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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS FLORESTAIS E


FAUNÍSTICOS

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria, 2º Ano

FUNDAMENTOS DE TEOLOGIA CATÓLICA

TRABAÇHO DO 1º GRUPO

TEMA: Homem: Um ser de consciência

Discentes:
Edson Jhone Alfredo Rocha
Ginoca José Pontes
Palisito Amade
Stelio Vicente Bernardo Docente:
Pe. Agostinho Rosário

Lichinga, setembro de 2022

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TEMA: Homem: Um ser de consciência

Discentes:

Edson Jhone Alfredo Rocha

Ginoca José Pontes

Palisito Amade

Stelio Vicente Bernardo

Docente:

Pe. Agostinho Rosário

Lichinga, setembro de 2022

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Índice
I. Introdução...........................................................................................................................1
1.1.1. Objetivos......................................................................................................................1
II. Homem como um ser de consciência..............................................................................2
2.1.1. Consciência..................................................................................................................2
2.1.2. A Consciência como uma faculdade moral.................................................................3
III. Níveis da consciência......................................................................................................5
3.1.1. Consciente...................................................................................................................5
3.1.2. Pré consciente..............................................................................................................5
3.1.3. Inconsciente.................................................................................................................6
IV. Primazia da consciência..................................................................................................6
4.1.1. Formação da consciência.............................................................................................8
V. Homem é um ser responsável e imutável........................................................................9
5.1.1. Imputabilidade...........................................................................................................10
5.1.2. Fatores que afetam a imputabilidade.........................................................................11
5.1.3. homem é suscetível ao pecado..................................................................................12
5.1.4. O pecado Original......................................................................................................13
VI. Conclusão......................................................................................................................14
VII. Referencias....................................................................................................................15

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I. Introdução
O presente trabalho aborda um vinculo conceitual que diz respeito a consciência que Para
Searle, a consciência é simplesmente o conjunto de estados subjetivos de sensibilidade
(sentience) ou ciência (awareness), que se iniciam quando uma pessoa acorda na parte da
manha, e que se estende ao longo do dia. Ainda Searle afirma que a consciência é um
fenômeno biológico e devemos conceber como parte de nossa história biológica, assim como
a digestão, o crescimento, a mitose e a meiose. Entretanto Searle demonstra que a consciência
tem algumas particularidades que não são observadas em outros fenômenos biológicos. Mas
quais seriam estas particularidades? (SEARLE, 2010, p. 1-2).

Desta forma Para Searle, a mais importante destas particularidades é o que ele chama de
subjetividade. De alguma maneira, a consciência é algo privativo de cada indivíduo. Cada um
tem a sua maneira de se relacionar com determinadas situações, como cócegas, coceiras,
pensamentos ou

Por outro lado Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique
humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente ou do
pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no
mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam
parte.

I.1.1. Objetivos
I.2. Objetivo geral

O objetivo geral do presente trabalho é de generalizar e estabelecer uma visão mais aberta
relativo a perceção da consciência.

I.3. Específicos
 Conceituar a consciência;
 Descrever a primazia da consciência;
 Dar a conhecer a formação da consciência;

I.4. Metodologia
Para a elaboração deste trabalho, seguimos os preceitos do estudo exploratório, por meio
de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008), “é desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos.” (p.50)

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II. Homem como um ser de consciência
João Francisco (2018), refere que:

Para explicar as relações da consciência é preciso antes defini-la tal como Sartre o fez. Partindo
da análise da consciência do homem - um ser que está no mundo, ou seja, vinculado ou
indissociável enquanto corpo-mente-mundo - é possível determinar dois seres: O Ser-em-si e o
Ser-para-si. O primeiro diz respeito às coisas tal como se apresentam para nós, sendo fenômeno
(aparição) ou não, ou seja, existem aí no mundo (Dasein), independente de qualquer coisa. O
segundo, o para-si, é a consciência que ao se defrontar com o mundo torna-se um processo
dinâmico (contrastando com a inércia do em-si) e faz com que o em-si se desvele.

Essa relação evidencia a natureza do Para-si: é o nada que vê nos objetos o seu não ser, isto é,
relacionado com o ser-em-si, ele (o para-si ou consciência) não se identifica com nenhum dos
seres (em-si), sendo, portanto, uma falta, uma carência que é na verdade o movente para
atingir aquele repouso do em-si. O para-si deseja ser.

A consciência quando se depara com um ser (em-si ou para-si), seja na forma de percepção,
seja na de imaginação, tem uma intenção: a intencionalidade da consciência diante dos
fenômenos (existentes) é uma forma negadora de outros objetos (externos) e de si mesma
(interna) e por isso ela (a consciência) é o nada que vem ao mundo pelo homem e faz a
relação entre ser-em-si e ser-para-si ser um fluxo recíproco entre eles.

II.1.1. Consciência
Com origem no vocábulo latim conscientĭa (“com conhecimento”), a consciência é o ato
psíquico mediante o qual uma pessoa enxerga a sua presença no mundo. Por outro lado, a
consciência é uma propriedade do espírito humano que permite reconhecer-se nos atributos
essenciais.

De acordo Vigotski (1924/2004), no contexto da consciência:


a consciência pode ser definida como um entrelaçamento de sistemas reflexos. No entanto, a
consciência não se confunde com reflexo, do mesmo modo que não é um “mecanismo interno”.
Segundo o autor, o significado da palavra seria detentor das propriedades da consciência. Esses
significados são convertidos em sentidos pessoais, de acordo com as necessidades e emoções
que motivaram o seu uso. Dessa forma, o sentido é soma de todos os eventos psicológicos que a
palavra desperta na consciência. A palavra, como detentora de significado, ao mesmo tempo em
que desperta eventos na consciência, é base para a sua formação. Nesse sentido, a consciência

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possui origem social, já que os reflexos reversíveis originados da palavra servem de
fundamento para a comunicação social e para a coordenação coletiva do comportamento.

Ainda Vigotski (1924/2004), afirma que a consciência é constituída por signos que são
estímulos instrumentais de natureza social que formam o ser humano por meio da
convivência social. Os signos atuariam sobre o sujeito e estariam intimamente relacionados a
sua capacidade de criação e imaginação, que, por sua vez, se manifestaria por igual em todos
os aspetos da vida cultural.

a consciência é simplesmente o conjunto de estados subjetivos de sensibilidade (sentience) ou


ciência (awareness), que se iniciam quando uma pessoa acorda na parte da manha, e que se
estende ao longo do dia. a consciência é um fenômeno biológico e devemos conceber como
parte de nossa história biológica, assim como a digestão, o crescimento, a mitose e a meiose.
Entretanto Searle demonstra que a consciência tem algumas particularidades que não são
observadas em outros fenômenos biológicos. (Searle, 2010, p. 1/2).

Segundo Piaget e Kohlberg (1896-1980, cit. Em Eduardo geque, 2010), “por consciência entende se
o estado ou a faculdade de alerta, que nos permite perceber o mundo intrínseco e extrínseco a nos
mesmos e fazer juízos de valor sobre eles, enquanto estamos mentalmente sadios. A consciência
moral é a faculdade que o homem tem de distinguir o bem do mal, apreciar os seu atos e adaptar uma
determinada forma de comportamento” (p.43).

Para a psicologia, a consciência é um estado cognitivo não-abstrato que permite que a pessoa
interaja e interprete os estímulos externos que constituem aquela que conhecemos como
sendo a realidade. Uma pessoa que não tenha consciência tende a desligar-se da realidade e a
não ter noção daquilo que acontece em sua volta.

A filosofia considera que a consciência é a faculdade humana para decidir ações e se


responsabilizar pelas consequências de acordo com a concepção do bem e do mal. Deste
modo, a consciência seria um conceito moral pertencente ao âmbito da ética.

II.1.2. A Consciência como uma faculdade moral


Segundo Langston, Douglas (2001), ao se refeir da consciência moral:

O termo consciência, em seu sentido moral, é uma habilidade, capacidade, intuição, ou


julgamento do intelecto que distingue o certo do errado. Juízos morais desse tipo podem refletir
valores ou normas sociais (princípios e regras). Em termos psicológicos a consciência é descrita
como conduzindo a sentimentos já de remorso, quando o indivíduo age contra seus valores
morais, já de retidão ou integridade, quando a ação corresponde a essas normas. Em que
medida a consciência representa um juízo anterior a uma ação e se tais juízos baseiam-se, ou

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deveriam basear-se, somente na razão é um tema muito discutido em toda a história da filosofia
(p.176).

Metáforas comuns para a consciência incluem, entre outras, a "voz interior" e a "luz interior".
Consciência é um conceito importante em direito, tanto nacional como internacional, cada vez
mais aplicado ao mundo como um todo, foi muitas vezes inspiração de inúmeros atos nobres
para o bem comum e foi muitas vezes tema em artes, sobretudo literatura, música e cinema.

Diego Kosbiau (2018), Consciência moral é a faculdade de tornar-se consciente da correção


ou incorreção de suas próprias ações. A autoridade interna dessa faculdade de julgar sua
autoridade enquanto um juiz, de dar uma apreciação da autorização de nossas ações. O
princípio supremo da consciência moral não é permitida nenhuma ação em relação à qual o
agente não tenha plena consciência de que fazê-la é permitido. Nós não podemos empreender
nada sob o risco de agir incorretamente (P.58).

Consciência moral tomada de modo geral como a consciência de si mesmo, assim como a
aperceção em espécie, ela envolve a consciência de minha vontade, de minha intenção
de agir corretamente ou que a ação seja correta isso equivale à consciência daquilo que, por
si mesmo.

Segundo a doutrina da Igreja Católica, a consciência moral é um juízo da razão que ordena o
homem a praticar o bem e evitar o mal. A consciência, presente no íntimo de qualquer pessoa
e indissociável à dignidade humana, permite a qualquer pessoa avaliar a qualidade moral dos
atos realizados ou ainda por realizar, permitindo-lhes assim assumir a responsabilidade
porque possuem liberdade para escolher entre o bem e o mal. A Igreja Católica defende que
quem escutar corretamente a sua consciência moral "pode ouvir a voz de Deus que lhe fala".

O Papa Bento (XVI), refere que:

utilizando o pensamento teológico do Cardeal Newman, defende que a consciência "é a


expressão da acessibilidade e da força vinculadora da verdade" e a capacidade da pessoa
humana de "reconhecer, precisamente nos âmbitos decisivos da sua existência religião e moral ,
uma verdade, a verdade. E, com isto, a consciência, a capacidade do homem de reconhecer a
verdade, impõe-lhe, ao mesmo tempo, o dever de se encaminhar para a verdade, procurá-la e
submeter-se a ela onde quer que a encontre. Consciência é capacidade de verdade e obediência
à verdade, que se mostra ao homem que procura de coração aberto" a verdade, que foi revelada
por Deus aos homens". Logo, a concepção católica de consciência entra em oposição com o
conceito moderno de consciência: para o pensamento moderno relativista e subjetivista, a
consciência "significa que, em matéria de moral e de religião, a dimensão subjetiva, o indivíduo

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[com as suas intuições e experiências], constitui a última instância de decisão", porque a
religião e a moral não conseguem ser quantificadas, calculadas e verificadas por métodos
científicos e experimentais objetivos.

A visão religiosa da consciência a vê ligada a uma moralidade inerente a todos os seres


humanos, a uma força cósmica benevolente ou a uma divindade. Os aspetos rituais, míticos,
doutrinais, legais, institucionais e materiais da religião não são necessariamente coerentes
com as considerações vivenciais, experienciais, emotivas, espirituais ou contemplativas sobre
a origem da consciência. Sob um ponto de vista secular ou científico a capacidade de
consciência moral é vista como de origem provavelmente genética, com seu conteúdo sendo
aprendido como parte da cultura.

III. Níveis da consciência


De acordo com Izabel Lima Silva (2017), ao referir-se na ideia de freud:
Freud afirma que nossa mente não possui apenas a parte consciente. Para encontrar as
relações ocultas existentes entre os atos conscientes, Freud opera uma divisão topográfica da
mente. Nela, ele delimita três níveis mentais ou instâncias mentais:

 consciente;
 pré-consciente;
 inconsciente.

III.1.1.Consciente
O nível consciente nada mais é do que tudo aquilo do que estamos conscientes no momento,
no agora. Ele corresponderia à menor parte da mente humana. Nele está tudo o que podemos
perceber e a cessar de forma intencional.

Outro aspeto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras sociais,
respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por meio dele que se dá a nossa relação com
o mundo externo.

O nível consciente seria a nossa capacidade de perceber e controlar o nosso conteúdo mental.
Apenas aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível consciente é que pode ser
percebida e controlada por nós.

Em resumo, o Consciente responde pelo aspeto racional, por aquilo que estamos pensando,
pela nossa mente atenta e por nossa relação com o mundo exterior a nós. É uma pequena
parte da nossa mente, embora acreditemos que seja a maior.

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III.1.2.Pré consciente

O pré-consciente é muitas vezes chamado de “subconsciente”, mas é importante destacar que


Freud não utilizava o termo subconsciente. O pré-consciente se refere àqueles conteúdos que
podem chegar ao consciente, mas que lá não permanecem.

Os conteúdos são informações sobre as quais não pensamos, mas que são necessárias para
que o consciente faça suas funções. Nosso endereço, o segundo nome, nome dos amigos,
telefones e assim por diante.

É importante lembrar ainda que, apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental
pertence ao inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como algo que fica entre o
inconsciente e o consciente, filtrando as informações que passarão de um nível ao outro.

III.1.3.Inconsciente

Em outros materiais, já nos dedicamos a aprofundar o conceito freudiano de inconsciente.


Vamos tentar, no entanto, falar um pouco mais sobre a nossa compreensão de seu significado.
Inconsciente se refere a todo aquele conteúdo mental que não está disponível para a pessoa
em determinado momento.

Ele é não só a maior fatia de nossa mente, mas também, para Freud, a mais importante. Quase
todas as memórias que acreditamos estarem perdidas para sempre, todos os nomes
esquecidos, os sentimentos que ignoramos estão em nosso inconsciente. Podemos dizer que o
inconsciente tem uma linguagem própria, não se baseia no tempo cronológico ao qual
estamos acostumados. Também, é possível dizer que o inconsciente não enxerga o “Não”, ou
seja, ele é baseado na pulsão e, em certo sentido, na agressividade e na realização imediata do
desejo.

IV. Primazia da consciência


De acordo com Maria Helena (2018), refere que “A consciência é a luz da alma! É o
santuário mais íntimo da pessoa humana, expressão máxima da liberdade e da capacidade de
dar sentido à própria existência, onde se afere o que é bem e o que é mal, onde se adota o
sentido radical da vida, onde se tomam as opções que a guiam e comprometem”.

A consciência é o encontro das mais nobres faculdades humanas: a inteligência, a vontade, a


liberdade. Por isso, ela tem de ser iluminada pela verdade, sustentada pela capacidade de
decisão e exprimir-se livremente. O exercício da liberdade deveria ser sempre uma opção de

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consciência! Mas se esta se apaga, o homem fica às escuras e pode cometer todos os
atropelos possíveis contra si mesmo e contra os demais.

Não se pode violentar a consciência pressionando-a, iludindo-a com falsas verdades,


desviando-a do essencial da sua responsabilidade. Violentar a consciência é o mais grave
atropelo da dignidade humana.

Porque a relação que existe entre a liberdade do homem e a lei de Deus tem a sua sede viva
no coração da pessoa, ou seja, na sua consciência moral: no fundo da própria consciência, o
homem descobre uma lei que não impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que
sempre o está a chamar ao amor do bem e à fuga do mal…

Por outro lado a luz que há em nós deve irradiar e projetar-se naqueles que estão ao nosso
lado, particularmente, as crianças e os jovens. É grande a nossa responsabilidade! Os filhos,
os alunos, os colegas fixam-se no nosso comportamento que lhes deve falar de doutrina e
vida. Fazer e ensinar…Ir à frente!

Mas ir à frente sem perder de vista que a consciência do cristão precisa de ser iluminada
continuamente, não apenas pela luz natural, mas pela Palavra de Deus e ensinamentos da
Igreja, coerente e unânime, com longa tradição…

Só a luz da Verdade de Jesus Cristo, indica com clareza e segurança o caminho a seguir e a
decisão a tomar, em liberdade e humildade!

Newman, falando da consciência, dizia:

De acordo com Comshalom 2009:

"É a mensageira daquele que, no fundo da natureza bem como no fundo da graça, nos fala
através de um véu, nos instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários
de Cristo".

Santo Agostinho chama-nos a sempre voltar para ela:

"Volta à tua consciência, interroga-a,… Voltai irmãos ao interior, e em tudo o que fizerdes
atentai para a testemunha, Deus" (ep. Jo 8,9).

Por isso, se o homem destruir dentro de si este santuário íntimo e fizer calar a voz nítida
desse "silêncio", pelas motivações exigentes do exterior, ele estará destruindo o que há de

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mais caro e mais "sagrado" no seu ser. Estará se destruindo naquilo que ele é, no seu "ser",
comprometendo todo o projeto da sua existência.

O mundo jamais poderá ser humano enquanto cada homem não deixar de pisotear a própria
consciência. Será inócuo encher as páginas de leis e de códigos, como também será inócuo
encher as ruas de policiais enquanto a humanidade não for chamada a cultivar a consciência
individual. Quem deseja reformar o mundo, deve começar pela reforma da própria
consciência.

A maior e última de todas as lições que meu pai deixou a nós seus filhos, já no final da sua
vida, como que resumindo toda a experiência acumulada, foi esta: "Filho, não faça nada
contra a sua consciência!" Jamais conseguirei esquecer estas palavras! Gostaria de repetilas
milhões de vezes para milhões de pessoas: "não faça nada contra a sua consciência"; não
compensa. Nem o dinheiro vil compensa, nem o poder, nem a fama, nem o prazer e nem a
glória, podem compensar o massacre da consciência, pois significa o massacre de si mesmo.

E, lamentavelmente, é este triste espetáculo que assistimos hoje: o "massacre da consciência".


Por isso vemos a sociedade esfacelada. Dizia Colbert "a grandeza de um país não depende da
extensão do seu território, mas do caráter do seu povo". Esse caráter é o fruto de uma
consciência bem formada, que Pascal dizia ser "o melhor livro de moral existente; e aquele
que mais devia ser consultado".

A maior crise da sociedade é a da consciência de cada cidadão, dos governantes e dos


governados. Rouba-se, mata-se, corrompe-se, tapeia-se, prostitui-se, engana-se…como se as
consciências estivessem mortas, e como se Deus não existisse.

IV.1.1. Formação da consciência


Quer dizer, a uma consciência que se constitui tendo como ponto de partida um estado de
autismo inicial, característico de “um ser totalmente absorvido em si mesmo, estranho ao
mundo exterior”, passando, em seguida, pelo egocentrismo, em que “ele é o ponto de partida
e de chegada de tudo o que se produz”, para, então, construir, com parceiros, relacionamentos
interpessoais fundados em regras e princípios invariantes.

Em tal proposição, após um período de solipsismo inicial e de pluralismo com as pessoas que
lhe são próximas, a criança caminharia por volta dos 7 anos em direção à inteligência objetiva,
à de centracão. Então, a sua consciência, abrindo-se gradativamente aos outros, iria se tornar
social, ou seja, “ela tomaria a forma bastante abstrata de uma equivalência, reconhecida como
indispensável entre os indivíduos presentes, e seus resultados seriam de ordem teórica: a

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elaboração de conceitos impessoais por meio dos quais as impressões subjetivas seriam
substituídas por meios objetivos de medida e de relações.” (Wallon, 1979, p. 149).

O Catecismo da Igreja ensina que:

Segundo Comshalon (2009):

Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão,
de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da
consciência é indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas e tentados
pelo pecado a preferirem o próprio juízo e a recusar os ensinamentos autorizados… A
educação da consciência é uma tarefa de toda a vida… garante a liberdade e gera a paz do
coração.

Na formação da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a


assimilemos na fé e na oração e a coloquemos em prática… É preciso ainda, que examinemos
nossa consciência confrontando-nos com a Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do
Espírito Santo, ajudados pelos testemunhos e conselhos dos outros e guiados pelo
ensinamento autorizado da Igreja.

Ela é o melhor meio para formar uma consciência reta

"Quanto mais prevalecer a consciência reta, tanto mais as pessoas e os grupos se afastam de
um arbítrio e se esforçam por conformar" se às normas objetivas da moralidade" ( GS, 16).

Sem as âncoras presas em Deus, no Absoluto, nenhum homem terá uma consciência bem
formada. Contudo, há que buscar o Deus único e verdadeiro; não aquele como muitos andam
fazendo hoje, criado a seu bel prazer.

Para que não houvesse dúvida de quem Ele é, Deus se manifestou na plenitude da sua
divindade em Jesus Cristo. Ele é a luz da consciência e a salvação do homem.

V. Homem é um ser responsável e imutável


Josué Cândido da Silva (2008), afirma que:
Parmênides narra em seu poema o encontro com a deusa Verdade, que o instrui a se afastar
do caminho sensível, uma via de confusão, que leva as massas indecisas a acreditarem que
ser e não-ser são iguais. Ora, apenas o ser pode ser pensado, já que o não-ser não é. Se eu não
consigo ter uma ideia do que a coisa é, não posso pensá-la - e o que não pode ser pensado não
é ser. Daí Parmênides conclui que só o ser é - e que o não-ser não é. Dessa verdade ele deduz
outras: 1ª- O ser é todo inteiro se o ser tivesse partes, algo nele seria separado, não fazendo

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parte do ser, mas isso seria não-ser. Consequentemente, o ser, sendo uno e indivisível, não
pode ter partes.

Sim, Jesus é Deus, portanto imutável, tanto no seu Ser como em seus atributos, o mesmo
ocorrendo com o Pai e o Espírito Santo, as duas outras Pessoas da Trindade. Mas como o
Jesus imutável mudou ao ponto de se transformar em Homem? A resposta é: ele não mudou
e nem se transformou. Jesus veio em carne, isto é, adotou a natureza humana além da
divina.
Joã 8:58 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão
existisse, eu sou.
O homem é uma unidade substancial de alma e de corpo, em que a primeira cumpre as
funções de forma em relação à matéria, que é constituída pelo segundo. O que caracteriza a
alma humana é a racionalidade, a inteligência, o pensamento, pelo que ela é espírito.

Mas a alma humana desempenha também as funções da alma sensitiva e vegetativa, sendo
superior a estas. Assim, a alma humana, sendo embora uma e única, tem várias faculdades,
funções, porquanto se manifesta efetivamente com atos diversos.

Consoante Kant acreditava que os seres humanos ocupam um lugar especial na criação.
Para ele, os seres humanos possuem um valor intrínseco, isto é, dignidade, o que os
torna valiosos acima de tudo. Outros animais, por outro lado, possuem valor apenas
enquanto servem os propósitos humanos. Os humanos, todavia, nunca podem ser
usados como meio para se alcançar um fim, ainda que vise o bem-estar da maioria.
Trata-se, portanto, de formulação importante do imperativo categórico kantiano,
princípio moral fundamental do qual todas as nossas obrigações e responsabilidades
devem derivar. (aduz Rachels, 2006, p. 132).
Em um sentido comum, responsabilidade diz respeito à condição ou qualidade de alguém em
ser responsável. É pressuposto que esse ser responsável tenha capacidade de consciência
quanto aos atos que pratica voluntariamente, ou seja, que consiga saber antes de agir as
consequências de sua vontade. Essa consciência dá ao agente responsável ou portador da
responsabilidade a obrigação de reparar os danos causados a outros através da realização de
seus atos. Daí a ideia de punibilidade ou culpabilidade do ponto de vista ético-jurídico, a
capacidade de resposta do ponto de vista social ou simplesmente a ideia de autonomia para
agir.

A escolha revela a responsabilidade, diante de uma questão o homem deve optar por uma
alternativa e por um critério pelo qual essa alternativa foi escolhida. A angústia significa
optar entre alternativas que não possuem critérios externos à escolha. É necessário escolher
porque tenho de ser livre. Assim, toda vez que há uma ação, o homem se torna responsável
por tudo o que escolhe, porque não há outra escolha que não exercer a liberdade.

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V.1.1. Imputabilidade
Masson (2015) preceitua que a imputabilidade é a prática da conduta, pois ela deve ser
analisada no tempo da ação ou da omissão. Qualquer ação que seja posterior a prática da
conduta não interfere, produzindo apenas efeitos processuais.

Para Sanches (2016) a imputabilidade é a capacidade de imputação, a possibilidade de


atribuir a um indivíduo a responsabilidade pela prática de uma infração penal. Assim como
no Direito Privado pode-se falar em capacidade e incapacidade para realizar negócios
jurídicos, no Direito Penal fala-se em imputabilidade e inimputabilidade para responder por
uma ação delitiva cometida.

[...] A imputabilidade é elemento sem o qual “entende-se que o sujeito carece de liberdade e
de faculdade para comporta-se de outro modo, como o que não é capaz de culpabilidade,
sendo, portanto, inculpável” (SANCHES, 2016, p. 287).

Segundo Masson (2015), a imputabilidade é a capacidade mental, relativo ao ser humano de,
no tempo da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato penal depende de dois
elementos:

 intelectivo: que é consistente na higidez psíquica que permita ao agente ter


consciência do caráter ilícito do fato;
 volitivo: é o domínio da vontade, é exercer o controle sobre a disposição surgida com
o entendimento do caráter ilícito do fato, determinando-se de acordo com esse
entendimento.

Para Capez (2013) a imputabilidade é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de


determinar-se de acordo com esse entendimento, o agente deve ter condições físicas,
psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. Não basta só a
capacidade plena é necessário também ter total condição de controle sobre sua vontade, ou
seja, o agente imputável não é somente aquele que tem capacidade de intelecção sobre o
significado de sua conduta, mas também de comando da própria vontade.

A inimputabilidade pode ser absoluta ou relativa Se for absoluta, isso significa que não
importam as circunstâncias, o indivíduo definido como "inimputável" não poderá ser
penalmente responsabilizado por seus atos na legislação convencional, ficando sujeitos
às normas estabelecidas em legislação especial.

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Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o indivíduo pertencente a certas categorias
definidas em lei poderá ou não ser penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da
análise individual de cada caso na Justiça, segundo a avaliação da capacidade do acusado, as
circunstâncias atenuantes ou agravantes, as peculiaridades do caso e as provas existentes.

V.1.2. Fatores que afetam a imputabilidade


A falta de conhecimento crítico por:

Ignorância, sobretudo a invencível, A ignorância vencível não exclui a imputabilidade mas


pode diminuir o seu grau;

Erro, que consiste no conhecimento falso ou defeituoso que leva à uma avaliação equivocada
ou errada da moralidade de uma determinada Acão;

Distração que é uma falta, momentânea, de conhecimento, de percepção ou de consciência. A


não imputabilidade de uma Acão depende do grau de distração que acompanha essa Acão.

Fatores que impedem o consentimento pleno da vontade:

As Paixões enquanto reações instintivas, internas produzidas pelo bem ou pelo mal
percebidos intuitivamente. Embora sejam fatores necessários de integração da pessoa humana
elas diminuem a imputabilidade porque impedem o funcionamento normal da razão e
também a sua atenção; algumas paixões constituem um forte incentivo para Acão e até
podem diminuir ou destruir a vontade;

O Medo entendido como repressão da vontade por causa de um perigo iminente ou previsto,
o qual pode ser grave ou ligeiro. Em geral o medo não elimina a imputabilidade, mas a
diminui. Só não existe imputabilidade quando o medo endurece pois paralisa completamente
a vontade;

Violência que é a força compulsiva física ou psíquica extrínseca à vontade.

Alguns hábitos, disposições inatas, e motivações inconscientes As disposições são


inclinações de uma pessoa sobre uma determinada coisa, dependendo da história da pessoa
(infância) e a situação hereditária. Por seu turno, o hábito é a segunda etapa em que há a
repetição de uma Acão, de maneira que ela fica estabelecida; se o hábito for positivo leva à
virtude, e se for mau ao vício, que deve ser combatido.

V.1.3. homem é suscetível ao pecado

O conceito de “pecado” é eminentemente teológico e designa, no sentido estrito da palavra,


um ato voluntário de rutura com Deus. O ser humano não é geneticamente determinado e isso

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abre a possibilidade de se construir paulatinamente. Quando há uma recusa de viver segundo
o melhor das suas possibilidades biológicas, psíquicas e amorosas há recusa da própria
humanização e da humanização dos demais.

Assim o pecado não é uma fatalidade. Não tem necessariamente que acontecer, ele é uma
possibilidade inscrita no plano da criação – porque o homem é vocacionado a ser livre (à
liberdade), consciente, responsável, único e irrepetível. A possibilidade de pecado é
fundamental para que o projeto de Deus acerca do homem seja bom e o ser humano seja livre
de suas decisões.

V.1.4. O pecado Original

Chama-se pecado original à condição natural ou inata, na qual todo o ser humano nasce. O
ser humano nasce numa condição marcada pelo pecado, enquanto rutura da relação com
Deus.
O pecado original é uma doutrina cristã que pretende explicar a origem da imperfeição
humana, do sofrimento e da existência do mal através da queda do homem. Tal doutrina não
existe no Judaísmo nem no Islamismo. Foi desenvolvida por Santo Agostinho, numa
controvérsia com o monge Pelágio da Bretanha.

O pecado original se passa na conceção da morte. A morte é passada a todos os homens pelo
pecado do primeiro homem por causa de sua desobediência e por Deus não ter feito o homem
semelhante aos anjos quanto à semelhança substancial e os anjos não morrerem, assim o
homem que obedecesse a Deus poderia alcançar a imortalidade sem passar pelo processo da
morte: Deus, com efeito, não criara os homens nas mesmas condições que os anjos, quer dizer,
de forma que, se pecassem, não pudessem morrer. Criou- os de tal sorte que os cumpridores
fiéis de sua obediência passariam, sem mediar à morte, a imortalidade angélica e eternidade
feliz; quanto aos desobedientes, a morte ser-lhe-ia justo castigo e justa condenação.
(AGOSTINHO 1961b, p. 197).

A morte é o castigo pelo qual o homem passa por desobedecer a Deus no Éden, desta forma,
o homem criado de forma imperfeita, alcançaria a vida eterna, porém a sua desobediência é a
causa primeira da morte no mundo e por isso há o pecado original. Na pecaminosidade do
ser, os fatores desta ruína é a própria soberba humana que nada mais é do que a busca do bem
pessoal longe do bem maior e assim por causa dessa mutabilidade o homem passou a morrer.

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VI. Conclusão

Com base no estudo abordado foi possível perceber que a consciência moral é um juízo da
razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto. Onde o
homem sabe que um ato concreto é bom ou mau mediante sua consciência moral. Sim, a
consciência pode equivocar-se se não está bem formada, porque frente a um ato concreto
poderia fazer um juízo errôneo contra a razão e a lei divina.

A consciência é formada com o conhecimento da lei de Deus tal como a ensina o Magistério
da Igreja, com a prática das virtudes, a oração, a petição de conselho especialmente no
direcionamento espiritual e na receção frequente do sacramento da Penitência.

Por outro lado a consciência moral é também uma competência avaliadora dos atos pessoais e
dos alheios, a capacidade de discriminar entre o que é o bem e o que é o mal. Qual a natureza
desta capacidade cuja manifestação no ser humano o eleva à dignidade de um ser moral?

A consciência moral tem uma base racional. Todos os atos humanos são julgados e avaliados
pela razão, em função de valores livre e racionalmente escolhidos. Não é, pois, “às cegas”
que concebemos e realizamos a Acão. É com a intervenção do pensamento que tomamos
consciência dos problemas, que os compreendemos e que equaciona mos soluções que nos
parecem possíveis. A racionalidade permite-nos analisar criticamente aquilo com que nos
deparamos, avaliar as ações pessoais e as dos outros, confrontando o que queremos fazer com
aquilo que julgamos que devemos fazer.

A consciência moral tem um elemento afetivo. As relações interpessoais manifestam na


consciência uma componente emocional tão forte que é capaz de dinamizar a Acão humana
do mesmo modo que a razão. Por vezes, junta-se à razão, colaborando e reforçando o seu
papel, ou, então, opondo-se-lhe e entrando em conflito com ela. Assim, quer os sentimentos
positivos de amor, amizade, simpatia e fraternidade quer os seus contrários manifestam uma
“lógica” própria que interfere de modo significativo na Acão.

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VII. Referencias

Cabral, João Francisco (2022). Consciência e suas relações com o outro e o ser-em-si; Brasil
Escola. Recuperado em:

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/consciencia-suas-relacoes-com-outro-


ser-em-si-segundo-sartre.htm

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/consciencia-suas-relacoes-com-outro-ser-em-si-
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BARROS, J. P. P. et al. (2009). O conceito de sentido. Psicologia & Sociedade. Recuperado


em: http://www.ufrgs.br/seerpsicsoc/ojs/include/getdoc.php?id=2418&article
IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra:
Gráfica de Coimbra. pp. N. 373. ISBN 972-603-349-7
IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra:
Gráfica de Coimbra. pp. N. 376. ISBN 972-603-349-7
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia_(moral)

Aquino,Tomás. (2002). História da Filosofia Cristã, Suma Teológica. Edições. São Paulo,
Brasil: EditoraVozes.

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