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LOGEION wee Filosofiada Informacao ‘DOI: https://doi.org/10.21728/logeion.2022v9n1 .p91-L11 Submetido em: 10/08/2 MEDIACAO DA INFOMACAO E ACAO COMUNICATIVA. HABERMASIANA 12 Publicado em: 13/09/2022 Aceito em: 12/0972 ‘Marli Batista Fidelis! Mestre em Cigneia da Informagao pela UFPE fidelismarlibatista@ gmail.com Henriette Ferreira Gomes? Doutora em Educagao pela UEBA henriettefzomes@gmail.com Resumo Reflete sobre o potencial da mediagio da informagdo como via de fortalecimento para o mundo social da vida ante ‘a0 processo colonizador do mundo dos sistemas, considerando as atuais demandas sociais em Ambito informacional. A Cigneia da Informagao é cada vez mais convidada a encontrar caminhos para refletir sobre seu ‘objeto como motor do desenvolvimento cultural e fortalecimento do mundo social da vida, de maneira a reafirmar sen Ingar enquanto cigncia social. Desse moda, a mediacao da informacao, estando presente em todas as agdes do ciclo informacional, constitui-se base sustentadora de ages que contribuem para que a Ciencia da Informagao ‘cumpra com sua miss#o e responsabilidade sociais ante as ambivaléncias da sociedade. Assim, a teoria da aco comunicativa de Jirgen Habermas pode nos proporcionar um didlogo possivel com as abordagens tebricas da mediagao da informagao, no sentido de encontrar pontos que convergem para eixos integradores do niundo social da vida. Nesse sentido, entende-se que o trabalho com a informagao demanda pesquisadores e mediadores cconscieates que, no aambito da Ciéucia da Informacao, deseavolvam ¢ tomem como referéucia estudos da mediagaio dda informagdo que envolvam esferas apontadas por Habermas como espacos em estado de vulnerabilidade, Palavras-chave: Mediagio da Informago. Ago Comunicativa. Infomacio. Habermas. MEDIATION OF INFORMATION AND HABERMASIAN COMMUNICATION ACTION Abstract It reflects on the potencial of information mediation as a way of strengthening the social world of life in the face ofthe colonizing process ofthe world of systems, considering the current socal demands in te information scope Information Scieace is increasingly invited to find ways to reflect on its object as an engine of cultural development and strengthening of the social world of life, in order to reaffirm its place as a social science. In this way, mediation of the information, being present in all the actions of the informational cycle, constitutes a sustaining base of ‘actions that contribute for Information Science to fulfill ts mission and social responsibilty, inthe face of the ambivalences of society. Thus, Kirgen Habermas's theory of communicative action can provide us with a possible dialogue with the theoretical approaches of information mediation, in the sense of finding points that converge to integrating axes of the social world of life. In this sense, it is understood that working with information demands conscious researches and miediators who, within the scape of Information Science, develop and take asa reference studies os information mediation that involve spheres identified by Habermas as spaces in a state of vulnerability Keywords: Mediation of the information. Communicative action. Information. Habermas. ® Doutoranda em Cigneia da Informagao do PPGCI/Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2 Profa. Titular da UFBA e do PPGCVUFBA. Academica Titular da Academia de Ciéncias da Bahia. (COS) Ess ovr est tcencinda sob uma teens frances Creative Commons Auribution 4.0 Intemational (CC BY-NC-SA 4.0). LOGEION: Filosofia da informagdo, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao 1 INTRODUCAO, ‘A Cigneia da Informagio, como campo das cigneias sociais que investiga as propriedades da informagdo, sua representagio, organizagao, disseminagdo, recuperagao, acesso, uso e apropriagdo, jé tem atentado & realidade complexa na qual a informagio é produzida, compartilhada, colodada em transito e movimento, Trata-se de um contexto marcado por ambivaléncias sociais para povos, culturas e nagdes, onde a informagao pode servir de instrumento tanto para a emancipacao social, quanto para a integracao ideolégica, puramente instrumental, Considerando a missio social da drea da Ciéneia da Informagao e sua responsabilidad ante a sociedade, entende-se que os estudos desenvolvidos por Jiirgen Habermas em sua teoria critica da sociedade podem nos proporeionar um didlogo possivel com os estudos da mediacao da informagio, no sentido de se identificar pontos que converge para eixos integradores do mundo social da vida. A atuagio do profissional da informagao, consciente de seu papel enquanto mediador é o enfoque sobre o qual a Cigncia da Informagio pode contribuir, a partir dos estudos acerca da mediagdo da informagao, com a realizagao de investigagdes que envolvam as esferas apontadas por Habermas como espagos em estado de vulnerabilidade. Nesse sentido, este estudo busca refletir sobre a mediag3o da informagio em didlogo com a teoria da agdo comunicativa, considerando antes de tudo 0 caréter ambivalente da soviedade, como apresentado por Habermas. Aborda o potencial da mediagdo da informagaio ‘como via de fortalecimento para o mundo social da vida ante ao proceso colonizador do mundo dos sistemas, considerando as atuais demandas sociais em ambito informacional. Quanto ao nivel de investigagio, este estudo se classifica como exploratério e quanto ao seu delineamento se caracteriza como bibliogréfico, com adogao da técnica da anélise de conteiido, tendo como objeto as formulagdes teéricas de Habermas no lastro da ago comunicativa e estudos da mediago da informagio. Quanto 4 abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa, a partir da qual se busca apreender a esséneia dos fendmenos e suas relagdes. Entende-se que o estudo se insere nas atuais discusses que dialogam com o pensamento habermasiano na area da Cigneia da Informagao ao reflexionar sobre a mediagio da informagio e sua fungio diante das urgéneias que perpassam os ambivalentes processos informacionais sobre os quais a Cigneia da Informagao dirige suas investigagdes. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao 2 A ACAO COMUNICATIVA HABERMASIANA Jiirgen Habermas tem seus estudos marcados pela eminente preocupago com a consciéncia, a interago © a agdo dos sujeitos ante 0 coletivo, no sentido de rescindir 0 pessimismo dominante, propondo a volta ao projeto de modemidade, tendo como principio a critica ao tecnicismo e ao cientificismo instrumental, que restringem o conhecimento humano a0 dominio da técnica e ao modelo das ciéneias empiricas. Suas ideias se voltam aos estudos da epistemologia, da politica, da ética, para além do cognitivismo e do ceticismo usuais que atenuaram os ideais de racionalidade interacionista e emancipatéria. A valorizagio das experiéneias, do cotidiano, do mundo vivido, do senso comum dos individuos em geral orienta os construtos de Habermas, buscando, com isso, aproximar realidades distantes e isoladas, trabalhando com trés elementos principais: dislogo, linguagem e coletivo (REESE-SCHAFER, 2010). Para Habermas, a atuagao do sujeito precisa ser desvelada na esfera piblica, onde os cidadios expdem e discutem suas ideias, sem a intervengio coerciva extema. Esse modelo habermasiano de atuagio do sujeito € desenvolvido em sua teoria da ago comunicativa, pela qual afirma: [..-] pretendo arguir que uma mudanga de paradigma para o da teoria da comunicagao tomar possivel um retorno a tarefa que foi interrompida com a critica da razio instrumental; ¢ isto nos permnitiré retomar as tarefas, desde entao negligenciadas, de uma teoria critica da sociedade. (HABERMAS, 1989. p. 386), ‘Na teoria da comunicagao, Habermas estabelece a racionalidade comunicativa como critério fundamental para construgdo da argumentagao, justificando uma transformacio social a partir da construgao de noves discursos sobre os conceitos sistémicos ¢ meramente instrumentais. Nesse sentido, a realidade social pode ser dialogada e reconstruida por meio das perspectivas de interagao dos sujeitos. Sua Teoria da Agdo Comunicativa (TAC), publicada em 1981 tem a proposta de romper com a filosofia da conceitualizagao pura, trazendo a filosofia para 0 campo da perspectiva pragmatica da atividade cotidiana comunicativa, sendo considerada a principal obra de Firgen Habermas consistindo em um dos principais fundamentos da filosofia contempordnea (Reese- Schafer, 2010). Aborda questdes éticas e morais dividindo-as em trés possiveis usos da razio pratica: 0 uso pragmatico, 0 uso ético e 0 uso moral. A teoria do agir comunicativo tem como embasamento o entendimento linguistico, fundamento ordenador das relagdes sociais. Os participantes de um contexto comunicativo LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao devem atuar por meio da interagdo dialégica com os demais participantes, buscando o entendimento linguistico, em detrimento das agdes egocéntricas e coercitivas, conferindo significado s suas agdes, tomando-se capazes de compartilhar percepedes, desejos, intengdes, expectativas e conhecimentos. sociedade A teoria social critica de Habermas parte de trés grandes dmbitos de anilis (quanto a reprodugao social), cultura (enquanto transmissio cultural) e personalidade (enquanto socializagiio) em tomo do conceito central de sujeito capaz de linguagem e da ago, um sujeito ‘que emerge da intersubjetividade presente no mundo da vida, que tem como telos de sua ago © dar conta de seus atos. Nesse dar conta, linguagem e aco esto intimamente vinculadas, pois, © médium linguistico & a possibilidade de interagaes livres de coagao, potencializadoras do entendimento mituo e do desenvolvimento do pensamento critico, caracteristicas apontadas como fundamentais para a emergéncia daquele sujeito capaz de linguagem © agao. Evidentemente, se a meta a ser aleangada por esse sujeito & o dar conta de seus atos, trata-se, no final, de um sujeito racional, com um dominio razodvel da linguagem que Ihe possibilite argumentar e com um razoivel autoconhecimento, ou dominio de um conhecimento considerado como importante. (REESE-SCHAFER, 2010). 94 Ou seja, os sujeitos, ao atuarem comunicativamente, se movem no meio da linguagem natural, utilizando interpretagdes que Ihes foram transmitidas culturalmente, para fazer referéncia simultaneamente a algo no mundo objetivo, no mundo social que compartilham, e, cada um, a algo em seu proprio mundo subjetivo. (Habermas, 1987) Esses és mundos compreendem, portanto, uma andlise ¢ uma interpretacao do mundo mediante intengdes comunicativas, que 0s relacionam diretamente com os componentes estruturais do mundo da vida: sociedade (reprodugio social), cultura (transmissio cultural) personalidade (socializagao). Desse modo, a teoria da ago comunicativa apresenta uma possibilidade de transpor a filosofia da conscigneia, inserindo uma nova visio acerca da participagio do sujeito em sociedade, por meio da critica elucidada em perspectiv Freitas (2006, p. 47), de praxis emancipatéria. Conforme [Habermas] se propée a discutir a nocio de racionalidade de uma perspectiva evolutiva de compreeasio moderna do mundo. procurando demonstrar 0 neXo entre a ‘eoria da racionalidade e a teoria da sociedade, sustentando que preciso ums teoria da acao communicativa para simar adequadamente a problemética da racionalizacto social, Habermas pretende revitalizar a proposta de modernidade por intermédio de uma “[...] perspectiva evolutiva de compreensio modema do mundo. ” (FREITAS, 2006, p. 47). Nesse LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao contexto, o diilogo ¢ o consenso dotam o sujeito de competéneias naturais de fala e de ago, permitindo que ele entre em interagio com os outros ¢ com o mundo por intermédio da socializagio de contetdos. Ou seja, para Habermas, a realidade social pode ser reconstruida ¢ dialogada por meio das perspectivas de interagdo de cada individuo. E assim que o fildsofo constréi sua teoria apresentando como fundamento o coneeito dual de sociedade, referindo-a como mundo dos sistemas e como mundo da vida, duas esferas coexistentes na construgao social. © sistema refere-se 4 reproducio material, dinimiea do desenvolvimento, regida pela logica instrumental (adequag3o de meios a fins), incorporada nas relagdes hierérquicas (poder politico) e de intercdmbio (economia), © mundo da vida refere-se a um universo cooperativo de entendimento nmituo, onde os sujeitos, mediante relagdes intersubjetivas, chegam a consensos possiveis, trocam saberes, compartilham vivéncias, exercitam acordos ¢ expressdes significativas, mesmo sem ser necessirio teorizar sobre tudo isso. Ou seja, o mundo da vida é uma base natural que abraga a todos desde o nascimento, Essa relagdo dialética entre 0 mundo da vida e o mundo dos sistemas fundamenta a critica social, suscitando discusses racionais, evolugdo material equilibrada as exigéncias do meio, através da integragao entre a razio dominadora (instrumental) e a razdo emancipatéria: a QS comunicativa, fundada no médium linguistico. Nesse contexto, Habermas sugere um sujeito dotado de uma atitude critica para interpretar e vivenciar 0 mundo, capaz de revigorar suas préprias competéncias, cuja atuagao acontece em uma esfera publica: “...] uma rede adequada para a comunicagio de contetidos, tomadas de posicao e opinides; nela os fluxos comunicacionais sfo filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem em opinides publicas enfeixadas em temas especificos. ” (HABERMAS, 2001, p.92). O espago piblico, portanto, é o lugar ideal para a evolugao da razao comunicativa, pela qual os sujeitos participam de uma interagio intersubjetiva e livre de coergdes, prevalecendo a dialogia como processo para validar o melhor argumento e alcangar © consenso nas situagdes cotidianas da vida. Isso significa que quando o sujeito questiona ou procura entender algo no mundo, 0 didlogo suscita argumentos mediados por enunciados inteligiveis aos interlocutores, sem relagdes de violéncias, prevalecendo relagdes dialégicas, cuja comunicagio sem entraves articula uma condigao ideal de discurso, que [...] pode apenas ser afirmada reflexivamente, com base na unidade de razao (ou em tum conformacao racional do mundo, a ‘realizacdo da razio’). A unidade da razio LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao teérica e da razto pritica toma-se [...] 0 problema-chave das modemnas interpretagdes do mundo, que perderam o carster de imagens do mundo. (HABERMAS, 1989, p. 2) Essa reflexio s6 ser possivel por intermédio de um processo de emancipacio, no apenas como uma abstragio, mas enquanto possibilidade fundada na realidade, concretizada em contexto e condigdes ideais de discurso. Tais condigdes de acordo, jé se encontram inseritas nas relagdes cotidianas voltadas ao entendimento miituo, sendo, portanto, no cotidiano que 0 sujeito emancipado vai modificando suas imagens de mundo, de modo a submeté-las a avaliagdes reflexivas. Para Habermas, a solugo para uma sociedade emaneipada seria a erescente democratizaco da tomada de decisies ¢ a substituigio de consensos obtidos ideologicamente por consensos obtidos comunicativamente através do melhor argumento, € nao por meio da imposigao dos imperativos sistémicos — dinheiro e poder. E dessa maneira que a colonizacio do mundo da vida se estagna, ou mesmo se retrai, possibilitando o revigoramento e utilizagdo dos recursos imanentes ao mundo da vida. Porém, isso nio significa que Habermas se coloca contra as ages instrumentais proporcionadas pela ciéncia e pela técnica. Ao contririo, ele compreende que essa racionalidade instrumental é necessiria 4 manutengdo do homem, suprindo necessidades e ampliando-lhe possibilidades mediante o desenvolvimento tecnolégico, institucional e cultural, 0 posicionamento do filosofo é contra a penetragio desse instrumentalismo em esferas onde deve prevalecer a ago comunicativa, tio recorrente na sociedade contemporinea, A irrupgao da racionalidade instrumental na interagio social tem suscitado patologias sociais que incorrem no individualismo, nos conflitos e nas guerras, aas desigualdades e nas injustigas sociais. Assim, é fundamental que o homem retome seu papel de sujeito ativo através do agir conmunicativo. E necessario que exista um equilibrio entre o mundo dos sistemas e 0 mundo da vida, de modo que um nao se sobreponha ao outro, constituindo, segundo Habermas (2001, p. 215): “Um sistema que tem que cumprir as condigdes de mantimento priprias dos mundos socioculturais da vida [mediante] relagdes de ages sistematicamente estabilizadas de grupos integrados socialmente. Desse modo, para que o mundo da vida reaja ante as investidas do mundo sistémico & preciso que a sociedade seja concebida sob a perspectiva de sujeitos sociais agentes participantes dessa sociedade, fundamentados através de processos comunicativos de (reJeonstrugio sécio-culturais das priticas sociais voltadas 4 busca do entendimento intersubjetivo e de vivéncias solidarias no mundo cotidiano. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao A aco comunicativa é entendida como a solugdo para um problema de coordenago em que varios atores que, através do entendimento linguistico, unem seus planos de ago por mecanismos que favorecem 0 entendimento miituo. Sendo assim, a linguagem atua como a grande protagonista no agir comunicativo, motivando a conviegao e gerando consenso entre os participantes de processos interativos. © acordo nao pode ser forcado ou imposto, nem instrumental, nem meramente estratégico, pois se assim o for, o acordo perde o eariter de conviegdes comuns. Ao contritio, na agdo comunicativa, falantes e ouvintes adotam uma atitude realizativa, no sentido de se entenderem sobre determinado tema e de encontrar a melhor maneira de resolvé-lo consensualmente. Os participantes s6 executam seus planos de agao sob condigdes atingidas consensualmente, 0 que os tornam interdependentes, porquanto s6 podem chegar a um acordo via reconhecimento intersubjetivo das pretensies de validez. (HABERMAS, 2001) O discurso argumentativo é inerente a ago comunicativa, pois & no discurso que as pretensdes de validade podem mostrar-se probleméticas, podendo ser tematizadas e examinadas, ou seja, resolvidas com base em razdes, 0 que caracteriza uma condigio ideal de discurso (HABERMAS, 1990). Desse modo, a condigio ideal de discurso que implica a ago comunicativa tem a ver com a proeminéneia de dimensdes originadas na propria existéncia humana, que emanam da sociedade comunicativamente organizada, das relagdes sociais coneretas desencadeadoras de processos de entendimento. Portanto, sendo a sociedade formada por duas dimensdes que coex istem na construgio social, com caracteristicas, manifestagdes, articulagdes ¢ interesses distintos, os fendmenos so empregados de acordo com as caracteristicas determinantes desses mundos. Nesse sentido entende-se que tanto © mundo da vida, quanto 0 mundo dos sistemas sio alimentados pelo caréter flexivel com que a informagao, (re)articulada ou (re)significada, possibilita uma multiplicidade de usos e de agdes nessa sociedade bidimensional Como aponta Habermas, cada plataforma de mundo coaduna suas proprias forgas diante do jogo dos contrarios, como por exemplo, as formas multidimensionais ¢ estratégicas por meio das quais a informago é controlada, 0 conhecimento construido com fins no coletivos ¢ a logica do capital cada vez mais valorizada. Tais formas determinam as dominagdes de uma esfera de mundo, a do mundo sistémico, sobre a outra, a do mundo vivido, Ou seja, o fendmeno da informagao tanto pode servir & evolugdo social (logica do desenvolvimento) quanto integragdo ideologica, as formas de invasio e coergio (dinémica do desenvolvimento), consistindo em uma ambivaléncia que sera tratada na segao a seguir. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao 3 A INFORMACAO ENTRE AS ESFERAS DE MU? ‘DO © fendmeno da informagio cada vez mais assume seu relevo na cultura planetizia, contribuindo para as inovagdes e as descobertas da ciéneia e com as transformagies da vida em. soviedade. Da organizagio de colegdes (fisicas/digitais) & convergéncia midistica, da gestio organizacional ds necessidades individuais, das tomadas de decisio as estratégias de negécios, das politicas piblicas governamentais as ages comunitarias, a informagio tem se constituido no eixo singular, gerada e geradora de articulagdes que tanto podem coordenar ages orientadas para o entendimento, quanto para interesses finalistas. (MEDEIROS, FIDELIS, 2013). © texto Ambivaléneias da sociedade da informagio de Demo (2000), no qual sto apresentadas as duas faces da sociedade da informaco, encontramos alguns aportes para refletir sobre a informagao nessa sociedade, que, segundo 0 autor, encontra no desenvolvimento do conhecimento tanto a base para emaneipacio social; quanto a mola propulsora da mera competitividade econémica, Nessa direg3o, a informagdo pode ou nao estar inserida em processos de manipulagdo, podendo tanto informer quanto desinformar, sendo, portanto, necessério lidar com essa ambivaléncia, reduzindo e controlando a manipulagao da informagao, Q& mediante a preservagio de ambientes criticos e autocriticos. © desenvolvimento do conhecimento trouxe incomensuriveis beneficios a vida em sociedade, proporcionando, principalmente, o dominio ou os meios para superar os efeitos da agfo da natureza com maior precisio, além do avango dos meios de comunicagao. Nas palavras de Demo (2000, p. 38), “f..] © processo galopante de informatizagao pode ser reconhecido como seu carro-chefe, porque condensa os mais evidentes impactos tedricos e priticos do conhecimento.” Mas esse desenvolvimento também pode ser a via para o aumento da exploragao do outro, mediante a indugao da produgao cada vez mais eélere do que se chama produto intelectual. [...J enquanto para uma menor parte dos trabalhadores ¢ sempre possivel produzir mais ¢ melhor com menos horas trabalhadss, para muitos, sob o efeito da mais valia, & mister trabalhar ainda mais para obter ou manter 0s mesnnos salérios, cuja tendéncia de dectéscimo é geral (DEMO, 2000, p. 38). Essa é uma forma de dominagio colonizadora dos sistemas deslinguistizados, como afirma Habermas (1999), que acontece de miiltiplas formas, inclusive por meio da aprendizagem, da profissionalizagio, do direito, da midia, da informagao, entre outras janelas que limitam nossa forma de visualizar as paisagens da realidade, porquanto so coustruidas e fancionam também como sistema de dominios, dando a falsa impressio de que sfo auténomas LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao Como consequéncia desse processo de colonizagio, surgem as patologias da modernidade que, induzidas por mecanismos sistémicos, caracterizam-se por distorgdes na base informacional/comunicativa do mundo vivido. Em outra perspectiva, 0 mundo da vida é 0 contexto cultural dotado de qualidades naturais que propiciam espagos de fala, mediados pela informagio e pela comunicagio (articulacao de linguagens), e fundamentam a interacao e a acio (HABERMAS, 1999). Esse contexto forma um repertério de sentidos gramaticalmente instituidos pelas pessoas, propiciando um conjunto simbélico de informagdes e representagies que orienta o entendimento miituo e socializa a compreensio, a interpretagao e a ago nos diversos mundos vividos Podemos afirmar que, para o entendimento consensual entre contextos diferenciados, o MV fornece subsidios, por intermédio de um conjunto de sentidos pré-cientificos, que sto formadores da compreensio, da interpretaglo e da aco sobre os fendmenos que integram 0 cotidiano, alimentado por informagdes que renovam 0 acervo simbélico dos sentidos sobre as coisas. Segundo Habermas (1999), é por meio desse conjunto de expressdes gramaticalmente socializadas © simbolicamente articuladas a partir de estruturas internas que formam um QQ areabougo logico entre o ser, 0 crer e 0 estar no mundo, que 0s sujeitos atribuem significados e produzem interpretagdes por intermédio do estoque de experiéneias ou heranca do passado, do senso cultural. Nesses termos, 0 mundo da vida pode se configurar como meméria viva de informagdes e saberes significativos que se renovam ou, no escopo dos mecanismos universais, que formam o proprio mundo da vida: a cultura, a sociedade e a personalidade. Fé 0 mundo sistémico é a plataforma de atuagao de instrumentais e funcionalistas, que buscam autopromocio e fortalecimento pleno nas ages do Estado, das empresas, do capital de giro, da técnica e da ciéneia como ideologia, das barreiras no acesso a informagao nos arquivos, bibliotecas, museus e demais unidades de informacio. Enfim, em toda sorte de atividades fancionais-instrumentais que conferem cada vez mais poder aos sistemas integradores da ordem consequentemente, aos imperativos que o alimentam: dinheiro e 0 poder. ‘Nessa dimensio, ambientes que deveriam ser centros de efervescentes agdes imbuidas de solidariedade e voltadas ao coletivo, como menciona Demo (2000), restringem-se a ferramentas estritamente ligadas ao espirito capitalista, “...] perfazendo 0 pano de fundo da competitividade sem limite.” A urgéncia que tem se imposto ¢ 0 atendimento aos clamores do mercado, de modo que centros de educagao e informagio abdieam dos interesses coletivos que ihe sao inerentes em prol de interesses finalistas e nao sociais. (DEMO, 2000) LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao Prevalece, pois, a dimensio técnico-cientifica, instrumental e teleolégica da razio, orientada a manipulagio ¢ a dominagao do estado de coisas. Nesse sentido, atentemos a Habermas (2001), quando se coloca contra o conceito de razio enquanto instincia autorreflexiva, centrada no sujeito cognoscente, e autorreferencial, capaz de agir sobre a natureza e sobre a sociedade. Contritio a isso, o autor acredita que a razio nio esta pronta e nem acabada, mas se constréi a partir da argumentacao e do entendimento entre os sujeitos, implicando dizer que a razio é interpessoal e nao subjetiva. Este conceito de racionalidade possui conotagdes que, em tiltima instancia, alcanga a experiéncia central da capacidade de reunir sem coagdes e de gerar consenso que tem uma fala argumentativa em que diversos participantes superam a subjetividade inicial de seus respectivos pontos de vista e a favor de uma comunidade de conviegdes racionalmente motivadas se asseguram de vez a unidade do mundo objetivo e a intersubjetividade do contexto em que desenvolvem suas vidas. A racionalidade ¢ a resultante da relagdo intersubjetiva entre os sujeitos através de atos de fala visando um consenso, denominado pelo filosofo de racionalidade comunicativa, (HABERMAS, 1990), A despeito desse conceito, no contexto da sociedade hiperadministrada, nao importa se] QQ a informagao e a comunicagao servem interago ¢ ao entendimento miituo entre sujeitos, ganhando valor nas formas como transferem sentidos e significados. Importa mais as maneiras ‘com que servem de estratégia para o fortalecimento do dinheiro investido na dindmica da reprodugio capitalista, e do poder legitimador de sua propria ordem, regulador das relagdes pessoais e funcionais para a vigéncia da ordem estabelecida como favoravel. Essa é uma caracteristica da ambiguidade que marea a vida em sociedade. Assim como as relagdes sociais sio marcadas pela ambivaléncia, que tanto tem seu lado positive, quanto negativo: a informacao, enquanto fendmeno social, possui também carter ambivalente. Demo (2000, p. 37) cita como exemplo o volume excessivo de informagdes disponiveis que exige dos sujeitos o desenvolvimento de certas habilidades para lidar com tais excessos, afora 0 uso que dela se faz “[...] no sentido mais preciso de cultivo de ignoréncia. Os imperativos sistémicos nao priorizam a fluidez do acesso a0 uso e apropriaclo da informagao, alimentando os “segredos” das verdades, o siléncio da ndo comunicagao. Assim, 0s intersticios do mundo sistémico obstruem a linguagem como medium de entendimento, o que implica dizer que a informagio ¢ a comunicagao s6 se tornam efetivas quando se inserem nas burocratizagdes, nas formalizagdes, nos documentos gerados e colecionados pelas instituigdes. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao Quando pensamos na ambivaléneia da sociedade, tomando por base o pensamento habermasiano, também entendemos que os processos informacionais sio marcados por aspectos opostos. No mundo dos sistemas, a informagao é tida como um trunfo, uma arma secreta, estrategicamente guardada/estocada para garantir a eficiéneia na realizagao das tarefas e na obtengio de lucros, fortalecendo 0 império sistémico do dinheiro e do poder. Controlando a natureza complexa da informacao, as atividades econémicas, influenciadas pelos interesses capitalistas, comegam a refletir a industrializagao do trabalho social e passam a requerer processos complexos e meios adequados para alcangar resultados pelo prisma da ago instrumental. E a adequacdo dos meios para alcancar determinados fins nao sociais, inerente ao mundo dos sistemas, incorporada as relagdes hierirquicas (poder politico) e de intereambio (economia), que passa a conduzir a producio intelectual ¢ a reprodugio material do capital e materialista da informagav. Gonzilez de Gomez (2009, p. 178) busca identificar na teoria da ago comunicativa de Habermas “os aportes para uma teoria critica da informagdo”, que permitam superar 0 cariter redutor do paradigma analitico poppereano e a compreensio hermenéutica, Nessa diregio, a autora dialoga com 0 fildsofo sobre 05 deslocamentos do /écus da informagao na relagao com 1 Q] mundo da vida e mundo dos sistemas, encontrando no agir comunicativo, elementos para pensar a informagio, ou as “priticas de informagao”, associadas a integragdo funcional e a integragao social Quando associada a integragdo funcional, o uso da informacao orienta-se por modelos sistémicos, instrumentais ¢ estratégicos de organizagao e acesso. Os interesses do mundo sistémico e suas expressdes mais singulares e nao linguisticas tendem as agdes de informagdes institucionalizadas (arquivos, museus, bibliotecas, centros de documentagio ete.) (GONZALEZ DE GOMEZ, 1990), como instituigdes preponderantemente burocraticas e vias de subordinagdo dos sujeitos que necessitam da informagibo. A informaco sera considerada aqui como lastro da semantica da representacio, nas formas de uso da linguagem, que nao visam 4 interpretagao cooperativa do agir comunicativo seja em situagdes monoldgicas, nas quais se priorizam as metas ilocucionérias de entendimento miituo; seja em situagio de comunicagao estratégica, na qual se violam ow desativam as condigdes de reciprocidade e as demandas de garantias para validagio dos enuneiados (GONZALEZ DE GOMEZ, 2009a, p. 184). Para a autora, & esse, portanto, 0 /écus da informagio no contexto no mundo dos sistemas em agdes funcionais-instrumentais colonizadoras sobre o mundo da vida. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao No solo do mundo vivido, a informago, ou agdes de informages, apoiam as interagdes voltadas para o entendimento miituo, de modo que os fundamentos sustentadores da esfera argumentativa estariam constituidos contextos da experiéneia e da agdo.” (GONZALEZ DE GOMEZ, 2009b, p. 132). Quando configurada como /écus motivador de conviegao e gerador de consensos miltiplos imbuidos de .] pelos repertérios informacionais adquiridos nos responsabilidade social, a informacao substancia o agir comunicativo, visto que reflete os enredos culturais, a normatividade definidora das relagdes interpessoais ea formagao identitéria estruturante do mundo social da vida, Ancorado em contetidos informacionais, o processo de interagdo coordena as agdes de socializacao, permitindo que as ideias/argumentacdes sejam apresentadas: ) como vilidas e expressivamente justas no mundo objetivo; ) como normas eticamente justificadas e aceitas no mundo social; ©) como sensagies/emogdes vivenciadas pelo mundo subjetivo dos afetos, inerentes 4 condigao humana (bases articuladoras do mundo vivido). Segundo Demo (2000) o problema da ambivaléncia da informagio esta na sua ‘manipulagio excessiva: “[..] a questio mais dura refere-se ao processo manipulative por vezes. 1) (DEMO, 2000, p. 39). Temos a sensagio de estarmos realizando livres escolhas, quando na verdade estamos sendo ostensivo que a sociedade da informagao nos impinge. condicionados ao nivel mais dissimulado de manipulagio. Evocando Habermas, pode-se dizer que esse controle em ambito informacional, que tende a priorizar interesses estritamente comerciais, seja na midia, seja em unidades de informagao ou em qualquer outro contexto, é norteado por modelos sistémicos e estratégicos de organizacio, andlise e disponibilizacio da informagao. “No agir orientado ao sucesso e na integragao sistémica, a informagao fica inctuida na ordem redutora da padronizagao e controle dos meios.” (GONZALEZ DE GOMEZ. 2009a, p. 197). Assim, os meios de informacio e comunicaco, como micromundos, fecham-se em tomo de si e de seus interesses, orientados pelos ditames dos imperativos sistémicos, esvaindo-se de sua fungao social e da capacidade de fazer de si /écus de racionalizacio e fortalecimento do mundo vivido. Considerando, pois, essa necessidade de descolonizar 0 mundo da vida por intermédio da racionalizagao comunicativa dos espagos abertos em suas esferas, entendemos ser esse 0 ponto sobre o qual a Cigneia da Informagio pode contribuir, através de suas investigagdes te6ricas e empiricas envolvendo esferas que podem ser consideradas aqueles espacos em estado de vulnerabilidade, apontados por Habermas, a partir de ages mediadoras conscientes, 0 que toma evidente a importincia dos estudos acerca da mediagao da informagio. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao 4 A MEDIACAO DA INFORMACAO A mediacao da informagao tem sido realizada em diversos ambientes informacionais a0 longo da histéria ou ao longo dos tempos, ainda que de modo inconsciente e sem a compreenstio de que as atividades informacionais sio ages mediadoras, sem compreender as dimensdes dessas ages, impactando a efetividade dessas agdes. Contudo, com o estabelecimento da adogao do termo mediagao da informagio na area da Cigneia da Informagio, e mais adiante com a formulacio do conceito de mediagao da informacao, fizeram avangar a compreensio de que ela consiste em um fundamento que orienta as agdes desenvolvidas para promover encontro entre 0 usuario e a informagao, reforgando a fungdo social da Ciéncia da Informagio. © conceito de mediagao da informacio amplamente aceito e difundido na area foi elaborado por Almeida Jinior (2015, p. 25), no qual este afirma que: Mediag&o da informagao é toda aco de interferéncia — realizada em um processo, por um profissional da informagao e na ambiéncia de equipamentos informacionais —, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriagdo de informacto que satisfaa, parciaimente e de LQ3 smaneira’ momentinea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais. A construgio desse conceito abrange aspectos que parecem intrinsecos mediagdo da informagdo, como a ideia de interferéncia e a apropriagdo da informagao, elementos centrais & efetividade da mediacao da informacio. Por outro lado, 2 mediacao exige um terceiro outro, centralmente composto pelo mediador (profissional da informag3o) que, apoiado pelo uso articulado de dispositivos de mediagao (ambientes informacionais, instrumentos, processos, produtos, linguagens ete.), busca promover o encontro entre os sujeitos € os contetidos informacionais, um terceiro outro que realiza uma ago de interferéneia visando, ao mesmo tempo, atender provisoriamente uma necessidade informacional e propiciar condigdes ao debate a partir do qual possam emergir novos conflitos informacionais, ambiente estimulador do exercicio da critica. Ainda refletindo acerea do coneeito cunhado por Almeida Junior (2015), constata-se que este também apresenta as categorias de mediago consciente, inconsciente, direta (explicita) e indireta (implicita) da informagio. Para o autor, a mediagao deve ser entendida como wm proceso que envolve agentes, ambiéneias e dispositivos informacionais que sto articulados para satisfazer parcial e momentaneamente as necessidades informacionais, visando também a geragio de novos conflitos informacionais. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao A mediagao da informagio pode ser explicita, quando o profissional da informagio atua no atendimento direto ao piblico, ou implicita (indireta), quando atua em atividades intermediéras (sem contato direto com o pliblico). Ou seja, 2 mediagio implicita da informagio ‘ocorre independente da presenga fisica e do contato direto do profissional da informagao com © piiblico, quando o mediador est atuando na gestdo, na organizacio e representago dos itens informacionais que integram determinado acervo, enfim em todas as ages meio, colaborando para que o ambiente informacional possa veicular os contetidos. Sendo que, tanto a mediagao explicita (direta) quanto a implicita (indireta), podem corresponder a uma das outras duas categorias de mediacio da informacdo contidas no conceito de Almeida Finior (2015) consciente ou inconsciente. Isso implica em que, independentemente da mediagao ser explicita ou implicita, ela podera ser realizada pelo mediador de modo consciente ou inconsciente, o que convida pesquisadores e profissionais a reflexdes e debates em torno da mediagio, de modo que a categoria inconsciente esteja em permanente foco de superacio. A importancia e 0 significado da mediagao da informagao estao presentes em todas as agdes do ciclo informacional, desde a geracdo de conhecimento como aprendizado, passando pela selegao € representagdo, pelo armazenamento e recuperagao, pelo uso até a apropriagio, 1 Q4. quando pode ocorrer a geracao de novas informagdes. Nesse sentido, o mediador da informagio, consciente ou inscocientemente, age, constr6i e interfere no meio. Na medida em que passa a atuar conscientemente, esse mediador poder torna-se um protagonista social. Na medida em que, no ambiente dialégico e do debate em tomo da informaco, 0 mediador se conduza ao processo permanente de conscientizagao, teré maior consciéncia da sua responsabilidade social, assumindo sua condigao de sujeito politico da estétics, da ética e da produgao humanizadora do mundo (GOMES, 2019a). ‘Gomes (2020) entende que o objeto central da Ciéncia da Informagao ¢ a informagao, sendo a mediagio da informacio o fundamento central da area, que deve ser aproflundado por meio de estudos e debates, de modo a orientar cada vez mais as pesquisas da drea e as acdes mediadoras da informagio na esfera profissional. Para Gomes (2020), historicamente as abordagens acerca da mediac3o da informacdo se mantiveram circunscritas a enfoques mais genéricos, limitando-se 4 adogio apenas do termo, sem apresentar reflexdes em tomo da mediagao no campo informacional, ou entio retomando discussdes de carter sociolégico e antropolégico, sem apresentar proposigdes que, em articulagao as abordagens de outros ‘campos, focalize a mediagio de modo mais diteto no campo da Ciéncia da Informagio, ampliando as discussdes acerea da mediagao no contexto informacional. A autora (2014, 2017, 2020) pondera ainda que pensar a mediag2o da informagao requer a compreensio de que esta LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao se processa no movimento da vida e ¢ essencial a existéncia de sujeitos capazes de exercer protagonismo social. Nesse movimento, diversos dispositivos so utilizados e articulados com intuito de possibilitar a interagao, porgue é na interagdo social que os individuos se constituem enquanto sujeitos sociais, capazes de fala e agio. No processo de mediagio, podemos verificar que a linguagem é o principal dispositive que a sociedade foi capaz de desenvolver ao longo da historia da humanidade (GOMES, 20192, 2019b, 2020). Habermas expde tal compreensio quanto a linguagem enquanto médium linguistico, quando afirma que o médium linguistico & a possibilidade de interagdes livres de coagao, potencializadoras do entendimento miituo ¢ do desenvolvimento do pensamento critics. (HABERMAS, 1989) ‘Nesse sentido, parece haver convergéncias entre Habermas (1989) ¢ Gomes (2019a, 2019b, 2020), em especial quando esta iltima apresenta a mediagao da informagao como ago dialética e interacionista, constituida de dimensdes, argumentando que a efetivagio da mediagao da informagao se da em sua plenitude quando ela é consciente e, por isso, tem maiores possibilidades de aleangar suas dimensdes. Considerando a infalibilidade do uso da linguagem nas relagdes sociais, Gomes 2014, 1Q5 2019, 2020) focaliza em primeiro lugar a dimensio dialogica da mediagao da informagao, enquanto base estrutural do proceso mediador que, quando alcangada, permite a intensificagaio da comunicagio no encontro dos sujeitos com a informagao, estimulando e desenvolvendo as capacidades individuais de interpelar, de interferir, de se posicionar dialogicamente diante do ‘outro e em contato com qualquer assunto, O alcance da dimensao dialégica pela ago mediadora gera a base sustentadora do processo de recriagdo e ressignificagdo de saberes e percepgdes dos sujeitos envolvidos na ago, apoiando o alcance das demais dimensdes que, em articulagio, favorecem aos envolvidos na agio mediadora o redimensionamento da sua prépria constituigaio enquanto sujeitos sociais, potencializando suas interferéncias na realidade na qual esto inseridos, Desse modo, a mediagio da informagio ¢ a sua dimensio dialégica se voltam intensamente integragdo precipua entre os sujeitos, estando, portanto, numa zona de confluéneia entre a comunicagao e a informagéo. Orientada pelo projeto da transmiss4o, a comunicagao ocorre de forma assincrona, por meio da articulagio de linguagens, tomando piiblicos os conhecimentos e saberes de dominio singular, posibilitando o compartilhamento ¢ a retomada em qualquer tempo e contexto, permitindo que ocorra o que Debray (2000, 2001) comprende como transmissio, Nesse processo, a articulagdo de linguagens e de diversos dispositivos de mediagao toma possivel a materializagao dos conhecimentos e saberes que, em LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informagao ‘uma fisicalidade, toma possivel o transito deles no presente e entre passado, presente e futuro, Desse modo, observa-se que a mediagao situa-se entre comunicagao e transmissio. (GOMES, 2020). A mediagdo da informagao assegura a transmissdo da heranga cultural, possibilitando as condigdes para a ressignificagdo do debate e 0 estimulo da interlocucdo entre os sujeitos da ago. A medigao da informacao trabalha tanto com a comunicagao sincrona, quanto com a conmunicago assinerona para garantir a interligagao entre sujeitos em tomo de quaisquer que sejam suas areas de interesse temético, sendo a dimensio dialégica instauradora da dialogia entre sujeitos. (GOMES, 2014, 2017, 2019a, 2019b, 2020). A agio mediadora tem na dialogia a sua base de sustentagio, porquanto preserva 0 espago da interpelagio, essencial ao desenvolvimento humano, o que remete a ideia da importancia de que ela seja feita de modo conseiente, remetendo a categoria conceitual de mediagio consciente apresentada por Almeida Iinior (2015). Entende-se que a acio de interferéneia do profissional de informagio, se realizada de modo consciente do potencial reverberativo dessa ado, ¢ fundamental para instaurar um processo de interagio que contribua para 0 processo de transformacdo dos envolvidos na ago mediadora em sujeitos mais. 1QG emancipados, 0 que favorecera 0 desenvolvimento do protagonismo social. Conforme Gomes (20192, 2020, 2021), no estabelecimento e na expansio do espago dialégico, a ago mediadora pode favorecer 0 exercicio da critica, que poder sustentar 0 proceso colaborativo de trocas, 0 que estimula a eriatividade e o prazer de experimentar a criago, processos que, em ocorréncia, indicam o alcance da dimensao estética da mediagao da informagao. A partir de trocas objetivas e subjetivas, 0 processo de apropriagao da informagio é impulsionado, fazendo com que o status do conhecimento do sujeito se altere, momento em que, segundo Gomes (2019a, 2020), a mediagao da informagao adentra sua dimenséo formativa ‘Nesse momento ocorrem transformagdes no sujeito por meio da apropriagdo da informagio que redimensiona seus conhecimentos ¢ saberes, processo que envolve tanto a dimensio estética, quanto a dimensio formativa da mediagao da informacao. Contudo, Gomes (20192, 2020, 2021) também alerta que a efetividade da mediagio da informagao requer o aleance da dimensao ética, como eixo articulador do aleance das dimensdes dialdgica, estética e formativa, balizando 0 equilibrio do alcance delas. Como defende Gomes (2019a, 2019b, 2020, 2021), a dimensio ética ¢ 0 elemento constitutive da mediagdo da informagdo que esta relacionado com o euidado com a informagao, com o sujeito que a produz € que vai ao encontro dela, assegurando o respeito as diferengas; o respeito A alteridade, cuidado capaz de garantir 0 espago de voz a todos os participantes dos debates. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao O alcance articulado das dimensdes (dialogica, estética, formativa e ética) é dependente da mediagio consciente da informago, que representa uma categoria da agio mediadora que conduz o aleance da sua dimensio politica. A mediagdo consciente é geradora das condigdes da tomada de conciéncia e do processo permanente de conscientizagéo, tanto do mediador quanto dos sujeitos que participam da agio de interferencia, © que conttibui para o desenvolvimento do protagonismo social. (GOMES, 2017, 2020, 2021). Quando os profissionais da informagao realizam a mediagao consciente da informagao, refletindo criticamente sobre suas priticas 4 luz dos seus fundamentos (exercicio da prévis), acabam identificando os limites e novas possibilidades de superagao deles, exercicio a partir do qual t8m melhores condigdes de abragar o proces 10 de conseientizagao como permanente necessirio, compreendendo com consciéncia critica o seu papel protagonista ¢ a importancia dele na ordem social e politica para o desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social, jd que, conforme Gomes (2019a, 2020, 2021), a mediago consciente oportuniza as condigdes para que os sujeitos envolvidos na ago mediadora entrem em processo de conscientizagio decorrente e também potencializador do debate e do exercicio da critica, onde as trocas de objetividades ¢ subjetividades no debate € no exercicio da critica sao estimulados, quandoo 1(Q)7 livre pensar e expressar podem e devem ocorrer. Na medida em que © mediador da informagio toma conseiéncia do papel social da mediagao, tenderd a refletir sobre as intencionalidades da ago de interferéneia, suas priticas ¢ contextos, ¢ a realizar a mediagdo consciente, condigde na qual Gomes (2019a, 2020, 2021) entende como essencial ao alcance da sua dimensao politica. Conforme a autora (2017, 2019a, 2020), 0 aleanee da dimensio politica repereute nas eoncepgdes de vida e de mundo dos envolvidos na ago mediadora, bases sobre as quais se ampliam as condiges destes se constituirem protagonistas sociais. Da mesma forma, Habermas entende que o processo emaneipatério segue a via do didlogo, da comunicagio, da interagZo ¢ inter-relagao social, da solidariedade e do acordo com diferentes, sendo necessério, portanto, dispor do potencial conmunicativo dos sujeitos em agies para (re)construir, fortalecer e propagar as relagdes processos interativos no mundo da vida. Tal entendimento permite situar as unidades e sistemas de informagio enquanto fécus (re)pensados e estruturados mediante a concepgio de desenvolvimento, solidariedade, cidadania e democracia. Podemos dizer que, no aleance das cinco dimensdes formuladas por Gomes (2014, 2019a, 2019b, 2020, 2021), a mediagao da informacao entra em convergéncia com a concepeaio da ago comunicativa como lugar de compreensio dos sujeitos no mundo subjetivo, no mundo LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao social e no mundo objetivo. O agir comunicativo e a mediagao da informagdo incidem sobre 0 encontro com 0 outro, nas interagdes intersubjetivas em espagos piblicos e coletivos de informagdo e comunicagio. Se a ago comunicativa retroalimenta © mundo da vida ¢ seus componentes simbélicos, quais sejam a cultura, a sociedade e a personalidade, entende-se que a mediacio da informacio, se realizada de modo consciente, aleangando suas dimensdes, dialdgica, estética, formativa, ética e politica, também se constitui enquanto vetor de fortalecimento para o mundo da vida, contribuindo para a resolugio do problema da ambivaléncia do fendmeno informacional, como apontado por Demo, potencializando os ambientes de informacio enquanto espagos ptiblicos de efervescentes agdes imbuidas de solidariedade e voltadas ao coletivo. 5CO. NSIDERAGOES FINAIS O carater emancipatorio do agir comunicativo, na medida em que privilegia a liberdade em fungao do entendimento miituo, constitui-se como forga integradora que fortalece o mundo da vida. Na ago comunicativa, as pessoas atam relagdes mais racionais, exercitam a praticaddo 1 (QQ consenso, evidenciam intengdes ¢ sentimentos, imprimindo um compartilhamento de significados amparados pelo contexto do mundo vivido. Nessa perspectiva, a informagio ancora as ages comunicativas, enquanto fendmeno social que decorre ¢ oportuniza processos de interagdo nos quais os sujeitos podem entrar em entendimento entre si, o que potencializa a renovacao dos saberes culturais, a integragdo social e a formagao de identidades pessoais, que sfo componentes simbélicos do mundo vivido (cultura, sociedade e personalidad) J no mundo sistémico, quando a mediagio da informacio se limita a procedimentos sisteméticos para gestio, tratamento, disponibilizagao, recuperagao, acesso ¢ uso da informagaio com vistas estritamente a solucionar problemas, principalmente questées de ordem preponderantemente funcionalista no ambito das diversas organizacdes, ela corresponde a categoria da mediagao inconsciente, 0 que coloca os dispositivos informacionais, a exemplo dos arquivos e das bibliotecas, na condigio de ambientes de carter meramente instrumental. A teoria do agir comunicativo vincula novos horizontes para tais espagos, a0 evidenciar © Jécus dos processos cooperatives de comunicagio, orientados por problematizagées discussdes acerea do mundo da vida, permitindo a reflexio quanto ao fenémeno da informagio nesses contextos e as agdes mediadoras que envolvem profissionais da informacio, usuarios, grupos sociais e coletividades. LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao Habermas evidencia o desafio de estabelecer um equilibrio entre as duas dimensdes de mundo (mundo da vida e mundo dos sistemas), de maneira que nao ocorra a subjugacdo entres tais esferas. Para tanto, no ambito da Ciéneia da Informagao, os dispositivos informacionais (ambientes, processos, instrumentos e produtos de informagio) precisam, cada vez mais, ser compreendidos como elementos vinculados as reprodugdes culturais, sociais e de personalidade, que devem ser considerados na mediacao da informagao. Assim, torna-se possivel aos envolvidos na ago mediadora participarem de um encontro com a informagao em um contexto de igualdade, sem relagdes coercitivas de poder, em uma comunicagio sem entraves, experimentando, por fim, as condicdes ideais de discurso. E possivel criar uma dimensio comunicativa quando os sujeitos, participantes de processos cooperatives e de interacio dialogica, podem suscitar discussdes racionais patticipar de um desenvolvimento social ¢ material, em dinémicas de equilibrio entre a razio instrumental e razio comunicativa. Tal situacdo s6 sera possivel em um processo favorecedor do protagonismo e emancipagao social, concebido sob perspectivas de sujeitos sociais agentes e participantes da sociedade, fundamentados em processos comunicativos de (re)construgio sécio-culturais, voltados & busea do entendimento intersubjetivo ¢ as vivéneias solidérias no 1 QQ mundo cotidiano. processo de entendimento, no qual o sujeito posiciona-se de forma interativa com 0 outro, fortalece 0 mundo da vida, permitindo-nos perceber a necessidade de que a construgio do conhecimento suscite novos discursos sobre as imposigdes sistémicas. Habermas entende que o processo emancipatério segue a via do didlogo, da comunicacao, da interacao e inter relagio social, da solidariedade e do acordo com diferentes, sendo necessério, portanto, dispor do potencial comunicativo dos sujeitos em ages de informagio para (re)construir, fortalecer e propagar as relagdes e os processos interativos no mundo da vida. ‘Nese sentido, os profissionais da informagio precisam refletir sobre suas agdes e sobre seu papel, de modo a realizar a mediagio consciente, instituindo em seu fazer atitudes comunicativas, de modo a enfientar, deliberada e conscientemente, esse desafio, certos do que € 0 fendmeno da informagio e © seu aspecto ambivalente, como apontado por Demo, mas utilizando seu potencial para promover a integragio social. Toma-se relevante refletir acerea da relagio do mediador da informagao com 0 mundo sistémico, buscando entender 0 como intervir no desenvolvimento da propria légica sistémica, de maneira a ndo permitir que tal logica predomine sobre ages comunicativas de solidariedade e de integracdo social. Por isso, ccabe aos profissionais da informagio tomarem, cada vez mais, para si a responsabilidade de mediadores motivados por “intengdes interativas ¢ integrativas”, pois so agentes que tém a LOGEION: Filosofia da informagao, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 91-111, set. 2022/fev. 2023. LOGEION ARTIGO Filosofia da Informacao missio de cuidar da informagio e do encontro dos sujeitos com ela em uma dimensfo humana e social, consagrando-a como eélula do mundo vivido. REFERENCIAS ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo F. de. Mediagao da informacao: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, Joao Arlindo dos; SILVA, Rovilson José (Orgs.). ‘Mediagao oral da informagio e da leitura. 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