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Textos de Aula 9 Ano
Textos de Aula 9 Ano
No final do século XIX, um movimento pôs fim à monarquia e criou uma forma de governo no país: a
República. Isso ocorreu no dia 15 de novembro de 1889. Na República, o chefe do governo é um presidente ou então
um primeiro-ministro. Tanto um quanto outro são eleitos para governar por um tempo limitado e, assim, não
ocupam os cargos por toda a vida. No Brasil, de acordo com a Constituição de 1988, o chefe do governo é um
presidente eleito para ocupar o cargo durante quatro anos. Caso seja reeleito, poderá cumprir apenas mais um
mandato de quatro anos.
Três elementos que levaram à mudança do regime de governo monárquico para o republicano:
• O descontentamento dos setores da elite com a monarquia, especialmente da elite cafeeira do interior paulista.
• A participação dos militares nos assuntos políticos.
• O triunfo das ideias republicanas no Brasil.
A abolição da escravatura, em 1888, provocou profunda insatisfação entre os fazendeiros do Vale do Paraíba
e de outros locais do Brasil que ainda apoiavam a monarquia. Indignados com a Lei Áurea, os fazendeiros exigiam
que o governo os indenizasse pela perda de seus trabalhadores escravizados. Como o governo de D. Pedro II não os
indenizou, eles romperam com a monarquia e passaram a apoiar o movimento pela república.
A crise entre o Exército e a Monarquia (que alguns historiadores chamam de Questão militar) marcou um
momento em que muitos militares passaram a fazer críticas e a exigir reformas no sistema político e no governo
imperial. As Forças Armadas haviam voltado fortalecidas da campanha na Guerra do Paraguai e buscavam maior
participação nas decisões. Os militares também defendiam o fim da escravidão e condenavam os poderes excessivos
da monarquia. Isso estimulou a defesa de ideias republicanas entre muitos de seus membros.
Na década de 1880, diversos militares passaram a se posicionar publicamente contra o regime imperial em
jornais e outras manifestações públicas. O governo tentou conter essas críticas com proibições e ameaças de
punição, o que só piorou a crise. Descontentes por não poderem demonstrar sua insatisfação, os militares
organizaram atos de insubordinação e desobediência.
Os problemas com a Igreja (que alguns historiadores chamam de Questão religiosa) começaram na década
de 1870. Obedecendo a ordens vindas do Vaticano, os bispos de Olinda e de Belém fecharam as irmandades
religiosas de suas regiões ligadas à maçonaria (sociedade secreta influenciada pelo pensamento iluminista). O fato de
membros importantes do governo fazerem parte da maçonaria criou um grande atrito entre o governo imperial e a
hierarquia eclesiástica. Desse modo, o imperador ordenou que os bispos reabrissem as irmandades fechadas, mas
eles se recusaram a cumprir as ordens. Os religiosos acabaram presos e condenados a quatro anos de prisão. Em
1875, no entanto, após cumprirem cerca de um ano de pena, foram anistiados pelo imperador. Mesmo assim, a
imagem do imperador havia sofrido um imenso prejuízo. A população, bastante católica, ficou ao lado dos bispos,
condenando a “arbitrariedade de D. Pedro II”. Ao mesmo tempo, a relação entre o imperador e a Igreja, que era uma
importante apoiadora da Monarquia, ficou fortemente abalada.
Articulações políticas
Abandonado pelos fazendeiros escravagistas, pelos militares e pelos religiosos, o governo tornou-se cada vez
mais isolado da sociedade. Fora dele, o movimento republicano era apoiado não só por setores importantes das
elites, como por fazendeiros do Oeste paulista e também pelas camadas médias da população urbana.
Ciente de seu isolamento, o governo tentou reagir em junho de 1889. Para isso, nomeou presidente do
Conselho de Ministros um político liberal, mais próximo dos republicanos que dos conservadores. O novo ministro,
Afonso Celso de Assis Figueiredo (que tinha o título de nobreza de visconde de Ouro Preto), apresentou à Câmara de
Deputados um programa de reformas, entre as quais estava a concessão de maior autonomia para as províncias.
De nada adiantou. A Câmara rejeitou a proposta e foi então dissolvida pelo imperador. O governo convocou
novas eleições, mas o tempo não corria a seu favor.
No dia 9 de novembro de 1889, reunido sob a presidência de Benjamin Constant, um militar positivista de
grande influência no período, o Clube Militar decidiu pelo fim da monarquia e pela Proclamação da República.
Curiosamente, nesse mesmo dia, o governo organizou no Rio de Janeiro uma grande festa para mostrar a força do
regime imperial.
Proclamação da República
Dois dias depois do Baile da Ilha Fiscal, militares e civis republicanos reuniram-se com o marechal Deodoro
da Fonseca e o convenceram a aderir ao movimento pela República.
Inicialmente, o movimento militar pela proclamação do novo governo fora marcado para o dia 20 de
novembro. Entretanto, começaram a correr rumores de que o visconde de Ouro Preto havia ordenado a prisão do
marechal Deodoro. Diante disso, o golpe de Estado que derrubaria a monarquia foi antecipado para 15 de
novembro.
Na manhã do dia 15, tropas comandadas pelo marechal Deodoro da Fonseca depuseram o gabinete de
ministros. Não houve resistência por parte do governo. Em 17 de novembro de 1889, D. Pedro II embarcou com a
família em um navio em direção a Portugal. De lá, seguiu depois para Paris, onde faleceria em dezembro de 1891.
Proclamada a República, os líderes que derrubaram a monarquia constituíram um Governo Provisório
presidido pelo marechal Deodoro da Fonseca, que durou até 1891.
Como vimos, o golpe que derrubou a monarquia foi organizado e conduzido pelos grupos dominantes, ou
seja, pelas elites.
Proclamada logo em seguida à abolição da escravidão, a República não significou, por exemplo, melhores
condições para a população negra que vivia no país.
No final do século XIX, a grande maioria dos negros não sabia ler nem escrever. Era uma herança relacionada
aos mais de 350 anos de escravidão, que privou os africanos e seus descendentes do acesso formal à educação e os
obrigou a destinar todo o seu tempo ao trabalho. Um dos argumentos para justificar essa exclusão era o de que o
acesso à leitura e à escrita facilitaria a organização de rebeliões de cativos, colocando em risco a sociedade
escravocrata.
O fim da escravidão e a República, contudo, não asseguraram aos negros o acesso imediato ao ensino. Na
virada do século XIX para o XX, a educação dessas pessoas dava-se, muito mais, por meio de entidades negras de
caráter cívico e recreativo, do que por meio das escolas. Ainda assim, essas entidades eram insuficientes para tirar a
grande maioria dos afrodescendentes do analfabetismo. Impossibilitadas de ler e escrever, essas pessoas ficavam
também impossibilitadas de participar da vida política do Brasil, pois era proibido aos analfabetos o direito de votar
nas eleições.
Passados mais de 120 anos desde o fim da escravidão, os negros obtiveram diversas conquistas sociais,
econômicas e políticas. Contudo, como salienta o historiador José Murilo de Carvalho, as consequências das
desigualdades entre brancos e negros “foram duradouras para a população negra”.