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PSICOLOGIA INSTITUCIONAL

PSICOLOGIA INSTITUCIONAL, ESCOLA E


FAMÍLIA

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Compreender as principais discussões contemporâneas relacionadas à área temática das instituições nela

inserida, o estudo sobre a escola e a família.

A relação entre a escola e a família é um dos temas que têm percorrido como várias áreas de conhecimento para

além da educação. Sociologia, antropologia e psicologia apresentam suas proposições referentes ao tema.

Segundo Faria Filho, “a forma e a intensidade das relações entre escolas e famílias variam enormemente, fatores

relacionados aos fatores diversos (estrutura e tradição de escolarização das famílias, classe social, meio urbano

ou rural, número de filhos, ocupação dos pais, etc. .) ”(2000, p. 1). Neste sentido, é importante compreender as

representações sobre escola e família.

Ainda de acordo com o mesmo autor citado, Faria Filho, “nas primeiras décadas do século XX, o afastamento da

família da escola, resultante em boa parte da ação dos defensores e instituidores da escolarização, é uma

preocupação constante destes mesmos agentes” (2000 , p. 44).

Na década de 20, três temas são relevantes:

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No que se refere à cidadania, cita-se um artigo sobre o “Calendário Escolar”, do professor Firmino Costa, diretor

técnico do Curso de Aplicação, que afirma: “A família, a escola e a cidade hão de ver no menino uma esperança da

pátria, donde deve brotar um cidadão digno e prestante. Elas têm de oferecer para esse fim um ambiente

favorável, cuja formação compete aos professores e a todos aqueles que mais modelos da vida social ”(FARIA

FILHO, 2000, p. 46 apud COSTA, 1929).

Fique ligado
O que se pode abstrair desta citação é a ênfase das duas instituições, família e escola, como
identificação para o desenvolvimento de valores para a formação da vida cidadã, e a
representação escola, lar e caráter complementam esta visão.

Numa citação atribuída ao assistente técnico de ensino, Levindo Furquim Lambert, Faria Filho atesta que ...

"O lar forma, nenhum estreito estreito da casa, um mundo à parte, independente, regido sim por leis

reacionárias e dispersivas. A escola deve completar a tarefa do lar, o aperfeiçoamento do caráter,

encaminhando as tendências individuais para a harmonia e a estabilidade sociais.” (FARIA FILHO,

2000, p. 47).

A defesa da ideia é a que, embora necessária, a educação no âmbito da família não é suficiente para estar alocada

em locus restrito. Por esse motivo, deveria ser ampliada para o espaço público com o objetivo de buscar a

plenitude da formação do caráter, valor exaltado, na época, como bem maior da cidadania.

Entretanto, para este fim, a escola deveria se introduzir na esfera privada. Ao discutir o tema da escola ativa,

Costa defende:

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"A nossa escola ativa, cujo professor conheça cada um de seus alunos; a família do menino; o

ambiente familiar; a casa de residência; suas condições higiênicas; grau de inteligência do aluno ;

qual o seu caráter; se é sadio e asseado; se tem boa alimentação; a que horas se deita e se levanta; se

dorme em quarto arejado; se fuma ou se tem outro vício; se é feliz ou infeliz (FARIA FILHO, 2000 , p.

47). "

Na década de 40, outros três temas vinham à tona: higiene, disciplina e ordem. No regimento de uma escola

feminina, desta época citada, referência aos dois primeiros temas: higiene e disciplina.

No que se refere ao primeiro, atualize o regimento que “O colégio admite alunas internas e semi-internas. Não

recebe: a) portadoras de moléstias contagiosas; alunas que determinam os tratamentos especiais em

consultórios médicos ou dentários que obriguem a precedentes ou prolongadas que prejudiquem os estudos. ”

Embora o objetivo principal fosse a importância da prevenção relacionada à higiene, vista como tema da saúde

pública, o regimento procura estabelecer relação com uma missão educacional ao mencionar que o tempo

utilizado para consultas atrapalharia os estudos destas alunas. Descumprem, entretanto, esta missão ao proibir o

acesso.

Quanto ao tema da disciplina, atesta o regimento, citado por Faria Filho, que:

“A diretoria e os professores envidam esforços para que no estabelecimento reine boa disciplina, condição

indispensável para o desenvolvimento moral e intelectual das alunas. Esta disciplina será sempre revestida de

carinho, levando como educandas ao cumprimento do dever pela persuasão. Para o bom êxito dos seus esforços

a Diretoria procura obter uma intensa e inteligente colaboração com os senhores pais. ” (FARIA FILHO, 2000, p.

49).

• Disciplina

Disciplina era um valor bastante importante nesta década referenciada, sobretudo porque havia ainda

um grande clamor em relação aos princípios positivistas tão arraigados nas instituições brasileiras.

Mas, novamente, atribui-se causalidade aos benefícios que a disciplina poderia gerar às alunas. Na

mesma época, e fundamentada na mesma visão do mundo, também aparecem os valores relacionados à

psicologia no auge do behaviorismo.

Ao invés de punir os padrões inadequados, necessariamente-se o reforçamento (carinho) dos padrões

adequados. Nesse sentido, pelo texto do regimento, o colégio inclui o papel da família na empreitada.

• Ordem

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Ordem é um tema que fundamenta a definição da República como modo de governo no início do século

XX e final do anterior. Esse era o valor considerado, o meio para o progresso da nação. E, mais uma vez,

também influenciado pela filosofia positivista. “A disciplina, a ordem e o tempo eram vigiados

rigorosamente e delimitavam os papéis dentro dos ambientes escolares” (FARIA FILHO, 2000, p. 49).

Cabe lembrar dos escritos de Foucault, (Vigiar e Punir é o ponto alto), mostrando que a disciplina também se

manifesta nas escolas e outras instituições, como o modo de exercer o poder para aplicar os assuntos de

funcionar como engrenagens na sociedade. “O Estado tenta transmitir a imagem de que esse poder exercido

sobre os mesmos é benevolente, algo que supostamente pretende apenas corrigir e reformar a pessoa, nunca

apenas puni-la.”

Na década de 80, o tema revelado é o intermediário. “O aluno, como eixo articulador, é definido como

mensageiro e mensagem na relação escola e família” (PERRENOUD apud FARIA FILHO, p. 49).

Atualmente, há uma visão multidimensional no que se refere à relação entre escola e família. Em publicação de

2010, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do Ministério da

Educação (MEC).

Sobre subsídios técnicos para as práticas escolares, sob a organização de Castro e Regatierri, mostra-se que, para

assegurar o ensino público de qualidade, “uma estrutura educacional deve assumir a iniciativa da aproximação

com as famílias, tendo sempre em seu horizonte a articulação de políticas com outros atores e serviços sociais ”.

Na conclusão do texto, os autores abandonados alguns questionamentos como base da reflexão para esta visão

multidimensional da relação escola e família.

Clique para conferir: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon230/pdf/a06_t18.pdf

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• De que forma a relação escola-comunidade oportuniza a melhoria da qualidade da experiência escolar e
do desempenho dos alunos, potencializando práticas educativas, nos momentos de produção de
conhecimento, de partilhas coletivas e cooperativas organizacionais que são também de natureza sociais;
• o significado da expressão "Educar para a paz no mundo contemporâneo";
• o Programa Escola da Família, considerada considerada e relevante pela Unesco, integra a comunidade
externa na resolução de problemas educacionais.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu que a forma e a intensidade das relações entre escolas e famílias variam e estão
relacionadas aos mais diversos fatores, tais como estrutura e tradição de escolarização das famílias,
classe social, meio urbano ou rural, número de filhos, ocupação dos pais, etc;
• Identificou como os professores e os gestores das unidades escolares pensam sobre a participação dos
pais na escola;
• Com base na pesquisa de Faria Filho, analisou como os escolanovistas mineiros enfocam a questão da
relação entre escola e família.

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