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Finalidades do direito processual penal:

1. Proteção dos direitos fundamentais. 2. Realização da justiça e procura da verdade material. 3. Restabelecimento da paz
jurídica e se possível o restabelecimento da paz social. 4. Concordância pratica entre as 3 finalidades anteriores (já que as 3
finalidades anteriores podem ser antitéticas, ou seja podem colidir umas com as outras e ser de difícil harmonização e portanto
o nosso legislador quando altera a legislação tem que ter o cuidado de encontrar um equilíbrio entre estas 3 finalidades, no
sentido de maximizar os ganhos e de minimizar os custos axiológicos e funcionais).

Aplicação da lei processual no tempo:


Problema > distinguir normas processuais materiais de normas processuais próprio sensu > As normas processuais materiais
são normas que apresentam em termos materiais uma verdadeira pré conformação da penalidade a que o arguido ficará sujeito,
ou seja, são normas que apesar de terem uma incidência processual, estão intimamente associadas ao regime incriminatório
material e portanto, condicionam a efetivação da responsabilidade material do arguido. Um autor que se refere em detalhe a
estas normas é Paulo Pinto de Albuquerque, no seu comentário ao cpp. Estas normas processuais materiais, no que toca à
aplicação no tempo, vão estar submetidas ao princípio da legalidade, ao artigo 2º do cp e ao art. 29ºnº1 da CRP, que nos diz que
as normas vigoram para o futuro e vamos também ter que atender ao art. 2º nº4 cp, e ao art. 29nº4 CRP que admitem a
retroatividade in bonam partem. Ou seja, a regra diz-nos que a lei penal vigora para o futuro, mas se for mais favorável para o
agente, ela pode ser aplicada retroativamente a factos que foram praticados antes da sua entrada em vigor.
Já as normas processuais penais próprio sensu, ou seja, normas que são exclusivamente processuais, que têm a sua incidência
no processo e portanto, não se ligam como as outras à incriminação material, teremos
que olhar para o art. 5º cpp. O art. 5ºnº1 cpp estabelece que a lei processual penal é de aplicação imediata, o que quer dizer
que quando surge uma norma lei processual, ela vai se aplicar imediatamente aos atos dos processos que estejam a decorrer
aquando da sua entrada em vigor, bem como aos processos que se iniciam apos a sua entrada em vigor, e, portanto, se nós
tivermos um processo a correr termos e a certo momento surgir uma nova lei que é relevante para esse processo, ela vai ser
aplicada imediatamente aos atos que se seguirem a esse processo. A isto nós chamamos de princípio tempus regit actum, ou
seja, um princípio de aplicação imediata. Contudo este princípio tem limitações, desde logo, como resulta da segunda parte do
nº1 do art. 5º, a aplicação imediata da nova lei, não pode implicar a invalidade dos atos realizados ao abrigo da lei anterior, ou
seja, este princípio, tem que ser conjugado com um princípio de respeito pelo anterior processado. Isto por uma questão de
celeridade e de economia processual. O nosso legislador consagra o principio de tempus regit actum com base na consideração
do interesse publico que domina todo o processo, com base na consideração de que a nova lei é aquela que melhor corresponde
aos interesses prosseguidos pelo processo penal. o legislador cria uma nova lei porque à algo que estava mal ou que precisava
de melhorar e nesse sentido consagra-se esta aplicação imediata da nova lei processual. Há até um acórdão de fixação de
jurisprudência do STJ, que é o 4/2009 que diz que é a natureza publica e instrumental do processo que justifica a aplicação
imediata da lei processual nova. Para além do limite do principio do respeito pelo anterior processado, existem ainda outros 2
que decorrem da alínea a) e da alínea b) do nº2 do art. 5º (…)
Ora, aqui temos mais 2 limitações ao principio de tempus regit actum, sendo que a primeira visa tutelar as legitimas expectativas
do arguido e tutelar a sua posição processual, mas a verdade é que a lei não nos dá uma definição de agravamento sensível e
evitável e portanto, é o juiz que na sua prudente apreciação do caso, deve apreciar se o agravamento gerado pela aplicação
imediata da nova lei, é ou não sensível. Contudo, a doutrina tem ajudado nessa clarificação, nomeadamente Simas Santos e
Leal-Henriques, dizem-nos que um agravamento é sensível quando for palpável, significativo, importante e com repercussão na
esfera jurídica processual do arguido. Este agravamento tem que limitar o seu direito de defesa.
Assim, neste caso, é preciso fazer a analise se a aplicação da nova lei imediatamente poderá levar a este agravamento sensível,
palpável da posição processual do arguido no processo. O agravamento, para além de ser sensível, tem ainda de ser evitável, ou
seja, tem que ser um agravamento de que ainda seja possível travar (se não fosse possível travar, era como se o mal já estivesse
feito e por isso a aplicação da nova lei seria indiferente. No entanto, se ainda é possível travar, vamos efetivamente travar e
vamos proteger o arguido e proteger a sua posição processual.)
A segunda limitação está no nº2 da alínea b), que também está associado ao princípio da economia processual e está associado
porque este limite impõe que se respeite a harmonia e a unidade dos vários atos do processo, que estão ligados entre si, que
seguem uma sequencia ditada pela própria lei. Essa sequência existe para garantir o bom funcionamento do processo e no final,
uma boa decisão. A regra é da aplicabilidade imediata, mas essa regra tem estas limitações, pelo que no nosso caso (…)

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