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NEUROANATOMIA

Prof. Andréa Debatin Amorim


Filogênese do Sistema Nervoso

• Filogênese é o estudo do desenvolvimento do sistema


nervoso nos seres vivos de composição simples ou
primitiva até evolução ao sistema mais complexo.
O início da vida deu-se no meio aquático por seres
unicelulares (célula única), entretanto, para manutenção da
sua continuidade, só as estruturas que desenvolveram um
tipo de sistema de defesa sobreviveram e deixaram
descendentes.

Somente as que desenvolveram a capacidade de evitar ou


diminuir lesões fatais a sua estrutura celular se
destacaram.
Origem de alguns reflexos
• A evolução do sistema nervoso ocorreu devido a
necessidade de adaptação ao meio ambiente.
• Para isso três propriedades das células se sobressaíram
e foram desenvolvidas;

• Irritabilidade ou propriedade de ser sensível a um


estímulo. Permite a uma célula detectar as modificações
do meio ambiente e produzir uma reação.
• Condutibilidade é a capacidade de desencadear uma
resposta em outra parte da célula.

• Contratilidade é a capacidade de gerar movimento ou


encurtamento visando fugir de um estímulo nocivo.
• Um organismo unicelular como a ameba apresenta todas
as propriedades do protoplasma. Em uma experiência no
micromanipulador quando uma agulha tocou a ameba foi
observado que lentamente ela se afasta do ponto onde
foi tocada, ou seja, ela é sensivel e conduz informações
sobre o estímulo nocivo executando retração local.
• Entretanto, este é um ser de reações rudimentares e não
se especializou em suas reações.
• Em seres um pouco mais complicados como as esponjas
(phylum Porifera), encontra-se células em uma parte do
citoplasma que se especializou para contração e outras,
situadas na superfície, desenvolveu mais as propriedades
da irritação (sensibilidade) e condutibilidade.

• Essas células musculares primitivas são encontradas no


epitélio que reveste os orifícios que permitem a
penetração da água no interior das esponjas.

• Substâncias irritantes colocadas na água sensibilizam as


células especializadas que transmitem a informação para
as células executarem a contração.
• Com o aparecimento de metazoários (multicelulares c\
sistema digestório) mais complicados, as células
musculares passaram a ocupar posição mais profunda,
perdendo o contato direto com o meio externo ( permitiu
desenvolvimento estrutural e funcional ).

• Surgiram, então, na superfície, células que se


diferenciam para receber os estímulos do meio ambiente
(externo), transmitindo-os às células musculares
adjacentes.

• Essas células especializadas em irritabilidade (ou


excitabilidade) e condutibilidade foram os primeiros
neurônios que provavelmente surgiranos nos
celenterados.
• Assim no tentáculo de uma anêmola do mar, existem
células nervosas unipolares, ou seja, com um
prolongamento denominado axônio, que faz contato com
as células mais profundamente.

• neurônio único
• multifuncional

• Célula muscular
• Na extremidade dessas células nervosas situadas na
superfície externa, desenvolveu-se uma formação
especial denominada receptor.
• O receptor trouxe outra vantagem ao sistema, afastou da
superfície o sistema nervoso, diminuindo as chances de
lesão, o que poderia ser fatal ao ser vivo.

• O receptor transforma vários tipos de estímulos físicos


(traumas, contato, tato, paladar desenvolvidos mais
tarde) ou químicos (frio, calor, luta, olfato), que podem,
então, ser transmitidos ao efetuador, músculo ou
glândula.

• No correr da evolução aparecem receptores muito


complexos para os estímulos mais variádos, com isso
uma rede de fibras nervosas formadas, principalmente
por ramificações dos neurônios da superfície, permitindo
difusão dos impulsos nervosos em várias direções.
• Este tipo de sistema nervoso difuso foi substituido nos
plantelmíntos (vermes) e anelídios (minhoca) por um
sistema nervoso mais avançado (PC), no qual os
elementos nervosos tendem a se agrupar em um sistema
nervoso central (centralização do sistema nervoso).

• Nos anelídios, como a minhoca, o sistema é segmentado,


sendo formado por um par de gânglios cerebróides e uma
série de gânglios unidos por uma corda ventral,
correspondento aos segmentos do animal. Sendo este
bem mais complexos do que já estudados nos
celenterados.
• No epitélio da superfície do animal temos neurônios que, estão
ligados a outros neurônios cujos corpos estão situados no
gânglio.

• Estes por sua vez, possuem um axônio que faz conexão com
os músculos.

• Os neurônios situados na superfície são especializados em


receber os estímulos e conduzir os impulsos ao centro, por
isso são denominados neurônios sensitivos ou neurônios
aferentes. (teclado PC)

• Os neurônios situados no gânglio e especializados na


condução do impulso do centro até o efetuador, no caso, o
músculo, denominam-se neurônios motores ou eferentes.
• 2 neurônio

• Músculo
• 1 neurônio
Classificação impulsos nervosos e suas
estruturas
• São aferentes os neurônios, fibras ou feixes de fibras que
trazem impulsos a uma determinada área do sistema
nervoso, por exemplo; “o que entra do exterior do epitélio
de revestimento para o interior do corpo”.

• São eferentes os neurônios que levam impulsos do


Sistema Nervoso, neste caso, para executar algo no
sistema corporal.
Sinapse de um Segmento
• A conexão do neurônio sensitivo (aferente) com o neurônio
motor (eferente), se faz atravês de uma sinapse localizada no
gânglio. Temos, assim, em um segmento de minhoca um arco
reflexo simples (intra-segmentar), ou seja;
• Um neurônio aferente
• Seu receptor
• Um centro onde ocorre uma sinapse
• Um neurônio eferente
• Um efetuador (músculos)
• Tal dispositivo permite à minhoca contrair a musculatura do
segmento por estímulo no próprio segmento, o que pode ser
útil para evitar determinados estímulos nocivos (exemp. evita
queimadura mas não asfixia)
Sinapse em vários segmentos
• Devemos considerar que a minhoca é um animal
segmentado e que, as vezes, para que ela possa evitar
um estímulo nocivo aplicado em um segmento pode ser
necessário que a resposta se faça em outros segmentos,
para isso existe no sistema nervoso um terceiro tipo de
neurônio denominado de neurônio de associação (ou
internuncial) que faz associação de um segmento com
outro, gerando um arco reflexo intersegmentar que
envolve mais de um segmento e é um pouco mais
complicado que o anterior, pois envolve duas sinaps e
três neurônios sensitivo ou aferente, motor ou eferente e
de associação.
• Desta forma o estímulo aplicado em um segmento dá
origem a um impulso que é conduzido;
• Neurônio sensitivo ou aferente
• Chega ao centro (gânglio)

• O axônio desse neurônio faz sinapse com o neurônio de


associação, cujo axônio, passando pela corda ventral do
animal, estabelece sinapse com o neurônio motor do
segmento vizinho.

• Deste modo, o estímulo se inicia em um segmento e a


resposta se faz em outro.
Reflexos da Medula Espinhal dos
Vertebrados
• No homem encontramos arco reflexos simples,
semelhantes ao que vimos na minhoca, como por
exemplo o reflexo patelar frequentemente testado pelos
neurologistas.
• Na medula espinhal dos vertebrados, existe uma
segmentação, embora não tão nítida como na corda
ventral dos anelídeos (minhocas).

• Esta segmentação é evidenciada pela conexão dos


vários pares de nervos espinhais.
Evolução dos Três Neurônios
Fundamentais do Sistema Nervoso
• Como vimos, após o aparecimento de estrutruras com
várias camadas celulares, trouxe como consequência a
formação de um meio interno. Em virtude disto, alguns
neurônios aferentes passaram a levar ao sistema nervoso
informações deste meio interno.

• Durante essa evolução tambem ocorreram mudanças na


posição do corpo do neurônio sensitivo
• Anelídeos (minhocas) _ Corpo neurônio no epitélio de
revestimento em contato com o meio externo (unipolar).

• Moluscos _ corpo do neurônio no interior do animal


mantendo um prolongamento na superfície (bipolar).

• Vertebrados _ corpo do neurônio, quase totalidade, em


gânglios sensitivos situados juntos ao sistema nervoso
central, sem entretanto, penetrar nele. Nesta situação, a
maioria dos neurônios sensitivos dos vertebrados é
pseudo-unipopolar.

• P.S _ Axônio possui a capacidade de se regenerar, já o


corpo do neurônio não.
Embriologia, Divisões SN

• O estudo do desenvolvimento embrionário nos permite


entender os aspectos anatômicos, pois os termos
largamente usados para denominar partes do encéfalo do
adulto baseiam-se na embriologia.
• Após a fecundação, ocorrem sucessivas divisões
mitóticas (clivagem), dando origem a uma série de
estágios sucessivos; mórula, blástula e gástrula

• A partir daí, as células começam a se posicionar criando


um espaço dentro do embrião iniciando a fase de
gastrulação para diferenciação dos tecidos.
• Durante o processo da gastrulação surgem,
simultaneamente, três folhetos embrionários.

• O destino final dos folhetos germinativos, na formação


dos tecidos e órgãos humanos são;

• Ectoderma (mais externo);


_ Epiderme e anexos cutâneos (pelos e glândulas
mucosas)
_ Todas as estruturas do SN (encéfalo, nervos, gânglios
nervosos e medula espinhal)
_ Epitélio de revestimento das cavidades nasais, bucal e
anal.
• Mesoderma (intermediária);
_ Forma camada interna da pele (derme)
_ Músculos lisos e esqueléticos
_ Sistema circulatório (coração, vasos sanguíneos, tecido
linfático, tecido conjuntivo)

• Endoderma (interno)
_ Epitélio de revestimento e glândulas do trato digestivo,
com exceção da cavidade anal e oral
_ Sistema respiratório (pulmão)
_ Figado e pâncreas.
• Conforme a descrição acima, dos três folhetos
embrionários é o ectoderma aquele que está em contato
com o meio externo e é deste folheto que se origina o
Sistema Nervoso.

• O primeiro indício de formação do Sistema Nervoso


consiste em um espessamento do ectoderma, situado
acima do notocorda, formando a chamada placa neural.
• A placa neural cresce progressivamente, tornando-se
mais espessa e adquire um sulco longitudinal
denominado sulco neural, que se aprofunda para formar
a goteira neural.

• Os lábios da goteira neural se fundem para formar o tubo


neural.

• O ectoderma não diferenciado, então se fecha sobre o


tubo neural, isolando-o assim do meio externo.

• No ponto em que este ectoderma encontra os lábios da


goteira neural, desenvolvem-se células que formam de
cada lado uma lâmina longitudinal denominada crista
neural, situada dorsalmente ao tudo neural.
• O tubo neural dá origem a elementos do Sistema
Nervoso Central (SNC), enquanto a crista dá origem a
elementos do Sistema Nervoso Periférico (SNP).

• Logo após sua formação, as cristas neurais são


contínuas no sentido cranio caudal, entretanto, ao longo
do desenvolvimento, elas se dividem dando origem a
diversos fragmentos que vão formar os gânglios
espinhais, situados na raíz dorsal dos nervos espinhais,
neles se diferenciam os neurônios sensitivos,
pseudounipolares, cujos prolongamentos centrais se
ligam ao tubo neural, enquanto os prolongamentos
periféricos se ligam aos dermátomos dos somitos.
• O fechamento da goteira neural e, concominantemente, a
fusão do ectoderma não diferenciado é um processo que se
inicia no meio da goteira neural e é mais lento nas suas
extremidades. Assim, em uma determinada idade, temos tubo
neural no meio do embrião e goteira nas suas extremidades
determinando os orifícios neuróporo rostral e neuróporo
caudal.

• O crescimento das paredes do tubo neural não é uniforme,


dando origem as seguintes formações;
a) Duas lâminas alares
b) Duas lâminas basais
c) Uma lâmina do assoalho
d) Uma lâmina do tecto
Separando, de cada lado, as lâminas alares das lâminas basais
há o chamado sulco limitante.
• Das lâminas alares e basais derivam neurônios e grupos
de neurônios ligados, respectivamente, à sensibilidade e
à motricidade.

• Nas lâminas basais diferenciam-se os neurônios motores,


e nas lâminas alares fazem conexão os prolongamentos
centrais dos neurônios sensitivos situados nos gânglios
espinhais.

• O sulco limitante pode ser identificado mesmo no sistema


nervoso do aldulto e separa formações motoras de
formações sensitivas. As áreas situadas próximo ao sulco
limitante relacionam-se com a inervação das vísceras e
as mais afastadas inervam territórios somáticos
(músculos esqueléticos e formações cutâneas).
• A lâmina do tecto, em algumas áreas do sistema nervoso,
permanecem muito fina e dá origem ao epêndima da tela
corióide e dos plexos corioides.

• A lâmina do assoalho, em algumas, permanece no adulto,


formando um sulco, como o sulco mediano do assoalho
do IV ventrículo.
Dilatações do Tubo Neural
• A parte cranial (encéfalo primitivo ou arquencéfalo do
embrião) do tubo neural dá origem ao encéfalo do adulto
e a caudal (medula primitiva do embrião) dá origem a
medula do adulto.

• No arquencéfalo (parte cranial tubo neural) destinguem-


se inicialmente três dilatações, que são as vesículas
encefálicas primordiais denominadas;

• Prosencéfalo
• Mesencéfalo
• Rombencéfalo
• Com o subsequente desenvolvimento do embrião,
• O Prosencéfalo dá origem a duas novas vesículas;

• Telencéfalo
• Diencéfalo

• O mesencéfalo não se modifica.

• O Rombencéfalo origina;

• Metencéfalo
• Mielencéfalo
• O telencéfalo compreende uma parte mediana, da qual
se evaginam duas porções laterais, as vesículas
telencefálicas laterais. A parte mediana é fechada
anteriormente por uma lâmina que constitui a porção
mais cranial do sistema nervorso e se denomina lâmina
terminal. As vesículas telencefálicas laterais crescem
muito para formar os hemisférios cerebrais e escondem
quase completamente a parte mediana do diencéfalo.

• O diencéfalo apresenta quatro pequenos divertículos;


dois laterais (as vesículas ópticas que formam a retina),
um dorsal (que forma a glândula pineal) e um ventral (
que forma a neuro-hipófise)
Cavidade do Tubo Neural
• A luz do tubo neural permanece no sistema nervoso do
adulto, sofrendo, em algumas partes, várias
modificações.
• A luz da medula primitiva forma, no adulto, o canal central
da medua, ou canal do epêndima que no homem adulto é
muito estreito e parcialmente obliterado.
• A cavidade dilatada do rombencéfalo forma o IV
ventrículo.
• A cavidade do diencéfalo e a da parte mediana do
telencéfalo formam o III ventrículo
• A luz do mesencéfalo permanece estreita e constitui o
aqueduto cerebral ou de Sylvius que une o III ao IV
ventrículo.
• A luz das vesículas telencefálicas laterais forma, de cada
lado, os ventrículos laterais unidos ao III ventrículo pelos
dois forames interventriculares.
• Todas as cavidades são revestidas por um epitélio
cuboidal denominado epêndima e, com excessão do
canal central da medula contêm um líquido denominado
liquido-espinhal ou líquor.
Divisões do sistema nervoso
• O sistema nervoso é um todo, sendo a sua divisão
exclusivamente didático.

• O sistema nervoso pode ser dividido, levando-se em


conta critérios anatômicos, embriológicos e funcionais.
• O Sistema Nervoso Central é aquele que se localiza
dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal
vertebral)
• O Sistema Nervoso Periférico é aquele que se localiza
fora deste esqueleto.

• Encéfalo é a parte do sistema nervoso central situada


dentro do crânio neural.

• Medula é a que se localiza dentro do canal vertebral.

• O encéfalo e a medula constituem o neuro-eixo


Divisão do Sistema Nervoso Funcional
• Pode-se dividir o sistema nervoso em sistema nervoso da
vida de relação (somático) ou sistema nervoso da vida
vegetativa (visceral).

• O sistema nervoso somático divide-se em aferente e


eferente.
• O sistema nervoso visceral também divide-se em
aferente e eferente. Este componente eferente do
sistema nervoso visceral é denominado sistema nervoso
autônomo e pode ser divido em sistema nervoso
simpático e sistema nervoso parassimpático
• Pertence ao sistema nervoso segmentar todo o sistema
nervoso periférico, mais aquelas partes do sistema
nervoso central que estão em relação direta com os
nervos típicos, ou seja, a medula espinhal e o tronco
encefálico.
• O cérebro e o cerebelo pertencem ao sistema nervoso
supra-segmentar.

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