Professional Documents
Culture Documents
Relatório - Da Missão Inglesa: Waldemar Alcântara
Relatório - Da Missão Inglesa: Waldemar Alcântara
. DA
MISSÃO INGLESA
íü"
FUNDAÇÃO*
WALDEMAR ALCÂNTARA
f1
RELATÓRIO
.DA
MISSÃO INGLESA
Ml AR
adiíklld
adotj
FORTALEZA-2010
ORGANIZAÇÃO
Lúcio Alcântara
PROJETO GRÁFICO
TRATAMENTO DE OBRA
RESGATE DO TEXTO
Sérgio Lima
REVISÃO BE TEXTO
Vera Filizola
ISBN 978-85-61865-10-8
üí
« •
WALDEMAR ALCÂNTARA
Fundação Waldemar Alcântara
Rua Júlia Vasconcelos, 100 - Pio XII
C E P 60
-! 20-320 - Fortaleza - CE
Fone: (85) 32576927 Fax: (85) 324Í2433
www.fwa.org.br
ILHOS DA DÍVIDA
No Brasil, a dívida nasceu antes do País. A certidão de nascimento é o documento expedido por D. João
VI, em 10 de novembro de 1812, que autoriza o conde de Palmela a levantar empréstimo para o "estado do Brasil"
no montante de 400.000 libras esterlinas junto à "quaisquer capitalistas" da praça de Londres a ser garantido pela
renda de uma ou de mais alfândegas do Brasil.
Pertenço à geração que cresceu ouvindo que o Brasil estava à beira do abismo. Abismo esse que mudava
de nome, mas era sempre uma ameaça ao progresso e à nossa soberania. A saúva que devorava a lavoura, o
opilado analfabeto, indolente da zona rural, imortalizado pelo gênio de Lobato na figura do Jeca Tatu e, por fim, a
dívida nacional,foram apontados entre outros como fatores impeditivos do desenvolvimento brasileiro.
O endividamento foi sempre um obstáculo no nosso caminho, assumindo proporções variáveis ao longo
do tempo, aparentemente superado pela contratação de novos empréstimos, o que gerou em alguns momentos a
insolvência do governo.
Ao longo da nossa história, sucessivas administrações perdulárias, no Império e na República,
governaram com orçamentos desequilibrados em meio a prolongados períodos inflacionários. Era o fantasma da
instabilidade econômica que nos rondava persistente. As conseqüências disso foram a desconfiança
internacional e a sujeição aos centros financeiros estrangeiros, os quais buscávamos amiúde. Tal dependência
constituía um entrave ao nosso crescimento e nos colocava na mira dos investidores externos atentos à fragilidade
das nossas finanças.
Até que fossem organizadas as instituições financeiras multilaterais, o Fundo Monetário Internacional
(FMI), o Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (BIRD), os governos se financiavam
junto à City, ou seja, os banqueiros londrinos, e mais tarde também os de Nova York. A concessão dos créditos e as
condições das operações dependiam do risco das mesmas, avaliado em rigorosas auditorias. Não era incomum a
visita de missões econômicas estrangeiras ao País para apurarem o estado das finanças públicas face a
solicitações de empréstimos. Não raro a contratação do empréstimo se vinculava à aceitação de medidas fiscais e
macroeconômicas, impostas como condicionantes inarredáveis de conteúdo oneroso sob o aspecto social e
político.
Várias foram as missões econômicas que vieram ao Brasil na primeira metade do século XX. A missão
Montagu, assim chamada devido o nome do seu chefe Edwin Montagu, ex-secretário de estado foi uma dessas
expedições precursoras. Aqui esteve em 1927, enviada a mando de banqueiros para analisar a viabilidade de um
empréstimo no valor de 25 milhões de libras solicitado aos Rothschild pelo governo brasileiro. O financiamento
destinava-se a "liquidar a dívida flutuante e colocar as finanças brasileiras em ordem". A grande dívida externa do
País, aliada à baixa cotação dos seus títulos nos mercados europeus, justificavam a prudência, argumentavam
eles. Éramos reféns dos banqueiros. A situação delicada em que nos encontrávamos fica clara nas palavras do
embaixador inglês no Brasil: "Se ele (Bernardes) é forçado a implorar por dinheiro, poderá ter que engolir a pílula
do conselho estrangeiro".
A década de 20 foi marcada pelo impacto da Primeira Guerra Mundial que pôs termo à crença idílica do
progresso contínuo, sem percalços. À explosão da demanda por bens de consumo, reprimida durante quatro anos,
seguir-se-ia uma retração econômica determinada pelo empenho dos governos em assegurarem a estabilidade da
economia. Para tal, não hesitaram em adotar medidas inflexíveis com o objetivo de equilibrar o orçamento,
retornar ao padrão ouro, aumentar a receita e combater a inflação. Não obstante o baixo grau de integração das
economias nacionais, a nova política repercutiu de forma grave sobre os países periféricos. "Uma trilha de
devastação", foi como Joslin denominou o efeito arrasador daquelas ações sobre a América Latina, aí incluído o
Brasil.
A despeito da superação da crise, com a retomada da expansão da economia mundial, as dificuldades
permaneciam. Quando Arthur Bernardes assumiu a presidência, recebeu um legado preocupante. 0 relatório do
Banco do Brasil, datado de Abril de 1924, afirmava enfaticamente que 1923 havia sido "o ano cambial mais terrível
da nossa história".
85
A eleição dele, devido às condições precárias das finanças do Brasil, foi precedida por um pacto entre os
dois maiores estados, São Paulo e Minas Gerais, celebrado por seus presidentes, Washington Luis e o próprio
Bernardes, respectivamente, que previa um rigoroso programa de saneamento financeiro. A proposta incluía a
consolidação da enorme dívida flutuante, cujas exigibilidades estavam em sua maioria em mãos do Banco do
Brasil; reorganização da administração fazendária, para reformar a elaboração e a execução do orçamento e a
contabilidade pública; a criação de uma poderosa inspetoria geral, para controlar a receita, e de um banco
emissor; a defesa do café. A luta obstinada para corrigir o déficit público levou à paralisação de obras, inclusive a
construção de barragens no Nordeste, iniciadas no governo de Epitácio Pessoa, razão de grande insatisfação
regional.
A colheita de informações e o fácil acesso às autoridades permitiu a elaboração de um relatório
minucioso "após estudos sistemáticos, conscienciosos e profundos", segundo está na mensagem presidencial
de 1924.0 diagnóstico e as recomendações que o integram estão em consonância com a orientação ortodoxa de
inspiração liberal imprimida pelo governo, cuja base teórica era o padrão ouro. A preocupação maior do governo
era alcançar o equilíbrio orçamentário, combater a inflação e restaurar o crédito do Brasil.
Admira a semelhança das sugestões inglesas, oferecidas com certo recato, com as receitas impostas ao
País pelos mensageiros do FMI, anos mais tarde, quando transitavam desenvoltos nos telejornais e ministérios.
Essas cenas, recorrentes nos anos 80, refletiam nossa vulnerabilidade, marcada por elevada dívida externa e a
crise no balanço de pagamentos. Foi quando se tornaram freqüentes as cartas humilhantes dirigidas pelos
ministros da fazenda à direção do fundo pedindo perdão (waiver) por haver descumprido metas e cláusulas
contratuais.
A publicação do documento no Diário Oficial foi antecedida de intensa negociação entre o governo e a
comissão, tendo esta se recusado a omitir a menção contrária à política em vigor para o café.
Em resumo, as principais recomendações foram as que se seguem:
- Reformulação da lei que rege o orçamento, de modo a, entre outros itens, suprimir a "cauda
orçamentária" (atribuição ilimitada de créditos adicionais sem lastro financeiro).
- Venda de ativos do governo para quitar a dívida, que abrangia a ai ienação do Banco do Brasil, Lloyd e
ferrovias.
- Assegurar que a renda seja suficiente para pagar a despesa de cada ano, excedendo-a mesmo. Todo
saldo destinar-se-á ao pagamento da dívida.
- Adiamento das despesas de capital, salvo as urgentes.
- Empréstimos deverão ser destinados exclusivamente a investimentos.
- Utilização de peritos para examinarem a consistência técnica e financeira de projetos apresentados
no curso do exercício fiscal.
- Constituição de comissão com a responsabilidade de reduzir a despesa do governo, mormente quanto
ao funcionalismo, que julgavam excessivo.
-Maior autonomia para o Banco do Brasil, cuja gestão consideravam influenciada pela política.
- Fim da isenção do imposto sobre a renda da agricultura, por ser a "indústria mais lucrativa".
- Instituição de um tribunal ferroviário, de composição mista, com a finalidade de dirimir conflitos,
sobretudo quanto ao reajuste das tarifas e a classificação de mercadorias.
- Alteração da política do governo em relação ao café, cuja defesa deveria ficar a cargo dos produtores.
- Expansão urgente dos transportes para desenvolver o grande potencial do País.
- Face à escassez de capital nacional, recomenda a atração de investidores estrangeiros associados aos
brasileiros.
Dois pleitos da comissão foram vistos com restrição pelo governo nas pessoas do Ministro da Fazenda e
do Presidente da República.
Sampaio Vidal recusou liminarmente a permanência de um consultor inglês junto ao ministério a título
de acompanhar a implantação e continuidade das medidas propostas.
No último encontro com Bernardes, às vésperas do retorno a Londres, Montagu pressionou o presidente
para que este concordasse com a venda do Banco do Brasil. Uma concordância matreira embutia a convicção de
que a opinião pública e os políticos rejeitariam a idéia.
Finalmente, concluem os signatários pela rápida liberação do empréstimo, tendo em vista a disposição
do governo de aplicar medidas de austeridade. O embargo informal do governo inglês à contratação de
empréstimos com governos estrangeiros adiou sua concretização para 1926.
Com o fracasso do empréstimo, foram comprometidos dois objetivos fundamentais do governo: a
consolidação da dívida flutuante e a criação de um Banco Central destinado a revalorizar a taxa de câmbio.
Pressionado pela inflação e o déficit público, com o apoio de um grupo de políticos conservadores, liderados pelo
deputado mineiro Antônio Carlos, ex-ministro da Fazenda, Bernardes tomou medidas administrativas e
legislativas deflacionistas que levaram ao pedido de demissão do ministro da fazenda e do presidente do Banco do
Brasil.
A divulgação do relatório suscitou, como não poderia deixar de ser, discussões na imprensa e no
parlamento. De um modo geral, as críticas mencionavam a aceitação dos seus termos como uma humilhação,
vindo a se concentrarem em temas delicados, como a venda do Banco do Brasil e outras empresas públicas.
Nesse clima, o embaixador britânico chegou a afirmar que a oposição assumia a postura de que" o relatório é uma
tentativa de fazer do Brasil uma colônia inglesa".
A publicação do documento deu a conhecer as condições indispensáveis a obtenção do empréstimo, o
que contribuiu para reduzir a oposição ao projeto. A manobra colocou Bernardes ardilosamente na condição de
mediador entre os credores e o Congresso brasileiro, permitindo-lhe obter concessões de ambas as partes.
A lista de recomendações da comissão Montagu, lida com atenção, permite identificar o embrião de
propostas só mais tarde admitidas. Sinal de que, em economia, há pouco de novo sob o sol, além da atualidade de
conceitos simples e eficazes nem sempre reconhecidos.
0 tribunal ferroviário seria a agência reguladora de hoje; a associação de capitais, as joint ventures
contemporâneas; a produção de saldos orçamentários o superávit primário tão cobrado dos gestores públicos; a
privatização de empresas estatais, a panacéia resgatada pelo neo-liberalismo; os funcionários públicos a fonte de
todos os males.
A renegociação das dívidas de estados e municípios em 1997, que organizou um passivo que crescia
assustadoramente, e o advento da lei de responsabilidade fiscal deram início a uma era de equilíbrio econômico
que o País há muito não conhecia.
A continuidade política ensejou a liquidação da dívida externa, o acúmulo de reservas robustas e nos
tornou credor do FMI. Confesso ter me imbuído de orgulho patriótico, ingênuo talvez, ao testemunhar o Brasil alçar
essas conquistas.
A estabilidade econômica é um patrimônio da nação pelo qual urge zelar em sua constância. Grandes
empreendimentos seduzem governantes, os quais, na ânsia de realizá-los, adoecem as finanças, impondo ao
povo sacrifícios desnecessários. Mesmo o austero Bernardes, no curso das discussões com os ingleses, chegou
a insinuar pedido de empréstimos para realizar o sonho da indústria siderúrgica e da transferência da capital para o
interior, ambos descartados de forma sutil pelo chefe da delegação.
A explosão da dívida pública que faliu a Grécia e colocou outros países na fila é a maior evidência de que
o monstro continua vivo. Ao menor descuido, irrompe furioso.
A advertência, inscrita no já mencionado relatório do Ministério da Fazenda, permanece atual. E um
alerta para o risco à "ansiedade indômita de crescer depressa" e à "política de iniciativas arrojadas" quando
minguam os meios para realizá-las.
Por igual não custa atentar para o alerta que veio no "Retrospecto Comercial do Jornal do Comércio"
(1925): "No Brasil temos tido, em grande escala, a corrente que prega a necessidade de uma política dinâmica de
propulsãoeconômicaà custa de todas prodigalidades, até do próprio papel moeda."
Lúcio Alcântara
Lúcio Alcântara é médico, político.escritor, membro da Academia Cearense de Letras e membro fundador da Fundação Waldemar Alcântara.
O'
ETERNO PAIS DO FUTURO?
O Brasil parece que finalmente está a caminho de se livrar da fama de eterno país do futuro.
De certa forma, essa fama surgiu de nossa incapacidade de enfrentar e resolver problemas já
identificados no passado. Diagnósticos sobre a situação do País, feitos não há 10,20 ou 30, mas há 80
anos, ainda são incrivelmente atuais.
Um bom exemplo disso é o relatório feito em 1924 por uma equipe de técnicos da Inglaterra, a
pedido do então presidente Arthur Bernardes, analisando a situação do País e recomendando políticas
para seu desenvolvimento (Diário Oficial - Estados Unidos do Brasil, 29 de junho de 1924).
Veremos a seguir que há oito décadas, antes de FMI, Banco Central, capitais financeiros
voláteis, Consenso de Washington, Globalização, etc, já éramos um país de enorme potencial e com
problemas importantes a serem enfrentados.
"Finalmente, desejaríamos mais uma vez dizer como ficamos profundamente impressionados pelas
illimitadaspossibilidades do seubellopaizepela alta intelligencia e encantadora bondade de seus concidadãos"
"Desejamos a V. Ex., e aos seus cidadãos todo o sucesso possível no levantamento da fortuna de um
nação que, como auguramos, pôde offerecerao mundo um exemplo de prosperidade, paz e prestigio".
A receita básica para viabilizar o crescimento sustentável do País já era apresentada naquele
momento:
"Si um systema financeiro sadio e a estabilidade da moeda puderem ser conseguidos e mantidos, si os
recursos da sua magnifica herança forem devidamente desenvolvidos e si o capital necessário para esse fim for
bem acolhido e tratado, estamos convencidos de que o augmento e prosperidade do Brasil, em annos próximos,
poderão chegara altura que V.Ex.,e os seus amigos estrangeiros desejam".
Para garantir o equilíbrio macro, a recomendação principal era a construção de uma política
fiscal sólida, baseada em orçamentos públicos criteriosos e garantidores de contas públicas
equilibradas:
"O ponto fundamentai, para o qual desejamos chamar a attenção deV.Ex., éa urgente necessidade de
ser o orçamento equilibrado. Com isto, queremos dizer que toda a despesa, realisada annualmente peto
Governo, excepto a de capital, que seria especialmente custeada com os empréstimos levantados para esse fim,
deve ser inteiramente coberta pela receita arrecadada dentro do mesmo período".
Se tivéssemos escutado os ingleses, não teríamos tido nossos enormes problemas com
inflação e crises externas nas décadas seguintes:
"Esses deficits repetidos devem ser evitados de futuro, si se quer restaurar o credito do Brasil. Si isso
não ficar assegurado, a situação das finanças publicas peiorará de anno para anno; o peso da divida será
augmentado pondo a circulação em perigo de inflacção e os empréstimos externos serão obtidos com grande
sacrifício para o paiz".
"1o - si, tendo relação com o programma do governo, a divida publica e todas as outras matérias
relevantes, a natureza do projecto é tal que para o governo se torne conveniente interessar-se pelo mesmo; 2° - si
o orçamento é econômico ou exhorbitante; 3o - si o projecto é realmente de obra reproductiva; 4o - si offerece
garantias para o capital a ser nelle empregado; 5o - si o plano technico é bom e; 6° - si o plano financeiro é
satisfactorio, não só quanto aomethodo como quanto á sufficiencia dos recursos que produzirá".
Ou seja, a recente "inovação" que o FMI acertou com o Ministério da Fazenda de permitir
redução do Superávit Primário, leia-se aumento da dívida, para financiar investimentos de comprovada
eficiência e taxa de retorno, já era defendida em 1924.
A preocupação pela eficiência dos gastos públicos e acompanhamento dos gastos dos órgãos
do governo, que hoje são trabalhados pelas controladorias internas, também já era presente:
fazer um inquérito sobre a despesa das diversas repartições do Governo Federal, com fim de conseguir as
maiores economias possiveis e verificar si o dinheiro pago pelos contribuintes, para occorrer ás despesas
dessas repartições, é parcimonialmente dispendido".
Não só a eficiência dos gastos era defendida, mas também a eficiência das receitas. Ou seja, o
fisco deveria procurar os recursos públicos através de impostos que fossem justos aos cidadãos. Já
naquela época era diagnosticado um problema que só fez se agravar, que é a excessiva concentração da
arrecadação em impostos indiretos em detrimento dos diretos.
"Os impostos indirectos têm-se desenvolvido e extendido em maior escala do que os directos".
"0 imposto de importação, cuja parte ouro é de 60%, actualmente, o de consumo e o de vendas
mercantis attingindo conjunctamente á communidade em geral, devem pezar muito sobre as pessoas de pouca
renda, emquanto o imposto sobre a porção rica da communidade é relativamente pequeno devido á
insignificancia da taxação directa".
"Não temos duvida de que, apesar da conveniente preparação da capacidade tributaria ser matéria que
só poderá ser realisada por medidas graduaes, apolitica de V. Ex. e dos seus successores deverá será deporem
vigor um bem elaborado systema de impostos directos, asseguradores de que os cidadãos ricos contribuam
para as despesas do governo numa extensão que fará com que supportem uma proporção rasoavelno fardo que
já recai sobre os menos afortunados".
A prática de políticas de incentivos fiscais era aceita, mas a recomendação era na direção de
políticas horizontais, que beneficiam a todas empresas de um mesmo setor, e não verticais, que
beneficiam apenas empresas escolhidas.
©:
"São de lamentar as isenções de impostos dadas por essencial concessão a determinadas empresas.
Entendemos que essa isenção não pode ser dada por contracto especial a determinados concessionários. Si se
considera essencial para animar taes ou quaes empresas a isenção de impostos por um certo período, essa
isenção deve ser estendida a todas as empresas do mesmo gênero".
O diagnóstico das empresas com pessoal não poderia ser mais atual. Em resumo, a leitura era
de que no serviço público predominava a quantidade e não a qualidade.
"0 nosso exame das despesas do Governo deixou-nos impressionados com o grande numero de
funccionarios públicos. Basta observar que a superfluidade de funccionarios constitue um fundo sorvedouro das
finanças publicas; que por muitos annos o Estado será inutilmente sobrecarregado com despesa considerável
de pensões e que muitos desses homens poderiam ser mais proficuamente aproveitados em trabalhos
pruductivos na industria".
Por outro lado, ficava claro que a melhoria da qualidade do servidor passaria por uma redução
da quantidade. Só assim seria possível financiar salários compatíveis com as competências e qualidades
demandadas:
"... ao mesmo tempo que o numero deve ser reduzido os vencimentos precisariam ser revistos e
elevados em alguns casos".
"O serviço publico nunca poderá ser realmente efficiente e satisfactorio si a todos os servidores não
estiverem asseguradas remuneração justa e carreira aberta à competência com promoções por merecimento,
livres da influencia politica".
"Estamos, porém, convencidos de que o desenvolvimento do Brasil está sendo retardado por falta de
transportes equea producção de cereaes, a exportação de mineraes, a distribuição da população necessária e o
emprego de capitães dependem essencial e principalmente da conveniente diffusão de facilidades ferro-
viárias".
"É essecial, em qualquer tentativa para augmentar as riquesas do Brasil, que as suas exportações
sejam conveniente e vigorosamente desenvolvidas".
Já era diagnosticado que o País não poderia preceder da poupança externa para financiar seu
desenvolvimento:
"... parece-nos evidente que o Brasil não tem actualmente recursos necessários para prestar efficiente
auxilio ao desenvolvimento do seu vasto território. O capital estrangeiro é hoje indispensável ao Brasil".
"Si se disser que qualquer preconceito contra o capital estrangeiro está circunscripto aos ignorantes a
aos mal informados salientaremos perante V. Ex. que é perigoso, para o bem estar do paiz, permittir-se que taes
sentimentos criem raízes".
Concluímos com uma interessante sugestão dos ingleses em relação ao capital estrangeiro. A
proposta era de que uma proporção dos investimentos externos fosse direcionada para subscrição de
acionistas brasileiros. Além disso, era recomendado que o Governo Federal tivesse uma participação
nos lucros das empresas e que tais lucros fossem repartidos com os estados:
10
"Não aconselhamos a V. Ex. que acolha o capital estrangeiro incondicionalmente; uma excellente
condição seria a de que o capital estrangeiro chegasse aqui associado ao capital nacional e partilhasse os lucros
das empresas de que os brasileiros também fossem sócios".
"Pensamos que o Governo brasileiro deveria providenciar para que nas futuras empresas uma
proporção do capital em acções fosse offerecida á subscripção dos brasileiros. Pensamos que o Governo
brasileiro deveria partilhar dos lucros liquidos das novas empresas que exijam um contracto com elle e que
tenham sido organisadas com esse propósito, não assumindo, porém, qualquer responsabilidade de direcção.
Em certas circunstancias esta participação do Governo nos lucros liquidos deveria ser dividida entre o Governo
Federale dos Estados".
Neste sentido a lição principal que tiramos é que o novo, em termos de políticas públicas é
simplesmente fazer o velho.
Marees Holanda
Marcos Holanda tem doutorado em Economia - University of Illinois (1993). Atualmente é pesquisador do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Professor Titular da Universidade Federal do Ceará. Foi fundador e primeiro
Diretor Geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).
ESTADOS UNIDOS D
REPUBLICA. FEDERAI.
iíNNO LXIIÍ — 36" DA REPUBLICA —N. Í58 CÀPITAX FEBERAL BOMIHGO, 29 DE ítfNHO BE 19M-
1?
O tB.xto atua!
RELATÓRIO
DA
MISSÃO INGLESA
13
15283 Domingo 30 BI,%RIQ ffRFiq&L Jnnb& ^ f m
O orçamento cie 1923 fechou com um déficit de tf — " O r ç a m e n t o " é-a proposta do Ministro da Fazenda,
222.Í 55 contos de réis. Calcula-se Que em .1924 haverá u m p a r a arrecadar a receita necessária.
saído de 75.508 corros, mas isto c apenas previsto pela
<-r) — " Sancção do Thesouro " é a auetorisação dada pelo \
omissão da despesa de 75.000 contos de gratificação a em- Ministro da Fazenda, directamente ou por intermédio de iunc-
pregados (2) e pela iudusão na receita de 10.000 contos de cionaríos do seii ministério, sujeita-; está claro, & approvacno
dividendos do Banco do Brasil c 7.210 canto:; de outras rendas, do Presidente.
com appHcsção especial para resgate de papel-moeda, e:
30.000 contos a serem obtidos com a veada de apólices. N . B.- — O principio em que o schema c baseado é*. que
a despesa d e qualquer anuo não deve exceder a receita
H a , além disso, a somma de 753.538, contos de réis r&
do mesmo anno, a usando a palavra " r e c e i t a ' " ou " r e i
•presentando créditos supplementares de annos anteriores e
c u r s o s " , excluímos receita ou recursos provenientes de em-
revigorados em 1 de janeiro de 1924, c novas auctori:ações
préstimos- de qualquer natureza.
p a r a o mesmo anno.
Nessas condições é incerta a perspectiva de um saldo em I o — O Ministro encarregado de tuna repartição mi grupo
1924. de repartições preparará a sua proposta para o anno segtánte-
1 ara saneçãò do Thesouro.
Esses déficit.'; repetidos devera ser evitados- de futuro, si
se qner restaurar o -credito do Brasil. 2 o — Essas " estimativas " (ou propostas) Jião incluirão
Si issp não ficar assegurado, a situação das finanças pu- qualquer proposta' para nova despesa que não tenha, sido de- •„
terminada e especificamente recebido saneção prévia do The- ,
"Wicas peioraríi rlc anno para armo ; o peso cia divida será aug-
soitro.
'rmenUido pondo a circulação em perigo de inflacção e os em-
prestiraos externos serão obtidos com grande sacrifício para 30 — Quando qualquer Ministro achar que convém incluir '
o paiz. rima verba nova de despesa no anno seguinte, em qualquer
época do anno que se forme esta sua convicção, escreverá
AUribuimos as dificuldades d a situação, em parte, ás
uma carta ao Miuist-ro da- Fazenda pedindo- a. approvação
íictuacs disposições do orçamento, e. com o fim de corrigil-as,
do Thesouro. .
apresentamos as seguintes notas ao Ministro da Fazenda.
2ví.flo ha, na nossa opinião, esperança- de natural equilíbrio do 4 o — Todos esses pedidos serão submettidos á " Secção de
orçamento, ouojuauto persistir o actual .systema-de elaboração Estimativas d o Thesouro ", que examinará a proposta, e pre-
•íln respectiva lei. Um. systema que reúne créditos ordinários stará mformaeoes ao Ministro dá Fazenda. A " Secção de Es-
c supplementares esBeciaes e- tstraotdínarios, que mistura timativas dn TofiSouro " é vos. corpo de funecionarios rfc The-
-atictort ações' de despesas cora. attçtqri ações para fazer renda; souro, especialmente escolhidos para esta. commissao e eajos
o
•que combina projec-tos de, empréstimos,, com. projectos de i m - devetes conásfarfam em-: I — examinar completa e otElu-
postos, que incluc no orçamento créditos para os quaes não sivarnente, em todas as suas faces, as sttggestões de novas
houve estimativa alguma, nem foram consignados: recursos, despesas emanadas das repartições, antes de taes despesas j
significa, com effeito. que não h a propriamente u m systema serem, incluídas nas " estimativas" (ou propostas) prepa- j
orçamentário no Brasil. Por outro lado reconhecemos que o radas pelas mesmas repartições e prestando, dás suggestões \
Governo está attento a isso e fazendo grandes esforços p a r a alludidas. ínfcemações ao Ministro da Fazenda ; i° — vefi- '
-melhorar os processos orçamentários- e, portanto, para asse- ficar si essa jaova. despesa, quando subseqüentemente appa-
£itr?.r o que nós e o Governo consideramos o prímejro passo, recer n a " estimativa "' (ou proposta), preparada nas repar-
p o r assim dizer, para a- restauração âo systema finaac^iro d s tições* está d&accôrdo com-a limitação em quefoi apresentada
ao Ministro da. Fazenda ; 3° — examinar a despesa que não
Brasil — o equilíbrio .do orçamento. Suggerímos o ichema
fot nova c -prestar «formações- ao~Mimstro da ^íraetídt», caso
' ou plano abaixo. Tí importante desde já ter a comprehcnsfio
isso se faça necessário ; e 4o — obter e coordenar durante o
clara da significação dos'termos de que ttsamos.
armo igformwyjes. a cerca das administrações das. diversas, re-
n) —- " E s t i m a t i v a s " (ou pro{G's-a) significam o cos-- partições, sea -pessoal é capacidade de trabalho fàbellas dé.
jnncto das demonstrações organisadas pelo Ministro ordenador vencimentos e custo dos diversos serviços e emprehendimentos,
•da despesa referente a.qualquer anno e que eile propõe para o de modo a instituir comparações, desprezar methodos e re- 1
•armo seguinte, não só em novas como em anteriores verbas, formas antt-economieas. recommendar á consideração do Mi- '
inas sem incluir disposições para financiar qualquer empre- rastro da Fazenda economias e reorgani-ações ufeís e trazer. <
hendimenta por meio de- empréstimos ou qualquer despesa ao seu exame todos os projectos novos ou despesa de qualquer <
para a-qual o empréstimo seja necessário. Quando o Congresso origem e os resultados da experiência colhidos em todas as - (
a p p r o v a as "-estimativas" (ou proposta), auetori a os cré- .repartições. .í
ditos necessários para- custear as despesas estabelecidas pelas
mesmas. Ê indispensável o exame do Congresso, pois este -5° — Seta. Jitil o entendimento entre o Ministro da Fa- <
exame importa em -subsequente approvação das esturia:- acuda- •« 06. s««s etfflegas, mas estabelecida a- p r í r o g r ó v a r t k (
tivas " (ou proposta) para levantar a receita-necessária. - saneçãò do ü j e s o u r o ser dada ou recusada Guando um pedtçfo £
recebesse a.- saneçãò do Ministro da Fazenda, a despesa certa j
.Vota du lr-.i<hiator: conforme eÜ& tivesse determinado, poderia ser incluída v*
(2) — "":•-; r - J LjT*. "estimativa" (ou proposta) a ser elaborada para a reparfciffúü
I
17
1-S284_ D o m i n g o 20 DIARTO OFFTCÍAL Juiilio d c . . i 9 2 i
espectiva. Isso serín, decerto, da maior conveiúcncia para i ) — u m a margem prudente, para o caso de falhar o seu
assegurar que a s propostas dos diversos ministérios e repar- calculo de arrecadação dos impostos-; e,
tições fossem preparadas p o r idênticos processos c, afim de c) — uma nova margem para prover a somina destinada
familiarisar os ministérios com as exigências do Thesouro, ao pagamento decorrente dos créditos supplementares que se
'tro representante deste, funccionario do Ministério da Fazenda, t o m e m necessários no anuo seguinte para as despesas impre-
deveria, sec permanentemente destacado p a r a cada repar- vistas. Verificar-se-á, com a pratica, que em tempos normaes
tição, Se esses delegados do Thesouro sempre que fosse op- será fácil fazer ura calculo exacto dentro dos prováveis limites
(Xirtuno discutissem princípios geraés, sob a presidência do dos créditos supplementares.
sccretaxío do Ministro da Fazenda, u m a .bôa ligação estabe-
12" — Chamam-se "estimativas sttpplementares" as que
iecer-se-ia entre o Thesotrro e as varias 'repartições-, o que séria
quando approvadas pelo Congresso, auetorisam a abertura
de- grande utilidade, p a r a o preparo das "estimativas" (ou pro-
de créditos p a r a custear despesas imprevistas e que se en-
posta) Figttè "bem claro, comtudo, que esses representantes
quadrem nas primitivas "estimativas" (ôu proposta) appro-
do Tbesouroiião terão auetoridade para.approvat "estimativas."
vadas pelo CongTesso.
í o a proposta) ou garantir a sua approvaçáo, ou mesmo para
invadir as íuneções especiaes d a "Seoção d e .Estimativas Taes "estimativas supplernentares" não perturbam ás
do Tliésouro". As suas íuncçõcs serão as d e se famiKari- disposições do orçamento e devem ser reduzidas a proporções
sarem com o assuropto e informar as repartições a que esti- mínimas.
verem addidos das regras geraes e novas ordens-para a pre- O Ministro da Fazenda, cuja saneção terá de ser obtida
paração das "estimativas" (ou proposta) e a coordenação para apresentação das "estimativas" (ou proposta) ao Con-
de metbodos que podem ser filiados de tempos em tempos gresso, fará tudo q u a n t o ao sea alcance estiver para desanimar
p'eia- "Secção de Estimativas do Thesouro", sob a direcção e desapprovax taes creclitos. O Congresso entraria assim nos
do Ministro d a Fazenda, O delegado permanecerá na xepar- hábitos de tratai-os com a m a i o r axeurnspecção para evitar
tíção ein que for servir o tempo sufiiciente para. adquirir o abusos.
coahedmento da mesma e poder aurilial-a n o seu trabalho _N5o seriam apresentadas em relação a despesas de ca-
financeiro, m a s não t ã o longo que o faça perder a identificação racter adiavel, mas t ã o somente para despesas que fossem
de vistas com o Thesouro de que é representante. indispensáveis e urgentes.
6° — Quando todos os ministros tiverem preparado as As "estimativas" (ou proposta") não devem ser apresen-
suas "estimativas" (ou proposta), antes de apresental-as ao tadas quando se tratar de despesa que uossa, sem inconve-
Congresso, irão, corno actualmente, discutil-as com o Mi- niência, ser adiada a t é o armo seguinte mas, de bom grado
nistro da Fazenda, devendo a discussão versar sobre todos devem ser admittidas quando forem reaJmente solicitadas,por
os projectos novos que já receberam a. sua sancçüo, e pro- circumstaneias imprevistas, quando o calculo de despesa de
curando-se principalmente corrigir os totaes das propostas qualquer Ministro for excedido. Quando inevitáveis, podem
dentro dos recursos do Governo. ser apresentadas logo que se verifique que a "estimativa"
para a repartição respectiva, é insufncicnle.
". ; 7" — As "estimativas" (ou propostíi) de todos os minis-
. ,)ÜS p a r a o-aiino seguinte (exeepto as despesas de capital), 13" — Nenhuma despesa será permittida, excepto a que
.após cuidadosa investigação e reducção, serão apresentadas estiver contida na "estimativa primitiva", approvada pelo
ao congresso. Isso será feito t ã o acuradamente q u a n t o for pos- Congresso antes do começo do armo, inclusive as sommas
sivel, o mais tardar, no armo anterior ao em que as "estima- n'ecessari'>s para o serviço dos emprestámos em circulação e a
tivas" (ou proposta) scrr.o apresentadas, de aecõrdo com a auetorisada na "estimativa supplemcntar" provada ser in-
necessidade da própria discussão e exame pelo Congresso para evitável no correr do anno respectivo.
serem adoptadas em defini tivo no anuo seguinte. 13" (et) — As "estimativas" (ou proposta) devem incluir
8 o — Quando essas, "estimativas" (ou proposta) forem a despesa de manutenção das empresas industriaes dirigidas
approvadas pelo Congresso, serú dada a necessária auctoii- pelo Governo c o orçamento deve incluir quaesquer receitas
saçSo para abrir créditos relativos ás despesas úeeorrcntes dessas empresas, de sorte que o publico saiba do lucro ou pre-
d a acceitaçSo das mesmas. juízo que as mesmas derem. Devem também incluir, quando
9° — Depois que as "estimativas" (ou proposta) forem fixada, a somma anuual consignada para reducção da dívida.
acceitas pelo Congresso, o Ministro da Fazenda apresentará 14" — A margem consignada no orçamento pódc ser ínsuf-
e sustentará, perante o mesmo Congresso, o seu orçamento ficiente para cobrir as "estimativas s u p l e m e n t a r e s " que se
que provera os meios e recursos para custear as "estima- verificarem ser indispensáveis. Desenhando-ss assim a proba-
t i v a s " acceitas, bilidade do m u deficit, deve ser apresentado um orçamento
10" 0 orçamento incluirá a quantia necessária para os supplemcntar para prover á necessidade de renda addicional
serviços dos vários empréstimos em circulação, mas não in- pela creação de novos impostos.
cluirá quaesquer propostas para empréstimos. Yer-sc-á na pratica que esses orçamentos supplementares
11° — 0 Ministro da Fazenda, ao organisar o orçamento, .serão raramente necessários c que provavelmente s<3 serão
estabelecerá: precisos no caso de craves emergências naciouacs virem aug-
f) ~ quantia sufiiciente para custear as verbas; mentar as "estimativas supplcmentarcí".
18
respectiva. Isso seria, decerto, da maior conveniência para seu calculo de arrecadação dos impostos; e,
assegurar que as propostas dos diversos ministérios e c) — uma nova margem para prover a somma
íepaniçòes fossem preparadas por idênticos processos e, afim destinada ao pagamento decorrente dos créditos
de faniiliarisar os ministérios com as exigências do Thesouro, supplementares que se tornem necessários no anno seguinte
uni representante deste, funecionario do Ministério da para as despesas imprevistas. Verificar-se-á, com a pratica,
Fa/enda. deveria ser permanentemente destacado para cada que em tempos normaes será fácil fazer um calculo exacto
repartição. Se esses delegados do Thesouro sempre que fosse dentro dos prováveis limites dos créditos supplementares.
opporluno discutissem principios geraes, sob a presidência do
12° — Chamam-se "estimativas supplementares" as
secretario do Ministro da Fazenda, uma bôa ligação
estabelecer-se-ia entre o Thesouro e as varias repartições, o que quando approvadas pelo Congresso, auetorisam a
que seria de grande utilidade para preparo das "estimativas" abertura de créditos para custear despesas imprevistas e que
(ou proposta). Fique bem claro, comtudo, que esses se enquadrem nas primitivas "estimativas" (ou proposta)
representantes do Thesouro não terão auetoridade para approvadas pelo Congresso.
approvar "estimativas" (ou proposta) ou garantir a sua Taes "estimativas supplementares" não perturbam as
approvação, ou mesmo para invadir as funeções especiaes da disposições do orçamento e devem ser reduzidas a proporções
"Secção de Estimativas do Thesouro". As suas funeções serão mínimas.
as de se familiarisarem com o assumpto e informar as O Ministro da Fazenda, cuja saneção terá de ser
íepaniçòes a que estiverem addidos das regras geraes e novas obtida para apresentação das "estimativas" (ou proposta) ao
ordens para a preparação das "estimativas" (ou proposta) e a Congresso, fará tudo quanto ao seu alcance estiver para
coordenação de methodos que podem ser fixados de tempos desanimar e desapprovar taes créditos. O Congresso entraria
em tempos pela "Secção de Estimativas do Thesouro", sob a assim nos hábitos de tratal-os com a maior circumspecção
direcção do Ministro da Fazenda. O delegado permanecerá na para evitar abusos.
repartição em que for servir o tempo sufficiente para adquirir Não seriam apresentadas em relação a despesas de
o conhecimento da mesma e poder auxilial-a no seu trabalho
caracter adiavel, mas tão somente para despesas que fossem
financeiro, mas não tão longo que o faça perder a
identificação de vistas com o Thesouro de que é indispensáveis e urgentes.
representante. As "Estimativas" (ou proposta) não devem ser
apresentadas quando se tratar de despesa que possa, sem
6o — Quando todos os ministros tiverem preparado inconveniência, ser adiada até o anno seguinte mas, de bom
as suas "estimativas" (ou proposta), antes de apresental-as ao grado devem ser admittidas quando forem realmente
Congresso, irão, como actualmente, discutil-as com o solicitadas por circumstancias imprevistas, quando o calculo
Ministro da Fazenda, devendo a discussão versar sobre todos
de despesa de qualquer Ministro for excedido. Quando
os projectos novos que já receberam a sua saneção, e
inevitáveis, podem ser apresentadas logo que se verifique que
procurando-se principalmente corrigir os totaes das propostas
dentro dos recursos do Governo. a "estimativa" para a repartição respectiva, é insufficiente.
T — As "estimativas" (ou proposta) de todos os 13° —Nenhuma despesa será permittida, excepto a
ministros para o armo seguinte (excepto as despesas de que estiver contida na "estimativa primitiva", approvadapelc
capital), após cuidadosa investigação e reducção, serão Congresso antes do começo do anno, inclusive as sommas
apresentadas ao congresso. Isso será feito tão acuradamente necessárias para o serviço dos empréstimos em circulação e a
quanto for possível, o mais tardar, no armo anterior ao em que auetorisada na "estimativa supplementar" provada sei
as "estimativas" (ou proposta) serão apresentadas, de accôrdo inevitável no correr do anno respectivo.
com a necessidade da própria discussão e exame pelo 13° (a) — As "estimativas" (ou proposta) devem
Congresso para serem adoptadas em definitivo no anno incluir a despesa de manutenção das empresas industriaes
seguinte. dirigidas pelo Governo e o orçamento deve incluir quaesquei
8o — Quando essas "estimativas" (ou proposta) receitas dessas empresas, de sorte que o publico saiba do lucro
forem approvadas pelo Congresso, será dada a necessária ou prejuízo que as mesmas derem. Devem também incluir,
auetorisação para abrir créditos relativos ás despesas quando fixada, a somma annual consignada para reducção da
decorrentes da acceitação das mesmas. divida.
9o — Depois que as "estimativas" (ou proposta) 14° — A margem consignada no orçamento pôde
foi em acceitas pelo Congresso, o Ministro da Fazenda
ser insufficiente para cobrir as "estimativas supplementares'1
apresentará e sustentará, perante o mesmo Congresso, o seu
orçamento que provera os meios e recursos para custear as que se verificarem ser indispensáveis. Desenhando-se assim a
"estimativas" acceitas. probabilidade de um déficit, deve ser apresentado urr
10° — O orçamento incluirá a quantia necessária orçamento supplementar para prover á necessidade de renda
paia os serviços dos vários empréstimos em circulação, mas addicional pela creação de novos impostos.
não incluirá quaesquer propostas para empréstimos. Ver-se-á na pratica que esses orçamentos
11° — O Ministro da Fazenda, ao organisar o supplementares serão raramente necessários e que
orçamento, estabelecerá: provavelmente só serão precisos no caso de graves
a)—quantia sufficiente para custear as verbas; emergências nacionaes virem augmentar as "estimativas
b) — uma margem prudente, para o caso de falhar o supplementares".
%£&&*&$
D o m i n g o 20 _D',/-..'UO O ^ _ ^ - ^ _ _ _ ..funlio de -Í9U 1528J
15» — Xas actuaes círcumstancías do Brasil e afim de É bccj provável que aqueües que estão mais familian- '
auxiliar a reduzir as despesas e a manter o credito interno e sados do q u e pensamos estar com a situação do Brasil comi- I
externo, deveria ser determinado por lei que todos os saldos derem este exame pericial desnecessário c, .se assim foi-, nada j
verificados fossem automaticamente empregados na reducção t í m de premente estas suggestGes. 1
da divida, I-ogo que fosse possivel seria feita no orçamento - 1 " — Mas. consideramos como altamente conveniente I
uma fixação aimual de certa quantia destinada á reducção que a com-nissão ou lista de peritos seja aconselhada ao Cou- I
<!a divida, líssa quantia não seria, jamais, levantada ou em- cresse desde que haja qualquer novo projecto de despesa de I
pregada para qualquer outro fim e representaria a somma capital e q u e se deveria proceder ás seguintes indagações: j
ininima des"tinada á diminuição da divida, á qual seriam in- 1* — s>i tendo relação com o programma do governo, a divida í
corporados os saldos verificados no fim do armo. publica c todas as outras matérias relevantes, a natureza do ?
15° (a) — As importâncias consignadas para fins espe- projecto ê i a l que para o governo se torne conveniente iate- \
.ciaes jamais seriam levantadas ou- empregadas cm outros. ressar-se pelo ínesmo ; 2" — si o orçamento é econômico ou '
16" — N a d a de quanto t e m sido escripto até aqui se exhorbitante ; 3" — si o projecto ê realmente de obra repro- j
refere á despesa de capitai. duetiva ; 4* - - si offerece garantias para o capital a ser nelle 1
Qualquer projecto de despesa por conta de capital deve empregado ; 5"—si o plano technico é bom ; e 6° — si o plano :
ser determinado por lei e'pecial do Congresso e completamente financeiro é satistactorio, não só quanto ao methodo como
separado do orçamento ou das "estimativas". quanto á soíficiencia dos recursos que produzirá.
17" — Qualquer lei dessa natureza indicará, com todas 22° — O processo OTçamvKtario achiia descripto :
as minúcias, a empresa que se propõe a r e a l i s a r o cmprehen- a) — deve assegurar que a renda seja sufEciente para
dimento, urna. estimativa da despesa respectiva, a taxa a que a despesa d e cada anuo, excedendo-a mesmo ;
.cila será feita e a forma pela qual os fundos serão obtidos.
b) — separará a despesa de capital da despesa por conta
18° •— Quando esse projecto for devidamente approvado, da renda :
o serviço do novo empréstimo será incluído nas "estimativas"
c) — separará as auetorisações de despesa das aueto*
da repartição competente para os annos seguintes c os fundos
rísações p a r a levantar a renda necessária, afim de cobrir essa
-para o serviço de juros c amortisação serão consignados nos
despesa ;
futuros orçamentos.
A receita liquida do emprehendimento realisado figurará â) — abolirá os créditos especiaes c extraordinários é a
como renda, disponível nos futuros orçamentos. cauda do orçamento ;
19° —"--No actual estado das finanças do Brasil, seria <r) — evitará que o Ministro da Fazenda tenha que en-
conveniente adiar, tanto quanto possivel todas a s novas frentar despesas, e m qualquer anno, para a qual não haja pro-
despesas por conta de capital. D e nenhuma despesa nova de visão feita n o orçamento ;
capital, excepto para os trabalhos de caracter urgente e in- / ) •— limitará as "estimativas" supplementares ás des
evitáveis, se deveria cogitar ainda que houvesse a probabili- pesas realmente imprevisiveis antes do começo do anno finan-
dade de ser reproduetíva, fornecendo receita proporcional ceiro e a o tempo da apresentação das "estimativas" primi-
permanente. tivas.
20" — Parece-nos altamente conveniente que (a) antes N . B . — Afim de dar ao novo schema um bom iim-'/
do Congresso acceitar as "estimativas primitivas", no caso e para ctMseguir a s economias necessárias ao actual estado
de surgir a necessidade de supplementares, como satisfação das finanças brasileiras, sobretudo no que concerne á reducção
aquelle poder deve-se informar que ellas são inevitáveis, do pessoal d a s repartições publicas, uma, commissão de homens
não podendo ser adiada para annos seguintes e foram real- práticos, independentes, á semelhança da "Commissão &3<i-
m e n t e impossíveis de prever ao. tempo da elaboração dás "es- d è s " na Inglaterra, deverá ser instituída. Essa commissão seria
timativas primitivas'' ; e, além disso, (b) afim de se verificar auetorisada a fazer u m inquérito sobre a despesa das diversas
si todas as "estimativas" para os novos projectos receberam repartições d o Governo Federal, com o fim. de conseguir as
convenientemente a sancç.ão do Thesouro, essas "estimativas" maiores economias possíveis e verificar si o dinheiro pago pelos
seriam examinadas por peritos financeiros e technicos, inde- contribuintes, para oceorrer ás despesas dessas repartições,
pendentes. — não pelos que servem junto aos ministérios c ú parcimomosamente dispendido. A cada repartição se recom-
responsáveis pelas "estimativas" communs supplementares, mendaria apresentar as "estimativas" para o anno seguinte,
mas por peritos, estranhos. ao mesmo tempo q u e se solicitaria aos ministros a que se acham
Si estes peritos devem formar u m a lista a disposição do ellas sujeitas a apresentação de reducções que, a seu juízo,
actual relator do orçamento, ou si o relator do orçamento deve possam ser feitas na actual grave situação, sem serio e per-
d e s a p a r e c e r o ser substituído por dois outros familiarísados manente prejuízo p a r a o bem estar do Brasil. A cominissão
examinaria, então, as propostas de reducção feita pelos di-
respectivamente com o exame das "estimptivas" c com o exame
versos ministros com o fim de ver si não poderiam ser maiotes
do orçamento, é matéria para estudo
c para suggerir outras reducções que não tenham occonido
Talvez fosse melhor que esta lista de peritos a ser enviada
áquelles xninístros. Não ha duvida que esse processo podia
ao Congresso p a r a as "estimativas" ordinárias e supplemen-
conduzir a o -cf-rte de muitos fanecionaríos, mas elles encon-
tares fosse t o m a d a completamente independente do relator.
1 15" Nas actuaes circumstancias do Brasil e afim É bem provável que aquelles que estão mais
I ilí auxiliar a reduzir as despesas e a manter o credito interno e familiarisados do que pensamos estar com a situação do
• externo. de\ cria ser determinado por lei que todos os saldos Brasil considerem este exame pericial desnecessário e, se
• verificados fossem automaticamente empregados na assim for, nada tem de premente estas suggestões.
• reducção da divida. Logo que fosse possivel seria feita no 21° — Mas, consideramos como altamente
I orçamento uma fixação annual de certa quantia destinada á conveniente que a commissão ou lista de peritos seja
• reducção da divida. Essa quantia não seria, jamais, levantada aconselhada ao Congresso desde que haja qualquer novo
I ou empregada para qualquer outro fim e representaria a projecto de despesa de capital e que se deveria proceder ás
I somma minima destinada á diminuição da divida, á qual seguintes indagações:
I Míriam incorporados os saldos verificados no fim do anno.
I o — si, tendo relação com o programma do governo,
15" ia) — As importâncias consignadas para fins
a divida publica e todas as outras matérias relevantes, a
I especiaes jamais seriam levantadas ou empregadas em outros.
natureza do projecto é tal que para o governo se torne
I 16" - Nada de quanto tem sido escripto até aqui se
1 refere á despesa de capital. conveniente interessar-se pelo mesmo; 2o — si o orçamento é
Qualquer projecto de despesa por conta de capital econômico ou exhorbitante; 3 o — si o projecto é realmente de
1 deve ser determinado por lei especial do Congresso e obra reproductiva; 4 o — si offerece garantias para o capital a
i completamente separado do orçamento ou das "estimativas". ser nelle empregado; 5o — si o plano technico é bom; e 6 o —
I7" Qualquer lei dessa natureza indicará, com si o plano financeiro é satisfactorio, não só quanto ao methodo
i todas as minúcias, a empresa que se propõe a realisar o como quanto á sufficiencia dos recursos que produzirá.
)} emprehendiniento, uma estimativa da despesa respectiva, a 22°—Oprocesso orçamentário acima descripto:
| taxa a que cila será feita e a forma pela qual os fundos serão a)—deve assegurar que a renda sej a sufficiente para
{ obtidos. a despesa de cada anno, excedendo-a mesmo;
| IX" - Quando esse projecto for devidamente b) — separará a despesa de capital da despesa por
jjl approvado. o serviço d o n o v o e m p r é s t i m o será incluido n a s conta da renda;
|| "estimativas" da repartição c o m p e t e n t e p a r a o s annos c) — separará as auetorisações de despesa das
| seguintes e os fundos para o serviço de j u r o s e amortisação auetorisações para levantar a renda necessária afim de cobrir
|j serão consignados nos futuros orçamentos. essa despesa;
| A receita liquida do emprehendimento realisado d)—abolirá os créditos especiaes e extraordinários e
|; figurará como renda disponível nos futuros orçamentos.
a cauda do orçamento;
| 19" — No actual estado das finanças do Brasil, seria
e) — evitará que o Ministro da Fazenda tenha que
| conveniente adiar, tanto quanto possivel, todas as novas
| despesas por conta de capital. De nenhuma despesa nova de enfrentar despesas, em qualquer anno, para a qual não haja
| capital, exeepío para os trabalhos de caracter urgente e provisão feita no orçamento;
| incvita\ eis. se deveria cogitar ainda que houvesse a f) — limitará as "estimativas" supplementares ás
I probabilidade de ser reproductiva, fornecendo receita despesas realmente imprevisiveis antes do começo do anno
| proporcional permanente. financeiro e ao tempo da apresentação das "estimativas"
I 20" - Parece-nos altamente conveniente que (a) primitivas.
| Jiitcs do Congresso acceitar as "estimativas primitivas", no N. B. —Afim de dar ao novo schema um bom inicio
I caso de surgir a necessidade de supplementares, como e para conseguir as economias necessárias ao actual estado
| satisfação aquelle poder deve-se informar que ellas são das finanças brasileiras, sobretudo no que concerne á
| ineutaveis. não podendo ser adiada para annos seguintes e reducção do pessoal das repartições publicas, uma
| foram realmente impossíveis de prever ao tempo da commissão de homens práticos, independentes, á semelhança
| elaboração das "estimativas primitivas"; e, além disso, (b) da "Comissão Geddes" na Inglaterra, deverá ser instituída.
| afim de se \ criticar si todas as "estimativas" para os novos Essa commissão seria auetorisada a fazer um inquérito sobre a
| projeetos receberam convenientemente a saneção do despesa das diversas repartições do Governo Federal, com o
| Thesouro. essas "estimativas" seriam examinadas por peritos fim de conseguir as maiores economias possíveis e verificar si
| financeiros e lechnicos, independentes, — não pelos que o dinheiro pago pelos contribuintes, para oceorrer ás despesas
I servem junto aos ministérios e responsáveis pelas dessas repartições, é parcimoniosamente dispendido. A cada
| "estimativas" communs supplementares, mas por peritos repartição se recommendaria apresentar as "estimativas"
| extranhos. para o anno seguinte, ao mesmo tempo que se solicitaria
| Si estes peritos devem formar uma lista á disposição aos ministros a que se acham ellas sujeitas a apresentação
| do actual relator do orçamento, ou si o relator do orçamento
de reducções que, a seu juizo, possam ser feitas na actual
| deve desapparecer e ser substituído por dois outros
grave situação, sem serio e permanente prejuízo para
I tamiliarisados respectivamente com o exame das
o bem estar do Brasil. A commissão examinaria, então,
| "estimativas" c com o exame do orçamento, é matéria para
| estudo. as propostas de reducção feita pelos diversos ministros com
| Talvez fosse melhor que esta lista de peritos a ser o fim de ver si não poderiam ser maiores e para suggerir
| enviada ao Congresso para as "estimativas" ordinárias e outras reducções que não tenham oceorrido aquelles
| supplementares fosse tornada completamente independente ministros. Não ha duvida que esse processo podia
| do relator. conduzir ao corte de muitos funecionarios, mas elles encon-
1528S OomtQíto 29 IHAIUO Ori-M.HAb J u n h o d e i&>%
!%S
•Domingo SO DIÁRIO 0 K F 1 C I A L J u n h o de 19$ j . 152S:
pequenos fazendeiros, não vemos razões para que essa impor- £?nis".ção do pessoal aproveitendü-s; os funecionarios em cs-
iAiate industria escape ao Lnposto. caso. qa" ndo se der vfgt. de preferencia á admissão de novos;
"Urge que este ma! seja r e m e d i ê d o de corcero, perque mas isso. cabe-nes secr-s-entar. não produzirá de certo assa.
tomemos que o desenvolvimento cbs interesses em jogo venha economia apreciavel.pois entendemos que. ao mesmo tempo
:i tornar difficü. de í..i tr'-. cstc.idcr o imposto sobre p."i-cnda que o numero deve ser reduzido, os vencimentos, precisariim
ei agricultura. ser revisces e elevados em alguns casos. Ficamos impressio-
nados coat os baixos vencimentos P?ROS principalmente aos
Não consideramos satisiaclorio o methodo ds attinfíir
mais a l t c j e responsáveis íunecienarios do paiz.
Í-S 1 acros cemmerciies pela appllcacâo í\ vendas mercantis
de uma escala íi -a de peveentagens. O' serviço pubiico nunca poderá ser realmente efSciente
c saí isfaecrio í i a todos os servidores não estiverem assigu,-
A nosso ver seria preferível basear o imposto nos lucros
rada" remuneração justa c carreira' aberta á cempcíerich coto
eclures, Porque nesta hypothesc mais íacil seria c-xarp.inar
promoções por ro.erecim.ento. livres da influencia pcliticu.
;i d e c h r r ç ã o de lucros c promover um processo no caso de de-
terminada collccta ter sido' paga devidamente cm relação ú Quanto m?nos os funecionarios forem ligados á política,
importância das vendas m a s cem a rrplicação de uma taxa mAihcr.
de percentagem que .não tenha inteiro cabimento na espécie.
O modo de vida do contribuinte com os haveres que mescrasse 8» — Empresas industriies
ter seria também levado em conta para chegar-se a conclusões
As *' estimativas " deveriam mostrar a despesa liquida
q u í n t o á s-aa renda provável.
ái qualquer empresa industrial mantida pelo Governo ou sob
Pensjm.os aue o imposto sobre a renda baseado sobre a responsabilidade deste.
o rendimento total variando as taxas cern as zonas "de renda Si o Governo continuar a m a n t e r empresas industriaes,
é muito mais difficil do que applicar em toda a extensão o prin- quaesquer prejuízos dellas decorrentes recairão sobre os con-
cipio da taxação nas fontes. tribuintes e as " estimativas " apresentadas ao Cangreao
Pensamos também que o valor das taxas quanto ás .rendas habilitariam os contribuintes e os seus rc_ resentantes no Par-
maiores poderia ser augmentaclo visto como a receita nacional lamento a reconhecer a extensão deises prejuízos.
necersita de augmento e o imposto indirecto parece incapaz O contribuinte terá de fornecer, quando o orçamento
de u m a nova expansão. entrar e m vigor, o dinheiro necessário para custear a despesa.
O publico, pois, deveria ser estimulado a exigir a efficiencia
I I — Achamos que os governos estaduaes não usam das
dos serviços para os quaes contribue e pela nossa observação
suas attribuições para elevar a um algsrismo apreciável o
ÍÍSO seria de desejar particularmente no caso dos correios e
imposto de transmissão causa-mmiis e o fácto do Governo
telagrapaos.
Federal não poder lanç>r esse imposto priva-o de valiesa fonte
As empresas commerciaes e industriaes do Governo de-
<te receita que de muita utilidade seria m sctual emergência,
veriam produzir o sufficiente não só para custear as suas des-
finenceira. E s t a situação merece exsmo.
pesas como também as dó serviço do capital nellàs empregado
I I I — São de Umentar as isenções de impostos dadas c nesse sentido as tarifas deveriam ser revistas.
por csce;ial concessão a determiuadas empresas. Entendemos A inclusão nas " estimativas '" de uma determinada somma
qxte essa isenção não pode ser d a d a per contracto especial a para oceorrer aos prejuízos dessas empresas facilitaria a in-
. determinados concessionários. Si s e considera essencial para dispensável formação da opinião publica para a revisão à>-~
£_n trnar' taes ou quaes empresas a isenção de impostos poir um tarifas.
certo periodo essa isenção deve ser estendida a. todes as em- ^ 'S
presas do mesmo gênero. Os serviços prestados ao Governo pelas err.presis p t £ - \ is
e por uma. repartição a outra deveriam ser dividamec' es-
Estcmos informados de que os vapores estão- deixando
cripturados e pagos. Este processo teria a vantagem d e " atar
de tomar carvão nos portos larasíleiros, portanto somos de
o desperdício praticado pelos que se utilisam de taes serviços
opinião que será de interesse de Brasil reduzir as taxas sobre
e mostrar a verdadeira situação dos serviços públicos.
carvão para o consumo de vapores cm transito.
go — CondusSss B3bre »s observações da orçamento
pcssarn prejudicar a pureza d e qualquer systeraa. financeiro, reduziriam substancialmente as arroòrtaneias c a: operações •
terão desapparecido. N e m o Governo estaria sob a necersi- para consolidação da divida fiuctuante.
d a d è d e tomar empréstimos p a r a satisfazer aos Í G S S compro- I I — Aconselhamos o levantamento, d e um empréstimo '•
missos t t n t o mais quanto-elle pôde aproveitar-se dos recurscs interno em correspondência com u m empréstimo externo.
d o B a n e o do Brasil por antecipação de r e c e i t a , sendo os Uma feliz operação dessa espetie reflectir-se-ia no credito do "
adeantarnentos liquidados dentro do m e í m o armo t m que Brisil, como demonstração dos esforços -oara solver os com- ,
forem effecluad.s. promissos internos, com obrigações internas. ;
O plano, que apresentamos, pretende indicar as principaes Pelas informações de V. Ex. estamos convencidos de que
regras a serem observadas n a legislação que se1 faz necessária, essas duas operações, interna e externa, liquidariam denrá- ;
si' a s nossas suggestões sol)re o assutnpto forem seguidas. tivarnenti -todas as responsabilidades existentes,
Ao s e r elaborada a lei, deveria haver a m a i s profunda
Estamos de accírdo com os príiicipios que já. enunciamos
a t t e n ç ã o afim d e evitar quaesquer falhas c prever a t o d a s a s
de associação eotre o capital estrangeiro c o capital brasileiro,
contingências.
pois isso lambem reduziria a somma que deve ser tomada
Desejaríamos que V. E s . examinasse, cora odação a o por empréstimo n o estrange.ro, para o fira exposto. '<
assumpeo, si poderia ser alterada a data do encerramento d o
armo financeiro, isto é, para 30 de junho, época, sabemos, em
q u e o Congresso está reunido, afim de garantir e assegurai c s 12° — O credita d r s E s t i d c s e municipalid-ides
últimos retoques nas " estimativas " e no crçamento. Corr.o,
Desejamos lembrar a V. Ex. que o credito do Governo '
e n t r e t a n t o , é bem. o mecanismo adoptado p a r a fazer o equi-
do Brasil é largamente aífectado pelas dividas dos Estados í
líbrio d o crçarne.ato, será necessário proseguir cora ecragem
e das municipalidades. Si u m Estado ou municii.io demera I
e persistência na dirficil tarefa de ct-rte rigoroso da- despesa e n o
ou não satisfaz os seus compromissos, os joraaes dos paizeK
n ã o m e n o s impopular dever de augrnentar impostos.
estrangeiros cornmenta.m a sorte dos negócios-brasileiros e o
publico capitalista aso apreéia promptárnente a dôfferença !
DIVIDAS D O GOTEE.NO entre um governo federal e estadual ou municipal. Registramos, ;
com satisfação, que V. Ex. recentemente desapprovou a ten- [
10 — Novos emprestam; s tativs de um Estado para uegociar um empréstimo. Pensamos í
que o lx>m nome do Brasil ficaria salvaguardado si V. Ex. ',
0 Governo do Brasil encontra-se em situação d e grave
declarasse que não havia objecção para u m empréstimo de I
e m b a r a ç o financeiro, porque está assoberbado cora pesadas
Estado ou municipalidade, quando a operação fosse cenve- '
obrigações decorrentes de toda a sorte-de divida Suetuante.
r-iente. Deste modo, si u m Estado ou municipalidade pre- {
T a l situação é principalmente devida a u m a serie d e or- tendesse um empréstimo externo e os seus projectos não ohti- í
çamentos deficitários, á pratica d e tentar emprehendifr. entes vessem a approvação do Governo Federal, ficariam os mercados [
sem o s necessários fundos, á ausência de qualquer svstcma estrangeiras de sobreaviso.
real d e orçamento e á perigosa praxe d e pagar matériaes e
obras em títulos a prazo curto ou notes f romissori?s. É nossa
esperança que as reformas que siigger-smos n o systerca finan- 13" — Empréstimos acs E s t i d : s
ceiro possam evitar uma repetição de tal situação, e sabemos,
pelo M i n i s t r o da Fazeadn, que V. E s . deseja ardentemente Desejamos chamar a attenção de V. Ex. para o facto do
consolidar essa divida ftnetuante. Goverco Federal ter fer;o empréstimos a vários Estados da
União, em differentes épocas, e que não têm sido resgatados, •
N ã o podemos, porem, aconselhar a V, Ex. e. consolidação
Alem disso, lia vários casos em que nem cs juros nem as amor-
de u m a divida fiuctuante tão pesada por meio de ura emj.r.s-
tisações estão sendo pagos. ;
tirno externo somente.
Seria justo que o Governo Federal effectivasse o serviço
C o m q u a n t o a liquidação desses compromissos v c a h a li-
não só de todos os empréstimos futuros, como dos actualmcnte
v f a r o Governo de sérios emb?xaços aegravados, dia a dia,
em circulação.
ella n ã o augmeataria, por si, directamenie, a produetividade
âo Brasil, avolumando a divida externa do paiz. o s a serio
sacrifício d a potencialidade d"s rec-ursos nacionaes em es- ORGANISAÇiO BANCARIA
terlinos.
iEm face dessas consideraçõe.*, fazemos as seguintes su"- 14" — Gcntriots do Banca do Erisíl
geEÍões:
ExiííriiiiaT.os o contracto entre o Thesouro Nacional e
1 — Lembramos a V. Ex. coasegúir vender, ou arrendar, o Banco do Braíil, datado de 24 de abri! de 1923, c desejamos j
por este c outros motivos, os bens de propriedade do Governo, exprimir a nossa opicião de que a erganisação do Baneo, com- !
taes como estradas de ferro, empresas de eavegação e accões
quanto em alguns pontos esteja sujeita á critica, satisfaz ple-
d o Banco d o Brasil.
namente, em conjiiucfo, ás actuaes condições econômicas do
Si Y . E x . acceitasse estas idéas, as »on:-mas re-^-bidas paiü e eslá bem ajustada ás suas necesriòadc-s.
possam prejudicar a pureza de qualquer systema financeiro, Si V. Ex. acceitasse estas idéas, as sommas recebid
íerào desapparecido. Nem o Governo estaria sob a reduziriam substancialmente as importâncias das operaçõ
necessidade de tomar empréstimos para satisfazer aos seus para consolidação da divida fluetuante.
compromissos tanto mais quanto elle pôde aproveitar-se dos II — Aconselhamos o levantamento de u
reeurs< is do Banco do Brasil por antecipação de receita, sendo empréstimo interno em correspondência comum emprestin
ü.i adcantamentos liquidados dentro do mesmo anno em que externo. Uma feliz operação dessa espécie reflectir-se-ia i
íorenieffectuados. credito do Brasil, como demonstração dos esforços pa
O plano, que apresentamos, pretende indicar as solver os compromissos internos, com obrigações internas.
prineipaes regras a serem observadas na legislação que se faz Pelas informações de V. Ex. estamos convencide
necessária, si as nossas suggestões sobre o assumpto forem de que essas duas operações, interna e externa, liquidaria]
scsuiidas. definitivamente todas as responsabilidades existentes.
Ao ser elaborada a lei, deveria haver a mais profunda Estamos de accôrdo com os princípios que j
aliençào afim de evitar quaesquer falhas e prever a todas as enunciamos de associação entre o capital estrangeiro e
contingências. capital brasileiro, pois isso também reduziria a somma qu
Desejaríamos que V. Ex. examinasse, com relação ao deve ser tomada por esprestimo no estrangeiro, para o fu
asiumpto, si poderia ser alterada a data do encerramento do
exposto.
anno financeiro, isto é, para 30 de junho, época, sabemos, em
que o Congresso está reunido, afim de garantir e assegurar os
iillimos retoques nas "estimativas" e no orçamento. Como, 12° — O credito dos Estados e municipalidades
entretanto, é bom o mecanismo adoptado para fazer o
equilíbrio do orçamento, será necessário prosseguir com Desejamos lembrar a V. Ex. que o credito d
coragem e persistência na difficil tarefa de corte rigoroso da Governo do Brasil é largamente affectado pelas dividas do
despesa e no não menos impopular dever de augumentar Estados e das municipalidades. Si um Estado ou municipi
impostos. demora ou não satisfaz os seus compromissos, os jornaes do
paizes estrangeiros commentam a sorte dos negocio
DIVIDAS DO GOVERNO brasileiros e o publico capitalista não aprecia promptamente
differença entre um governo federal e estadual ou municipa
10 — Novos empréstimos Registramos, com satisfação, que V. Ex. recentement
desapprovou a tentativa de um Estado para negociar um
O Governo do Brasil encontra-se em situação de empréstimo. Pensamos que o bom nome do Brasil ficarii
grave embaraço financeiro, porque está assoberbado com salvaguardado si V. Ex. declarasse que não havia objecçã»
pedidas obrigações decorrentes de toda a sorte de divida para um empréstimo de Estado ou municipalidade, quando;
lluetuante. operação fosse conveniente. Deste modo, si um Estado oi
municipalidade pretendesse um empréstimo externo e os seus
Tal situação é principalmente devida a uma serie de projectos não obtivessem a approvação do Governo Federal
orçamentos deficitários, á pratica de tentar emprehen- ficariam os mercados estrangeiros de sobreaviso.
ilimenlos sem os necessários fundos, á ausência de qualquer
sysicma real de orçamento e á perigosa praxe de pagar 13° — Empréstimos aos Estados
materiíies e obras em titulos a prazo curto ou notas
promissórias. É nossa esperança que as reformas que
Desejamos chamar a attenção de V. Ex. para o facte
sugerimos no systema financeiro possam evitar uma
do Governo Federal ter feito empréstimos a vários Estados dí
repetição de tal situação, e sabemos, pelo Ministro da
União, em differentes épocas, e que não têm sido resgatados
Fazenda, que V. Ex. deseja ardentemente consolidar essa
Além disso, ha vários casos em que nem os juros nem as
Ji\ ida fluetuante.
amortisações estão sendo pagos.
Não podemos, porém, aconselhar a V. Ex. a
consol Ldação de uma divida fluetuante tão pesada por meio de Seria justo que o Governo Federal effectivasse c
um empréstimo externo somente. serviço não só de todos os empréstimos futuros, como dos
Comquanto a liquidação desses compromissos actualmente em circulação.
t enha livrar o Governo de sérios embaraços aggravados, dia a
ORGÂNISAÇÃO BANCARIA
dia, cila não augmentaria, por si, directamente, a
produetividade do Brasil, avolumando a divida externa do
pai/, com serio sacrifício da potencialidade dos recursos 14° — Contracto do Banco do Brasil
nacionaes em esterlinos.
Em face dessas considerações, fazemos as seguintes Examinamos o contracto entre o Thesouro Nacional
uiirüosrões: e o Banco do Brasil, datado de 24 de abril de 1923, e
I — Lembramos a V. Ex. conseguir vender, ou desejamos exprimir a nossa opinião de que a organisação do
arrendar, por este e outros motivos, os bens de propriedade do Banco, comquanto em alguns pontos esteja sujeita á critica,
(ioverno, taes como estradas de ferro, empresas de navegação satisfaz plenamente, em conjuncto, ás actuaes condições
i At^ttct do Banco do Brasil. econômicas do paiz e está bem ajustada ás suas necessidades.
27
Domirig-Q SÍ5- DIARÍO OFFICIAL Junho de 192* 15289
Acreditamos que, com sabia c prudente direcção, toraar- 15'- — Espectthçlo em camMo
sc-á um' poderoso Banco Central ao qual o ccmtjvle da circulação
Com relação a especulação de cambio, para a qual a.nossa
ficará confiado com segurança.
attenção foi especialmente chamada por V. Ex.. ua nossa pri-
Grandes, porém, são os serviços nacíouaes que o Banco meira entrevista, desejamos observar que a especulação em st
está destinado a prestar e estamos convencidos de que elíes não é um elemento máo no cambio. Tem ella um papel legí-
podem multíplicav-íse desde que se manifeste a influencia ou timo a representar nas oscillações de cotação de um paiz como
interferência política que é. infelizmente, usual entre Banco c o Brai-il, dependente, na maior parte de suas exportações, de
Go\-erno. uma única mercadoria. A especulação no cambio não differe
Acreditamos que o temor desse perigo existe no publico essencialmente da especulação cm gêneros e é difBcil ver de
interessado nos negócios de tal natureza, o qual de eja que a que modo o negociante, que possue locks de café, por exemplo,
independência do Banco seja garantida para deixar a sua ad- possa deixar de especular de um ou outro modo, para cobrir
ministração livre no desempenho das suas funeções, agindo eu dei ar de cobrir as suas compras de cafú, mediante vendas
como melhor lhe parecer, dentro dos limites prescriptos em de cambio.
lei. A nosso ver. a política do Banco seria circumscrever o
Segundo, portanto, o nosso, julgamento, o Governo de- arnbito da especulação, e procurar mitigar os effeitos, nocivos
veria vender as acções do Banco que ora possue. Sabemos que para o eommercio, das flucHiações súbitas e abmptas nas taxas
t-llas reste momento são inalienáveis. Suggcrimos que se peça ou preços, abastecendo o mais possível o mercado de modo a
ao legislativo que as liberte dessa restricção e, obtida a aueto- neutralisar s influencia do cambio estrangeiro.
risação. de accôrdo com o precedente estabelecido quando o
capital do Banco foi elevado, em 1921, sejam vendidas as 16"- — Retirads das n^tis de emissão da "Hiesoura
acções o applicado o produeto na reducção da divida do go-
verno para-com o Banco. Achamos que não se deve hesitar Scr.timo-nos felizes por saber que 6 intenção formal do
propor semelhante alvitre uma vez que as acções do Banco Governo retirar da circulação, o mais cedo possível, todas as
estão cotadas com um ágio de 100 "^ó- notas do Estado de emissão fiduciaria e substituil-as pelas
A transacção seria extremamente proveitosa para o Go- notas do Banco.
verno mas, devemos salientar, a nossa suggestão é baseada Não é condição para a substituição que a retirada das
em outras e mais importantes considerações do que o lucro notas do Thesouro seja feita em correspondência com a emis-
monetário, propriamente dito. são de .notas do Banco.
Aconselhamqs ainda que o Conselho de Directorea seja, Está consignado que o resgate ou retirada, começará
de futuro, eleito paios accionistas, enr assemblea geral, e que quando o Eundo de Reserva do Banco tenha, attingido a
todas as nomeações dentro do Banco- sejam feitas- por aqueBe 100.00G contos.
Conselho. Esses algarismos ainda não foram attíngidos e nessa con-
Si se deseja que o presidente do Banco seja nomeado pelo formidade o Banco ainda não se preparou para retirar qualquer
Presidente da Republica elle deve ser meramente um presi- quantidade da actual emissão do Thesouro.
dente in-namine, com a at ribuição de presidir as assemblcas Nestas circumstancias, era inevitável que o primeiro re-
da Dircctoria do Banco, e dos accionistas, mas sem as prero- sultado do exercício da sua nova faculdade emissora fosse
gativas-de-um—director e sèm o .poder de interferir nas de- augmentar o valor das emissões por um processo de fusão das
('.sões dos demais. Si a nomeação fosse feita nestes termos, notas lançadas na circulação. Os recursos do Banco, porém,
poderia ser' vitalícia ou por um. longo espaço de tempo ; mas já subiram, (a 31 de. dezembro de 1923) a cerca de 90.000 contos
sã os poderes não forem limitados, como suggerimos. Mearia e assim não vemos razões para demorar a effectivação do res-
exactamente restaurada a atmosphera política do Banco, que gate.
procuramos destruir.
Aconselhamos ao Governo vender as acções aos demais 17" — E e s e m de notis bancarias
bancos que operam no Brasil, estrangeiros e nacionaes, que
estariam, portanto, em relação mais estreita^ com o Banco do Sabemos que a-auctorisaçáo para receber. Jettras confir-
Brasil do que tem estado até agora, e ficariam em posição de, madas corno garantia, na proporção de dois terços das notas
por intermédio dos seus representantes no Conselho dos Di- exmttidas, ê provisória e que se pretende mudar, logo que for
rectores. atbdlial-o no concerto de pianos para o bem estar possível, a posição do Banco, reforçando com os seus próprios
financeiro do paíz, no qual todas as instituições -bancarias recursos a reserva metallica pela acquisição de novas sornmas
acham-se egualmente interessadas. de ouro.
Soubemos, na discussão com o Ministro da Fazenda e Approvamos esta política e esperamos que seja possível
com o Presidente do Banco do Brasil, que ambos, em prin- ao Banco fazer progressivos encaixes de ouro em barra, para
cipio, estão de âccòrdo eom o objectivo que procuramos at- reserva em um futuro próximo.
tíngir e nós ardentemente recommendamos esta orooosta á A quantidade de notas cm circulação deve ser sujeita a
acceitação de V, Ex, uma reducção animal por uma dotação no orçamento, egual,
Acreditamos que, com sabia e prudente direcção, 15° — Especulação em cambio
tornai-se-á um poderoso Banco Central ao qual o controle da
circulação ficará confiado com segurança. Com relação á especulação de cambio, para a qual a
Grandes, porém, são os serviços nacionaes que o nossa attenção foi especialmente chamada por V. Ex., na
Haneo está destinado a prestar e estamos convencidos de que nossa primeira entrevista, desejamos observar que a
ellc.s podem multiplicar-se desde que se manifeste a especulação em si não é um elemento máo no cambio. Tem
influencia ou interferência politica que é, infelizmente, usual ella um papel legitimo a representar nas oscillações de
enlrc 1 Janco e Governo. cotação de um paiz como o Brasil, dependente, na maior parte
Acreditamos que o temor desse perigo existe no de suas exportações, de uma única mercadoria. A especulação
publico interessado nos negócios de tal natureza, o qual deseja no cambio não differe essencialmente da especulação em
que a independência do Banco seja garantida para deixar a sua gêneros e é difficil ver de que modo o negociante, que possue
administração livre no desempenho das suas funeções, agindo stocks de café, por exemplo, possa deixar de especular de um
como melhor lhe parecer, dentro dos limites prescriptos em ou outro modo, para cobrir ou deixar de cobrir as suas
lei. compras de café, mediante vendas de cambio.
Segundo, portanto, o nosso julgamento, o Governo A nosso ver, a politica do Banco seria circumscrever
de\ cria vender as acções do Banco que ora possue. Sabemos o âmbito da especulação, e procurar mitigar os effeitos,
que ei Ias neste momento são inalienáveis. Suggerimos que se nocivos para o commercio, das fluctuações súbitas e abruptas
peça ao legislativo que as liberte dessa restricção e, obtida a nas taxas ou preços, abastecendo o mais possivel o mercado
auetorisação, de accôrdo com o precedente estabelecido de modo aneutralisar a influencia do cambio estrangeiro.
quando o capital do Banco foi elevado, em 1921, sejam
vendidas as acções e applicado o produeto na reducção da 16° — Retirada das notas de emissão do Thesouro
divida do governo para com o Banco. Achamos que não se
da o hesitar propor semelhante alvitre uma vez que as acções Sentimo-nos felizes por saber que é intenção formal
do Banco estão cotadas com ágio de 100 %. do Governo retirar da circulação, o mais cedo possivel, todas
A transacção seria extremamente proveitosa para o as notas do Estado de emissão fiduciaria e substituil-as pelas
(imemo mas, devemos salientar, a nossa suggestão é baseada notas do Banco.
cm outras e mais importantes considerações do que o lucro Não é condição para a substituição que a retirada das
monetário, propriamente dito. notas do Thesouro seja feita em correspondência com a
Aconselhamos ainda que o "Conselho de Directores emissão de notas do Banco.
seja. de futuro, eleito pelos accionistas, em assembléa geral, e Está consignado que o resgate ou retirada começará
que iodas as nomeações dentro do Banco sejam feitas por quando o Fundo de Reserva do Banco tenha attingido a
aquelle Conselho. 100.000 contos.
Si se deseja que o presidente do Banco seja nomeado Esses algarismos ainda não foram attingidos e nessa
conformidade o Banco, ainda não se preparou para retirar
pelo Presidente da Republica elle deve ser meramente um
qualquer quantidade da actual emissão do Thesouro.
presidente in nomine, com a attribuição de presidir as
Nestas circumstancias, era inevitável que o primeiro
ihsembléas da Directoria do Banco e dos accionistas, mas sem
resultado do exercício da sua nova faculdade emissora fosse
as prerogativas de um director e sem o poder de interferir nas
augmentar o valor das emissões por um processo de fusão das
decisões dos demais. Si a nomeação fosse feita nestes termos,
notas lançadas na circulação. Os recursos do Banco, porém,
poderia ser vitalícia ou por um longo espaço de tempo; mas si
já subiram (a 31 de dezembro de 1923) a cerca de 90.000
os poderes não forem limitados, como suggerimos, ficaria
contos e assim não vemos razões para demorar a effectivação
aaciamente restaurada a atmosphera politica do Banco, que
do resgate.
procuramos destruir.
Aconselhamos ao Governo vender as acções aos 17° — Reserva de notas bancarias
demais bancos que operam no Brasil, estrangeiros e
nacionaes, que estariam, portanto, em relação mais estreita Sabemos que a auetorisação para receber lettras
com ei Banco do Brasil do que têm estado até agora, e ficariam confirmadas como garantia, na proporção de dois terços das
cm posição de, por intermédio dos seus representantes no notas emittidas, é provisória e que se pretende mudar, logo
Conselho dos Directores, auxilial-o no concerto de planos que for possivel, aposição do Banco, reforçando com os seus
para o bem estar financeiro do paiz, no qual todas as próprios recursos a reserva metallica pela acquisição de novas
instituições bancarias acham-se egualmente interessadas. sommasdeouro.
Soubemos, na discussão com o Ministro da Fazenda Approvamos esta politica e esperamos que seja
c cora o Presidente do Banco do Brasil, que ambos, em possivel ao Banco fazer progressivos encaixes de ouro em
principio, estão de accôrdo com o objectivo que procuramos barra, para reserva em um futuro próximo.
aliingir e nós ardentemente recommendamos esta proposta á A quantidade de notas em circulação deve ser sujeita
acceúação de V. Ex. a uma reducção annual por uma dotação no orçamento, egual,
29
IS290 B o r r á n w 29 DIAJRIO QFFiGIAL, J u n h o <h i-92,i
no mitúmo, ao dividendo sobre accôes perlçuçentes ao The- preços muadiaes e a relativa firmeza dò cambio em um dado
souro, mais o saldo dos lucros do Banco, depois de creditar período de tempo otfereçam mais certos dados do que- presen-
10 % em reserva e pagar u m dividendo não inferior a 20 '~G, temente para chegar-se a uma condução final, noas não p'-de
0 plano apresenta a vantagem de ser automático e tam- hav-er- duvida de que as fluctuaçües de cambio- trazem serias
bém elástico, u m a vez que a sua aeção fica dependendo da perturbações ao commercio.
capacidade de lucros do Banco. Mas o projecto exigirá modi- A menos que haja grandes fundos, disponiveis, 6 dilxiei!,
ficações, quando as acções do Governo forem vendidas. sem grave risco, t o m a r qualquer medida artificial para evitar
Não entrará em plena execução emquanto o Banco não a queda. Mas algumas providencias podem ser adopíadas,
adquirir, ix> mínimo, 30 % sobre' o seu capital. D e u m modo taès como, comprar qualquer esterlino que se offereça, para
"eral os bancos sáo prósperos quando o commercio o é. evitar u m a alta indevida c rápida. Dar-se-ia mais.facilmente
a alta si a nossa suggestão fosse adoptada, isto é, a de sus-
As partorbacp.es temporárias do cotomercio, inseparáveis,
pender novas emissões, excepto contra lettras em esterlinos.
portanto, de qualquer attgmento no valor da circulação, ou,
O fundo em esterlinas assim adquirido, seria empregado so-
o q u e v e m - a ser a m e s m a cousaj a queda dos preços, sentem-se,
mente para o resgate das noia-3 ernittidas. Não dizemos isso
provavelmente, menos, desde que o processo de redueção entre apenas como motivo de refleacão. Tivemos a vantagem de dis-
é m pleno vigor somente nos tempos prósperos. P a r a as épocas cutir o assumpto com o presidente do Banco e com o Ministro
de pânico ou de crise, u m a válvula cie segurança escá creada da Fazenda-, de sorte que sabemos que nelle se acham extre-
por auetorisação legislativa, a qual confere ao Banco a facul- mamente interessados e que examinaram e se propõem -a exa-
dade de emissões provisórias de notas liduciarias, nos períodos minar cada suggestão que se lhes faça.
de grave retrahimento monetário.
Não aconselharíamos a elaboração de um projecto deil-
Nenhuma proposta p a r a reduzir a quantidade de dinheiro
nitivo ; deixaríamos antes a u m banco bem dirigido e inde-
á, de certo, popular, m a s , estamos convencidos d a que uma
pendente a iniciativa de medidas que pudessem ser conve.-ã-
das condições p a r a a restauração de uma' moeda, depreciada
entes num dado momeiatD e n u m a acção ccroicmcta com os
c a reducção da q u a n t i d a d e d e notas irtccnversiveis em cir-
bancos particulares, porque, repetimos, é de interesse com-
culação.
rmuri para quantos se acham empenhados em negócios no
Accresecntamos que temos forte e larga confiança cm. Brasil evitar violentas mudanças n o nível -do cambio.
que, de qualquer modo, o dinheiro cm circulação 0 sufncieniv
para as actuaes necessidades do Brasil, e aconselhamos q-.u-,
1 9 " — Guirda. dos dinheiros âo G-overns
presentemente, .salvo necessidade premente das praças, nov.i
emissão seja evitada. c-srepio com base nxtro, lei eras em e>!.'"-
Seria desejável que as nmeções do Banco for-scni r m -
inos ou em cloüars.
plíadas, para o melhor -coniroh do numerário, ú direeção cia
divida publica- e á guarda dos dinheiros -do Governo.
18" — Estihilidftde da cambio
Seriam expedidas instrucçôes ás reparüçõcs pubücas
O plano v a r a a accumulação «c u m fundo de cambio competentes para que todos os. dinheiros publico; recebidos
cm ouro, em Londres c Ncw-York, e a cláusula do ooEtracto por conta da Receita fossem recolhidos diariamente ao Banco
do Banco de que, sob certas c determinadas condições, as r.otas para o credito da conta, do Thesouro e que-rodos os pagamentos
serio-conversíveis em ouro, q u a n d o exigido, á taxa dé 12 ã. do Governo fossem feitos pelo Banco.
por mil réis, fixa a intenção d e estabilisar a taxa nesse alga-
rifjuo. 20" Recursos
Pensamos que o Governo b s m avisado andaria fazendo
Notamos, com satisfação, que as • diversas contas cor-
rte.çsa estabilidade o seu objeccivu e esperamos que o si a polí-
rentes do Governo com o Banco estão agora encerradas ; as
tica seja firmemente seguida,
retiradas pelo Thesouro são limitadas a uma única conta de
Não ha duvida que as recentes e violentas fluetuaç-j-;-.; no recursos (conta de antecipação de receita) ; que os adianta-
valor ouro do mil róis embaraçam o commercio e contribuem mentos sob este titulo devem ser feitos somente como ante-
j?si"i deter u pleno doscnvolvimemn do çommcrei'-- estran- cipação de receita, c- não excederão um quarto da renda cal-
geira culada annualmeatc em papel-moeda para o anno corrente ;
-
A taxa de cambio e m i r •: Brasil e oittr-; pai* Qualquer c c, finalmente, que qualquer adeautamemo deve sei liquidado
r. cxiircsF.;1o do valer ,1,- um.-, meedr, JK-Í preços de witr::. E dentro d" anim financeiro em. que for redisadn.
uma vex que núo pddê haver ao mesmo tempo dois preços nn
mercado para a :ru-?m;t cuuse, n taxa de cambio entre os duas 21" —• Banca Hypothecjrb
'moedas deve sc-r considerada como a medida «era! rio pr.d.r
acquisiiivo de cada nnw sobre gênero;, v,n mercado OlIlVI
Examinamos r> organisação pmjcetada do Banco Ilypn-
pai/-. thecario e tivemos a impressão de que o cscojx) dessa orgeni-
VCdc bem aconlccx-r qu-„- o MÍIU-U» valor d;i sacão é excessivamente vasto, cm face dns eondieõc-s finan-
m.-cd;! hr:i-
.SÜcirn sc-jn mais fácil dv determinar ciunnd. ceiras do Brasil.
veiidenci; dos
no minimo, ao dividendo sobre acções pertencentes ao dos preços mundiaes e a relativa firmeza do cambio em um
Thesouro, mais o saldo dos lucros do Banco, depois de dado período de tempo offereçam mais certos dados do que
creditar 10 % em reserva e pagar um dividendo não inferior a presentemente para chegar-se a uma conclusão final, mas não
20%. pôde haver duvida de que as fluctuações de cambio trazem
O plano apresenta a vantagem de ser automático e serias perturbações ao commercio.
também elástico, uma vez que a sua acção fica dependendo da A menos que haja grandes fundos disponíveis, é
capacidade de lucros do Banco. Mas o projecto exigirá difficil, sem grave risco, tomar qualquer medida artificial para
modificações, quando as acções do Governo forem vendidas. evitar a queda. Mas algumas providencias podem ser
Não entrará em plena execução emquanto o Banco adoptadas, taes como, comprar qualquer esterlino que se
não adquirir, no minimo, 30 % sobre o seu capital. De um offereça, para evitar uma alta indevida e rápida. Dar-se-ia
modo geral os bancos são prósperos quando o commercio o é. mais facilmente a alta si a nossa suggestão fosse adoptada,
As perturbações temporárias do commercio, isto é, a de suspender novas emissões, excepto contra lettras
inseparáveis, portanto, de qualquer augmento no valor da em esterlinos. O fundo em esterlinos assim adquirido, seria
circulação, ou, o que vem a ser a mesma cousa, a queda dos empregado somente para o resgate das notas emittidas. Não
preços, sentem-se, provavelmente, menos, desde que o dizemos isso apenas como motivo de reflexão. Tivemos a
processo de reducção entre em pleno vigor somente nos vantagem de discutir o assumpto com o presidente do Banco e
tempos prósperos. Para as épocas de pânico ou de crise, uma com o Ministro da Fazenda, de sorte que sabemos que nelle se
válvula de segurança está creada por auctorisação legislativa, acham extremamente interessados e que examinaram e se
a qual confere ao Banco a faculdade de emissões provisórias propõem a examinar cada suggestão que se lhes faça.
de notas fiduciarias, nos períodos de grave retrahimento
Não aconselharíamos a elaboração de um projecto
monetário.
definitivo; deixaríamos antes a um banco bem dirigido e
Nenhuma proposta para reduzir a quantidade de independente a iniciativa de medidas que pudessem ser
dinheiro é, de certo, popular, mas, estamos convencidos de convenientes num dado momento e numa acção conjunta com
que uma das condições para a restauração de uma moeda os bancos particulares, porque, repetimos, é de interesse
depreciada é a reducção da quantidade de notas
comum para quantos se acham empenhados em negócios no
inconversiveis em circulação.
Brasil evitar violentas mudanças no nivel do cambio.
Accrescentamos que temos forte e larga confiança
em que, de qualquer modo, o dinheiro em circulação é
19° — Guarda dos dinheiros do Governo
sufficiente para as actuaes necessidades do Brasil, e
aconselhamos que, presentemente, salvo necessidade
premente das praças, nova emissão seja evitada, excepto com Seria desejável que as funcções do Banco fossem
base ouro, lettras em esterlinos ou em dollars. ampliadas, para o melhor controle do numerário, á direcção
da divida publica e á guarda dos dinheiros do Governo.
18° — Estabilidade do cambio Seriam expedidas instrucções ás repartições
publicas competentes pára que todos os dinheiros públicos
O plano para a accumulação de um fundo de cambio recebidos por conta da Receita fossem recolhidos diariamente
em ouro, em Londres e New-York, e a cláusula do contracto ao Banco para o credito da conta do Thesouro e que todos os
do Banco de que, sob certas e determinadas condições, as pagamentos do Governo fossem feitos pelo Banco.
notas serão conversiveis em ouro, quando exigido, á taxa de
12 d. por mil réis, fixa a intenção de estabilisar a taxa nesse 20° — Recursos
algarismo.
Pensamos que o Governo bem avisado andaria Notamos, com satisfação, que as diversas contas
fazendo dessa estabilidade o seu objectivo e esperamos que correntes do Governo com o Banco estão agora encerradas; as
esta política seja firmemente seguido. retiradas pelo Thesouro são limitadas a uma única conta de
Não ha duvida que as recentes e violentas recursos (conta de antecipação de receita); que os
fluctuações no valor ouro do mil réis embaraçam o adeantamentos sob este titulo devem ser feitos somente com
commercio e contribuem para deter o pleno desenvolvimento antecipação de receita e não excederão um quarto da renda
do commercio estrangeiro. calculada annualmente empapel-moedapara o anno corrente;
A taxa de cambio entre o Brasil e outro paiz qualquer e, finalmente, que qualquer adeantamento deve ser liquidado
é a expressão do valor de uma moeda nos preços de outra. E dentro do anno financeiro em que for realisado.
uma vez que não pôde haver ao mesmo tempo dois preços no
mercado para a mesma cousa, a taxa de cambio entre as duas 21° — Banco Hypotheccario
moedas deve ser considerada como a medida geral do poder
acquisitivo de cada uma sobre gêneros no mercado do outro Examinamos a organisação projectada do Banco
paiz. Hypotheccario e tivemos a impressão de que o escopo dessa
Pôde bem acontecer que o exacto valor da moeda organisação é excessivamente vasto, em face das condições
brasileira seja mais fácil de determinar quando a tendência financeiras do Brasil.
%$>JLa
Tlniiiirjgo 20 DIÁRIO OFF1CIAL. Jitiilio dú 1054 1Í2Í)1
O Banco está auetorisado a fazer empréstimos não só O pequeno augmento na media da balança commerciní
sob penhor agrícola, como com a garantia de estradas de fervo, do ultimo quinquennio, comparado com o primeiro, sufici-
•uropriedacles urbanas e suburbanas c material em deposito. entemente mostra a necessidade de uma vigorosa política de
O tocai dos empréstimos que está auetorisado a fazer c desenvolvimento da producçüo e cambem, quando comparado
«le 1.000.000 de coutos de réis e, desde que os títulos que devem com u rápido augmento na divida externa, a necessidade de
MM- entregues aos devedores envolvam a garantia do Thesouro. cautela q u a n t o a augmentar os compromissos do Brasil, salvo
para pagamento dos juros e amortisação, sentimos que a emis- se desse iuginento possa esperar-se, com corte'a, o aiiudido
são de tacs títulos absorveria fatalmente parte do limitado desenvolvimento d a producçüo.
poder do mercado brasileiro de collocar capitães c. assim, se E s t a conclusão apparece fortemente reforçada quando
tornaria mais difficü ao Governo Federal emittír apólices. nos lembramos de que, cem o saldo ds.s exportações do Brasil,
E s t e perig-o torna-se maior desde que se estipule u m a tón de ser pagos os juros dos empréstimos federaes, estaduacs
taxa de juros, a ser paga pelos devedores, menor do que a cor- e rmuiicipaes,. e também os juros e lucros <lu capital estrangeiro
rente no mercado. Quantos possam usar dos favores offere- empregado no paiz, as m n c s c â s de immígrantes a nações
í:idos pelo Banco Hypothccario serão assim encorajados a estrangeiras, as despesas de viajantes brasileiros na Europa
J"aí;e!-o. e outras remessas " invisíveis ".
A vista dessas cireumstancias suggerimcs a T . Ex.. que O i c t ó l dessas despesas é conrraummcatc. avaliado co
c s poderes culcrgadcs ao Danço sejam reduzidos a concessão Brafãl c m £ 29.OCO.OCO a £ 30.000.000.
dos favores do credito aos ágricultcrss que difEcümcnte pessam Muitos desses algarismos são meras estimativas. Uni cal-
»to!.'é!-os dos bancos ecmvnuns. culo feito por um deputr.do brasileiro dá ar, minúcias seguintes,
cm milhares d e libras :
D E S E N V O L V I M E N T O DO PAIZ JE^prcMinins federaes £ 7.12S
J^rjrcstimos £ 2.212
22° — 3 i h n ç i crmmerciii r>npres:imos swniuip:i<h> £ 1 .-60
Capital eslrunsciro £ 13.500
fi CKseacial, cm qualquer teutativa para augmentar as Remessas italianas £ 2.500
riquesas do Brasil, que as suas exportações sejam conveniente Rtmessas ix-rUiguLsas £ 2.0QO
o vigorosamente desenvolvidas. Alem disso, o Governo tem Despesas de brasileiros no estraascsro. £ 400
Errersas £ 1.000
compromissos a solver n o estrangeiro e só pode fazel-o com o
saldo de mercadorias, das veadas que os nacionaes façam n o Somma .' £ 30.000
estrangeiro em quantidade superior ás compras.
Esses- algarismos devim ser lidos com grande eauEí-la.
IÍ possível a d i a r a satisfação desses compromissos m è c i -
por serem, recitos delies responsáveis par uma grande soivm,
•cuite novos empréstimos, mas por esse meio sc-mente as neces- de eiTos. M a s o total é geralmente acceito como o mais appro-
sidades de exportação tornam-se cada vez maiores e mais pre- xirtsacfeirente certo e o grande vácuo existente entre elle e o
mentes. síldo d a balançl commercial que deve cebril-o é um syraptoma
Taes necessidades tTm sido até agera ignoradas, visto serio. A sua. gravidade cresce da vulto, quando nos lembramos
como a extensão da divida externa federa 1 tem eroscido-durante de que o saldo da balan.-a commercial visível, p e d i ser fal-
o tútirno q u a r t o de século, mais rapidamente do que o saldo sificado conforme admitte distineto funecionario. brasileiro,
das exportações do Brasil. pGr urra. freqüente sub-dccbròção do valor das mercadorias
Afim d e evitar a idfi°3 falsa a que se pôde chegar tomando importadas, pelo-contrabando directo e pelo b a b o valor de-
um anuo qualquer como p o n t o de partida p s r a os algarismos cl r : d s xns fecfruras para fugir ao completo pagamento dos
e o m m t r iaes, annexamos dados da divida extcr.ia do Brasil direitos ad-valorsm.
e chi media da balança ccmmercial em um quhquennio. O D r . Cin i n a t o Braga, Presidente do Banco do Brasi 1 ,
Nos algarismos da divida não foi incluído o empréstimo dcclrra. cm estudo da situsç.ão econômica do Braiil. que-ne-
de café de 1922, de £ 9.000.OCO, porque está entendido que gocisntes de grande-conceito asseversmque a somma dest arte
esse empréstimo 6 custeado com as vendas do café dado em eradida, n ã o & inferior a 20 % do valer da importação total
penhor. de pai?.
Ealiiiçi cotnmareí S Dividi ertem* O D r . Cincinato Braga acerescenta mais 5 %. Nesta base
(Ecn mflbijis desde qne .a media da importação do ultimo quinquennio fei
(Em nrUínVa
eilcrlinocJ ccci-Tlincsj
avaliada cm 72.000.000 de libras por ar.no,, aceresceutartamos
.1.W) 1903 — Mi-aia li 54
r.rsis £ 3.500.000 a esse total, reduzindo assim a media da
1904-1908 ~ » 14 71
1«W>~1918— ) 16 111 b i h r ç - commercial a £ 11.500.000 c deixando .uma diffe-
1919-1923— » .., 15 124 i'c-nça. de £ 1S.000.000 entre cila c os rignrraios que se calculou
se racE-iseccssrics.
A media a m u a l da balança ccffirncrcial, de 1919 a 1923. Oucndo acerescen tsrir-.os a parcella que acreditemos ser
m o s t r a um a u p n e a t o de 36 % sobre a de ,1899-1903, ao passo de £ 2.OO0.0OO, proveniente do pagamento das despesas- de
que a divida externa apresenta um augmento de 129 % . t.rr.orcpíçãp da divida externa, quando os pagamentos forem
O Banco está auctorisado a fazer empréstimos não só O pequeno augmento na media da balança
soh penhor agrícola, como com a garantia de estradas de ferro, commercial do ultimo quinquennio, comparado com o
propriedades urbanas e suburbunas e material em deposito.
primeiro, sufílcientemente mostra a necessidade de uma
O total dos empréstimos que está auctorisado a fazer
c de 1.000.000 de contos de réis e, desde que os títulos que vigorosa política de desenvolvimento da producção e
Jovem ser entregues aos devedores envolvam a garantia do também, quando comparado com o rápido augmento na
Tliesouro, para pagamento dos juros e amortisação, sentimos divida externa, a necessidade de cautela quanto a augmentar
que a emissão de taes titulos absorveria fatalmente parte do os compromissos do Brasil, salvo se desse augmento possa
limitado poder do mercado brasileiro de collocar capitães e,
Lb^im, se tornaria mais difficil ao Governo Federal emmitir esperar-se, com certeza, o alludido desenvolvimento da
apólices. producção.
Este perigo torna-se maior desde que se estipule uma Esta conclusão apparece fortemente reforçada
ia\a de juros, a ser paga pelos devedores, menor do que a quando nos lembramos de que, com o saldo das exportações
coirente no mercado. Quantos possam usar dos favores do Brasil, têm de ser pagos os juros dos empréstimos federaes,
oITerecidos pelo Banco Hypotheccario serão assim
estaduaes e municipaes, e também os juros e lucros do capital
encorajados a fazel-o.
estrangeiro empregado no paiz, as remessas de immigrantes a
A vista dessas circumstancias suggerimos a V. Ex.,
que os poderes outorgados ao Banco sejam reduzidos a nações estrangeiras, as despesas de viajantes brasileiros na
concessão dos favores do credito aos agricultores que Europa e outras remessas "invisíveis".
diíficilmente possam obtel-os dos bancos communs. O total dessas despesas é commummente avaliado
no Brasil em £29.000.000 a £30.000.000.
DESENVOLVIMENTO DO PAIZ Muitos desses algarismos são meras estimativas. Um
calculo feito por um deputado brasileiro dá as minúcias
22° — Balança Commercial seguintes, em milhares de libras:
É essencial, em qualquer tentativa para augmentar as Empréstimos federaes £ 7.128
riquesas do Brasil, que as suas exportações sejam conveniente Empréstimos £ 2.212
o vigorosamente desenvolvidas. Além disso, o Governo tem Empréstimos municipaes £ 1.260
Capital estrangeiro £ 13.500
compromissos a solver no estrangeiro e só pôde fazel-o com o Remessas italianas £ 2.500
saldo de mercadorias, das vendas que os nacionaes façam no Remessas portuguesas £ 2.000
estrangeiro em quantidade superior ás compras. Despesas de brasileiros no estrangeiro £ 400
É possivel adiar a satisfação desses compromissos Diversas £ 1.000
mediante novos empréstimos, mas por esse meio somente as Somma £ 30.000
necessidades de exportação tornam-se cada vez maiores e
mais prementes. Esses algarismos devem ser lidos com grande
Taes necessidades têm sido até agora ignoradas, cautela, por serem muitos delles responsáveis por uma grande
\ isto como a extensão da divida externa federal tem crescido somma de erros. Mas o total é geralmente acceito como o mais
durante o ultimo quarto de século, mais rapidamente do que o approximadamente certo é o grande vácuo existente entre elle
>aldo das exportações do Brasil. e o saldo da balança commercial que deve cobril-o é um
Afim de evitar a idéa falsa a que se pôde chegar symptoma serio. A sua gravidade cresce de vulto, quando nos
minando um armo qualquer como ponto de partida para os lembramos de que o saldo da balança commercial visível
algarismos commerciaes, annexamos dados da divida externa pôde ser falsificado conforme admitte distineto funecionario
ilo Brasil e da media da balança commercial em um brasileiro, por uma freqüente sub-declaração do valor das
quinquennio. mercadorias importadas, pelo contrabando directo e pelo
Nos algarismos da divida não foi incluído o baixo valor declarado nas facturas para fugir ao completo
empréstimo de café de 1922, de £ 9.000.000, porque está pagamento dos direitos ad-valorem.
entendido que esse empréstimo é custeado com as vendas do
ca fé dado em penhor. O Dr. Cincinato Braga, Presidente do Banco do
Brasil, declara, em estudo da situação econômica do Brasil,
Balança commercial Divida externa que negociantes de grande conceito asseveram que a somma
Annos
visível dest arte evadida, não é inferior a 20 % do valor da importação
(Em milhões (Em milhões
esterlinos) esterlinos) total do paiz.
- 1903 - Média 11 54
O Dr. Cincinato Braga acerescenta mais 5 %. Nesta
base desde que a media da importação do ultimo quinquennio
- 1908 >} 14 71
foi avaliada em 72.000.000 de libras por anno,
- 1918 - 16 111
acerescentariamos mais £ 3.500.000 a esse total, reduzindo
- 1923 }> 15 124 assim a media da balança commercial a £ 11.500.000 e
deixando uma differença de £ 18.000.000 entre ella e os
A media annual da balança commercial, de 1919 a algarismos que se calculou serem necessários.
1023, mostra um augmento de 36 % sobre a de 1899 - 1903, Quando acerescentamos a parcella que acreditamos
.10 passo que a divida externa apresenta um augmento de ser de £ 2.000.000, proveniente do pagamento das despesas de
129%. amortisação da divida externa, quando os pagamentos forem
Vm% Domingo 50 DÍAVOQ aPFTCIÀl, Jjj-oWJfe Í93i
reen estados-.em 1927, c o serviço de qualquer novo empréstimo Quando o capital estrangeiro está sendo procurado não
que possa ser obtido, verificaremos que uni augmento na ex- c conveniente que haja propagandistas avisando os recrutas
portação, n u m a percentagem muito mais elevada do q u e a do campo com queixas do tratamento des gual que elles mesmos
importação,- é essencial para a solvabiiidads do Brasil. Acre- receberam.
ditamos que essa lacuna poderá ser preenchida sem dificuldade Honrar de prompto as obrigações, rápida liquidação das
EÍ os recursos, do paiz forem desenvolvidos com energia. questões, continuidade de política, o afíastameato d e incidentes
protelatorios, promptidão em resolver e conciliar as difficul-
23° - Gapitil esbranseiro dades, tudo isso é de importância para remover os actuaes
obstáculos oppostos á livre diffusão dos capitães ruo BrasiL
Do exime do orçimenio da Republica, dos seus ceníi- Mão aconselhamos a V. Ex. que acolha o capital estran-
djtravejs compromisso-;, da difBculdade de levantar u m largo geiro incondicionalmente ; u m a cxeeUente condição seria a
empréstimo interno, parece-nos evidente que o Brasil não tem de q u e o capital estrangeiro chegasse aqui associado ao capital
actraicccritc recursos necessários para prestar cíBcíantc auxilio nacional o partilhasse os lucros das empresas de que os bra-
ao desenvolvimento do seu vasLo território. sileiros Lambem fossem sócios.
Pensamos que o Governo brasileiro deveria providenciar
O capital estrangeiro é hoje indispensável ao Brasil, como
para que nas futvrras empresas uma proporção do capital em
o foi no passado. Dizemos isso ccin grande convicção porque
acções fosse ofierecida á subseripção dos' brasileiros.
derejames fazer diversas ponderações sobre asstnxsctos rela-
Pensamos que o Governo brasileiro deveria partilhar dus
cionados com o emprego do capital estrangeiro c porque obser-
lucros líquidos das novas empresas que exijam u m c o n t r a n o
vamos a o paiz a tendência de opposição á mtroducção desse
com elle e que tenham sido organi adas c i m es;e propósito,
capital, corno se alguma cousa pudesse ser levada a efieito sem
não assumindo, porém qualquer responsabilidade de direcção.
elle.
&n certas circirmstaiicias esta participação do Governo
O capital, como V Ex. sabe, é naturalmente tímido, f.
noa lucros líquidos deveria ser dividida entre o Governo Fe-
desastrosas conseqüências haveria para o BrasiL.se prevale-
deral e dos Estados.
ce S2 n o exterior á impressão de que o capital estrangeiro não
E s t e ponto parece-nos de valor especial, quando os go-
é bera acolhido ou solicitado. Essas considerações tornam-se
verhos estaduaes consentirem em desistir dos seus direito.;
xnaie frizantes se renectsrrrzos que o mundo está m a i t o mais
de exportação ou deixarem de augmental-os.
pobre depois da guerra, que ha ao mesmo tempo u m campo
vasto p a r a o profícuo aproveitamento do capital e que -o Brasil 24" — Esames d i s ccncessSes
está compelindo com o capital-estiangeiro num ntíreado de
artigo r a r c , c poíio que as possibilidades do paiz sejam bri- H conveniente que o Governei do Brasil não faça o..tj-
dhanlcs, as cpportunidades para desenvolvei-as serão pre- cessões cujos benefícios não se affirmem com;> positivos
judicadas se o capitei não for cordialmente acolhido. e contractos que sirvam de base ao appello ao publico capi-
Seria melhor que as riquesa.- do Brasil pudessem ser talista no Brasil ou no estrangeiro, mas a respeito dos quaes
desenvolvidas cem o capital nacional, mas, na accual situ£çãu não reine a certe a de serem proveitosos para os subseripiores
não pode haver duvida de que o auxilio do capital estrangeiro ou p a r a o próprio Brasil.
c necessário. Si o Governo deve ter uma parte nos lucros, como su;>
Si se disser que qualquer preconceito contra o capital gerimos, é do seu interesse direclo ver si o contracto c bom <:
e^trEageào está circumscripto aos ignorantes e ?,os IT.-<] in- si seria útil q u e as respectivas propostas fossem examinadas
o relatadas entre o Governo Federal, os governos estaduaes e.
formados salientaremos p e r a n t e A', lix. que é perigoso, para o
os concessionários, antes de serem assignados. Este trabalho
b e m estar do paiz, permitlir-sc que tnes sentimentos cri?m
seria confiado á Commissão que suggerimos na " Despesa <ir-.
raizes.
capital " m a s isso não se deve applicar aos contractos de to-
Respeitosamente suggerrmos que V. Ex. deveria lomar
rradas de ferro, para os quaes foram feiias as cláusulas adeunlu
a iniciativa, numa declaração publica, dos argumentos capazes
indicadas,
de dissipar essa perigosa manifestação antes que èlia v;i longo.
Abstiverno-nos. nós mesmos, do discutir com o Ministra 2S" — UnificiçãD de ccntrict s
d a Fazenda as queixas de cena» companhias estrangeiras que
operam n o Brasil, muitas tlcllas pertencentes aos nossos pró- Quando se deseja negociar um contracto para errnre;;-'
prios compatriotas. de capital e desenvolvimento de alguma empresa brasüein..
Algumas dessa? diíiiculdndcs naturalmente desapparr.'- acontece., algumas vezes, que as únicas partes iniercssail.is
ceriam na reforma do processo do orçamento que propuzemo:-, são os concessionários e o Governo Federai, mas, outras vexes.
pois, acreditamos que. cm certos case-, a ímpontunliiiade dos embora em menor escala, u m ou mais Estados da união são
pagamentos ás companhias c as ieiii.vivas para diminuir com- lambem interessados.
promissos provenientes 0c cnuracios, sem o conveniente exanv: Nesses casos, pois, (conhecemos a pratica autuai) diversos
xios meios empregados para cbc-gar n esse fim, lúw sido devidos contractos têm de ser negociados separadamente cora o Go-
a embaraços financeiro.1;'. Hsiu Amu- de difiicuklade--. tão pro- verno Federa! c cada um dns governos estaduaes. Este pro-
iudicj.il ao credito tio y:.y<. dvi5!.'i.,;;re';er:;i de fuiuru. cesso envolve delongas, complicadas ainda com as mudam-as
reencetados em 1927, e o serviço de qualquer novo Quando o capital estrangeiro está sendo procurado
empréstimo que possa ser obtido, verificaremos que um não é conveniente que haja propagandistas avisando os
augmento na exportação, numa percentagem muito mais recrutas do campo com queixas do tratamento desegual que
elevada do que a importação, é essencial para a solvabilidade elles mesmos receberam...
do Brasil. Acreditamos que essa lacuna poderá ser preenchida Honrar de prompto as obrigações, rápida liquidação
sem difficuldade si os recursos do paiz forem desenvolvidos das questões, continuidade de politica, o affastamento de
com energia. incidentes protelatorios, promptidão em resolver e conciliar
as difficuldades, tudo isso é de importância para remover os
23° — Capital estrangeiro actuaes obstáculos oppostos á livre diffusão dos capitães no
Brasil.
Do exame do orçamento da Republica, dos seus Não aconselhamos a V. Ex. que acolha o capital
consideráveis compromissos, da difficuldade de levantar um estrangeiro incondicionalmente; uma excellente condição
largo empréstimo interno, parece-nos evidente que o Brasil seria a de que o capital estrangeiro chegasse aqui associado ao
não tem actualmente recursos necessários para prestar capital nacional e partilhasse os lucros das empresas de que os
efficiente auxilio ao desenvolvimento do seu vasto território. brasileiros também fossem sócios.
O capital estrangeiro é hoje indispensável ao Brasil, Pensamos que o Governo brasileiro deveria
como o foi no passado. Dizemos isso com grande convicção providenciar para que nas futuras empresas uma proporção do
porque desejamos fazer diversas ponderações sobre capital em acções fosse offerecida á subscripção dos
assumptos relacionados com o emprego do capital estrangeiro brasileiros.
e porque observamos no paiz a tendência de opposição á Pensamos que o Governo brasileiro deveria partilhar
introducção desse capital, como se alguma cousa pudesse ser dos lucros liquidos das novas empresas que exijam um
levada a effeito sem elle. contracto com elle e que tenham sido organisadas com esse
O capital, como V. Ex. sabe, é naturalmente timido, e propósito, não assumindo, porém, qualquer responsabilidade
desastrosas conseqüências haveria para o Brasil se de direcção.
prevalecesse no exterior a impressão de que o capital Em certas circumstancias esta participação do
estrangeiro não é bem acolhido ou solicitado. Essas Governo nos lucros liquidos deveria ser dividida entre o
Governo Federal e dos Estados.
considerações tornam-se mais frizantes se reflectirmos que o
Este ponto parece-nos de valor especial, quando os
mundo está muito mais pobre depois da guerra, que ha ao
governos estaduaes consentirem em desistir dos seus direitos
mesmo tempo um campo vasto para o preficuo
de exportação ou deixarem de augmental-os.
aproveitamento do capital e que o Brasil está competindo com
o capital estrangeiro num mercado de'artigo raro, e posto que
24° — Exames das concessões
as possibilidades do paiz sejam brilhantes, as opportunidades
para desenvolvel-as serão prejudicadas se o capital não for
É conveniente que o Governo do Brasil não faça
cordialmente acolhido. concessões cujos benefícios não se affirmem como positivos
Seria melhor que as riquezas do Brasil pudessem ser e contractos que sirvam de base ao appello ao publico
desenvolvidas com o capital nacional, mas, na actual situação capitalista no Brasil ou.no estrangeiro, mas a respeito dos
não pode haver duvida de que o auxilio do capital estrangeiro quaes não reine a certe a de serem proveitosos para os
é necessário. subscriptores ou para o próprio Brasil.
Si se disser que qualquer preconceito contra o capital Si o Governo deve ter uma parte nos lucros, como
estrangeiro está circumscripto aos ignorantes e aos mal suggerimos, é do seu interesse directo ver si o contracto é bom
informados salientaremos perante V. Ex. que é perigoso, para e si seria útil que as respectivas propostas fossem examinadas
o bem estar do paiz, permittir-se que taes sentimentos criem e relatadas entre o Governo Federal, os governos estaduaes e
raizes. os concessionários, antes de serem assignados. Este trabalho
Respeitosamente suggerimos que V. Ex. deveria seria confiado á Commissão que suggerimos na "Despesa de
tomar a iniciativa, numa declaração publica, dos argumentos capital" mas isso não se deve applicar aos contractos de
capazes de dissipar essa perigosa manifestação antes que ella estradas de ferro, para os quaes foram feitas as cláusulas
vá longe. adeante indicadas.
Abstivemo-nos, nós mesmos, de discutir com o
Ministro da Fazenda as queixas de certas companhias 25° — Unificação de contractos
estrangeiras que operam no Brasil, muitas dellas pertencentes
aos nossos próprios compatriotas. Quando se deseja negociar um contracto para
Algumas dessas difficuldades naturalmente emprego de capital e desenvolvimento de alguma empresa
desappareceriam na reforma do processo do orçamento que brasileira, acontece, algumas vezes, que as únicas partes
propuzemos, pois, acreditamos que, em certos casos, a interessadas são os concessionários e o Governo Federal,
impontualidade dos pagamentos ás companhias e as mas, outras vezes, embora em menor escala, um ou mais
tentativas para diminuir compromissos provenientes de Estados da União são também interessados.
contractos, sem o conveniente exame dos meios empregados Nesses casos, pois, (conhecemos a pratica actual)
para chegar a esse fim, têm sido devidos a embaraços diversos contractos têm de ser negociados separadamente
financeiros. Esta fonte de difficuldades, tão prejudicial ao com o Governo Federal e cada um dos governos estaduaes. Este
credito do paiz, desappareceria de futuro. processo envolve delongas, complicadas ainda com as mudanças
3
D o i n i u s o C'0 DIÁRIO O F F r C I A L .Unilu-. ile I92Í- 15293
e Guvcmo o pôde muitas vezes determinar o abandono do I I — O Tribunal cc-mpe-r-se-á de cinco membros que
pwjecto. £ , além disso, freqüente terem as negociações1 de ser serfío r.otiK-ados por de.-: amics. Afim de assegurar a continui-
• -onciuzidas enfre 03 governos estaduaes. de um lado. e o G>:>- dade da poüiíie.1 ícrro-viiivi.i na primeira tkcaría, deis dos mem-
:'rno federnl. de outro, e essa djfnruidacle ainda se aecenuia. bros nomeados pela :Vra:;i acima indicada deixarão o cargo
em determinados casos, pela udoorão da proposta em que u no tira de- ciuco ;n:n.os.
Governo Federai e es 5/.vemos estaduaes participem tios III — O Tribunal será crwpeícnle para nomear o pes-
iucvos liquido?. s> ai leeluuco que se íaçn necessário -.-.ara o desempenho cia sua
Aconselhamos, pois, que se faça uma tentativa para es- missão.
tabelecer o mecamsmo em virtude do qual quando um con-
IV" — Os membros do Tribunal e » sou pessoal serão
tracto for pleiteado com o Govcr :o F c í c r a l e um c-ti mpis go-
c«colhidos, de accòrdo com a confiança do governo, das es-
vernos estaduaes, haja urna uuica seris de negociações c ihn
tradas de ferro e do publico e s.rão sufncieaterrcnco remune-
só contracto seja celebrado entre todas as partes interessadas.
ra do?.
Si o Governo Fecleril nomeasse um delegado eu delegados
e ;i os governes estaduaes. semellianternenie. um delegado ou V — Os membros do Tribunal e o seu pessoal não devem,
delegados, com poderes aâ-rcfirendum dos respective? governes estar ligados directa ou indir etamente a quaesquer empresas,
ou, de preferencia, com plebes poderes para assignsrem con- de estradas de ferro do Brasil e não d;vem ser membres de
juoetafnentc ou em separado com os concessionários os con- quaesquer ssscmblcas legislativas.
vractos oaerosos. as negociações seriam muito facilitadas c-m K. B . I — Seria conveniente lembrar que o Governo
iodos os Fcnüdcs. Nrão pedemos duvidar de que os goverues também c proprietário de estradas de ferrei.
estaduaes se aperceberão das vantagens desse e.cccrdo. K. B . I I — Seria conveniente incluir no pessoal do Tri-
bunal peritos com conhecimentos de estradas de ferro esco-
26" — Estradas de ferro lhidos n a Inglaterra, donde tem vindo tanto capital para as
Ficamos muiio impressionados com as grendes possibi- estradas d e ferro do Brasil,
lidades d o solo fértil do Brasil € c o m a s r i q u e r a s que aguardam VI — Muitas das fimceões do Tribunal .serão quasi judi-
exploração. Tão forte foi essa impressão em todos xtòs que nos ciarias: t n n membro do Tribunal deveria, pois. ser versado
leva a confiar n a potencialidade d o paiz. cm direãiD.
Estamos, ixirém. convencidos de que o desenvolvimento V I I — H a v e r á um jury formado por um reprcseiftante
do Brasil está sendo retardado p o r falta de transportes e que d e cada E s t a d o do Brasü. Esses representantes serão nomeados
a producção de cereaes; a exportação de mineraes, a distri- pelo. Governo de cada Estado. O representante d e cada Estado
buição d a população necessária e o emprego de capitães de- ou Estados, e m qnalquer questão levada ao Tribunal terá
pendem essencial c principalmente da -cenveriente diffusCô de assento n o mesmo durante a audiência do caso e píenes po- j
facilidades íerro-viarias. deres õe membro do Tribunal, emquanto durar o processo, l
Estamos convencidos de qtie na distribuição dessas fa- NI -B. — Uma pessoa pôde ser escolhida para repre- I
cilidades íerro-viarias está a base de toda a futura prosoeri-
.-eutante de mais de "üm Estado. i
di.de do Brasil e uma vez que só pelo seu desenvolvimento
V I U — As despesas do Tribunal de Estradas de Ferro f
pó:le o pais livrar-se da. sita dívida externa, consideramos r>
serão custeadas com contribuições das estradas do ferro fe- í
prolongamento e melhoramento das estradas dé ferro u m as-
deraes. estaduaes e particulares. I
sumo to cuja urgência não precisa ser encarecida.
Desejamos poder dizer, ao regTessarmcs, á Etiropa, não I X — O Ministro da Viação providenciará para que as í
só que o capital estrangeiro c necessário p a r a esse tim, como contribuições das estradas de ferro sejam consignadas ao Tri- |
também que ha motivos para acreditar com segurança : btmal e bem assim p a r a que as quantias correspondentes lhe jt
I — que o capital empregado nas estradas de ferro bra- sejam entregues p a r a custear as suas despesas. í
sileiras dará lucro magniiicos ; c. E r conveniente que essas contribuições sejam propor- {'
II — que a reorganisação das facilidades de- trrnsportcs, cionaes á renda bruta de cada estrada de ferro. ?;
bem como- o futuro desenvolvimento destes, está em via de |;
ser seriamente estudado, afim de entrar cm execução irr.rcc- FUNCÇÕES V
diata. v.
Com esse obj-ectivo pareceu-nos conveniente apresentar b
o? nossos pontos de vista ao Ministro da Viação, sob a forma X — 0 objectivo do Tribunal de Estradas de Ferro não i-
de uma série de proposições, e agora subme-ttemos á apre- é interferir Da administração interna de determinadas estrada?, §••
ciação de V. Ex. uma copia do mcmermdum que dirigimos mas, salvaguardar os interesses do publico e auxiliar o desen- |*
dquellc titular. volvinknto geral do Brasil. k
D e n t r o desse objectivo. os deveres do Tribunal de Es- jf-
N 0 3 A 3 SAEA O M I H I S T K O Dk VU'ÇÃO
trndas d e Ferro serão os seguintes: i
SubmetEemos á consideração de V. Ex. : tò — Tarifas e classificação :
I — Deverá ser estabelecido um Tribunal para resolver I — fixar, ce tempos em tempos, as tarifas das. estradas
certas questões relativas ás estradas de ferro brasileiras. de ferro;
3^
2 Governo e pôde muitas vezes determinar o abandono do II — O Tribunal compor-se-á de cinco membros que
projecto. É, além disso, freqüente terem as negociações de ser serão nomeados por dez annos. Afim de assegurar a
conduzidas entre os governos estaduaes, de um lado, e o continuidade da politica ferro-viaria na primeira década, dois
Governo Federal, de outro, e essa difficuldade ainda se dos membros nomeados pela forma acima indicada deixarão
accentúa, em determinados casos, para adopção da proposta o cargo no fim de cinco annos.
em que o Governo Federal e os governos estaduaes
participem dos lucros liquidos. III — O Tribunal será competente para nomear o
Aconselhamos, pois, que se faça uma tentativa para pessoal technico que se faça necessário para o desempenho da
estabelecer o mecanismo em virtude do qual quando um sua missão.
contracto for pleiteado com o Governo Federal e um ou mais IV—Os membros do Tribunal e o seu pessoal serão
governos estaduaes, haja uma única serie de negociações e um escolhidos de accôrdo com a confiança do governo, das
só contracto seja celebrado entre todas as partes interessadas. estradas de ferro e do publico e serão sufficientemente
Si o Governo Federal nomeasse um delegado ou remunerados.
delegados e si os governos estaduaes, semelhantemente, um V — Os membros do Tribunal e o seu pessoal não
delegado ou delegados, com poderes ad-referendum dos devem estar ligados directa ou indirectamente a quaesquer
respectivos governos ou, de preferencia, com plenos poderes
empresas de estradas de ferro do Brasil e não devem ser
para assignarem conjunctamente ou em separado com os
concessionários os contractos onerosos, as negociações membros de quaesquer assembléas legislativas.
seriam muito facilitadas em todos os sentidos. Não podemos N. B. I. — Seria conveniente lembrar que o Governo
duvidar de que os governos estaduaes se aperceberão das também é proprietário de estradas de ferro.
vantagens desse accôrdo. N. B. II. — Seria conveniente incluir no pessoal do
Tribunal peritos com conhecimentos de estradas de ferro
26° — Estradas de ferro escolhidos na Inglaterra, donde tem vindo tanto capital para as
estradas de ferro do Brasil.
Ficamos muito impressionados com as grandes VI — Muitas das funeções do Tribunal serão quasi
possibilidades do solo fértil do Brasil e com as riquezas que judiciarias: um membro do Tribunal deveria, pois, ser versado
aguardam exploração. Tão forte foi essa impressão em todos
nós que nos leva a confiar na potencialidade do paiz. em direito.
Estamos, porém, convencidos de que o VII — Haverá um jury formado por um
desenvolvimento do Brasil está sendo retardado por falta de representante de cada Estado do Brasil. Esses representantes
transportes e que a producção de cereaes, a exportação de serão nomeados pelo Governo de cada Estado. O
mineraes, a distribuição da população necessária e o emprego representante de cada Estado ou Estados, em qualquer
de capitães dependem essencial e principalmente da questão levada ao Tribunal terá assento no mesmo durante a
conveniente diffusão de facilidades ferro-viarias. audiência do caso e plenos poderes de membro do Tribunal,
Estamos convencidos de que na distribuição dessas emquanto durar o processo.
facilidades ferro-viarias está a base de toda a futura N. B. — Uma pessoa pôde ser escolhida para
prosperidade do Brasil e uma vez que só pelo seu representante de mais de um Estado.
desenvolvimento pôde o paiz livrar-se da sua divida externa,
consideramos o prolongamento e melhoramento das estradas VIII—As despesas do Tribunal de Estradas de Ferro
de ferro um assumpto cuja urgência não precisa ser serão custeadas com contribuições das estradas de ferro
encarecida. federaes, estaduaes e particulares.
Desejamos poder dizer, ao regressarmos á Europa, IX — O Ministro da Viação providenciará para que
não só que o capital estrangeiro é necessário para esse fim, as contribuições das estradas de ferro sejam consignadas ao
como também que ha motivos para acreditar com segurança: Tribunal e bem assim para que as quantias correspondentes
I — que o capital empregado nas estradas de ferro lhe sejam entregues para custear as suas despesas.
brasileiras dará lucro magnificos; e, É conveniente que essas contribuições sejam
II — que a reorganisação das facildades de proporcionaes á renda bruta de cada estrada de ferro.
transportes, bem como o futuro desenvolvimento destes, está
em via de ser seriamente estudado, afim de entrar em
execução immediata. FUNCÇÕES
Com esse objectivo pareceu-nos conveniente
apresentar os nossos pontos de vista ao Ministro da Viação, X — O objectivo do Tribunal de Estradas de Ferro
sob a forma de uma série de proposições, e agora não é interferir na administração interna de determinadas
submettemos á apreciação de V. Ex. uma cópia do estradas, mas, salvaguardar os interesses do publico e auxiliar
"'emorandum que dirigimos áquelle titular. o desenvolvimento geral do Brasil.
Dentro desse objectivo, os deveres do Tribunal de
NOTAS PARA O MINISTRO DA VIAÇÃO Estradas de Ferro serão os seguintes:
Submettemos á consideração deV. Ex.: a) — Tarifas e classificação:
I — Deverá ser estabelecido um Tribunal para
resolver certas questões relativas ás estradas de ferro I — fixar, de tempos em tempos, as tarifas das
brasileiras. estradas de ferro;
t
iz%M DQpimgp 29 DTÀJAIO OFFICIAL Junho de 1024
c Lm ria dos actuaes serviços de estradas de ferro e o desenvol- possuísse ou não tivesse p a r t e em companhias de estradas de
vimento das facilidades de t r a n s p o r t e no futuro. ferro.
O Tribunal publicará ran relatório aimual. O nosso pensamento, com relação ao Goverao Fedtral.
abrange egualmente os governos estaduaes -e aconselhamos
CONCLUSÃO a estes, t a n t o quanto possivel. -vender as suas actuaes estradas
de Í„-ITO a companhias particutarüS c não construir mais-es-
Si o objíciivo para o qual se propõe [nadar o Tribunal •-radas -;or co^ta do Estado.
de Estradas de Ferro f:r r.ttin&ido, será necessário q u i a sua Si o reconhecimento de auetoridade do Tribunal pelos
constituição e auetoridade sejr.m reconhecidas pelas estradas, governos estaduacs não pude ser obtido concordamos em que
bani como pelo Govarao Federal c que as suas decisões sejam seria diâicil por em pratica o proiecto que suggerimos. Neste
cumpridas sem demora. caso. aão desistiríamos do u m projecto que julgamos essencial
Temos limitado as nossas suggestões ás questões de es- c sem o qual o próprio desenvolvimento do paiz é quasi im-
t r a d a s de ferro, mas, com excepção de alguns de menos impor- possível, mas. não 6 só neste ponto que V. Ex., sem duvida
tância, Iodos os argumentos em favor àesse Tribunal servem achará q u e a Constituição d o Brasil tz{ como existe, pôde
servir de obstáculo a reformas p o r V. Ex. tidas como neces-
p a r a mostrar que a roa acção deveria estender-se a outras
sária?.
companhias de utilidade publica, p a r a o cpnUcli dos assumptos
que não ss enquadrem propriamente nos fins do Estado e
27" — O Govera-j e a industria.
devem ser examinados por esse T r i b u n a l ou outro semelhante.
E m todo o caso, como as estradas de ferro, operam fre- Estnáas de ferro iederws e & companhia de HavezaçSt» LIoyd
Brasileiro
quea temente em ccncurreacia com as companhias de nave-
gação, costeira e fluvial, pode-se e n t e n d e r que é conveniente
Intimamente ligada as considerações anteriores acha-se
incluir taes companhias na jurisdicção daquelle instituto.
esta questão — até onde deveria o Governo auxiliar, efficaz-
Foi civiirado neste proj.ecto, que em alguns casos o Tri- mente. fiscalisar c explorar industrias.
bunal Faria sujígestões ao Governo d o Brasil e, e.m outros, Pensamos que a ; duas i r a i s importantes industrias cm
proferiria decisões. que o Governo está envolvido, a Estrada de Ferro Central do
Consideramos, esta distinceão como muito importante e Brasil e a Companhia de Navegação LIoyd Brasileiro, têm
como t a l a apresentamos á apreciação de^V. Ex. dado prejuízo.
Si todos os resultados do t r a b a l h o - d o Tribunal tivessem Além disso, e especialmente com relação á Estrada de
o caracter de simples suggestões, isso acarretaria, em primeiro Ferro Central do Brasil, o facto de estarem sendo cobradas
lugar, grande demora, nos a s s a à i p t o s cuja solução fosse da tarifas apfi-eamcmicas representa tan mal para a. concorrência
maior urgência e, em segundo lugar, o Governo, ficaria sobre- das estradas de ferro particulares e as dificuldades políticas
carregado da rasponsabilídade d e resolver casos que devem para elevar os preços de passagens e fretes ou effectuar eco-
ficar livr;s de discussão e infiuencias políticas. nomias n o pessoal das estradas de ferro de propriedade- do
Ss todas as decisões do T r i b u n a l fossem consideradas e Governo, râo manifestas,
mibiicadas como suggestões o Goverao ficaria cercado, desde A cristeneia de estradas de ferro subvencionadas paio
logo, p e r toda ecríe de infiuencias, n a esperança de modificar, Governo produz outras desvantagens que trazemos ao conhe-
rej-icar ou adiar r r j p o s t a s ; e, si não fossem publicadas, não cimento d e V. E s .
seria a t t i m i d o o. objectivo almejado de educar a of-iuião pu- As industrias situadas próximo dessas estradas de ferre,
blica ao sentido de considerar questões econômicas ccmo pu- cujos productos ou matérias primas são transportadas a taxas
r a m e n t e ecoco .nicas, estabelecendo, p o r otttro lado, a confi- anti-economicamente reduzidas, gosam, cota effeito, de um
ança de que as questões econômicas como tal seriam, sempre privilegia quando comparadas- com as industrias localisadas
tratadas. em oníres pontos.
Tratemos de captar a confiança d o capital de estradas N o v a s industrias são animadas a se estabelecerem na.
de ferro, aqjii e rre> estrangeiro, assegurar a ausen isy.de intro- mesma locaEdade,. pela. perspectiva dn afluáido privilegio,
missões poKticas nesses assumptos e libertar o Governo de quando deveriam ser conduzidas mais efficieatemente para
ônus e responsabilidaáes. outros pontos do paiz.
Si a dístineção entre decisões e suggestões não fer man- T e m assim lugar u m a anti-economica distribuição das
tida, esse objectivo são p o d e r á ser alcançado. fontes d e pioducção e u próprio desenvolvimento do paiz é
As decisões de t r i b u r a e s semelhantes, no nosso paiz, não completamente retardado.
estão sujeitas á revisão do Goverao. Esses factos levam-nos a insistir junto a V. E s . para des-
E m questões de facto, as decisões do Tribunal são defi- fazer-se das estradas de lerro federaes e empresas de nave-
nitivas e em questões de direito ficam sujeitas a. recurso p a r a gação. Si eüas fossem vendidas s u arrendadas produziriam,
os tribuaaes judiciários. Além disso, o proiecto interessa não como ji salientames, sorama considerável, que reduziria os
só aos goveraos estadoaes coso» a » federal. actuaes compromissos do Gwvcmo, evitaria novos empresümos
Lembrar-se-á V. B»c., qae nunca deixamos de externar e meln«raria a situação do Theseuro cem a economia do que
s. c&nvkçãe- c V q u s seria melhor que o Governo brasileiro não annuakncnte se dispende p a r a cabxir o prejuízo verificado.
ciência dos actuaes serviços de estradas de ferro e o externar a convicção de que seria melhor o Governo brasileiro
desenvolvimento das facilidades de transporte no futuro. não possuisse ou não tivesse parte em companhias de estradas
O Tribunal publicará um relatório annual. de ferro.
O nosso pernsamento, com relação ao Governo
CONCLUSÃO Federal, abrange egualmente os governos estaduaes e
aconselhamos a estes, tanto quanto possivel, vender as suas
Si o objectivo para o qual se propõe fundar o Tribunal actuaes estradas de ferro a companhias particulares e não
de Estradas de Ferro for attingido, será necessário que a sua construir mais estradas por conta do Estado.
constituição e auctoridade sejam reconhecidas pelas estradas, Si o reconhecimento de auctoridade do Tribunal
bem como pelo Governo Federal e que as suas decisões sejam pelos governos estaduaes não pôde ser obtido concordamos
cumpridas sem demora. em que seria difficil por em pratica o projecto que
Temos limitado as nossas suggestões ás questões de suggerimos. Neste caso, não desistiríamos de um projecto que
estradas de ferro, mas, com excepção de alguns de menos julgamos essencial e sem o qual o próprio desenvolvimento
importância, todos os argumentos em favor desse Tribunal do paiz é quasi impossivel, mas, não é só neste ponto que V.
servem para mostrar que a sua acção deveria estender-se a Ex., sem duvida achará que a Constituição do Brasil tal como
existe, pôde servir de obstáculo a reformas por V. Ex. tidas
outras companhias de utilidade publica, para o controle dos
como necessárias.
assumptos que não se enquadram propriamente nos fins do
Estado e devem ser examinados por esse Tribunal ou outro
semelhante. 27° — O Governo e a industria
Em todo o caso, como as estradas de ferro operam
Estradas de ferro federaes e a companhia de Navegação
freqüentemente em concurrencia com as companhias de
Líoyd Brasileiro
navegação, costeira e fluvial, póde-se entender que é
conveniente incluir taes companhias na jurisdicção daquelle Intimamente ligada ás considerações anteriores
instituto. acha-se esta questão até onde deveria o Governo auxiliar,
Foi alvitrado neste projecto, que em alguns casos o efficazmente, fiscalisar e explorar industrias.
Tribunal faria suggestões ao Governo do Brasil e, em outros, Pensamos que as duas mais importantes industrias
proferiria decisões. em que o Governo está envolvido, a Estrada de Ferro Central
Consideramos esta distincção como muito do Brasil e a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, têm
importante e como tal a apresentamos á apreciação de V. Ex. dadoprejuizo.
Si todos os resultados do trabalho do Tribunal Além disso, e especialmente com relação á Estrada
tivessem o caracter de simples suggestões, isso acarretaria, de Ferro Central do Brasil, o facto de estarem sendo cobradas
em primeiro lugar, grande demora nos assumptos cuja as tarifas anti-economicas representa um mal para a
solução fosse da maior urgência e, em segundo lugar, o concorrência das estradas de ferro particulares e as
Governo ficaria sobrecarregado da responsabilidade de difficuldades politicas para elevar os preços de passagens e
resolver casos que devem ficar livres de discussão e fretes ou effectuar economias no pessoal das estradas de ferro
influencias politicas. de propriedade de Governo, são manifestas.
Se todas as decisões do Tribunal fossem A existência de estradas de ferro subvencionadas
consideradas e publicadas como suggestões o Governo ficaria pelo Governo produz outras desvantagens que trazemos ao
cercado, desde logo, por toda sorte de influencias, na conhecimento de V. Ex.
esperança de modificar, rejeitar ou adiar propostas; e, si não As industrias situadas próximo dessas estradas de
fossem publicadas, não seria attingido o objectivo almejado ferro, cujos produetos ou matérias primas são transportadas a
de educar a opinião publica no sentido de considerar questões taxas anti-economicamente reduzidas, gosam, com effeito, de
econômicas como puramente econômicas, estabelecendo, por um privilegio quando comparadas com as industrias
outro lado, a confiança de que as questões econômicas como localisadas em outros pontos.
tal seriam sempre tratadas. Novas industrias são animadas a se estabelecerem na
mesma localidade, pela perspectiva do alludido privilegio,
Tratemos de captar a confiança do capital de estradas quando deveriam ser conduzidas mais efficientemente para
de ferro, aqui e no estrangeiro, assegurar a ausência de outros pontos do paiz.
intromissões politicas nesses assumptos e libertar o Governo Tem assim lugar uma anti-economica distribuição
de ônus e responsabilidades. das fontes de producção e o próprio desenvolvimento do paiz
Si a distincção entre decisões e suggestões não for é completamente retardado.
mantida, esse objectivo não poderá ser alcançado. Esses factos levam-nos a insistir junto a V. Ex. para
As decisões de tribunaes semelhantes, no nosso paiz, desfazer-se das estradas de ferro federaes e empresas de
não estão sujeitas árevisão do Governo. navegação. Si ellas fossem vendidas ou arrendadas
Em questões de facto, as decisões do Tribunal são produziriam, como já salientamos, somma considerável, que
definitivas e em questões de direito ficam sujeitas a recurso reduziria os actuaes compromissos do Governo, evitaria
para os tribunaes judiciários. Além disso, o projecto interessa novos empréstimos e melhoraria a situação do Thesouro com
não só aos governos estaduaes como ao federal. a economia do que annualmente se dispende para cobrir o
Lembrar-se-á V. Ex., que nunca deixamos de prejuízo verificado.
41
152W Dcmiiiigo '20 U1AM.ÍU Ltfl'LULAL Junho dcl924:
Deve *cr desejo de todos os governos reprimir e fazer Nossa attenção esteve -sempre applieada ao estudo das
desap-parecer a venalidade nas. repartições publicas. condições geraes do paiz no sentido de facilitar que continue
N ã o estamos em condições de examinar as informações a cooperação entre a Inglaterra e o Brasil para o desenvolvi-
que recebemos de altos funccionarios e homens de negócios mento deste c podermos offerccer as opiniões que V. E s . nos
interessados na elíieacia dessa medida no Brasil; mas, estamos solicitou. Tudo isso temos feito sob um ponto de vista gerai,
ao p a r de q u e V. Es.- tem determinado e agido no s e : tido de sem cuidar absolutamente de interesses particulares de qualquer
levantai- o nível da moralidade publica c, afim. de ajudal-o ordem.
nesse propósito, aconselhamos que os vencimentos dos func- Fomc-s procurados aqui e n a Inglaterra, por companhias
cionarios sejam revistos, que se façam os mais severos regu- e interessados que t ê m queixas contra o seu Governo e contra
lamentos p a r a reprimir a corrupção c que qualquer contra- certos Estados da União.
c t a n t e que soja encontrado tentando olTcrecer, offerecendo Esses casos exerceram u m a influencia geral no nosso in-
ou fazendo presente de dinheiro n. funcciòuarios públicos seja, quérito, pois, não pôde haver duvida de que a existência de
não só punido, como prohibido, por alguns sumos, de celebrar questões não liquidadas, largamente discutidas nos dois paízes.
contractos c o m o Governo. formando u m ambiente de suspeição e queixas, será prejudicial
a um emprego de novos capitães britannicos em empresas
E m qualquer caso de suborno cm -que seja apanhado u m brasileiras.
fuuccionario publico, ao delinqüente deve ser appticado cas-
Rejeitamos, comtudo, todas as suggestões que nos foram
tigo exemplar, com a demissão suromaria do serviço.
feitas para levantarmos essas questões nas nossas discussões
Acreditamos que essas medidas mereceriam a approva-
com V. Ex., e com os seus ministros.
ção geral e augmontariam a confiança publica si fossem im-
Parece-nos que o convite que V. E s . , nos fez impede a
ixiediatamente tomadas, constituindo um melhoramento para
advocacia de interesses particulares c cabe-nos evitar iim pos-
o serviço publico e economia dos dinheiros do Estado.
sível choque entre os assmnptos que nos dizem respeito e os
que são commurmnente tratados pelos canaes diplomáticos.
34° — Continuidade de politiw
É do nosso dever pedir a attenção d e V. Ex. para a s pro-
E m conclusão, devemos salientar que a nossa grande postas q u e fizemos afim de melhorar a cooperação geral entre
as empresas inglesas e brasileiras, m a s devemos, nós mesmo
anciedade com relação ao futuro do Brasil originarse da falta
e V. E x . , abstermo-nos de qualquer identificação com -as re-
d e continuidade entre os governos.
clamações particulares.
N ã o ternos duvida, no nosso Intimo pensar-, — e- n ã ò D a m o s essa explicação afim de evitarmos mal entendido
hesitaremos em exprimir a nossa convicção em Londres, — na., nossa attitude.
q u e ê desejo de V. Ex. e do seu governo proseguir e m u m a sã Finalmente, desejaríamos mais u m a vez cHzer como fi-
política financeira o que as nossas suggestões ajudarão V. E s . camos profundamente impressionados pelas minutadas pos-
a alcançar essa meta. siblidades do seu bello paiz e pela alta intelligencia e encan-
Estamos, além disso, promptos a acreditar que u m a ten- t : d o r a bondade dos seus cidadãos.
dência na opinião publica, principalmente nos Estados mais Si u m systema financeiro sadio e a estabilidade da moed«
progressistas, auetorisa a esperar que, com o correr dos annos, puderem ser conseguidos e manfidrs, si os recursos da sua ma-
h a v e r á u m a maior certesa de que u m a sã política s'.rá se- gnífica herança forem devidamente desenvolvidos e si o ca-
g u i d a e m a n t i d a sem desfallecimentos e divergências tem- pital necessário para esse fim for bem acolhido e tratado, es-
porárias. tamos convencidos de que o augmento e prosperidade do Brasil,
Mas, as mudanças de pessoal que acompanham as do d e em anãos próximos, poderão chegar a altura que V. Ex. e os
governo são t ã o freqüentes que compromettem a continui- seus amigos estrangeiros desejam.
d a d e da administração. A pedido de V. Ex., tivemos o prazer de fazer aigurnas
A importância, da natureza das reformas iniciadas por suggestões para assegurar essas- condições necessárias.
V. E x . e o desejo evidente de V. Ex. de que ellas fiquem de Terá o paiz, sob a hábil direcção de V. Ex. e dos seus
pé, farão, estamos certos, com que V. Ex. ao chegar ao termo successores, de trabalhar e fazer sacrifícios, único meio de
do seu governo, empregue tudo que estiver ao seu alcance obter a soa prosperidade e tomal-a permanente.
p a r a assegurar a continuação destas boas finanças. Desejamos a V. Ex., e aos seus concidadãos todo o suc-
Mesmo, porém, que as nossas suggestões pudessem ser cesso possível no levantamento da fortuna de uma nação que,
transformadas em leis approvadas pelo Congresso, actos de como auguramos, pôde offerecer ao mür.do u m exemplo de
prosperidade; paz e prestigio.
Parlamento acceitos por u m governo podem ser revogados
em qualquer, tempo e a política que depende, em regra geral, (Assignados) E. S. MONTAGXT.
d a influencia recebida de u m ou. dois determinados Estados C. S. ADDIS, Diroctordo B.uco de lagJalcrra.
y o d e m u d a r eom a predominância de outros Estados. LQVAT, LORD.
Pedimos a V. Ex. especial attenção para esta importante TVILLIAM Mc- LtNtocK; Contador Publico.
ájuestilo' de. continuidade de política. lÍAKTJiBY WITUEOS, jornalista.
33° — Probidade dos servidores públicos 35» _ CONCLUSÃO
Deve ser desejo de todos os governos reprimir e fazer Nossa attenção esteve sempre applicada ao estudo
desapparecer a venalidade nas repartições publicas. das condições geraes do paiz no sentido de facilitar que
Não estamos em condições de examinar as continue a cooperação entre a Inglaterra e o Brasil para o
informações que recebemos de altos funccionarios e homens desenvolvimento deste e podermos offerecer as opiniões que
de negócios interessados na efficacia dessa medida no Brasil; V. Ex. nos solicitou. Tudo isso temos feito sob um ponto de
mas, estamos ao par de que V. Ex. tem determinado e agido no vista geral, sem cuidar absolutamente de interesses
particulares de qualquer ordem.
sentido de levantar o nivel da moralidade publica e, afim de
Fomos procurados aqui e na Inglaterra por
ajudal-o nesse propósito, aconselhamos que os vencimentos
companhias e interessados que têm queixas contra o seu
dos funccionarios sejam revistos, que se façam os mais
Governo e contra certos Estados da União.
severos regulamentos para reprimir a corrupção e que
Esses casos exerceram uma influencia geral no nosso
qualquer contractante que seja encontrado tentando offerecer, inquérito, pois, não pôde haver duvida de que a existência de
offerecendo ou fazendo presente de dinheiro a funccionarios questões não liquidadas, largamente discutidas nos dois
públicos seja, não só punido, como prohibido, por alguns paizes, formando um ambiente de suspeição e queixas, será
annos, de celebrar contractos com o Governo. prejudicial a um emprego de novo capitães britannicos em
Em qualquer caso de suborno em que seja apanhado empresas brasileiras.
um funccionario publico, ao delinqüente deve ser applicado Rejeitamos, comtudo, todas as suggestões que nos
castigo exemplar, com a demissão summaria do serviço. foram feitas para levantarmos essas questões nas nossas
Acreditamos que essas medidas mereceriam a discussões com V. Ex., e com os seus ministros.
approvação geral e augmentariam a confiança publica si Parece-nos que o convite que V. Ex., nos fez impede
fossem immediatamente tomadas, constituindo um a advocacia de interesses particulares e cabe-nos evitar um
melhoramento para o serviço publico e economia dos possivel choque entre os assumptos que nos dizem respeito e
dinheiros do Estado. os que são commummente tratados pelos canaes
diplomáticos.
34° — Continuidade de política É do nosso dever pedir a attenção de V. Ex. para as
propostas que fizemos afim de melhorar a cooperação geral
Em conclusão, devemos salientar que a nossa grande entre as empresas inglesas e brasileiras, mas devemos, nós
mesmo e V. Ex., abstermo-nos de qualquer identificação com
anciedade com relação ao futuro do Brasil origina-se da falta
as reclamações particulares.
de continuidade entre os governos.
Damos essa explicação afim de evitarmos mal
Não temos duvida, no nosso intimo pensar, e não entendido na nossa attitude.
hesitaremos em exprimir a nossa convicção em Londres, que Finalmente, desejaríamos mais uma vez dizer como
é desejo de V. Ex. e do seu governo prosseguir em uma sã ficamos profundamente impressionados pelas illimitadas
politica financeira e que as nossas suggestões ajudarão V. Ex. possibilidades do seu bello paiz e pela alta intelligencia e
a alcançar essa meta. encantadora bondade dos seus cidadãos.
Estamos, além disso, promptos a acreditar que uma Si um systema financeiro sadio e a estabilidade da
tendência na opinião publica, principalmente nos Estados moeda puderem ser conseguidos e mantidos, si os recursos da
mais progressistas, auctorisa a esperar que, com o correr dos sua magnifica herança forem devidamente desenvolvidos e si
annos, haverá uma maior certesa de que uma sã politica será o capital necessário para esse fim for bem acolhido e tratado,
seguida e mantida sem desfallecimentos e divergências estamos convencidos de que o augmento e prosperidade do
temporárias. Brasil, em annos próximos, poderão chegar a altura que
Mas, as mudanças de pessoal que acompanham as do V. Ex. e os seus amigos estrangeiros desejam.
de governo são tão freqüentes que compromettem a A pedido de V. Ex., tivemos o prazer de fazer
continuidade da administração. algumas suggestões para assegurar essas condições
A importância da natureza das reformas iniciadas por necessárias.
Terá o paiz, sob a hábil direcção de V. Ex. e dos seus
V. Ex. e o desejo evidente de V. Ex. de que ellas fiquem de pé,
suecessores, de trabalhar e fazer sacrifícios, único meio de
farão, estamos certos, com que V. Ex. ao chegar ao termo do
obter a sua prosperidade e tornal-apermanente.
seu governo, empregue tudo que estiver ao seu alcance para Desejamos a V. Ex., e aos seus concidadãos todo o
assegurar a continuação destas boas finanças. suecesso possivel no levantamento da fortuna de uma nação
Mesmo, porém, que as nossas suggestões pudessem que, como auguramos, pôde offerecer ao mundo um exemplo
ser transformadas em leis approvadas pelo Congresso, actos de prosperidade, paz e prestigio.
de Parlamento acceitos por um governo podem ser revogados
em qualquer tempo e a politica que depende, em regra geral, (Assignados) E. S. MONTAGÚ.
da influencia recebida de um ou dois determinados Estados C. S. ADDIS, Director do Banco de Inglaterra.
pode mudar com a predominância de outros Estados. LOVAT,LORD.
Pedimos a V. Ex. especial attenção para esta WILLIAM MC LINTOCK, Contador Publico
importante questão de continuidade de politica. HARTHEYWITHERSJornalista.
45
BRASIL credor, sem milagre. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 6 out.2009.
GRANER, Fábio; FERNANDES, Adriana. Dívida pública federal aumenta R$ 1,5 tri.
em 2009. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 27 jan.2010. (Economia, B4).
LAGO, Pedro Corrêa do. Brasiliana ITAÚ. São Paulo: Capivara Ed., 2009.
SIMÃO, Edna. Estados e municípios saldam dívida sem nova negociação. O Estado de
S.Paulo, São Paulo, 31 mar.2010. (Economia, B3).
EDITORA LABIRINTO
EDITORA LABIRINTO