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Alteraçao substancial dos facto, na fase de julgamento:

… Se na fase de julgamento se vier a descobrir um novo facto, temos, de saber se este novo facto gera uma
alteração substancial dos factos descritos na acusação ou na pronúncia (1º f) CPP). Quando houver novo
facto que gere alteração não substancial (358º cpp), o presidente do tribunal vai comunicar a alteração do
arguido e vai conceder-lhe o tempo estritamente necessário para preparar a sua defesa, tendo em conta a
natureza e a complexidade do caso, ressalvando-se o caso de a alteração ter derivado de factos alegados
pela própria defesa. Se for a defesa a trazê-los, já contavam com eles. Mais uma vez, as alterações não
substanciais dos factos devem revelar-se relevante para a decisão da causa. Se não, nem faz sentido o juiz
atender a esse novo facto. Quando houver uma alteração substancial (359º CPP), a alteração ou o novo
facto que gera esta alteração substancial não vai poder ser tida em conta. Se o tribunal tiver em conta este
novo facto, então, a sua sentença padecerá de nulidade. (#) Contudo, existe uma exceção, onde apesar de
o novo facto gerar uma alteração substancial, poder ser tido em conta , que diz respeito à situação em que
há um acordo entre o MP, o arguido e o assistente. Se o MP, o arguido e o assistente estiverem de acordo
com a continuação do julgamento pelos novos factos e se estes não determinarem a incompetência do
tribunal, então o tribunal vai poder tê-los em conta. Nessa situação, se houver esse acordo, aquilo que o
juiz tem de fazer é dar ao arguido, a requerimento deste, um prazo para preparar a sua defesa, mas que
não pode ultrapassar os 10 dias (359º/4 CPP). Caso não haja este acordo, então, o facto não vai poder ser
conhecido. (#) (qual é o destino deste facto?) Agora temos de ver se o facto é autonomizável em relação ao
objeto do processo ou se o facto é não autonomizável em relação ao objeto do processo. Sendo que, ele é
autonomizável quando puder ser separado dos factos que fazem parte do objeto do processo e, por si só,
fundamentar uma incriminação autónoma. Ou seja, um facto é autonomizável quando podemos retirá-lo
do objeto do processo e, com base nele, abrir um inquérito novo (dar início a um outro processo penal).
Por outro lado, se o facto for não autonomizável, ou seja, se não o pudermos separar do objeto do
processo e não pudermos, com base nele, fundamentar uma incriminação, então, esse novo facto vai
perder-se, vai ser totalmente ignorado. Não vai ser tido em conta pelo tribunal nem vai dar lugar à abertura
de um novo inquérito. (#)

NOTA: ALTERAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA:

Quando falamos de alteração da qualificação jurídica, já não falamos de novos factos, não há aqui factos
novos a surgir, os factos são exatamente os mesmos, aqueles que já eram conhecidos de antemão.
Simplesmente vai alterar-se a sua qualificação jurídica. Ou seja, na alteração da qualificação jurídica, os
factos são exatamente os mesmos. Contudo, o MP qualifica-os de determinada maneira na acusação e o
tribunal vai pegar nesses mesmos factos e dar-lhe uma roupagem um bocadinho diferente.

Esta figura vai ter um tratamento jurídico que está no 303º/5 CPP, se ocorrer na fase de instrução. Se a
alteração ocorrer durante a fase de julgamento, olhamos para o 358º/3 CPP. Ou seja, tanto num caso como
no outro, o tratamento que se vai dar à alteração da qualificação jurídica vai ser muito semelhante ao
tratamento que se vai dar à alteração não substancial dos factos. O que quer dizer que o juiz vai atribuir
ao arguido um tempo para preparar a sua defesa: vai comunicar-lhe a alteração da qualificação jurídica e
vai dar um prazo para preparar a sua defesa.

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