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A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO


DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO

Article  in  RA'E GA - O Espaco Geografico em Analise · January 2019


DOI: 10.5380/raega.v45i1.50743

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Joaquim Miranda Maloa Lindberg Nascimento Júnior

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R. Ra’e Ga DOI: 10.5380/raega
Curitiba, v.45, n. 1. p. 91 - 109, Dez/2018. eISSN:2177-2738

A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO


DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO
THE URBAN SPRAWL IN MOZAMBIQUE: A CONTRIBUITION FOR URBAN SPACE PRODUTION
STUDIES IN MAPUTO
Joaquim Miranda Maloa1, Lindberg Nascimento Júnior2,

RESUMO
Promovida, principalmente, pela inclusão dos automóveis nos modos de vida urbano, a dispersão urbana é um tipo
de constituição de cidades caracterizada pela ocupação do solo com baixa densidade populacional em áreas
periféricas no núcleo urbano consolidado. Dentre os principais impactos que decorrem desse modelo de urbanização
estão: a crescente demanda de consumo de energia e de recursos naturais; ocupação de áreas ambientalmente
frágeis ou suscetíveis a desastres naturais; e aspectos negativos relacionados à qualidade de vida e à saúde da
população. A partir de uma análise geográfico-histórica e tomando como exemplo a cidade de Maputo, este artigo
evidencia como a degradação ambiental, a segregação socioespacial e a periferização estruturam-se como
particularidades da dispersão urbana em Moçambique. Conforme observado em outros países, a dispersão urbana
em Moçambique também se configura como mais um obstáculo para implantação de políticas públicas e para a
universalização do acesso a bens fundamentais (infraestrutura e serviços). Ela também tende a reforçar, ampliar e
cristalizar problemas históricos, presentes na formação socioespacial moçambicana, ainda não resolvidos na
atualidade.
Palavras-chave: Urbanização Dispersa; Cidade Dispersa; Maputo; Moçambique
ABSTRACT
The urban sprawl is a type of urbanization that was characterized by low-population land use in peripheral areas. It is
promoted mainly by the inclusion of cars in urban life-styles. In general, the urban sprawl shows impacts in the
growing demand for energy and natural resources; occupancy of areas environmentally fragile or susceptible to
natural hazards; and aspects related to the quality of life and health of the population. From a geographic-historical
analysis, we use the example of urban spatial production in Maputo, and we show how the environmental
degradation, the socio-spatial segregation and peripheralization structures are particularities of urban dispersion in
Mozambique. As observed in other countries, the urban sprawl in Mozambique is also an obstacle to implementation
of public policies and universalization of the urban infrastructure and services. It also trends to reinforce, amplify and
crystallize historical processes still unresolved in Mozambican socio-spatial formation.
Key-words: Urban Sprawl; City Spraw; Maputo; Moçambique.
Recebido em: 18/02/2017
Aceito em: 08/02/2018

1 Universidade Católica de Moçambique, Lichinga/LX, e-mail: joaquimmaloa@gmail.com


2 Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, e-mail: lindberg.junior@ufsc.br
Maloa, J. M.; Nascimento Júnior, L.
A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO
1. INTRODUÇÃO O objetivo é descrever como a
Autores como Araújo (2002; 2003; dispersão urbana em Moçambique auxilia no
2006), Folio (2007), Baia (2011), Serra (2012) e aprofundamento dos níveis de segregação
Maloa (2012) já analisaram a constituição do socioespacial historicamente produzidos no
espaço urbano moçambicano e representam um país, e, ainda, analisar como esse processo age
significativo avanço no conhecimento sobre de forma combinada com outros elementos
questões relacionadas à urbanização em inseparáveis e estimula a permanência de
Moçambique. problemas urbanos inerentes à formação
Este texto corresponde a uma socioespacial urbana moçambicana.
abordagem que se pretende inovadora, uma vez Para realizar esse debate, optou-se
que ainda é recente uma abordagem teórica que pelo estudo de caso da cidade de Maputo em
problematize e ofereça instrumentos função de suas características de crescimento
interpretativos da urbanização moçambicana a demográfico (estrutura populacional) e
partir do processo de dispersão urbana. metropolitano apresentado nas últimas
Como um modelo de urbanização décadas, além de sua configuração de padrão
contemporânea, observada em escala mundial, disperso relativo à existência de áreas ainda não
a dispersão urbana é caracterizada lato sensu construídas e/ou com baixa infraestrutura
pela ocupação do solo com baixa densidade urbana.
populacional em áreas periféricas ao núcleo Para tanto, recorreu-se à pesquisa
urbano consolidado, as quais conjugam bibliográfica em que se destacaram diretamente
diferentes formas de uso e cobertura da terra autores da questão urbana moçambicana e de
(ONU, 2012). outros países que apresentam a urbanização
Em outras palavras, a dispersão urbana dispersa como processo explicativo da cidade
trata-se da emergência de configurações contemporânea. Além disso, foram utilizados
urbanas dispersas, descontínuas e mapas temáticos, documentos oficiais, registros
demograficamente heterogêneas. Ela é distinta fotográficos e trabalhos de campo.
da tradicional cidade compacta, e evidencia-se Para viabilizar a discussão, o texto foi
em importantes implicações na mobilidade divido em três partes. Na primeira, fez-se uma
urbana (LOJKINE, 1997). breve revisão do que se entende atualmente por
No caso das cidades moçambicanas, dispersão urbana. A tentativa foi de enquadrar
compreender a dispersão urbana é interpretá- alguns elementos teóricos julgados como
la para além da natureza do crescimento urbano necessários ao entendimento do processo em
ou pela taxa de urbanização (valor obtido pela sua totalidade (LEFEBVRE, 1975; NASCIMENTO
razão entre habitantes na zona rural e urbana) e Jr, 2017). Organizou-se para isso um sistema
da configuração da forma urbana (estrutura referencial que estabelece a universalidade e
física do ambiente construído), como particularidade da dispersão urbana em
tradicionalmente tem sido realizado (ARAÚJO, Moçambique e as suas singularidades na cidade
2002; 2003; 2006). de Maputo.
Nesse sentido, o interesse é pôr em Em seguida, no segundo momento,
cheque a visão clássica da configuração urbana recorreu-se a uma narrativa geográfica e
de tradição colonial que, neste caso, é colocada histórica que revela como a dispersão urbana
como ponto de partida para extrair outras tem sido um dos fundamentos da segregação
interpretações complementares sobre a socioespacial na produção do espaço urbano das
urbanização em Moçambique. Com isso, visou- cidades moçambicanas.
se contribuir com mais uma leitura dos Na última parte, apontam-se os pontos
problemas históricos, teóricos e reais das de contato e de divergência que corroboram
cidades moçambicanas. e/ou contradizem o processo de dispersão

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urbana como modelo universal, e seus ajustes sobrevivência e, por que não, uma busca por
enquanto particularidade e singularidade na segurança e por uma melhor qualidade de vida.
realidade urbana de Moçambique e da cidade De forma abrangente, Bruegmann
de Maputo. (2005) entende que a dispersão urbana é um
fenômeno que esteve presente desde as vilas
2. Dispersão urbana: urbanização e cidade das elites na Roma antiga aos bairros
dispersa construídos fora das muralhas na Europa
As transformações e mudanças no medieval. Para o autor (2005), o sentido da
conteúdo do urbano, na forma das cidades e nos dispersão urbana se dava no distanciamento,
modelos de urbanização têm produzido sendo esse elemento considerado fator de
configurações fragmentadas, descontínuas e de comodidade.
baixa densidade, que se diferem sobremaneira Atualmente, o sistema interpretativo
da tradicional cidade compacta (ABRAMO, 2007; da urbanização dispersa tem mudado de
GONÇALVES, 2011). Atualmente, a dispersão qualidade. E essa transformação se dá na
urbana é uma das principais características medida em que a expansão do tecido urbano
dessas transformações. acaba por se diluir, inicialmente limitado pelos
A designação - dispersão urbana - é padrões de densidade urbana que configurava a
equivalente ao “urban sprawl” do inglês e a cidade compacta, e atualmente pela introdução
“étalement urbain” do francês. Em geral, as dos automóveis no modo de vida urbano. Além
terminologias explicam a expansão disso, soma-se a oferta de outros
horizontalizada, espraiada, descontínua, não condicionantes, como as questões relativas à
compacta do tecido urbano, da malha urbana ou acessibilidade, da relação entre distância e
do ambiente urbano construído etc. mobilidade, e da viabilidade técnico-financeira
(BRUECKNER, 2000; BURCHELL et al., 2005; EEA, (BRUEGMANN, 2005, p. 33).
2006; GARDEN, 2009; EID, et al., 2008; SIQUERE, Sobre esse aspecto, os automóveis
2003; THOMPSON, 2013; TSAI, 2005; ZAO e permitiram outro nível de mobilidade na cidade,
KAETNER, 2010). e sua massificação, nas primeiras décadas do
Para Oliva (2004) e Silva (2013), trata- século XX antecedentes à Primeira Grande
se de um processo de aglomeração urbana Guerra, promoveu a construção das “cidades
espraiada, que trata da extensão do espaço dos automóveis”.
urbano configurada pelo tecido urbano (cidade). As cidades dos automóveis são um
Desse modo, conformam-se os núcleos urbanos marco histórico específico, sendo mais
dispersos e territorialmente desagregados do expressivo e consolidado no pós-Primeira
conjunto urbano principal. Guerra Mundial, a partir da “[...] implantação de
Segundo Spósito (2007), a dispersão sistemas de transporte urbano, primeiramente
urbana é um tipo específico de expansão do por trilhos (bondes e trens suburbanos, seguidos
tecido urbano que se expressa pelo pelo metrô) e depois, o de matriz automotiva
espraiamento em rupturas e descontinuidades, (ônibus, carros, caminhões, motos etc.) geraram
com redefinições das lógicas de distribuição condições técnicas e funcionais para uma cidade
espacial dos usos residenciais, industriais, mais expandida” (SPÓSITO, 2010, p. 72).
comerciais. Esse aspecto dotou a cidade menos
Já Limonad (2007, p.41) interpreta a compacta, “[...] alcançando a situação de
dispersão urbana como uma estratégia de dispersão do tecido urbano e de diluição clara
diferentes grupos sociais para maximizar sua das formas urbanas em amálgamas em que elas
mobilidade espacial e acompanhar a crescente se mesclam aos espaços rurais nas franjas deste
fluidez da mobilidade espacial do capital como tecido” (SPÓSITO, 2010, p. 72).
meio de garantir sua própria reprodução e

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O uso de automóveis também ofereceu só enquanto elaboração de muitos conceitos,
outra qualidade ao desenvolvimento urbano, conforme já se destacou, mas principalmente a
uma vez que a expansão da cidade poderia se partir da associação desses com outros
dar em e para qualquer direção. Em síntese, a processos de mesma medida que organização a
dispersão urbana foi mais possível com a questão urbana no momento atual.
introdução do automóvel, pois esse mecanismo Ojima et al. (2015), por exemplo,
ofereceu ao espaço urbano uma produção mais mostram que a característica socioespacial da
rápida e intensa de expansão (NEWMAN e expansão do tecido urbano em forma dispersa
KENWORTHY, 1999, p. 31). se encontra na ocupação do solo de forma
Por essa natureza, conforme Hasse e fragmentada, com baixa densidade
Lathrop (2003), tal modelo de urbanização pode populacional, por vezes, sem condições de
ser entendido como uma forma distinta de infraestrutura, sob degradação ambiental e de
crescimento urbano: disperso, ineficiente, áreas susceptíveis a diversos riscos naturais.
descontínuo na configuração e altamente A esse respeito, o primeiro processo
dependente do automóvel. Assim, a teoria da articulado à urbanização dispersa é, sem dúvida,
dispersão urbana sugere que o processo se dá relativo à suburbanização que se deu
muito mais enquanto forma, no sentido, que sua principalmente nos anos 1990, no contexto
materialidade é observada pela configuração da norte-americano, sendo que a expressão
estrutura territorial, do ambiente construído, da qualificada desse processo no Brasil se deu em
aparência do urbano, do tecido urbano, etc. pelo menos duas dimensões: auto-segregação e
De fato, a cidade, enquanto forma, é a periferização (OJIMA e MARANDOLA JR., 2016).
protagonista e a questão central do processo de A primeira dimensão se dá enquanto
dispersão urbana, mas entendê-la sob o possibilidade financeira e econômica de
processo de urbanização é inseri-la dentro de condições de localidade e moradia. A auto-
um contexto mais amplo. Isto é, um contexto segregação é baseada no poder de decisão e da
totalizante na medida em que é também um escolha fundamentada no uso da cidade em
processo social, histórico, geográfico e político espaços fechados ou em condomínios murados
(TANAKA, 2007; AMARO, 2016; BERNARDES, que, por vezes, podem estar ou não distantes do
2007; RIBEIRO, 2010; SPÓSITO, 2007). centro (OJIMA e MARANDOLA Jr, 2016).
Nesse sentido, a cidade e a urbanização A segunda acontece na mesma
dispersa são mais uma forma da expressão condição que a primeira, porém se distingue
espacial do modo de produção capitalista e das pela qualificação de áreas habitadas pela
lógicas de reprodução das relações sociais de população. Nesse caso, o acesso aos terrenos e
produção (LEFEBVRE, 1975). à moradia, muitas vezes, afastados do centro,
A cidade enquanto materialização dos não funciona como um fator de decisão
processos de produção que, além da descrição deliberada, mas uma imposição de quais lugares
da distribuição espacial dos equipamentos, da a população mais pobre deve morar.
identificação de padrões urbanos e da Habitualmente, são áreas parcamente
orientação da produção do espaço urbano, atendidas por serviços de transporte,
expressa a situação e as lógicas contraditórias e abastecimento de água, infraestrutura,
desiguais do desenvolvimento do capitalismo. eletricidade, etc (OJIMA e MARANDOLA Jr,
Nessa perspectiva, a interpretação da 2016).
dispersão urbana além de ser tomada pela Caracterizados pela densidade
expansão do tecido urbano, é submetida construtiva e pela consolidação de núcleos
também ao crivo de outros debates – da urbanos dissociados, os dois processos auxiliam
qualidade de vida e do modo de vida nas concomitantemente na oferta e na instalação de
cidades. Por sua vez, esse debate se revela não equipamentos sociais de uso coletivo (hospitais,

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escolas, áreas de lazer). Sob uma lógica induzida, especulação imobiliária e à oferta de serviços
tais equipamentos são o sinal de aceleração e públicos e coletivos, como energia,
seletividade dos processos de segregação abastecimento de água, produção de alimentos
socioespacial e de desigualdade na cidade. que são valorizados diferencialmente segundo a
No contexto global, Garden et al. (2009) disponibilidade e proximidade dos
apresentam que a urbanização dispersa consumidores (indivíduos e corporações).
também se associa como um problema de saúde Os aspectos contraditórios da
pública. Para tanto, esses autores se apoiam nas dispersão urbana se dão também na dimensão
teses discutidas de Zhao e Kaestner (2010) e da ambiental. Neste caso, os impactos são
Organização Mundial da Saúde (World Health observados substancialmente por meio do
Organization) (WHO, 2003). consumo exagerado de recursos naturais (terra,
Tais estudos mostraram que o modelo água, energia) nos custos de instalação de
de cidades dispersas se associa às características infraestrutura urbana. (BRUEGMANN, 2005;
da diminuição das caminhadas e da prática de AMARO, 2016).
esportes e ao consumo de fastfood. Essa O quadro sugere, assim, a
situação tem promovido não só o sobrepeso e a interpretação de uma série de mudanças de uso
obesidade das populações que vivem na cidade, e ocupação do solo que são acompanhadas de
mas também o risco de doenças impactos ambientais, que diminuem o
cardiovasculares, diabetes e certos tipos de desempenho em funções ecológicas básicas e da
câncer. função social da terra urbana (LEAL, 1998; IBG,
Segundo Amaro (2016), esse quadro é 2011; MIRANDA, et al., 2005).
preocupante, uma vez que a falta de prevenção Em geral, pode-se inferir que a
da obesidade e o aumento intenso de dispersão urbana se configura por
automóveis por longas distâncias significam suburbanização, auto-segregação,
também uma população menos produtiva, e um periferização, especulação imobiliária e
sistema público com maiores gastos no setor da degradação ambiental. Esses processos
saúde. sugerem ser os principais rebatimentos na
Por outro lado, Eid et al. (2008) escala mundial. Eles são também produtos de
evidenciam que a relação entre urbanização uma mesma medida, uma vez que todos estão
dispersa e os índices de obesidade ainda não estruturados e organizados sob a lógica de
estão claramente explicados. Nos Estados apropriação do espaço urbano que, por diversas
Unidos, esses autores observaram indivíduos ao maneiras, diferentes níveis e várias
longo do tempo, e as evidências encontradas intensidades, tendem a ampliar as
foram suficientes para afirmar que a relação desigualdades e a qualidade de vida nas cidades.
entre dispersão urbana e saúde humana está E, como um fato, esses processos não
equivocada. se restringem a contextos específicos e
Para Eid et al. (2008), a cidade dispersa pontualmente localizados no mundo. Pelo
se relaciona com significância maior dos níveis contrário, tratam-se de um modelo
socioeconômicos (diferentes rendimentos universalmente globalizado, que mostra a
salariais e contextos étnico-raciais realidade atual do modo de vida urbano e da
principalmente) e das características individuais constituição das cidades em todo o mundo que
de residência (tipo e material construtivo) como se apresenta como uma tendência de
mecanismos causadores das doenças de acordo igualização (SMITH, 1989).
com suas diferenças observadas. Por essa razão, tal modelo deve ser
Outro rebatimento do processo de entendido como um momento no movimento
dispersão urbana é o encarecimento por de totalização (LEFEBVRE, 1975), por isso, é
distância. Tal aspecto está relativo à

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interessante submetê-lo à observação e à Do ponto de vista da questão urbana,
análise no território moçambicano. as cidades em Moçambique foram construídas,
historicamente, dentro da matriz colonial, isto é,
3. A urbanização moçambicana e a dispersão com acesso a recursos e portos para a
urbana em Moçambique exportação. O Estado colonial organizou o
O território moçambicano abrange uma território utilizando instrumentos de
área de 799.379 km² e apresenta o total de 20,5 diferenciação social e racial, pela Lei de
milhões de habitantes, dos quais 35% (7,5 Concessão de Terra de 1899 e pela Lei de
milhões de pessoas) concentram-se nas áreas Reservas de Terras Indígenas de 1909 (DIREITO,
urbanas (UNHABITAT, 2007). 2014).
Em termos de divisão administrativa, Com esses instrumentos legislativos, a
Moçambique está dividido em onze províncias. distinção entre moçambicanos e não
A cidade de Maputo é a capital e está localizada moçambicano, do ponto de vista do uso, do
na província do mesmo nome. As províncias acesso e do controle sobre a terra, era
contemplam três regiões, sendo que a Região defendida nas Cortes, em nome da valorização
Norte compreende as províncias de Niassa, econômica dos territórios coloniais e da
Cabo Delgado e Nampula; a Região Centro, salvaguarda da soberania portuguesa na África
Zambézia, Tete, Manica e Sofala; e a Região Sul, (DIREITO, 2014).
Inhambane, Gaza, Maputo-província e Maputo-
cidade (Figura 1).

Figura 1 - Divisão Administrativa de


Moçambique. Fonte: Autores.

As cidades moçambicanas, nesse “assimilados” ricos nas áreas centrais da


contexto, foram construídas na segregação e cidades, chamadas de Cidade de Cimento
para a segregação. A organização espacial enquanto os negros pobres eram distribuídos
expressava a concentração de brancos e negros nas áreas periféricas ou no entorno da Cidade de
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Cimento. Essas áreas na cidade foram ocupados; estes, por sua vez, eram basicamente
tradicionalmente chamadas de Cidade de formados por áreas destinadas a jardins,
Caniço. protegidas, pantanosas, lixeiras, implantação de
Segundo Morais (2001), a divisão entre infraestruturas e serviços urbanos.
a Cidade de Cimento e a Cidade de Caniço O resultado foi que a constituição das
mostrava, de um lado, uma urbanização cidades em Moçambique avolumou-se com
qualificada, dotada de infraestrutura, habitações precárias. De tipo horizontal, além
saneamento, eletricidade, etc.,; e do outro, uma de ampliar as condições de diferenciação entre
urbanização precária. Assim, a produção do o centro (cidade de cimento) e a periferia
espaço urbano das cidades moçambicanas (cidade de caniço), o espaço urbano foi
evidencia o momento político de segregação caraterizado por uma morfologia ortogonal e
socioespacial historicamente concebida, que radioconcêntrica.
separa física e culturalmente grupos de classes Conforme Baia (2009), esse processo
sociais distintos. também orientou um modo de vida urbano
Em 1975, depois da independência híbrido, que se dá pela coexistência de dois
nacional, com a libertação moçambicana contra processos de produção do espaço urbano: uma
o colonialismo português, uma guerra civil entre urbanização nativa: derivada de sociedades
a Frente de Libertação de Moçambique africanas pré-coloniais, apoiadas nos sistemas
(FRELIMO) e a Resistência Nacional de de linhagem e por ruralidades; e outra, uma
Moçambique (RENAMO), nos anos de 1977 a urbanização ocidentalizada: marcada por lógicas
1992, irrompeu o país. Nesse contexto, a modernas e industriais de habitar e viver na
infraestrutura, as estradas e as pontes cidade.
tornaram-se alvos a serem abatidos, enquanto A produção do espaço urbano
as cidades receberam pressão populacional moçambicano é, assim, concomitantemente
adicional, sendo basicamente constituídas de constituída por esses dois modos de vida, em
populações rurais refugiadas. que ambos centralizam e promovem o
Com o fim da guerra civil em 1992, com movimento da sua reprodução no espaço
a assinatura do Acordo Geral de Paz de Roma urbano (BAIA, 2009).
(1992) e a realização das primeiras eleições Dois exemplos representativos desses
presidenciais e legislativas (1994), o novo contextos podem ser aqui associados. O
governo eleito foi confrontado com o desafio de primeiro se dá na observação de áreas
reconstruir as infraestruturas urbanas iluminadas em Moçambique (obtidas por
destruídas pela guerra civil, uma vez que imagem de satélite luzes noturnas, conforme
milhares de moçambicanos tornaram-se Nascimento Jr. (2016) (Figura 2) e a
“deslocados de guerra” nos centros urbanos. regionalização dos assentamentos informais no
Araújo (2003) ressalta que devido à território moçambicano, conforme a Direção
guerra as pessoas procuravam os centros Nacional de Planeamento e Ordenamento
urbanos, preenchendo todos os espaços não Territorial (DINAPOT, 2006) (Figura 3).

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Figura 2 - Áreas iluminadas no território moçambicano como referência de observação de localização


áreas urbanizadas/área das cidades. Fonte: Nascimento Jr (2017).

Figura 3 - Assentamos informais em Moçambique, como referência da ocorrência de uma urbanização


qualificada em áreas situadas nas principais cidades do país. Fonte: DINAPOT, 2006.

A Figura 2 mostra os processos interior do país) são contrapostas à centralidade


contraditórios, nos quais as centralidades das principal, representada pela cidade de Maputo
cidades na rede urbana (áreas de iluminadas no

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(capital do país), no sul do país (NASCIMENTO JR, rurais, mas também não seguem o modelo
2016). citadino do centro.
Nesse caso, são as áreas iluminadas, Tal situação foi interpretada por Baia
equivalentes às maiores cidades, que (2009), e Maloa (2016) chamou de acumulação
apresentam a configuração mais importante de de dualidade urbana em Moçambique. O
aumento, concentração e intensidade de áreas sentido do conceito utilizado por Maloa (2016) é
iluminadas em direção a espaços e a áreas o de explicar a permanência da configuração
vizinhos. Algo que assegura a urbanização dual (Cidade de Cimento e Cidade de Caniço),
dispersa não só como uma característica de com novos conteúdos, com outras formas e a
expansão horizontal, conforme inicialmente mesma organização. O que é, sobretudo
discutido e proposto por Bruegmann (2005), preocupante, pois, segundo o Programa das
Botelho (2012), Sposito (2007) e Newman e Nações Unidas para os Assentamentos
Kenworthy (1999), mas também elemento de Humanos (UN-HABITAT, 2005), é estimado que
relevância e de consolidação de cidades mais 80% das populações nas cidades moçambicanas
antigas e importantes na rede urbana vivem em assentamentos informais.
(NASCIMENTO Jr, 2016) Desse modo, a proposta de relação
O segundo exemplo (Figura 2b) mostra entre as áreas iluminadas, verificada por meio
uma relação entre as principais cidades e as de imagens de satélites, e a produção de
áreas com presença de assentamentos assentamentos informais no território
informais. Segundo a DINAPOT (2006), trata-se moçambicano parece ser funcional como um
de aglomerados humanos que se caracterizam indicador de observação da cidade dispersa.
pela ausência de acesso aos serviços de Com esse exercício, fica evidente a relação entre
saneamento, à água potável, a espaço suficiente periferização e degradação ambiental nos
interior/exterior, a vias de acesso e à habitação assentamentos informais das principais cidades
segura e durável. São áreas onde as densidades do país africano, como um dos resultados da
habitacionais é cerca de 70 habitações/Ha, em urbanização dispersa.
que os terrenos não estão ordenados ou Contudo, apesar do exercício
definidos, além de não possuírem definição de quantitativo e cartográfico a nível nacional se
arruamentos e apresentarem sistema deficiente fundamentar enquanto uma particularização do
de infraestrutura urbana básica. movimento universal do processo de
Nessa lógica, essas áreas são urbanização dispersa é ainda pertinente
expandidas, consolidadas, densificadas, e evidenciar outros níveis de particularização e
repercutem na saturação dos equipamentos e singularização, recorrendo-se ao exemplo da
das infraestruturas e sua insuficiência, na cidade de Maputo.
dificuldade de acesso à educação e à saúde, no
desemprego e na economia informal, na 4. Urbanização dispersa na cidade de Maputo
pobreza urbana, na emergência de problemas A cidade de Maputo está localizada em
ambientais e sociais, entre outros (MELLO, 25º05’ Latitude Sul e 32°40’ de Longitude Leste,
2013). Algo muito similar aos impactos da na província da Cidade de Maputo, região sul do
dispersão urbana em países como o Brasil, Moçambique (Figura. 4). No período colonial, a
conforme anteriormente explicitado. cidade chamava-se Lourenço Marques em
Raposo e Salvador (2007) explicam que homenagem ao navegador das naus da Índia,
assentamentos informais são áreas de que fez o reconhecimento geográfico e
materialização do sincretismo e interação entre econômico da Delagoa Bay, em 1544.
o mundo urbano de origem colonial e ocidental A fixação portuguesa em Lourenço
e o mundo rural moçambicano. Nesses locais, os Marques iniciou-se com a criação de um presídio
padrões de vida se afastam das referências em 1781, e em 1805, a cidade foi ocupada por

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uma força militar e só em 1887 foi elevada a a ficar compacto com o crescimento da periferia
categoria de cidade. Onze anos depois, em 1898, (VIANA, 2010). Essa realidade urbana se
foi promovida a capital da Província Ultramarina acentuou a partir da década de 1980, com a
de Moçambique. Nesse período, os edifícios reclassificação administrativa urbana; com a
foram construídos num traçado regular em guerra civil que aumentou a migração; e a
quadrícula (MELO, 2013; MENDES, 1979; presença de deslocados da guerra. Estes, como
MORAIS, 2001). já abordado, construíram suas casas em torno
Com a independência nacional, em do centro urbano, formando uma acelerada
1975, o traçado regular em quadrículo começou dispersão residencial (MALOA, 2012).

Figura 4 - Divisão Administrativa da Cidade de Maputo. Fonte: Autores.

O caso peculiar desse processo é a no interior do arco de circunvalação (Figura 5)


grande mancha disposta em torno do centro, existe o predomínio de construções horizontais,
que caracteriza uma maior densidade com forte densidade populacional.
demográfica e de ocupação da terra urbana, No que se refere à configuração
delimitando territorialmente a paisagem urbana populacional e administrativa, a cidade de
na dualidade das cidades moçambicanas Maputo compreendia inicialmente cinco
segundo as características das habitações distritos urbanos. Desse conjunto, vale destacar
(Figura 5). o núcleo mais antigo e mais urbanizado da
A delimitação da dualidade na cidade cidade corresponde ao distrito KaMpfumo,
de Maputo fundamenta a distinção, em primeiro enquanto os distritos de KaMavota e
lugar, da Cidade de Cimento - vertical, KaMabukwane, localizados nas áreas
ortogonal, com urbanização de infraestrutura periféricas, são resultado da expansão do tecido
qualificada, limitada antigamente pelo arco de urbano pós-independência.
circunvalação. Para aquém da linha vermelha e

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Maloa, J. M.; Nascimento Júnior, L.
A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO

Figura 5 - Vista área de dispersão urbana na cidade de Maputo com delimitação da Cidade de Cimento na
linha vermelha, e recorte de imagem de satélite com o arco de circunvalação que representava os limites
da Cidade de Cimento. Fonte: Fólio (2007); Autores.

De acordo com Araújo (2006), as disponíveis para novas construções, que seja
construções da KaMpfumo – setor central da ainda para edificação de infraestruturas
cidade - são quase na sua totalidade verticais e urbanas(ARAÚJO, 2006).
registram baixa densidade populacional. Nesse Nesse contexto, a dispersão urbana
distrito também estão concentradas quase a também tende ocorrer na escala interurbana,
totalidade das atividades econômicas, abrangendo a área da cidade de Maputo e as
administrativas e sociais, sob uma área áreas vizinhas. O resultado advém da situação
consideravelmente bem construída, devido à que parte da população residente na cidade de
existência de infraestruturas viárias, de áreas de Maputo ou migra para as cidades vizinhas,
estacionamento e de desporto e lazer. principalmente para Matola, Manhiça,
Segundo Araújo (2006, p. 7), os bairros Marracuene e Boane, a fim de erguer novas
mais populosos (mais de 30 mil habitantes) construções (MENDOÇA, 2012), ou submetem-
localizam-se nos distritos urbanos menos se a viver em áreas com baixa possibilidade
urbanizados. Os distritos de Nhlamanculo e construtiva e alta densidade demográfica.
KaMaxaquene representam 9,4% da área De outro modo, a população de maior
territorial e contemplam mais de metade da poder aquisitivo tem adquirido os terrenos das
população da cidade, cerca de 52,4% do total. “casas de caniço desocupadas” pelas
São distritos com uma história antiga de local de populações que saíram da cidade de Maputo, e
residência urbana, que já no período colonial constroem no lugar residências de grande porte,
abrigavam muitas populações constituídas por que por sua vez altera sobremaneira a paisagem
trabalhadores menos favorecidos ou por classes urbana.
médias baixas. Que a substituição de “casas de caniço”
Atualmente, esses distritos são por “casas de cimento” altera a paisagem
fundamentalmente constituídos por habitações urbana é fato, mas isso só acontece apenas na
horizontais e apresentam a maior densidade dimensão do ambiente construído, que de
populacional e construtiva da cidade. Neles, é forma geral, não muda a condição de
comum a ausência de áreas para circulação, precariedade já existente.
lazer, estacionamento, jardins, etc. Por isso Isso por que a grande população
esses dois distritos já não apresetam áreas maputense continua a conviver com a baixa

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A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO
qualidade de segurança no transporte, múltiplas partes enquadradas num mosaico
dificuldade de acesso à água potável e urbano de geometria intrincada (entre a cidade
insuficiência de serviços de saúde, educação e compacta, dispersa e sem forma) que já não
proteção. Tais serviços e infraestruturas são espelha apenas a dicotomia "cidade de cimento"
ainda mais reduzidos com a distância, e rebatem versus "cidade de caniço".
diretamente em implicações na mobilidade Essas duas realidades tendem a
urbana. desvanecer-se, cruzando-se, sobrepondo-se e
Pode-se inferir desse contexto que é justapondo-se a outras que foram ganhando
justo falar de urbanização dispersa em Maputo forma e expressão no espaço urbano. Esta nova
nos termos atribuídos por LojKine (1997), situação, que engloba a "periferia de caniço" e
Tanaka (2007), Amaro (2016), Bernaedes (2007), sua zona mais fortemente povoada, transpõem
Ribeiro (2010), Spósito (2007), entre outros.. a coerência da morfologia urbana no espaço
Mas os impactos vão além. Influenciada construído e no desenho do espaço público.
por construções infraestruturais como a nova Neste sentido, essas áreas se apresentam,
estrada circular, a conjuntura atual evidencia-se
por construções habitacionais em áreas “[...] com a presença de pequenos centros de
bem-estar e de luxo protegido por grades,
altamente valorizadas, o que acaba por
sistemas de segurança eletrônica e guardas
fortalecer outros processos na produção do privados, rodeados de hotéis, casas de câmbios,
espaço – especulação imobiliária, e permanecer restaurantes, cafés, pastelarias, supermercados,
e ampliar outros, o da segregação socioespacial cassinos e bombas de gasolina” (SERRA, 2012,
p.192).
por exemplo.
A particularidade da urbanização
Tal característica expressa o quadro
dispersa se dá em Maputo, na precariedade da
dicotômico de desenvolvimento histórico da
moradia e da habitação que pode ser
cidade de Maputo e de sua urbanização dual já
visualizada pela existência de assentamentos
discutida por Araújo (2002; 2003; 2006), Folio
informais, representados na Figura 7 (área com
(2007), Baia (2011), Serra (2012) e Maloa (2012),
cor amarela).
e pode ser mais bem visualizada na configuração
A situação mostra que a configuração
da malha urbana (Figura 6), em que, na cidade
urbana da área metropolitana de Maputo é um
de cimento, predomina no setor central e em
quadro díptico, utilizando os termos de Viana
outros setores dispersos e mais recentemente
(2010). Ou seja, ela é o somatório do processo
construídos o tipo xadrez com arco da
colonial urbano e do pós-colonial que perfaz
circunvalação (ALTVATER, 2005).

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A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO

Figura 6 - Malha urbana e arruamento da cidade de Maputo. Fonte: Autores.

Pela quantidade e qualidade de vias é majoritariamente com a auto-organização e por


possível estabelecer que sejam áreas providas habitações dos grupos sociais pobres,
de infraestruturas urbanas adequadas, pois desprovidos de infraestrutura e serviços, em
apresentam quarteirões e arruamento que se identifica o modelo de traçado
bastante ordenados (traçado reticular, do tipo rizomático. Esse modelo consolida e expressa o
tabuleiro). São também áreas mais privilegiadas enquadramento a cidade de caniço
socioeconomicamente, pois contemplam moçambicana (ALTVATER, 2005; KRÜGER, 2012;
setores com os domicílios de elevados VIANA et al., 2013), cujo resultado é a formação
rendimentos, em parte em função da boa de assentamentos informais, que estão situados
qualidade das infraestruturas. em grande parte da área da cidade,
No seu oposto, configurados por um correspondendo a situação no âmbito nacional.
sistema de arruamento, os bairros são formados

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Maloa, J. M.; Nascimento Júnior, L.
A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO

Figura 7 - Assentamentos informais (área na cor amarela) em Maputo. Fonte: CCM (2016).

Conforme analisado até o momento, profundamente alotrópica, e apresenta o


Maputo é uma cidade eminentemente dual (em permanente incesto entre casas de cimento e as
se tratando de tipo de urbanização) e mestiça casas de caniço (SERRA, 2012, p. 279), que
(segregação socioespacial e racial), por isso, caracteriza um turbulento e polifágico estado de
pode-se inferir que os fundamentos da akrasia (incontinência) (SERRA, 2012, p. 193;
segregação socioespacial e da urbanização VIANA, 2010).
precária parecem não ser um processo novo no Como mostrou Mendes (1979, p. 13), a
estado moçambicano e nem na área cidade de Maputo no período pós-
metropolitana. independência já esboçava a fisionomia de
Em outras palavras, a cidade de expansão urbana do período colonial, onde as
Maputo evidencia a heterogenia, construções já eram dispersas. As combinações

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A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO
das conjunturas atuais, como, por exemplo, da processo de urbanização inerentes à formação
dispersão urbana efetivam-se muito mais socioespacial de Moçambique.
enquanto um reforço das desigualdades e da A leitura da dispersão urbana em
segregação socioespacial do que de Moçambique parece fundamentar uma
transformação do ambiente urbano. duplicidade entre periferização - degradação
Não obstante, Maputo ainda exerce no ambiental, e se efetiva de maneira significativa
país uma função metropolitana. A cidade na constituição dos assentamentos informais,
apresenta, neste momento, uma importante observados em grande parte nas cidades de
reestruturação basicamente populacional e grande porte, como Maputo, Beira e Nampula.
econômica, ou seja, um veloz crescimento da Nessas cidades aumentam-se a construção de
população, novos dinamismos econômicos, residências em áreas distantes dos centros com
segmentos comerciais e de serviços, implicações também na mobilidade urbana.
empreendimentos e bairros para moradores de Essa seria a particularidade de Moçambique em
renda mais elevada. Contudo, na mesma medida comparação aos estudos desenvolvidos sobre o
tem sido observada baixa eficácia na inclusão da tema.
maioria da população, como se a reestruturação Isso significa também dizer que a
fosse um movimento natural, inevitável e dispersão urbana em Moçambique se efetiva
irreversível. principalmente na precariedade seletiva das
Nesse aspecto, ressalta-se o transporte infraestruturas, dos serviços e das condições
intraurbano e interurbano de Maputo para as habitacionais e ambientais, historicamente
cidades da Matola e Boane.Por meio dele os desenvolvidas, e não somente na expansão do
trabalhadores mais precarizados são tecido urbano, enquanto particularidade da face
transportados em condições perigosas. do urbanização dispersa enquanto periferização
Basicamente, utilizam-se veículos do tipo - degradação ambiental.
camionete (conhecidos por My love), com os Na cidade de Maputo, essas
potenciais riscos decorrentes, justamente pelo características foram facilmente identificadas
transporte acontecer com as pessoas agarradas pela configuração da paisagem, da malha
umas às outras nas carrocerias. urbana, na constituição populacional e
É justamente por esses fatores que a habitacional. Recentemente, devido à
dispersão urbana tende a reforçar a existência importante metropolização, essas
dos assentamentos informais e a precariedade características também ocorrem em integração
na mobilidade como um marco territorial nas nos municípios de Matola, Boane, Marracuene e
cidades moçambicanas. Nesse processo, o Manhiça, mas outros estudos deverão ser
processo tende a ampliar e cristalizar os desenvolvidos também sobre esses aspectos.
processos históricos não resolvidos na Vale destacar que a dispersão urbana
atualidade, e ainda presentes na formação configura-se como um problema nas cidades
socioespacial moçambicana. moçambicanas. Isso por que ela traz obstáculos
para a implantação de políticas públicas e para a
universalização do acesso a bens fundamentais,
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
sendo isso uma das características da
Apesar de ainda ser necessário um
mobilidade urbana.
aprofundamento nos estudos para relacionar a
Com esses resultados é possível
dispersão urbana com aas cidades
realizar trabalhos futuros que levem em
moçambicanas, em termos de gênese, conteúdo
consideração também o papel do processo
e formas, aproximações foram realizadas a
metropolização das cidades moçambicanas e
partir da conjugação de alguns atributos do
em particular da cidade de Maputo. Isso por
que, como processo é organizado e estruturado

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Maloa, J. M.; Nascimento Júnior, L.
A DISPERSÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA PRODUÇÃO
DO ESPAÇO URBANO EM MAPUTO
junto com dispersão urbana, a marcha do BAIA, Alexandre. Os meandros da urbanização
crescimento urbano só deve induzir cada vez em Moçambique. GEOUSP - Espaço e Tempo,
mais a urbanização dual clássica, na mesma São Paulo, nº29- Especial, p.3-30, 2011.
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seletividade e desigualdade, ou ainda maior,
empresários. In: REIS, N. G. (Org.). Brasil –
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estudos sobre dispersão urbana. FAU – USP.
conteporânea. 2007.
Isso por que a dispersão urbana em BOTELHO, A. Capital volátil, cidade dispersa,
Moçambique se combina à forte segregação espaço segregado: algumas notas sobre a
socioespacial da urbanização clássica, se dinâmica do urbano contemporâneo. Cadernos
configurando como uma permanência, pois de Metrópole. São Paulo, v. 14, n. 28, jul-dez/2012,
p. 297 – 315.’
um lado mostra parte da história das cidades, e
BRUECKNER, J. K. Urban Sprawl: Diagnosis and
do outro consolida a relação desigual e dual do Remedies. International Regional Science
que tem sido explicado como central e periférico Review, vol. 23, n. 2. 2000, p. 160 – 171.
nas cidades moçambicanas. BRUEGMANN, R. La dispersión urbana: Uma
No entanto, ainda falta demostrar história condensada. Barcelona: Doce Calle,
como a dispersão urbana em Moçambique e em 2012.
Maputo se efetiva também enquanto auto- BURCHELL, R. W; DOWNS, A; McCANN, B;
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segregação, pois já se verifica a instalação de
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