoas dava-se, muito mais, por meio de entidades negras de
caráter cívico e recreativo, do que por meio das escolas. Ainda assim, essas entidades eram insuficientes para tirar a
grande maioria dos afrodescendentes do analfabetismo. Impossibilitadas de ler e escrever, essas pessoas ficavam
também impossibilitadas de participar da vida política do Brasil, pois era proibido aos analfabetos o direito de votar
nas eleições.
Passados mais de 120 anos desde o fim da escravidão, os negros obtiveram diversas conquistas sociais,
econômicas e políticas. Contudo, como salienta o historiador José Murilo de Carvalho, as consequências das
desigualdades entre brancos e negros “foram duradouras para a população negra”.

Apresentar as pinturas de Pedro Américo e Henrique Bernardelli


a) As pinturas históricas têm como característica a representação de determinados valores, como heroísmo,
grandeza, vigor, ação. Com base nessa informação, aponte elementos que permitam classificar essas obras como
pinturas históricas.
b) Identifique e descreva as semelhanças e as diferenças entre as duas imagens. c) As camadas populares
foram representadas nas duas pinturas? Caso estejam em alguma delas, como é essa representação?

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