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Resumo Da Unidade Iv - Ambiente Virtual Do Aluno Desenvolvimento Infantil A Infância, O Início Da Adolescência E A Relação Com A Família
Resumo Da Unidade Iv - Ambiente Virtual Do Aluno Desenvolvimento Infantil A Infância, O Início Da Adolescência E A Relação Com A Família
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Mas, por que será? Por que a infância pode ser vista como uma etapa crucial no
desenvolvimento humano? Por que os adultos são tão importantes para sua sobrevivência e
seu crescimento?
Segundo o dicionário Priberam (2020), a infância é definida como uma etapa de
crescimento do ser humano, delimitada pelo período entre o nascimento e a puberdade.
Etimologicamente, a palavra infância vem do latim infantia, que significa incapacidade de
falar. É importante destacar que o conceito de infância e as peculiaridades dessa importante
etapa da vida humana estão diretamente relacionados ao contexto social, cultural e
econômico de uma determinada época e de uma determinada sociedade.
Na literatura especializada, existe um certo consenso de que a criança em
desenvolvimento passa por uma série de significativas mudanças ao longo da infância,
período esse marcado por três etapas que, segundo Papalia et al. (2013) são:
1. Primeira Infância: Período do desenvolvimento da criança desde o seu nascimento até
dois anos.
2. Segunda Infância: Período do desenvolvimento da criança compreendido dos dois aos
sete anos.
3. Terceira Infância: Período do desenvolvimento da criança compreendido dos sete anos
até o início da adolescência.
Uma outra divisão é apresentada por Piaget (1982), tendo a primeira infância marcada
pelo período do nascimento até os seis anos; e a segunda infância, entre os sete e 11 anos.
Independentemente da divisão adotada, ou seja, se a infância é constituída por três fases ou
duas, especialistas em desenvolvimento infantil afirmam que existe um desconhecimento total
ou parcial por parte da maioria dos adultos (pais, cuidadores, familiares e demais atores que
fazem parte do universo da criança) sobre a importância dos primeiros anos de vida e suas
consequências para os anos subsequentes da criança.
Para Gulliford et al. (2015), a infância, em especial os primeiros anos de vida, é uma
etapa crucial do desenvolvimento humano, por isso cabe aos pais e/ou cuidadores conduzi-la
da forma mais salutar possível. Em outras palavras, o período compreendido desde o
nascimento até, aproximadamente, os seis anos de idade, é primordial para o desenvolvimento
de diferentes habilidades cognitivas, motoras, linguísticas e sociais.
Costa et al. (2016, p. 4) complementam destacando que, nesse momento o infante
apresenta maior plasticidade cerebral, ou seja, seu cérebro se transforma de uma maneira
impressionante, em função dos estímulos disponíveis no ambiente e das experiências
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vivenciadas. Essas habilidades são imprescindíveis para o desenvolvimento futuro de
habilidades mais complexas. “Desperdiçar as possibilidades da primeira infância significa
limitar o potencial individual, uma vez que nem sempre é possível recuperá-lo plenamente
com investimentos posteriores”.
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desenvolvimento da confiança e do senso de independência, aguçam seus interesses por novas
descobertas.
A autonomia e o apego também estão associados à autoestima, uma vez que a
autoestima está associada à confiança que a criança passa a ter em si mesma e nas próprias
ideias, percebendo-se com uma conotação positiva. A confiança vai sendo construída a partir
da segurança, que, por sua vez, é engendrada no vínculo afetivo com seus pais e/ou
cuidadores. Finalmente, a autonomia permite que a criança seja capaz de fazer escolhas
pautadas na racionalidade.
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funções executivas na primeira infância é fundamental para que o potencial genético possa ser
alcançado posteriormente, na fase adulta. (COSTA et al., 2016, p. 8)
Quando nos referimos à família, temos que ter em mente que existem outros modelos
além daquele tradicional. Atualmente, segundo Oliveira e Marinho-Araújo (2010) e Prado
(2011), existem diversas configurações familiares em função de sua diversidade cultural,
social e em função da orientação sexual e da composição de seus membros.
Dentre as diversas possibilidades de estruturação e composição familiar, podemos
mencionar: as famílias homoafetivas, famílias adotivas, famílias monoparentais, famílias
reconstruídas e famílias binucleares. Independentemente da configuração assumida, a
instituição familiar é considerada a principal responsável pelo processo de socialização
primária.
Morgado et al. (2013, p. 130) entendem que as mudanças verificadas na estrutura
familiar contemporânea poderão ter influência no desenvolvimento do processo de
socialização de crianças e adolescentes. Portanto, é preciso levar em consideração a qualidade
das relações “pais-filhos” enquanto “agentes mediadores do eventual impacto dessas
mudanças estruturais no desenvolvimento dos filhos”.
Segundo Berger e Luckman (1976), o processo de socialização primária é aquele
que permite inserir a criança na sociedade. Esse processo ocorre no âmbito familiar por meio
da transmissão de valores e conceitos essenciais à vida social. Trata-se de uma rede de
relações e interações mediadas por emoções e afetos que interfere diretamente na construção
da identidade do indivíduo.
A partir dos dois anos, a criança começa a desenvolver o senso de identidade,
percebendo-a como uma pessoa e fornecendo atributos a si própria. Há também uma busca
por maior autonomia, requerendo dos pais a imposição de limites para que haja maior
equilíbrio entre autonomia e independência.
A imposição de disciplina, além de estabelecer limites, deve contribuir para o
estímulo e o reconhecimento das realizações conquistadas pela criança, possibilitando, por
meio do vínculo de afeto, o desenvolvimento da capacidade de empatia.
No período pré-escolar, a qualidade das relações familiares e os estilos parentais têm
efeitos sobre uma gama de variáveis presentes (autoestima, moral, sociabilidade, autocontrole,
segurança, confiança, curiosidade, desenvoltura) no desenvolvimento social e da
personalidade da criança.
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Aprender a interagir com outras pessoas é um dos aspectos importantes do
desenvolvimento na infância. Desde cedo, as relações mais importantes para as crianças são
as que elas estabelecem com os pais e outras pessoas que cuidam delas. Mas já aos três anos
de idade, seu âmbito de relacionamentos importantes se expande para incluir irmãos, colegas
com quem brincam, outras crianças e adultos que não fazem parte da família. Seu mundo
social se expande ainda mais quando vão para a escola. (MORRIS; MAISTO, 2004, p. 310)
Podemos, portanto, entender a socialização com um processo de aprendizagem em
que a criança internaliza crenças e valores, desenvolve a linguagem, incorpora as regras
indispensáveis para vida em sociedade e modelos de comportamentos esperados e
parametrizados pelos grupos a que pertence. Uma vez internalizado esse modelo
comportamental, dá-se sequência ao processo de socialização secundária com a inserção do
indivíduo em outras instituições ou grupos sociais (escola, amigos, igreja, clube, trabalho).
Nunes (2012) complementa afirmando que o início da vida escolar é um marco
importante no desenvolvimento infantil, requerendo da família atenção e apoio constantes.
Trata-se de um processo de adaptação e ajustamento a uma ambiência completamente nova,
com rotinas, regras e padrões de relacionamentos diferentes daqueles vivenciados em casa.
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Em termos mais pontuais, Gastaud et al. (2011), em seus estudos, procuraram identificar os
motivos que levam ao encaminhamento para a psicoterapia infantil. Listados em ordem
crescente de prevalência estão os problemas de pensamento, comportamento desafiador,
retraimento e depressão, queixas somáticas, problemas de relacionamento, problemas de
aprendizagem, problemas de atenção, ansiedade e depressão e comportamento agressivo.
Além disso, identificaram que as principais fontes de encaminhamento eram: as escolas, os
familiares, os médicos e outros profissionais da saúde, conselho tutelar, pedagogo etc.
A atuação do psicólogo na psicoterapia pode ser orientada por diferentes modelos
teóricos-metodológicos e paradigmáticos. Na psicoterapia infantil, não é diferente. São várias
as abordagens e instrumentais utilizados para intervir clinicamente junto ao público infantil.
Historicamente, a psicoterapia psicanalítica infantil foi a primeira abordagem
utilizada, tendo Sigmund Freud como seu precursor e, na sequência, outros nomes
mundialmente conhecidos, como Anna Freud, Melanie Klein, Françoise Dolto, Donald
Winnicott, Maud Mannoni e Jacques Lacan.
Segundo Camarotti (2010), Freud assegurava que a psicanálise infantil poderia ter
resultados consistentes e duradouros, por isso incentivava a aplicação da análise infantil com
fins de profilaxia. Entretanto, fazia-se necessário um ajustamento na técnica utilizada com
adultos. Por pressupor que a criança não possuía superego formado, a utilização da associação
livre não tinha sentido.
Além da psicanálise, as abordagens existencialista, não diretiva e Gestalt-
terapias são outras possibilidades de intervir junto às crianças.
Entretanto, independente da abordagem que se queira utilizar, podemos observar que
as peculiaridades da clínica infantil contemporânea estão marcadas pelas características
estruturantes e funcionais da sociedade moderna que engendram problemas e dificuldades de
diferentes ordens que, muitas vezes, são endereçados aos psicólogos como um pedido de
ajuda e de ressignificação das questões relacionais e/ou existenciais.
Verificamos que na contemporaneidade o excesso de consumismo, a “síndrome da
pressa”, as preocupações com o consumo, a busca pelo novo, a utilização frequente dos
recursos tecnológicos e a sobrecarga no trabalho são alguns dos exemplos de questões
cotidianas e, muitas vezes, valorizadas que estão presentes na vida de muitas famílias, as
quais produzem efeitos, muitas vezes, danosos para as crianças em desenvolvimento.
É comum vermos as crianças crescendo cada vez mais com aparatos tecnológicos e
se constituindo psiquicamente por meio das relações virtuais. Os desenhos infantis e os jogos
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eletrônicos, em muitas situações, atuam como uma “espécie de calmante”, uma vez que as
crianças ficam entretidas e ocupadas, trazendo assim um certo conforto aos pais que, via de
regra, estão sobrecarregados com as demandas da vida adulta e não têm tempo ou paciência
para interagir com seus filhos, seja jogando, cantando músicas ou contando histórias.
Para piorar, Jerusalinsky (2014), em seu artigo intitulado “A era da palmatória
química: responsabilidade social e medicalização da infância”, alerta que tem sido muito
comum o aumento significativo de diagnósticos de transtorno de deficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) em crianças, que culminam com prescrições indiscriminadas de
medicamentos controlados conhecidos como “a droga da obediência”. A autora termina seu
texto com uma reflexão: Será que os crescentes diagnósticos de TDHA correspondem de fato
a um problema cerebral das crianças contemporâneas ou a dificuldade em lidar com as
necessidades do cuidado e da educação tem levado os adultos a buscar solução na “palmatória
química”?
Outra questão que tem gerado preocupação na qualidade das relações parentais é a
verificação cada vez mais frequente de problemas conjugais que terminam em separação, e a
guarda compartilhada surge como uma estratégia possível de manutenção do vínculo com a
criança. Entretanto, o fenômeno da alienação parental tem chamado atenção de estudiosos e
profissionais da área da saúde, justamente pelo seu potencial de gerar efeitos nefastos e
duradouras nas esferas psíquicas e comportamental.
Presenciamos novas subjetividades emergindo com características semelhantes, como
fenômeno da pós-modernidade: crianças que brincam menos com o corpo e mais com a
máquina; crianças expostas a mais informações do que podem lidar; crianças em múltiplas e
inusitadas configurações familiares; crianças empoderadas precocemente, e seus pais sem
referências claras e buscando em manuais o segredo do sucesso na educação dos filhos.
(SOARES, 2011, p. 72)
Mattar (2010, p. 77) acrescenta que muitas demandas da modernidade estão associadas
“aos ideais de desempenho, sucesso, perfeição, produção e rapidez, o que faz com que, muitas
vezes, tais questões levem a família a procurar psicoterapia para os filhos, caso estes não
correspondam ao modelo que ‘deveriam seguir’”.
Nessa direção, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), a necessidade de
consumir cada vez mais, a busca pela novidade e o excesso de trabalho dos pais contribuem
para que brinquedos tecnológicos e modernos façam parte da vida de muitas crianças. Diante
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desse fato, Freitas (2016) assinala que o psicólogo infantil, para ir ao encontro da criança,
precisa planejar estratégias inovadoras que o ajudem acessar o mundo infantil.
No que diz respeito às estratégias inovadoras, Quaresma da Silva et al. (2015)
mencionam que a utilização dos contos infantis, na clínica contemporânea, é um dos recursos
que contribuem para uma melhor compreensão do psiquismo infantil e de sua dinâmica
funcional.
Entretanto, independente das estratégias e dos procedimentos utilizados no tratamento de c
rianças, há um claro entendimento de que o envolvimento dos pais é uma variável de
significativa influência nos resultados a serem obtidos. Sendo assim, o psicólogo, ao
demonstrar acessibilidade e disponibilidade, deve contribuir para o desenvolvimento
saudável, implicando os pais no processo psicoterapêutico.
A implicação dos pais no processo psicoterapêutico é significativamente importante
para a adesão ao tratamento, uma vez que há uma considerável chance de abandono da terapia
quando os pais demonstram motivação ambivalentes ou expectativas ilusórias ou impossíveis
quanto aos resultados (GASTAUD et al., 2011).
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Para Pascoal e Marta (2012, p. 229), a adolescência pode ser vista como uma etapa do
ciclo de vida do ser humano que marca o fim da infância e o começo da adultez. É um
momento em que ocorre uma série de mudanças de natureza física e psicossocial, podendo
desencadear o aparecimento de “comportamentos irreverentes e desafiantes e questionamento
dos modelos e padrões infantis que são necessários ao próprio crescimento”.
A partir dos entendimentos de Bee (2011) e Papalia et al. (2013), Gonçalves (2016)
elaborou o quadro 2, com fins de se ter uma ideia sintetizada das principais características das
fases da infância e adolescência, verificando a transição entre o fim da primeira e o começo da
segunda.
Quadro 2 - Síntese das fases da infância e adolescência Fonte: Gonçalves, 2016, p. 108
(Adaptado).
Hoje, as crianças estão adolescendo de maneira precoce e, proporcionalmente, de
maneira inversa, entrando tardiamente na fase da adultez. Esse fato é reflexo de variáveis
psicológicas, familiares, socioeconômicas, tecnológicas e culturais. Segundo Tiba (2010),
muitas dessas crianças, situadas na faixa etária dos 9 aos 12 anos, nem chegaram à puberdade
e já se encontram emancipadas para experienciar a etapa da adolescência.
Na área da Educação e da Psicologia, tem-se verificado uma tendência de classificar
os indivíduos dessa faixa etária como pré-adolescentes e não mais como crianças. Para
Tomaz (2015, p. 1.270), “o processo de juvenilização da cultura permite que as mais velhas se
aproximem mais de uma estética jovem do que de uma infantil, levando-as a serem
identificadas como pré-adolescentes e não mais como crianças”.
O perfil desse público é marcado por uma atitude independente e considerado precoce
para a idade cronológica que possui. É comum o consumo de produtos usados e/ou voltados
para os adolescentes, bem como o uso de recursos tecnológicos para se comunicar com os
amigos. Ao buscar imitá-los, percebem seus pares com desdém, rotulando as crianças de sua
idade como chatas (TIBA, 2010).
O amadurecimento da infância é marcado pelas mudanças físicas e psicológicas que,
por sua vez, implicam em lidar com a perda do corpo infantil. O abandono dos aspectos
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infantis e, consequentemente, a aquisição de novas competências e habilidades, contribuem
para que o ser em crescimento possa assumir outros papeis sociais, escolher outras pessoas
que lhe sirvam de referência e de modelos de comportamentos a serem seguidos, adquirir
novas e mais complexas capacidades cognitivas. Além disso, as intensas alterações hormonais
e físicas, instabilidade emocional e apropriação de novas crenças e valores contribuem para
moldar e solidificar sua identidade e personalidade.
O fim da infância desvela novamente a necessidade do vínculo afetivo do adolescente
com seus pais e/ou cuidadores, pois é por meio do apego, da compreensão, da tolerância, da
paciência e da disciplina que o adolescente conseguirá lidar com sua imaturidade e
desenvolver um modo de ser e de relacionar-se com os outros e com as novas situações que
fazem parte desse momento de seu ciclo de vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível entender através dessa unidade o envolvimento dos pais com os primeiros
anos de vida da criança, compreendendo em todos os aspectos físicos, emocionais, cognitivos
e sociais. Entendendo a importância de uma estrutura familiar para que a criança cresça de
uma forma mais segura e possa se desenvolver psicossocialmente melhor estruturada. Uma
parte interessante e que vale a pena ênfase é sobre as diferentes configurações familiares na
contemporaneidade e seus impactos na vida das crianças, onde devem ser entendidas e
respeitadas. A parte escolar que é primordial, e onde é aberto os olhos da criança para o meio
social, pois é ali que ela cria vínculos de amizade, companheirismo, compartilhamento ou
não.
Pode-se entender as fases da infância de acordo a abordagem de Piaget, e agora traz a
fase da adolescência à tona e que deve ser bem entendida, pois é o momento do encerramento
da fase infantil indo quase para fase adulta, onde o individuo vai passar por diversas
transformações em todos os seus aspectos cognitivos.
Nessa unidade foi possível entender melhor sobre a clinica infantil, bem como a
interação entre pais e psicólogo para que o processo de tratamento da criança tenha um
sucesso absoluto.
Compreendemos aqui então que a mediação dos pais é primordial e indispensável para
que a criança crie uma estabilidade emocional concreta, onde ela possa através do apego
construir sua autoestima e possa estar preparada para “o mundo lá fora”. Essa mediação dos
pais é tão importante que para o tratamento na clinica infantil onde o profissional possa ter
sucesso precisa da mediação dos pais e a confiabilidade que aquele procedimento é o correto e
deve ser aplicado em seus filhos.
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REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO
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