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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS


CURSO DE DIREITO – Unidade do Kobrasol 10p.

Apostila- Roteiro de Aula


Disciplina de Processo Constitucional

São José, junho de 2012.1

1
Sumário

PRIMEIRA PARTE - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.........................8


1 CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE......................................................9
1.1 Conceito........................................................................................9
1.2 Fundamento.................................................................................9
1.3. Pressuposto....................................................................................9
1.4 Origens............................................................................................9
1.5 Considerações Históricas..............................................................10
2 INCONSTITUCIONALIDADE........................................................................11
2.1 Conceito........................................................................................11
2.2 Inconstitucionalidade por ação.....................................................11
2.3 Inconstitucionalidade por omissão...............................................11
3. FORMAS DE CONTROLE............................................................................11
3.1 Preventivo.....................................................................................11
3.2 Repressivo.....................................................................................11
4 ORGÃOS DE CONTROLE.............................................................................12
4.1 Político –........................................................................................12
4.2 Judicial...........................................................................................12
5 CRITÉRIOS DE CONTROLE..........................................................................12
5.1 Difuso............................................................................................12
5.2 Concentrado..................................................................................12
5.3 Misto.............................................................................................12
6 MEIOS DE CONTROLE................................................................................12
6.1 Incidental, via de defesa ou via de exceção..................................12
6.2 Principal ou via de ação................................................................12
7 EFEITOS DA DECISÃO.................................................................................12
7.1 Inter partes –.................................................................................12
7.2 Erga ommes...................................................................................12
8. NATUREZA DA DECISÃO............................................................................13
8.1 Ex tunc...........................................................................................13
8.2 Ex nunc..........................................................................................13
9 CONTROLE DE CONSITUCIONALIDADE NO BRASIL....................................13
9.1 Controle preventivo......................................................................13

2
9.2 Controle repressivo.......................................................................13
10 DOIS SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ADOTADOS
NO BRASIL.....................................................................................................13
10.1 Controle em abstrato, direto, via principal, de ação ou
concentrado........................................................................................13
10.2 Controle concreto, indireto, via de defesa, via de exceção,
difuso ou aberto..................................................................................14
11. MODALIDADES DE AÇÃO DIRETA...........................................................14
11.1 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn, CF, art 102, I, a,
primeira parte)....................................................................................14
11.2 Ação declaratória de Constitucionalidade (ADC, CF, art. 102, I, a
– segunda parte).................................................................................14
11.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão (CF. art. 103,
§2).......................................................................................................14
11.4. Representação Interventiva (CF. art. 34, 36, III e 129, IV).........15
11.5 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (CF, art.
102, §1)...............................................................................................15
12. PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF. ART. 97)..............................15
13. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS MUNICIPAIS...............15
14. ESPÉCIES DE DECISÕES PROFERIDAS NO CONTROLE EM ABSTRATO DA
CONSTITUCIONALIDADE...............................................................................15
14.1 Declaração de nulidade total –...................................................15
14.2 Declaração de nulidade parcial...................................................15
14.3 Declaração parcial de nulidade sem redução a texto.................16
14.4 Interpretação conforme a constituição –...................................16
15. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO............................16
16. RESULTADO DÚPLICE..............................................................................16
17. INCONSTITUCIONLIDADE PROGRESSIVA OU LEI AINDA
CONSTITUCIONAL.........................................................................................16
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................16

SEGUNDA PARTE - ROTEIRO DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS


.....................................................................................................................18
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO................................19
1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO......................................19
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA..............................................................19
3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO..........................20
4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA.........................................................20

3
5. JUÍZO COMPETENTE............................................................................20
6. PROCESSO E JULGAMENTO.................................................................21
7. EFEITOS DA DECISÃO...........................................................................21
8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................22

“AÇÃO POPULAR”........................................................................................23
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO.............................................23
1.1 Conceito........................................................................................23
1.2 Natureza Jurídica...........................................................................23
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................23
3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO................................24
4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA..............................................................24
4.1 Legitimidade Ativa.........................................................................24
4.2 Legitimidade Passiva.....................................................................24
5. JUIZO COMPETENTE.................................................................................24
6. PROCESSO E JULGAMENTO......................................................................25
7. EFEITOS DA DECISÃO................................................................................26
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................26

“HABEAS DATA”..........................................................................................27
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO (HABEAS DATA)..................27
1.1 Conceito......................................................................................27
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................27
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO.................................28
4 SUJEITOS DA AÇÃO....................................................................................28
4.1. Legitimados ativos........................................................................28
4.2 Legitimados passivos (possíveis)...................................................28
5 JUIZO COMPETENTE..................................................................................28
6 PROCESSO E JULGAMENTO.......................................................................29
7 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................30

AÇÃO CIVIL PÚBLICA....................................................................................31


1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO......................................31
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA..............................................................31
3. PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO E OBJETO DA AÇÃO........................31
4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA.........................................................33

4
1. Ministério Público (inc. I):............................................................33
2. Defensoria Pública (inc. II):...........................................................33
3. União, Estados, Distrito Federal e os Municípios (inc. III):...........33
4. Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista (inc. IV):.....................................................................................34
5. Associação que, concomitantemente (inc. V):.............................34
6 JUÍZO COMPETENTE............................................................................34
7 PROCESSO E JULGAMENTO.................................................................35
8 EFEITOS DA DECISÃO...........................................................................37
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................37

TERCEIRA PARTE - ROTEIRO DAS AÇÕES CONSTITUCIONAIS...38


“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (GENÉRICA)”......................39
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO.............................................39
1.3 Conceito......................................................................................39
1.4 Natureza Jurídica da Ação..........................................................39
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................39
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO.................................39
4 SUJEITOS DA AÇÃO....................................................................................40
4.1. Legitimados ativos........................................................................40
4.2 Legitimados passivos (possíveis)...................................................41
5 JUIZO COMPETENTE..................................................................................41
6 PROCESSO E JULGAMENTO.......................................................................42
7 EFEITOS DA DECISÃO.................................................................................44
8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................44

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE....................................45


1 CONCEITO DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADEC
OU ADECON).................................................................................................45
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................45
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO.................................46
4 SUJEITOS DA AÇÃO....................................................................................46
4.1. Legitimados ativos........................................................................46
4.2 Legitimados passivos (possíveis)...................................................47
5 JUIZO COMPETENTE..................................................................................47
6 PROCESSO E JULGAMENTO......................................................................47

5
6.1 Procedimento................................................................................47
6.2 Medida cautelar............................................................................48
6.3Decisão final...................................................................................48
7 EFEITOS DA DECISÃO.................................................................................48
8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................49

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)..........50


1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO............................................50
1.1 CONCEITO......................................................................................50
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................50
3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO................................50
4. SUJEITOS DA AÇÃO...................................................................................51
4.1. Legitimados ativos........................................................................51
4.2. Legitimados passivos....................................................................51
5. JUIZO COMPETENTE.................................................................................52
6. PROCESSO E JULGAMENTO......................................................................52
7. EFEITOS DA DECISÃO................................................................................53
8. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................53

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL............54


1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO.............................................54
2 FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA....................................................................54
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO.................................55
4 LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA...............................................................55
4.1 Legitimação Ativa..........................................................................55
4.2Legitimação Passiva.......................................................................56
5 .JUÍZO COMPETENTE.................................................................................56
6. PROCESSO E JULGAMENTO......................................................................56
7. EFEITOS DA DECISÃO................................................................................57
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................57

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA”.................59


1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO.............................................59
1.1 Conceito......................................................................................59
2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA...................................................................59
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO.................................60

6
4 SUJEITOS DA AÇÃO....................................................................................60
4.1. Legitimados ativos........................................................................60
4.2 Legitimados passivos.....................................................................61
5 JUIZO COMPETENTE..................................................................................61
6 PROCESSO E JULGAMENTO.......................................................................61
7 EFEITOS DA DECISÃO.................................................................................61
8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................62

7
PRIMEIRA PARTE - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8
1 CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

1.1 Conceito

Verificação da adequação vertical que deve existir entre as normas


infraconstitucionais e a constituição.

1.2 Fundamento

Supremacia da Constituição sobre as demais normas jurídicas existentes.


Critério de validade para o ordenamento jurídico.

1.3. Pressuposto

a) constituição rígida;
b) existência de um órgão que assegure a supremacia da constituição;

1.4 Origens

a) Sistema Americano – Caso Marbury X Madison (1803)


b) Sistema Austríaco – Controle por Corte Constitucional.
c) Sistema Francês - Controle Político da Constituição. (Corte não
jurisdicional)

Sistema Austríaco Sistema Norte-americano


 Decisão tem eficácia Constitutiva;  Decisão tem eficácia declaratória de
situação pré-existente.
 Por regra, o vício de  Por regra, o vício de
inconstitucionalidade é aferido no plano inconstitucionalidade é aferido no plano
da eficácia. da validade.
 Por regra, decisão que reconhece a  Por regra, decisão que declara a
inconstitucionalidade produz efeitos ex inconstitucionalidade produz efeitos ex
nunc (prospectivos) tunc (retroativo)
 A lei inconstitucional é ato anulável (a  A lei inconstitucional é ato nulo ineficaz,
anulabilidade pode aparecer em vários irrito e, portanto desprovido de força
graus) vinculativa.
 Lei provisoriamente válida, produzindo  Invalidação ab initio dos atos praticados
efeitos até sua anulação. com base na lei inconstitucional,
atingindo-a no berço.
 O reconhecimento da ineficácia da lei  A lei por ter nascida morta, nunca chegou
produz efeitos a partir da decisão ou para a produzir efeitos (não chegou a viver),
o futuro (ex nunc ou pro futuro) sendo ou seja, apesar de existir, não entrou no
erga ommnes, preservando-se assim, os plano da eficácia.
efeitos produzidos até então pela lei.
Fonte: quadro Comparativo, Lenza, 2011.

9
O Brasil, por adotar o sistema misto, vem nos últimos, flexibilizando a
teoria da nulidade absoluta e permitindo a chamada modulação dos efeitos de
declaração de inconstitucionalidade.

1.5 Considerações Históricas

a) Constituição de 1824. Não havia qualquer sistema de controle de


constitucionalidade, o que havia era a atuação do Imperador sobre os demais poderes
utilizando do artifício do poder moderador, como forma de controle sobre os atos dos
poderes.

b) Constituição de 1891 (Republicana). Por influencia do Direito Norte-


americano o Brasil adere ao Controle Difuso de constitucionalidade.

c) Constituição de 1934 – Ainda mantendo o controle difuso, criava-se a


ação direta de inconstitucionalidade interventiva e a cláusula de reserva de plenário,
além de atribuir ao senado federal a competência para suspender a execução de todo
ou em parte, de lei ou ato declarado inconstitucional por decisão definitiva.

d) Constituição de 1937 – (Constituição Polaca) Amplia os poderes do


executivo e permite de forma discricionária que o executivo, possa encaminhar para o
legislativo lei ou ato declarado pelo judiciário como inconstitucional, para o seu devido
reexame.
e) Constituição de 1946 – (Nova República) Na reforma constitucional
flexibiliza a relação dos poderes e cria a partir da EC. 16 de 26.11.65. A modalidade de
Ação Direta de Constitucionalidade, com competência originária ao STF, de lei ou ato
normativo federal, permitindo também o controle concentrado de constitucionalidade
nos Estados da Federação. Titularidade do Procurar-Geral da República.

f) Constituição de 1967 e EC 1 de 1969. – retira o controle concentrado dos


Estados, mas cria o controle dos atos e leis municipais, em face das constituições
estaduais.
g) Constituição de 1988 – Corrige os equívocos passados e apresenta
quatro principais modificações no controle de Constitucionalidade do Ordenamento
Brasileiro.
g.1) Ampliou, no controle concentrado, a legitimação para a
propositura da representação de inconstitucionalidade, acabando com o monopólio do
Procurador Geral;
g.2) Estabeleceu o controle de Constitucionalidade por omissão
legislativa, na forma concentrada.
g.3) Garante aos Estados Federados instituir a representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e municipais.
g. 4) Cria no ordenamento Jurídico Brasileiro, a arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF). (vide lei 9.882/99)

10
2 INCONSTITUCIONALIDADE

2.1 Conceito

Inconstitucionalidade é a incompatibilidade entre um ato legislativo ou


normativo e a constituição.

2.2 Inconstitucionalidade por ação

Produção de atos legislativos ou normas que contrariem dispositivos


constitucionais;
a) Formal – Produção da lei ou ato normativo por autoridade
incompetente ou em desacordo com as formalidades previstas na constituição;
a.1) Formal – Orgânica – Decorre da inobservância da
competência legislativa para elaborar o ato.
a.2) Formal – Propriamente dita – Decorre da inobservância do
devido processo legislativo. (Fases para elaboração da norma: Iniciativa, deliberação,
sanção e veto; promulgação e publicação)
a.3) Formal - por violação de pressuposto objetivo do ato – Ex.
audiência pública para a lei orçamentária.
b) Material - Produção de atos legislativos ou normativos que
desrespeitem o conteúdo das normas constitucionais; (art. 55, § 1 da C.F)
c) *Vicio de decoro Parlamentar – leis aprovadas mediante de percepção
de vantagens indevidas.

2.3 Inconstitucionalidade por omissão

É a não elaboração de atos legislativos ou normativos que regulamentam


preceitos constitucionais, de forma a impossibilitar o exercício destes direitos. A
inércia legislativa ou administrativa pode ser somada através da ação de
inconstitucionalidade e pelo mandado de injunção.

3. FORMAS DE CONTROLE

3.1 Preventivo

Feito a priori, antes da elaboração da lei. Exercido no Brasil pelo poder


legislativo e pelo poder executivo.

3.2 Repressivo

Realizado a posteriori, após a elaboração da lei ou do ato normativo.


Exercido no Brasil, em regra, pelo poder judiciário.

11
4 ORGÃOS DE CONTROLE

4.1 Político –

O controle de constitucionalidade é exercício por órgão não pertencente


ao poder judiciário;

4.2 Judicial

O controle de constitucionalidade é exercido por todos os integrantes do


poder judiciário;

5 CRITÉRIOS DE CONTROLE

5.1 Difuso

O controle de Constitucionalidade é exercido por todos os integrantes do


poder judiciário;

5.2 Concentrado

O controle de constitucionalidade só é exercido por um tribunal Superior


do país ou por uma Corte Constitucional;

5.3 Misto

O controle de constitucionalidade é exercido pelos dois critérios. O Brasil


adota o critério difuso no controle em concreto e o critério concentrado no controle
abstrato.

6 MEIOS DE CONTROLE

6.1 Incidental, via de defesa ou via de exceção

O objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo, sendo


alegado de forma incidental, por uma questão prejudicial, a ofensa do ato legislativo
ou normativo à constituição;

6.2 Principal ou via de ação

O objetivo da ação é a própria declaração da inconstitucionalidade da lei


ou do ato normativo.

7 EFEITOS DA DECISÃO

7.1 Inter partes –

A decisão produz efeitos somente para as partes da relação processual;

7.2 Erga ommes

A decisão produz efeitos para todos.

12
8. NATUREZA DA DECISÃO

8.1 Ex tunc

A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo


é retroativa, alcançando a lei e todas as suas consequências jurídicas desde a origem.

8.2 Ex nunc

A decisão que declara a inconstitucionalidade não é retroativa, produzindo


efeitos a partir de sua publicação.

9 CONTROLE DE CONSITUCIONALIDADE NO BRASIL

No Brasil é exercício por todos os poderes constituídos.

9.1 Controle preventivo

Exercido pelo Poder Legislativo, pelas comissões de Constituição e Justiça


existentes em todas as casas legislativas (CF. art. 58).
No Poder executivo pelo poder de veto jurídico do chefe do executivo ao
projeto de lei aprovado pelo legislativo. (CF, art. 66, §1).
* No Poder Judiciário, o STF, excepcionalmente, tem reconhecido aos
membros do poder legislativo o direito público subjetivo à correta formação de
espécies normativas.

9.2 Controle repressivo

Exercido, como regra geral, pelo poder judiciário na via principal ou de


defesa. A constituição, de forma excepcional, admite em duas hipóteses que o
controle repressivo seja exercido pelo poder legislativo.
1) decreto legislativo do Congresso Nacional visando sustar ato normativo
do poder executivo, que exorbite do poder regulamentar (CF. art 84, IV, segunda
parte) ou dos limites da delegação legislativa (CF. Art. 68, §2), conforme dispõe o art.
49, V da CF. e
2) Medidas provisórias rejeitadas pelo Congresso Nacional, por não
atenderem aos pressupostos de relevância e Urgência (CF, art. 65, §5).

10 DOIS SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


ADOTADOS NO BRASIL

10.1 Controle em abstrato, direto, via principal, de ação ou concentrado.

É um processo de natureza objetiva, em que é questionada a própria


constitucionalidade ou não de uma lei ou ato normativo, não se admitindo a discussão
de situações meramente individuais.
Características:
a) o objeto da ação é a própria declaração da inconstitucionalidade do ato
legislativo ou normativo (via principal ou de ação);

13
b) a ação deve ser proposta diretamente perante o STF (Controle
concentrado);
c) A decisão produz efeitos erga omnes;
d) A ação só pode ser proposta pelos órgãos e pessoas mencionadas no art.
103 da constituição Federal (titularidade) e a declarada lei ou ato normativo
inconstitucional, em regra, torna-se imediatamente inaplicável.

10.2 Controle concreto, indireto, via de defesa, via de exceção, difuso ou


aberto.

O objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo. A


inconstitucionalidade do ato legislativo ou normativo é arguida incidentalmente por
qualquer uma das partes, autor ou réu (via incidental ou de defesa);
A questão pode ser arguida perante qualquer juiz ou tribunal (controle
difuso). Na via difusa, há possibilidade de decisões conflitantes;
A decisão produz efeitos inter partes;
A questão só pode ser arguida pelo titular do direito individual ou coletivo;
Declarada a inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, em sede
de recurso extraordinário (CF. art. 102, III, a) ou em qualquer medida de controle
incidental, há necessidade da comunicação ao senado federal, para que providencie a
suspensão da executividade da lei declarada inconstitucional (CF. art. 52, X).

11. MODALIDADES DE AÇÃO DIRETA

11.1 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn, CF, art 102, I, a, primeira


parte)

Visa a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal


ou estadual perante a constituição federal. Ação de competência originária do STF.
Trantando-se de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal
perante a constituição Estadual, a competência originária será do tribunal de justiça de
cada Estado (CF. art. 125§2).

11.2 Ação declaratória de Constitucionalidade (ADC, CF, art. 102, I, a –


segunda parte)

Visa à declaração da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.


Introduzida pela Emenda Constitucional .n.3 tem como pressuposto a existência de
controvérsia judicial relevante sobre a constitucionalidade de dispositivo de lei ou ato
normativo federal.

11.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão (CF. art. 103, §2)

Visa suprir a omissão dos poderes constituídos que deixaram de elaborar a


norma regulamentadora que possibilita o exercício de um direito previsto na
Constituição.

14
11.4. Representação Interventiva (CF. art. 34, 36, III e 129, IV)

Além da declaração de inconstitucionalidade esta ação visa o


restabelecimento da ordem constitucional no Estado ou Município. Pode ser: a)
Intervenção Federal : intervenção do União nos Estados, de competência do STF; b)
Intervenção Estadual – intervenção dos Estados no Município, de competência dos
tribunais de Justiça de cada Estado.

11.5 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (CF, art. 102, §1)

Esta ação tem por objetivo: a) evitar ou reparar lesão a preceito


fundamental decorrente de ato ou omissão do poder público; b) quando for relevante
o fundamento da controvérsia constitucional sobre a lei ou ato normativo federal,
estatual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.

12. PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF. ART. 97)

Os tribunais somente poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou


ato normativo do poder público pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou
dos membros do respectivo Órgão Especial. Dada à relevância da decisão, não pode
estar sujeita maiorias ocasionais.

13. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS MUNICIPAIS.

As Adins somente de leis ou atos normativos federais ou estaduais perante


a Constituição (art. 102, I, a). Tratando-se de lei municipal contrária à constituição
Federal, é possível apenas o controle difuso da constitucionalidade. Lei municipal que
contrariar a Constituição Estadual poderá ser objeto de Adin perante o Tribunal de
Justiça (CF. Art. 125, §2); Reproduzindo a Constituição Estadual norma da Carta
Federal, é possível a propositura de Adin de lei municipal perante a Constituição
Estadual no Tribunal de Justiça local, com recurso extraordinário para o STF; e) a lei n
9882/99, que regulamenta o ADPF, admite o exame de controvérsia constitucional
fundada em lei municipal perante a Suprema Corte.

14. ESPÉCIES DE DECISÕES PROFERIDAS NO CONTROLE EM ABSTRATO


DA CONSTITUCIONALIDADE

14.1 Declaração de nulidade total –

A lei ou ato normativo é declarado totalmente inconstitucional;

14.2 Declaração de nulidade parcial

Considerando-se a divisibilidade da lei, é declarada a inconstitucionalidade


semente dos dispositivos inconstitucionais, aproveitando-se os demais.

15
14.3 Declaração parcial de nulidade sem redução a texto

É declarada a inconstitucionalidade apenas de determinadas situação de


aplicação da lei, reconhecendo-se a possibilidade de aplicação da lei a outras
hipóteses;

14.4 Interpretação conforme a constituição –

Existindo duas ou mais interpretações possíveis de uma lei, declara-se a


validade do dispositivo legal, indicando qual é a compatível com a Constituição Federal
e que deve ser adotada.

15. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO

Em regra, as decisões proferidas no controle de constitucionalidade


possuem efeitos retroativos, declarando a nulidade da norma impugnada desde a sua
vigência. Contudo, a lei 9.868/99 em seu art. 24, estabeleceu que em vista de razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse, poderá o STF, por maioria de dois
terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ele só
tenha eficácia a partir do transito em julgado ou de outo momento que venha a ser
fixado.

16. RESULTADO DÚPLICE

Decisões proferidas em ações diretas de inconstitucionalidade, em ações


declaratórias de constitucionalidade possuem o denominado efeito dúplice, conforme
dispõe o art. 24 da lei n 9868/99. A decisão do STF proferida nessas modalidades de
ação, quer julgada procedente ou improcedente, sempre produzirá efeitos.

17. INCONSTITUCIONLIDADE PROGRESSIVA OU LEI AINDA


CONSTITUCIONAL

Adotada pelo Supremo Tribunal Federal em determinados casos, que


consiste em um processo gradual de declaração de inconstitucionalidade de uma lei,
aguardando uma superveniente mudança de fatos.

BIBLIOGRAFIA

BARROSO, Luíz Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro.


São Paulo: Saraiva, 2011.

DIMOULIS. Dimitri. Curso de processo Constitucional: controle de


constitucionalidade e remédios constitucionais. São Paulo: Atlas, 2011.

DIDIER, Jr. Fredie. Ações Constitucionais. 5ed. Salvador: JusPodivm, 2011.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado - 14. ed. rev., atual. e ampl. /
2010 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo, SP: Saraiva, 2011.
16
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10 ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012.

17
SEGUNDA PARTE - ROTEIRO DOS REMÉDIOS
CONSTITUCIONAIS

18
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E COLETIVO

Andrezza Miranda1
Fernanda Gabriela Vieira2

1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

Mandado de Segurança é o meio constitucional posto à disposição de toda


pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade
reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, liquido e certo,
lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
No que se refere a natureza jurídica da ação, segundo Hely Lopes Meirelles,
trata-se de ação civil de rito sumário especial, destinada a afastar ofensa ou ameaça a
direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através de ordem corretiva
ou impeditiva da ilegalidade, ordem esta, a ser cumprida especificamente pela
autoridade coatora, em atendimento a notificação judicial. Sendo ação civil, o
mandado de segurança enquadra-se no conceito de causa, enunciado pela
Constituição da República, para fins de fixação de foro e juízo competentes para o seu
julgamento quando for interessada a União Federal (art. 109, I e VIII) e produz todos os
efeitos próprios dos feios contenciosos. Distingue-se das demais ações apenas pela
especificidade de seu objeto e pela sumariedade de seu procedimento, que lhe é
próprio, aplicando-se, subsidiariamente, as regras do Código de Processo Civil. Visa,
precipuamente, à invalidação de atos de autoridade ou à supressão de efeitos de
omissões administrativas capazes de lesar direito individual ou coletivo, líquido e
certo.
Ademais, qualquer que seja a origem ou natureza do ato impugnado
(administrativo, judicial, civil, penal, policial, militar, eleitoral, trabalhista, etc.), o
mandado de segurança era sempre processado e julgado como ação civil, no juízo
competente.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Artigo 5º, Inciso LXIX e LXX da Constituição Federal de 1988 e Lei nº 12.016,
de 07-08-2009.

1
Aluna do Curso de Direito da Univali, 10p.
2
Aluna do Curso de Direito da Univali, 10p

19
3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

O objeto da ação de Mandado de Segurança será sempre a correção de ato


ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a direito individual ou coletivo,
líquido e certo, do impetrante.
Assim, segundo Hely Lopes Meirelles, o objeto normal do mandado de
segurança é o ato administrativo específico, mas por exceção presta-se a atacar as leis
e decretos de efeitos concretos, as deliberações legislativas e as decisões judiciais para
as quais não haja recurso com efeito suspensivo, capaz de impedir a lesão ao direito
subjetivo do impetrante. A lei em tese, como norma abstrata de conduta, não é
atacável por mandado de segurança (STF, Súmula n. 266), pela óbvia razão de que não
lesa, por si só, qualquer direito individual, mas nada impede que, na sua execução,
venha a ser declarada inconstitucional.
Como pressuposto de cabimento, de regra, cabe Mandado de Segurança
contra ato de qualquer autoridade, mas a lei o excepciona contra o que comporte
recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução; contra decisão
ou despacho judicial para a qual haja recurso processual eficaz com efeito suspensivo,
ou possa ser corrigido prontamente por via de correição; e contra a decisão judicial
transitada em julgado (art. 5º, da Lei n. 12.016/2009).
Ademais, tal direito a ser protegido deve ser liquido e certo, lesado ou
ameaçado de lesão por ato de autoridade, não amparado por habeas corpus ou
habeas data.

4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

Tem legitimidade ativa, qualquer pessoa física ou jurídica, órgão com


capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei. Caso o direito violado
caiba a mais de uma pessoa, qualquer uma delas poderá requerer a correção judicial.
Tem legitimidade passiva as pessoas físicas e jurídicas, órgãos públicos
despersonalizados, mas dotados de capacidade processual, como as Chefias dos
Executivos, as Presidências das Mesas dos Legislativos, os Fundos Financeiros, as
Comissões Autônomas, as Agências Reguladoras, as Superintendências de Serviços e
demais órgãos da Administração centralizada ou descentralizada que tenham
prerrogativas ou direitos próprios ou coletivos a defender.

5. JUÍZO COMPETENTE

A competência para julgar mandado de segurança define-se pela categoria


da autoridade coatora e pela sua sede funcional. Normalmente, a Constituição da
República e as leis de organização judiciária especificam essa competência, mas casos
há em que a legislação é omissa, exigindo aplicação analógica e subsídios doutrinários.
A competência dos tribunais e juízos para o julgamento de mandado de
segurança, mandado de injunção e habeas data está discriminada na Constituição da
República de 1988, cujos dispositivos estão transcritos no n. 1 do Apêndice.

20
Quanto aos mandados de segurança contra atos das autoridades federais
não indicadas em normas especiais ou dos integrantes de entidades privadas no
exercício de delegação federal, a competência é das Varas da Justiça Federal, nos
limites de sua jurisdição territorial, como recurso para o TRF.
Para os manados de segurança contra atos das autoridades estaduais e
municipais, o juízo competente será sempre o da respectiva comarca, circunscrição ou
distrito, segundo a organização judiciária de cada estado, observados os princípios
constitucionais e legais pertinentes.
Assim, para a fixação do juízo competente em mandado de segurança, não
interessa a natureza do ato impugnado; o que importa é a sede da autoridade coatora
e sua categoria funcional, reconhecida nas normas de organização judiciária
pertinentes.

6. PROCESSO E JULGAMENTO

No que se refere a liminar, o impetrante do Mandado de Segurança –


repressivo ou preventivo – deve requerer a conhecida medida liminar (art. 7º, III, da
Lei nº 12.016/09) para evitar o cometimento de atos abusivos ou ilegais (preventivo),
ou suspender o ato, ou ainda obrigar a autoridade a praticá-lo (no caso dos MS
repressivos), atendidos os requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.
Assim, a medida liminar é provimento de urgência admitido pela própria lei
de mandado de segurança “quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida” (art. 72, III, da Lei
n. 12.016/2009). Para a concessão da liminar, devem concorrer os dois requisitos
legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido na inicial e a
possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do impetrante se vier a ser
reconhecido na decisão de mérito - fumus boni juris e periculum in mora.

7. EFEITOS DA DECISÃO

A coisa julgada pode resultar da sentença concessiva ou denegatória da


segurança, desde que a decisão haja apreciado o mérito da pretensão do impetrante e
afirmado a existência ou a inexistência do direito a ser amparado. Não faz coisa
julgada, quanto ao mérito do pedido, a decisão que apenas denega a segurança por
incerto ou ilíquido o direito pleiteado, a que julga o impetrante carecedor do mandado
que indefere desde logo a inicial por não ser caso de segurança por falta de requisitos
processuais para a impetração ou pelo decurso do prazo para impetração (art. 10 da
Lei n. 12.016/2009).
Para que surja a coisa julgada, em sentido formal e material, é
indispensável a tríplice identidade de pessoas, causa e objeto: as partes hão de ser as
mesmas; o fundamento de pedir o mesmo e o objeto o mesmo, e não apenas
assemelhado. Muito comum é a repetição do ato abusivo, já considerado ilegal em
outro mandado entre as mesmas partes, incidente sobre objeto do mesmo gênero
(mercadorias, serviços, atividades etc.). Neste caso, não se verifica a coisa julgada por
faltar à decisão anterior um dos pressupostos de sua ocorrência, ou seja, a vinculação

21
da sentença primitiva ao mesmo objeto (e não a objeto do mesmo gênero). Ter-se-á,
aqui, apenas um precedente judicial; nunca a coisa julgada, em acepção jurídica
própria.
Mas, desde que se forme regularmente a coisa julgada, em sentença de
mandado de segurança, tem “força de lei nos limites da lide e das questões decididas”
(CPC, art. 468), e, portanto, não há razão para se permitir sua desconstituição por ação
ordinária, quando certo que unicamente a rescisória poderá fazê-lo (CPC, art. 485). Daí
porque o próprio STF, dando o exato sentido e alcance de sua Súmula n. 304,
consignou que, quando a decisão proferida em mandado de segurança conclui que não
assiste direito ao impetrante, apreciando o mérito, o único modo de atacar a res
judicata assim formada é ação rescisória. Com efeito, a expressão contida na indigitada
Súmula, “não fazendo coisa julgada”, equivale a dizer-se: quando não fizer coisa
julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria. Por outro lado,
quando fizer coisa julgada, impede o uso de outra ação ou, mesmo, de outro mandado
de segurança. Mas isto só ocorre nas sentenças regulares, pois as sentenças nulas não
fazem coisa julgada, sabido que o ato nulo não gera efeitos jurídicos válidos, e, por isso
mesmo, a decisão nula, ainda que supere os prazos de recursos específicos, pode ser
atacada e invalidada por mandado de segurança, porque seus efeitos e sua execução
não passam de atos ilegais, produtos do abuso de poder, reprimíveis pelo mandamus
nos termos constitucionais.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. 33 ed. atual. Arnoldo Wald e Gilmar
Mendes. São Paulo: Malheiros, 2010.

22
“AÇÃO POPULAR”
Letícia Amorim
Lucilene Weiss
Renata Poeta da Silva

1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

1.1 Conceito

“É o meio constitucional posto a disposição de qualquer cidadão para obter


a invalidação de atos ou contratos administrativos ou a estes equiparados ilegais e
lesivos do patrimônio Federal, Estadual e Municipal, ou de suas autarquias, entidade
paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos”. (Prof. Hely
Lopes Meirelles)

1.2 Natureza Jurídica

De natureza jurídica processual Constitucional ostenta a garantia de fazer


com que todo cidadão possa zelar como um fiscal do bem público.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Com fulcro na Constituição Federal:


“Art. 5º, LXXIII da C.F - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência.”
E quando este não estiver em conformidade com a legalidade e moralidade
a Lei 4.717/65, regulamentará:
“Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita
ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos”.

23
3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

A Ação Popular tem por objetivo combater ato ilegal e lesivo ao patrimônio
público, meio ambiente, consumidores e demais interesses difusos e coletivos,
conforme prevista na Lei 4.717/65 que regula essa ação, entretanto com a
Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, LXXIII houve um alargamento no âmbito
de admissibilidade de Ação Popular, através do acréscimo de objetos passiveis de
proteção.
Qualquer manifestação lesiva da Administração, danosa aos bens e
interesses da comunidade pode ser reprimida por meio de ação popular.
São requisitos da ação popular e constituem pressupostos da demanda: a)
a condição de cidadão; b) a ilegalidade ou ilegitimidade do ato impugnado; c) a
lesividade.

4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

4.1 Legitimidade Ativa

Qualquer cidadão em pleno gozo de seus direitos político. sendo facultado


a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação
popular.

4.2 Legitimidade Passiva

A legitimidade passiva será das pessoas jurídicas de direito público ou


privado e das entidades referidas no art. 1º da Lei 4.717/65, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão,
e contra os beneficiários diretos do mesmo (art. 6º da Lei 4.717/65).
Cabe ao Ministério Público participação singular no processo, sendo a parte
pública autônoma responsável pela regularidade do processo, pelas provas e
promoção da responsabilidade civil ou criminal dos culpados. Havendo abandono da
ação, verificado o interesse público, caber-lhe-á promover seu prosseguimento.

5. JUIZO COMPETENTE

A competência para julgar a ação popular é determinada pela origem do


ato impugnado. Em se originando de funcionário, órgão ou entidade ligada à União,
será competente o juiz da Seção Judiciária Federal do local onde o ato foi praticado.
Em se originando de funcionário, órgão ou entidade ligada ao Estado, será competente
o juízo indicado na lei de organização judiciária estadual. Se municipal a origem do ato,
será o juiz da comarca onde o ato foi praticado.

24
6. PROCESSO E JULGAMENTO

A Ação Popular segue o rito ordinário, devendo a petição inicial preencher


os requisitos do art. 282 do Código de Processo Civil.
O juiz em seu despacho inicial determinará a citação pessoal de todos os
responsáveis pelo ato impugnado e a citação por edital e nominal de todos os
beneficiários do ato, se o autor assim requerer, determinando, também, a intimação
do Ministério Público.
Depois de definida a lide a defesa não mais poderá ser alterada, ainda que
haja substituição do diretor da entidade ou do governante, procedimento totalmente
justificável por ser a Administração Pública una e inesgotável.
Durante o processo não será admitida a reconvenção, pelo fato do autor
não estar pleiteando direito próprio contra o réu, sendo o prazo de contestação de 20
dias, comum a todos os Réus, prorrogáveis por mais 20 dias, a requerimento do
interessado, se difícil a produção de prova documental. Havendo prova a ser produzida
na audiência, o processo seguirá o curso ordinário.
A Lei determina o pedido do autor à:
a) decretação da invalidade do ato ou da omissão administrativa;
b) desconstituição do ato;
c) condenação na reparação dos prejuízos causados ao erário público em
virtude do ato ou da omissão de seus responsáveis e/ou beneficiários;
d) condenação na restituição de bens e valores indevidamente
apropriados.
Caso o autor não tenha a posse dos documentos comprobatórios do ato
lesivo e ilegal, poderá requerer ao juiz que solicite às autoridades que os apresente em
juízo.
Salvo comprovada má-fé, o autor ficará isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência, prescrevendo a ação em 05 (cinco) anos – art. 21 da Lei 4.717/65.
Caberá na Ação Popular a medida liminar para suspender o ato lesivo
impugnado, conforme Art. 5º, § 4º da Lei 4.717/65, bem como demais medidas
cautelares preparatórias e incidentais, desde que presentes os requisitos
autorizadores.
A própria Constituição prevê em seu art. 5º, XXXV – “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;” – a inafastabilidade da
jurisdição para apreciar a ameaça de lesão a direitos tutelados pelo ordenamento
jurídico.
Também está previsto no art. 14, § 4º da Lei 4.717/65 o seqüestro e
arresto dos bens da(s) pessoa(s) que forem condenadas a restituir coisas ou valores,
que se convolará em penhora.
Havendo interesse público ou flagrante ilegitimidade, para evitar grave
lesão ao poder público, o Presidente do Tribunal, ao qual couber conhecimento do
respectivo recurso, tem competência para suspender, em despacho fundamentado, a
execução da liminar.

25
7. EFEITOS DA DECISÃO

Transitada em julgado a sentença de procedência, a respectiva coisa


julgada tem eficácia erga omnes, a fim de alcançar todos, até mesmo cidadão alheio ao
processo, tanto que os terceiros também têm legitimidade ativa para execução da
sentença (arts. 16 e 17 da Lei 4.717/65).
Pela natureza civil, a ação popular não comporta condenações políticas,
administrativas ou criminais. Comprovada infringência na norma penal ou falta
disciplinar, de ofício o juiz determinará o encaminhamento de peças ao Ministério
Público e/ou à autoridade a quem competir a aplicação da pena.
Após a conclusão dos autos o juiz terá 15 dias para proferir a sentença, sob
pena de ficar impedido de promoção por 2 anos na lista de antiguidade e ter
descontado tantos dias quantos forem o de retardamento da decisão.
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência do pedido
está sujeita ao duplo grau de jurisdição – art. 19 da Lei 4.717/65.
Haverá ação regressiva contra os responsáveis que não integraram a lide.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIDIER, Fredie Jr. Ações Constitucionais. 3ª ed. Salvador: Podivm, 2008;

COSTA, Susana Henriques. Comentários à Lei da Ação Civil Pública e Lei de Ação
Popular.

MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. (atualizada por Arnoldo Wald e


Gilmar Mendes). São Paulo: Malheiros, 2010.

26
“HABEAS DATA”
Izabel M. Pereira
Gracieli Munerol

1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO (HABEAS DATA)


1.1 Conceito
O habeas data é uma garantia constitucional prevista na Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) destinada a “disciplinar o direito de
acesso a informações, constantes de registros ou banco de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, para conhecimento ou retificação [...] todas
referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante” (LENZA, 2011, p.
955).
Para José Afonso da Silva (2008, p. 453), o habeas data permite a proteção
da intimidade dos indivíduos relativamente aos seguintes aspectos:
(a) usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios
fraudulentos, desleais ou ilícitos; (b) introdução nesses registros de dados
sensíveis (assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou
religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual etc.); (c)
conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei.

Portanto, referida ação constitucional confere ao impetrante a


possibilidade de ter acesso a informações constantes em banco de dados e registros de
entidades governamentais e de caráter público - desde que relativas à própria pessoa
do impetrante -, bem como, de retificar tais dados e registros, podendo, inclusive,
suprimi-los (SILVA, J. A. 2008).
Em relação à impetração do habeas data, apesar de o texto constitucional
restringir referida ação à pessoa do impetrante, o Tribunal Federal de Recursos, atual
Superior Tribunal de Justiça, admitiu a impetração do writ por herdeiros legítimos ou
cônjuge supérstite de pessoa falecida cujos dados estariam sendo utilizados ilegítima e
indevidamente.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
O habeas data está previsto na CRFB/2008, em seu artigo 5º, LXXII, nos
seguintes termos:
Art. 5º [omissis]

[...]

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

27
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo


sigiloso, judicial ou administrativo.

Referido remédio constitucional foi regulado pela Lei nº. 9.507/97, que,
inclusive, disciplinou o seu rito processual.

3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO


O habeas data tem por objeto, segundo José Afonso da Silva (2008, p. 455),
assegurar:
(a) O direito de acesso e conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidades
governamentais e de entidades de caráter público; (b) o direito à retificação
desses dados, importando isso em atualização, correção e até a supressão,
quando incorretos. Em relação ao direito de retificação, o dispositivo
constitucional faculta ao impetrante o processo sigiloso, judicial ou
administrativo, dando a entender que, se o processo for sigiloso, não será
de habas data, mas outra ação, o que não tem sentido algum. [...].

4 SUJEITOS DA AÇÃO
4.1. Legitimados ativos
São legitimados ativos para impetrarem habeas data “qualquer pessoa
física ou jurídica” (LENZA, 2011, p. 956).

4.2 Legitimados passivos (possíveis)


Segundo Pedro Lenza (2011, p. 956), “o polo passivo será preenchido de
acordo com a natureza jurídica do banco de dados”. Assim, tratando-se de entidade
governamental, o sujeito passivo será a pessoa jurídica correspondente, órgão da
administração pública direta ou indireta; se, no entanto, tratar-se de entidade de
caráter público, figurará no polo passivo a entidade privada respectiva.
Apenas com o fim de esclarecer o assunto, José Afonso da Silva (2008),
claramente diferencia as entidades governamentais das entidades de caráter público,
afirmando que aquela abrange órgãos da administração direta ou indireta e esta se
refere a instituições de direito privado que prestam serviço público ou de interesse
público, como exemplo, as concessionárias e permissionárias.

5 JUIZO COMPETENTE
As disposições relativas à competência dos órgãos judiciais para apreciar e
julgar o habeas data estão previstas nos artigos 102, I, d, II, a; 105, I, b; 108, I, c; 109,

28
VIII, e 121, § 4º, V da CRFB/88. A Lei 9.507/97 especificou tais competências no seu
artigo 20, nos termos:
Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do
próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz
federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida
em única instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única
instância pelos Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz
federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme
dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do
Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos
previstos na Constituição.

6 PROCESSO E JULGAMENTO
Segundo José Afonso da Silva (2008), o rito processual do habeas data está
previsto na Lei 9.507/97 e se desenvolve em duas fases, quais sejam, quando o juiz, de
plano, manda notificar o impetrado para apresentar as informações e dados relativos
ao impetrante que, tendo ciência dos mesmos, deve manifestar-se no sentido de
requerer ou não a sua retificação e, quando o juiz determina a citação do impetrado
para apresentar contestação caso não concorde com o pedido de retificação.
De forma mais específica, o mesmo autor aborda a questão do rito
processual e do julgamento do habeas data da seguinte maneira:
[…] pressupõe uma fase administrativa prévia, que começa com o
requerimento do interessado apresentado ao órgão ou entidade depositária
do registro ou banco de dados e que será deferido ou indeferido no prazo
de quarenta e oito horas, comunicada a decisão ao requerente em vinte e
quatro horas. Se deferido o requerimento, o depositário do registro ou
banco de dados marcará dia e hora para que o requerente tome
conhecimento das informações. Constatada a inexatidão de qualquer dado a
seu respeito, o interessado, em petição acompanhada de documentos
comprobatórios, poderá requerer sua retificação, que deverá ser feita, no
máximo, em dez dias. Indeferido o pedido de acesso às informações, ou
verificado o transcurso do prazo de dez dias sem decisão, ou recusada a
retificação pleiteada ou o decurso de mais de quinze dias sem decisão, ou
ainda recusadas as anotações de explicação ou contestação apresentadas
pelo requerente, então, sim, poderá ele recorrer ao Poder Judiciário,

29
mediante petição na forma dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil,
pleiteando a concessão do habeas data, que lhe assegure o acesso às
informações, as retificações solicitadas, bem como as anotações pleiteadas.
Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo
da petição, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com
as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as
informações que julgar necessárias. Feita a notificação, o serventuário em
cujo cartório ocorra o feito juntará aos autos cópia autentica do ofício
endereçado ao coator, bem como a prova da sua entrega a este ou da
recusa, seja de recebê-lo, seja de dar recibo. Se o juiz julgar procedente o
pedido, marcará data e horário para que o coator apresente: (a) ao
impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros e banco
de dados; (b) em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos
assentamentos do impetrante. Da sentença cabe apelação, que só terá
efeito devolutivo. O pedido de habeas data poderá ser renovado se a
decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Pedro Lenza (2011), por sua vez, leciona que para o reconhecimento do
habeas data é necessária a pretensão resistida, isto é, a recusa da autoridade em
ceder as informações, implicando no não reconhecimento da ação por falta de
interesse processual, na hipótese de não haver tal recusa. Por fim, complementa o
autor que, nos termos do que dispõe o artigo 5º, inciso LXXVII, a ação de habeas data é
gratuita.

7 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado - 15. Ed. Rev., atual. E ampl.
São Paulo, SP: saraiva, 2011.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 31. Ed. Rev., atual.
São Paulo: malheiros editores, 2008.

30
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Diva Nilma Falcão


Eduardo Henrique Lolli
Johnny Barros

1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

A Ação Civil Pública (ACP) consiste no ‘direito expresso em lei de fazer


atuar, na esfera civil em nome do interesse público, a função jurisdicional’ .
Quanto à natureza jurídica, destaque-se que tal ação ostenta natureza civil,
isto é, não se volta a apurar, ao menos não diretamente, ilícitos penais nem por eles
aplicar sanção. Por outro lado, tal ação se caracteriza pelo forte caráter transindividual,
daí denominar-se de ‘pública’, visto que envolve a proteção de direitos difusos,
coletivos ou individuais homogêneos (CDC, art. 81, parágrafo único); ao contrário do
que ocorre nas ações civis tradicionais, nas quais se discutem, via de regra, direitos
individuais e eminentemente patrimoniais.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A única referência constitucional à ACP se encontra no art. 129, inc. III, da


CRFB, que atribui ao Ministério Público a incumbência de ‘promover o inquérito civil e
a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos’. Como se denota desde logo, referida ação
não constitui cláusula pétrea no ordenamento jurídico brasileiro.
No âmbito infraconstitucional, tal ação está regulamentada em especial na
Lei 7.347, de 24/7/1985, que traz os interesses difusos e coletivos que protege, além
de ampliar o rol de legitimados para além do Ministério Público. A doutrina entende
que referida Lei apresenta natureza jurídica processual, porque ‘basicamente, objetiva
oferecer os instrumentos processuais hábeis à efetivação, em juízo, da tutela aos
interesses difusos reconhecidos nos textos substantivos’ .
A Lei 8.078, de 11/9/1990, Código de Defesa do Consumidor (CDC),
também se comunica em muitos pontos com a Lei 7.347, por força do art. 21 desta,
que determina a aplicação do Título III daquele, no que for cabível, à defesa dos
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais previstos na Lei 7.347. Por fim,
destaque-se também a aplicação subsidiária da Lei 5.869, de 11/1/19/73, Código de
Processo Civil, mas apenas naquilo em que não contrarie disposições da Lei 7.347, por
força do art. 19 desta.

3. PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO E OBJETO DA AÇÃO

O art. 1º da Lei 7.347 traz os pressupostos de cabimento da Ação Civil


Pública, a saber:

31
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular,
as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l – ao meio-ambiente;

ll – ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e


paisagístico;

IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

V – por infração da ordem econômica e da economia popular;

VI – à ordem urbanística.

[...]

Trata-se de rol meramente exemplificativo, conforme se evidencia pelo


disposto no inciso IV, retro, que prevê o cabimento da ACP para defesa de qualquer
outro interesse difuso ou coletivo não expressamente previsto naquele rol. Assim,
embora não previsto taxativa e diretamente nessa lei a defesa do patrimônio púbico, o
STJ já sumulou que ‘O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil
pública em defesa do patrimônio público’ (STJ, Súmula 329), o que encontra respaldo
constitucional no próprio art. 129, inc. III, da CRFB.
Importante destacar, também, que a superveniência do CDC possibilitou o
manejo da ACP não só para defesa de direitos ou interesses ‘difusos’ ou ‘coletivos’,
mas também ‘individuais homogêneos’ (Lei 7.347, arts. 21; CDC, art. 81, parágrafo
único, inc. I). Um exemplo dessa possibilidade consiste no entendimento, hoje
consolidado, de que ‘O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil
pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares’
(STF, Súmula 643).
Não obstante, pondere-se que o parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347,
incluído nessa Lei pela MP 2.180-35/2001, expressamente exclui da tutela processual
nela prevista ALGUMAS pretensões individuais homogêneas , a saber, as pretensões
que envolvam: a) tributos; b) contribuições previdenciárias; c) Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS); ou d) outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados.
Embora sujeita a regramento próprio na Lei 8.429/1992, o combate à
improbidade administrativa tem sido admitido como pressuposto de cabimento da
ACP, consoante atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, mormente porque
geralmente os atos de improbidade importam algum tipo de prejuízo ao patrimônio
público. Nesse sentido, já se utilizou a ACP em face de prefeita que foi aprovada em 1º
lugar em concurso público do município que geria . Também se mostra pacífico o
entendimento de que a ACP pode ser utilizada para buscar o ressarcimento de danos
decorrentes de ato de improbidade administrativa .
Registre-se, ainda, que tal ação poderá ter por objeto tanto a condenação
em dinheiro quanto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, de acordo com
o art. 3º da Lei 7.347. Dessa forma, pode-se asseverar que a ACP tem por objeto ‘[...]
um provimento jurisdicional de natureza condenatória’ , seja para: a) pagar

32
determinada quantia, que reverterá ao fundo de que trata o art. 13 da Lei 7.347 ; b)
impor ao requerido que faça ou deixe de fazer algo, o que enseja o cumprimento da
prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva pelo agente,
conforme art. 11 da Lei 7.347 .

4. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

Os legitimados ativos à propositura da ACP encontram-se previstos no rol


do art. 5º da Lei 7.347, com redação dada pela Lei 11.448/2007, e são os seguintes:

1. Ministério Público (inc. I):

já legitimado por força do art. 129, inc. III, da CRFB, o parquet talvez seja o
órgão que mais se utiliza desse importante instrumento, e antes da Lei 7.347 era ele o
único legitimado para tanto.
A relevância do Ministério Público é tamanha que o legislador impôs que,
nos processos em que não seja autor, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei, isto
é, como custos legis (Lei 7.347, art. 5º, § 1º);
Admite-se também o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos
da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
previstos no art. 1º da Lei 7.347, por força do art. 5º, § 5º, da mesma Lei, previsão essa
incluída pela Lei 11.448/2007.

2. Defensoria Pública (inc. II):

Incluída no rol de legitimados somente por força da Lei 11.448/2007, agora


esse órgão passa a ter legitimidade para defesa dos direitos e interesses previstos no
art. 1º da Lei 7.347.
Verifica-se que a Lei não previu a possibilidade de litisconsórcio ativo entre
as Defensorias Públicas da União, dos Estados e do Distrito Federal, ao contrário do
que fez com o Ministério Público no art. 5º, § 5º, da Lei 7.347;
Ressalte-se, por fim, que tal legitimação conferida à defensoria pública está
sendo questionada no STF pela ADI 3943, ao argumento de que aquele órgão não tem
atribuição constitucional para tanto, e que, por se destinar à tutela dos hipossuficiente,
não pode atuar na defesa de direitos e interesses difusos ou coletivos, atribuições
essas próprias do Ministério Público.

3. União, Estados, Distrito Federal e os Municípios (inc. III):

Aqui a Lei legitima à propositura da ACP, basicamente, todos os entes da


federação, isto é, as pessoas jurídicas que compõem a administração pública direta,
representados judicialmente pelos respectivos procuradores jurídicos; ou, no caso dos
Municípios, também pelos respectivos prefeitos.

33
4. Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista
(inc. IV):

Aqui a Lei legitima à propositura da ACP, na atual terminologia


administrativista, todas as pessoas jurídicas que compõem a administração pública
indireta, vinculadas, embora não diga a Lei, a quaisquer dos entes da federação (União,
Estados, Distrito Federal e os Municípios); e referidas pessoas jurídicas têm
representação judicial pelos respectivos procuradores jurídicos.

5. Associação que, concomitantemente (inc. V):

Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil (alínea
‘a’); contudo, a lei o juiz poderá dispensar tal requisitos, ‘quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido’ (Lei 7.347, art. 5º, § 4º);
Inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.

A Lei ainda prevê duas disposições importantes quanto à cooperação entre


os colegitimados, a saber:
Faculta-se ao Poder Público e às associações legitimadas figurar como
litisconsortes ativos de quaisquer outros legitimados (Lei 7.347, art. 5º, § 2º): aqui,
porém, parece que a Lei deixou de fora o Ministério Público e a Defensoria Pública, os
quais não podem tecnicamente ser enquadrados na categoria Poder Público; parece,
assim, que o dispositivo em é direcionado apenas aos legitimados dos incisos III a V do
art. 5º da Lei 7.347, o que se reputa uma falha da lei.
Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação
legitimada (Lei 7.347, art. 5º, § 3º): nesses casos, a Lei impõe que o Ministério Público
ou outro legitimado qualquer assuma a titularidade ativa da ACP, com vistas a
assegurar maior proteção aos direitos e interesses protegidos pela Lei 7.347. A nova
redação do dispositivo, dada pelo CDC, trouxe como principais modificações a:
Necessidade de que, no caso de desistência, esta seja infundada, caso
contrário não será obrigatória a assunção da titularidade ativa por quaisquer
legitimados, embora permaneça a faculdade;
Extensão dessa legitimação subsidiária a todos os demais colegitimados, e
não apenas ao Ministério Público, como ocorria na redação originária.

6 JUÍZO COMPETENTE

A competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é reservado a


cada órgão jurisdicional.
O art. 2º da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) reza que:
34
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e
julgar a causa.

Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para


todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de
2001)

A previsão de competência funcional para as ações civil públicas e a adição


do critério territorial resulta em indiscutível competência absoluta, uma vez que em
razão da natureza dos interesses tutelados a condução dos processos coletivos deve
merecer empenho e vigilância compatíveis, tanto pela maior proximidade do órgão
judicial com os fatos, com as partes e as testemunhas, quanto pela possibilidade
técnica de se proferir decisão ou sentença com qualidade diferenciada e, portanto,
acrescida na legitimidade.
O Código de Defesa do Consumidor, de forma mais abrangente, determina
em seu artigo 93 :
Ressalvada a competência da justiça federal, é competente para a causa a
justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano,
quando de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito
Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as
regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.

7 PROCESSO E JULGAMENTO

As ações concernentes a direitos ou interesses metaindividuais adotam


todo e qualquer procedimento que se lhes faça necessário, com flexibilidade. A Lei n.
7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) define o procedimento, conforme segue:
Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades
competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem
fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência,


inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular,
certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual
não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada
certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta
desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências,


se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação
civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
informativas, fazendo-o fundamentadamente.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas


serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três)
dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

35
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público,
seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as
associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que
serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e


deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser
o seu Regimento.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de


arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público
para o ajuizamento da ação.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem


justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e


para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública,
poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do
respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão
fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no
prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o


trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o
dia em que se houver configurado o descumprimento.

§ 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará


depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção
monetária. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.288, de 2010)

§ 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano


causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1o
desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que
trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica,
conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de
Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão
regional ou local, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para
evitar dano irreparável à parte.

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença


condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá
fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais
legitimados. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores


responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em
honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da
responsabilidade por perdas e danos. (Renumerado do Parágrafo Único com
nova redação pela Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas,
nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em
honorários de advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada pela
Lei nº 8.078, de 1990)

36
8 EFEITOS DA DECISÃO

Quanto aos limites subjetivos, o processo das ações coletivas impõe


considerações próprias. E a vinculação às partes é ultrapassada, realizando-se a
limitação subjetiva como decorrência da limitação objetiva, tese já tentada na própria
generalidade do processo civil. Secundum eventum litis e in utilibus, tem-se a extensão
da coisa julgada a não participantes do procedimento total, podendo ocorrer a
liquidação por intervenção de terceiro do lesado, nas ações civis coletivas.
Art. 16 A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EFICÁCIA DA SENTENÇA. LIMITES. JURISDIÇÃO DO


ÓRGÃO PROLATOR.

1. A sentença proferida em ação civil pública fará coisa julgada erga omnes
nos limites da competência do órgão prolator da decisão, nos termos do art.
16 da Lei 7.347/85, alterado pela Lei 9.494/97. Precedentes. Agravo no
recurso especial não provido.

É o objeto litigioso que estabelece os limites subjetivos da coisa julgada. Se


amplo e indivisível, independentemente da localização territorial abrangida na
competência do órgão jurisdicional julgador, o resultado ocorrerá erga omnes.
Ressalva-se a sentença de improcedência por falta de provas, caso em que caberá
outra ação, com nova prova, de qualquer legitimado. A restrição aos limites da
competência territorial do órgão prolator já merece ser considerada inconstitucional.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MILARÉ, Edis. O Ministério Público e a ação ambiental. Cadernos Informativos. São


Paulo: APMP, 1988, p. 33.

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação civil pública: em defesa do meio ambiente, do


patrimônio cultural e dos consumidores. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública: comentários por artigo (Lei
nº 7.347, de 24/7/85). 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

RASLAN, Alexandre Lima. Competência na Ação Civil Pública. Disponível em


http://www.mp.ms.gov.br/portal/manual_ambiental/arquivos/Compet%C3%AAncia
%20na%20A%C3%A7%C3%A3o%20Civil%20P%C3%BAblica.pdf > Acesso em
07/06/2012.

37
TERCEIRA PARTE - ROTEIRO DAS AÇÕES CONSTITUCIONAIS

38
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (GENÉRICA)”
Cleimar dos Santos
Fabio Pereira da Silva

1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

1.3 Conceito

A Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei – ADIN –, também conhecida


como ação genérica, foi introduzida no Direito brasileiro, através da Emenda
Constitucional n. 16, de 26 de novembro de 1965. Trata-se de instrumento
constitucionalmente utilizado no controle direto da constitucionalidade das leis e atos
normativos, exercido perante o Supremo Tribunal Federal, a fim de retirar do
ordenamento jurídico lei ou ato normativo incompatível com a ordem constitucional,
não sendo ela suscetível de desistência. (BARROSO, 2012, pág 182).

1.4 Natureza Jurídica da Ação

Com efeito, como bem salienta Barroso, oportuno frisar que não se cuida
do típico direito de ação, consagrado no artigo 5º, XXXV, da Constituição e
disciplinados pelas leis processuais. “Não há pretensões individuais nem tutela de
direitos subjetivos no controle de constitucionalidade por via principal. O processo tem
natureza objetiva, e só sob o aspecto formal é possível referir-se à existência das
partes.” (BARROSO, 2012, pág 183).
Na ação direta de inconstitucionalidade discute-se apenas o Direito e não
um fato, tendo por finalidade retirar do ordenamento jurídico, lei ou ato normativo
incompatível com a ordem constitucional. (MORAES, 2011, pág 607).

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou


estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal;3

3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

Cabe a Ação Direta de Inconstitucionalidade para declarar a


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, editados

3
BRASIL. Constituição da República Federativa, promulgada em 05 de Outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 08 maio 2012.

39
posteriormente à promulgação da Constituição Federal e, que, ainda estejam em vigor.
(BARROSO, 2012, pág 198-209).
Podem, portanto, ser objeto de ADIN, todas as espécies normativas do
artigo 59 da Constituição Federal, isto é, emendas à constituição, leis complementares,
leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias4, decretos legislativos e resoluções.
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos
votos dos respectivos membros, por serem equivalentes às emendas constitucionais,
também podem ser objeto de ADIN. (BARROSO, 2012, pág 206).
De outro lado, não podem ser objeto de ADIN: as Súmulas de
jurisprudência, pois não possuem o grau de normatividade qualificada
(obrigatoriedade); as leis municipais, pois a Constituição Federal previu apenas para
leis federais e estaduais; as normas decorrentes de poder constituinte originário; os
regulamentos de execução ou decreto (ato normativo do Executivo), pois não têm
autonomia. Trata-se de questão de legalidade e não de constitucionalidade. (MORAES,
2011, pág 757-761; 764).
No caso da lei distrital, o Distrito Federal acumula a competência dos
Estados e Municípios, assim se tratar de matéria municipal não será objeto de ADIN,
mas se, tratar de matéria estadual será objeto de ADIN. Ex: lei distrital tributária
tratava na 1ª parte de ICMS e na segunda de ISS, só a 1ª parte é objeto de ADIN.
(MORAES, 2011, pág 763).
Da mesma forma, as leis ou atos anteriores à Constituição não podem ser
objeto de controle de constitucionalidade, isso porque, “ocorrendo incompatibilidade
entre ato normativo infraconstitucional e a Constituição superveniente, fica ele
revogado, não havendo sentido em buscar, por via de controle abstrato, paralisar a
eficácia de norma que já não integra validamente o ordenamento.” Logo, a “eventual
contrariedade entre a norma anterior e a Constituição posterior somente poderá ser
reconhecida incidentalmente, em controle concreto de constitucionalidade.”
(BARROSO, 2012, pág 208).

4 SUJEITOS DA AÇÃO

4.1. Legitimados ativos

No Brasil, desde a Constituição Federal de 1946 o Supremo Tribunal


Federal tem competência originária para exercer o controle da constitucionalidade
pelo método concentrado. (BARROSO, 2012, pág 184).
Mas a Constituição de 1988 alterou uma tradição que reservava somente
ao Procurador-Geral da República a legitimidade para propositura da ação direta de
inconstitucionalidade, transformando-a em legitimação concorrente. (BARROSO, 2012,
pág 185-187).

4
Quanto ao controle de conteúdo da medida provisória, ressalta Barroso que se tem entendido não
prejudicar a ação direta sua eventual reedição ou conversão em lei, mantida a mesma redação. Podendo
o autor da ação direta, pedir extensão da ação à medida provisória reeditada ou a à lei de conversão
para que a inconstitucionalidade argüida venha a ser apreciada pelo STF. Entretanto, a inicial precisa ser
aditada. (BARROSO, 2012, pág 203).

40
Assim, o artigo 103 da Constituição Federal 5 elenca os legitimados para a
propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade.
A discussão em torno dos legitimados se encontra especificamente no
tema da pertinência temática.
Para alguns dos legitimados, o Supremo Tribunal Federal exige a presença
da chamada pertinência temática, definida como o requisito objetivo da relação de
pertinência entre a defesa do interesse específico do legitimado e o objeto da própria
ação. Assim, enquanto se presume de forma absoluta a pertinência temática para o
Presidente da República, Mesa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados,
Procurador Geral da República, Partido Político com representação no Congresso
Nacional e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em face de suas
próprias atribuições institucionais, no que se denomina legitimação ativa universal;
exige-se a prova da pertinência temática por parte da mesa da Assembléia Legislativa
ou Câmara Legislativa do Distrito federal, do Governador do Estado ou do Distrito
Federal e das confederações sindicais ou entidade de âmbito nacional. (MORAES,
2011, pág 768-769).

4.2 Legitimados passivos (possíveis)

No que se refere à legitimidade passiva, na ação direta de


inconstitucionalidade, segundo Barroso, não há maiores dificuldades, recaindo sobre
os órgãos ou autoridades responsáveis pela lei ou pelo ato normativo objeto da ação,
aos quais caberá prestar informações ao relator do processo. (BARROSO, 2012, pág
186).

5 JUIZO COMPETENTE

De acordo com o art. 102, I, a, Constituição Federal, compete ao Supremo


Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. 6
Outrossim, importante salientar que o sistema federativo vigente no Brasil,
dá ensejo, ainda, “a uma modalidade de controle abstrato e concentrado de
constitucionalidade no âmbito dos Estados”. Desse modo, a Constituição Federal,
conforme o estabelecido no artigo 125, § 2º 7, prevê a possibilidade da instituição de

5
Podem propor a ação de inconstitucionalidade: I – Presidente da República; II – a Mesa do Senado; III –
a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da
República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com
representação no Congresso Nacional; e IX – confederação sindical ou entidade de classe no âmbito
nacional.
6
É de competência do Supremo Tribunal Federal, processar e julgar, originalmente, ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, assim sendo, deve o autor da ação
elaborar pedido ao STF para que este examine lei ou ato normativo federal ou estadual, visando
invalidá-los por ofender a legislação constitucional. (MORAES, 2011, pág 757).
7
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão.

41
uma representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais, em face da Constituição Estadual. (BARROSO, 2012, pág 183).
Demais disso, oportuno destacar, ainda, no que se refere a este tópico, que
se tramitarem concomitantemente, duas ações diretas de inconstitucionalidade, sendo
uma perante o Tribunal de Justiça para fins de analisar a constitucionalidade de lei
municipal em face de lei estadual, e outra perante o Supremo Tribunal Federal, a fim
de analisar inconstitucionalidade da mesma lei estadual em face de princípios
constitucionais, haverá de suspender-se o curso da ação direta proposta perante o
Tribunal estadual até que se finde a ação ajuizada perante a Suprema Corte.
(BARROSO, 2012, pág 184).
De outro lado, ressalta o doutrinador Alexandre de Moraes, não haver
possibilidade de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal, nem mesmo perante o Tribunal local, de leis ou atos normativos municipais
contrários, diretamente, à Constituição Federal, pois, o único controle constitucional
que se admite nesses casos é o controle difuso, exercido por todos os órgãos do Poder
Judiciário, quando do julgamento de cada caso. (MORAES, 2011, pág 762).]

6 PROCESSO E JULGAMENTO

O processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade são


regidos pela Lei nº 9.868/99.
Os legitimados para a propositura da ação, referidos na Lei (art. 2º), são os
mesmos do art. 103 da Constituição Federal. 
A petição inicial indicará o dispositivo de lei ou do ato normativo
impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido, bem como o pedido e suas
especificações. Devendo, quando subscrita por advogado, vir acompanhada de
instrumento de procuração e será apresentada em duas vias, as quais conterão cópias
da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessários para comprovar
a impugnação. (art. 3º, I e II, e parágrafo único da Lei 9868/99).
Assim que proposta a ação, o requerente não poderá desistir ou fazer
acordo, pois vigora o princípio da indisponibilidade da instância, e o processo não é
subjetivo (art. 5º da Lei n. 9868/99).
O Relator poderá indeferir liminarmente a petição inicial inepta, não
fundamentada e a manifestamente improcedente (art. 4º da Lei n. 9868/99). Desta
decisão que indefere a petição inicial, cabe agravo de instrumento (art. 4º, parágrafo
único da Lei n. 9868/99).
 O Relator pedirá, também, informações aos órgãos ou autoridades das
quais emanou a lei ou ato normativo impugnado (art. 6º da Lei 9868/99). Tais
informações devem ser prestadas no prazo de 30 dias, contados do recebimento do
pedido (art. 6º, parágrafo único da Lei n. 9868/99).
 Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o
Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão se
manifestar, cada qual no prazo de 15 dias (art. 8º da Lei n. 9868/99).

42
A intervenção do Advogado-Geral da União é vinculada, ao contrário de
sua intervenção em um processo subjetivo, que seria para garantir o contraditório,
aqui é para demonstrar que não afronta a Constituição.8
A intervenção do Procurador-Geral da República se dá como custos legis,
isto quando não for parte requerente.9
Vencidos os prazos, o Relator lançará o relatório, com cópia a todos os
Ministros e pedirá dia para julgamento (art. 9º da Lei n. 9868/99).
 No que se refere a possibilidade de pericia na Ação Direta de
Inconstitucionalidade, prevê o artigo 9º, §1º da Lei n. 9868/99 que, “em caso de
necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória
insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar
informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer
sobre questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas
com experiência e autoridade na matéria”.
Mas adiante o § 2º do mesmo dispositivo legal supracitado, esclarece que
“o Relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais
federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito
de sua jurisdição”.
O § 3º do artigo 9º faz menção ao prazo para realização das perícias,
audiências, e para a solicitação das informações a que se refere o artigo 6º, parágrafo
único, o qual será de 30 dias, contados da solicitação do relator.
Demais disso, ressalta-se que a declaração de inconstitucionalidade será
proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF (Pleno), desde que
presente o quórum de instalação da sessão de julgamento, que é de oito ministros
(art. 22 da Lei n. 9868/99). E, “Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou
ao órgão responsável pela expedição do ato” (art. 25 da Lei n. 9868/88).
Convém salientar ainda que, “a decisão que declara a constitucionalidade
ou a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em ação direta ou em ação
declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos de declaração, não
podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória” (art. 26 da Lei n. 9868/99).
Com efeito, o artigo 102 da Constituição Federal prevê a concessão da
medida liminar na ação direta de inconstitucionalidade, veja-se:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade.

Assim, de acordo com o artigo supracitado é possível a concessão de


medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade. Em princípio o efeito é ex
nunc, mas o Supremo Tribunal Federal admite em alguns casos com efeito ex tunc.
8
“Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado”
(art. 103, §3º da CF).
9
“O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade
em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal” (art. 103, §1º da CF).

43
7 EFEITOS DA DECISÃO

O Supremo Tribunal Federal declara a inconstitucionalidade de uma lei ou


ato normativo, produzindo efeitos “erga omnes”, (efeito contra todos) “ex tunc”
(efeito retroativo) e vinculante, obrigação a todo o judiciário e administração pública
direta e indireta, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, através da maioria absoluta
do Pleno.  
Nestes termos, prevê o artigo 102, § 2º, da Constituição Federal, veja-se:
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal.

Por sua vez, a lei n. 9.868/99, que dispõe sobre o processo de julgamento
de ADI, em seu artigo 27, indica a possibilidade excepcional de efeito ex-nunc:
Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em
vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado.

8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BARROSO, Luíz Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro.


São Paulo: Saraiva, 2011.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.

______. Lei n. 9.868, de 10 de novembro 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento


da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de
constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 08 maio 2012.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2011.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado - 14. ed. rev., atual. e ampl. /
2010 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo, SP: Saraiva, 2011.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE


Aline Hillesheim
Ledir Pires Fraga

44
1 CONCEITO DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
(ADeC ou ADECON)

O controle de constitucionalidade por via principal ou por ação direta


surgiu na Constituição de 1934, art. 12, § 2º, ganhando força com a Emenda
Constitucional 16/ 1965 que ampliou o seu objeto de estudo. (BARROSO, 2012, pág.
257).
A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADeC ou ADECON), foi
introduzida no ordenamento jurídico da Constituição de 1988, pela EC nº 3/ 1993. Esta
EC, em seu art. 102 definiu a competência do Supremo Tribunal Federal para processar
e julgar originariamente a Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de
Constitucionalidade (Art. 102, I). (BARROSO, 2012, pág. 258).
O conceito e objeto da Ação Declaratória de Constitucionalidade para
WIEGERINCK é:
A ação declaratória de constitucionalidade que consiste em típico processo
objetivo destinado a afastar a insegurança jurídica ou estado de incerteza
sobre a validade de lei ou ato normativo federal, busca preservar a ordem
jurídica ou estado de incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo
federal, busca preservar a ordem jurídica constitucional, Nesse ponto situa-
se a finalidade precípua da ação declaratória de constitucionalidade:
transformar a presunção relativa de constitucionalidade em presunção
absoluta em virtude de seus efeitos vinculantes. Portanto, o objetivo
primordial da ação declaratória de constitucionalidade é transferir ao
Supremo Tribunal Federal decisão sobre a constitucionalidade de um
dispositivo legal que esteja sendo duramente atacado pelos juízes e
tribunais inferiores, afastando-se o controle difuso da constitucionalidade,
uma vez que, declarada a constitucionalidade da norma, o Judiciário e
também o Executivo ficam vinculados à decisão proferida. (WIEGERINCK,
2010, pág. 06).

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A Ação Declaratória de Constitucionalidade está prevista no Art. 102, I, “a”


da CRFB/88; e na Lei nº 9.868/1999 (art. 13 e SS). (BARROSO, 2012, pág. 260-261).

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal;

45
3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

A finalidade da ação declaratória de constitucionalidade é afastar a


incerteza jurídica e orientar o sentido, o entendimento que o legislador quis dar ao
dispositivo ora questionado, reconhecendo assim a compatibilidade entre a norma
constitucional e infraconstitucional. (BARROSO, 2012, pág. 259 e 263).
Os atos normativos em espécie, passíveis de ação declaratória de
constitucionalidade de que trata o art. 102, I, “a” da CRFB/ 88 são: emenda à
Constituição, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto
legislativo, resolução e decretos autônomos. Todavia, não serão aceitos os atos
normativos secundários, tais como: leis e atos de efeitos concretos, leis anteriores a
Constituição em vigor, lei que tenha sido revogada, proposta de emenda constitucional
ou projeto de lei e súmula. (BARROSO, 2012, pág. 264).
No que diz respeito ao pressuposto de cabimento da ação declaratória de
constitucionalidade, BARROSO fala:

“O pressuposto do cabimento da ação é que exista controvérsia relevante


acerca da constitucionalidade de determinada norma infraconstitucional federal.”
(BARROSO, 2012, pág. 264).

O pressuposto para condição da ação segundo TAVARES é: o pedido para


declarar a constitucionalidade de determinado dispositivo, não poderá versar sob lei
estadual e municipal. (TAVARES, 2012, pág. 350).

A divergência do que BARROSO fala, deverá ser a judicial e não apenas a


doutrinária, afastando assim, a ideia de que o tribunal estaria violando a separação de
poderes, por estar fazendo a função de homologação de legislação, caso viesse a ser
questionado em uma ação declaratória de constitucionalidade.

4 SUJEITOS DA AÇÃO

4.1. Legitimados ativos

Com a EC 45/ 2004 os legitimados para propor ação declaratória de


constitucionalidade passaram a ser os mesmos da ação declaratória de
inconstitucionalidade. O Art. 13 da Lei nº 9.868/1999 trás o rol de pessoas legitimadas
para propor ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
(BARROSO, 2012, pág. 261-262).

Art. 13. Podem propor a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou


ato normativo federal: (Vide artigo 103 da Constituição Federal)
I - o Presidente da República;

46
II - a Mesa da Câmara dos Deputados;
III - a Mesa do Senado Federal;
IV - o Procurador-Geral da República.

Quando for Lei ou ato normativo municipal, o entendimento é de que o


órgão competente para ser ajuizada a ação declaratória de constitucionalidade, é o
Tribunal de Justiça do Estado, tendo como colegitimados: o Governador do Estado, a
Mesa da Assembleia Legislativa e o Procurador-Geral de Justiça. (BARROSO, 2012, pág.
261).

4.2 Legitimados passivos (possíveis)

Quanto à legitimidade passiva na ação declaratória de constitucionalidade,


inexiste. O Procurador-Geral da República atua na ação obrigatoriamente, mas como
custos legis. (BARROSO, 2012, pág. 262-263).
O Advogado-Geral da União está dispensado. Não há necessidade de
manifestação deste na ADC, tendo em vista que o objetivo da ADC é confirmar a
constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo federal. (TAVARES, 2012,
pág. 352).

5 JUIZO COMPETENTE

O Supremo Tribunal Federal tem competência originária para julgar as


ações declaratórias de constitucionalidade. A previsão da competência está no Art.
102, I, “a” da CRFB/88; e na Lei nº 9.868/1999 (art. 13 e SS). (BARROSO, 2012, pág.
260-261).

6 PROCESSO E JULGAMENTO

6.1 Procedimento

A definição teve inicio com o 1º julgamento de ADC, gerando a


promulgação da Lei nº 9.868/ 1999, no qual veio ratificar o procedimento definido pelo
STF. Desta forma, a petição deverá conter: o dispositivo questionado, o pedido com
suas especificações, a demonstração de controvérsia entre a norma infraconstitucional
e a Constituição Federal de 1988. Ou seja, o cumprimento do art. 14 da Lei 9.868/
1999. Não se admite desistência da ADC. (BARROSO, 2012, pág. 264-265).

6.2 Medida cautelar

A Constituição não prevê a concessão de Medidas Cautelares em ação


declaratória de constitucionalidade. Desta forma, o STF colocou em discussão, e

47
venceu pela maioria dos votos a concessão de liminar com o fim de paralisar o tramite
de ações na justiça que envolva tal questão, até que haja uma decisão da ação
declaratória de constitucionalidade. Logo, cada caso concreto deve ser analisado pelo
Magistrado, sob pena de responder pela concessão da medida cautelar. A Lei nº
9.868/1999, em seu art. 21 e parágrafo único, trás a possibilidade da ADC vir com
pedido de liminar, suspendendo o julgamento de processos que envolvam a matéria
de constitucionalidade questionada. (BARROSO, 2012, pág. 265-266).

6.3Decisão final

Para a deliberação do julgamento da ação declaratória de


constitucionalidade, exige-se que pelo menos oito ministros do STF, proclamem a
constitucionalidade da norma impugnada. Desta decisão não poderá recorrer-se da
sentença, com exceção de embargos declaratórios. A declaração de
Constitucionalidade produz efeitos erga omnes e vinculantes, conforme art. 102 da
CRFB/ 88 e art. 28 da Lei nº 9.868/ 99. (BARROSO, 2012, pág. 265).

7 EFEITOS DA DECISÃO

O limite objetivo da coisa julgada em ação declaratória de


constitucionalidade segue a regra geral, no qual fica restrita tão e somente ao
conteúdo do dispositivo questionado e decidido. A decisão terá eficácia preclusiva – ou
seja, uma vez decidido à ação declaratória de constitucionalidade de um determinado
dispositivo, este não poderá ser objeto de questionamento novamente – e, eficácia
vinculativa, ou seja, Juízes e tribunais de 1º e 2º grau deverão aplicar a norma
declarada constitucional ao caso concreto. A declaração de constitucionalidade não
produz qualquer efeito objetivo, porque continua a norma na sua vigência e validade,
confirmadas pela ADC. Todavia, uma vez declarada a norma constitucional não impede
que futuramente seja objeto de ação declaratória de inconstitucionalidade, tendo em
vista que a lei considerada constitucional hoje, amanhã poderá ser inconstitucional,
porque o Direito é mutável. (BARROSO, 2012, pág. 268-270). “grifo nosso”.
Quanto aos limites subjetivos da coisa julgada, significa dizer que a ação
que declarar constitucional determinado dispositivo terá efeitos erga omnes, ou seja,
terá eficácia em relação a todos. No mesmo sentido, o efeito vinculante da declaração
de constitucionalidade será frente a todos os órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. Desta forma, todos abaixo do
Supremo Tribunal Federal deverão ter a mesma interpretação quando acionados,
aplicando a norma que já foi objeto de ação declaratória de constitucionalidade, e que
teve decisão de declaração constitucional positiva. (BARROSO, 2012, pág. 270-271).
“grifo nosso”.
No que diz respeito aos efeitos temporais, a ação declaratória de
constitucionalidade terá efeitos ex tunc, sendo considerada assim, constitucional da
sua publicação. O efeito temporal terá flexibilização na ação declaratória de
inconstitucionalidade. (BARROSO, 2012, pág. 272).

48
8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BARROSO, Luíz Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro.


São Paulo: Saraiva, 2011.

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10 ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2012.

WIEGERINCK, João Antonio. Resumão Jurídico: Direito constitucional. 13. ed. São
Paulo: Eskenazi Indústria Gráfica Ltda, 2011.

49
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO
(ADO)
Felipe Silveira
Lucas M Bueno

1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

1.1 CONCEITO

A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é um mecanismo de


controle de constitucionalidade concentrado que visa combater a inércia do legislador
que se tornou omisso por deixar de criar lei necessária à eficácia e à aplicabilidade das
normas constitucionais, em especial quando a Constituição estabelece a criação de
uma lei regulamentadora.
Neste sentido, Lenza ensina que:
Trata-se de inovação da CF/88, inspirada no art 283 da Constituição
portuguesa, o que se busca través da ADO é combater uma “doença”
chamada pela doutrina de “síndrome de inefetividade das normas
constitucionais”.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A ação direta de inconstitucionalidade por omissão esta prevista no art.


103, §2.º da CRFB/88, bem como na Lei n. 12.063/09 e na Lei n. 9.868/99, cabe frisar,
no entanto, que além de atender aos pressupostos específicos arrolados na referida
legislação, a ADO deve observar os requisitos do art. 282 e 283 do CPC.

3. OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

Tem cabimento a presente ação, quando o Poder Público se abstém de um


dever que a Constituição lhe atribuiu.
Lenza, ao citar Barrosos leciona que “a omissão é de cunho normativo, que é
mais ampla que a omissão de cunho legislativo. Assim, engloba, atos gerais,
abstratos e obrigatórios de outros Poderes e não apenas daquela ao qual
cabe, precipuamente a criação do direito positivo”. (Lenza, 2011, p. 337).

Deste modo, a omissão pode ser do Poder Legislativo, do Executivo e do


Judiciário.

Ademais, segundo Barroso “são impugnáveis, no controle abstrato da


omissão, a inércia legislativa em editar quaisquer dos atos normativos primários
suscetíveis de impugnação em ação direta de inconstitucionalidade... o objeto aqui,
porém, é mais amplo: também caberá a fiscalização da omissão constitucional em se
tratando de atos normativos secundários, como regulamentos ou instruções, de

50
competência do Executivo, e até mesmo, eventualmente, de atos próprios dos órgãos
judiciários”. (Lenza, 2011, p. 337)

4. SUJEITOS DA AÇÃO

4.1. Legitimados ativos

Os legitimados para propor a ação direta de inconstitucionalidade por


omissão estão elencados no rol do artigo 103 da CRFB/88, o qual assim determina:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação
declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV- a Mesa de Assembléia Legislativa;

V - o Governador de Estado;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito


Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Cabe esclarecer que muito embora o “caput” do artigo 103 não demonstre
claramente sua aplicabilidade para a ADO, a Lei 12.063/2009 em seu artigo 12 – A,
assim o faz.

4.2. Legitimados passivos

A legitimidade passiva recai sobre os órgãos ou autoridades responsáveis


pela omissão, ou seja, responsáveis pela medida que torna efetiva a norma
constitucional. Cabe salientar, que a ADO é um processo objetivo de controle de
inconstitucionalidade, no qual não há partes.
Não obstante, esclarece-se que em regra, não há, manifestação do
Advogado-Geral da União, pois por se tratar de omissão de ato normativo, não há ação
do Estado para ser defendida, salvo no caso de omissão parcial do poder público, caso
em que a defesa pelo Advogado-Geral da União é cabível.

51
5. JUIZO COMPETENTE

Segundo disposição dos artigos 103, § 2º e 102, I, “a” da CRFB/88, compete


ao STF (Supremo Tribunal Federal) julgar a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão.

6. PROCESSO E JULGAMENTO

A petição inicial da ADO indicará a omissão inconstitucional total ou parcial


quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de
providência de índole administrativa além do pedido, com suas especificações (art. 12
– B, I e II da Lei 9868/99).
Cabe esclarecer que a petição inicial da ADO que for inepta, não
fundamentada e manifestamente improcedente será liminarmente indeferida pelo
relator (desta decisão de indeferimento, cabe agravo), isto de conformidade com o art.
12 – C e parágrafo único da referida lei.
Salienta-se que, conforme preconiza o art. 12 – D da Lei n. 9868/99, não
cabe pedido de desistência na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão.
Frisa-se que os legitimados do art. 103 da CRFB/88 poderão se manifestar
por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos reputados úteis
para o exame da matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais.
Ainda, nos termos do §2º e §3º do art. 12 – E da supramencionada
legislação, o relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que
deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias, bem como o Procurador-Geral
da República, nas ações em que não for autor, terá vista do processo, por 15 (quinze)
dias, após o decurso do prazo para informações.
Com relação ao cabimento de pedido liminar na ADO, verifica-se sua
admissão, se não vejamos:
Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o
Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o
disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos
órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou


do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na
suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou
ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.

§ 2o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da


República, no prazo de 3 (três) dias.

§ 3o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada


sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das
autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma
estabelecida no Regimento do Tribunal.

Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará


publicar, em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça
da União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo

52
solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão
inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I do Capítulo II desta Lei.

7. EFEITOS DA DECISÃO

Em regra a ADO tem efeito “erga omnes” e “ex tunc”, contudo, o Órgão
competente para julgar, poderá alterar os efeitos da decisão, fixando uma data para a
produção de seus efeitos, isto quando envolto pelo manto do interesse coletivo e a luz
da segurança jurídica.
Ademais, colhe-se da legislação que:
Art. 12-H. Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com observância
do disposto no art. 22, será dada ciência ao Poder competente para a
adoção das providências necessárias.

§ 1o Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências


deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a
ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as
circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido.

§ 2o Aplica-se à decisão da ação direta de inconstitucionalidade por


omissão, no que couber, o disposto no Capítulo IV desta Lei.

8. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado - 15. Ed. Rev., atual. E ampl. /
2011 15. Ed. Rev., atual. E ampl. São paulo, sp: saraiva, 2011.

53
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL
ANDERSON MENDES
JADER WILLIAN LEITE

1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

A partir da Emenda nº. 16 de 1965 fora criado no Brasil , o controle de


constitucionalidade de forma abstrata ou concentrada, ficando instituído um sistema
misto, eis que já havia sido criado o controle indireto, inspirado no sistema
norteamericano.
O controle concentrado teve origem no direito austríaco, por inspiração de
Hans Kelsen, e é aquele realizado com uma quantidade menor de pessoas em um
tribunal específico, gerando efeito erga omnes e vinculante. Na visão de Hans Kelsen o
tribunal competente nem seria um pertencente ao Poder Judiciário, seria um tribunal
especial que só iria tratar do controle de constitucionalidade, como é possível verificar
no direito europeu. No entanto aqui no Brasil o tribunal competente está dentro dos
quadros do Poder Judiciário.
Diante da Constituição de 1988 foi aperfeiçoado o controle de
constitucionalidade, sendo ampliados os legitimados para propor as ações , também
foi autorizado que os Estados viessem a criar um controle concentrado próprio, criou-
se também a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, e diversas outras
melhorias.
Por meio desse controle, visa-se obter a declaração de
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em tese, independentemente se existe
um caso concreto ou não, objetivando à obtenção da invalidação da lei, com a
finalidade de garantir a segurança das relações jurídicas.
Ressalta-se que o efeito da decisão no controle concentrado é erga omnes
e ex tunc e, nessa modalidade o STF assume as feições de verdadeira Corte
Constitucional.
Assim, vários são os mecanismos de controle concentrado, no entanto,
para efeitos do presente estudo, será abordado somente a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

2 FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é aquela ação


que comumente é chamada de ADPF, trata-se de uma ação de controle concentrado
de constitucionalidade que tem como função zelar pelo respeito à Constituição
Federal.
A ADPF possui a Lei 9882/99 que trata das suas disposições, entretanto,
não há que se desmerecer os dispositivos constitucionais que elucidam melhor a cerne
das diretrizes procedimentais insculpidas na referida Lei da ADPF.

54
A Constituição Federal prevê a ADPF no seu art. 102, §1º, in verbis:
Art. 102.

[...]

§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente


desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma
da lei.

Nota-se assim que o constituinte originário atribuiu ao dispositivo uma


norma não auto-aplicável, gerando uma eficácia limitada, uma vez que dependia de
legislação infraconstitucional a fim de que viesse a ser regulamentado tal controle de
constitucionalidade.

3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

Adentrando ao mérito do presente estudo, informa-se que a ADPF é


cabível sempre que um ato do Poder Público – podendo ser de natureza
administrativa, legislativa ou jurisdicional – estiver prestes (preventiva) a causar ou já
tiver causado (repressiva) lesão a preceito constitucional fundamental ou, ainda,
quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo (federal, estadual ou municipal – incluídos os anteriores à Constituição).
No entanto será incabível quando existir medida eficaz para sanar a
lesividade, a teor do artigo 4º, § 1º da Lei. nº 9.882/99. Assim, repousa neste artigo um
apontamento importante a ser citado, uma vez que da leitura do dispositivo é possível
concluir que o instituto da arguição é inútil, eis que trata-se de um controle de
constitucionalidade utilizado quando houver assunto remanescente não amparado por
outro meio eficaz.
Sobretudo, tal dispositivo não deve ser interpretado de modo literal, uma
vez que isso possa causar a subtração dos resultados que foram almejados quando da
do advento de tal modalidade de controle de constitucionalidade.
O tão citado “preceito fundamental” é um termo que não possui
elucidação diante da legislação e muito menos alcançou uma posição doutrinária
majoritária, tal qual viesse a delimitar realmente o alcance de tal significado. Deste
modo, sobre preceito fundamental cita-se parte do artigo do Ministro do Supremo
Tribunal Federal, Gilmar Mendes:
Assim, ninguém poderá negar a qualidade de preceitos fundamentais da
ordem constitucional aos direitos e garantias individuais (art. 5º, dentre outros). Da
mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa qualificação aos demais princípios
protegidos pela cláusula pétrea do art. 60, § 4º, da CF: o princípio federativo, a
separação de Poderes e o voto direto, secreto, universal e periódico.

55
4 LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA

4.1 Legitimação Ativa

A legitimação processual ativa para a propositura da argüição de


descumprimento de preceito fundamental, em qualquer de suas modalidades, a teor
do disposto no art. 2º, I, da Lei nº 9.882/99, foi conferida aos mesmos legitimados para
a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, art. 103, CRFB, quais sejam: o
Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos
Deputados, a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal, o
Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional, confederação
sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Muito embora tenha sido objeto de veto a propositura por qualquer parte
interessada, lesada ou ameaçada de lesão por ato do Poder Público (art. 2º, II, da Lei
nº 9.882/99), resta facultada a qualquer interessado, lesado ou ameaçado de lesão por
ato do Poder Público, através de representação, solicitar a propositura de argüição de
descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da República que,
examinando os fundamentos jurídicos da pretensão, decidirá do cabimento, ou não,
do seu ingresso em juízo (art. 2º, §1º, da Lei nº 9.882/99).

4.2Legitimação Passiva.

Muito embora se trate de processo objetivo, são legitimados passivos, uma


vez que sujeitos à prestarem informações nos autos, nos termos do art. 6º da Lei nº
9.882/99, as entidades, órgãos e autoridades responsáveis pela edição do ato objeto
do controle

5 .JUÍZO COMPETENTE

Tratando-se de modelo de controle de constitucionalidade concentrado,


extrai-se que cabe a um determinado órgão julgador o juízo competente, e, sendo no
Brasil, o STF possui competência para julgar a ADPF, conforme o art. 102, §1º da CF.

6. PROCESSO E JULGAMENTO

A princípio, observa-se que uma vez proposta a argüição de


descumprimento, fica vedada à desistência da mesma, conforme disposto no art. 169,
§1º, do Regimento Interno do STF.
O procedimento da argüição, tanto autônoma (quando se trata do modo
preventivo ou repressivo) quanto incidental (quando há controvérsia), inicia-se por
petição que satisfaça os requisitos do art. 3º da Lei 9.882/99. Caso não seja caso de
arguição ou em virtude da falta de algum requisito, o relator poderá indeferi-la de
plano.
Após sanada tal fase, encontrando-se a Arguição em termos a ser
conhecida, faculta-se a prévia oitiva dos órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato

56
questionado, bem como do Advogado-Geral da União ou do Procurador-Geral da
República, no prazo comum de cinco dias (art. 5º, §2º).
Também poderá, caso o relator entenda necessário, requisitar informações
adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão, ou ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com
experiência e autoridade na matéria (art. 6º, §1º).
Caso tenha sido formulado pedido liminar, o prazo de informações
destinado às autoridades responsáveis pela prática do ato impugnado é de dez dias
(art. 6º).
A medida cautelar poderá consistir na determinação de que juízes e
tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou
de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da argüição de
descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrente de coisa julgada.
Outrossim, em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou,
ainda, em período de recesso da Suprema Corte, o relator poderá conceder a liminar,
ad referendum do Tribunal Pleno (art. 5º, §1º, da Lei nº 9.882/99).
Tal medida liminar somente poderá ser concedida por decisão da maioria
absoluta dos membros do Pleno do Supremo Tribunal Federal (art. 5º, caput, Lei
9.882/99).
A respeito do julgamento, assevera-se que com a presença de, pelo menos
oito Ministros (art. 8º da Lei nº 9.882/99 combinado com o art. 173 da Regimento
Interno do STF), a argüição de descumprimento de preceito fundamental será julgada
procedente ou improcedente.

7. EFEITOS DA DECISÃO

A decisão tomada na ADPF pressupõe que o STF dará ciência às


autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos normativos obstados
para que, nos limites da determinação da interpretação autêntica a ser dada, aplique o
preceito fundamental (Lei nº 9.882/1999, art. 10).
Ademais, o §3º do referendado art. 10, impõe, contra as pessoas, que a
decisão seja erga omnes e vinculante.
No entanto, há vedação de interposição de recursos ou do ataque via ação
rescisória contra a decisão que julgar o mérito da ADPF.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

BRASIL. Lei n. 9882, de 3 de dezembro de 1999.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9882.htm

LIMA, Eduardo Amorim de. Arguição de Descumprimento de Preceito


Fundamental. http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/19750/Argui
%C3%A7%C3%A3o%20de%20Descumprimento%20de%20Preceito
%20Fundamental.pdf?sequence=1

57
MENDES, Gilmar. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Direito
Público, Brasilia. Teresina, n. 20, mar-abr 2008 . Disponível em:
<http://www.direitopublico.idp.edu.br/index.php/direitopublico/article/viewFile/
524/543 >. Acesso em 01 jun. 2012

MENDES, Gilmar Ferreira. Argüição de descumprimento de preceito fundamental.


http://www.direitopublico.idp.edu.br/index.php/direitopublico/article/viewFile/524/543

MENDES, Gilmar Ferreira. Argüição de descumprimento de preceito fundamental:


demonstração de inexistência de outro meio eficaz.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_13/argui-des.htm

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p.
704-705

VON SOHSTEN, Érika da Rocha. Argüição de descumprimento de preceito


fundamental: um estudo crítico. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, 1 nov. 2002 .
Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/3370>.

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“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
INTERVENTIVA”
Henrique Rosa de Farias Mendes
Thaysa Cristina Carminati

1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

1.1 Conceito

A ação direta de inconstitucionalidade interventiva surgiu com a


Constituição de 1934, sendo o primeiro sistema de controle concentrado no
ordenamento brasileiro. Constitui-se como condição para intervenção federal nos
Estados e Distrito Federal pela União nas hipóteses do artigo 34, inciso VII, da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Uma das hipóteses de decretação da intervenção federal, prevista no
artigo supracitado, é fundamentada na defesa da observância dos princípios sensíveis.
Para a doutrina, a ofensa a estes princípios pelos Estados membros e Distrito Federal
no exercício de suas competências legislativas, administrativas ou tributárias pode
acarretar a sanção politicamente mais grave existente em um Estado federal, a
intervenção na autonomia política. (ALEXANDRE, 2008, p. 765).

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A ação direta de inconstitucionalidade interventiva tem seu fundamento na


CRFB/88, nos artigos 34, inciso VII, e 36, inciso III:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:

[...]

VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

Direitos da pessoa humana;

Autonomia municipal;

Prestação de contas da administração pública, direta e indireta;

Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos da saúde. [...]

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

[...]

59
III – de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de
recusa à execução de lei federal.

Sendo a autonomia entre os entes federados a regra, a exceção seria a


intervenção, a qual tem sua previsão taxativa.

3 OBJETO DA AÇÃO E PRESSUPOSTO DE CABIMENTO

A finalidade da presente ação é de natureza jurídica e política. O objeto é


obter um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a violação de algum
princípio constitucional sensível pelos Estados ou Distrito Federal através de uma lei ou
ato, normativo ou não, bem como as omissões do Poder Público. Instaurado o litígio
constitucional, entre União e uma entidade federada, a decisão declara se houve
ferimento à Constituição.
O provimento da ação é mera condição jurídica, não provocando a efetiva
intervenção, tampouco visa suspender o ato impugnado, cuja providência cabe ao
chefe do executivo federal, mediante decreto (BARROSO, 2012, P. 350). Sendo assim,
sua efetiva decretação depende de outra instância de atuação.
Assim, qualquer lei ou ato do Poder Público, no exercício de sua
competência constitucionalmente deferida que viole os princípios sensíveis (art. 34,
VII, CRFB/88), caberá controle concentrado de constitucionalidade, por meio da ação
interventiva. (MORAES, 2008, p. 765).

4 SUJEITOS DA AÇÃO

4.1. Legitimados ativos

O Procurador-Geral da República, na função de defensor da ordem jurídica


(CRFB/88, art. 127), no caso, do equilíbrio federativo, é o legitimado a propor a ação
constitucional, que pode se dar de ofício (art. 1º da Lei n. 4.337/64) ou mediante
provocação de qualquer interessado (art. 2º da mesma lei):
Art. 1º Cabe ao Procurador-Geral da República, ao ater conhecimento de ato
dos poderes estaduais que infrinja qualquer dos princípios estatuídos no
artigo 7º, inciso VII, da Constituição Federal, promover a declaração de
inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

Art. 2º Se o conhecimento da inconstitucionalidade resultar de


representação que lhe seja dirigida por qualquer interessado, o Procurador-
Geral da República terá o prazo de 30 (trinta) dias, a contar do recebimento
da representação, para apresentar a arguição perante o Supremo Tribunal
Federal.

60
4.2 Legitimados passivos

A legitimidade passiva recai sobre o ente federativo ao qual se imputa a


alegada inobservância dos princípios sensíveis, representado pelo chefe da
Procuradoria-Geral do Estado ou do Distrito Federal (art. 132, CRFB/88).

5 JUIZO COMPETENTE

Conforme o artigo 36, III, já citado, cabe ao Supremo Tribunal Federal


apreciar ação proposta pelo Procurador-Geral da República.
Barroso explica que a jurisprudência não admite a possibilidade de
intervenção federal nos municípios:
Com relação a eles, a Constituição somente contempla a hipótese de
intervenção dos Estados, inclusive com a previsão de prévio acolhimento de
representação pelo Tribunal de Justiça, para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de
lei, de ordem ou de decisão judicial (2012, p. 352).

6 PROCESSO E JULGAMENTO

O procedimento da ação interventiva está previsto na Lei n. 4.337/64, que


foi recepcionada na maior parte de seus dispositivos pela Constituição de 1988, da
mesma forma o Regimento Interno do STF também faz referências ao procedimento.
Proposta a ação perante o STF, o relator, em trinta dias, ouve os órgãos aos
quais se imputa a elaboração ou prática do ato impugnado. Em seguida, o relator
apresenta o relatório com cópia para todos os Ministros, sendo designada pelo
Presidente data para julgamento.
Na sessão poderão se manifestar o Procurador-Geral da República e o
Procurador-Geral do Estado. Nos casos urgentes, em que houver relevante interesse
de ordem pública, o relator pode requerer a imediata convocação do Tribunal.
Julgado procedente o pedido, o Presidente do STF comunica a decisão aos
órgãos do Poder Público interessados e requisitará a intervenção ao Presidente da
República (art. 354 do RISTF).
A medida cautelar não é compatível com a finalidade desta ação
constitucional, em razão de que a decisão de mérito tem como consequência apenas a
determinação de que o Chefe do Executivo decrete a intervenção (BARROSO, 2012, p.
358).

7 EFEITOS DA DECISÃO

Como visto, o objeto desta ação interventiva não é declarar a


inconstitucionalidade em si mesma, pois trata-se de pressuposto para intervenção
federal.
Podemos entender os efeitos da decisão sob dois aspectos, subjetivo e
objetivo. O subjetivo recai na ideia de caráter mandamental, pois julgado
improcedente o pedido, a União fica impedida de decretar o ato interventivo e, se

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julgada procedente, fica obrigada a intervir no estado-membro. No caso, o Presidente
fica vinculado à decisão que reconheceu a ofensa aos princípios sensíveis, não se
tratando, pois, de atividade discricionária.
Já do ponto de vista objetivo:
O acolhimento do pedido não importa na declaração de nulidade do ato ou
de ineficácia do ato que motivou a representação. De modo que a decisão,
por si só, não altera o ordenamento jurídico objetivamente considerado. É
possível, no entanto, que, diante dela, a própria autoridade competente em
âmbito estadual suspenda o ato impugnado. (BARROSO, 2012, P. 361).

De consignar que a intervenção somente pode se dar nos órgãos de


direção, eis que incompatível com a Constituição a nomeação de pessoa não
concursada para cargo de magistrado, ou ainda indicação de quem não seja titular de
mandato eletivo para função legislativa.
No que diz com o aspecto temporal, a decisão tem efeitos ex nunc, porque
o provimento da ação não produz consequências sobre a situação institucional,
funcionando como pressuposto material para que o executivo decrete a intervenção.

8 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas 2008. p 765/766.

BARROSO, Luíz Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro.


São Paulo: Saraiva, 2012. p. 348/362.

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