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RESUMO

O metilfenidato, prescrito quando há o diagnóstico do Transtorno Déficit de Atenção


com ou sem Hiperatividade, consta no rol dos psicotrópicos e a prescrição deve ser
controlada, pois há risco de abuso e dependência. Embora algumas pesquisas afirmem
que há escassez de pessoas diagnosticadas no Brasil, revisão da literatura nacional relata
que apenas três artigos científicos, num universo de trinta e cinco, concordam com essa
afirmação. Há no Brasil um consumo crescente do metilfenidato e crianças não
portadoras de TDAH estariam sendo medicadas e casos da doença sendo tratados sem
necessidade. O aumento da porcentagem de venda desse medicamento é parte de um
processo mais amplo em que questões de cunho social, político, econômico e
pedagógico são encaradas como eminentemente biológicas ou psicológicas individuais:
o processo de medicalização. O objetivo deste trabalho é discutir, por meio das
chamadas Revisões Sistemáticas, a forma hegemônica como vem sendo tratado o
fenômeno da dificuldade de atenção voluntária e do controle da conduta. Partimos de
uma perspectiva crítica em Psicologia Escolar, embasada pela Psicologia Histórico-
Cultural, e acreditamos que o método utilizado nos estudos das revisões sistemáticas,
utilizados para compor a chamada Medicina Baseada em Evidências, não permite o
avanço no entendimento da complexidade do processo de desenvolvimento das funções
psicológicas superiores e consequente controle da conduta. Os resultados apontam para
uma lacuna de pesquisas com rigor metodológico da área de medicina, fica evidente o
uso crescente e indiscriminado do diagnóstico TDAH e o consequente uso de
medicamentos. As revisões sistemáticas concluem que a psicoterapia comportamental
deve ser tratamento de primeira linha indicando que pode haver um contexto
concernente às relações que são ignorados durante o processo diagnóstico, momento
este em que o profissional crê no marco neurobiológico de maneira reducionista. É no
processo de desenvolvimento histórico que o homem social se transforma e transforma
seus modos e procedimentos de conduta criando novas formas de comportamento
especificamente culturais. Este processo não pode ser ignorado se quisermos aprofundar
o conhecimento do diversos determinantes do desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, dentre elas a atenção voluntária e o consequente controle da
conduta.

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