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MEDIDAS ELETROMAGNÉTICAS

EMENTA:

.Erros em medidas físicas


.Sistemas de Unidades
.Instrumentos Elétricos de Medidas
.Medição de Grandezas Elétricas
.Medição de Grandezas Magnéticas
.Medição de Potência
.Transformadores para Instrumentos
.Medidores de Energia Monofásicos Eletromecânicos
.Medidores de Energia Trifásicos Eletromecânicos
.Medidores de Energia e Demanda de Potência Eletromecânicos
.Medidores Energia Ativa, Demanda e Energia Reativa Eletrônicos
.Normas para instalação de Cabines e padrões de Medição
.Analisadores de Energia

BIBLIOGRAFIA:

Medeiros Filho, Sólon de; Fundamentos de Medidas Elétricas;


Editora: Guanabara

Medeiros Filho, Sólon de; Medição de Energia Elétrica;


Editora: Guanabara

Helfrick, Alberto D.& Cooper, William D.; Instrumentação Eletrônica


Moderna: Prentice Hall do Brasil

Mioduski, Alfons Leopold; Elementos e Técnicas Modernas de Medição


Analógica e Digital: Guanabara Dois.

Melville B. Stout; Curso Básico de Medidas Elétricas Vol. 1 e 2: Editora:


Universidade de São Paulo
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CAPÍTULO 1
MEDIÇÃO DE GRANDEZAS E ERROS

1.1 – DEFINIÇÕES:

O processo de medição, em geral, envolve a utilização


de um instrumento como um meio físico para determinar
uma grandeza ou o valor de uma variável. O instrumento
atua como “extensão da capacidade humana” e, em muitos
casos, permite que alguém determine o valor de uma
quantidade desconhecida, o que não seria realizável
apenas pela capacidade humana.

Um instrumento pode então ser definido como um


dispositivo que permite a determinação do valor ou
grandeza de uma quantidade ou uma variável.
Exemplos: Balança, trena, velocímetro, voltímetro, etc.

Um instrumento eletro/eletrônico, como o próprio


nome indica, realiza uma função de medição, baseado em
princípios elétricos e/ou eletrônicos. Um instrumento
elétrico/eletrônico pode ser um dispositivo relativamente
simples, de construção fácil, como o voltímetro de corrente
contínua. Com os avanços tecnológicos, a demanda por
medidores mais elaborados e mais exatos gerou novos
desenvolvimentos de instrumentos e de suas aplicações.
Para utilizá-los corretamente, os usuários devem
compreender seus princípios de funcionamento e saber
avaliar sua adequação à medição que se pretende realizar.
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O procedimento de medição utiliza um conjunto de termos
que serão definidos a seguir:

INSTRUMENTO: É um dispositivo ou aparelho para a


determinação do valor de uma grandeza ou variável.

EXATIDÃO: É a medida do grau de concordância entre a


indicação de um instrumento e o valor “verdadeiro” da
grandeza sob medição. (Quanto menor o erro maior a
exatidão)

PRECISÃO: É a medida do grau de reprodutividade da


medida, isto é, a precisão é a medida do grau de
afastamento entre várias medidas sucessivas, ou seja,
quanto maior o afastamento entre várias medidas
sucessivas da mesma grandeza, menor a precisão.

SENSIBILIDADE: É a razão entre a intensidade do sinal de


saída, ou resposta do instrumento e a intensidade do sinal
de entrada ou grandeza sob medição. (Para uma mesma
tensão medida, como por exemplo 12 V, um voltímetro de
12 V terá maior sensibilidade do que outro de 120V)
Aurélio: Fís. Sensibilidade: Medição da capacidade de resposta de um instrumento de medida,
usualmente expressa pelo quociente da intensidade do sinal de saída pela intensidade do sinal de
entrada.

RESOLUÇÃO: É a menor variação na grandeza medida que


pode ser indicada pelo instrumento.
Aurélio Edit. Eletrôn. Telev. Qualidade da imagem, relacionada diretamente à sua capacidade de
reproduzir detalhes e nuanças.

ERRO: É a medida do desvio entre o valor medido e o valor


“verdadeiro”.
Aurélio: Fís. Qualquer medida da flutuação ou da incerteza associada a uma medição.
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Muitas técnicas podem ser usadas para se
minimizarem os efeitos dos erros. Ao executarmos
medições que requerem exatidão, é recomendável que se
registre uma série de observações em vez de uma única. A
utilização de métodos distintos, bem como de instrumentos
diferentes para uma mesma experiência é uma boa técnica
para aumentar a exatidão da medida.

1.2 – EXATIDÃO E PRECISÃO:

Exatidão refere-se ao grau de proximidade ou concordância


entre o valor medido e o valor “verdadeiro”.

Precisão refere-se ao grau de concordância entre as várias


indicações do valor de uma mesma grandeza, dentro de
um conjunto de medidas.

Para ilustrar a diferença entre exatidão e precisão, são


comparados dois voltímetros analógicos de mesma marca e
modelo, com escala espelhada para evitar erro de
paralaxe, cuidadosamente calibrados. Se o valor da
resistência interna série de um deles variar de forma
relevante, suas indicações poderão ficar afetadas por erros
consideráveis.
Assim, a precisão de ambos será a mesma mas, a
exatidão será bem diferente. (para verificar qual medidor
está afetado por erros, deve ser feito um teste
comparativo com as indicações de um voltímetro tomado
como padrão).

É tendência comum ao iniciante aceitar as indicações


dos instrumentos de medição sem uma avaliação crítica.
Ele não está alertado para o fato de que a precisão das
indicações não garante necessariamente a exatidão.
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A boa prática exige, em trabalhos críticos, que o


observador deva executar um conjunto de medições
independentes, usando instrumentos diferentes ou técnicas
diferentes de medição, que não estejam sujeitas aos
mesmos erros sistemáticos. É ainda necessário assegurar-
se de que os instrumentos estejam operando
normalmente, que estejam calibrados com referência a
algum padrão conhecido e que nenhuma influência externa
esteja afetando a exatidão da medição.
Vídeos relacionados: Erros nas Medições 5 min e Diferença entre precisão e
exatidão 1 min

1.3 – ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS:

O número de algarismos significativos com que o


resultado de uma medida é expresso, indica a sua
exatidão. Algarismos significativos contém informações
sobre a magnitude e a exatidão de uma grandeza. Quanto
maior o número de algarismos significativos, maior a
exatidão da medida. Por exemplo, se o valor nominal de
um resistor é de 68 Ω , sua resistência real deve aproximar-
se mais de 68Ω do que de 67Ω ou 69 Ω. Se o valor
nominal for 68,0Ω, isso significa que a resistência real deve
estar mais próxima de 68,0 Ω do que de 67,9Ω ou 68,1 Ω.
Na especificação 68Ω temos 2 algarismos significativos
enquanto que 68,0Ω temos 3.

A última especificação, com mais algarismos


significativos, expressa uma medida com maior exatidão
do que a primeira, ou seja, é 10x mais exata do que a
primeira.

Quando várias medições independentes são realizadas


com o objetivo de se obter a melhor resposta (o mais
próximo possível do valor “verdadeiro”), o resultado final
pode ser expresso pela média aritmética dos resultados
individuais obtidos, associada a uma faixa de erros
possíveis como o máximo desvio da média.
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Exemplo:

Quatro observadores distintos fizeram quatro medidas


independentes de tensões em um ponto de um circuito e
obtiveram: 117,02, 117,11, 117,08 e 117,03V. Calcule: a) a tensão
média b) A faixa de erro.

Tensão média =
V 1+V 2+V 3+V 4 117 ,02+117 , 11+117 , 08+117 , 03
= =117 , 06 V
N 4
V −V med=117,11−117 ,06=0 ,05V
Faixa de erro= max
Assim, Tensão= (117,06+ 0,05)V

Quando dois ou mais resultados de medições com


graus diferentes de exatidão são somados, o resultado é
tão exato quanto o menos exatos deles.

Exemplo 2:

Dois resistores R1 e R2 são ligados em série. Através de


um multímetro digital, foram obtidos os seguintes valores
de resistência: R1=18,7 Ω e R2=3,624 Ω . Calcule a
resistência total da série e expresse o resultado com o
número correto de algarismos significativos:
R1=18,7 Ω (3 AS)
R2=3,624 Ω (4 AS)

Requivalente = R1 + R2 = 18,7 + 3,624 = 22,324 Ω (5 AS)???

Resposta correta: Requivalente=22,3 Ω (3AS)

Como R1 tem o [7] como algarismo duvidoso, na soma


22,324 o algarismo 3 (décimos) já é duvidoso. Os
algarismos 2 e 4 não tem significado físico.
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Exemplo 3.

Calcular a queda de tensão em uma resistência medida de


35,68 Ω pela qual circula uma corrente de 3,18 A.

V = R x I = 35,68 x 3,18 = 113,4624V

Como a corrente foi medida com 3 AS o resultado tem de


ser apresentado com 3AS
V = 113V

Exemplo 4
Obter a soma 826±5 com 628±3
Solução :(826±5 )+(628±3 )=1 . 454±8
Observe que os erros são somados, pois pode acontecer de
uma medida estar afetada para mais e a outra para menos
e a soma dos erros é a pior situação.

Exemplo 5:

Subtrair 628±3 ( erro±0 , 477 % ) de 826±5( erro±0 ,605 % )


Solução : (826±5 )−(628±3 )=198±8 (±4 ,04 %)
Deve-se evitar as subtrações, pois a faixa de erro relativo
aumenta muito.

1.4 TIPOS DE ERROS:

Não é possível fazer uma medição cujo resultado seja


absolutamente exato, mas, é importante conhecer-se
qual é o grau de exatidão da medida e como os diferentes
tipos de erros afetam a medição. Um estudo de erros é o
primeiro passo para obterem-se meios de reduzi-los.

Erros originam-se em fontes diversas e podem ser


classificados em três grandes categorias:
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Erros Grosseiros
Erros sistemáticos
Erros aleatórios

1.4.1 – Erros Grosseiros:

Esta classe de erro abrange, principalmente, os erros


humanos nas leituras das escalas e na utilização dos
instrumentos, erros em cálculos e erro no registro dos
resultados. Sempre que seres humanos estiverem
envolvidos, algum erro grosseiro acontecerá. Devemos
tentar preveni-los ou corrigi-los. Alguns são facilmente
detectáveis outros são mais sutis. Um erro comum
cometido por principiantes é o uso incorreto do
instrumento.
Em geral, os instrumentos, por não serem “perfeitos”,
mudam as condições do circuito ao qual foram inseridos.

Exemplo de Erro Grosseiro:


No circuito abaixo, calcule o valor do resistor desconhecido
R (100k).

A primeira vista, o valor da resistência do resistor R é


V 120 V
R1 = = =66 ,4 kΩ
dada por I 1 ,805 mA
Isso levaria a um resultado errôneo com um erro
grosseiro, porque pelo código de cores do resistor, ele
deveria ser de (100k±5%) e logo seria descartado como se
estivesse com defeito (alterado).
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Acontece que o Voltímetro inserido no circuito não é
perfeito e tem uma impedância interna de 200k Ω , que foi
ligada em paralelo com o resistor que queremos conhecer.
Assim, a resistência R1 será:

R 1×R V R1 ×200 K Ω V 120V


Req = = = = =66 , 5 K Ω
R 1 + RV R 1 +200 K Ω I 1 , 805 mA
Resolvendo a equação teremos:

R1=99 , 6 K Ω com erro de 0,4% (dentro da faixa) enquanto que no


primeiro caso o erro foi de 33,6%.

Erros causados pelo efeito da carga de um voltímetro


devem ser evitados. Um voltímetro só deve ser usado
quando sua impedância interna (ou de entrada) for no
mínimo maior ou igual a 20x a suposta resistência que
queremos medir.

Para circuitos eletrônicos, devemos usar voltímetros


digitais de alta impedância de entrada, para evitarmos os
erros grosseiros acima descritos.

Outro erro grosseiro, praticada principalmente por


iniciantes, é tentar medir o valor de resistores com o
multímetro na escala de resistência e inseri-lo no circuito,
estando o circuito ligado. Isso além de perigoso para o
operador pode danificar o multímetro e ainda provocará
leituras completamente falsas. Mesmo com o circuito des-
ligado, não podemos medir o valor de um resistor sem
retirá-lo, porque o mesmo está em paralelo com o restante
do circuito (thevenin equivalente)

1.4.2 – ERROS SISTEMÁTICOS:

Este tipo de erro é geralmente dividido em duas


categorias:

a)Erros Instrumentais definido como falha nos


instrumentos.
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b)Erros Ambientais devido às condições do ambiente que
afetam a medição. Exemplo: Temperatura.

a)Erros Instrumentais: são erros inerentes aos


instrumentos de medição em virtude da sua estrutura
mecânica, como no caso dos medidores analógicos de
ponteiro, cujo atrito ou empenos no sistema mecânico
pode levar a erros. Nos instrumentos eletrônicos, as
alterações nos valores dos resistores ou alterações no
ponto de operação de transistores também podem afetar
as medições de maneira sistemática. Outros erros
instrumentais são os erros de calibração, motivando
indicações superiores ou inferiores ao longo da escala. Uma
forma simples de evitar esse erro sistemático é a aferição
do aparelho de medida comparando com outro tomado
como padrão ou com classe de exatidão superior.

b) Erros Ambientais: são erros devidos às condições


externas ao dispositivo de medição, incluindo o meio
ambiente, como variações de temperatura, umidade do ar,
pressão, campos elétricos ou magnéticos externos.

Medidas para corrigir tais efeitos incluem a utilização


de ar condicionado nos laboratórios, encapsulamento de
determinados componentes, blindagens magnéticas e
eletrostáticas.

1.4.3 – ERROS ALEATÓRIOS:

Ao contrário dos erros precedentes, que podem ser


evitados ou minimizados, os erros aleatórios são devido a
causas desconhecidas e ocorrem mesmo que todos os
erros sistemáticos tenham sido levados em conta. Suponha
que uma tensão esteja sendo monitorada por um
voltímetro de 30 em 30 min. Mesmo que o instrumento
esteja operando em condições ideais e bem calibrado,
verificaremos que as indicações variam ligeiramente ao
longo do período de observação. Tais variações não podem
ser corrigidas por nenhum método de calibração e não são
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possíveis de serem explicadas. O único meio de
compensar esses erros é pelo aumento do número de
leituras e da análise estatística para que se obtenha a
melhor aproximação possível do valor “verdadeiro” da
grandeza medida.

Vídeos relacionados:
Erros nas Medições 5 min
ERROS DE MEDIÇAO TIPOS DE ERRO – METROLOGIA 3 min

1.5 – ANÁLISE ESTATÍSTICA:

A análise estatística permite a determinação analítica


do grau de incerteza do resultado final de uma medição.
Um grande número de medições é necessário para que o
método estatístico e as interpretações dos resultados
tenham significado.

É importante que os erros sistemáticos sejam


pequenos, quando comparados com os erros aleatórios,
porque o tratamento estatístico dos dados não consegue
remover uma tendência que esteja contida em todas as
medições. (um empeno do ponteiro ou um resistor alterado
podem levar a erros que passarão na análise estatística)

1.5.1 – MÉDIA ARITMÉTICA:

O valor mais provável de uma medida é a média


aritmética de um conjunto de leituras realizadas. A melhor
aproximação será conseguida quando o número de leituras
realizadas for grande. A média aritmética é dada pela
expressão abaixo:

x1 + x2 + x 3 +. .. ..+ x n x
x= =∑
n n

Onde:
x→Média aritmética
x 1 ;x 2 ;.... x n→ Leituras realizadas
n→nº de leituras
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1.5.2 – DESVIO DA MÉDIA:

O desvio da média é a medida do afastamento de uma


leitura qualquer da média aritmética de um conjunto de
leituras:

d 1=x1−x
d 2=x 2−x
....................
d n=x n−x

Os desvios da média podem ser positivos, negativos


ou nulos e a soma algébrica de todos os desvios é zero.

Exemplo:

Várias medidas de uma corrente elétrica foram efetuadas


por seis observadores independentes e registradas como:
12,8 mA, 12,1 mA, 12,6 mA, 13,1 mA, 12,7 mA, e 12,3
mA.
Calcule: a) a média aritmética b) os desvios da média.

a) Corrente Média:

12 , 8+12 ,1+12 , 6+13 ,1+12 , 7+12 , 3


i= =12 , 6 mA
6

b) desvios:
d 1 =12, 8−12 ,6=0,2 mA
d 2 =12 ,1−12 , 6=−0,5 mA
d 3 =12 ,6−12 , 6=0,0 mA
d 4 =13 , 1−12 , 6=0,5 mA
d 5 =12 ,7−12 ,6=0,1 mA
d 6 =12 ,3−12 ,6=−0,3mA

Observe que a soma algébrica é zero.


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1.5.3 – DESVIO MÉDIO:

O desvio médio é um indicador da exatidão dos


instrumentos usados em processos de medição.

Instrumentos mais exatos darão um baixo valor do


desvio médio.

Por definição, o desvio médio é a soma dos valores


absolutos (sem sinal) dos desvios dividida pelo número de
leituras.

|d 1|+|d 2|+.. .+|d n| ∑ d


D= =
n n

No exemplo anterior teremos o desvio médio:


d 1 =12, 8−12 ,6=0,2 mA
d 2 =12 ,1−12 , 6=−0,5 mA
d 3 =12 ,6−12 , 6=0,0 mA
d 4 =13 , 1−12 , 6=0,5 mA
d 5 =12 ,7−12 ,6=0,1 mA
d 6 =12 ,3−12 ,6=−0,3mA
0,2+0,5+ 0,0+0,5+0,1+0,3
D= =0,26666 … ≅ 0,3
6

1.5.4 – DESVIO PADRÃO:

Na análise estatística dos erros aleatórios, a raiz


quadrada do desvio médio também chamado de desvio
padrão, é de muita utilidade. Por definição o desvio padrão
σ de um número infinito de leituras é a raiz quadrada da
soma de todos os desvios médios individuais elevados ao
quadrado, dividida pelo número de leituras:


2 2 2 2
d 1 + d 2 +d 3 +.. ..+ d n
σ=
n para n infinito
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Na prática, como o número de leituras é finito, o
desvio padrão de um número finito de leituras é dado por:


2 2 2 2
d + d +d +.. ..+ d n
σ= 1 2 3
n−1 para n finito

No nosso exemplo:


2 2 2 2 2 2
0,2 +0,5 + 0,0 + 0,5 + 0,1 + 0,3
σ= =0,35777 ≅ 0,4
6−1
VARIÂNCIA (V) = desvio padrão ao quadrado

2
V =σ
No nosso exemplo: V = 0,42 = 0,16

OBS: O desvio padrão leva a vantagem de ter a mesma


unidade da grandeza medida, tornando fácil a comparação
entre diversos valores.
Na maioria dos trabalhos científicos o resultado é
apresentado em termos de desvio padrão.

1.6 – ERRO LIMITE:

Na maioria dos instrumentos indicadores, a exatidão é


garantida referenciando-se ao fundo de escala:

Exemplo: Um voltímetro tem uma escala de 150 V com


uma exatidão de 1%. Qual é o erro percentual quando a
indicação da escala é de 70 V?
1%x150 V = 1,5 V, em 70 V teremos o mesmo erro limite
de 1,5 V, ou seja, a leitura será (70 ± 1,5) V. O erro limite
1,5
=2 , 14 %
será de 70
Assim, é importante observar que, quanto menor é a
leitura em uma determinada escala, maior será o erro
percentual. Podemos concluir que a medição será tão mais
exata quanto mais próxima do fim da escala.

Vídeo: Precisão- A Medida de Todas as Coisas - Episódio 1 (Tempo e Distância)60 min


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CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE UNIDADES

2.1 – INTRODUÇÃO:

As informações aqui apresentadas foram tiradas do site oficial do INMETRO


Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

A necessidade de medir é muito antiga e remonta à


origem da civilização. Por longo tempo, cada país ou cada
região teve o seu próprio sistema de medidas, baseado em
unidades arbitrárias e imprecisas, como por exemplo,
aquelas baseadas no corpo humano: palmo, pé, polegada,
braça, côvado, etc.

Isso criava muitos problemas para o comércio, porque


as pessoas de uma região não estavam familiarizadas com
o sistema de medida das outras regiões. Imagine a
dificuldade em comprar ou vender produtos cujas
quantidades eram expressas em unidades de medida
diferentes e que não tinham correspondência entre si.

Em 1789, numa tentativa de resolver o problema, o


Governo Francês pediu à Academia de Ciências que criasse
um sistema de medidas. Assim foi criado o Sistema Métrico
Decimal. Posteriormente, muitos outros países adotaram
esse sistema, inclusive o Brasil.

Entretanto, o desenvolvimento científico e tecnológico


passou a exigir medições cada vez mais exatas e
diversificadas. Em 1960, o sistema métrico decimal foi
substituído pelo Sistema Internacional de Unidades - SI,
mais complexo e sofisticado, adotado também pelo Brasil
em 1962 e ratificado pela Resolução nº 12 de 1988 do
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial - Conmetro, tornando-se de uso
obrigatório em todo o Território Nacional.
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2.2 – O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES:

O SI não é estático, mas evolui de modo a acompanhar as


crescentes exigências mundiais demandadas pelas medições, em
todos os níveis de exatidão, em todos os campos da ciência, da
tecnologia e das atividades humanas.
As sete unidades de base do SI, listadas na tabela
abaixo, fornecem as referências que permitem definir todas as
unidades de medida do Sistema Internacional (SI). Com o
progresso da ciência e com o aprimoramento dos métodos de
medição, torna-se necessário revisar e aprimorar periodicamente
as suas definições.

Grandezas de base e unidades de base do SI

Todas as outras grandezas são descritas como grandezas


derivadas e são expressas utilizando produtos de potências de
unidades de base. Exemplos de grandezas derivadas e de
unidades derivadas estão listadas na tabela abaixo:
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Exemplos de grandezas derivadas e de suas unidades

2.3 - Múltiplos e submúltiplos das unidades do SI

Um conjunto de prefixos foi adotado para uso com as


unidades do SI, com a finalidade de exprimir os valores de
grandezas, que são muito maiores ou muito menores do que a
unidade SI usada. Os prefixos SI estão listados na tabela abaixo.
Eles podem ser usados com qualquer unidade de base e com as
unidades derivadas com nomes especiais.

Prefixos SI
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Quando os prefixos são usados, o nome do prefixo e o da


unidade são combinados para formar uma palavra única e,
similarmente, o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade são
escritos sem espaços, para formar um símbolo único que pode ser
elevado a qualquer potência. Por exemplo, pode-se escrever:
quilômetro ou km;
microvolt ou µV;
femtosegundo ou fs;
50 V/cm = 50 V(10-2 m)-1 = 5.000 V/m.
Quando as unidades de base e as unidades derivadas são
usadas sem qualquer prefixo, o conjunto de unidades resultante é
considerado coerente. O uso de um conjunto de unidades
coerentes tem vantagens técnicas.

O uso dos prefixos é conveniente porque ele evita a


necessidade de empregar fatores de 10n, para exprimir os valores
de grandezas muito grandes ou muito pequenas. Por exemplo, o
comprimento de uma ligação química é mais convenientemente
expresso em nanometros, [nm], do que em metros, [m], e a
distância entre Salvador e Recife é mais convenientemente
expressa em quilômetros, [km], do que em metros, [m].
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2.4 - Unidades fora do SI

O SI é o único sistema de unidades que é reconhecido


mundialmente, de modo que ele tem uma vantagem distinta
quando se estabelece um diálogo internacional.

Outras unidades, isto é, unidades não-SI, são geralmente


definidas em termos de unidades SI. O uso do SI também simplifica
o ensino da ciência.

Por todas essas razões o emprego das unidades SI é


recomendado em todos os campos da ciência e da tecnologia
(engenharia).

Embora algumas unidades não-SI sejam ainda amplamente


usadas, outras, a exemplo do minuto, da hora e do dia, como
unidades de tempo, serão sempre usadas porque elas estão
arraigadas profundamente na nossa cultura.

Outras são usadas, por razões históricas, para atender às


necessidades de grupos com interesses especiais (p.ex: 9.000 pés;
fio CA 4 AWG), ou porque não existe alternativa SI conveniente.
Os cientistas devem ter a liberdade para utilizar unidades não-
SI se eles as considerarem mais adequadas ao seu propósito.
Contudo, quando unidades não-SI são utilizadas, o fator de
conversão para o SI deve ser sempre incluído. Algumas unidades
não-SI estão listadas na tabela abaixo, com seu fator de conversão
para o SI.
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Algumas unidades não-SI

OBS:
Os símbolos das unidades começam com letra maiúscula
quando se trata de nome próprio (por exemplo, Ampere, A; Kelvin,
K; Hertz, Hz; Coulomb, C). Nos outros casos eles sempre
começam com letra minúscula (por exemplo, metro, m; segundo, s;
mol, mol). O símbolo do litro é uma exceção: pode-se usar uma
letra minúscula (l) ou uma letra maiúscula, (L). Neste caso a letra
maiúscula é usada para evitar confusão entre a letra minúscula l e
o número um (1).

2.5 - A linguagem da ciência:

Utilização do SI para exprimir os valores das grandezas


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O valor de uma grandeza é escrito como o produto de um


número e uma unidade. O número que multiplica a unidade é o
valor numérico da grandeza, naquela unidade. Deixar sempre um
espaço entre o número e a unidade. Nas grandezas adimensionais
para as quais a unidade é o número um (1), a unidade é omitida. O
valor numérico depende da escolha da unidade, de modo que o
mesmo valor de uma grandeza pode ter diferentes valores
numéricos, quando expresso em diferentes unidades, conforme o
seguinte exemplo:

A velocidade de uma bicicleta é aproximadamente


v = 5,0 m/s = 18 km/h.

Os símbolos das grandezas são impressos com letras em


itálico (inclinadas) e geralmente são letras únicas do alfabeto latino
ou do grego. Tanto letras maiúsculas como letras minúsculas
podem ser usadas. Informação adicional sobre a grandeza pode
ser acrescentada sob a forma de um subscrito ou como informação
entre parênteses.

Existem símbolos recomendados para muitas grandezas,


dados por autoridades como a ISO (International Organization for
Standardization) e as várias organizações científicas internacionais,
tais como a IUPAP (International Union of Pure and Applied
Physics) e a IUPAC (International Union of Pure and Applied
Chemistry). São exemplos:

Tpara temperatura
Cppara capacidade calorífica a pressão constante
xi para fração molar da espécie i
μrpara permeabilidade relativa
m(К)para a massa do protótipo internacional do quilograma, К.
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Os símbolos das unidades são impressos em tipo romano
(vertical), independentemente do tipo usado no restante do texto.
Eles são entidades matemáticas e não abreviaturas. Eles nunca
são seguidos por um ponto (exceto no final de uma sentença) nem
por um s para formar o plural. ( 100 m certo; 100 ms errado; 100
mts mais errado ainda)

Quem já viu isso?

É obrigatório o uso da forma correta para os símbolos das


unidades, conforme ilustrado pelos exemplos apresentados na
publicação completa do SI. Algumas vezes os símbolos das
unidades podem ter mais de uma letra. Eles são escritos em letras
minúsculas, (exceto a primeira letra que deve ser maiúscula
quando o nome é de uma pessoa). Contudo, quando o nome de
uma unidade é escrito por extenso, deve começar com letra
minúscula (exceto no início de uma sentença).

Ao se escrever o valor de uma grandeza, como o produto de


um valor numérico e uma unidade, ambos, o número e a unidade,
devem ser tratados pelas regras ordinárias da álgebra. Por
exemplo, a equação T = 293 K pode ser escrita igualmente T/K =
293. Este procedimento é descrito como o uso do cálculo de
grandezas, ou à álgebra de grandezas.
23
Na formação de produtos ou quocientes de unidades,
aplicam-se as regras normais da álgebra. Na formação de produtos
de unidades, deve-se deixar um espaço entre as unidades
(alternativamente pode-se colocar um ponto na meia altura da
linha, como símbolo de multiplicação). Note a importância do
espaço, por exemplo, m s denota o produto metro x segundo, ao
passo que ms significa milisegundo.

Na formação de números o marcador decimal pode ser um


ponto ou uma vírgula, de acordo com as circunstâncias
apropriadas. Para documentos na língua inglesa é usual o ponto,
mas para muitas línguas da Europa continental e em outros países,
a vírgula é de uso mais comum. Ex: 1.234.387 m ou 1,234,387 m.

Quando um número tem muitos dígitos, é usual agrupar-se os


algarismos em blocos de três, antes e depois da vírgula, para
facilitar a leitura. Isto não é essencial, mas é feito frequentemente,
e, geralmente, é muito útil. Quando isto é feito, os grupos de três
dígitos devem ser separados por apenas um espaço estreito; não
se deve usar nem um ponto e nem uma vírgula entre eles.
A incerteza (algarismo duvidoso), do valor numérico de uma
grandeza, pode ser convenientemente expressa, explicitando-se a
incerteza dos últimos dígitos significativos, entre parênteses,
depois do número.

Exemplo: O valor da carga elementar do elétron na listagem


CODATA (Committee on Data for Science and Technology), é dado
por:
e = 1,602 176 53 (14) x 10-19 C,
onde 14 [?] é a incerteza padrão dos dígitos finais do valor
numérico indicado.

Para informações adicionais ver o website do BIPM http://www.bipm.org ou a


Publicação completa do SI, 8a edição, que está disponível no site
http://www.bipm.org/en/si.
24
CURIOSIDADES:

1) Pé ou pés no plural é uma unidade de medida de comprimento.


Um pé corresponde a doze polegadas e três pés são uma jarda.
Esse sistema de medida é utilizado atualmente no Reino Unido e
nos Estados Unidos, e em menor grau, no Canadá. A unidade de
medida padrão para comprimento internacional é o metro.

2) A polegada tem sua origem na medida realizada com o próprio


polegar humano, não todo ele, mas a distância entre a dobra do
polegar e a ponta. Uma medida rápida do polegar de um ser
humano adulto fornece aproximadamente 2,5 cm de comprimento
para esta distância.

3) O nó tem a sua origem nas práticas utilizadas nos navios para


estimar a velocidade. Uma das formas mais comuns consistia em
lançar da popa do navio um flutuador com uma corda calibrada,
que, devido ao atrito com a água, ficava relativamente imóvel à
superfície, ligado ao navio por um cabo que tinha nós feitos a
distâncias regulares. Medindo o número de nós que eram largados
durante determinado tempo para permitir que o flutuador não fosse
arrastado, isto é contando o número de nós saídos do navio no
período de medição, dava uma estimativa da velocidade.

4) A Jarda era originalmente a medida do cinturão masculino, que


recebia esse nome. No século XII, o rei Henrique I, da Inglaterra,
fixou a jarda como a distância entre seu nariz e o polegar de seu
braço estendido. É usada no Futebol Americano.

5) BTU (também pode ser escrito Btu) é um acrônimo para British


Thermal Unit (ou Unidade Térmica Britânica) é uma unidade de
medida não-métrica (Não pertencente ao SI) utilizada
principalmente nos Estados Unidos, mas também utilizada no Reino
Unido. É uma unidade de energia que é equivalente a:

 252,2 calorias.
 1055 Joules.
25
CAPÍTULO 3

INSTRUMENTOS INDICADORES ELETROMECÂNICOS

3.1 GALVANÔMETRO DE SUSPENSÃO:

As primeiras medições em CC foram feitas através do


Galvanômetro de Suspensão. Ele foi o precursor do
sistema de Bobina Móvel dos medidores de CC atuais.

Galvanômetro de suspensão

Uma bobina de fio fino é suspensa no interior de um campo


magnético produzido por um imã permanente. Se passarmos uma
corrente pela bobina, uma força eletromagnética aparecerá
produzindo um movimento de rotação na bobina. O finíssimo fio de
suspensão, além de conduzir as cargas elétricas para a bobina, é o
dispositivo que produz o torque de oposição ao movimento de
rotação da bobina (antagônico).

O movimento de rotação da bobina vai acontecer até que a


torção do fio de suspensão (conjugado resistente) equilibre o
conjugado motor.

O ângulo de rotação ou deflexão da bobina é proporcional a


corrente e, portanto, nos dá uma indicação da sua magnitude. Um
espelho colocado no fio de suspensão junto com um feixe de luz
(por exemplo laser) ou um ponteiro solidário, nos dará o valor da
corrente. Vide figura abaixo:
26

3.2 – TORQUE E DEFLEXÃO DO GALVANÔMETRO:

Embora o Galvanômetro de suspensão não seja muito prático,


os princípios físicos que regem seu funcionamento são os mesmos
na sua versão mais moderna, como o mecanismo de bobina móvel
e imã permanente. A figura abaixo mostra o Galvanômetro de
bobina móvel, também chamado de Galvanômetro de D’Arsonval,
no seu aspecto mais moderno.

Jacques-Arsène d'Arsonval (8 de junho de 1851 - 13 de dezembro de 1940) foi um


médico, físico e inventor francês. Inventor do galvanômetro, da bobina móvel e do
amperímetro termopar. Junto com Nikola Tesla, d'Arsonval foi um colaborador
importante no campo da eletrofisiologia, o estudo dos efeitos da eletricidade nos
organismos biológicos no século XIX.

A bobina é suspensa em um campo magnético produzido por


um imã fixo em forma de ferradura, através de um sistema de
eixos e mancais, de modo que ela possa girar livremente no campo
magnético. Havendo corrente elétrica na bobina, o torque gera uma
rotação na mesma. Esse movimento de rotação da bobina
comprime ou distende a mola de torção, criando um conjugado
antagônico. O resultado é um conjugado mecânico que se opõe ao
conjugado eletromagnético (EM).
27
O movimento da bobina e também do ponteiro ligado à
mesma, cessa quando há um equilíbrio estático entre esses dois
conjugados, o que vai acontecer em um ponto da escala graduada.

A equação do torque eletromagnético é:

T =B . A . N . I
Onde:
T Torque ou conjugado eletromagnético (CEM) N.m
B densidade de fluxo no entreferro Wb/m2
A Área da bobina m2
N Nº de espiras da bobina
I  Intensidade da corrente.

Uma vez que B, A e N são valores fixos (constantes), dados


pela parte construtiva do aparelho, vemos que o Torque T = k.I, ou
seja, o torque é proporcional a corrente. Esse torque ou conjugado,
vai deslocar o conjunto móvel e o ponteiro para uma posição de
equilíbrio estático, onde o torque eletromagnético é
contrabalançado pelo torque mecânico antagônico das molas de
torção.

Um instrumento de painel típico tem os seguintes valores:

T 2,92 x 10-6N.m
B 0,2 Tesla
A 1,75cm2
N 84 espiras
Resistência da bobina= 88Ω
Consumo interno= 88 μW
28
3.2.1 – COMPORTAMENTO DINÂMICO DO GALVANÔMETRO:
Como vimos, o deslocamento do ponteiro é proporcional a
corrente que circula pela bobina. Entretanto, devido ao sistema
mola x massa, a inércia da massa faz com que o ponteiro se
desloque para além da corrente que se quer medir e volte, pela
ação da mola, para uma posição menor do que a corrente real e
fique oscilando em torno do valor a medir. O movimento da bobina
móvel é caracterizado pelas seguintes grandezas:

Momento de Inércia do sistema móvel (J)


O torque antagônico produzido pelas molas (S)
Constante de amortecimento (D)

A equação diferencial que relaciona essas três grandezas é de


segunda ordem e pode apresentar três soluções distintas:

As curvas acima mostram três soluções possíveis para a


equação diferencial. Na curva I o sistema está superamortecido e
assim, o tempo para o ponteiro chegar em 50 mA é muito longo.
Na curva II (subamortecido) o ponteiro vai oscilar em torno dos
50mA e também vai levar muito tempo para adquirir o repouso. Na
curva III (criticamente amortecido) é a melhor situação pois, o
tempo para atingir a leitura é bem mais rápido.

3.2.2 – AMORTECIMENTO DOS GALVANÔMETROS:

Como vimos no comportamento dinâmico do sistema móvel


dos galvanômetros, devemos introduzir algum amortecimento
nesse sistema, pois, caso contrário, o ponteiro vai ficar oscilando ao
redor do valor da corrente medida. Para produzir o amortecimento
necessário, dois métodos são usados: mecânico e eletromagnético.
29
O amortecimento mecânico é conseguido através de uma
palheta que se desloca dentro de uma caixa e que tem de expulsar
o ar de dentro da mesma. O controle do tamanho da palheta e a
abertura de saída do ar garantem o amortecimento, ou seja, o ar
absorve e transforma a energia do movimento em atrito,
garantindo assim o amortecimento.

O amortecimento eletromagnético é conseguido enrolando-se


a bobina numa estrutura (quadro) levíssimo de alumínio. Ao se
movimentar a bobina enrolada nesse quadro, correntes de Foucault
aparecem e dissipam a energia do movimento fazendo o
amortecimento.

Corrente de Foucault
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Corrente de Foucault (ou ainda corrente parasita) é o nome dado à


corrente induzida em um condutor quando o fluxo magnético que atravessa
uma amostra razoavelmente grande desse material condutor varia. O nome foi
dado em homenagem a Jean Bernard Léon Foucault, que estudou esse efeito.

Correntes de Foucault --- recebem esse nome e também de “correntes


parasitas”, as correntes elétricas que aparecem em massas metálicas,
como consequência da variação do fluxo magnético que as atravessam.

Essas correntes, vantajosas em alguns casos, são nocivas em muitos


outros, porque podem acarretar grandes dissipação de energia e,
sobretudo, porque elevam a temperatura das peças metálicas (dentro das
quais se originam) ocasionando, por vezes, a destruição de partes de
aparelhos. A razão disso é que sua intensidade é alta, devido ao fato de
que a resistência ôhmica dessas massas metálicas ser pequena; o efeito
Joule incumbe-se de proporcionar uma grande elevação da temperatura.
30
Deve-se a Foucault, a descoberta das correntes induzidas em um
condutor quando em movimento na presença de um campo magnético
intenso.  As Correntes de Foucault são utilizadas  para amortecer
oscilações em alguns aparelhos (balanças de precisão, medidores de
corrente, tensão, energia, etc.), frenagens, fornos de indução etc. 

Vídeo relacionado: Correntes de Foucault 6 min

3.2.3 – NÚCLEO MAGNÉTICO:

Com o aperfeiçoamento dos materiais magnéticos como, por


exemplo, o Alnico (liga de alumínio, níquel e cobalto), tornou-se
possível desenvolver um sistema magnético no qual o próprio
magneto funciona como núcleo. Estes magnetos tem a vantagem
de não serem afetados por campos magnéticos externos,
minimizando a interferência de um instrumento sobre os outros
quando montados próximos. Dessa forma, a necessidade de
blindagem magnética é reduzida. Essa auto blindagem torna o
mecanismo de núcleo magnético especialmente útil em aeronaves e
aplicações aeroespaciais, onde se tem um grande número de
medidores em espaço reduzido.

3.2.4 –COMPENSAÇÃO TÉRMICA:

Os instrumentos de bobina móvel e imã permanente


são sensiveis a variação da temperatura, mas podem ser
compensados termicamente com o uso de resistores de
cobre e manganina. Tanto a intensidade do campo
magnético quanto a tensão mecânica da mola diminuem
com o aumento de temperatura. A resistência elétrica do
fio da bobina também se eleva com o aumento da
temperatura. Essas mudanças tendem a produzir um erro
31
sistemático e podem provocar indicações de corrente de
valores inexatos.

Resistores de cobre ou manganina produzem a


compensação térmica necessária a operação mais exata dos
intrumentos de bobina móvel. A resistência da bobina e do
resistor de compensação aumentam com o aumento da
temperatura, compensando, dessa forma, a redução do
compo magnético e da tensão da mola com o aumento de
temperatura.

3.4 – AMPERÍMETRO DE CORRENTE CONTÍNUA :

O mecanismo de bobina móvel suporta baixa


intensidade de corrente elétrica (da ordem de mA
ou menos). Dessa forma, para se obter um
amperímetro, algum artifício deve ser
introduzido, para que a corrente de maior
intensidade possa ser medida sem danificar o
galvanômetro.

Emprega-se para isso um resistor em paralelo com o


Galvanômetro que tem por função drenar a “alta” corrente,
para que a mesma não danifique o aparelho. Esse resitor,
em paralelo com o Galvanômetro , tem o nome de
DERIVADOR SHUNT. O cálculo do mesmo é bastante
simples como veremos agora.

Cálculo da resistência Shunt:


32

Rs . Is=Rb . Ib
Rb . Ib Rb. Ib
Rs= mas Is=I−Ib Rs=
Is I−Ib
Exemplo: Deseja-se converter um miliamperímetro de escala
0 – 1mA e resistência interna da bobina de 100 Ω em um
amperímetro para operar na escala de 0 – 100 mA. Calcular a
resistência do resistor shunt para essa finalidade:

Rb=100Ω
Ib=1mA
100 Ω×1mA
Rs= =1 ,01Ω
100 mA−1 mA

Vista de um resistor shunt.

OBS: O shunt pode ser feito de metal ou liga metálica, como a


manganina e o constantan, estáveis termicamente, cuja resistência
é de baixo valor, comparado com a resistência interna da bobina
móvel. Pode ser interno (dentro da caixa do instrumento) ou
externo.
3.4.1 – DERIVADORES SHUNT EM CONFIGURAÇÃO TIPO AYRTON:
Como visto, a faixa de medição de um Galvanômetro de
bobina móvel pode ser ampliada colocando-se uma derivação com
resistor shunt. Podemos ter várias escalas de corrente com esse
artifício com um mesmo galvanômetro.
33
Exemplo:
Calcular as resistência dos resistores para a configuração abaixo
em escalas de 1 A, 5 A e 10 A. O galvanômetro possui uma
resistência interna de 50 Ω e a deflexão máxima ocorre com 1 mA.

DERIVADOR UNIVERSAL OU DE AYRTON


R: R1=5 mΩ; R2= 5 mΩ; R3=40 mΩ

OBS: Em trabalhos de medição de corrente, devem ser observados


os seguintes cuidados:

a) Jamais ligar um amperímetro direto nos terminais de uma fonte


de tensão. Devido à baixa resistência interna do Galvanômetro,
correntes altas serão alcançadas e danificará completamente o
instrumento.

b) Observar a polaridade correta. Uma polaridade invertida deflete


o ponteiro em sentido contrário e o mesmo é forçado contra o
batente danificando-o. Para determinadas aplicações (automotiva
p. exemplo) existe o amperímetro de zero central conforme figura
abaixo.

c) Ao usar amperímetro de múltiplas escalas, comece sempre pela


de maior valor e vá baixando até uma leitura adequada.

d) Procure usar o ponteiro mais próximo possível do fundo de


escala para evitar os erros inerentes ao aparelho.

ERRADO 
Por quê?
34
3.5 – VOLTÍMETRO DE CORRENTE CONTÍNUA:

Para converter um instrumento de bobina móvel em um


voltímetro, basta acrescentar em série um resistor de valor
adequado.

3.5.1 – RESISTOR MULTIPLICADOR:

Para ampliar a escala de um galvanômetro vamos agora


calcular a resistência do resistor série (Rs):
Rs Ib

V Rb

V =(Rs +Rb).Ib
V
Rs= −Rb
Ib

Geralmente esse resistor série de queda de tensão vem inserido


dentro da caixa do voltímetro.

Exemplo: Um galvanômetro possui Rb = 100 Ω e uma corrente


máxima de fundo de escala de 1 mA. Calcular o resistor para
transformar em um voltímetro para medir 100V.

100
Rs= −100 Ω=99 , 9 k Ω
1 mA

3.5.1 – VOLTÍMETRO DE MULTIPLAS ESCALAS:

Key = Space

A figura acima mostra um voltímetro de 4 escalas mas, nesse


arranjo, os resistores terão valores difíceis de achar na praça.
35
Um outro arranjo minimiza esse problema. Vide figura abaixo:
R1 R2 R3 R4

V1
V2
V3

V4 = Space
Key

Rb

Exemplo:

Calcular a resistência dos resistores do arranjo acima para as


escalas de 0-10V, 0-50V, 0-250V e 0-500V com um galvanômetro
de bobina móvel com Rb=100 Ω e 1 mA de fundo de escala.

Para V4 = 10 V teremos:

10 V
R4 = −100 Ω=9,9 kΩ
1 mA
Para V3 = 50V teremos:

50 V
R3 = −(9,9 k Ω+100 Ω)=40 k Ω
1 mA
Para V2 = 250V teremos:

250 V
R2 = −(40 k Ω+9,9 k Ω+100 Ω)=250 k −50 k=200 k Ω
1 mA
Para V1 = 500V teremos:

500V
R1 = −(200 k +40 k +9,9 k +100)=250 k Ω
1 mA

Observe que apenas o resistor R4 tem um valor não


comercialmente comum, mas, que pode ser obtido colocando-se
em paralelo dois resistores: um de 10k Ω e 1 M Ω .
36
3.5.2 – SENSIBILIDADE DO VOLTÍMETRO:

Conforme vimos anteriormente, a corrente máxima Ib


(corrente da bobina) é alcançada quando a tensão correspondente
da escala é aplicada.

Na primeira escala de 10 V teremos uma resistência total série de:


RT =9. 900 Ω+100 Ω=10 k Ω

Na segunda escala de 50 V teremos uma resistência total série de:


RT =40 k Ω+10 k Ω=50 k Ω

Na terceira escala de 250 V teremos uma resistência total série de:


RT =200 k Ω+50 k Ω=250 k Ω

Em qualquer das escalas, se dividirmos o valor da resistência


da escala correspondente pelo valor da tensão da escala,
encontraremos uma constante, chamada Sensibilidade do
voltímetro:
10 kΩ 50 K Ω 250 K Ω 1KΩ 1
E= = = .. . .. ..= =
10 V 50 V 250 V V Ib

Essa constante, como podemos observar, é exatamente o


inverso da corrente máxima da bobina Ib, ou seja, quanto menor é
a corrente Ib maior será a sensibilidade do voltímetro. O ideal é
que a sensibilidade do voltímetro tendesse ao infinito, ou seja, a
corrente da bobina tendesse a zero, ou ainda, que o voltímetro não
drenasse nenhuma corrente do circuito.

Considera-se um voltímetro de boa qualidade aquele que


tenha uma sensibilidade igual ou maior que 100 k Ω/V , ou ainda, que
a corrente do galvanômetro fosse igual ou menor que 10 μA .

OBS: Na escolha de um voltímetro para uma determinada medição,


a sua sensibilidade é de grande importância. Um voltímetro de
baixa sensibilidade, ou seja, cujo galvanômetro absorva uma
corrente maior, não permitirá leitura correta quando inserido em
circuitos de alta impedância. O voltímetro funcionará como um
“shunt” drenando corrente do circuito.
37
Exemplo: No circuito abaixo, deseja-se medir a tensão no resistor
de 50 kΩ. Temos dois voltímetros disponíveis com escala de 0-50V:
Voltímetro 1 com sensibilidade S=1 K Ω/V
Voltímetro 2 com sensibilidade S=20 K Ω/V
Calcular a indicação de cada voltímetro e o erro em cada medição.

2 R1 XMM1
100kΩ 1 Tensão real no resistor:
50 k
V1 V 50 k = ×150 V =50 V
150 V R2
50kΩ 50 k +100 k
0

1k Ω
Rv= ×50 V =50 k Ω.
Volt. 1: Resistência do Voltímetro V
Com essa resistência em paralelo com a resistência de 50kΩ o
voltímetro dará uma indicação de 30V com erro de 40%.
20k Ω
Rv= ×50 V =1 M Ω.
Volt. 2: Resistência do Voltímetro V
A indicação do voltímetro será = 48V com erro de 3,2%

Os cálculos efetuados no exemplo precedente mostram o


quanto a sensibilidade do voltímetro pode influenciar na medida e
provocar erros grosseiros, pela não escolha do aparelho mais
adequado.

Cuidados no uso do voltímetro:

a) Observar a polaridade correta para não defletir em sentido


contrário e empenar o ponteiro do aparelho.

b) Ligar o voltímetro em paralelo com a tensão que ser quer medir.

c) Quando o voltímetro tiver múltiplas escalas, começar usando a


de maior valor.

d) Levar em consideração o efeito de carga do voltímetro, ou seja,


usar o voltímetro de maior sensibilidade.
38

SENSIBILIDADE=2K/V

3.6 – OHMÍMETRO TIPO SÉRIE:

Este aparelho, destinado a medir resistências, consta


basicamente de um galvanômetro de bobina móvel, uma
fonte DC e um resistor limitador em série. A fonte de DC é
obtida com pilhas ou baterias de 9V colocadas no interior
do aparelho.

Onde:
Rs  Resistor limitador de corrente
Rp  Ajuste de zero
V1  Bateria interna
Rb  Resistência da Bobina do Galvanômetro
Ib  Corrente máxima do galvanômetro
Rx Resistência que se quer medir

Quando Rx = 0 (ponta de prova em curto) ajusta-se Rp até


que a corrente que passa pelo galvanômetro atinja o valor máximo
de fundo de escala (aí marca-se zero na escala). Depois abre-se o
circuito Rx=∞ (não passa corrente) e marca-se ∞ no início da
escala do ohmímetro.
39
Valores intermediários podem ser colocados na escala do
instrumento, usando-se para isso resistores padronizados.

Um dos problemas deste ohmímetro é que a tensão da bateria


decresce com o tempo e assim o “zero” é perdido. Dessa forma,
para compensar essa queda, o resistor Rp de ajuste de zero poderá
ser movimentado para compensar e “zerar” o aparelho novamente.

Exemplo:
Calcular a resistência dos resistores para transformar um
galvanômetro de bobina móvel com Rb=100 Ω, Ib=1 mA de fundo
de escala e V1= 9 V em um Ohmímetro.

Resposta: Rs=7,9kΩ; Rp = 1kΩ

3.7 - MULTÍMETRO:

Considerando que o amperímetro, o voltímetro e o ohmímetro


são baseados na indicação do Galvanômetro de bobina móvel,
mudando apenas a configuração, são construídos, dentro de uma
mesma caixa, aproveitando o mesmo galvanômetro de bobina
móvel, um aparelho que exerça as três funções:
Amperímetro, voltímetro e Ohmímetro.
Este aparelho recebe o nome de MULTÍMETRO.
40

3.8 – INSTRUMENTOS INDICADORES DE CORRENTE ALTERNADA:

3.8.1 – INTRODUÇÃO:

O Galvanômetro de bobina móvel responde ao valor médio ou


DC da corrente que passa pela bobina. Se a corrente for alternada,
o mecanismo irá ser solicitado a mover-se para um lado no
semiciclo positivo e em sentido contrário no semiciclo negativo. O
resultado é que, devido à inércia do sistema, o ponteiro ficará
imóvel na posição do zero. (Salvo se a frequência for muito baixa).

Para possibilitar medições em AC, torna-se necessário a


retificação da AC, o que provocará um torque motor unidirecional.
Entretanto, existem outros métodos também aplicáveis a AC.

3.8.2 – ELETRODINAMÔMETRO:

Um dos mecanismos mais importantes para medir AC é o


eletrodinamômetro. Ele é muito usado como voltímetro e
amperímetro e, com algumas modificações, pode também ser
usado para medição de Fator de Potência (cosifimetro), Frequência
(frequencímetro) e Potência (Wattímetro).
41
Explicação:

No galvanômetro de bobina móvel é usado um imã


permanente para produzir o campo magnético necessário ao
funcionamento do mecanismo. Entretanto, um
ELETRODINAMÔMETRO utiliza a própria corrente que está sendo
medida para produzir o campo magnético onde a bobina móvel se
desloca.

A operação do mecanismo pode ser compreendida através da


equação do torque:

T =B . A . N . I , ou seja, o torque é proporcional a densidade de fluxo


magnético (B), à Área (A) da bobina, o nº de espiras (N), a
Corrente (I). Mas, a densidade de fluxo magnético (B) é
proporcional a corrente, pois é gerado por ela mesma. Como (A) e
2
(N) são constantes, o torque se torna proporcional a: T =k . I

Quando este instrumento é usado em corrente alternada i=I m senwt

O torque será:
T =k . I 2m sen 2 wt
42

Como o quadrado do seno nunca fica negativo o torque será


pulsativo e o ponteiro vai se deslocar para uma posição de
equilíbrio, ou seja, devido à inércia do sistema mecânico, o ponteiro
vai para um valor “médio” da corrente a ser medida.

Vista de um eletrodinamômetro

Vídeo relacionado: Amperímetro Electrodinâmico 2 min

Desvantagens:

A corrente que passa pela bobina móvel deve passar também


pela bobina de “campo” (fixa) e, para criar um campo
relativamente elevado e fazer funcionar o mecanismo, uma
corrente relativamente alta deve ser injetada, configurando-se
assim com um alto consumo de energia.

3.8.3 – INSTRUMENTOS COM RETIFICADORES:

Para medições em AC, a utilização de retificadores é um


método bastante usual, pois podemos transformar a AC em DC
facilmente e utilizar um galvanômetro de D’Arsonval para medir a
AC.

Geralmente, os instrumentos com retificador utilizam um


Galvanômetro de D’Arsonval em combinação com algum dispositivo
retificador.

A figura seguinte mostra um voltímetro de AC com um resistor


multiplicador, um arranjo em ponte de diodos de silício e um
galvanômetro de D’Arsonval.
43

A retificação em PONTE produz pulsos unidirecionais de corrente e


o medidor é calibrado para o valor eficaz dessa corrente.

Desenvolvimento de ondas em Série de Fourier:

a) RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA

b) RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA


44

Como podemos observar, na retificação de onda completa teremos


com desenvolvimento em série:

2 4 4 4
Ialignl¿ ¿ ¿ =I max .( − cos2Wt− cos4 Wt− cos 6Wt−........)¿
π 3π 15 π 35π

Como o instrumento com galvanômetro de D’Arsonval só responde


2×I max
I DC = =0 ,6366×I max
a DC, a indicação do mesmo será π .
As componentes de AC não fazem nenhuma deflexão no ponteiro.

Exemplo: Um voltímetro AC como da fig. abaixo, usa um


Galvanômetro de Bobina Móvel de 50 Ω de resistência interna e
uma corrente de 1 mA para a deflexão máxima do ponteiro.
Admitindo que os diodos são ideais (resistência zero no sentido
direto e infinita no sentido reverso), calcule o valor de Rs para
obter deflexão máxima quando forem aplicados 10V AC eficazes
nos terminais do voltímetro:

2 V max
V DC=
π
Mas V max =√2×V eficaz
2 √ 2×V eficaz
V DC= =0,9×10 V =9V
π
9V
=1 mA ⇒ Rs=8 . 950Ω
R s +50

OBS: Uma onda periódica não senoidal (dente de serra, onda


quadrada, por ex.) tem um valor médio que pode diferir muito do
valor médio de uma onda senoidal pura (para a qual o instrumento
foi calibrado) e a indicação pode ser bastante errada.

FATOR DE FORMA:

O Fator de Forma FF, relaciona o valor médio com o valor eficaz de


tensões e correntes periódicas.

Valor Eficaz
FF=
Valor Médio Para uma onda senoidal temos:
45
V eficaz V max / √ 2
FF= = =1 ,11
V médio 2 V max / π
Observe que o voltímetro do exemplo anterior tem a escala
adequada apenas para tensões senoidais. O FF=1,11 é o fator pelo
qual se deve multiplicar a tensão média ou DC para se obter o valor
eficaz da AC. Isso possibilita a graduação da escala do voltímetro
em AC e DC.

Exemplo 2:
Um voltímetro de AC (escala graduada em AC) é construído com
um galvanômetro de D’Arsonval com apenas 1 diodo para
retificação de meia onda. Se usarmos esse voltímetro para medir
uma tensão de 9V DC qual será o valor lido de tensão nesse
instrumento?

Solução:
Pelo desenvolvimento em série de Fourier para meia onda temos:

1 1 2
v ( t )=V max ( + senwt − +…)
π 2 3π
46
Como o instrumento só responde a DC, ou seja, as componentes
alternadas não sensibilizam o galvanômetro, resta apenas a
componente DC:
Assim,
V max
V DC=
π
Como estamos medindo 9V DC e o instrumento está calibrado em
AC eficazes teremos:
V max
9V= ⇒ V max=9×π=28 , 3 V
π
V max 28 ,3
Veficaz= ⇒Veficaz= =20 V
Mas a tensão √2 √2
O Fator de Forma FF neste caso é:
Veficaz 20 Veficaz medido
FF= = =2 , 22 ou V DC =
Vmédio 9 2 ,22

Assim qualquer tensão ou corrente contínua medida com um


instrumento de bobina móvel, com escala graduada em AC, cuja
retificação na maioria é de apenas um diodo, deverá ser dividida
por 2,22 para se obter o valor correto da tensão ou corrente
contínua.

3.9 – INSTRUMENTOS ELETROSTÁTICOS:

Nestes instrumentos o conjugado motor resulta da ação de um


campo elétrico, criado por uma tensão aplicada. O princípio de
funcionamento está ilustrado na figura abaixo:
47

A placa A1 é fixa e a placa A2 é móvel. Ao se aplicar a tensão V


que se quer medir, aparecerá uma atração entre as placas
proporcional a tensão V que moverá o ponteiro indicador.

A construção prática é semelhante à de um capacitor variável:


duas placas metálicas planas e paralelas, em forma de semicírculo,
eletricamente isoladas da estrutura e separadas de uma pequena
distância.

Uma das placas é fixa e a outra pode girar em torno do centro


geométrico do círculo, de modo que a área sobreposta S forma um
capacitor cujo valor depende do ângulo α.

Se uma diferença de potencial V é aplicada entre as placas, a


tendência da placa móvel é girar até se alinhar com a fixa, resultando em
máxima capacitância e, assim, máxima energia armazenada. Entretanto, a
ação da mola espiral limita o giro e impõe uma posição de equilíbrio, dando
a indicação da tensão aplicada.

OBS:

A reduzida perda interna e a independência da frequência os


tornam instrumentos de boa exatidão e utilizados quase que
exclusivamente em laboratórios.

3.10 – INSTRUMENTOS DE FERRO MÓVEL: símbolo


48

São também conhecidos como instrumentos ferromagnéticos


ou eletromagnéticos.

O seu princípio de funcionamento é baseado na ação de um


campo magnético criado pela corrente a medir, que percorre uma
bobina fixa.

Existem dois tipos:


a) Atração
b) Repulsão

a) Instrumentos de ferro móvel de atração:

A corrente ao percorrer a bobina fixa, qualquer que seja sua


natureza ou sentido, cria um campo magnético que atrai o núcleo
de ferro.

b) INSTRUMENTOS DE FERRO MÓVEL DE REPULSÃO:

Nestes, o campo magnético criado pela bobina fixa, imanta


duas palhetas com a mesma polaridade e com força proporcional à
corrente medida. As palhetas ou placas então se repelem e dão a
indicação em uma escala graduada.
49

OBS:
a) Os instrumentos de FERRO MÓVEL podem tanto serem usados
como voltímetros ou amperímetros.

b) Um grande inconveniente é a perda interna elevada.

c) São robustos e baratos, bastante utilizados em painéis com


classe de exatidão da ordem de 1 a 3% de erro.

d) Em consequência da variação da indutância da bobina fixa com a


frequência, das perdas por correntes de Foucault e por histeresis,
seu domínio de utilização vai até 200 Hz. Assim, são bastante
usados em painéis na frequência industrial.

3.10 – INSTRUMENTOS TÉRMICOS:

São baseados no princípio de que um material metálico ao se


aquecer com a passagem da corrente elétrica (efeito Joule P=R.I2)
se dilata e arrasta um ponteiro a ele solidário.
50

Measuring mean maximum current value via bi-metal meter movement

VISTA DE UM MAX-I-METER TÉRMICO

3.11 – FREQUENCÍMETRO DE LÂMINAS VIBRÁTEIS:

Esse instrumento consta basicamente de um conjunto de


lâminas, tendo cada uma delas uma frequência natural de vibração.
Uma bobina é colocada próxima, na qual se aplica a tensão que se
quer medir a frequência. A lâmina que tiver frequência de vibração
natural igual à da tensão aplicada, vai vibrar e dar a indicação da
frequência.
51

3.12 – QUOCIENTÍMETROS:

Do mesmo modo que existem instrumentos cuja deflexão é


proporcional ao produto de duas correntes (I2)
(Eletrodinamômetros), existem outros cuja deflexão é proporcional
ao quociente entre duas correntes. Eles são chamados de
quocientímetros ou instrumentos de bobinas cruzadas.

Sua construção é feita com duas bobinas retangulares,


rigidamente presas uma a outra em ângulo de 90º. São
mecanismos desprovidos de conjugado antagonista (não possuem
mola antagônica). O equilíbrio do sistema móvel é conseguido pela
ação oposta dos conjugados que atuam nas duas bobinas.
52

Esses instrumentos tem várias aplicações. Entre elas destaca-se:

a) Megômetros de magneto

Megômetro de magneto

b) Frequencímetros
c) Fasímetros

Os quocientímetros podem ser classificados em três categorias:

1º Imã fixo e bobina móvel


2º Imã móvel e bobina fixa
3º Bobina móvel e bobina fixa (eletrodinâmico)

Quocientímetro de imã fixo e bobina móvel:


53
Considere as duas bobinas A1 e A2 acopladas entre si em 90º
e colocadas numa indução magnética B⃗ de um imã permanente e
percorridas pelas correntes diferentes I1 e I2.
O conjugado em cada bobina será:

C1 =K . I 1 . cosθ
C2 =K . I 2 . cos( 90−θ )
O conjugado total será: CT =C1 −C 2 =K . I 1 cos θ−KI 2 cos(90−θ )

Considerando que I1 e I2 são diferentes, o conjunto das duas


bobinas se moverá para uma posição de equilíbrio e CT = 0, ou
seja:

K . I 1 cos θ=K . I 2 senθ


I1
tgθ=
I2
O ângulo θ é função do quociente entre I1 e I2.

Por isso o nome quocientímetro.

3.13 – FREQUENCÍMETRO ELETROMAGNÉTICO:

O funcionamento deste frequencímetro é baseado no princípio


do quocientímetro.

No mecanismo mostrado acima, são colocadas indutâncias e


resistências em série/paralelo com as bobinas de modo que na
frequência de 60Hz, por exemplo, as correntes I1 e I2 nas duas
bobinas se igualem e assim, o campo formado pelas duas bobinas
magnetizem um material ferromagnético que aponte para 60Hz.
54
Quando a frequência aumenta, a corrente I2 será maior que
I1 pois a reatância de X2 é maior. Assim, o campo fica desalinhado e
indicará uma frequência maior. O inverso acontece quando a
frequência diminui.

3.14 – FASÍMETROS ou COSIFÍMETROS:

São instrumentos destinados a medir o ângulo de φ


defasagem entre a tensão (V) e a corrente (I) de um circuito
qualquer. São baseados também no quocientímetro. Podem ter a
escala graduada no ângulo φ ou no cosφ que é o mais comum.

A resistência R e reatância indutiva X são ligados em série com


as bobinas A1 e A2 e calculadas de forma que, na frequência
industrial (60Hz) teremos:

|I 1|=|I 2|

Se V =V m ∠0 º I 1 =I m ∠0 º I 2 =I m ∠90 º

Sendo θ o ângulo da bobina A1 com o campo da bobina de


campo Bc, o ângulo da bobina A2 será dado por (90º + θ ).

Como as bobinas são defasadas no espaço de 90º os conjugados


serão:

C1 =K . I .cos φ . sen θ
C2 =K . I . cos(φ+90). sen(θ+ 90)

No equilíbrio teremos C1=C2


55
K . I .cos φ. senθ=K . I . cos(φ+90).sen(θ +90 )
cosφ . senθ=(−senφ ).(−cosθ )
sen φ senθ
= ou tg φ=tgθ ou φ=θ
cosφ cosθ

Disso conclui-se que medindo-se o ângulo θ teremos o ângulo φ .

3.15 – ELETRODINAMÔMETRO EM MEDIÇÃO DE POTÊNCIA:

O mecanismo do eletrodinamômetro é bastante usado na


medição de potência. Como a potência é o produto da tensão x
corrente, este mecanismo, com algumas adaptações, pode ser
usado para esse fim.

O eletrodinamômetro mostrado acima e já visto, tem as


bobinas de campo (fixa) e a bobina móvel ligadas em série.

Se ligarmos a bobina de campo em série com a corrente de


uma determinada carga e a bobina móvel em paralelo com a tensão
dessa carga teremos:

Lembrando da expressão do conjugado C=B.A.N.I

Mas: B = k.Icarga

A e N são constantes dado pela construção das bobinas

C=K .I carg a . I tensão mas I tensão =K ' .V =K ' V eficaz .senwt e I carga=KI rSub { size 8{ ital eficaz} } ital sen \( ital wt+φ \) } {¿
56

*A corrente na bobina de tensão Itensão é proporcional a


tensão. A reatância indutiva da bobina é compensada por capacitor
para ficar em fase com a tensão.

Assim: C=K' . K . V rSub { size 8{ ital eficaz} } . I rSub { size 8{ ital eficaz} } . ital sen \( ital wt+φ \) . ital senwt=K . V rSub { size 8{ ital eficaz} } . I rSub { size 8{ ital eficaz} } . \[ ital senwt . cosφ+cos ital wt . ital senφ \] . ital senwt} {¿
sen2wtsen φ
C=K .V eficaz . I eficaz [ sen 2 wt cosφ+senwt . coswt . sen φ ]=K .V eficaz . I eficaz .[ sen 2 wt cosφ+ ]
2
A parte sen2wtsen φ produz um torque nulo no ponteiro porque é
2
alternada com dupla frequência. Já a parte sen wt é pulsativa e tem
um valor médio. Assim, o torque é proporcional a POTÊNCIA ATIVA.
C=K .V eficaz . I eficaz .cos φ

VISTA DO WATTÍMETRO E SUA LIGAÇÃO

OBS: Conforme pode ser observado, o wattímetro possui uma


entrada de tensão e uma entrada de corrente, que são marcadas
com sinais de polaridade correta. Se invertermos uma das
polaridades, ou seja, se a tensão ou a corrente ficarem invertidas,
o ponteiro defletirá em sentido oposto. Basta inverter a ligação da
bobina de corrente e o problema está sanado.
57

3.16 – MEDIDOR DE ENERGIA ELETROMECÂNICO TIPO INDUÇÃO:

O Medidor de energia elétrica, popularmente chamado


de “relógio de luz”, é um dispositivo ou equipamento
eletromecânico ou eletrônico capaz de mensurar o consumo
de energia elétrica. A unidade mais usada é kWh. Está presente na
maioria de casas e habitações no mundo moderno. Pode ser ligado
diretamente entre a rede elétrica e a carga ou através
de transformadores de acoplamento de tensão (TP) e/ou corrente
(TC).

Mecanismo do medidor eletromecânico da indução.


(1) - Bobina da tensão - muitas voltas do fio fino encerradas no plástico,
conectado em paralelo com a carga. (2) - Bobina de corrente – duas ou três
voltas do fio grosso, conectadas em série com a carga. (3) - Estator -
concentrador de campo magnético. (4) - Disco do rotor de alumínio. (5) -
ímãs do freio do rotor. (6) - eixo com engrenagens sem-fim. (7) – mostrador.

O medidor de energia tipo indução eletromagnética é utilizado


na medição de energia ativa pelas concessionárias. Seu diagrama
esquemático está mostrado na figura abaixo:
58

Medidor de indução monofásico 60 Hertz corrente alternada:


(ФU) é o fluxo magnético produzido pela bobina do circuito de
tensão (em paralelo com a carga), (ФI) fluxo magnético produzido
pela corrente de carga. A interação desses dois campos magnéticos
cria uma força que faz girar o disco. A exatidão da medição desses
contadores de energia é da ordem de 1-2,5 por cento.

Vista esquemática do medidor de indução eletromecânico


FUNCIONAMENTO

A bobina de corrente fica em série com a corrente da linha e a


bobina de potencial (tensão) fica em paralelo, ou seja, a bobina de
corrente “mede” a corrente e a bobina de potencial ou tensão mede
a tensão. Um disco leve de alumínio fica sob a ação de dois campos
magnéticos: um criado pela bobina de corrente e outro criado pela
bobina de potencial. O resultado são correntes parasitas (Foucalult)
induzidas no disco. Essas correntes, sob a ação dos dois campos
magnéticos, produzem um torque motor. Esse torque é
proporcional ao produto VxIxcosΦ. O disco, ao girar, faz a
integração desse produto, dando como resultado a energia
consumida pela carga.
59

O torque no disco é proporcional ao produto VxIxcosΦ. (Potência


ativa)

A energia é dada por: E=∫ K . V . I .cosφ .dt

A rotação do disco é calibrada para integrar o produto V . I . cos φ e


assim fornecer o “consumo de energia ativa”.

OBS:

1) Os mecanismos tipo indução também são muito usados como


relés de proteção, onde o disco possui uma mola antagônica que
proporciona um torque reverso. Quando a corrente fica dentro de
um determinado limite, a ação da mola antagônica impede o disco
de girar. Se a corrente (p. ex. de curto circuito) passar pela bobina
de corrente, um torque muito forte aparece, vencendo o
antagonismo da mola. Assim o disco gira e fecha (ou abre) um
contato mandando um comando para o desligamento de um
disjuntor.
60
2) Nos medidores de indução trifásicos existem 3 bobinas de
corrente e três bobinas de potencial (um par para cada fase) e o
sistema é ligado a um eixo único, somando as energias
provenientes de cada fase, totalizando-as. Assim, grosseiramente
podemos dizer que o medidor trifásico possui internamente 3
medidores monofásicos, cujas energias são somadas e o resultado
é contabilizado em um único mostrador.

3) Com algum arranjo de defasagem (ATD), podemos fazer este


medidor medir, no lugar de KWh, medir o KVarh. São os medidores
de energia reativa, muito usados pelas concessionárias.
61
62
3.17 –INSTRUMENTOS REGISTRADORES:

Os instrumentos de bobina móvel, ferro móvel, eletrostáticos,


etc., são instrumentos indicadores. Os medidores de energia tipo
indução são ditos acumuladores ou totalizadores. Existem ainda os
instrumentos REGISTRADORES. Sobre um rolo ou disco de papel
graduado que se move, eles registram o módulo da grandeza
elétrica que se quer medir (tensão, corrente, potência) ao longo do
tempo. Com isso tem-se um registro das suas variações. Retira-se
o rolo ou disco de papel e teremos o comportamento da grandeza
ao longo do tempo.

OBS: Apesar de ainda muito utilizados, os medidores registradores


com registro em folha de papel estão dando lugar aos registradores
eletrônicos digitais, que registram em sua memória interna todos
os dados da medição ao longo do tempo e que podem ser
acessados de qualquer computador ligado ao mesmo.
63

Registro de transitório e um sistema trifásico


64
3.18 – SIMBOLOGIA USADA EM INSTRUMENTOS ELÉTRICOS:

Tensão de isolação: ou tensão de prova, é o valor máximo de


tensão que um instrumento pode receber entre sua parte interna
(de material condutor) e sua parte externa (de material isolante).
Este valor é simbolicamente representado nos instrumentos por
números 1, 2, 3 ou 5, contidos no interior de uma estrela.

Os valores significam tensões de isolação em KV. Quando a


estrela se encontrar vazia a tensão de isolação é de 500V ou 0,5kV.

OBS: Usar instrumentos de medidas elétricas com tensão de


isolação inferior à tensão da rede pode causar danos aos
instrumentos e risco ao operador.

A tensão de isolação deve ser sempre maior que a tensão da rede.

Símbolos usados nos instrumentos de medida.

A utilização correta dos instrumentos de medidas elétricas


depende da escolha dos mesmos. Isto permite a medida correta
das grandezas sem por em risco a vida do operador e a integridade
do equipamento. Para isso, deve-se observar os símbolos gravados
nos visores.

As tabelas a seguir ilustram alguns dos símbolos


frequentemente utilizados nos instrumentos de medidas elétricas e
nos diagramas dos circuitos elétricos.
65

Instrumento de imã móvel


66

SIMBOLOS USADOS PARA OS INSTRUMENTOS:

Símbolos de Eletricidade geral:


67

ABNTAssociação Brasileira de Normas Técnicas

DINDeutsches Institut für Normung Instituto Alemão para Normatização


com sede em Berlim. É a organização nacional na Alemanha para
padronização.

ANSIAmerican National Standards Institute  é uma organização


particular estado-unidense sem fins lucrativos que tem por objetivo facilitar a
padronização dos trabalhos de seus membros.

JIS Japanese Industrial Standards.

IEC  International Electrotechnical Commission  é uma


organização internacional de padronização de
tecnologias elétricas, eletrônicas e relacionadas. Alguns dos
seus padrões são desenvolvidos juntamente com a Organização
Internacional para Padronização (ISO). A sede da IEC, fundada
em 1906, é localizada em Genebra, Suíça.
68
CAPÍTULO 4

MEDIÇÃO COM PONTES

4.1 – INTRODUÇÃO:

As pontes são usadas para medições de parâmetros elétricos e


são também muito usadas em instrumentação. A sua forma mais
simples é a ponte de WHEATSTONE, usada para medição de
resistências elétricas.

Existem também pontes para medição de indutâncias,


capacitâncias, admitâncias, condutâncias e outros parâmetros.

Medições de impedâncias são feitas com pontes de AC.

O circuito em ponte é a base de vários métodos de medição e


também servem de interface para muitos transdutores
(instrumentação).

Neste capítulo veremos medições com pontes DC e AC e o


DUCTER.

Ensaio de Resistência Ôhmica (Ducter)  

O ensaio de resistência ôhmica dos enrolamentos dos


transformadores baseia-se nas comparações das resistências
medidas nos diversos taps, com os valores das resistências
medidas e/ou informadas pelo fabricante do transformador nos
ensaios de fábrica, ou com valores medidos em ensaios
anteriores.

Em caso de discordâncias maiores que 2% nos valores de


resistências, deverá ser pesquisada a existência de
anormalidades tais como: espiras em curto, número incorretos
de espiras, etc. 
69
4.2 – PONTE DE WHEATSTONE:

O circuito abaixo mostra o diagrama esquemático da ponte de


Wheatstone. A ponte tem 4 braços resistivos, uma fonte de tensão
DC e um detector de zero, que geralmente é um galvanômetro com
zero central, para indicar o desequilíbrio para qualquer sentido da
corrente.

rx

A corrente que vai circular pelo Galvanômetro (detector de


zero) depende da diferença de potencial entre os pontos B e D.

Para medirmos uma resistência rx pela ponte de Wheatstone,


ligamos rx com mais três resistências conhecidas r2, r3, e r4, de
acordo com a figura acima.

No equilíbrio, ou seja, quando o galvanômetro não indicar


corrente alguma, significa que as diferenças de potenciais
V AB =V AD V BC =V DC
r x×i1 =r 3 ×i2
r 2 ×i1=r 4 ×i2 Dividindo-se uma pela outra teremos:

r3
r x .r 4 =r 2 . r 3 ou r x =r 2 ×
r 4 Equação de equilíbrio da ponte.

O produto dos braços opostos são iguais.


70
Exemplo: Na ponte de Wheatstone abaixo, determinar o valor de
Rx.

4.2.1 – Erros nas medições:

A ponte de Wheatstone é adequada para medição de


resistência entre 1 Ω e 1 MΩ. A maior fonte de erro são a tolerância dos
três resistores conhecidos da ponte. Além desses, outros erros
podem ocorrer tais como:

a) Baixa sensibilidade do Galvanômetro detector de zero.

b) Variação da resistência dos resistores devido ao aquecimento


provocado pelas correntes circulantes.

c) Efeitos termoelétricos, ou seja, na construção do galvanômetro,


se materiais diferentes estiverem em contato, aparecerão tensões
de junção que poderão provocar erros, sobretudo em medição de
resistências baixas.

d) Erros devido à resistência dos cabos de montagem e resistências


de contato também podem provocar erros na medição,
principalmente de baixas resistências.

4.2.2 – Circuito equivalente de Thevenin:

Para determinar se um galvanômetro tem sensibilidade


suficiente, para detectar uma condição de desequilíbrio da ponte, é
necessário calcular a intensidade de corrente através do
galvanômetro. Para isso vamos recorrer ao Thévenin equivalente
nos terminais do galvanômetro:

RTH
B

rx Rb
VTH

D
71
rx r3
V TH =( − )V FONTE
r x +r 2 r 3 +r 4
r x×r 2 r 3×r 4
RTH = +
r x +r 2 r 3 +r 4

Conforme pode ser observado na equação da RTH, se


resistências altas forem usadas RTH fica muito alta e assim fica
reduzida a corrente no galvanômetro. Isso diminui sua
sensibilidade. Por outro lado, se resistências muito baixas ferem
usadas, haverá interferência das resistências dos fios de conexão e
resistências de contato.

Para medição de baixas resistências é preferível usar a ponte


de Kelvin.

Exercícios:

1- A figura abaixo mostra o diagrama de uma ponte de


Wheatstone. A tensão de alimentação é de 5 V e a resistência
interna da fonte é desprezível. A sensibilidade do galvanômetro é
de 10 mm/ μA e a sua resistência interna é de 100Ω . Determine a
deflexão do galvanômetro para um acréscimo de 5Ω na resistência
de 2kΩ da ponte.

R: Deflexão 33,3mm

2- O galvanômetro do exercício anterior é substituído por outro


com resistência interna de 500 Ω e sensibilidade de 1 mm/μA .
Verifique se pode ser observada uma deflexão superior a 1mm na
escala do galvanômetro.
R: Deflexão de 2,24mm. (Observável).
72
OBS: EXTENSÔMETROS ELÉTRICOS DE RESISTÊNCIA - STRAIN-
GAGES

O extensômetro elétrico de resistência é um elemento sensível que transforma pequenas


variações de dimensão em variações equivalentes de sua resistência elétrica. Sua utilização constitui
um meio de medir e registrar o fenômeno da deformação como sendo uma grandeza elétrica.

CARACTERÍSTICAS: baixo custo, alta exatidão, excelente resposta dinâmica, linearidade, fácil
instalação.

Princípio de Funcionamento:

Se submetermos um condutor a uma solicitação mecânica (tração ou compressão), sua resistência


irá variar, devido às variações dimensionais. Isso desequilibra a ponte de Wheatstone e a
deformação pode ser medida como uma variação de resistência.

4.3 – PONTE DE KELVIN:

A ponte de Kelvin é uma ponte de Wheatstone melhorada.


É um instrumento para medição de resistências de baixos valores,
normalmente menores que 1Ω, como, por exemplo, a resistência
de contato de disjuntores.(?)

A ponte de KELVIN é um dos mais simples e eficientes


dispositivos para medição de resistências de baixo valor (menores
que 1 Ω ). Existem no mercado tipos sofisticados para laboratórios e
tipos portáteis para uso no campo.
73

Microhmímetro ou Ponte de Kelvin


Utilizado para medir a resistência ôhmica de enrolamentos de transformadores e motores e
ainda resistências de contato de disjuntores.

O esquema básico da ponte de Kelvin está mostrado na figura


abaixo:

A operação desta ponte é a seguinte (X  Resistência desconhecida):

Fechada a chave K (on-off), desloca-se vagarosamente o cursor F’


(o resistor R é feito de fio) até se conseguir o equilíbrio (ig=0) e o
galvanômetro não mais indicar corrente. Quando o equilíbrio é
conseguido (ig = 0) podemos escrever as seguintes equações:

M . i 1=P . i2 +X ( I−i1 )
N . i 1 =Q. i 2 +R( I−i 1 )

As resistências dos resistores M, N, P, Q são conhecidas e R é

também conhecida e ajustável.

Manipulando essas equações chegamos que:


74
M M
X= .R
N A relação N é chamada de relação de entrada da
ponte.

Detalhes construtivos de uma ponte de Kelvin comercial.


−4
Limites: 0,5 .10 Ω≤X ≤10Ω

4.4 – OHMÍMETRO DUCTER:

O ohmímetro DUCTER também é um instrumento projetado e


construído especificamente para medir resistências baixas ( R≤1 Ω ).
Muito empregado na indústria para medir resistência de cabos,
resistência de conexões, de contatos e principalmente pelas
concessionárias de energia elétrica, para verificação e
acompanhamento da evolução da resistência de contato dos
equipamentos empregados para abertura e fechamento de circuitos
elétricos com carga, tais como: disjuntores, religadores, contatores,
etc., todos eles construídos em caixas hermeticamente fechadas,
sendo os mais comuns imersos em óleo isolante de difícil acesso e
verificação visual.

ESQUEMA DO DUCTER
O CONJUNTO MÓVEL É DO TIPO QUOCIENTÍMETRO – BOBINA MÓVEL E IMÃ FIXO
75

4.5 – MEDIÇÃO DE RESISTÊNCIAS ELEVADAS:

Os métodos empregados fazem uso de Corrente Contínua para


determinação de resistências elevadas. São usados para a
determinação da resistência de ISOLAMENTO de cabos elétricos,
motores elétricos, capacitores e transformadores.

Veremos dois métodos que podem ser empregados:

a) Método do voltímetro
b) Megômetro a magneto ou eletrônico.

4.5.1 – MÉTODO VOLTIMÉTRICO:

Seja RX uma resistência elevada que se quer medir. Um voltímetro


de resistência interna Rv conhecida é ligado em série com RX e com
uma fonte de corrente contínua VDC.
76
V DC=( RV + R x ) . I
V
mas I = MEDIDO
RV
Substituindo−se obtemos : 250−22 ,727
V
R x=10 M Ω.( )=100 M Ω
V DC=( RV + R x ) . MEDIDO 22,727
RV
V DC −V MEDIDO
Assim : R x =RV .( )
V MEDIDO

No exemplo:
4.5.2 – MEGOMETRO A MAGNETO:

O MEGÔMETRO ou MEGAOHMÍMETRO a magneto é um


instrumento portátil, robusto e de fácil manuseio, sendo por isso o
mais empregado na prática industrial para medir resistências de
isolamento (elevadas).

A figura abaixo mostra o diagrama do aparelho que utiliza o


I1
tg θ=
princípio do quocientímetro: I2

a) Um resistor de resistência R fixo, interno ao instrumento, é


colocado em série com a bobina A.
77
b) A resistência Rx a medir é ligada aos terminais T e L do
instrumento ficando em série com a bobina B.
c) A fonte de DC (M) é conseguida com um gerador de corrente
contínua acionado por manivela.

Como a tensão gerada depende da velocidade de rotação da


manivela (dada pelo operador do instrumento), as correntes tanto
na bobina A quanto na bobina B variarão mas, como as correntes
dependem das resistências R e Rx teremos:

Tensão Gerada Tensão Gerada I1


I 1= I 2= =¿ =tan g R x =R .tang
R Rx I2

Dessa forma, a deflexão θ será proporcional à resistência que


se quer medir Rx, qualquer que seja a tensão do gerador, ou seja,
qualquer que seja a velocidade dada na manivela pelo operador.

OBS: Na placa desse instrumento, os fabricantes recomendam


trabalhar com uma rotação adequada (120 a 160 RPM) para se
obter um valor estável da resistência Rx na escala do instrumento.

TERMINAL DE GUARDA:

Os instrumentos fabricados para medirem resistências da


ordem de 1.000 M Ω ou maiores, vem provido dos terminais T, L e
mais um terminal G chamado de terminal Guarda. Estes três
terminais são escritos na caixa do instrumento:

T  Terra (ou E =Earth do inglês) ou (-)


L  Linha ou ⊕
G  Guarda
78
A resistência a medir Rx deverá ser conectada aos terminais L
(+) e T(-)

Como estamos medindo resistências grandes, aparecem


outras resistências em série/paralelo, que podem afetar a medida.
O terminal G (guarda) é previsto para desviar da bobina B essas
correntes parasitas diretamente para o gerador de DC sem afetar a
medição.

Exemplo do uso do terminal Guarda: Medição da resistência de


isolamento

4.6 – INSTRUMENTO TTR(Transformer Transformation Relation):

4.6.1 - DESCRIÇÃO GERAL:

O TTR é uma unidade portátil projetada para medir a relação de transformação


de praticamente todos os tipos, tamanhos e classes de transformadores de potência, de
distribuição e de medição.

VISTA DE ALGUNS MODELOS DE TTR

4.6.2 - APLICAÇÃO:

Testes de relação de transformação


Testes de polaridade relativa de enrolamentos
Determinar a continuidade de enrolamentos
Testes de curto circuito interno
Testes de curto circuito entre espiras
79

4.6.3 - CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS:


Alimentação: 115/220 V - 60 Hz (50Hz)
Potência de Alimentação máxima: 15 VA.
Gama de medição: 0,001 a 129,99
MEDIDORES INCORPORADOS:
1- VOLTÍMETRO, AMPERÍMETRO
2 - GALVANÔMETRO DE ZERO CENTRAL: De alta sensibilidade
para ajuste do transformador de referência.

OUTRO MODELO DIGITAL

O Medidor Digital de Relação de Transformação série ITTTR 2000R é um equipamento


portátil para avaliação e teste de transformadores novos ou recuperados, Estes
instrumentos permitem medir a relação de transformação de Transformadores
monofásicos e trifásicos.

Por causa da sua alta tecnologia eletrônica, estes instrumentos se adaptam com bom
desempenho em testes de produção, controle de qualidade, laboratórios ou medições de
campo.

Medição de relação:

- Transformadores De Potência;
- Transformadores De Distribuição;
- Transformadores De Potencial;
- Transformadores De Corrente.

4.7 – FASÍMETRO:
Também chamado de indicador de sequência de fase.

FASÍMETRO DE LÂMPADAS:
80
Pode-se provar que se a sequência for ABC acende uma lâmpada.
Se for CBA acende a outra. (Deve-se ter Xc=R LAMPADA)

Demonstração:

Suponha 2 lâmpadas de 100W/220V e um capacitor de Xc =RLÂMPADA


2
220
R LAMPADA = =484 Ω
100 Assim Xc=484Ω ou C=5,48µF, cada qual ligado
em uma fase, conforme figura abaixo:

Condições iniciais:
V AN =V ∠0 º;V BN =V ∠120 º;V CN =V ∠240 º
I A +I B+ I C =0 →ESTRELA NÃO ATERRADO → Xc=R

V AN −V 0 N V BN −V 0 N V CN −V ON
I A= ;I B = ; IC =
− jR R R
V AN −V 0 N V BN −V 0 N V CN −V ON
+ + =0
− jR R R  Multiplicando por R
V AN −V 0 N
+V BN −V 0 N +V CN −V ON =0
−j
j(V AN −V 0 N )+V BN −V 0 N +V CN −V ON =0

jV AN + V BN +V CN =2V 0 N + jV 0 N
jV ∠ 0º +V ∠120 º +V ∠240 º =(2+ j )V 0 N
81
V ( j+1 ∠120º +1 ∠240 º )=(2+ j )V 0 N
V ( j+1∠120 º +1∠240 º ) ( j+cos120+ jsen 120+cos240+ jsen240 )
V 0N= =V
2+ j √ 5 ∠26 , 6 º

.V =√
j−0,5+ j 0 ,866−0,5− j0,866 −1+ j 2∠135º
V 0 N =V ( )= V =0,632∠108 ,4º
√5∠26 ,6º √5∠26 ,6º √5∠26 ,6º
V 0 N =0,632∠108 ,4 º .V =(−0,2+ j0,6 ).V

Vamos agora calcular as tensões nas lâmpadas:

Lâmpada B
V B 0 =V BN −V 0 N =V ∠120 º −(−0,2+ j 0,6 )V =(−0,5+ j0 , 866+0,2− j 0,6 )V =(−0,3+ j0 , 266 )V =0,4 VB
|V B 0|=0,4×V
Lâmpada C
V C 0 =V CN −V 0C =V ∠240 º−(−0,2+ j 0,6)V =(−0,5− j0 , 866+0,2− j 0,6 )V =(−0,3− j 1, 466 )V =1,5 V ∠258º
|V C 0|=1,5×V
Isso mostra que a lâmpada da fase B irá acender muito menos
que a da fase C. Se invertermos a fase B com a C a situação se
inverte e a outra lâmpada é que vai acender.

No caso do exemplo numérico com a tensão V=220 V, uma


lâmpada vai ficar com 0,4x220=88 V e a outra com 1,5x220=330
V.

OBS: A tensão V0N chama-se tensão de deslocamento de neutro.


Quando em um transformador faltar o neutro e as cargas estiverem
desequilibradas, uma das fases ficará com uma tensão acima do
normal, o que poderá provocar danos aos equipamentos.

4.8 – PONTES EM CORRENTE ALTERNADA:

4.8.1 – INTRODUÇÃO:

Várias grandezas elétricas tais como indutâncias, capacitâncias


e frequências podem ser medidas usando as pontes de CA. Aplica-
se a mesma teoria das pontes de CC para o equilíbrio. A diferença é
que agora aparecem impedâncias no lugar de resistências puras.
82
4.8.2 – EQUAÇÃO DE EQUILÍBRIO DE UMA PONTE C.A.:

No equilíbrio da ponte (indicação do galvanômetro = 0), os


potenciais dos pontos D e B são os mesmos:

Z 1 .Z X =Z 2 .Z 3 (O produto dos braços opostos são iguais)

Para que essa igualdade seja verdadeira teremos:

|Z1|.|Z X|=|Z 2|.|Z 3| e ainda φ1 +φ X =φ 2 +φ3

Assim, se a Impedância
ZX for a impedância desconhecida
teremos:

|Z 2|.|Z 3|
|Z X|= e φx =φ 2 +φ 3−φ1
|Z 1|

Se temos Z X e φ X logo teremos R X e X X , ou seja, a parte real será a resistência da


Impedância e a parte imaginária será a Reatância da Impedância.

Exemplo:
Numa ponte de CA na frequência industrial (60Hz) temos as
impedâncias abaixo discriminadas:

Z 1 =3+ j 4 , Z 2 =7+ j 8 , Z 3 =5− j7


Encontre Z X no equilíbrio da ponte.
83

Resposta:
Z X = (9,4 - j15,6)Ω ou ainda, se a frequência é de 60Hz
1
C= ∴ C=170 μF
podemos determinar o valor do capacitor 2. π . f .C
OBS:
1) Quando um dos braços da ponte é apenas um elemento simples
(resistor, indutor ou capacitor) as condições de equilíbrio
simplificam:

2) As pontes de AC mais usadas são a ponte de Wien e a ponte de


Schering, as quais permitem determinar o fator de perdas tgθ do
isolamento dos equipamentos elétricos, tais como óleos isolantes,
isoladores, etc.

4.8.3 – FATOR DE POTÊNCIA DE ISOLAMENTO:

Corrente de Condução x Corrente de Deslocamento:

Ao se aplicar uma tensão elétrica (campo elétrico) em um


material isolante, aparecerão duas correntes: Corrente de
Deslocamento e a Corrente de Condução.

A Corrente de Condução é aquela devida aos poucos elétrons


livres que existem no material isolante, por pequeno número que
sejam, que fazem circular uma corrente de “fuga” (está em fase
com a tensão aplicada). Já a corrente de deslocamento é devida ao
alinhamento dos átomos com o campo elétrico aplicado (está
adiantada de 90º em relação à tensão aplicada).

É normal fazer medições periódicas do “Fator de Potência” ou


do “Fator de Perdas” do isolamento dos equipamentos elétricos,
para avaliação do seu comportamento ao longo do tempo ou
constatação de defeitos iminentes.

No desenho acima está o circuito equivalente de um


equipamento sob ensaio, o qual pode ser p. ex. a medição do
isolamento do enrolamento de um transformador para sua carcaça
metálica.
84

Rx Resistência de fuga do isolamento (Ir é a corrente de


condução)

C Capacitância entre as partes metálicas (Ic é a corrente de


deslocamento)

Assim, Ir está em fase com a tensão V aplicada e a corrente Ic está


adiantada de 90º.

a) O cosΦ será o fator de potência do isolamento


b) A tangθ (θ=90-Φ) será o fator de perdas do isolamento.

O isolamento estará tão melhor quanto menor é o seu Fator de


Potência ou o Fator de Perdas.

Para medir o Fator de Potência usam-se as pontes de CA.

4.8.4 – PONTE DE WIEN:

No equilíbrio podemos escrever:

1 1
Rs .( R1 + )=R . ⇒ se : R=R S
jC 1 w 1
+ jC x w
Rx

Manipulando algebricamente essa equação chegamos:

C1
Cx=
1+( R1 . C1 . w )2
1+( R 1 .C 1 . w)2
R x=
R1 . C 2 . w 2
1
85

4.8.5 – PONTE DE SCHERING:

A ponte de Schering é particularmente importante na


determinação das propriedades dieléctricas de materiais. Isto é, em
componentes em que o ângulo de desfasagem da impedância se
encontra muito próximo de 90º. Cx e Rx são a capacitância e a
resistência do isolante sob ensaio.

Nestas condições tem-se:

Os valores são independentes da


frequência do sinal aplicado à ponte

4.9 – MEDIÇÃO DE RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO:

4.9.1 – INTRODUÇÃO:

Porque os sistemas elétricos são aterrados?

Controle de sobretensões.
Segurança pessoal.
Proteção contra descargas atmosféricas.

Aterrar um equipamento elétrico, significa ligá-lo


eletricamente à terra por meio de um sistema apropriado.
86
Os dispositivos de aterramento são constituídos
essencialmente dos seguintes elementos:

1º) Eletrodo de Aterramento:

É um condutor metálico cravado na terra, podendo


ser: tubo de ferro galvanizado com 3m de comprimento,
cantoneira de ferro galvanizada com 3m de comprimento,
haste de aterramento tipo cooperweld (aço recoberto de
cobre) geralmente com 2,40m de comprimento e
espessura de 5/8” (1,6cm).

Hastes e conector de aterramento.

2º) O condutor (fio ou cabo) que conecta o equipamento que se


quer aterrar ao eletrodo cravado no solo.

3º) A terra que envolve o eletrodo de aterramento.


87
O aterramento tem duas finalidades:

a)Aterramento de Serviço: Aterramento do centro


estrela dos transformadores, aterramento do neutro
das redes de distribuição de energia e aterramento de
retorno no MRT.

b)Aterramento de Segurança: Aterramento da carcaça


de máquinas e motores, aterramento das partes
metálicas não energizadas das Subestações,
aterramento dos medidores de energia e suas caixas e
aterramento de pára-raios.

O aterramento, para desempenhar bem sua função, deve ter


baixa resistência de terra, para que uma corrente elétrica ao chegar
ao mesmo seja drenada para a terra.
88
Pode-se dizer então que a “RESISTÊNCIA DE TERRA” é a
oposição oferecida à passagem da corrente elétrica do eletrodo de
aterramento para a terra que o envolve.

A RESISTÊNCIA DE TERRA TEM QUATRO COMPONENTES PRINCIPAIS:

a) Resistência do próprio eletrodo


b) Resistência do fio de interligação
c) Resistência de contato com a terra (condições de contorno)
d) Resistência da terra propriamente dita que depende da
temperatura, da umidade e da natureza do solo que envolve o
eletrodo de terra.

Para conhecermos a resistência oferecida pelo solo à


passagem da corrente elétrica, o que é muito útil quando
executamos aterramento, precisamos estudar a distribuição de
potencial entre dois eletrodos enterrados no solo.

Distribuição dos Potenciais

Através de uma experiência simples, usando uma fonte de


tensão de 30 V, um amperímetro, um voltímetro, dois eletrodos de
ensaio, fios de ligação e uma trena, podemos conhecer a
distribuição da tensão no entorno de um eletrodo de aterramento
existente e assim, determinar a sua resistência de terra.

Para que o aterramento tenha bons resultados, é necessário


que a resistência de terra seja a menor possível, principalmente
quando as correntes envolvidas são grandes, como no caso dos
pára-raios e aterramentos de grandes subestações. (curto circuito)

De um modo geral, poderíamos considerar como excelente


uma resistência de terra menor do que 5 Ω, como boa entre 5 e
15Ω, razoável entre 15 e 30 Ω e condenável acima de 30 Ω.
89
A resistência de terra depende essencialmente das
características do solo e melhora sensivelmente quando o mesmo
está úmido.

Há tratamentos de solo que melhoram as características da


resistência elétrica, como o sal, o coque ou carvão vegetal e
produtos químicos especiais. No entanto, com o tempo, esse
ganho tende a desaparecer devido à dispersão desses materiais na
terra.

Quando precisamos ter uma resistência de terra menor,


podemos aprofundar o eletrodo ou aumentar o número deles. A
experiência mostra que, com relação ao aprofundamento, a
variação é sensível até 3 m de profundidade. A partir daí, a
redução da resistência de aterramento torna-se desinteressante.

O aumento do número de eletrodos é então a solução mais


indicada, tendo-se o cuidado de afastá-los de modo a torná-los
independentes. (distância entre eles no mínimo igual ao
comprimento da haste de aterramento.

A interligação entre eles através de cordoalhas de cobre nú gera o


que chamamos de malha de terra.
90

4.9.2 – MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO:

Seja o eletrodo ou haste de aterramento X que queremos medir a


resistência para a terra. Aplica-se uma tensão VF entre o eletrodo X e um
outro eletrodo B, fincado no solo pelo operador e separados por no mínimo
30 m. A haste C é chamado eletrodo “sonda”, que deve ser deslocado
através da reta XB, (por exemplo de metro em metro), em direção ao eletrodo
B. Em cada ponto (de metro em metro) que C é fincado, anota-se a distância
(d) e a tensão VXC apresentada no voltímetro. A experiência mostra que a
variação dos potenciais ao longo da reta XB segue o gráfico abaixo:

Quando a tensão se estabilizar


(Trecho D´F´) a resistência do
aterramento será dada por:

V XH
RT =
I
91
NBR 5410 pag 142 e 165

NORMA NBR 5410

7.3.5.4 Medição da resistência de aterramento


A medição da resistência de aterramento, quando prescrita, deve ser realizada com corrente alternada,
podendo ser usado um dos dois métodos descritos no anexo J.

NOTA: Quando for inviável a medição da resistência de aterramento, usando-se métodos como os descritos no anexo J,
face a dificuldades práticas na constituição dos eletrodos auxiliares (caso de centros urbanos, por exemplo), a
verificação desse ponto, em esquemas TT, pode ser substituída pela medição da impedância (ou resistência) do
percurso da corrente de falta, que representa, nesse caso, uma alternativa mais conservadora.

Anexo J
(normativo)
Medição da resistência de aterramento
J.1 Os métodos descritos em J.1.1 e J.1.2 podem ser utilizados quando for necessária a medição da
resistência de aterramento.
J.1.1 Método 1 (ver figura J.1)

Figura J.1 􀂲 Medição de resistência de aterramento 􀂱 Método 1


onde:
T é o eletrodo do aterramento a ser medido, desconectado de todas as
outras fontes de tensão;
T1 é o eletrodo auxiliar;
T2 é o segundo eletrodo auxiliar.

J.1.1.1 Uma corrente alternada de valor constante circula entre o eletrodo de


aterramento sob ensaio T e o eletrodo auxiliar T1. A localização de T1 deve
ser tal que não haja influência mútua entre T e T1.
92
J.1.1.2 Um segundo eletrodo auxiliar, T2 , que pode ser uma pequena
haste metálica cravada no solo, é inserido a meio caminho entre T e T1. A
queda de tensão entre T e T2 é medida.

J.1.1.3 A resistência de aterramento do eletrodo T é igual à tensão entre T e


T2 dividida pela corrente que circula entre T e T1 , presumindo-se que não
haja influência mútua entre os eletrodos.

J.1.1.4 Para verificar se o valor de resistência está correto, duas novas


medições devem ser realizadas, deslocando-se T2 cerca de 6 m na direção
de T e, depois, 6 m na direção de T1. Se os três resultados forem
substancialmente semelhantes, a média das três leituras é tomada como
sendo a resistência de aterramento do eletrodo T. Do contrário, o ensaio
deve ser repetido com um espaçamento maior entre T e T1.

EQUIPAMENTOS ESPECIAIS PARA MEDIÇÃO DE RESISTÊNCIA DE


ATERRAMENTO (TERRÔMETROS)

OBSERVAÇÃO:
1) Na prática, para se saber se a resistência de terra está dentro
dos parâmetros mínimos estabelecidos, é preciso medi-la.
Mesmo nas instalações onde o aterramento é previamente
projetado, após a conclusão da obra, é necessário medir a
resistência de terra. Outras medições periódicas devem ser
realizadas para acompanhar o comportamento dessa
resistência ao longo do tempo.
93

Choque em chuveiro
Tensão de TOQUE e tensão de PASSO: Se uma corrente está
fluindo pelo eletrodo de terra haverá uma distribuição de
potencial no solo, tanto maior quanto maior for a resistência de
terra e a corrente:
94
Obs: Aterramento temporário:

Utilizado na prevenção de energização acidental de redes


elétricas tanto em alta como em baixa tensão.
Video relacionado: REDE PRIMARIA 13.8 KV REALIZANDO A INSTALAÇÃO DO ATERRAMENTO TEMPORARIO
PARTE 3

4.10 – HI-POT’s

HI Hight
POT Potencial
Com o crescimento da tecnologia e consequentemente de
aparelhos com tensões cada vez mais elevadas, tais como: cabos
isolados, transformadores, isoladores, chaves de manobra,
disjuntores, pára-raios, etc., todos eles para extra alta tensão
(230kV, 345kV, 500kV, 750kV e até 1MV), foi necessário o
desenvolvimento de equipamentos de testes que pudessem
submeter os equipamentos de energia a tensões de prova
compatíveis e que permitissem avaliar mais eficazmente o poder de
isolação dos dielétricos usados. Para isso foram criados os HI-POT
´s. Podem ser tanto de DC quanto de AC.

Equipamento Hipot de AC

Equipamento Hipot de AC
95

Tem saídas de tensão de 25 a 200 kV – AC.


A série de equipamentos Hipot de corrente alternada permite a
realização de ensaios de cabos elétricos de AC, máquinas rotativas
e outros equipamentos elétricos. Caracteriza-se por reduzidas
dimensões e peso, por ser de fácil operação e apresentar saída de
tensão senoidal, elevadas potências de saída e frequência variável.
É fornecido em modelos com saídas de tensão de 25 a 200 kVAC.

 Conhecidos também como Medidores de Rigidez Dielétrica, Testadores


de Segurança Elétrica ou ainda Teste de Tensão Aplicada.
 Fazem testes de segurança elétrica em equipamentos e produtos
eletro-eletrônicos.
 Diversos modelos, opcionalmente fazem testes de Resistência de
Isolação, Teste de Resistência de Terra, Teste de Fuga de Corrente e
Arco Voltáico.

Equipamento Hipot– DC

Aparelho para teste em corrente contínua com tensão de prova até


120 kV em DC.

4.11- GRAUS DE PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS:

Quando se adquire um equipamento elétrico, como um motor


por exemplo, é necessário que ele possua uma proteção inerente
ao serviço que ele vai desempenhar, sendo dessa forma capaz de
evitar danos físicos as pessoas, (choque elétrico, ferimentos por
partes móveis) e danos ao próprio equipamento como a penetração
de corpos sólidos estranhos, poeira ou água.

Assim, “Grau de Proteção” são medidas aplicadas aos invólucros dos


equipamentos elétricos visando:
96
a) Proteção de pessoas contra o contato com partes
energizadas sem isolamento; contra contato com as partes
móveis no interior do equipamento (rotor p. ex.) e proteção
contra a entrada de corpos sólidos estranhos.
b) Proteção do equipamento contra a entrada de água ou corpos
sólidos em seu interior.

TABELA DE GRAU DE PROTEÇÃO - NBR IEC 60529

Tab. I - Graus de proteção contra a penetração de objetos sólidos


estranhos indicados pelo primeiro numeral característico
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção
0 Não protegido
1 Protegido contra objetos sólidos de Ø 50 mm e maior
2 Protegido contra objetos sólidos de Ø 12 mm e maior
3 Protegido contra objetos sólidos de Ø 2,5 mm e maior
4 Protegido contra objetos sólidos de Ø 1,0 mm e maior
5 Protegido contra poeira
6 Totalmente protegido contra poeira
 Tab. II - Graus de proteção contra a penetração de água
indicados pelo segundo numeral característico
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção
0 Não protegido
1 Protegido contra gotas d'água caindo verticalmente
Protegido contra queda de gotas d'água caindo verticalmente
2 ou inclinação até 15°
3 Protegido contra aspersão d'água
4 Protegido contra projeção d'água
5 Protegido contra jatos d'água
6 Protegido contra jatos potentes d'água
7 Protegido contra efeitos de imersão temporária em água
8 Protegido contra efeitos de imersão contínua em água

Fonte: Revista Eletricidade Moderna (EM), julho, 2005

Exemplo:
A placa de identificação de um motor elétrico está mostrada abaixo
onde aparece o grau de proteção IP55
97

Significa: Protegido
contra poeira e
Protegido contra jatos
de água.

CLASSES DE ISOLAMENTO:

É a temperatura máxima que o isolante pode suportar sem perder as


suas características isolantes.

Atualmente o material isolante mais utilizado em motores elétricos tem


classe de temperatura B. Isto significa que estes materiais, instalados em
locais onde a temperatura ambiente é no máximo 40º C, podem trabalhar
com uma elevação de temperatura de 90 ºC continuamente sem perder suas
características isolantes.

Classe Isolamento A = temperatura do ponto mais quente = 105 º C


Classe Isolamento E = temperatura do ponto mais quente = 120 º C
Classe Isolamento B = temperatura do ponto mais quente = 130 º C
Classe Isolamento F = temperatura do ponto mais quente = 155 º C
Classe Isolamento H = temperatura do ponto mais quente = 180 º C
Classe Isolamento C = temperatura do ponto mais quente > 180 º C
98

CAPÍTULO 5
TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTOS
5.1 – INTRODUÇÃO:
As altas tensões e as altas correntes presentes em Sistemas de
Potência não permitem que as mesmas sejam medidas ou manipuladas
diretamente. Para isso, usam-se os “transformadores para instrumentos”,
que são equipamentos elétricos projetados e construídos especificamente
para fazerem funcionar os instrumentos elétricos de medição, controle e
proteção.
São dois tipos de transformadores para instrumentos:
.Transformador de Potencial TP
.Transformador de Corrente TC

1) TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP)


São transformadores para instrumentos cujo primário é ligado
em paralelo com o circuito elétrico que queremos medir a tensão e
o secundário é ligado aos medidores, controladores e/ou à
proteção. Geralmente o secundário é projetado para 115 V. São
também chamados de “Redutores de Tensão”.

TRANSFORMADORES DE POTENCIAL (TP) DE 15KV ATÉ 245KV

2) TRANSFORMADOR DE CORRENTE:
99

São transformadores para instrumentos cujo enrolamento


primário é ligado em série com a corrente que se quer medir e o
enrolamento secundário é ligado em série com as bobinas de
corrente dos medidores e dispositivos de controle e/ou proteção. É
também chamado de “redutor de corrente”. A corrente do
secundário geralmente é de 5 A.

5.2 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL:

A figura abaixo mostra o esquema de ligação de um TP.

V1
O TP é sempre
ligado em
PARALELO

V2

Os TP’s tem
N >N
1 2 dando como consequência V <V
2 1 , sendo
por isso considerados na prática como instrumentos redutores de
tensão. Uma tensão elevada V1 é transformada em uma tensão
adequada V2 para os instrumentos de medida e/ou proteção. Os
TP’s são geralmente projetados e construídos com uma tensão
padronizada secundária de 115V, sendo a tensão primária
dependente de onde será aplicado.

As mais usuais tensões fase-fase são:


2.300/115V, 13.800/115V, 23.000/115v, 34.500/115v,
69.000/115V, 138.000/115V etc.

Exemplo: Em um TP de 13.800/115 V, quando a tensão da linha


primária cai para 12.600v qual é a tensão de saída do TP?
100

13 . 800 12 .600
RTP = =120 → =105 V
115 120

A tensão do secundário “acompanha “ a tensão do primário na


mesma proporção, ou seja, pela relação de transformação.

OBS:

1) Os TP’s podem ser construídos para serem ligados na tensão de


linha (fase-fase: caso da medição a 2 elementos) ou fase terra
(caso de medição a 3 elementos), quando sua tensão vem dividida
por √3 .
Exemplos:
TP 13.800/ √ 3 :115/ √ 3 ou 115V
TP 69.000/ √ 3 :115/ √ 3 ou 115V
101

2) Os TP’s são projetados e construídos para suportarem


sobretensões de até 10% em regime permanente sem nenhum
problema.

3) Como os TP´s são construídos para alimentar instrumentos de


alta impedância interna (voltímetros, bobina de potencial de
medidores de energia, relés de tensão, etc.). A corrente secundária
I2 é muito pequena, assim se diz que os TP’s funcionam quase a
“vazio”. Por isso eles levam o nome de TP, pois funcionam como
transformadores de potencial (tensão) e praticamente quase
nenhuma potência é transferida do primário para o secundário
(somente tensão).

5.2.1 – RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO NOMINAL E REAL DO TP:

a) Ralação Nominal (RTP):

É a relação entre o valor nominal da tensão primária e


secundária para as quais o TP foi projetado e construído, sendo
indicada na placa do TP, Na prática é considerada uma constante e
é muito aproximada da relação de espiras.

V 1 N1
RTP= ≃
V 2 N2

b) Relação Real ( kR):

Como os TP´s são equipamentos eletromagnéticos, a cada


tensão V1 corresponde a uma tensão V2 e também depende da
“carga” ligada ao secundário do mesmo.

V1 V '1 V n1
=K R =K R . . .. . n = K nR
'
V2 V '2 V2

Esses valores de KR são muito próximos entre si porque os TP


´s são projetados e fabricados sob condições especiais e com
materiais de boa qualidade. Quando os TP´s são utilizados na
102
medição de energia para faturamento, um “pequeno erro” pode
afetar o relacionamento cliente x concessionária.

Exemplo: Um TP 13.800/115v tem o primário ligado às fases de um


sistema de AT. A indicação do voltímetro ligado do lado BT é 113v.
Qual é a tensão primária? RTP = 120.
V1 = 113x120=13.560v.

5.2.2 – CLASSE DE EXATIDÃO DOS TP’s:

a) Erro de Relação de Transformação:

Como vimos anteriormente, sendo os TP´s equipamentos


eletromagnéticos, eles estão sujeitos a erros de relação, ou seja,
medindo-se uma tensão V2 no secundário e aplicando-se a RTP não
temos garantia absoluta que a tensão primária será V1 = RTPxV2.
Assim, existe um erro de relação dado por:

RTP MEDIDA −RTP NOMINAL RTP MEDIDA−RTP NOMINAL


ε ABS = ou ε %=ε RELATIVO = ×100
RTP NOMINAL RTP NOMINAL

b) Erro de Fase

Novamente como o TP trata-se de um equipamento


eletromagnético, a tensão V2 não estará em fase com a tensão V1 e
existirá um erro também no Ângulo entre V1 e V2, chamado de erro
de fase.

Assim, os TP´s terão classes de exatidão de acordo com a


aplicação:
103

OBS: Nas medições comuns como de tensão, frequência e


alimentação de relés de sobre e sub tensão, o erro mais importante
é o de relação. Mas em aplicações tais como medição de energia e
relés especiais (relé de impedância por exemplo), o erro de fase
também torna-se importante, pois afeta também o Fator de
Potência e consequentemente a energia reativa medida.

5.2.3 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DOS TP’s:

a) Tensão secundária: 115V ou 115/ √ 3

b) Tensão primária: depende da tensão de linha ou fase-terra onde


o TP vai ser inserido.

c) Classe de exatidão: 0,3 - 0,6 - 1,2% de erro máximo.

d) Potência térmica: Maior potência aparente que um TP pode


alimentar na tensão e frequência nominal sem exceder a
temperatura máxima suportável pelo mesmo.

e) Nível de isolamento: Máxima tensão suportável pelo TP sem


comprometer seu isolamento.

Na utilização do quadro acima, deve-se escolher o nível de


isolamento imediatamente superior a tensão nominal de operação
do TP. Assim, um TP para ser ligado em 13.8kV deverá ter seu
nível de isolamento especificado em 15kV.

f) Se um TP alimenta vários equipamentos elétricos, todos eles


devem ser ligados em paralelo ao secundário do TP para ficarem
submetidos à mesma tensão.

g) Quando se empregam TP’s para alimentar medidores de energia


para faturamento de consumidores, as concessionárias não
permitem outros instrumentos ou dispositivos no secundário desse
104
TP, tais como voltímetros, relés, lâmpadas sinalizadoras, etc.,
para não comprometer a exatidão da medição.

5.2.4 – POLARIDADE DOS TP’s:

Quando um TP alimenta apenas voltímetros, sinalização e


relés de tensão, a sua polaridade não precisa ser levada em
consideração mas, quando o TP alimenta instrumentos de relação
como watímetros, medidores de energia, fasímetros, etc., a
polaridade é de extrema importância. A bobina de potencial desses
instrumentos deve ser ligada ao terminal secundário do TP que
corresponda ao terminal primário pois, caso contrário a tensão
secundária estará defasada de 180º da tensão primária e isso
implicará em grandes erros na medição.
Como determinar a polaridade dos TP’s? Diz-se que o terminal
secundário X1 tem a mesma polaridade de um terminal primário H1
se a tensão no terminal primário for positiva e o terminal
secundário também.
Essa característica vem marcada com um ponto nos terminais
correspondentes.

XSC1

Ext Trig
+

1 B
_
A
+ _ + _

V1

220 Vrms
60 Hz
. .T1 2

0° 3
NLT_PQ_4_10

0
105
XSC1

Ext Trig
+

1 _
A B
+ _ + _

V1

220 Vrms T1 3
60 Hz
0° 2
NLT_PQ_4_10

Com uma fonte DC e um LED ou voltímetro DC analógico,


pode-se determinar a polaridade do TP:

Ao se fechar a chave, se a polaridade for a indicada o LED


deve piscar, caso contrário o LED permanecerá apagado.

Prática: Determinando a RTP do TP do laboratório:


O TP do laboratório não tem indicação da tensão secundária. Para
determinara a RTP faça o seguinte procedimento:

Cuidado! Não ligue nunca do lado secundário pois,


gera ALTA TENSÃO no primário.

1) Aplique 220V no primário do TP (lado 13.8kv) e meça a tensão


no primário e secundário. Com as duas tensões calcule a RTP e a
tensão nominal primária.

2) Com uma pilha, um LED e um voltímetro tente descobrir a


polaridade desse TP. Novamente cuidado. Se você aplicar a pilha no
lado secundário no primário aparecerá, ainda que em forma de um
pulso de curtíssima duração, uma alta tensão.

5.3 – TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC):


106

A figura abaixo mostra o diagrama esquemático da ligação do


Transformador de Corrente (TC), ou seja, ele deve ser ligado em
série com a corrente que se quer medir:
107
Na construção do TC, temos N1<N2 o que ocasionará I2<I1,
sendo por isso considerado como “redutor de corrente”, pois uma
corrente elevada I1 é transformada em uma corrente reduzida I2 de
valor suportável pelos instrumentos de medição, proteção e
controle usuais.

5.3.1 – CARACTERÍSTICAS DOS TC’s:

O enrolamento primário dos TC’s é construído com poucas


espiras (uma, duas ou três espiras), feitas de cobre de grande
bitola para suportar as pesadas correntes de carga.

Os TC’s são construídos para uma corrente secundária


padronizada de 5 Ampères, sendo que a corrente primária nominal
dependente de onde vai ser aplicado o TC. No comércio são
encontrados TC’ s de 50/5 A, 100/5 A, 200/5 A, 300/5 A, 400/5 A,
800/5 A, 1000/5 A, etc. Isso significa que:

a) Quando o primário é percorrido pela corrente nominal, no


secundário teremos 5 A.

b) Quando a corrente no primário varia entre 0 A até o valor


nominal, no secundário a corrente varia de 0A a 5A
respectivamente, seguindo a mesma proporção da relação de
transformação do TC.

Exemplos:

1) Determinar os TC’s para serem ligados a três amperímetros para


medir a corrente de um motor de 100 CV/380 V. Desenhar o
diagrama correspondente:
108

Solução: Um motor de 100 CV tem uma corrente nominal a plena


carga de 142 A. Assim, TC´s de 200/5 A seriam suficientes para
alimentar os amperímetros;
T1
OBS IMPORTANTE:
MOTOR Os amperímetros
T2
M deverão ser de 200/5 A
(a mesma relação dos
T3 TC’s) e fundo de escala
de no mínimo 200 A.

2) Qual a corrente que circulará pelo amperímetro quando o motor


estiver trabalhando a 70% da potência nominal e qual a indicação
do Amperímetro?

Solução: 70% de 150 A = 105 A

RTC = 40  assim, 105÷40=2,625 A


A indicação do amperímetro será 105 A.

3) Determinar os TC´s para medição de energia em


transformadores de 75kVA, 112,5kVA, 150kVA e 225kVA/380V.
109
Solução: Basta calcular a corrente nominal secundária desses
trafos:

75000 kVA
=114 A ⇒ TC→150 /5 A
75kVA Corrente Nominal = √ 3×380 V

112500 kVA
=171 A ⇒TC →200/5 A
112,5kVA  Corrente Nominal = √ 3×380 V

150000 kVA
=228 A ⇒ TC→300/5 A
150kVA Corrente Nominal = √ 3×380 V

225000 kVA
=342 A ⇒TC →400 /5 A
225KVA Corrente Nominal = √ 3×380 V

4) Uma unidade consumidora é alimentada por um transformador


de 150kVA/13.8kv-380/220v, cujas bobinas de corrente do medidor
de energia são acionadas por 03 TC´s de 300/5 A e as bobinas de
potencial diretamente da tensão da rede.

A leitura do medidor de energia foi a seguinte:

30/março = 23.456kWh
30/abril = 23.985kWh

Qual é o consumo real dessa unidade?

Solução: Consumo “virtual” = 23.985-23.456=529kwh


Como as correntes estão divididas por 300/5 = 60, o consumo real
será: 529x60=31.740kwh.

*5) O campus da Univasf de Juazeiro possui 2 transformadores de


750kVA/13.8kV-380/220V instalados na S/E, perfazendo uma
potência instalada de 1.500kVA. Operando apenas 1 o outro ficando
de reserva. a) Especificar os TP´s e TC´s para a medição da
energia consumida. b) Qual a constante que devemos multiplicar a
leitura do medidor para encontrar o consumo real?

OBS: A Resolução 414/ANEEL/2010 estabelece que para


transformadores acima de 225kva a medição deve ser efetuada em
AT (Alta Tensão).

Solução: (medição a 2 elementos)


110

Especificação dos TP’s: 13.8/115 = 120 (RTP) Erro máximo 0,3%

Especificação dos TC’s:


750kVA
=31, 4 A
Corrente primária = √3×13 .8kV Usar TC’s 50/5 = 10(RTC)

Constante de medição=RTPxRTC=120x10=1.200. Assim, toda


leitura do medidor de energia deve ser multiplicada por 1.200 para
se chegar ao consumo real.

O medidor instalado nesse unidade é o mostrado abaixo:

Calcule a constante de faturamento para essa unidade:

RTP × RTC
k FATURAMENTO = × Ke
1000
Onde:
RTP = Relação do TP
RTC = Relação do TC
Ke = Constante do Medidor.

No caso, essa medição é a 3 elementos, com TP´s de


13.800/√3:115, ou seja, a RTC é de 70.

70 × 10
k FATURAMENTO = × 0,3=0,21
1000
111

OBS:
1) Nos transformadores normais como no caso dos TP´s, a corrente primária I1
é consequência da carga colocada no secundário que consome uma corrente I2
(A corrente I1 é a corrente I2 refletida).

No caso dos TC’s a corrente I1 é pré existente pois I1 está em série com o
circuito de potência. Dessa forma, a corrente I2, pela relação de transformação
(RTC) é que depende de I1. Como continua válido a relação de transformação,
V 1 I2 V 1. I1
= V 2=
V 2 I 1 ou I 2 , se forçarmos I a cair para “zero” com a abertura do
2
secundário, teremos:
V 1. I 1
lim I →0 →∞
2 I2 pois, V1 é muito pequeno mas diferente de zero e I1 é o
valor da corrente que queremos medir. Dessa forma nunca podemos deixar o
secundário do TC aberto, para não provocar uma sobre tensão no secundário e
danificar o TC.

*Nunca se deve colocar fusível no secundário dos TC’s.

5.3.2 – ERRO DOS TC’s:

RTC NOMINAL−RTC MEDIDA RTC NOMINAL−RTC MEDIDA


ε TC = ε TC %=( )×100
Erro de relação: RTC NOMINAL RTC NOMINAL

Erro de ângulo de fase: É o ângulo β da defasagem entre as


correntes I2 e I1.
112

5.3.3 – CLASSE DE EXATIDÃO DOS TC’s:

Os erros de relação de transformação e os erros de fase dos TC´s


variam de acordo com a carga colocada no secundário do TC.

Os TC’s podem ser enquadrados nas seguintes classes de erro:

a) Classe 0,3%
b) Classe 0,6%
c) Classe 1,2%
d) Classe 10 ou 20% para proteção.

Considera-se que um TC está dentro da sua classe de exatidão


com uma condição especificada (10% ou 100% da corrente nominal
primária), ou seja, quando o ponto determinado pelo erro de
relação
ε TC e pelo erro de fase β estiverem dentro do
paralelogramo abaixo:

Ensaios: Aplica-se 10% da corrente nominal primária e mede-se a


corrente secundária verificando-se se o erro está dentro do
paralelogramo, depois com 100% da corrente nominal primária.
113
5.3.4 – APLICAÇÃO DOS TC’s QUANTO A EXATIDÃO:

5.3.5 – RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DOS TC’s:

a) Corrente secundária: 5 A

b) Corrente primária: deve ser calculada de acordo com a corrente


máxima que o circuito de potência vai alimentar.

c) Classe de exatidão: Erro máximo que o TC poderá apresentar


(0,3; 0,6 e 1,2%)

d) Carga nominal: Carga de ensaio definida em norma para as


classes de exatidão mostradas acima.

e) Fator Térmico: Fator que multiplicado pela corrente primária


nominal dá o valor da corrente máxima que o TC pode suportar em
regime permanente sem sofrer danos. (Fabricados no Brasil: 1,0;
1,2; 1,3; 1,5 e 2,0)

f) Nível de Isolamento: Define a máxima tensão de linha que o TC


pode trabalhar com garantia de seu isolamento:

g) Corrente Térmica Nominal: Maior corrente primária que o TC


pode suportar com o secundário em curto circuito, durante 1
50 . I P− NOMINAL<I TH <150. I P− NOMINAL
segundo sem se danificar.
114
h) Polaridade: Quando a corrente entra no P1 o terminal de
mesma polaridade S1 é onde sai a corrente.

Quando o TC alimenta apenas amperímetros e relés de


sobrecorrente, a polaridade não tem influência mas, quando
alimenta Watímetros, Fasímetros e Medidores de energia a
polaridade tem importância fundamental.
i) Ligação série: Quando o TC alimenta vários instrumentos as
bobinas de corrente devem ser ligadas em série para serem
percorridas pela mesma corrente.

5.3.6 – TIPOS CONSTRUTIVOS DOS TC’s:

a) Tipo barra

Transformador de corrente cujo enrolamento primário é constituído por uma única


barra, montada permanentemente através do núcleo do transformador.

b)Tipo janela

O enrolamento primário é o próprio condutor do circuito, que passa por dentro da


janela.
115
c)Tipo bucha

Consiste de um núcleo em forma de anel (núcleo toroidal), com enrolamentos


secundários. O núcleo fica situado ao redor de uma “bucha” de isolamento, através da
qual passa um condutor. Este tipo de TC é comumente encontrado no interior das
“buchas” de disjuntores, transformadores, religadores, etc.

d) Tipo Núcleo Dividido ou Partido

É um transformador de corrente tipo janela em que uma parte do núcleo é


separável ou basculante, para facilitar o enlaçamento do condutor primário sem
necessidade de interromper o circuito.

O Amperímetro Alicate é um bom


exemplo de TC de núcleo partido.

Curva típica dos transformadores de corrente:


116

Transformadores de Corrente para serviços de medição

Utilizados para medição de correntes em alta ou baixa tensão, possuem


características de boa exatidão (ex.: 0,3% de erro) e baixa corrente de saturação (4
vezes a corrente nominal).

Transformadores de Corrente para serviços de proteção

Utilizados para proteção de circuitos de alta tensão, são caracterizados pela baixa
exatidão (ex.: 10% ou 20% de erro de relação), mas elevada corrente de saturação
(da ordem de 20 vezes a corrente nominal).

OBS:
Bobina de Rogowski
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
117

Esquema da bobina de Rogowski


Bobina de Rogowski é um dispositivo eletrônico para medição de corrente elétrica, nomeada com o
nome de Walter Rogowski. Em formato de toróide, é um enrolamento uniformemente distribuído em
um núcleo de material não magnético.
A bobina de Rogowski tem a importante propriedade de medir o valor líquido da corrente,
independentemente da geometria do condutor. Seu funcionamento está fundamentado na Lei de
Ampère, e na Lei de Faraday-Neumann-Lenz.
Esta bobina fornece um sinal de saída em tensão elétrica. Devido ao sinal ter uma amplitude
relativamente baixa, concomitante com a presença de ruídos elétricos sobrepostos ao sinal
mensurado, este deve ser tratado eletronicamente e amplificado.
Quando a bobina de Rogowski envolve um condutor por onde passa uma determinada corrente
elétrica a medir, o campo magnético produzido por esta induz na bobina uma diferença de potencial
entre seus terminais, dada por Vo(t) = –M.(di(t)/dt), onde di(t)/dt é a derivada da corrente que passa
pelo condutor, e M é a indutância mútua entre a bobina e o condutor. A indutância mútua é expressa
por M = u0.n.S, sendo u0 a permissividade elétrica no vácuo; n o número de espiras do toróide; S a
área da seção transversal da bobina. A tensão induzida nos terminais da bobina é a imagem da taxa
de variação da corrente , e é de relativa baixa amplitude quando o valor da corrente elétrica é menor
do que a dezena de Ampère. Desta forma, caso se queira medir o valor da corrente propriamente dita,
faz-se necessário o uso de dois circuitos eletrônicos para tratar o sinal convenientemente, a saber: um
amplificador de instrumentação, que amplifica e faz uma pré-filtragem do baixo sinal fornecido pela
bobina; e um integrador eletrônico, para obter a imagem da corrente propriamente dita.

OBS: CONJUNTO DE MEDIÇÃO:

São equipamentos especiais onde, dentro de uma única carcaça


vem incorporados 2 ou 3 TC’s e 2 ou 3 TP´s. Utilizados onde não
for tecnicamente viável a instalação desses equipamentos singelos.
118
OBS: MODELO MATEMÁTICO PARA TP’S e TC’S

Podemos estabelecer modelos matemáticos para os TP’s e TC’s

Os TP´s podem ser representados por uma fonte tensão


controlada por tensão:

TC 10/5A
TP 13.8/115

Os TC´s podem ser representados por uma fonte de corrente


controlada por corrente.

5.4 – CARGA SECUNDÁRIA DE TPS’s e TC’s:

5.4.1 – TP’S:

Os TP’s são equipamentos que tem seu secundário ligado em


paralelo à bobina de potencial de diversos equipamentos de medida
(voltímetros, frequencímetros, wattímetros, medidores de energia,
etc.). Esses equipamentos, apesar de serem de alta impedância,
consomem energia, ou seja, são uma “carga” para os TP’s.
Quando um TP é especificado, na sua classe de exatidão (0,3; 0,6
ou 1,2%), deve-se fazer referência à carga padronizada com que
foi realizado o ensaio.

No circuito abaixo temos um exemplo de ligação de instrumentos


ao TP:
119
Na tabela abaixo temos as cargas principais que um TP
pode ser submetido, com os respectivos consumos:

As cargas padronizadas para ensaios de exatidão dos TP’s são


mostradas abaixo:
120
Exemplo:

1) A placa de um TP tem escrito 0,3WXY ; 0,6Z

Significa que o TP em questão tem classe de exatidão de 0,3%


quando ensaiado com cargas de 12,5; 25 e 75 VA e 0,6% com
carga de 200 VA.

2) Idem 0,3−P 75; 0,6−P 200


Significa que o TP em questão tem classe de exatidão de 0,3%
quando ensaiado com carga de 75VA e 0,6% com carga de 200VA.

Exemplo de especificação de TP:

1) Especificar um TP para medição de energia elétrica a três


elementos sem faturamento e para controle, em que serão usados
os seguintes equipamentos:

a) Medidor eletrônico de demanda e energia ativa e reativa.


Consumo:
Circuito de Potencial: 1 W e 1,8 VA por fase
Circuito de Corrente: 0,1 VA por fase
b) Voltímetro
c) Wattímetro
d) Varímetro
e) Fasímetro

EQUIPAMENTO Watt Var VA


MEDIDOR ELETRÔNICO 5,4
VOLTÍMETRO 7
WATTÍMETRO 4
VARÍMETRO 4
FASÍMETRO 6
TOTAL 26,4
Especificação: Transformador de Potencial, Tensão primária
nominal 13.800V, Tensão secundária nominal 115V, Relação
nominal 120:1, 60Hz, carga nominal de ensaio ABNT P75, classe de
exatidão 0,6 ou 1,2%, tensão máxima de operação 15 KV, Carga
Térmica 500 VA.

OBS: No dimensionamento dos cabos de alimentação dos TP’s, sob


condições normais, é irrelevante a bitola dos cabos, uma vez que a
corrente é muito pequena:
26 , 4 VA
I= =0 ,133 A=133 mA
√3 . 115V
121
5.4.2 – TC’s:

Os TC’s, diferentemente dos TP’s, tem uma corrente que


depende da Corrente primária I1, podendo chegar a 5 A ou mais.
Assim, as bobinas de corrente dos diversos equipamentos, ligadas
em série (amperímetros, wattímetros, varimetros, medidores de
energia,etc.), podem ter uma influência significativa no
desempenho dos mesmos.

CARGA

TC

VÁRIAS CARGAS LIGADAS EM SÉRIE AO TC

Da mesma forma que os TP’s, os TC’s também tem sua classe de


exatidão referenciada a cargas padronizadas:
122

Cargas das bobinas de corrente dos diversos instrumentos:


123

Exemplo:
1) Um TC tem os seguintes dados de placa: 0,3−C 12,5; 0,6−C 25
Isso significa que o TC tem classe 0,3% com carga de 12,5VA e
0,6% com carga de 25VA.

2) Especificar um TC para 500 A, tensão de 380 V, que será ligado


em série com os instrumentos abaixo, colocados a 50 m de
distância com cabo 2,5 mm2:

a) Um amperímetro
b) Um Watímetro
c) Um varímetro
d) Um relé de sobrecorrente
Da tabela tiramos:
INSTRUMENTO VA
AMPERÍMETRO 3
WATTÍMETRO 2,5
VARÍMETRO 2,5
RELÉ 15
CABO 22
TOTAL 45

Nota: A impedância do cabo de 2,5 mm2 é = (8,87+j0,12)


Ohms/km = 8,87 Ω /km em 50 m teremos 0,887 Ω (ida e
2
volta=100m). Potência aparente = S=0 ,887×(5 A ) =22VA
Esse caso mostra que a impedância do cabo é mais significativa do
que a dos instrumentos.
Especificação: TC - Exatidão ABNT 0,6-C50 ou 1,2-C50; 0,6kV de
isolação, relação 500:5 = 100.
124

TC´s de Alta TC de Bucha

VISTA DA BUCHA DE UM TRANSFORMADOR DE FORÇA

OBS: Na prática existem TC’s com vários núcleos. Um dos


enrolamentos secundários destinado a proteção e outro para
medição e ainda os TC’s de vários enrolamentos primários, que
podem ser combinados para promoverem várias relações de
transformação 50/5, 100/5 ou 200/5 A, etc.
125
126
127
128
5.5 – TP CAPACITIVO:

Em sistemas de alta e extra alta tensão é mais econômico a


utilização de TP’s capacitivos no lugar dos TP’s indutivos
convencionais:

A figura abaixo mostra o esquema do TP capacitivo:


129

CAPÍTULO 6
MEDIÇÃO DE POTÊNCIA ELÉTRICA EM CORRENTE
ALTERNADA
130

6.1 – INTRODUÇÃO:

Para a medição de potência elétrica ativa empregamos o


Wattímetro, que tem uma bobina de tensão e uma bobina de
corrente, sendo um instrumento de bobinas cruzadas.

6.2- MEDIÇÃO DE POTÊNCIA EM CIRCUITOS MONOFÁSICOS:

Se V for a tensão aplicada a uma carga e I for a corrente


solicitada por essa mesma carga, então o Wattímetro dará a
indicação da potência ativa solicitada pela carga.

P = V x I x cos φ [Watts]

6.3 – MÉTODOS PARA MEDIÇÃO DA POTÊNCIA ATIVA TRIFÁSICA:

Em sistemas trifásicos equilibrados: P = √3 x VL x IL x cos φ [Watts]

6.3.1 – MÉTODO DOS TRÊS WATTÍMETROS:

Para cargas ligadas em estrela com neutro:

Utilizam-se três Wattímetros (um em cada fase), conforme


figura abaixo. A potência trifásica total será dado pela soma das
leituras dos três Wattímetros mesmo com cargas desequilibradas.
V I

VB

IB

VA

220 Vrms 220 Vrms 220 Vrms


220 V 220 V 220 V
IA
60 Hz 60 Hz 60 Hz
0° 120° 240° IC

VC

P3 F=P A +PB +PC


Pode-se usar também um único Wattímetro, se não dispuser
dos três (contanto que a carga seja constante), fazendo a medição
131
em cada fase e somando-se no final. As cargas podem ser
equilibradas ou não.
Neste caso temos 4 fios (três fases e o neutro). A medição chama-
se “Medição a três elementos”.

6.3.2 – MÉTODO DOS DOIS WATTÍMETROS:

Este método pode ser empregado em sistemas trifásicos onde


não temos neutro ou bifásicos com neutro, mesmo que a carga seja
desequilibrada.

No circuito mostrado acima prevalecem as relações:


I A+ ⃗
I B+ ⃗
I C =0 Lei dos nós de Kirchhoff

V AB +V BC +V CA =0 Tensões da fonte são equilibradas.

A Potência aparente é dada por S 3 f =V AN .I A +V BN .I B +V CN . IC


Tirando o valor de Ic teremos:

I C =−I A −I B Substituindo fica:


S 3 f =V AN . I A +V BN . I B +V CN .(−I A−I B )
¿V AN . I A+V BN . I B−V CN . I A−V CN . I B
¿(V AN −V CN ). I A +(V BN −V CN ). I B
¿(V AC . I A +V BC . I B ) [ V . A ]volt .ampere

Ora, o Wattímetro inserido na Fase A mede a parte real de


VAC.IA e o Wattímetro ligado na Fase B mede a parte real de VBC.IB.
A soma dessas partes reais é a potência trifásica.

Portanto, para medirmos a potência em circuitos trifásicos a 3


fios ou bifásicos com neutro (2F+N), precisamos de dois
wattímetros (medição a dois elementos).
132
A soma das leituras dos dois Wattímetros é a potência trifásica.

6.3 – TEOREMA DE BLONDEL:

Em 1893 um engenheiro e matemático André E. Blondell enunciou


a primeira base científica para a medição de potência polifásica:

Teorema: Se a energia se conecta a uma carga com M fios, a


potência pode ser medida a (M -1) fios.

Seja o sistema abaixo polifásico com M fases com tensões


equilibradas:

Condições iniciais:
V AB =V BC =V CD =.. ...=V DM (módulo) Sistema de tensões equilibrado.
I A+ I B + I C + I D +. .. . .+ I M −1 + I M =0
S=V AN . I A +V BN . I B +V CN . I C +V DN . I D +.. .. .+V ( M−1) N +V MN . I M

Desse sistema podemos tirar: I M =−I A −I B−I C −I D −.. .. .−I M−1


Substituindo na fórmula da potência aparente teremos:

S=V A . I A +V B . I B +V C . I C +V D . I D +. .. . .+V M−1 . I M −1 +V M .(−I A−I B −IC −I D−. .. . .−I M −1 )

S=V A . I A +V B . I B +V C . I C +V D . I D +. .. . .−V M . I A−V N I B−V M I C −V M I D−. .. ..−V M I M −1

S=(V A −V M ). I A +(V B −V M ). I B +(V C −V M ). I C +(V D−V M ). I D +. .. ..+(V M −1 −V M ). I M−1


Mas: (V A−V M )=V AM ; (V B−V M )=V BM ;. .. .. . ..
Assim:
S=V AM .I A +V BM .I B +V CM .I C +V DM .I D+.......+V ( M−1) . I M−1
V →Tensão da penúltima fase para a última
Onde: ( M −1) M
I M−1 =Corrente da penúltima fase

Como pode ser observado na expressão acima, a potência


total independe da tensão da fase M (VMM=0) e nem da corrente da
133
fase M (IM). Assim, a medição de potência pode ser feita sempre
com o nº de “fios” menos 1. Mesmo sendo a carga desequilibrada.

Observação Importante:
Para calcularmos corretamente a potência temos de multiplicar a
tensão pelo conjugado da corrente.
S=V . I ¿

Demonstração:
SejaV =V ˙∠θ aplicada em uma imped â ncia Z=Z ∠ ∅
V V ∠θ
I= = =I ∠ ( θ−∅ )
Z Z ∠∅

S=V . I =V ∠ θ . I ∠ (θ−∅ )=V . I ∠ ( 2 θ−∅ )=V . Icos ( 2θ−∅ ) + jV . I . sen ( 2 θ−∅ ) =P+ jQ

Mas por definição:


P=V . I . cos ∅
Para fazer a soma 2 θ−∅=∅ ou θ=0 e assim o cos ( ∅ )=cos (−∅ )

Ou multiplicamos pelo conjugado da corrente.

Assim:
¿
S=V . I =V ∠θ . I ∠ (−( θ−∅ ) )=V . I ∠ ( +∅ )=V . I . cos ∅+ jV . I . sen ∅

6.4 – O DECIBEL:

6.4.1 – INTRODUÇÃO:
A grande variação nos níveis de potência, tensão,
corrente e pressão sonora, existentes nos sistemas de
áudio e o fato de nossos sentidos comportarem-se de uma
forma aproximadamente logarítmica, fez com que fosse
definido uma unidade logarítmica para formar uma escala
de níveis de sinal, aplicada a níveis de potência ou
grandezas cujo quadrado seja proporcional a potência. Esta
unidade recebeu o nome de Bel (B), em homenagem a
Alexander Graham Bell (o inventor do telefone, 1847-
1922).
O Bel é representado da seguinte forma:

P
Bel=log
P0
Cada variação de 1 bel na escala equivale a uma
multiplicação por 10 no valor da potência. Depois surgiu a
134
necessidade de um submúltiplo, para indicar as
variações menores. Assim, criou-se o decibel:
P
deciBel=10∗log
P0

Onde:
P0= Potência de referência
P=Potência que se quer medir
Log Logarítimo decimal

OBS: Limiar de audição:

Por convenção internacional, definiu-se Po= 10-12


W/m2 como sendo a intensidade auditiva de referência,
relativa a um som simples de frequência 1kHz. Essa
intensidade corresponde ao limiar de audição. Abaixo
dessa intensidade sonora não se percebe mais o som.

Exemplos:

1)Um aparelho de som tem potência de 5 W e outro 200


W. Quantos decibéis tem o segundo em relação ao
primeiro?

200 W
dB=10∗log =16 db
5W

2) Um avião tem um ruído de 120dB. Qual a relação da


potência sonora desse ruído para um ruído do limiar da
audição que tomaremos como referência em 1.
P 12
dB=10∗log =120 ou logP=12 ou ainda P=10
1

Ou seja, a potência do ruído do avião é 1 trilhão de vezes


maior que o limiar da audição.
135
OBS:
O dB é uma unidade relativa, dessa forma, torna-se
necessário sempre especificar a grandeza de referência.

Como a medição de Tensões e Correntes é mais fácil


teremos:
2
V2 V
Como P= e P 0= 0
Z Z

P V I
Teremos: db=10 log =20∗log OU db=20∗log
P0 V0 I0

6.5 – RELAÇÃO DE ONDAS ESTACIONÁRIAS:

Em telecomunicações, Relação de Ondas Estacionárias ou do inglês


STATIONARY WAVE RATIO  (ROE em português e SWR em inglês) é a
relação entre a amplitude de uma onda estacionária em um ponto de máxima
e seu ponto seguinte de mínima, considerando uma linha de transmissão.
Por exemplo, um ROE (SWR) de valor 1.2:1 demonstra que uma máxima
amplitude da onda estacionária é 1,2 vezes maior que o valor do mínimo da
onda estacionária.
Os casos mais comuns para a medição e análise do ROE (SWR) é
quando instala-se e ajusta-se a transmissão de radiofrequência em antenas.
Quando um transmissor é conectado a uma antena por meio de cabos, a
impedância da antena e a impedância característica do cabo devem realizar
o que é chamado de casamento de impedâncias. Isso garante que a máxima
energia é transferida do cabo para a antena.
A impedância da antena varia dependentemente de alguns fatores: A
resposta natural da antena de acordo com a frequência aplicada, o
comprimento da antena e o diâmetro dos condutores usados para construir
as antenas.
Quando uma antena e seu cabo de alimentação não estão com as
impedâncias casadas, uma parte da energia elétrica não é transferida para
antena. A energia não transferida então é refletida em forma de uma onda
que volta para o transmissor. A interação entre as ondas refletidas e as
fornecidas pelo transmissor causa padrões de ondas estacionárias. A
energia refletida de volta apresenta três problemas em transmissão de
radiofrequência: As perdas de potência nas ondas transmitidas aumentam,
criam-se distorções no transmissor devido à energia refletida e danos aos
circuitos do transmissor podem ocorrer.
Um casamento entre a impedância da antena e a impedância da linha
(cabo) é feito geralmente usando um Casador de Impedância (antenna
tuner). O casador de impedância pode ser colocado entre o cabo (linha de
136
transmissão) e a antena. Em ambas as posições, será possível casar os dois
elementos e, assim, o transmissor irá operar com um valor baixo de ROE
(SWR).

VISTA DE MEDIDORES DE ROE

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