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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 256

TRIBUNAL DE JUSTIÇA
VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0287923-82.2017.8.19.0001


APELANTE: ROMULO SIQUEIRA DOS SANTOS
APELADO: MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
JUÍZO DE ORIGEM: 16ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA
RELATOR: JDS. DES. ÁLVARO HENRIQUE TEIXEIRA DE ALMEIDA

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. QUEDA


DE VEÍCULO EM BURACO EXISTENTE EM VIA PÚBLICA.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA POR AUSÊNCIA DE
PROVAS QUANTO AO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO
ALEGADO.VRECURSO DA PARTE AUTORA.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 37, § 6º, DA CARTA MAGNA.
AUTOR QUE NÃO LOGROU COMPROVAR A EXISTÊNCIA
DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE OS DANOS
OCORRIDOS EM SEU VEÍCULO E A SUPOSTA OMISSÃO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUANTO AOS CUIDADOS
DE CONSERVAÇÃO DA VIA PÚBLICA. DANOS
APRESENTADOS NO VEÍCULO DO APELANTE QUE SÃO
DESPROPORCIONAIS À CRATERA QUE SE ENCONTRAVA
PREENCHIDA COM TERRA E SEM GRANDE DESNÍVEL
COM O ASFALTO.BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE
CONFIRMA O ACIDENTE SOFRIDO PELO APELANTE,
PORÉM TAL REGISTRO GRÁFICO NÃO OSTENTA
PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE VERACIDADE, VEZ QUE
ELABORADO DE FORMA UNILATERAL, DEVENDO SER
CORROBORADO POR ELEMENTO PROBANTE DIVERSO,
O QUE NÃO OCORREU. PROVA TESTEMUNHAL QUE
TAMBÉM NÃO SOCORRE AO AUTOR, ASSIM COMO AS
FOTOGRAFIAS ACOSTADAS AOS AUTOS, QUE NÃO
APONTAM A DATA EM QUE FORAM TIRADAS E OUTRAS
QUE POSSUEM DATA POSTERIOR À CITADA NA PETIÇÃO
INICIAL, NÃO SE VISUALIZANDO, AINDA, O NOME DA
RUA, OU SEJA, NÃO SE PRESTAM PARA AFIRMAR O
IMPRESCINDÍVEL NEXO DE CAUSALIDADE A AUTORIZAR
A PRETENDIDA RESPONSABILIZAÇÃO. O ÔNUS DA
PROVA DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO ALEGADO
RECAI SOBRE A PARTE AUTORA, NA FORMA DO ARTIGO

Apelação Cível nº 0287923-82.2017.8.19.0001 (AB)

ALVARO HENRIQUE TEIXEIRA DE ALMEIDA:16081 Assinado em 03/12/2020 17:41:21


Local: GAB. JDS ALVARO HENRIQUE TEIXEIRA DE ALMEIDA
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373, I, DO CPC, ÔNUS ESSE DO QUAL A MESMA NÃO SE


DESINCUMBIU. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

ACÓRDÃO

Vistos, discutidos e relatados estes autos de Apelação Cível, processo nº


0287923-82.2017.8.19.0001, que figura como Apelante ROMULO SIQUEIRA DOS
SANTOS e Apelado MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 24ª Câmara Cível


do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em
NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível interposta pelo autor ROMULO SIQUEIRA


DOS SANTOS contra sentença proferida pelo MM Juízo da 16ª Vara de Fazenda
Pública que, em ação indenizatória, julgou improcedente o pedido, nos seguintes
termos (índice 184):

“Trata-se de ação indenizatória ajuizada por Rômulo


Siqueira dos Santos em face do Município do Rio de
Janeiro sob a alegação de que, no dia 15/04/2017, por
volta das 13:40h, trafegava com veículo automotor
de sua propriedade, da marca Gol, cor azul e placa
RRM 5673, subindo a ladeira da rua Caruná, no bairro
onde reside, quando avistou um outro veículo vindo em
sentido contrário descendo a ladeira, e, ao tentar desviar,
acabou caindo dentro de uma cratera que se encontrava
no local ocasionando danos em seu veículo automotor.
Relata que já está acostumado a trafegar quase todos os
dias pela referida rua e no momento do evento não havia
nenhuma placa indicativa informando aos motoristas
sobre tal obstáculo. Requer, assim, compensação
pelos danos materiais sofridos, no valor de
R$ 9.087,00 (nove mil e oitenta e sete
reais) e danos morais, no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais). A petição inicial foi instruída
com os documentos de fls. 13/19. Deferido o benefício de
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JG a fls. 35. Regularmente citado, o réu ofereceu


contestação a fls. 47/60, por meio da qual alega, em
síntese: i) que o autor não logrou êxito em comprovar
a ocorrência do evento danoso, bem como não
comprovou a existência do nexo de causalidade entre os
alegados danos e uma ação/omissão da Municipalidade;
ii) que é patente a falta de cuidado por parte do
autor ao transitar nas vias públicas, tendo ele próprio se
colocado em situação de risco, configurando a culpa
exclusiva da vítima; iii) que em sede de omissão estatal,
a responsabilidade civil do Estado é subjetiva, não se
aplicando a teria do risco administrativo. Em atenção ao
princípio da eventualidade, requer seja levada em conta a
concorrência de culpa para a ocorrência do evento
danoso. Por fim, alega que não há comprovação dos
danos materiais e a inexistência de danos morais. A
réplica foi apresentada a fls. 68/73. Instadas a se
manifestarem em provas, a parte autora informou que
não possui mais provas a produzir (fls. 83), enquanto
a parte ré requereu a produção de prova
documental, com a apresentação de resposta
de ofício enviada à Secretaria Municipal de
Conservação e Meio Ambiente (fls. 85). A fls. 89/90, a
parte ré requereu a juntada das informações prestadas
pela Secretaria Municipal de Conservação e Meio
Ambiente (fls. 91/100). Em contraditório, a parte
autora informou a existência de BRAT de protocolo
nº 20170422065220966905 e requereu a
produção das provas testemunhal e pericial
sobre o veículo, fls. 106/110. Manifestação do MP pela
ausência de interesse no feito, fls. 134. Decisão
saneadora a fls. 137/138, deferindo a produção da prova
testemunhal. Ata da audiência de instrução e julgamento
a fls. 164, sendo colhidos depoimentos de dois
informantes, tendo o autor desistido da oitiva da terceira
testemunha (fls. 166/169). Alegações finais a fls. 174/176
e 179/180. É o relatório. Passo a julgar. Cuida-se de
ação que se desenvolve pelo procedimento comum, por
meio da qual o autor pretende a condenação do réu ao
pagamento de indenização por danos materiais e morais
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supostamente sofridos em decorrência da queda de seu


veículo em um buraco existente na via pública. Como
sabido, a responsabilidade da Administração Pública,
na hipótese destes autos, não é objetiva, devendo
haver prova da omissão específica. Entretanto, ainda
que se falasse na Teoria do Risco Integral, essa por si só
não afastaria a necessidade de comprovação do nexo
causal, pois ninguém pode ser responsabilizado se da sua
conduta, comissiva ou omissiva, não decorre o evento
danoso. Da análise dos autos, verifica-se que o pedido
contido na petição não merece prosperar. Isto porque
o autor não logrou êxito em demonstrar nos autos a
dinâmica do acidente narrado na petição inicial, o que
lhe incumbia, na forma do disposto no art. 373, inciso
I, do CPC. Ressalte-se, a esse respeito, que as
fotografias e o BRAT acostados aos autos (fls. 17;
107/110) não se mostram suficientes a comprovar o
nexo de causalidade entre as condições da via e o
acidente narrado na inicial. Na fotografia de fls. 17 não
consta a data em que foi tirada e as de fls. 108/110
possuem data posterior a citada na petição inicial,
não se visualizando, ainda, o nome da rua, ou seja,
não retratam o momento do evento narrado na inicial.
Ademais, cumpre salientar que as duas testemunhas
indicadas pelo autor foram ouvidas na condição de
informantes, sendo que o Sr. Anderson Rafael Marins
Siqueira, primo do autor, "não presenciou o exato
momento em que o veículo automotor, de titularidade
do autor, foi envolvido em acidente na via pública"
(fls. 166). Outrossim, instadas as partes a se
manifestarem em provas, o réu juntou o ofício da
Secretaria Municipal de Conservação e Meio
Ambiente, informando que, após vistoria da GC
competente, não foi encontrada qualquer
irregularidade na Rua Caruná, e que também não foi
encontrado à época nenhum registro de ocorrência no
Sistema 1746 (fls. 91 e seg.). Sendo assim, ante a
ausência de provas que comprovem as alegações
autorais, não restou configurada a responsabilidade
do réu no caso em tela. Confira-se a respeito o seguinte
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julgado do E. TJERJ em caso análogo ao presente, in


verbis: 0039742-46.2008.8.19.0002 - APELAÇÃO /
REMESSA NECESSÁRIA- Des(a). JOSÉ CARLOS PAES
- Julgamento: 11/04/2018 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA
CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. QUEDA
EM BURACO NA VIA PÚBLICA. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA DO MUNICÍPIO. AUSÊNCIA DE PROVA DA
DINÂMICA DO EVENTO. IMPROCEDÊNCIA DOS
PEDIDOS INICIAIS. (...) .Pelo exposto, JULGO
IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito na
forma do art. 487, I, CPC/15. Condeno o autor ao
pagamento de custas processuais e honorários
advocatícios que arbitro em 10% (dez por cento)
sobre o valor da causa, na forma do art. 85, §3º, do
Código de Processo Civil, observado o artigo 98,
parágrafos 2º e 3º, todos do CPC/2015, uma vez que o
autor é beneficiário de JG. P.I. Certificado o trânsito
em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.” (ênfase nossa)

Em suas razões (índice 207), alega o autor, ora apelante, que é dever do
Estado a conservação das vias públicas, das ruas e calçadas, sendo a omissão
neste caso especifica, pois o poder público tem o dever de agir. Por isso, sua
responsabilidade é objetiva, incorrendo a teoria do risco administrativo. Alega que as
fotografias às fls. 108/110 demonstram claramente que houve o acidente e o dano,
mostram o buraco, tanto no tempo que acidente aconteceu, como meses depois,
quando a prefeitura alegou que não tinha nenhuma cratera no local. E que o BRAT
às fls. 107 também confirma o acidente sofrido pelo apelante, além do depoimento
da testemunha, que embora não estivesse no local exato da batida, estava
chegando, bem perto do local e presenciou seu parente ferido. Pugna pela reforma
da sentença e acolhimento dos pedidos.

Contrarrazões (índice 227) prestigiando o julgado.

Às fls. 244 a Procuradoria de Justiça informou não haver interesse público


a promover sua intervenção no feito.

VOTO

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O recurso é tempestivo, estando presentes os demais requisitos de


admissibilidade.

Trata-se de ação indenizatória em face do município do Rio de Janeiro


em que o apelante narra que no dia 15/04/2017 subia a ladeira da Rua Caruna, no
bairro onde reside, com seu veículo automotor, da marca Gol e cor azul, quando
avistou outro automóvel vindo em sentido contrário descendo a ladeira e, ao
tentar desviar, acabou caindo dentro de uma cratera que se encontrava no
local, ocasionando diversos danos em seu veículo.

In casu, o feito foi julgado improcedente, por ter o magistrado a quo


considerado não ter sido demonstrada a existência de omissão específica por parte
do município.

A sentença não merece reparo.

É cediço que a responsabilidade civil do Estado é regida pela norma


inserta no artigo 37, §6º, da Constituição da República, que assim dispõe: "as
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado do direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa".

Outrossim, os pressupostos da responsabilidade civil objetiva são: ato


ilícito, dano e nexo de causalidade. Na espécie, a culpa prescinde de comprovação,
devendo, todavia, estar presentes todos os outros requisitos para fins da respectiva
configuração.

Assim, conquanto a municipalidade responda objetivamente pelos danos


causados por sua conduta, não se olvida que indispensável que reste
insofismavelmente demonstrado o liame fático entre o indigitado atuar
omissivo/comissivo e os danos suportados pelo jurisdicionado.

In casu, este liame não restou demonstrado, ou seja, não restou


comprovada a existência de nexo de causalidade entre os danos alegados pelo
apelante e a suposta omissão da Administração Pública, omissiva nos cuidados de
conservação da via pública.

Isso porque, muito embora as fotografias de fls. 17 demonstrem a


existência de uma cratera na Rua Caruná, a mesma se encontrava preenchida com
terra em sua maior extensão, estando a mesma rasa.

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De outro lado, verifica-se que o veículo do apelante, ficou totalmente


destroçado na parte da frente, sendo certo que tais danos não podem ter sido
decorrentes tão somente por ter o veículo passado por esta cratera que sequer
apresentava um grande desnível da via pública.

Não se está aqui afirmando que o conjunto instrutório apresentado pelo


apelante tenha sido forjado.
O que ocorre é que os danos apresentados no veículo do apelante são
desproporcionais à cratera que se encontrava preenchida com terra.

O BRAT às fls. 107 confirma o acidente sofrido pelo apelante, porém tal
registro gráfico não ostenta presunção absoluta de veracidade, vez que elaborado
de forma unilateral, devendo ser corroborado por elemento probante diverso, o que
não ocorreu na hipótese em apreciação.

O relato das testemunhas ouvidas na qualidade de informantes,


primeiramente o Sr. Anderson Rafael Marins Siqueira, primo do autor, afirma que
"não presenciou o exato momento em que o veículo automotor, de titularidade
do autor, foi envolvido em acidente na via pública.”.

O mesmo também afirma que “a rua em questão é uma ladeira, de mão


dupla, sem sinalização; que desde muito antes da data do fato havia a cratera em
que caiu o veículo do autor, localizada por volta da metade da extensão da subida,
somente perceptível a custa distância; que moradores chegaram a colocar areia no
local para nivelar a via”. (fls. 166).

A outra testemunha, Sr. Elias Esteves de Siqueira, tio do autor, também


ouvida na qualidade de informante, afirma que “reside próximo ao local do fato
descrito na inicial, o qual presenciou; que no dia dos fatos subia a ladeira com seu
próprio veículo acerca de 30 m de distância de veículo a frente, justamente o do
autor, quando ao se aproximar deste, constatou que havia caído com a frente em um
buraco existente na via, resultando em grave dano à dianteira do automóvel, que
apresentava quebra na barra de direção, para- choque, para-lama, farol e radiador,
ficando nele retido; que o buraco se encontrava exposto há meses antes do
acidente; que de tempos em tempos é recapeada a via.” (fls.168)

Este depoimento é o único que poderia comprovar o acidente, no entanto,


as fotografias comprovam que não havia um desnível grande da cratera com a via
pública que pudesse causar tamanho estrago na frente do veículo do apelante.
Ademais, na fotografia de fls. 17 não consta a data em que foi tirada e as de fls.
108/110 possuem data posterior a citada na petição inicial, não se visualizando,

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ainda, o nome da rua, ou seja, não retratam o momento exato do evento narrado na
inicial.

Em outras palavras, os danos no veículo do autor são incontroversos,


porém o seu motivo e a dinâmica do acidente, não ficaram positivadas nos autos,
quando é sabido que o ônus da prova do fato constitutivo do direito alegado recai
sobre a parte autora, na forma do artigo 373, I, do CPC.

Neste sentido, confira-se precedente desta Corte de Justiça:

0060699-42.2017.8.19.0038 – APELAÇÃO-1ª Ementa -Des(a). LUIZ


ROLDAO DE FREITAS GOMES FILHO - Julgamento: 10/08/2020 -
SEGUNDA CÂMARA CÍVEL. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE
CONHECIMENTO COM PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E ESTÉTICOS. QUEDA EM BURACO EXISTENTE EM
VIA PÚBLICA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DO MUNICÍPIO RÉU. RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA. ART. 37, §6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
DEMANDANTE QUE NÃO LOGROU COMPROVAR A
OCORRÊNCIA DO EVENTO DANOSO E, CONSEQUENTEMENTE,
A EXISTÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE QUALQUER
CONDUTA (OMISSIVA OU COMISSIVA) DO PODER PÚBLICO
MUNICIPAL E AS LESÕES SOFRIDAS, ÔNUS QUE LHE
INCUMBIA, CONSOANTE ARTIGO 373, INC. I, DO CPC.
AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.
PRECEDENTES DESTA CORTE. REFORMA DA SENTENÇA
PARA JULGAR IMPROCEDENTES OS PEDIDOS INICIAIS.
RECURSO A QUE DÁ PROVIMENTO.

0005619-09.2016.8.19.0045 – APELAÇÃO- 1ª Ementa -Des(a).


ADOLPHO CORREA DE ANDRADE MELLO JUNIOR -
Julgamento: 27/11/2018 - NONA CÂMARA CÍVEL. DIREITO CIVIL
E ADMINISTRATIVO. Ação indenizatória. Prejuízos sofridos após
veículo automotor conduzido pela autora passar por buraco em
via pública. De fato, as circunstâncias do evento não restaram
comprovadas nos autos, nem mesmo no contexto do processo
administrativo iniciado junto à Administração Pública Municipal.
As fotografias juntadas nos autos não se mostram suficientes a
demonstrar a ocorrência do acidente naquele local, além de não
possibilitar a sua precisa identificação. Nesse diapasão, veja-se
que a autora não se desincumbiu do ônus previsto pelo artigo

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373, I do CPC/2015, uma vez que nada produziu acerca do fato


constitutivo de seu direito, tecendo somente meras alegações.
Aliás, a prova testemunhal colhida nos autos, ao que se
observa, tampouco corrobora a assertiva autoral, visto ter
apresentado somente declarações genéricas sobre falhas em via
pública, que requerem atenção permanente, sendo que tal
depoimento não guarda qualquer associação com o tema em
cotejo. Majoração da verba honorária, em desfavor da autora,
outrora em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, para fixá-los
em 15% (quinze por cento), fulcro no art. 85, §11, do CPC/2015,
observada a gratuidade de justiça concedida. Recurso desprovido.

À conta de tais fundamentos, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO


ao recurso e, por consequência, com fulcro no § 11 do art.85 do CPC, majorar a
verba honorária decorrente da sucumbência para 12% sobre o valor da causa,
observada a gratuidade de justiça, mantendo-se, no mais, a sentença tal como
lançada.

Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2020.

JDS. DES.ALVARO HENRIQUE TEIXEIRA DE ALMEIDA

RELATOR

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