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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

ENGENHARIA CIVIL

FERNANDA DA SILVA SANTOS

“A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO: CONTRIBUIÇÃO PARA UMA

PSICANÁLISE DO CONHECIMENTO” DE GASTON BACHELARD

DISCURSO PRELIMINAR E CAPÍTULO I

CARUARU

2022
RESUMO

Pretende-se neste arquivo, a partir da leitura do discurso preliminar e capítulo I do livro “A


formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento” de
Gaston Bachelard, elencar e sintetizar os principais conceitos que, conforme o autor, são
imprescindíveis para a construção de um intelecto empírico. Bachelard inicia seu discurso
preliminar ressaltando a premissa do espírito científico, a qual consiste na geometrização da
realidade, ou seja, um método que permite olhar para o real eliminando os obstáculos
epistemológicos, como a opinião fundamentada nos hábitos do ser humano, a fim de adquirir
conhecimento científico. Para o filósofo, tudo aquilo de natureza sensorial dá lugar aos
princípios e metodologias matemáticas, as quais passarão a ser o suporte para a formação do
espírito científico. No entanto, a fenomenologia, enquanto desordem para as vivências
científicas, configura-se, ainda, como o ponto de partida no que tange à consolidação da
ordem abstrata, a qual não permanece sujeita às crenças do cotidiano e busca sempre provar e
dinamizar os fenômenos. Desse modo, com base na transição entre a imagem e a abstração,
Gaston enumerou os três estados que integram o tão almejado espírito científico. A princípio,
ele cita o estado concreto como o primeiro degrau da evolução do pensamento, este é
composto pelas primeiras representações fenomenológicas, contra as quais o espírito
científico irá lutar posteriormente, e se baseia na glorificação da natureza. Por conseguinte,
desenvolve-se o estado concreto-abstrato, isto é, o momento em que o ser humano começa a
geometrizar o espaço sensível de maneira a introduzir nas imagens cotidianas o pensamento
filosófico, estabelecendo, assim, uma espécie de paradoxo entre os dois polos. E, por fim, o
estado abstrato, cuja definição pode ser dada não só pela consolidação do espírito científico,
mas também pela ruptura com as experiências físicas contempladas pelo homem no seu
primeiro estado. Para finalizar o discurso preliminar, Bachelard complementa a lei dos três
estados do espírito científico com a lei dos três estados de alma, composta pela alma pueril ou
mundana, alma professoral, e a alma com dificuldade de abstrair e de chegar a quintessência.
Em outras palavras, a gradação das três fases da alma equivale ao desenvolvimento não
apenas do interesse humano pelo dever científico, como também da consciência de que na
formação de tal espírito existem contradições e que um experimento nunca contestado,
provavelmente, é um experimento dispensável. No capítulo primeiro da obra, o qual foi
dividido em três partes, propõe-se como tema os obstáculos epistemológicos e o modo como
eles interferem na construção do pensamento empírico. A primeira parte explica que tais
impasses originam-se dos conhecimentos habituais, cuja normalização leva o ser humano a se
acomodar e não sentir a necessidade de ir em busca de novos métodos de pesquisa ou
perspectivas de diferentes membros da sociedade. A verdade nunca é dada instantaneamente,
dessa forma, é de suma importância abandonar o comodismo e compreender que tanto os
erros quanto os diversos pontos de vista são a base para o aprendizado. Além disso, Gaston
afirma que o primeiro obstáculo é a opinião, sendo esta o oposto da ciência e causa da
estagnação de inúmeros projetos, visto que ela dispensa os questionamentos necessários para
o alcance do conhecimento. Portanto, o hábito, somado aos conhecimentos prévios, pode, ao
longo do tempo, transformar o instinto formativo em instinto conservativo, impossibilitando,
então, a evolução espiritual. Na segunda parte, o autor critica a educação e a sua inércia
quanto as possíveis mudanças dos métodos de ensino, cujo estabelecimento poderia moldar o
sistema para que todo estudante possa atingir o estado de espírito abstrato. Dessa maneira, ele
sugere que as técnicas educacionais adotem transformações constantes nas formas de ensinar,
pois somente assim é possível ir além da cultura comodista e buscar o cientificismo. Ao
encerrar o primeiro capítulo, Bachelard salienta novamente, na terceira parte, o quão
fundamental é a ruptura entre a fenomenologia e o empirismo, bem como adianta que, ao
longo do livro, serão elencados os tipos específicos de obstáculos epistemológicos e as
diferentes maneiras de superá-los.

Palavras-chave: Bachelard; Conhecimento; Espírito científico.

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