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Lição n0 7 e 8: Dinâmica e
Faculdade de Ciência e Tecnologia Estática de um Corpo Rígido
O movimento translacional para estes sistemas já foi estudado no capítulo anterior, por
isso, agora vamos apenas focar o estudo ao movimento rotacional do corpo rígido e, para isso,
consideraremos um eixo fixo no referencial inercial e que passa pelo centro de massa do corpo.
𝜋
Onde, 𝐿𝑖 −é perpendicular a 𝑟𝑖 𝑒 𝑣𝑖 , e faz um ângulo igual a ( 2 − 𝜃𝑖 ), com o eixo Z. Visto que
A componente Z do momento angular (𝐿𝑖𝑧 ), que é um cateto adjacente de L, pode ser definido
recorrendo a figura anterior, na forma,
𝜋
𝐿𝑖𝑧 = 𝐿𝑖 . cos ( − 𝜃𝑖 ) (∗)
2
𝜋
𝐿𝑖𝑧 = (𝑚𝑖 𝑟𝑖 . 𝑣𝑖 )𝐶𝑜𝑠 ( − 𝜃𝑖 ) = 𝑚𝑖 (𝑟𝑖 𝑆𝑒𝑛𝜃𝑖 )(𝜔𝑅) = 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 𝜔 (6.4)
2
Desta maneira, a componente do momento angular total ao longo do eixo Z, será dada pela soma,
i.e,
𝐿𝑧 = (𝑚1 𝑅1 + 𝑚2 𝑅2 + ⋯ + 𝑚𝑛 𝑅𝑛 )𝜔 = (∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 ) 𝜔
2 2 2
(6.6)
𝑖=1
𝐼 = 𝑚1 𝑅1 + 𝑚2 𝑅2 + ⋯ + 𝑚𝑛 𝑅𝑛 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2
2 2 2
(6.7)
𝑖=1
Conjugando as relações anteriores, (6.7) e (6.6), para o momento angular total ao longo do eixo
Z, temos,
𝑛
A equação (6.9), define o momento angular total e não é paralelo ao eixo de rotação.
Quando o corpo gira em torno de um eixo principal de inércia, o momento angular total é
paralelo à velocidade angular 𝜔, logo escrevemos,
⃗ = 𝐼. 𝜔
𝐿 ⃗ = (𝐼1 𝜔0𝑥 )𝑢0𝑥 + (𝐼2 𝜔0𝑦 )𝑢0𝑦 + (𝐼3 𝜔0𝑧 )𝑢0𝑧 (6.10)
𝐼 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 = ∫ 𝑅 2 𝑑𝑚 (6.11)
𝑖=1
Um ponto importante está relacionado com a densidade 𝜌, ela é constante para corpos
homegéneos, e, a expressão anterior toma a forma,
𝐼 = 𝜌 ∫ 𝑅 2 𝑑𝑣 (∗)
Tomando a figura 6.4 (corpo no espaço) e 6.5 (uma placa fina), vamos escrever as expressões
para o cálculo do momento de inércia dos corpos.
𝑍
𝑍
𝑅
𝑦 𝑥 𝑌
𝑅
𝑋 𝑦 𝑥 𝑌 𝑋
Figura 6.4 Corpo no sistema Tri-dimensional Figura 6.5 Corpo em forma de Placa Fina
𝐼𝑧 = ∫ 𝜌 (𝑥 2 + 𝑦 2 )𝑑𝑣 (6.14)
Para a figura 6.5, visto que a corpo em causa é uma placa fina, onde Z é desprezível, e, desta
forma desprezível também o seu momento de inércia, então, para as componentes x e y temos,
Os momentos de inércia relativos a eixos paralelos são relacionados por uma fórmula simples,
denominada teorema de Steiner ou, também chamado, teorema de eixos paralelos, definido por,
𝐼 = 𝐼𝐶𝑀 + 𝑀𝑎2 (6.17)
Para além das definições anteriores, o momento de inércia ainda pode ser definida em relação ao
ângulo de giração (𝐾) pela expressão,
𝐼 = 𝑀𝐾 2 (6.18)
A tabela 1, apresenta alguns ângulos de giração para sólidos principais.
Tabela 6.1. Ângulo de Giração de Alguns Corpos Rígidos (Fonte : Alonso & Finny – Mecânica)
Tabela 6.2. Momento de inércia para algumas sólidos (Fonte : Resnick Halliday – 8A Ed.
Mecânica)
1. Demonstre que o momento de inércia de uma vara fina de comprimento L rolando em torno de um eixo localizado
𝑀𝐿2
no centro e perpendicular ao comprimento é dado por 𝐼 = .
12
2. Usando o teorema do eixo paralelo mostre que o momento de inércia da mesma vara sobre um eixo localizado
𝑀𝐿2
numa das extremidade e perpendicular ao seu comprimento é dado por, 𝐼 = .
3
Resolução:
1. A figura abaixo, mostra uma vara de comprimento L, com o eixo de rotação (OY) passando pelo centro da mesma,
i.e, devidindo a vara em duas partes iguais. Usando a definição de momento de inércia temos,
𝐼𝑦 = ∫ 𝜌 𝑥 2 𝑑𝑣, 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑚 = 𝜌𝑣
Pela figura, 𝑑𝑣 = 𝐴𝑑𝑥, e 𝑑𝑥 ≡ 𝑑𝐿, então, 𝑚 = 𝜌𝐴𝐿, logo se substituirmos na relação anterior, temos,
− 𝐿⁄2 𝐿⁄
2
𝐴 𝑋
𝑑𝑥
𝐿
Figura 1E. Vara fina de Comprimento L
2. Segundo o teorema de Steiner temos, 𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝑀𝑎2 , onde, 𝑰𝒄 −é o momento de inércia de centro de massa,
(calculado no n0 1) e a- distância perpendicular que separa o eixo de rotação ao centro de massa, para o caso da
𝐿
figura, 𝑎 = 2, logo,
𝑀𝐿2 2
𝐿 2 4𝑀𝐿2 𝑀𝐿2
𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝑀𝑎 = +𝑀( ) = =
12 2 12 3
𝑑
(𝐼𝜔) = 𝜏 (6.19)
𝑑𝑡
Se o eixo permanece fixo, relativemente ao corpo rígido, então, o momento de inércia permanece
constante, e, escrevemos,
𝑑𝜔 𝑑𝜔
𝐼 = 𝜏 𝑜𝑢 𝜏 = 𝐼𝛼 (6.20) , 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎 𝐶𝑀, 𝐼𝐶𝑀 ( ) = 𝜏𝐶𝑀 (6.21)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Um corpo rígido que gira em torno de um eixo principal, move-se com velocidade angular
constante quando não é aplicado torque externo, ou, por outra, se a força externa resultante
que age sobre um sistema é nula, o momento angular do sistema permanece constante,
independentemente das mudanças que podem surgir dentro do mesmo sistema.
Se o corpo não gira em torno de um eixo principal, mas fixo relativamente ao corpo tal que 𝐼 =
𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., então,
𝑑𝜔
𝐼 = 𝜏𝑧 (6.22)
𝑑𝑡
Qunado o eixo de rotação não tem um ponto fixo num referencial inercial, calculamos o
momento angular e o torque relativamente ao centro de massa do corpo, pela relação,
𝑑𝐿𝐶𝑀
= 𝜏𝐶𝑀 (6.23)
𝑑𝑡
Nota: Para a resolução de problemas práticos, vamos considerar positivos os momentos de força
no sentido anti-horário e negativos no sentido contrário.
𝑃2 𝑃2
Figura 6.6 Movimento da Polia Figura 6.7 Sistema Combinado Mesa – Polia
Agora vamos apresentar as equações de movimento para cada sistema ilustrado nas figuras
anteriores. Para tal é importante antes de mais, verificar o tipo de movimento realizado e,
facilmente observamos que para os dois sistemas temos movimentos combinados, rotação da
roldana e translação das massas, dai que,
Observando a figura é possível ver que temos um movimento de rotação no disco (roldana) e
dois movimentos de translação das duas massas, dai que, escrevemos,
𝑀𝑅 2
−𝑇1 + 𝑇2 = 𝛼 𝑴
2𝑅 𝑷𝟐 − 𝒇𝒂 = ( 𝟐 + 𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 ) 𝑹𝜶 (6.31)
{ 𝑇 − 𝑓 + 𝑃 − 𝑇 = (𝑚 + 𝑚 )𝑅𝛼 {
{ 1 𝑎 2 2 1 2 𝑵 = 𝒎𝟏 𝒈 (6.32)
𝑁 = 𝑚1 𝑔
que 𝑣𝑖 = 𝑅𝑖 𝜔 ,i.e,
1 1 1
𝐸𝑐𝑅 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 𝜔2 = (∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 ) 𝜔2 ↔ 𝐸𝑐𝑅 = 𝐼𝜔2 (6.33)
2 2 2
𝑖 𝑖
Quando a rotação é em torno de um eixo principal, então a energia cinética rotacional será,
𝐿2
𝐸𝐶 = (6.34)
2𝐼
Uma vez definida a energia cinética rotacional, vamos considerar o caso geral em que o corpo
rígido gira em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa e translada-se em relação ao
observador, então, a energia cinética total será,
𝐸𝑐𝑇 𝑒 𝐸𝑐𝑅 − são as energias cinéticas de translação e de rotação do corpo rígido respectivamente.
Uma vez que, nos corpos rígidos a distância entre os pontos ou partículas não varia durante o
movimento, então, podemos desprezar a energia potencial interna e, por isso, o princípio de
conservação de energia resulta,
Vamos considerar forças externas conservativas, de modo que, o trabalho por elas realizado seja,
𝑤𝑒𝑥𝑡 = (𝐸𝑃0 − 𝐸𝑃 )𝑒𝑥𝑡 .
1 1
𝑬𝑴 = 𝑬𝑪 + 𝑬𝑷 ↔ 𝑬𝑴 = 2 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 2 𝐼𝐶 𝜔2 + 𝑀𝑔𝑦 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (6.37)
Em relação às forças não-coservativas, como foi analisado no capítulo anterior, tem-se que,
Uma Disco, uma esfera, um cilindro e um anel, todas de mesmo raio, descem rolando um plano inclinado, partindo de uma
altura 𝑦0 (ver a figura abaixo). Determine, em cada caso, a velocidade quando eles chegam à base do plano, despreza o
atrito.
𝜔
𝑁
𝑉𝐶𝑀
𝑦0
𝐹𝑔
Resolução:
Para a resolução deste exercício, precisamos de levar em consideração o princípio de conservação de energia do corpo
rígido, pois, os corpos variam as suas energias ao partir da altura 𝑦0 até a altura 𝑦 = 0. Para além disso, devemos
prestar atenção ao facto dos corpos descerem rolando ao longo do plano, o que significa que eles transladam enquanto
rolam, logo, temos energias cinéticas de rotação e translação, respectivamente.
1 1
𝐸𝑀𝐴 = 𝐸𝑀𝐵 → 𝐸𝑃𝐴 = (𝐸𝑐𝑇 + 𝐸𝑐𝑅 )𝐵 𝑀𝑔𝑦0 = 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 𝐼𝐶 𝜔2
2 2
Veja que no ponto A, o disco tem 𝑣0 = 0, logo, 𝐸𝑐𝑇 = 𝐸𝑐𝑅 = 0, e no ponto B, 𝑦 = 0, então, 𝐸𝑃𝐵 = 0. Vamos
apenas resolver para o disco, e segundo a tabela 1, o seu momento de inércia em relação ao centro de massa é,
𝑀𝑅 2 𝑣
𝐼𝑐 = 𝑀𝐾 2 = ,e, 𝜔 = 𝑅 logo,
2
1 𝑀𝑅 2 𝑉𝐶𝑀 2 1 1
𝑀𝑔𝑦0 = 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 2
→ 𝑀𝑔𝑦0 = ( + ) 𝑀𝑉𝐶𝑀 2
2 4 𝑅 2 4
4 𝑔𝑦0
𝑉𝐶𝑀 2 = 𝑔𝑦0 ↔ 𝑉𝐶𝑀 = 2√
3 3
A velocidade de centro de massa (a mesma com que o disco chega à base do plano) depende apenas da altura inicial na
qual inicia o movimento e, independe da sua massa.
Calcular a velocidade para a esfera, cilindro e anel, levando em consideração a tabela 1, para os ângulos de giração.
Vamos considerar uma partícula movendo-se em uma direcção (𝑜𝑥), ver a figura 7.1. Neste caso
temos apenas o equilíbrio de translação.
𝐹𝑎 𝐹 quando, 𝐹𝑅 = 0, logo,
𝑜𝑥: 𝐹 − 𝐹𝑎 = 0
𝑃 {
𝑜𝑦: 𝑁 − 𝑃 = 0
Figura 7.2 Movimento em uma direcção
Analiticamente escrevemos,
𝑑𝑃⃗
𝑆𝑒 𝑃⃗ = 0, 𝑜𝑢 𝑃⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (𝑒𝑞. 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜) (7.4) = 𝐹𝑒𝑥𝑡 = 0 (7.6)
𝑑𝑡
⃗ = 0, 𝑜𝑢 𝐿
𝑆𝑒 𝐿 ⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (𝑒𝑞. 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜) (7.5) 𝑑𝐿⃗
= 𝜏𝑒𝑥𝑡 = 0 (7.7)
{ { 𝑑𝑡
Para escrever as equações de equilíbrio, vamos considerar por exemplo, a barra da figura 7.3, em
rotação no sentido horário, ao redor de um eixo passando pelo centro de massa.
𝑥 𝐹3 𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠. 𝐹1 − 𝑃 − 𝐹2 + 𝐹3 = 0
{
𝐹1 𝑥
𝑑 𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: − 𝐹1 𝑥 + 𝑃. 0 − 𝐹2 𝑑 + 𝐹3 𝑥 = 0
𝐹2
𝐹1 + 𝐹3 = 𝑃 + 𝐹2 (7.8)
{
𝐹1 𝑥 + 𝐹2 𝑑 = 𝐹3 𝑥 (7.9)
𝑃
Figura 7.3 Uma barra homogênia apoiada em dois pontos
𝜃 𝑂𝑌: 𝐹𝑎 − 𝑃 + 𝑇𝑦 = 0
𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠: {
𝑇 𝑂𝑋: 𝐹𝑁 − 𝑇𝑥 = 0 𝑇𝑥 = 𝑇. 𝑆𝑒𝑛𝜃
𝑇𝑦 {𝑇 = 𝑇. 𝐶𝑜𝑠𝜃 (7.10)
𝐹𝑎 𝑦
𝑇𝑥 𝜃 𝐿
{ 𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: −𝐹𝑎 . 0 − 𝑃. 2 + 𝑇𝑦 . 𝐿 = 0
𝐹𝑁
𝑃
𝑇. 𝐶𝑜𝑠𝜃 + 𝜇. 𝐹𝑁 = 𝑃 (7.11)
𝐿 𝐹 = 𝑇. 𝑆𝑒𝑛𝜃 (7.12)
2 { 𝑁
𝐿
𝑃. = 𝑇. 𝐿. 𝐶𝑜𝑠𝜃 (7.13)
Figura 7.4 Uma barra presa a uma parede 2
𝛽 𝑜𝑥: 𝐹1 − 𝐹𝑎 = 0
𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠: { 𝐹 = 𝐹𝑎
𝑦 𝑜𝑦: − 𝑃 + 𝐹2 = 0 { 1 (7.14)
{ { 𝐹2 = 𝑃
𝐹2
𝑃. 𝑥 = 𝐹1 . 𝑦 (7.15)
𝛽 𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: −𝐹1 . 𝑦 + 𝑃. 𝑥 = 0
𝑃
𝑦 = 𝐿. 𝑐𝑜𝑠𝛽 (7.16)
𝐹𝑎
𝐿
{ 𝑥 = . 𝑠𝑒𝑛𝛽 (7.17)
𝑥 2
Figura 7.5 Uma escada encostada na parede 𝐹𝑎 = 𝜇. 𝐹2 (7.18)