You are on page 1of 29
{10} QUENCIA TEXTUAL NA ANAUse joGAO DE SE JEAN-MICHEL AD TEXTUAL DE AM PRAGMATICO ee U, 6) 1 INTRODUGAO 2 es apresento a nogao de seqiiéncia textual, conforme ‘este capitulo, ie estt acada por Jean-Michel Adam, em sua obra. Embora conse. re os trabalhos mais recentes do autor, esta exposicao estar centrada nos textos do final dos anos 1980 e infcio dos anos 1990. Em termos gerais, Adam aproxima os quadros teGricos da lingitistica textual e da andlise do discurso francesa, apontando 0 texto como um objeto circundado e determinado pelo discurso. Partindo da enunciagao ou das praticas discursivas (onde localiza o género, o discurso e 0 interdiscurso), ele delimita o campo da lingiifstica textual como o responsdavel pelo estudo do modo como os mecanismos de textualizagao se constituem e se caracterizam. A seqiiéncia textual, nesse caso, um desses mecanismos, é vista como um |conjunto de proposicoes psicoldgicas que se estabilizaram como recurso composicional dos varios géneros. O fato de ser lingitisticamente estavel € que possibilita sua determinagao (mais facilmente em relagao ao géner0), embora ela também ocorra de modo heterogéneo nas realizagoes textuais. Esse conceito foi incorporado aos Parametros Curriculares Nacionais (PCNS) para o ensino fundamental e médio no Brasil e, em termos teéricos, tem sido considerado um valioso ponto de reflexdo no quadro de varias teorias de ee eee além de discorrer sobre a proposta te6rica de Adam, tale yack uma nogdo pertinente ao debate nas diversas perspect® ‘estudo dos géneros (textuais, discursivos, de linguagem). Os contetidos aqui expostos estao distribut Emu primeiro momento, idos em cinco segoes: : fago um breve apanhado das influéncias fedricas n0 «2° rh e¢do, procuro delinear o quadro tedrico P' conceito de seqiiéncia. Na terceira textuais que ele concebeu. Na a ~~ ied ES “ATCO >To onal Min A [an] NOGAO pr SEQUENCIA TEXTUAL NO pesde seus primeir trabalhos, Jean-Mj aun roles20 tOTica que agrupero'/e8%-Michel Adam procuroy construir seit do texto, Sa cards nent nai jes de estudo e ensino da nant i la, inicialme are recorrido constantemente) 2 que) motivo pelo cual re rae narrativa (especialmente aos formalistas Tussos ico da andlise estrutural da jancés como Algirdas Julien Greimas, Relat’ Barthes » cere’ do contexto mesmo tempo em que recorria a esse.g es © Gérard Genette). Ao Me ears ‘ampo de reflexio, , jnfluencias dos trabalhos sobre gramaticg narrativa Geet ente pela rspectiva aberta por Teun A. van pii Dominique Maingueneau). Sao exemplos de-sua produce woes ee fase, 0 livro Lingiiistica e discurso literdrio (Adam & Calis aie ae tese de doutorado Gramdtica de texto eandlise de discurso, deter win ot Um de seus trabalhos iniciais mais conhecidos € Le réee (Adu Hoye que, sob a influeéncia da andlise do discurso francesa, propoe umarconn sean em termos enunciativos, Para 0 entendimento da narrativa. Nesse livro, ‘a é possivel visualizar as bases de seu conceito de seqiiéncia textual ¢ de ag teoria do texto. Annocao de seqiiéncia comeca a ser definida em varios artigos publica- dos no decorrer da década de 1980 (Adam, 1987), sendo aprofundada em seus trés trabalhos mais importantes (Adam, 1990, 1992 e 1999). O livro de 1992 é dedicado inteiramente a esse tema. Conforme se percebe nesse texto de 1992, a nogao de seqtiéncia se erige a partir de seis conceitos-chave, reformulados em uma proposta global, sen- do eles: os conceitos de género e de enunciado de Bakhtin (1929, 1953), o de prot6tipo (Rosch, 1978), os de base e tipo de texto (Werlich, 1976) e o de superestrutura (van Dijk, 1978). Bakhtin (1953) concebe os géneros como “tipos relativamente estaveis de enunciados”, entendendo por enunciado “uma unidade real, estuumnenie delimitada pela alternancia dos sujeitos falantes, e que SeeRS Pata ee tansferéncia da palavra ao outro [...]". Por meio desses concet es interligar linguagem/atividade discursiva e sociedade, ama ie a oe A Ciado, como unidade real e dial6gica, acopla-se 0 ee aaa linguagem e elemento estabilizado em/de uma instancia . i 3 OS pitti op rte nd is ns enc (tipos simples de enunciados, como a rép! Caan e a peca de teatro, que © 0s secundarios (tipos complexos, como o ™ ‘corporam os primeiros). Adam (1992) se vale da idéia de jam_vis °S géneros primarios sejam propondo que eterogé stabilidade de B ci responsdveis pela estruturagao dos géneros Secundatigg NEOs, © COMe ios so concebidos, entdo, como seqiiéncias textuais, oy 08 Cee snenes textuais (compostos por proposicoes relativa come) que atravessam os géneros secundarios, IS is), Mente Aestabilidade das seqiiéncias € pensada mediante raciocinio Rosch, 1978; Kleiber, 1990). As seqiiéncias (narragao, descricao, srgamentacao e didlogo) sao entendidas, entdo, como pontos categorizacao dos textos e, portanto, como os principais compon atividade com textos. Prototipicg ” &xplicacag Centrais 4, lentes paras O protétipo, segundo Rosch (op. cit.), €0 objeto mais tf ico. goria; é aquele que retine 0 maior ntimero de pistas de validade para a membro dela. A categoria de pdssaros, por exemplo, constitui-se por yr principio de gradualidade, dispondo seus membros mais ou menos din tantes do micleo (conforme o ntimero de pistas que compartilham com, prototipo). Nessa categoria, 0 nticleo seria preenchido pelo pardal, o Te. presentante mais tfpico, estando os membros como avestruz e pingiiim na periferia, por deterem poucas pistas de validade em comum com 0 models (0 pardal). da cate. Nesse caso, para Adam, os géneros e seus exemplares so dispostos em cate- gorias pelos tracos que compartilham com as seqiiéncias (os prot6tipos). Géneros como 0 romance, 0 conto, o laudo de acidente e a noticia comporiam a categoria dos_géneros narrativos, pois seriam atravessados pela seqiiéncia narrativa. As seqiiéncias, por sua vez, sao pensadas a partir dos conceitos de base € tipo de texto e de superestrutura textual. Werlich (op. cit.) propés o conceito de base de texto como uma forma de enténder a competéncia textual do falante, ao que afirma: Se toda a comunicagao entre os seres humanos 6 uma comunicagao por meio de textos, entao os falantes e escritores competentes também podem ser vistos como seguindo, na producao da sentenga, regras que servem para criar textos, ou seja, tegras pelas quais as seqiiéncias de palavras e de sentengas sdo, ou podem set, combinadas em totalidades lingiifsticas mais amplas e significativas (p. 14). Nesse sentido, o falante/escritor disporia de um conhecimento intuitivo Sobre 0 texto € sobre a formacdo dos tipos de textos, Esse conhecimento estaria centrado em dois pdlos: 0 contexto (dispondo a referéncia textual) ® cancnte (dispondo processos cognitivos relacionados ao contexto e a prod So do texto) [quadro 10.1). Do eruzamento desses dois polos € que SUIBe ° cenpeeimento sobre os mecanismos textuais e sobre os tipos produzidos mt comunicativa, tipos de texto: fd 0 NIN T2UN Wg os me cs n TI Wa Fa tipos! {quadro 10.1), Segundo Wertety orade ingifotico-textual inicial que nid erm de oxpansio cm {ex10, através de seatienciay de attra e ‘uma i t covrentes (Dp, 27). tig emaNticamente, sim como Werlich, Adam assume que 9, tf an i textual de base © sobre os processos cognitivos implicados ng ae = desses tipos (apresentados no uadro 10.1), Adam ete 2 ventes textuais existem em funcao/decorréncia das praticas que os compo. ae Desse modo, concebe todo es, CaS SoCiais de © rocesso de figa lingua- Jeterminado social e disc, rsivamente e, ¢ Aolestabilizacan do tipo como ¢ ial e discu een ai regido por um prinefpio de fe ie Cognicao, Adam aceita ainda 0 Princfpio de de texto, embora va postular que e: sera produzido. Uma sentenca que, tragos narrativos, pode assumir um car4 ivo, ao ser como parte de uma seqiiéncia argumentativa’, Assi teristicamente a varios géneros textuais, itencas servem aos varios tipos. também as sent evan Dijk (1978), com Tecorréncia ao conceito de Proposicao Psicolégica utilizado nesses trabalhos e desenyo! A superestrutura 6 pensada, por van Dijk (1978), como um esquema Cognitivo composto por Categorias vazias que, ao ser preenchidas, sao res- pela tealizacao das Partes caracteristicas do texto, Kintsch & van Dijk (1978) afirmam due ‘@ superestrutura intervém globalmente nos : mentos de compreensao e produgao textual, Pois organiza as propo- SlG6es que vao sendo percebidas no texto, durante a leitura/escuta, ou linearizadas textualmente, durante a escritura/fala. _ Adam acei a afirmagao de van Dijk (op. cit) de que a superestrutura lho de tare extual superposto as estruturas gramati aa trabalho de 1992, contudo, deixa de usar o temo, por dois mot Primeiro lugar, esse termo recobre tanto as formas textuais oY Pad c Abay Referéncia/ foco conceitos dos Processos | Base tematic cognitivos | do texto envolvidos Descrigao Sobre os fendme- | Percepgio | Sentenga de Teel Milhares de nos factuais no no espago | com verbo de nag copos estavam | contexto espacial. mudanga (ser, pares sobre as mesas. Cet, conter ete) ng Presente ou no pay Sado, © um adjetivg adverbial de lugar Narragio Sobre os fendme- | Percepcdo | Sentenga de marge: Os passageiros | nos factuais e/ou | no tempo | cao de acdo con aa desembarcaram | conceituais no verbo de mudanca em Nova York | contexto (ctescer, correr ete), no meio da temporal. no pasado, e adjeti. noite. vo adverbial de tem. Po € lugar, Exposicao 1. Sobre a 1, Compre- | 1, Sentenca de 1, Uma parte _| decomposicao ensdo de | identificagao de do cérebro € 0 | (andlise) em conceitos | fendmeno com cortex ou o elementos gerais verbo ser de nao- evestimento. | constituintes dos _| (andlise) mudanga, no 2.0 cérebro _| conceitos dos 2. Compre- | presente, mais um tem dez mi- fenémenos ensao de complemento lhdes de 2. Sobre ie conceitos ae oe, neurdnios, composicao iculares | 2. Sentenca de (sintese) a partir fein telagao no fendme- dos elementos no com verbo ter constituintes dos SEQOENGA TEXTUAL NA ANALISE PRAGMATIC TRA Jeane Mic. ADA [213 } iva, descricao, argumentagao) qui parative a). Adam ve nas en att poh et a paquele 408 generos e, portanto, uma cel ipo diferente de conhecimento Eey segundo lugar, a0 recobrir ambos os fendi ima confusdo entre plano de texto e e menos texte oern0 teristicas prosédicas que SE a ae ), por exem- + ol ‘promove rg Adam, as carac Fe esto dispostas Fas nao na composigao textual propriamente, qué sas a, explcativa et, Neste sentido é que ea va, wre teoria das superestruturas para uma at cone on sobre a petsagem de uD estrutura seqiiencial dos textos € sobre os prototi eopase (1 0982 Pala), ipos dos esquemas seqtienciais A partir da reflexao sobre os conceitos de enunci: es ciado, i protstipo, tipo e Base de texto e superestrutura, Adam soa primario, Psrico cujas linhas mestras sdo: 1) a delimitagao do cam) ren quae tera ¢ 2) a redefinicao da nocao de texto TAMEL See Re lingaistica teat as dimensoes discursiva e textual afirmando ser a spre distingado o objeto da lingiifstica textual. propriamente Na dimensdo discursiva [fig. 10.1: itens le aa ureza social (discurso, interagao social essencialmente lingiistica’. 0 plano de texto (como um fe no fendmeno de superficie) Ys (ot Nie toma por objetivo a observagio de regularidades, uma yez que gy (tedricos) de colocar-se em relagio direta com 06 param material da enunciagio-produgio do discurso ¢ da intera Afirma também que esta restrigtio é de ordem metodologica ¢ upde uma autonomia (que seria fictfeia) das produgbes lingtigs Que nZ, ticas oxy de géneros, de atos de fala, de enunce re genero provém do discurso (e esta a ele ligado), nao é (pelo menos proposta de 1992‘) objeto da lingiifstica textual, muito embora as seqii como objetos textuais, sejam componentes do discurso e do género, M sua éncias, Na dimensao textual, estaria presente 0 texto como objeto formal e cognitivo. Adam, neste caso, opera uma distingao entre enunciado (objeto material, empfrico, de natureza oral ou escrita) e texto (objeto abstrato, resyl- tante de uma teoria que explica sua estrutura composicional). Como as tipologias textuais sofrem do paradoxo de limitar e a0 mesmo tempo revelar a multiplicidade do fendmeno, Adam se propée estudar as formas mais estaveis (mais delimitaveis), mas pensando-as como imbricadas na atividade discursiva (abertas a heterogeneidade). Neste sentido é que as seqiiéncias sao pensadas como protétipos e como formas que se adaptam ao contetido da interagao e do género, dando origem ao que ele denomina uma pragmatica textual. 3 GENERO E SEQUENCIA TEXTUAL Embora inicialmente posicione 0 género fora do escopo da lingiiistica textual, Adam (1997) apresenta um esquema ffig. 10.2] que engloba interagao sor ursiva (dimensao discursiva) e estruturagao lingiifstico-textual (di- mensao textual). Nesse esquema, 0 género é concebido como um elemento intermedidrio e descrito, a partir da definicao de Maingueneay (1998), segun- do cinco nticleos de atengao: 1) 0 estatuto dos enunciadores e dos ¢0- enunciadores; 2) as circunstancias temporais e locais da enunciacao; 3) ° Suporte € os modos de difusao; 4) os temas que podem ser introduzidos; & 5) a extensao e 0 modo de organizagao. Adam afirma também que os gene! compoem categorias de natureza pratico-empiricas, prototipicas e regulad- tas dos enunciados, _Em seu livro de 1999 (p. 41), retoma o esquema da fig. 10.2 com pequenas alteragoes, © papel central ao compo: o. Todo sseritacio ve nar : sjematzador 2 UM CO-esquemat exqueltagos pertinentes do refere izador. Neste c hte para compor we ©. ¢aWematizad rum lor sele- ciot mbém parcial, seleti murado também parcial, seletiva e estratger F rest z ategicamente pelo, coe de ed ORMAQOES ————® 5 “1 zaclor, peeves 2 Ca > Interdiscurso 1 Disc L____, cteros [Comanda (embets \ = sao AA ‘rae DISCGuU Rs Comover ES, @U5E MAT n Aree 2 y is V 5 aed eS fristicae —composicional Temas? Encino tees transfristica FIG. 102: ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DISCURSIVO (ADAM 197.1) Na esquematiza 40, intervém os saberes enciclopédicos, grau de fami- liaridade com 0 género e os objetivos dos participantes da agio de lingua. gem. Além disso, ela se caracteriza por um dizer (logos), pelo que ela pode mobilizar no co-esquematizador (pathos) e pelo que pode insinuar da figura edo comportamento de seu esquematizador (ethos). Nessa perspectiva, a estrutura composicional do texto resulta de dois processos composicionais, a planificagdo e a estruturagao. A planificacao, como processo descendente, é instaurada a partir do género, neste caso, entendido como um plano de texto fixo, convencional, normatizado. Ja a estruturacao, como processo ascendente, instaura-se a partir da proposi¢ao, para combinar seqiiéncias e obter um plano de texto ocasional. Deste modo, Adam pretende aplicar a ocorréncia de um texto/enunciado empirico em uma situagao i itive é empirica. Nao dei claro, contudo, que tipo de recurso cogn! pI ao deixa bastante especffico ou um programa de ° género. Também nao propoe um conceito a is m que este Pesquisas para o género, mas um método de andlise textual em al elemento intervém. < ten- Ao, os generos sao en! central para nossa exposiga0, OS BETETE ye. __ No trabalho de 1992, , ; - tides como componentes da interacdo social ¢ 88 Sea ES isco £m interagao dentro de um_genero. Sendo Ce aciel {fig.10.1: B)) as ais (na forma de uma sucesso organizada 2008 1s de ordem discursivo- ‘aliéncias se realizam nos generos mediante eeematica [fig. 10.1: AD- Senética (ocorrendo, entao, uma configuracao P 3.1A configuragao pragmatic tots) Adam 1982) tra No médulo da/eonfiguragao pragmatica we seme todos em “Pontos de atenc: ie se desencadeiam q 216 Abas Bow] dulos dariam conta do alcance de um alvo com. nicativo e do balizamento poe e ST pee respon. : - : tis = sdveis por conferir as guias de sentido e de unidade ao grui OPOSiCdes sao crtendidos, neste caso, como médulos de gestao ligados ao nivel globa) do discurso. e integrados. Os trés subm6 julos [fig. 10.1: Al] € 0 do alvo ilocucional, Na instancia desse submédulo, o texto € entendido ane um macroato de dis. curso, que se dé como uma seqiiéncia de microatos. texto € ouereecacy Por um alvo ilocuciondrio global (um objetivo explicito ou mao) le agir sobre as Tepresentacoes, as crencas e/ou sobre 0 comportamento de um destinatatio el, o texto esta orientado por um Principio (individual ou coletivo). Nesse niv x e im pr dialégico, um movimento bi-interpretativo (enunciador/enunciatario) que produz a coeréncia textual. No segundo submédulo {fig. 10.1: A2], 0 da localizacao enunciativa (oy demarcagao), da-se 0 processo de ancoragem da enunciagao, mediante pla- nos enunciativos globais e locais. Adam (1992) cita seis modos de ocorréncia da localizacao da enunciacao: 1) oral face a face (eu, tu, aqui, agora); 2) escrita (atual), onde o contexto precisa ser verbalizado; 3) a enunciacao histérica (nao atual), ficticia ou nao, onde o sujeito se poe a distancia; 4) proverbial, de um sujeito coletivo universal e de um presente atemporal; 5) do discurso l6gico/tedrico-cientifico, onde a referéncia deixa de ser situacional e passa a ser a do texto em si e onde o sujeito representa a voz da ciéncia; e 6) do discurso poético, compreendido por um jogo verbal, uma luta oratoria desencadeada no aqui e agora dos co-enunciadores. O primeiro desses submod No terceiro submédulo [fig. 10.1: A3], 0 da coesGo semdntica (mundos), da-se 0 estabelecimento de um mundo representacional do qual decorre e ao qual se filia o tema global (macroestrutura) do texto. Na base do mundo instaurado, assentam-se demarcadores como 0 carater de ficcdo ou de nao-ficcao e as condicdes de verdade (possibilidades légicas de univer- sos de referéncia reais ou imagindrios). Neste submédulo, desencadeiam- se (nos niveis global e local) os processos de coeréncia em termos de isotopias* semAntico-referenciais, em relacao A Sod e ao mundo instaurado. gdo & progressao dos enunciat [soo seQ0 de pensar 0 texto (em ce ades predica ‘ unidades f 'do/argumento intve! cognitive sao propriamente repre et-relaci, Sentacées |i, ‘ada: >) a e teia in i IS. As e, em forma de teia (quadro loz}, Sticas, mas gis PrOPo: qui Posicdes ng s eM uM texto, al ae o 5 [TEXTO | Uma série de contro Ontos vi lentos e sangrento S entre a policia e os membros da orga- nizag&o dos Black Panters | rearam os primeiros dias do_| 5, {tempo: Black Panters} ao de 1969. |...) 6: inicio, eae rontos, verdo} teapresentagdes importantes par: conectividade é vista gramdtica textual, O segundo submédulo, o da seqiiencialidade ffig. 10.1: B2) explicita a organizacao das proposicdes em agrupamentos caracteristicos (prototipicos), Temos aqui as seqiiéncias textuais, propriamente, entendidas como um recur. 80 cognitivo indispensavel a producao ea compreensao do texto. Adam (1992, P. 28) define seqiiéncia como: * uma rede relacional hierarquica: grandeza decomponivel em partes ligadas entre si e ligadas ao todo que elas constituem; eas * uma entidade relativamente aut6noma, dotada de aa eas interna que lhe € prépria e, portanto, em ee a Be independéncia com o conjunto mais vasto do qi ; iencia (narrativa, descr ___ Aprincipio, Adam (1987) pala Rare 0 ao 1a, argumentativa, expositivo- reduziu o ntimero para cinco Pettico-autotética). Posteriormente (Adam, 1992), | |. Excluiu eee hatrativa, descritiva, explicativa, ica, por considerar 0 texto pod considerd-la parte da descrigao, € 4 poner texto, mas nao exatamente como . ela vn mao = 218 Adar Boxy ‘0 texto produzido). No caso da seqiiéncia a descrita na sega0 4.1), teriamos, essencialmente, rata macroproposigées, correspondentes ey situacdo inicial, a complicagae’ 3 ‘reJacdes, a resolugdo e a situacao final. : jas sao atualizadas no texto mediante 8S exipa heen en. cias pragmaticas de enunciado (correspondentes em parte ao género), 9 ae e com que uma seqiiéncia prototipica se mostre, na pe textual, geralmene de modo parcial em relagao aos seus tragos tipicos. Neste Se também, ts exigéncias podem levar o texto a explicitar, em sua ae cle, mais de ume seqiiéncia, ao que wma delas serd dominante, devendo as demais a ela se adequr’ Ressalte-se que a seqiiéncia, embora concebida como mecanism, cognitivo, é determinada pelas condicdes externas, do discurso. Deste modg, em Adam ela nao se estabiliza (ganha status formal) pela imposicao de pro. priedades intrinsecas da mente, como em Werlich, mas pela sua constante retomada em praticas discursivas. superficie do texto ( prototfpica (que seré Por outro lado, as seqiiénc Outro aspecto a ser ressaltado é que, para Adam, embora se possam visualizar marcas de uma ou outra seqiiéncia em uma proposi¢ao individual, essa Propo- sigo nao pode ser vista como essencialmente narrativa, descritiva, argumentativa etc. (como previa Werlich). O verbo no passado, no exemplo 1, pode indicar que a proposigao tenha base narrativa, mas, se considerarmos as complementacdes em 2 e 3, veremos que ela ganha cardter argumentativo e explicativo. (1)A marquesa saiu as cinco horas. (2)A marquesa saiu as cinco horas (entao é uma mentirosa). ()A marquesa saiu as cinco horas (porque € casada). A proposi¢ao, entao, estd em relagaéo pragmatica de dependéncia com uma seqiiéncia textual. A seqiiéncia textual, por sua vez, esta em telagao pragmatica com o género (enunciado). Neste sentido é que Adam concebe uma pragmatica textual, pois as marcas formais (gramatica textual) interagem com uma exterioridade (condigdes da enunciacao). Este conjunto de encaixes e relages ocorre da seguinte forma: (@# Texto # (Seqiiéncia/s (Macroproposigdes (Proposicées)))) Nessa férmula, 0 sinal de sustenido (@) indica as fronteiras (para)textuals, narcadas, segundo Adam, em termos de inicio e fim da comunicaciio. 0s pares de encaixes dos componentes textuais. A TEXTUAL NA ANALISE PRAGMATICO- :MATICO-TEXTUAL DE JEAN-Mi “Mice Apam [219 er (2002), para uma discusso mais elaborada sobre dif iferencas ver Meure'se texto (0 que ele ch [ver pos de te ie chama di ‘i entre OP le modalidades ret6ricas) e géneros} 41A seqiiéncia narrativa a identificar a seqiiéncia narrativa, Adam (1992) parte de sei le seis carac- Pal ee Ihe sao proprias, descrevendo-as do seguinte modo: teristicas que 1) ‘a sucessa0 de eventos: a narrativa i limitaca Eset ere vata Cac all Yee ga ie aCe temporal. Ou seja, um evento (ou fato) é sempre a cone mn a butro evento, sendo o elemento principal, aqui, a caaeeatas tempo, que se dé em fungao do evento anterior e do cients ») a unidade temética: a ago narrada necesita ter um Se ie “ade. Para que isso ocorra, ela deverd privilegiar um sujeito a oa Mesmo que existam varios personagens, um devera ser o mais noe tante, dele desencadeando toda a agao narrada; Y 3) os predicados tran: sformados: a desenrolar de um fato implica a trans- formacao das caracteristicas do personagem, de modo que seré mau no inicio e se tornard bom no final, teré uma perna saudavel no inicio e quebrada no final etc; 4) © processo: a narrativa deve e ter um inicio, um meio e um fim. A estruturagao basica da seq éncia narrativa, na verdade, parte dessa jdéia de processo. Para que haja 0 fato, é necessério que ocorra uma transformacdo, ou seja, no inicio, tem-se 0 estabelecimento de uma situagao, no meio, uma transformagao que transcorre em diregao a um fim, uma situagao final®; 5) a intriga:\a narrativa traz um conjunto de causas, orquestradas de modo a dar sustentagao aos fatos narrados. A intriga pode levar 0 narrador a alterar a ordem processual natural dos fatos, fazendo com que a narrativa comece, por exemplo, pelo meio (in media res). A auséncia de intriga pode levar certos autores a nao considerar créni- cas e relatos histdricos ou técnicos de fatos como narrativa; 6) a moral: muitas narrativas trazem uma reflexao sobre o fato narrado, que pode encerrar a verdadeira razao de se contar aquela histéria. Nao é uma parte essencial & seqiiéncia narrativa, de modo que pode vir implicita. Quando a seqiiéncia esta inserida em determinado ge- nero, 6 uma das partes que mais comumente pode ser alterada, a0 Se adequar aos componentes do género como uma forma hierarquica- mente superior, mais geral. rincipalmente em 5 elementos & inspirado princi} e We ‘ototfpico da seqiiéncia narrativa € ia Com base em todo’ bov & Waletzky (1967), 0 esquema PF ————— exigird a linearizacao ce-me, nem sempre exis th i ‘A nocao de ; iva, pare processo, propria da narrativa Payers Ts : dessas tres etapas (inicio, meio € iiencia se aplica @ : fim). Essa sedi aa Gompleta, mas nao necessariament & trechos narrativos den le texto (como 6 0 caso da noticia). i, | ADA Bona 220 descrito [fig. 1 situagao ini 3) como contendo cinco macroproposi¢6es que zi Perfazem, 1, a complicagao, as (re)ag6es, a situagao fin ‘al © a moral, ituacdo iniciale a sity, As macroproposigées Ce a a Tepresentam os momentos de equilfbrio da a tiva. A\ 2540 fing, IS€ Mais desc, macroproposigdes centrais (complicagao, Hoare © Tesolucao) ga, nente as que caracterizam 0 esquema eee oo g um fato corre ndo a ordem estabelecida e desencadeando reagées q ue tendem 4 j Tesolu¢ao e a uma nova situagao de equilibrio. A ne é ue Teflexdo com, plementar ao todo do fato narrado, sendo fungao do narrador, SEQUENCIA NARRATIVA ima 1 Sit icacko (Re) Acdes. 80 Moray BNicial! | bestnenisenento a) \ivecicr’ pesastetcesento2 sts (ordentacdo) Avaliagho FIG. 10.3: ESQUEMA DA SEQUENGIA NARRATIVA (ADAM, 1993; 57) Para ilustrar a seqiiéncia narrativa, Adam (1992, P. 61) recorre a um trecho da peca Os justos de Albert Camus (exemplo 4). Neste exemplo, a narrativa se encontra encaixada em meio ao didlogo, e nela as macroproposi¢ées se apresentam do seguinte modo: situacao inicial [a], com- Plicagao [b}, Te/acao [c, d, e, f, g]’, tesolugao [h], situagao final fi]. Adam afirma, ainda, que a moral, embora nao esteja explicita na narrativa, 6 esperada pelo ouvinte da histéria, motivo pelo qual ele se manifesta com um “E daf?”. (4) Kaliayev: Nao é necessario dizer isso, irmao. Deus nada € negocio nosso! (Um siléncio.) Vocé nao compreende? C de Sao Dimitri? Foka: Nao. Kaliayev: [a] Ele tinha um estava apressado, [b] quand estava atolada. [d] Entao, s; © 0 buraco, quando isto Mas pode. A justica onhece a lenda nea fo s C mpre atrasados ao encon- fits ae ~~ jo bn SHOOPNGIA TIXTUAL NA ANAIIOn oe oe a a oe a ‘Abaw alante de um discurso que visa m winado objeto, alterando, assim, 6 cote visdo de outro sobre deter- 0 ato argumentativo, conforme Du pase enn wT. ja-dito, em um dizer tempore 1988), € construfdo com locutor) que, na sua forma mais caracterfstien meet, © conhecido pelo intel ,, ‘ infiue conhecido pelo interlocutor, nio preci, {parece implicito, Ou seja, r jaque co dito. Consiste essencialmente na contraposiga 10 de enunciadi aco em operadores argumentati: lados, tendo sua sus- tentagio em 0 lativos. Estes Operadores sa io palavras que tém a fungilo de opor um enunciado que est sendo roferic ja-dit mas. O esquema argumentativo consiste, basicament n 7 te, dado ou. elemento explicito de sustentagao (um argument) a cares tumrpredicado), passando por um topos tum ja dito). Adam ae um exemplo caracteristico de enunciado argumentative, afer Oe (5) A marquesa tem maos suaves, mas eu nao a amo. Para ver que ha uma oposicao de enunciados aqui, devemos fazer uma inferéncia, ou seja, encontrar 0 enunciado implicito (0 topos), 0 que se daré por uma regra de inferéncia. O topos, neste caso, é 0 enunciado “Os homens amam as mulheres que tém mos suaves”. A partir deste enunciado, a conclusao plausfvel, com relacao ao exemplo cinco, seria, como podemos ver no esquema abaixo: “eu amo a marquesa’, a) Se os homens amam as mulheres que tém maos suaves, b) Ea marquesa tem mos suaves, c) Entado eu amo a marquesa. No exemplo 5, a conjun¢gao mas nao se opde a qualquer elemento an- terior da frase (marquesa ou mAos suaves), mas ao topos: (homens) amar as. mulheres que tem mos suaves. Ou seja: se a marquesa tem maos suaves € deveria amd-la, mas eu nao a amo. Adam apresenta, para se co! argumentacao no exemplo 5, um esquema fig. 10.4), ondese| os elementos que a compoem. ek oe Abain Bong ] partir desse esquema, podemos ver como Adam organiza argumentativa [fig, 10.5), Para ele, esta seqiéncia 6 formada de tri dados (premissas), 0 escoramento de inferéncias e a conclu segunda implicit 4 seqUieneig Partes: o, 8 », Sendo 4 Completa-se por uma tese anterior € uma restric¢ao, = —— jortanto—> con TESE + —DADOS —_eacoramento de aeeeeintes > coNctuRg ANTERIOR (prem inferénoias P 26) { a menos que RESTRIGAO SQUEN Q ARG FIG. 105 TIVA (ADAM, 1992, p. 118) A tese anterior ¢ a afirmagao que sera contestada, a qual nao necesita estar explicita no texto. Os dados sao as afirmagdes que dao margem & con. clus&o. O escoramento de inferéncias, nao estando explicito, é dado somente Pelo sentido do enunciado. Direcionando conclusao, ha uma particula que pode ser conclusiva ou restritiva. A conclusao é Propriamente a opiniao do enunciador e pode servir de tese para uma nova seqiiéncia argumentativa, 4.3 A seqiiéncia descritiva Purl “yh A descricao € a seqiiéncia menos auténoma dentre todas. Dificilmente sera predominante em um texto. Sua ocorréncia mais caracteristica 6 como Parte da seqiiéncia narrativa, principalmente na parte inicial (a situacao), quando sao introduzidos 0 espaco e os personagens do fato. A seqiiéncia descritiva nao apresenta uma ordem muito fixa, arracao. Em seu sentido mais geral, consiste na determin: lo e de um conjunto de propriedades relacionadas a ele. Adam aponta para a descrigao trés partes: 1) uma ancoragem (onde se tem um tema-titulo); 2) uma dispersao de propriedades (contendo dois pro- ao contrario ‘agao de um da ni rotulc quema virtual [fig. 10.6]. O termo virtual justifica-se, neste caso, Porque Os processos expostos no esquema nao estao dispostos exatamente na ordem em que possam caracteristicamente ocorrer, mas de forma a compor um quadro desses processos. Na descricao, apés se estabelecer o tema-titulo, haverd uma especificagao Por meio da aspectualizacao e/ou do estabelecimento de relagaio. O pri- meiro desses processos i jeto em seu aspecto fisico. Divide-se em dois subprocessos: ato d ides do objeto (qualidades) e 0 elato de partes do obje ada uw : relatadas pode TEXTUAL NA ANAL TEXTUAL DE JEAN-Micnet ApaM [223 pecificada, reaplicando-se ciclicamente os mesmos proces (c segundo processo (0 estabelecimento de relagao) consiste jcas de uma parte relatada para compor outra, Também se dividi situagao do objeto (seja no espago ou no temy ve ein risticas (mistura das caracterfsticas para com a ro aspecto). A ai imilagao pode ocorrer via comparagao ou via Reda ‘do exemplo 10.6, Adam (1992, p. 82) apresenta a Re aracON ) e a metonimia (bigode + chapéu = Carlito). ae ‘Tema-titulo, [ANCORAGEM | 2 y [ASPECTUALIZACKO, ESTABELECIMENTO Y DEIBEIAGAO i 1 wares sxroncio ASSTMILAGRO. ! 1 (einédoques) _(metoniaia) Za a parte 1 23 etc. yocal Tempo Comparagko metéfora | (elalal ae | la ‘TEMATIZAGRO TEMATIZAGAO TEMATIZAGAO remarizagho 1 Aseimilagao ‘PROPRIEOADES | comparativa i ‘ASPECTUALTZACAO ESTABELECIMENTO estapetecruento I DE RELAGKO ASPECTUALIZACRO DE RELAGKO 1 wi ae ete. etc. t PROPRIEDADES PARTES SITUAGKO ASSINILACKO ' etc. REFORMULACAO Fic. 106 ESQUEMA TIPICO DA SEQOENGIA DESCRITIVA (ADAM, 1982, p- 60 (6) Um pequeno bigode preto e um chapéu coco da mesma cor. Descrigao, ao mesmo tempo sumaria e precisa, do amigo ptiblico numero lo Carlito. {...] 4.4 A seqiiéncia explicativa A explicagao costuma ser chamada também de exposigao. Adam, no entanto, nao acredita que haja uma seqiiéncia expositiva. ‘Dessa forma, pata ele, os casos apontados como exposigao podem ser regularmente teinterpretados como uma seqiiéncia descritiva (na maioria dos casos) ow como uma seqiiéncia explicativa. i sta a Ambas as seqiiéncias tem como caracteristica prover uma respost questéo Como?. Esta resposta na descrigao, segundo Adam, tem uma forma Procedimental, no sentido de responder a Como fazer para... S| termos, descreve os passos para atingil tivo. Jé em relagao a ool §0, seu propésito é construir um desenho claro de uma idéia. Para se Tesponde-se a questao Por qué? ou Significacao da idéia. A seqiiéncia e diferencia da ed feS Et ow EEE ll . _ Avan nar] visa moudificar aia eteniga (vist Ae MmNa), mya estado de conhecimento) explicativa 2: Explicacdo (reg, Poste explicativa D Conclusdo-avaliacas IVA (ADAM. 1992, p. 132) ENGINE seatisneia explicativa fig. 10.7] apresenta trés parts, e nao computivel no inicio, uma vez que se trata de uma neco da explicagao. Nessas trés fases da explicagio, busea, stionamento, responder 0 questionamento ou ‘resolver 5 hando-o, e, por fim, sumarizar a resposta, avaliando o problema, apresenta um exemplo de uma seqiiéncia explicativa um antincio de eletrodoméstico (exemplo 7). O texto é intra, do com uma seqiiéncia descritiva (a, b, c, d]. A seqtiéncia explicativa tem cio com a pergunta: por que uma Radiosa? [e]. A partir dat, em discurso direto, aparecem as partes da explicagaio: a esquematizacao inicial {g, h, il. ¢ problema [j], a explicagao [k] e a conclusao-avaliagao (1, m, n). @ [a] Bem no alto da cadeia dos Pireneus, na base do monte Vignemale, se encontra o lago de Gaube. (b] Neste lugar, usar um automével esta fora de questo, pois s6 se chega ld por uma trilha estreita, {cl No entanto, na beira do lago, ha um pequeno albergue: o de Madame Seyrés. Id) E, neste albergue, hé uma maquina de lavar roupa Radiosa, {e] Por que uma Radiosa? (f] Ouga 0 que diz Madame Seyres: {al "Mesmo aqui € preciso uma méquina de lavar. {h] Para nossa roupa branca, claro, [i] Além disso, mesmo isolado como se est4, em um alber. Bue, sempre ha muitos guardanapos e toalhas para lavar”, Ui *S6 € preciso uma maquina que no enguice. {k] Porque & muito dificil, para os técnicos, subir até aqui.” {l] “Entdo, é preciso de algo forte. {m] Nés sempre tivemos uma Radiosa. {n] E nunca tivemos aborrecimentos com ela,” {o] Para a Radiosa, nao sao s6 as maquinas de lavar roupa que nao dao problemas: as lavadoras de louga, os fogoes, as geladeiras e os freezers também sao fabricados para durar t como a maquina do lago de Gaube. Radiosa: Os eletrodomésticos sem problemas.” 8 4.5 A seqiiéncia dialogal JA sealiéncia dialogal[fig. 10.81 6 0 componente Principal, segundo Adam (1992), dos géneros textuais mais caracteristions da comunicagao humana: 4 Conversacao e suas variantes (entrevista, Conversagao telefénica, debate etc)- cla traz. uma caracteristica fundamental: o fato de quanto as Seqiléncias vistas até aqui sao formas Em relagao as demais, ser poligerada, Ou seja, en —_ SESE en iame; yma interlocutores ser person; estes oe doe. nero de ficgao, genet m 8 nte, por mais um inter} agen locut BENS, quando 4 Seqiiéncia esta (nach igdo da seqtiéncia dialogal s composi¢ Bal se dé pel m interlocutor e outro (com alternancia de ith BN Tee be ae saHitadien ‘urnos), ‘ adam, dois tipos de seqiiéncias; as faticas e ag Sateeeae Aqui, segun. do Ac io is. SEQUENCIA DIALOGAL, sequéncia fatica sequéncias transac lais de abertura Seqiéncia fatica de encerranento Al BL a2 ete. FIG. 10.8 ESQUEMA BASICO DA SEQUENCIA DIALOGAL (ADAPTADO A PARTH | | | J IR DE ADAM, 1992, p. 139.165) As seqiiéncias faticas sao ritualfsticas e t interagao. Um exemplo de seqiiéncias féticas interagao (Adam, 1992, p. 156) pode ser: (8) Al - Bom dia! Bl - Bom dia! iA AX - Até logo. Bx - Até logo. 'ém a fungao de abrir e fechar a de abertura e encerramento de As seqliéncias transacionais sao as que compdem o corpo ee aaa onde esta realmente a razao do ato coma Nese beset a 45 seqiiéncias transacionais correspondem a metade do pi turn segundo turno: (9) Al - Desculpe. Vocé tem horas? Bl - Claro. Sao 6 horas. A2 - Obrigado. A forma mais caracterfstica das Se Rea Pergunta/resposta, podendo existir, San “cordo (ou desacordo) com 0 comentario. DE REGAN CIA NA ANALISE : OCA DE SEQUENCIA NA ANA Pe can Ania ERO ECRITICA are ss As andlises presentes em Adam (1992) partem i Pe ae jue estao- cao) e 0 proceso Mnat,CM™ Seguida, considerar 0 género em de NT aucao) eo proceso ! \drao i nsacionais 6 © pa ncias tral Srebnantasol IO i z de 1999, ele considera o intertexto (condichh" Fs Ara (sequencias ©squematizagao (planificacao [genero} Le aaa aa = Anz Boy mais mecanismos textuais]), sendo este processo ainda considerado em trés aspectos: ethas, logos e pathos*. Na andlise de texto que aqui faco, voy partir de uma discussao sobre o género critica de cinema para, em um mo. mento seguinte, considerar, no primeiro exemplo, as seqiiéncias e, no segun- do, os processos de planificagdo e esquematizacao. Para uma visualizacdo inicial da critica de cinema, como ha poucos traba- thos sobre este género, € possivel recorrer a descrigdes de géneros préximos, © que se apresenta mais préximo (podendo inclusive se confundir com 4 critica) € a resenha. Motta-Roth (2002) descreveu a resenha académica de livros (mas reas de lingiiistica, economia e quimica), detectando uma organizacao €m quatro grandes blocos textuais (movimentos Tetoricos). Segundo essa des- crigao [quadro 10.3], este género €¢ composto pelos seguintes movimentos: 1) apresentar 0 livro: apontando o carter do livro (texto, coletanea etc), © tema geral, as credenciais do autor, 0 campo de estudos a que se relaciona, o publico a que a obra pode interessar etc.; esquematizar 0 livro: descrevendo 0 modo como esté organizado (como foi dividido), relatando o que é discutido em cada unidade e que tipo de informacao adicional € possivel se encontrar nele (gré- ficos, figuras, quadros etc.); ressaltar as partes do livro: selecionando e criticando (positiva ou negativamente) os seus componentes; fornecer avaliacao final do livro: considerando-o no seu todo, de modo a recomenda-lo (expressamente ou com ressalvas) ou nao recomendé-lo. 2) 3) 4 Dentre as descrigGes voltadas especificamente para 0 género em questao (a critica de cinema), est4 a proposta por Beacco & Darot (apud Machado, 1996). Para estes autores, a critica de cinema se caracteriza por trés operagdes que determinam sua estruturacao, sendo elas: 1) descrever: relato do contetido do filme, que se mostra lingiiisticamente pelo predominio da assergao, de marcas de 3" pessoa e pela auséncia de marcas do sujeito enunciador; 2) apreciar: julgamento pessoal sobre o filme, levando-se em conta um sistema de valores, que se mostra lingiiisticamente por marcas 40 sujeito enunciador, pela presenga de unidades lexicais dotadas de -conotagdes pejorativas ou Valorativaside ur " ve a 5 nogho BE APRI Movimento 1 passo 1 Definindo o t6pi 4 pico geral do li Pde Informando sobre ni ates i rat passo 3 Informando sobre ofa autor/a That asso 4 Fazendo generalizacées oad passo 5 Inserindo 0 livro na drea oe Movimento 2 ESQUEMATIZANDO O LIVRO Passo 6 Delineando a organizacao geral do livroe/ ou Passo 7 Definindo 0 t6pico de cada capitulo e/ ou Passo 8 Citando material extratexto RESSALTANDO PARTES DO LIVRO Movimento 3 Avaliando partes especificas Passo 9 Movimento 4 FORNECENDO AVALIAGAO FINAL DO LIVRO Passo 10A Recomendando/desqualificando 0 livro ou Passo 10B Recomendando o livro apesar das falhas "EM RESENHAS ACADEMICAS (MOTTA-ROTH, 202. B $3 (QUADRO 103: DESCRICKO ESQUEMATICA DA ORGANIZAGAO em um dos poucos trabalhos que discutem a proposta de Adam no Brasil, concebe dois géneros com esta configuragao, os resumos eas resenhas criticas elo termo resenha critica para uma denominagao geral. Ela ai leve entender a constitui¢ao desse género como uma projegao da seqiiéncia descritiva. Deste modo, durante 0 artigo, estabelece uma relagao da seqiiéncia descritiva com 0 esquema de Beacco & Darot, que pode ser apresentada do seguinte modo: no, estariam as operagoes de aspectualizagao (listar propriedades, determinar as partes); tariam as operagoes de estabelecimento de nte, a da assimila¢ao, pelo procedimento diferentes. A apreciagao se completa com da por Adam como de possivel ocor- Machado (1996), de cinema, optando p: gumenta que se de 1) descrigéo: nesse pla apontadas por Adam 2) apreciagao: nesse plano, es relagdo, mais especificame! da comparagao entre filmes a operacao de avaliagao, aponta réncia na seqiiéncia descritiva. . . 3) interpretagao: seria uma espécie de descrigao do contetido e/ou da forma do filme. Sua natureza descritiva se revela no fato de que ela comumente vem imbricada com @ propria descri¢ao. reavaliados no trabalho de Machado, ont ae ria crigao da resenha desenvolvida Trés pontos, onta a des principalmente se tive! Por Motta-Roth. O prime jornalismo, os textos q) ficas (e de artes plastic iro deles ‘ito a ‘denominagao do género. No as de um leréria, teatral, cinematografica ete. pelo menos tesenha e critica, existe Para um campo de debates ue coment Tesenha rmenoriza' traz um relatO Pore To das idétas), a entice diz respel ee trais, cinematogra- ‘am obras literdrias, (ea modo geral) a0 ‘denominados critica (li- .), Embora haja similaridades claras entre uma diferenga marcante. Enquanto a do da obra, avaliando sua pertinéncia se atém ao plano Abay 228 a) a), da construcao da obra (campo da forma) ticas e/ou de entretenimento. a . destacar é 0 da organizagao do Benero, 4 © segundo ponto a Gmatografica se enquadra mais na desert? te parece, © Bene ee a & Darot. Nao é posstvel visualizar faciimest® Motta Roth que Teste gonero, categorias textuais Como a descricao, 4 ete Hosier pete tacao, pois sao termos relativamente vago re. CaO eter hex (embora minha andlise aqui também seja bastard “6 mals ficll perce >* de exftica comportam: 1) ficha técnica; 2) apreseniaa fie {tema geral, dados dos participantes, indicacdo de audiencig ot esquematizagao do filme (pela apresentagao da sinopse, pelo destaqueg cena etc) )avaliago (explicta ou implica). Enunctatvamene, ga lares deste género produzem uma avaliagao la obra que desencadeig _ ee © interesse ou 0 desinteresse pelo filme. Nao esta direcionado, Prime. ramente, a produgio de um feedback aos idealizadores da obra ea audian especializada (efeito da critica académica). avaliando suas Walidade, S eg Por fim, no trabalho de Machado, merece ser Tepensada a questio da identificagdo entre a estrutura da seqiiéncia descritiva e a estrutura do pig. prio género. Neste caso, se observarmos os exemplos abaixo (textos | e2), poderemos verificar a ocorréncia de varias seqiténcias, sendo a descricay 4 menos significativa. Vejamos como 0 texto 10.1 se configura. Pode-se observar, nele, a cor: réncia de trés blocos textuais claramente delimitaveis: uma apresentagao do filme ((1] negrito), uma esquematizacao do filme ({2] caracteres normais) uma avaliagao final do filme ((3] sublinhado). No primeiro bloco [1], que relata o mote do filme, a avaliacao se sobrepie os aspectos descritivos (havendo a dominancia da seqiiéncia argumentativa). No segundo bloco [2], em que o autor procura dar pistas da estrutura do filme, esquematizacao, por se tratar de uma obra de ficgdo, esta centrada na apr No primeiro destes b! | © seguinte esquema argumentatit™ ul Sa0 coisas distintas; locos ([1] em negrito), a seqiiéncia argument traz tragos de explicagdo, uma 1 7 nao polemiz# Pode-se suai, no periodo que se faz em tom neutro, nao pol ect SE PRAGMATIO TMGNATICO-TERTUAL DE Tau Macims Anan ido periodo dessa seqténcia tiva (LaBute.... polémico, incish s inter tacao ( nteressante Para reforcar; oo ao pritheln delas), como postula Adata per ene a © perfodo (argumentativo). im, pela relagao de A ENFERMEIRA BETTY otaca de 0 a 10): 8 | Nos dias de 1 dias de hoje, quando pessoas normais viram celebridades ¢ “artis tas” se revelam comuns e patéti cos, filmes como “ servem para mostrar a tnue linha entre o imagindrio eo teal cada ea | Seo = © imaginério e o real, cada vez | mais med{ocre. Para reforcar a tese, um debated incisivo e polémico diretor Neil LaBu ae ee oer eee tor Neil LaBute (Na companhia de homens), que pode ter feito sua produgao mais leve, porém, de longe, a mais interessante delas. [2] Renée Zellweger € uma moca normal da classe média interiorana janque. Faz tudo que o marido pede, tem um emprego mixuruca, é gentil com todos e, sobretudo, nao perde um capitulo de sua novela preferida. A rotina muda quando testemunha o maridao sendo assassinado por uma dupla de matadores (Morgan Freeman e Chris Rock, 6timos). Ela pira, passa a viver como se fosse uma personagem do tal dramalhao preferido da TV e vai em 0 amado doutor (Greg Kinnear) — ao mesmo tempo em que € busca d perseguida pelos criminosos. [3] A fébula de LaBute : Gump’ (a patetice e a inocéncia podem vencer 0 mi édio. radiografando o coracio do americano medio. Rodrigo Salem Nurse Betty, EUA, 2000. De Neil LaBute. Com Renée Zellweger, Morgan | Freeman, Chris Rock. 110 min, Columbia. Comédia. Tan Ie St EDTTORA PRES RDIGAO RUAN SA ne eres normais), ocorre uma seqiténcia © autor relata a ambientacto da his- arto, as re/acdes da personager- m trago importan= recho ({2] em caract rfodos, e, no qui nao traz Ww - ode conve HDS tae arragao Tyato em ordem cronol6gica, te, apontado por Adam, @ intriga. Trata-se de um rel a or mosteSe nae peazende, one Bron a) oa e i) jornalistico), em que a © grau zero da ordem do narrar bone no ma confirma ‘i jal narrativa se faz como mero relato dos 8 ante sao i m de que uma sed a argument da posigaéo de Adal wert como aa todo, can No segundo t narrativa. Nos dois primeiros pe! t6ria, no terceiro, a complicagao Nante. Neste caso, sé pensarmos se desem ta ~ , arrativa: nao filme e, come se trat dominante, de modo que & PATE mq qvaliagHo 40 F implicto) 8° Com. juer exp) FOP a meseieey o auto sue aa esquematizacio Mtg de modo pico: Pela nang do enredo, mas 2st nae €3té subordinada a fungao era! | ADAIR Boxe 230 ove | ee ea eae sceekiscoron are iiénci icati i 1 procul 2, formy se enameree acrescentando urna conclusa0-avaliagd0,vsivel nos ele” | tos argumentativos (de forma critica, acaba). Em suma, 0 texto 10.1 apresenta, de modo heterogéneo e dependente ta argumentagao, as seguintes seqiiéncias: argumentativa {1J, narrativa Re explicativa [3]. | No terceiro trech Para finalizar esta etapa, observemos 0 segundo exemplo (texto 10.2), uma critica cinematografica em que as partes do texto sao delimitadas, Pelos editores da revista Vip, como segées, sendo elas: 0 filme (os créditos da obra), mote (o tema do filme, geralmente pela apresentacao da sinopse), hype (algum fato relacionado ao filme: bastidor, reagao da critica, antecedentes hist6ricos etc.), e por que assistir (a avaliagao propriamente, ficando a reco- mendacao geralmente implicita). Este segundo exemplo sugere uma consciéncia da comunidade discursiva em relagao a organizacao do género e/ou em relacao as exigéncias Postas para a tarefa, uma vez que as categorias do género sao destacadas. Para Adam (1999), neste nivel, ocorre a planificacao, determinada pela memaria discursiva do falante/escritor, onde estariam os planos fixos dos textos, mas também as informag6es contextuais e intertextuais (dados da tarefa e do filme, os discur- sos proferidos em torno do filme etc.). O FILME MOTE HYPE POR QUE ASSISTIR 0 quarto do (0) Divorciada, (2] Sem um [3] Mais conheci- panico(Panic com filha adoles- | sucesso desde do por filmes Room) De David | cente, e disposta a | Contato, Judie para la de Fincher, Com torrar a grana do | quase nao entra | polémicos (como Jodie Foster, ex, Meg compra nesse Quarto: ela _| Clube da Luta), Forester mansio em Nova | ganhou o papel Fincher baixou a Whitaker, Jared [York com quarto | quando a protago-| guarda e deixou- Leto, fortificado — que | nista original, se prova titil ao Cotagao: 7,5 ser invadida por trés ladroes, 21 999) chama de estruturagao, fares mranto as propriedades dasecte 80 COM um jogo de a ; fa seqitencia) e de de le encaixes estruturai wo contexto € a0 intertexto) Ceterminacoes discursivas ( a5 ; 6 (quanto Notemos que, pelo fato de 08 blocos textuais eria um proceso claro de domi site nas nfo se funt “0 claro de dominancia sequencial, uma yor aie eng neo nao se juntam, ling $ al, uma ‘ ble ingtlisticamente (ao menoe ie, ans Vee due estes pmpor um todo. Nao obstante o8 de modo direto), par si 10, todos os fragmentos apresentam um mostrando a influénci: mente a encia da atividade ‘a na organi 0 do texto, s mesmo tom expositivo, provavelmente jornalistica € da tarefa espectfic 6 DISCUTINDO A NOGAO DE SEQUENCIA A nogao de seqiiéncia (embora nao formalizada nos termos d recebendo geralmente o nome de tipo de texto) aparece na items _ inca 4 em proposigoes tedricas relativamente distintas e mesmo em aaaaenter 3 ao trabalho de Adam (Werlich, 1976; Brewer, 1980; Longacre, 1983; vine 1992: Bronckart, 1999). A partir da proposta te6rica de Adam, contudo, é que sla ganha credibilidade e passa a integrar os debates académicos como um coneeito mais ou menos estabilizado. Em termos gerais, embora haja certo consenso sobre a validade epistemica da nocdo de seqiiéncia, dois pontos merecem atengao. Em primeiro lugar, é preciso considerar que as orientagoes tedricas diferentes elaboram explica- goes também diferentes para a nogao. Em segundo lugar, a | delimitagao do ntimero de seqiiéncias nao € consensual, variando bastante entre os autores que discutem o tema. Com relagao, especificamente, ‘ao trabalho de Adam, muitas criticas t¢m e no livro de 1992, que 0 autor sido esbocadas. Giering (2000) aponta, com bast prioriza " eee aed 5 demonstrando a viabilidade domo configuracional e nao mostrando claramente como a heterogensidact se constitui no efeito texto. Além disso, em termos conceituais, afirma ae eas nao deixa claro o que permite a distingao entre tipo plano ce eo oe nee modo, o que permite a identificagao de uma seu an as demais seqiiéncias presentes no texto. Mostra qu‘ sel ia ocasides diferentes, atribuiu seqiiéncias diferentes 20 E que a tureza epistemo i teoria. sO iis ir istemolégica de sua Pen: fragilidade esta na nal ‘ istem pelo menos trés pol balho de Adam: 0 problema ntos criticos no tral ema imari sma da catégorizaga interno/externo, 0 problema do p genero prt jo e o problet : > a6 iz respeito a0 modo como 0 autor ase na pragmatica) icos di 0 primeiro destes pontos eriticos di sees combinow uma perspectiva cognitivista ine a com uma perspectiva discursiva externa (com Base a a ao de Ada francesa) a que Bronckart comenta: soe e oe . decorrer do carater het sete a Sa Na esséncia, parecem rer ing Daless@nclay anaes eaeacos emus B No intuito de dar conta de um paradoxo (a natureza ao mesmo tem f 8€nea e heterogénea dos textos), propds, penso, um fluadro te6rico ond ng clara a fronteira entre o que é externo A mente (fendmeno so, al) eg interno (fendmeno cognitivo). Deste modo, 0 modelo te6rico nao xplica tento nem ©_processamento textual nem 0 Processo de constituicag $0 Seqtiéncias. Em seu livro de 1999, alcanga Certo nivel de explanacao, a conc, © Contexto como uma entidade cognitiva. A telacao entre extra e intramengg contudo, ainda permanece um ponto bastante fragil nessa elaboracao, : O campo discursivo (das praticas sociais), neste quadro teéric, um recurso epistémico de adiamento da Tesposta. Fora do dominio da lin. Bilistica textual (como estabelecido por Adam, 1992) 0 campo das Praticas sociais (discursivo) passa a ser uma instancia de indefinicao, onde S40 postas & Guestoes de dificil resolugao, como as relativas as Processos de externalizagao do texto (0 ato discursivo). O segundo ponto critico no trabalho de Adam corresponde ao Problema do género primario, Bakhtin nao propde o género primario como uma forma Mais estdvel que o genero secundario. Esta distingao est4 entrada na com- a ce 0, torna. telefone, das cartas etc.). 0 género secund: presente nas enunciacgdes mais complexas, onde os interlocutores interagem de modo mais indireto (caso do romance, do artigo cientffico, onde a Tesposta nao é direta e os proprios géneros assumem caracteristicas mais complexas, incorporando inclusive Os géneros primarios). Ao substituir a nogao de género primario pela de seqiiéncia, Adam rom- Pe 0 conceito de enunciado como formulado por Bakhtin. Diferentemente do enunciado (como uma unidade de alternancia entre interlocutores e Ge pode assumir a forma de um 8énero), a seqiiéncia nao funciona como uni- dade viva da \ingua, nao podendo Corresponder a um género primério. Mes- mo com © conceito de esquematizacdo, fica dificil saber qual ¢ a relagie psicolégica entre intertexto, Benero, seqiiéncia e Proposigao. lario, por outro lado, € uma forma ae [asoo 31 SHOOENCIA TIXTUAL VA ANALISE PiAGM, CMATICOCPERTUAS, tm State ieoria standard’ © a teoria dita ‘ Lc 2) ‘4 ‘dos prototipos’ eae ae ment : HUpOs' ou ainda ‘ : nd spenas que esta perspectiva 4 provavelmente ee sobte 0 lato de que aprivada clas categorizacoes da *rica, hoje, torna po fra’ categoria, divei 1 ymna-se incoerente, Wces das produgdes discustirags th ima abordagem SE etal ee eee ce lanines wens ea sua nog cardter metalé- rico ( . cao de { amo um componente da cogniao Ae prototipo textual, Adam o 4 anica A 0 Gescteva uma definigio pos Nos itens que se seguem, passo ¢ gos a nogao de seqiténcia canals a toes: 1) Existem formas alternativas de ancet fomprovar sua realidade psicolégic recurso produtivo para o ensino? lar alguns aspectos relaciona- tesponder as seguintes ques- c 2; 2) E possivel 3) Até que ponto ela se mes um 6.1 Formalizagao e quantificagao das seqiiéncias Entre os autores que tém discutido as seqiiénci: parametro de textualizagao. Podem-se notar nestes trabalhos ome posigées a partir das quais se constr6i o quad tedrico que as caracteriza. ‘Autores como Werlich (1976), Brewer (1980) e Virtanen (1992) tendem a pensa- las como resultantes de processos cognitivos primarios da mente (localizagao espacial, localizagéo temporal, julgamento etc.). Elas se dariam como conse- qiiéncia do desencadeamento desses processos em relacdo ao contexto (a referéncia-alvo). Este recurso a processos primdrios da mente prové um ponto de partida para afirmar que as seqiiéncias sao tipos primérios em relagao aos géneros. Longacre (1983), embora conceba os tipos como cristalizagdes den- tro de uma cultura, tende a buscar universais funcionais, 0 que possibilita (de certo modo) sua inclusao nessa primeira perspectiva. Jo trabalho de Adam abre outra perspectiva, pois imprime uma postura relativista, concebendo esses tipos apenas como cristalizagoes_a partir das praticas discursivas. Quanto a posi¢ao de Bronckart ase esté ambas as perspectivas. Por um Jado, concebe as seqllencis® © 0 ee ges no interdiscurso. Por outro, recorre a mecanismos psicoldgicos: os mun\ 7 cologicos (discurso discursivos (do narrar e 40 expor) € 0S aoa Dsl Teac: interativo, discurso tedrico, PATE vistas Jo relacionadas, Por um lado, aos 138840) como formas a ias CO! ais. circunstancias ntextui arquéti , 20S ‘quétipos e, por outro, aigcurs0) contudo, apaga @ , tipos via explicar eo i ela nao fica claro 0 claramente marcada por iiéncias como cristaliza- generos & as ; A tentativa de Telacdo entre linguage™ © ees rtame’ em termos eas oat doe ina fais arquétipos: De todo mode, Palmente em termos neur is), 0.4! vr eperente\aue (caus i € uma proposta mais coer 002), suge gue = seqiiéncias se 0 jor (Bonini, res psi Em um trabalho anterior (BOO ee uma gradi ind re Ete relacionariam a psique human’, © paraa obrevivencia do indivi gicos, quanto ao grau de pre a ADA Bo 10 a0 Outro, fatores seriam: 1) de ordem eg oposicao ao OMO sustent da personalidade, originando a ona hea tempo, dando origem a narrativa; 3) a determinagao espacial, s lo Origem is crigao; e 4) de ordem discursiva — a ee ae ae atividade de linguagem, dando origem as seqiiéncias expositiva jalogal. Aa, Se a formalizagao tedrica das seqiiéncias é um tema que merece gj sao, também a determinagao do ntimero delas nao é consensual e necessita de levantamentos e debates. Mesmo o termo Seqiiéncia consensual, uma vez que muitos ainda preferem o termo tipo de texto, @ Meurer (2000) fala em modalidades retéricas, entendendo-as como estruturas e funces textuais: “Estratégias utilizadas Para organizar a linguagem, mMuitas vezes independentemente das fungdes comunicativas associadas 40S géneros textuais especfficos” (p. 150). Os varios estudiosos do tema ja Propuseram os seguintes tipos: descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, instrutivo, procedimental, comportamental (injuntivo), explicativo. Mesmo entre Adame Bronckart, que compartilham um quadro tedrico préximo, ha divergéncia quanto a existéncia ou nado da seqiléncia injuntiva. Adam (1992) afirma que a injuncao é um tipo de descrigao. Bronckart (1999), além de incorporar mais um tipo ao conjunto delimitado por Adam, desenvolve um Taciocinio gradativo dentro de cada mundo (do expor e do narrar), de modo a acrescentar um grau zero da planificacao na ordem do narrar (0 Script: que corresponde a um u Zero para a planificacao na ordem que se realiza como enumeracoes, formulas, SCus. ainda Nao ¢ do expor (a esquem: Cadeias causais etc), O conjunto, Portanto, nao esta fechado, Adam e Bronckart nao conside- Tam um tipo expositivo, Sem este tipo, contudo, nem por uma seqiiéncia explicativa (nao se explica o fato), nem narrativa (jé ue 0 fato, pelo menos na tra igo americana, nao é contado), nem descritiva (ja que nao se descreve 0 fato). PaaS TAL [235] Em termos psicol6gicos, é pos Sr ate este CORO esta tata a Rape ; fungoes relacionadas.um.género (algo que se pode int elas, proke egsigao de Meurer. Serd que, ao escrever a sino rata ge For de uma critica, 0 escrtor acessa tim ecuicein cA eu daria como is en dentro da prépria estruturagio do ene ad * damprimento da tarefa? Caso isso se veifcas 5 npr do atravessad par eq enclay ae one ea et ame oe que, por motivos|culciraisveiaetenteneaeettnt oc x duzido, mas que tamibéi variamlde\Gopeit a eatean roan erto modo, a explicagao de Werlich, mas dando primazia ao gando a nogao de tipo como estrutura textual. : SEQOENCIA cias © ~oes 4 ge do cont mimero Tt riamos, de ¢ género e apaj 6.3 Seqiiéncia textual e ensino de producdo textual e leitura/escuta de textos Em termos de ensino, cabe perguntar até que ponto as seqiiéncias se m recurso produtivo, mesmo quando trabalhadas no interior dos discutem o ensino de lingua no Brasil (Brasil, 1998; Branddo, 2000) incluem as seqiiéncias como contetidos programaticos (a partir alhe o texto a partir do conceito de Adam ou Bronckart), propondo que se trab: de género de Bakhtin (1953). No texto de Brandao (que descreve e comenta varias tipologias), nao fica claro o modo como este trabalho sobre as seqiiéncias pode ser operacionalizado. Nos PCNs, 0 trabalho com as seqiiéncias € proposto, mais direta e explicitamente, para as ‘atividades analiticas (a leitura de textos escritos ea pratica de andlise lingiifstica) com os seguintes objetivos: Na leitura de textos escritos: revelam ur géneros. Os textos que Articulagao dos enunciados estabelecendo a progressiio temética, em funcao das caracteristicas das seqiléncias predominantes (narrativa, descritiva, expositiva, argumentativa e ‘conversacional) e de suas especificidades no interior do género (Brasil, 1998, p. 56)- Na pratica de andlise lingiifstica (como parte das atividades cimento das caracteristicas dos diferentes géneros): minantes (narrativa, ‘cursos expressivos recorrente de reconhe- ; < Go Eaeaeae dor descritiva, expositiva Andlise das seqiiéncias discursivas Pre owns argumentativa, conversacional) & dos re rior do género (Brasil, 1998, P- 60). i i la firmam que, com a pratica de géneros em si Doles Sohne eae a jas relativas &s seqiiéncias. Ao se de aula, os alunos desenvolvem competénci apropriar do género editorial, por exemplo, 0 aluno eat habilidade de argumentat 4 transferida LE I Sr exemplo). PrO- que esta seqiiéncia pode ocorter (a critica ou a resenh® FP acordo com Poem, entdo, que os generos a ser ensinados sejam ee © expor, 0 arg @ capacidade que se queita desenvolver (0 narran 2 eee ento se Mentar, e 0 instruir/prescrevet)- (Os PCNs propoem cee se de a partir da circulagao social dos generos ce que ser OS ae 236 ADAIR Boyt ] Publicitarios etc.) e Bonini (2001), segundo a instancia social de Ocorréncia dos géneros, Mesmo com essas indefinigdes, ao se adotar o termo seqiiéncia, hd uma vantagem imediata para o ensino: a renovagdo da nogao de redacto escolar tradicionalmente praticada nas escolas, Termos como narracao, descricao e dissertacao passam a ser entendidos como com onentes textuais e ndo mais como géneros. 7 CONSIDERAGOES FINAIS O trabalho de Adam inova ao propor © conceito (e de certo modo até mesmo a nogao) de seqiiéncia, que, como tal, enriquece 0 campo dos debates sobre os géneros textuais e possibilita pensar questdes sobre as metodologias de ensino de Ifngua e sobre a pesquisa do processamento cognitivo da linguagem. Ainda que se considere a validade epistemoldgica do conceito, cabe res- saltar que existe ainda um grande campo de discussées aberto. sobre a natureza lo fendmeno propriamente e sobre quantas sao de fato as seqiiéncias.

You might also like