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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ANANINDEUA


FACULDADE ENGENHARIA DE MATERIAIS

ANA PAULA SOUSA SOUZA


THALES ARRAES CONEGUNDES

ANÁLISE DO ENSAIO DE TRAÇÃO EM LIGAS DE ALUMÍNIO 5083

Ananindeua – PA
2019
ANA PAULA SOUSA SOUZA
THALES ARRAES CONEGUNDES

ANÁLISE DO ENSAIO DE TRAÇÃO EM LIGAS DE ALUMÍNIO 5083

Trabalho apresentado como requisito de avaliação


parcial para obtenção de nota na disciplina de Ensaio de
Materiais, no Curso de Engenharia de Materiais da
Universidade Federal do Pará - UFPA, Campus
Universitário de Ananindeua, ministrada pelo Prof. MSc.
Pedro Paulo.

Ananindeua – PA
2019
Sumário

1. OBJETIVOS .........................................................................................................4
2. INTRODUÇÃO ......................................................................................................4
3. MATERIAIS E MÉTODO ......................................................................................6
3.1. MATERIAIS ....................................................................................................6
3.2. EQUIPAMENTOS ...........................................................................................6
3.3. MÉTODO UTILIZADO ....................................................................................6
4. RESULTADO E DISCUSSÕES ............................................................................9
4.1. Módulo de elasticidade (E) ......................................................................... 11
4.2. Limite de Escoamento ou Tensão de Escoamento (LE) .......................... 12
4.3. Limite de Resistência à Tração (LRT)........................................................ 14
4.4. Ductilidade ................................................................................................... 14
4.5. Resiliência ................................................................................................... 15
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 17
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1. OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo submeter os corpos de prova


metálicos de uma liga de alumínio 5083 a ensaio de tração. A partir disso, analisar as
propriedades mecânicas do material, como, tensão máxima, tensão de ruptura,
deformação, carga máxima, tensão de escoamento, para que em seguida seja feita
a comparação com o mesmo material comercializado pela indústria a partir de dados
obtidos no ensaio dos corpos de prova.

2. INTRODUÇÃO

O ensaio de tração é um dos ensaios de tensão- deformação mais comum.


Este ensaio consiste em deformar uma amostra até sua fratura, onde inicialmente o
corpo de prova é preso por suas extremidades nas garras de fixação do dispositivo de
teste e em seguida é submetido a uma carga de tração que é aumentada
gradativamente. A máquina que opera o ensaio é projetada com a finalidade de
alongar o corpo de prova em uma taxa constante, e ao mesmo tempo é capaz de
medir a carga que está sendo aplicada e a deformação que está acontecendo
(CALLISTER, 2016).
Em um ensaio de tração convencional, a tensão é normalmente definida como
a resistência de um determinado corpo a uma força externa que está sendo aplicada.
Como consequência, haverá uma deformação, que é a variação de uma dimensão
qualquer desse corpo.
Quando uma amostra de um material é submetida a este ensaio, é possível
obter um gráfico tensão- deformação através das medidas diretas da carga e da
deformação que crescem continuamente até quase a ruptura do corpo de prova.
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Figura 1: Gráfico Tensão-deformação de Tração.

Fonte: SOUZA, et al., 1982.

As ligas de alumínio podem ser classificadas em dois grandes grupos: ligas


trabalhadas (conformadas mecanicamente) e ligas fundidas. Os característicos do
alumínio e suas ligas, tornam esse material de grande utilidade onde se deve combinar
boa resistência mecânica e razoável ductilidade, com baixo peso específico e boa
resistência à corrosão. Assim sendo, praticamente todos os setores industriais podem
ser beneficiados pelo emprego desses materiais (CHIAVERINI, 1986).
A liga de alumínio 5083, também denominado como alumínio naval, é
classificada segundo a ABNT de acordo com a sua composição química da seguinte
forma: LIGAS 5XXX - LIGAS BASE ALUMÍNIO/MAGNÉSIO, no qual a liga 5083 está
no grupo das ligas 5000.
O alumínio possui um peso especifico de 2,7 g/cm 3 a 20ºC, seu ponto de fusão
corresponde a 660ºC, seu módulo de elasticidade é de 6.637 kgf/mm 2 e pertence ao
sistema cúbico de face centrada. Apresenta boa condutibilidade térmica e
relativamente alta condutividade elétrica, entretanto, a resistência mecânica é baixa
(CHIAVERINI, 1986).
Dessa forma, mira o método em ajudar os acadêmicos de Engenharia de
Materiais da turma de 2017, entenderem melhor o conteúdo relacionado aos ensaios
de materiais ministrado em sala e, a aplicação de forma prática no laboratório de
ensaio da faculdade de mecânica. Todavia a partir de uma amostra de liga de alumínio
do tipo 5083 submetida a tração, foi possível observar a força aplicada, limites,
estricção dentro outros.
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3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1. MATERIAIS

Dois corpos de prova de alumínio 5083

3.2. EQUIPAMENTOS

Paquímetro digital
Maquina de tração: Servopulser Shimadzu

3.3. MÉTODO UTILIZADO

Para o ensaio de tração, foram utilizados dois corpos de prova alumínio 5083.
Como pode-se observar na figura abaixo. Essa liga de alumínio contém em sua
composição 5,2 % de magnésio, 0,1 % de manganês e 0,1 % de cromo, que possuem
características bastante viáveis por obterem uma elevada resistência quando
comparadas as ligas da série 5000.

Figura 1 – Corpos de prova de alumínio 5083

Para a realização do ensaio de tração, foi utilizado uma maquina de tração do


modelo Servopulser da marca Shimadzu, como mostra a figura abaixo. Obtendo uma
célula de carga de 100 kN, onde antes de iniciar o ensaio, a máquina foi calibrada,
devido ser um equipamento ser de alta precisão, pois, é importante que não ocorra
nenhum tipo de dopagem no resultado final. Atende às normas da ASTM e ABNT. Em
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seguida, após a calibragem da máquina, foi realizado as medições dos corpos de


provas de alumínio 5083, com o auxílio de um paquímetro digital.

Figura 2 – Máquina de ensaio universal – Modelo: Servopulser

A tabela 1 apresenta as medições dos dois corpos de provas.

Tabela 1. Medições dos corpos de provas


CP Comprimento Espessura Largura
de alumínio útil (mm) (mm) (mm)
5083
X 30,00 4,95 5,82
Y 30,00 4,95 5,96

Após a etapa de medição, o CP X foi acoplado nas garras de fixação do


dispositivo através das extremidades do corpo de prova. Em seguida, incluiu os
valores das medições do CP no software, e então o ensaio foi realizado. Todavia, o
ensaio foi finalizado quando houve a ruptura do material. A figura abaixo é possível
observar esta etapa.
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Figura 3 – CP fixado na máquina de ensaio universal

O mesmo procedimento ocorrei para o CP Y. Após os corpos de prova serem


rompidos, os mesmos foram retirados da máquina. Sendo assim, foram analisados os
gráficos gerados por meio do software, a partir dos ensaios. A figura 4 é possível
observar os CPs fraturados.

Figura 4 – Corpos de prova fraturados


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4. RESULTADO E DISCUSSÕES

A partir do ensaio de tração realizado e dos dados de força (kN), tensão


(Mpa), alongamento (mm) e deformação (%) obtidos após o ensaio, tornou-se
possível observar o gráfico de tensão-deformação e a identificação de algumas
informações.
Inicialmente, vale ressaltar a composição química da liga de alumínio 5083
para uma possível análise dos dados obtidos. Dessa forma, sabe-se que o alumínio
metálico (puro) apresenta grande ductilidade, boa condutividade térmica e boa
resistência à corrosão. Entretanto, apresenta baixa resistência mecânica e baixa
dureza e, devido a isso, para solicitações mecânicas de maior esforços, as
propriedades do alumínio são aprimoradas com a implementação de alguns
elementos em sua composição (CALLISTER; RETHWISCH, 2016).
Diante disso, tem-se a liga de alumínio 5083, a qual apresenta uma
quantidade relevante de magnésio adicionado ao alumínio com o intuito de aprimorar
a resistência mecânica da liga em até 20% (CALLISTER; RETHWISCH, 2016). Além
disso, nessa liga, tem-se alguns outros elementos em pequena quantidade também
adicionados com o intuito de aprimorar a liga. No quadro 1 abaixo, pode-se observar
tais composições.

Quadro 1 – Composição química da liga de alumínio 5083


LIGA DE ALUMÍNIO 5083
Mg Mn Si Fe Zn Ti Cu Cr Outros NOTA
4,0 0,4 0,4 0,4 0,25 0,15 0,10 0,05 0,05 Restante de Alumínio
4,9 1,0 0,25 0,015
Fonte: ISO 9001

Somado a isso, esses elementos adicionados à liga de alumínio conferem a


ela propriedades específicas e, de acordo com o teor desses elementos, a aplicação
da liga é direcionada. No quadro 2 abaixo, pode-se observar essas aplicações de
acordo com as características da liga.
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Quadro 2 – Influência dos elementos de liga no alumínio

Para o ensaio de tração realizado com esta liga, obteve-se os gráficos de


tensão (MPa) x deformação (%) baixo para os dois corpos de prova (CP1 E CP2), os
quais foram plotados de acordo com os dados obtidos no ensaio.

Figura 5 – Gráfico Tensão x Deformação do CP1

ALUMÍNIO 5083 CP1


400

350

300
TENSÃO (MPa)

250

200

150

100

50

0
0 5 10 15 20 25 30
DEFORMAÇÃO (%)
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Figura 6 – Gráfico Tensão x Deformação do CP2

ALUMÍNIO 5083 CP2


350

300

250
TENSÃO (MPa)

200

150

100

50

0
0 5 10 15 20 25 30
DEFORMAÇÃO (%)

A partir dos gráficos, tornou-se possível o cálculo e observação de algumas


propriedades desse material como: módulo de elasticidade, limite de escoamento,
limite de resistência à tração, ductilidade e resiliência.

4.1. Módulo de elasticidade (E)

Essa propriedade pode ser chamada também de coeficiente de Young e


determina a rigidez do material, ou seja, o quanto o material em prova suporta em
tensão uma determinada deformação elástica. Sendo assim, o módulo de elasticidade
só é válido na região elástica do gráfico (região linear) já que nessa, ocorre apenas
deformação elástica.
A determinação do coeficiente pode ser calculada pela tangente do ângulo
formado na região linear (elástica) do gráfico e um intervalor de tensão de deformação
correspondente. Ademais, pode ser calculado ainda por meio da Lei de Hooke
demonstrada abaixo.

𝜎 =𝐸 ×ɛ → Lei de Hooke
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Para o CP1, tem-se:


123,113 𝑀𝑃𝑎
𝐸= → 32 GPa
0,382292𝑥10−2

Para o CP2, tem-se:


123,373 𝑀𝑃𝑎
𝐸= → 29,3 GPa
0,416042𝑥10−2

De acordo com os dados da liga de alumínio 5083 presentes na ISO 9001,


tem-se como módulo de elasticidade um valor de 70 GPa, o que difere dos resultados
obtidos nesse ensaio de tração. Tal situação se deve a hipótese de que o corpo de
prova pode não estar de forma padrão no que condiz com esta propriedade.

4.2. Limite de Escoamento ou Tensão de Escoamento (LE)

Em uma aplicação estrutural, é de fundamental importância conhecer a


tensão de escoamento de uma estrutura já que, grande parte delas, são projetadas
para se deformar apenas elasticamente. Logo, sendo a região de escoamento uma
região de transição da zona elástica para a zona plástica, torna-se imprescindível o
cálculo dessa tensão. Alguns materiais como a maioria dos metais dúcteis,
apresentam esta transição mais visível que outros, a qual inicia-se no afastamento
inicial da linearidade da curva (limite de proporcionalidade) (CALLISTER;
RETHWISCH, 2016).
Desse modo, o limite de escoamento pode ser determinado a partindo do
ponto que corresponde à deformação de engenharia, a qual é igual a 0,002% e, traça-
se uma paralela à reta da curva de tensão x deformação de engenharia, a qual se
encontra na região onde ocorre apenas regime elástico. A posteriori, o ponto em que
a paralela toca na curva corresponde ao limite de escoamento e, consequentemente,
tensão de escoamento.
Para os ensaios realizados na liga de alumínio 5083, o limite de escoamento
foi de 150 MPa e 218 Mpa, os quais podem ser observados nas figuras 3 e 4 abaixo
para os corpos de prova 1 e 2, respectivamente.
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Figura 7 – Limite de Escoamento do CP1

LIMITE DE ESCOAMENTO CP1


200
180
160
150
140
TENSÃO (MPa)

120
100
80
60
40
20
0 0
0,002 0,202 0,402 0,602 0,802

DEFORMAÇÃO (%)

Figura 8 – Limite de Escoamento CP2

LIMITE DE ESCOAMENTO CP2


350

300

250
TENSÃO (MPa)

200

150 146

100

50

0 0,002
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
DEFORMAÇÃO (%)

De acordo com a norma ISO 9001 já citada, o limite de escoamento para a


liga de alumínio 5083 apresenta tensão em torno de 110 a 130 MPa. Os corpos de
prova ensaiados assumiram valores de 150 MPa e 146 MPa (CP1 e CP2,
respectivamente), tal desvio com relação à norma pode estar relacionado com a
quantidade de impurezas ou defeitos no material. Somado a isso, o local de ruptura
dos corpos de prova pode ser observado na figura 4 abaixo.
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Figura 9 – Corpos de prova após a ruptura

4.3. Limite de Resistência à Tração (LRT)

A tensão máxima de resistência a tração é um fator de fundamental


importância para a projeção de estruturas e materiais metálicos, já que esta
propriedade indica a tensão máxima a qual os materiais podem suportar quando
solicitada em tração. No gráfico de tensão x deformação, o LRT é o ponto de maior
tensão na curva e, para os corpos de prova 1 e 2 foi de 332,448 MPa e 334,973 MPa,
respectivamente. Tais dados, quando comparados aos da norma, a qual apresenta
valores de LRT entre 230 a 290 MPa, mostram que há certa incongruência ou desvio
na padronização dos corpos de prova.

4.4. Ductilidade

A ductilidade é uma propriedade de fundamental importância para estruturas


e materiais devido proporcionar o conhecimento do quanto o material pode se
deformar plasticamente até a ruptura, além de proporcionar ainda o grau de
deformação permissível durante as operações de fabricação (CALLISTER,
RETHWISCH, 2016).
A ductilidade, segundo a norma ABNT NBR6152 pode ser descrita como um
alongamento percentual ou uma redução percentual na área. Tal informação pode
ser observada na expressão abaixo:

𝑙𝑓 −𝑙0
AL % = ( ) x 100
𝑙0
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Dessa forma, para se calcular a ductilidade do CP1 por meio do alongamento


percentual, temos que no ponto de fratura é traçada uma reta paralela à reta da região
elástica (início da curva). A reta traçada, indica a recuperação elástica que o corpo
apresenta depois da ruptura. Dessa forma, a ductilidade corresponde a 100 vezes o
valor do alongamento equivalente onde a reta intercepta o eixo x (alongamento).
Diante disso, feitas as análises, torna-se possível dizer que o alongamento percentual
do CP1 é de 26% e o CP2 27,6%.
Por outro lado, utilizando-se a fórmula descrita acima é possível calcular a
ductilidade dos corpos de prova. Tem-se como exemplo o CP2 que apresentou
comprimento inicial de 30 mm e comprimento final de 38,3 mm. Logo, tem-se:

38,3−30
AL % = (
30
) 𝑥 100 → 27,6%

4.5. Resiliência

A resiliência é também outra propriedade importante para ser analisada em


um ensaio de tração. Ela representa a capacidade de um material absorver energia
quando o mesmo é deformado elasticamente e recuperá-la quando esta carga é
retirada. A resiliência é descrita pela energia de deformação por unidade de volume
exigida para tensionar um material desde o seu estado sem carga até o limite de
escoamento (CALLISTER; RETHWISCH, 2016). A resiliência pode ser calculada de
acordo com a fórmula abaixo:

𝜎2
𝑈𝑟 =
2𝐸
Para o CP1:

(150 𝑀𝑃𝑎)2 𝑀 𝐽
𝑈𝑟 = = 0,3516 𝑀𝑃𝑎 𝑥 → 3,5116𝑥105 ⁄𝑀3
2 𝑥 32𝑥103 𝑀𝑃𝑎 𝑀

Para o CP2:

(218 𝑀𝑃𝑎)2 𝑀 𝐽
𝑈𝑟 = → 0,8109 𝑀𝑃𝑎 𝑥 → 8,109𝑥105 ⁄𝑀3
2 𝑥 29,3𝑥103 𝑀𝑃𝑎 𝑀
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5. CONCLUSÃO

O ensaio de tração é de fundamental importância para o estudo das ligas


metálicas em geral, já que o mesmo proporciona dados e propriedades mecânicas
imprescindíveis para a projeção de estruturas e materiais metálicos.
Dessa forma, os dados obtidos nesse ensaio de tração do alumínio 5083
trouxe algumas dessas propriedades um tanto não coerente com a norma ISO 9001,
a qual é utilizada como referência para a análise destas atividades. Entretanto, a
prática de montar os equipamentos, inserir os corpos de prova para tração, calibração
da máquina, o processo de retirada e identificação dos dados gerados pelo ensaio no
computador foram passados e absorvidos de forma coerente.
Assim, devido a possibilidade do cálculo de limite de resistência a tração,
módulo de elasticidade, ductilidade, tensão de escoamento, resiliência e outros; este
trabalho gerou boas discussões e um entendimento adequado acerca dos métodos
necessários para se realizar um ensaio de tração e como entender tais propriedades.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR ISO 9001/2000:


Sistemas de Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro, 2001.

CALLISTE, William D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. 9ª ed.


Rio de janeiro: LTC,2016

CHIAVENIRI, Vicente.: Tecnologia Mecânica, processos de fabricação e


tratamento. 2 ed., São Pàulo: McGRAW-Hill, p 213-214, 1986.

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